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* Profª Ellen Tanus Rangel Aspectos gerais em Primeiros Socorros * “ A principal causa-morte pré-hospitalar é a falta de Primeiros Socorros. A segunda é o socorro inadequado.” * Acidentes Os acidentes representam um dos mais sérios problemas de saúde pública, constituindo-se na principal causa de mortes e invalidez entre jovens e crianças. Os acidentes destroem a saúde, a vida e a família de milhões de pessoas. A NECESSIDADE DO TREINAMENTO EM PRIMEIROS SOCORROS E RCP: A expressão “Primeiros Socorros” significa o atendimento imediato prestado a uma pessoa vítima de um acidente ou de um mal súbito “Quando aplicados com eficiência, os primeiros socorros significam a diferença entre “vida e morte”, “recuperação rápida e hospitalização longa” ou, “ invalidez temporária e invalidez permanente”. * Aspectos Legais dos Primeiros Socorros Abaixo, condições que será obrigação moral: Quando a função profissional exigir; Quando pré existir uma responsabilidade intrínseca; Após iniciar o atendimento de socorro. * Aspectos éticos e legais do atendimento de emergência Existem tópicos que fazem parte do cotidiano nos atendimentos em pronto-socorros que são o sigilo profissional, negligências, imprudências, a morte súbita, os direitos da pessoa humana, os valores culturais, as crenças, o direito de decisão, procedimentos invasivos. Além de questões como o direito de morrer, o suicídio, concepção, aborto, cliente terminal, eutanásia, dizer a verdade ao cliente e à família. * OMISSÃO DE SOCORRO Segundo o artigo 135 do Código Penal, a omissão de socorro consiste em “Deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à criança abandonada ou extraviada, ou à pessoa inválida ou ferida, em desamparo ou em grave e iminente perigo; não pedir, nesses casos, o socorro da autoridade pública.” Pena – detenção de 1 (um) a 6 (seis) meses, ou multa. Parágrafo único: A pena é aumentada de metade, se da omissão resulta lesão corporal de natureza grave, e triplicada, se resulta em morte. Importante: O fato de chamar o socorro especializado, nos casos em que a pessoa não possui um treinamento específico ou não se sente confiante para atuar, já descaracteriza a ocorrência de omissão de socorro. * Direitos da pessoa que estiver sendo atendida O prestador de socorro deve ter em mente que a vítima possui o direito de recusa do atendimento. No caso de adultos, esse direito existe quando eles estiverem conscientes e com clareza de pensamento. Isto pode ocorrer por diversos motivos, tais como crenças religiosas ou falta de confiança no prestador de socorro que for realizar o atendimento. Nestes casos, a vítima não pode ser forçada a receber os primeiros socorros, devendo assim certificar-se de que o socorro especializado foi solicitado e continuar monitorando a vítima, enquanto tenta ganhar a sua confiança através do diálogo. Caso a vítima esteja impedida de falar em decorrência do acidente, como um trauma na boca por exemplo, mas demonstre através de sinais que não aceita o atendimento, fazendo uma negativa com a cabeça ou empurrando a mão do prestador de socorro, deve-se proceder da seguinte maneira: Não discuta com a vítima. Não questione suas razões, principalmente se elas forem baseadas em crenças religiosas. Não toque na vítima, isto poderá ser considerado como violação dos seus direitos. Converse com a vítima, informe a ela que você possui treinamento em primeiros socorros, que irá respeitar o direito dela de recusar o atendimento, mas que está pronto para auxiliá-la no que for necessário. * Direitos da pessoa que estiver sendo atendida Recrute testemunhas de que o atendimento foi recusado por parte da vítima. No caso de crianças, a recusa do atendimento pode ser feita pelo pai, pela mãe ou pelo responsável legal. Se a criança é retirada do local do acidente antes da chegada do socorro especializado, o prestador de socorro deverá, se possível, arrolar testemunhas que comprovem o fato. O consentimento para o atendimento de primeiros socorros pode ser formal, quando a vítima verbaliza ou sinaliza que concorda com o atendimento, após o prestador de socorro ter se identificado como tal e ter informado à vítima de que possui treinamento em primeiros socorros, ou implícito, quando a vítima esteja inconsciente, confusa ou gravemente ferida a ponto de não poder verbalizar ou sinalizar consentindo com o atendimento. Neste caso, a legislação infere que a vítima daria o consentimento, caso tivesse