Buscar

Jardim América

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 139 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 139 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 139 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

•
roney bacelli
jardim america
hist6ria dos bairros de sao paulo
prefeitura do municipio de sao paulo
secretaria municipal de cultura
roney bacelll
jardim america
departamento de patrlmcinlo hlst6rlco
dlvlsao do arquivo hlst6rico
serie: hlst6rla dos balrros de sao paulo
volume 20: jardlm america
HISTORIA DOS BAIRROS DE SAO PAULO
Volume
1
2
3
•5
6
7
8
9
10
11
12
13
1.
15
16
17
18
19
20
Bairro
Bras
Pinheiros
Penha
Santo Amaro
Jardim da Sande
Santana
sao Miguel Paulista
Vila Mariam
Bom Betiro
50
Ibirapuera
Luz
Nossa Senhora do 0
Ipiranga
Bela Vista
Liberdade
Higien6polis
Lapa
Aclimacao
Jardim America
SEGUNOO PR~MIO 00 XIV CONCURSO DE MONOGRAFIAS SOBRE A HISTQRIA DOS
BAIRROS DE sAo PAULO, PROMQVIOO PELA o MSAo 00 AAOUIVQ HISTQRICO 00
DEPARTAMENTO 00 PATRIMON10 HISTCRICO OA SECRETARIA MUNICIPAL DE
CULTURA, OUTORGAOO PELA COMIssAo JULGAOORA, CONSTITUIOA PELOS
PROFESSORESrrro tMO FERREIRA, MYRIAM ELU S E HELOISA L. BELLona .
INDICE
Introd~o 13
CAPitULO I
Quad ro Geral da Expansao Urbana de sao Paulo 191 5 / 1940 15
CAPitULO II
A Conenturcao da Companhia City e resumo de suas atividades no
penbdo estudado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
CAPit ULO III
o penbdo de formacao do Bairro Jardim America
a. A ideia da cjdade-jardim . _. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41
b. A imptantacao da CidadeJardim America .. . . . . . . . . 48
c. 0 processode ocupacao e a vendado loteamento 58
d. A ccestao dos jardins inlemos 64
CAPI'TULO IV
o Jardim America Hoje
Anexos .
. . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . , . . . . . . 81
A ocupecac no contrato 89
Apontamentos sobre 0 esnlo des jardins internos _92_
Tres pontos referenc iais 97
Propaganda •... ... ... . .. .. . .. ... ........ .. . . . . 102
Iconografia 117
Bibliografia 131
Abreviacoes ut ilizadas no texto
ACC Arquivo da Companhia City
AR Alas de ReuniAo da Companhia City
GA Gere ncla Administrativa
GG Gerencla Geral
GT Gerencla Tecnica
PJ - Processo de Ac;a.o Ordin~ria de Reintegrac;a.o de Posse. Car-
t600 do 10 once. SAo Paulo. 22 de outubro de 193 2
13
INTRODU<;AD
o bairro Cidade-Jardim America encontra-se hoje incluoo admmistrati-
vamente na Regional de Pinnelrcs. tazenoc parte, para fins censnanos.
dos osmics do Jardim America e Jardim Paujsta.
Diferente em sua cnecao dos demais bairras de Sao Paulo, 0 Jard im
America e 0 primeiro imp lantado e planejado cen tro das entao mais
atuais normas urbarusncas pe r uma companhia inglesa. An tes da data
de compra e desenvolvimento das tetras. nAo se encontra mencao ao
local code 0 bai rro toi erigido. por parte de viajantes ou cronistes. tanto
por nao fazer as vezes de caminho ou pouso. como por ser urn lligar
considerado inosprto e insaluore. nee possumdo qualquer atrativo aos
moradores da cldade.
No trabalho que passarernos a expor a resperto do referido bairro,
deter-nos-emos mats acentuadamente no penodo de sua estruturecao.
objetivando entao 0 estudo dos fato res end6genos do desenvofvimento.
Utilizaremos como datas-parametros os anos de 1915 e 1940;a primeira
representa 0 irubo do loteamento e a segunda marca 0 estaqto final da
vend a dos lotes pela companhia empreendedora, a City , essen como a
abertura da avenida 9 de Ju'ho. ultima aneracao espacial sotrida pelo
Jard im Ame rica.
Divid imos 0 trabalho em quatro partes disfintas: na primeira, estudamos
a snuacao da ctd ade de Sao Paule no penodo de imctantacao e
dese nvolvimento do cenro: em seguida, nos deteremos na tormacac e
atoacac da Companhia City, uma vez que a extstencta do bairro Jardim
America como tal deve-se a essa empresa: no terceiro t6p ico, anansa-
remos ° bairrc em si. considerando as teonas que deterrninam sua
estrutura. assim como sua lmplantacao. seu modo de ocuoacso ,
valorizacao e eneracac de sua forma orig ir:ol, tinalmente. exooremos a
14
situac;Ao do Jardim America nos dias atuais. bern como a polemica
suscitada em tunc;Ao do seu usa.
Nos anexos. propusemo-nos a urn estudo de aspectos reterentes ao
bairro que nos despertaram maier interesse, dadas as suas peculianda-
des. como 0 ccntrato que regulava a ocupacao do solo; os jardins
internos ora loteados: as ecncecces de uso publico, como a lqre ja, e