condições de expressar o seu desejo de receber o atendimento de primeiros socorros. O consentimento implícito pode ser adotado também no caso de acidentes envolvendo menores desacompanhados dos pais ou responsáveis legais. Do mesmo modo, a legislação infere que o consentimento seria dado pelos pais ou responsáveis, caso estivessem presentes no local. * Papel do Socorrista Capacidade de improvisação. Compromisso com a Vida. Bom senso. Reconhecer seus limites. Saber o que fazer, e o que não fazer. Paciência e calma. Determinação. Obs.: Seria muito bom ter todas essas qualidades ao mesmo tempo, porém é difícil, mas para começar é indispensável o compromisso com a VIDA, o restante pode ser adquirido e aprimorado com o tempo. * A avaliação das necessidades da vítima faz-se com as seguintes técnicas: OBSERVAÇÃO A observação da vítima pode revelar vários fatos: Alteração ou ausência da respiração; Hemorragias externas; Deformidades de partes do corpo; Coloração diferente da pele; Presença de suor intenso; Inquietação Expressão de dor. * 2. Palpação A palpação do corpo da vítima pode indicar ao primeiro socorrista presença ou ausência de vários elementos. Batimentos cardíacos; Fraturas; Umidade da pele; Alteração da temperatura (alta ou baixa); Esfriamento das mãos e pés. * 3. Diálogo A tentativa de diálogo com a vítima permite ao socorrista várias avaliações: Nível de consciência; Sensação e localização da dor; Incapacidade de mover o corpo ou parte dele; Perda de sensibilidade em alguma parte do corpo. * Uma vez definida e analisada uma situação, a ação do socorrista deve, de acordo com as necessidades, ser dirigida para: Desobstrução das vias aéreas; Restabelecimento da respiração e dos batimentos cardíacos; Prevenção do estado de choque; Verificação da existência de lesões menos graves e tratá-las; Providenciar transporte e tratamento médico. * Objetivo do primeiro atendimento à vítima: Procurar mantê-la viva e protegida contra novos e maiores riscos, enquanto se aguarda atendimento médico. Com a chegada da equipe de saúde, a liderança das ações passa a ser do médico ou do enfermeiro. * O Problema dos Acidentes Os acidentes representam um dos mais sérios problemas de saúde pública, constituindo-se na principal causa de mortes e invalidez entre jovens e crianças. Os acidentes destroem a saúde, a vida e a família de milhões de pessoas. * Incidência dos Acidentes No Brasil, os acidentes representam a 1ª causa de morte, na faixa etária dos 5 aos 49 anos; Acidentes mais comuns, ocorridos em São Paulo e atendidos pelo Serviço de Resgate: Acidentes de trânsito: colisões, atropelamentos; Quedas (da própria altura e de altura); Soterramentos, desabamentos, afogamentos; Ressalte-se o aumento alarmante do n° de agressões interpessoais; Tentativas de suicídio. * A necessidade do treinamento em Primeiros Socorros e RCP: A expressão “Primeiros Socorros” significa o atendimento imediato prestado a uma pessoa vítima de um acidente ou de um mal súbito. Quando aplicados com eficiência, os primeiros socorros significam a diferença entre “vida e morte”, “recuperação rápida e hospitalização longa” ou, “ invalidez temporária e invalidez permanente”. * Aspectos Legais dos Primeiros Socorros Obrigação Legal Abaixo, condições que será obrigação moral: 1) Quando a função profissionalexigir; 2) Quando pré existir uma responsabilidade intrínseca; 3) Após iniciar o atendimento de socorro. * O Politraumatizado “Considerar sempre toda vítima de acidente como uma vítima de trauma”. Pode ser definido como um paciente que apresenta pelo menos lesão de uma das cavidades do corpo e pelo menos uma fratura; Considerar para efeito de atendimento, a vítima de trauma como um paciente grave; Atendimento sistematizado, coordenado e disciplinado representa condição essencial para a sobrevida destes pacientes; * Todo Sistema de Atendimento às Emergências deve se preocupar então com as seguintes fases: Prevenção Atendimento Pré-Hospitalar Atendimento Hospitalar Reabilitação * DEFINIÇÕES URGÊNCIA: ocorrência imprevista de agravo à saúde, com ou sem risco potencial de morte, cujo portador necessita de assistência médica mediata. EMERGÊNCIA: constatação de agravo à saúde, que implica em risco iminente de morte ou sofrimento intenso, exigindo portanto, atendimento médico. * CLASSIFICAÇÃO DE RISCO É um processo de distribuição ou classificação dos pacientes, de acordo com o potencial de risco e danos adicionais. Têm por objetivos: Avaliar o paciente logo na sua chegada; Priorizar o atendimento aos pacientes críticos, que são atendidos em primeiro lugar na Sala de Emergência. * Exemplo de Classificação de Risco: Vermelha (Emergência): atendidos na S.E. Amarela (Urgência): atendidos no PA, porém com prioridade. Verde (Não Urgência): atendidos no PA, por ordem de chegada. OBS: Idosos acima de 60 anos, deficientes físicos e pacientes escoltados, têm prioridade sobre os pacientes classificados como verdes. - Triagem pelo enfermeiro * AS PRINCIPAIS URGÊNCIAS E EMERGÊNCIAS PCR: Parada cárdio-respiratória POLITRAUMATISMO: vítimas de acidente moto/automobilístico, atropelamento, queda de altura. Nestes pacientes deve-se atentar para diagnóstico precoce das seguintes complicações: CHOQUE: distúrbio hemodinâmico TCE: traumatismo cranio-encefálico TRAUMA DE EXTREMIDADES HIPOTERMIA TRAUMA DE TÓRAX TAMPONAMENTO CARDÍACO TRAUMA DE ABDOME QUEIMADURAS * OUTRAS EMERGÊNCIAS CARDIOLÓGICAS: Angina instável Dor torácica IAM EAP RESPIRATÓRIAS: Crise de asma Bronquite Enfisema Pulmonar FAF (Ferimento por Arma de Fogo) FAB (Ferimento por Arma Branca: faca, punhal...) * ANÁLISE PRIMÁRIA – ABCDE DO TRAUMA Baseada no ATLS e ACLS, consiste na identificação e tratamento imediato dos problemas que colocam o paciente em risco imediato de morte, seguindo a seguinte ordem de prioridades: A- Arway maitenance with cervical control B- Breathing and ventilation C- Circulation with hemorragie control D- Disability: neurologic status E- Exposure * ANÁLISE PRIMÁRIA – ABCDE DO TRAUMA (cont.) A- Vias aéreas pérvias com controle da coluna cervical B- Respiração e ventilação C- Circulação com controle de hemorragias D- Rápido exame neurológico E- Exposição com prevenção da hipotermia * ANÁLISE PRIMÁRIA – ABCDE DO TRAUMA (cont.) A: imobilizar a coluna cervical (pescoço) em toda vítima de trauma; Desobstruir vias aéreas: Tração da mandíbula (Jaw Thrust ou Chin Lift); Hiperextensão do pescoço em casos clínicos; Manobra de Heimlich (obstrução por corpo estranho). * ANÁLISE PRIMÁRIA – ABCDE DO TRAUMA (cont.) B: Verificar a respiração: VOS: ver, ouvir e sentir; Oferecer suporte ventilatório com O2 de 12 a 15l/min (se possível); Se for preciso, iniciar reanimação ventilatória (boca a boca). * ANÁLISE PRIMÁRIA – ABCDE DO TRAUMA (cont.) C: Verificar a circulação: Pulso carotídeo (pescoço); Se for preciso, iniciar reanimação cardíaca; Efetuar o controle de hemorragias; Prevenir ou tratar o estado de choque (hemorrágico). * ANÁLISE PRIMÁRIA – ABCDE DO TRAUMA (cont.) D: Avaliar o nível de consciência através do AVDN: Alerta; Responde a estímulos Verbais; Responde a estímulos Dolorosos; Nenhuma resposta. * ANÁLISE PRIMÁRIA – ABCDE DO TRAUMA (cont.) E: exposição da vítima e prevenção da hipotermia: Consiste em expor a vítima, retirando ou cortando suas roupas, no sentido da costura, para melhor visualização das lesões; Remover roupas molhadas e cobrir a vítima após avaliação, prevenindo hipotermia. * Reanimação e Estabilização: a partir da avaliação primária são instituídos procedimentos com objetivo de manutenção das vias aéreas, ventilação e estabilização hemodinâmica do paciente; Avaliação Secundária: exame detalhado da vítima, pesquisar a história com o próprio paciente e/ou familiares para obtenção de informações qto aos mecanismos do trauma e antecedentes médicos. * A CENA DO INCIDENTE Cuidados do socorrista para com ele mesmo; Avaliação do local; Risco de incêndio, explosões, situação de infortúnio, desabamento, etc; Treinamento do socorrista; Observar condições nas quais a vítima se encontra: uso de cinto de segurança, posicionamento, local, decúbito, condições do veículo, se é condutor ou passageiro, condições da pista, condições clímáticas, se a vítima já foi ou não manipulada, o que já foi realizado, etc. * PRIORIDADES Durante o processo de atendimento devemos ter como meta principal o reconhecimento e a resolução das prioridades. A abordagem inicial visa identificar situações que representam risco imediato de morte, tais como: obstrução de vias aéreas, situações que comprometam a ventilação e respiração e hemorragias profusas. Uma análise rápida deve ser feita ainda na cena do incidente. Abordagem das vias aéreas e atenção à coluna cevical; Atenção aos sinais sugestivos de comprometimento da respiração e ventilação; Circulação e controle de hemorragias; Avaliação do estado neurológico; Exposição completa da vítima; Avaliação secundária; Decisão do cuidado definitivo.
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