semi-publico. como os elutes: a forma de propaganda da City para a
verda de seus im6veis, lncluindo-se aiooa urn pequeno estudo leo-
nografico. comparando 0 penooo de formacao do bairro com seu
ascectc afual.
A escolha do Jerden America como objeto de nosso estudo deveu-se.
entre muitos outros motlvos. perc tato de ere representar urnailha verde
que oferece resistencia a escecutacao imobitiana vertical.
15
CAPITULO I
QUADRO GERAL DA EXPANSAO URBANA DACIDADE
DEsAo PAULO DE1915A 1940
Com a irnplantacao-da lavoura canavieira na capitania de Sao Paulo e
com a lntensiticacac do come rcio de gada do Rio Grande do Sui para 0
Rio de Janeiro em meados do seculo XVIII, a cidade de $80 Paulo
toma-se urn importante entreposto comercraf. urn " porto seco" (f )
freqOentado par tazendeiros. senhores de engenho. tropeiros e
comercian tes. Entretanto, a cidade nao apresenta alteracoes siqniticati-
vasem suaccnucuracao.
Urna apreciacao de Sao Paulo e areas circunjace ntes ate meados do
seculo XIX etetuada por Jliergen A. Langenbuch (2) reveta ser ala urn
centro oorarnaoor de seus arredores (3), urn ponto para onde as
estradasda provincia convergiam.
(1) PETRONE, Maria Thereza $chorer - A ravoura canavieira em SAo Paulo: eceneac e
decbhlo . SAo Paulo, DifusAo Europllia do Livre, 1968, pp. 186-222.
(2) LANGENB UCH. Juergen Richard - A esmnurecao da Grande SAo Paulo . Rio de
Janeiro. Fundac40 IBGE. 1971 , p. 79 em dianle. . -
(3) LANGENBUCH. J.R. - op . ctt.. p. 76. A cidade e circunoaoe por duas la ixas
ccocenecee: 0 cinturao de cnaceres e 0 cinlurao caipira. 0 cinturao das creceres
acnava-se organizado ceia cdade e para a cidade. Alem de ter luncAo resoencer e
secundaliamente de prcoucac nortcuiore. ence nava alnda uma se ne de elementos
Iigados a coece. como pouso de tropa, cemitenos. colegios, dep6si1os de p6lvora e
hospitais. 0 ceuurao cecee. Que se segue ao das crecaras. cerectenzava-se pela
culture de subsisll§ncia e cere producAo agricola extrati va e artesana l deslinada a
abestecer SAoPaulo.
16
No penbdo que sasegue,aneoo ao surto ceteetrc paunsta. tatorescomo
a lnstatacao de bancos, a abertura de ferrovlas. a Guerra do Paraguai, 0
irnputstonamento da manufatura, a mecanlzacao. 0 incremento do
comercto expo rtacor. a imigralfao e a penetracao da menta lidade
pcsmvista (4) fazem que em sao Paulo sa lnicie urn processo de
crescimento que levara a cidade a assumir. na segunda decade do
secuio. a ooscao oe centro econOmico do pars e tomar emsuasmaosas
reoees da " modermzacao". A coruuqacao dos tatores acjma mencio-
nados prooictam. a partir do ano de 1870. as cconccee necessanas
para 0 " take off " do processo de urtentzeceo.
Governando de 1872 a 1875. Joao Teodoro Xavier de Mattos valeu-se
dessa conjuntura. procedendo a uma serle de melhoramentos pubticos
e obras de embelezamento .
" que acabam pe r dar acc aoe urna feiQao mais moderna e
mars de eco rdo com os grandes progresses que se reqistra-
vern na provincia" (5).
De " burgo de estudantes" sao Paulo passa a " capital dos tazendeiros"
(6) . encontrando-se essim em uma tase de cre-merrcconza cao (7).
As checaras pentencas a sao Paulo , agora cortadas pelas estradas de
ferro. serao ocupadas pelas mdustnas . e logo a sequtr, como con-
sequencia da instatacao destas. pelos bairros coeranos que se concen-
tram nas regiOessui e leste da cid ade (8).
(4) Ate 0 penbdo tie 1910· 1920 a cceoe da Guanabara detinha tocas as condlcees
tavoraveis para se tomar 0 maior centro comerc ial e industrial do pail.,sando por suas
alividades a polariza<lora das Iinanc;;as neccnee e 0 3~ porto das Americas. Sotre a
questeo, vet 0 trabalho de CANO , Wilson - " Alguns escecics oe ccoceowecac
industrial" in Fonnac;;40 EcooOrnica do Brasil. SAoPaulo. sa raiva. 1976.
MORSE. Richart!, M. - Forma(.a<J hist6rica c1e5a.o Pa ulo. sao Paulo. Ditusao Europeia
00 Livro. 1970, pp . 148-156.
MATOS. Odilon Nogueirade-C8le e IerrOViaS. sao Paulo . AIIa-Qmega , 1974.
GRAHAM. RiChart! - GrA-Breianha e 0 inlCio da modemizac;;a.o no Brasi l. 185Q.1914.
SAoPaulo, Brasiliana, 1973. co.31-59.
(5) MATOS, OdHon Nogueira de - "A evoluc;;ao urbana de sao Paulo " , In Colec;;/I0 ce
Revista de Hist6ria , sao Paulo , 1955, pp. 39-75.
SuplemenlodoC6nlenario. O Estadode 5, Paulo. SAoPaulo . 23 . 7 de junho de 1975,
(6) MONBEIG. Pierre -La eceseoceee 18 ville de sao Paulo. Grenoble ,lnstilut el Revue
de Geographie Alpine. 1953, p . 27,
(1) LANGENBUCH, J.R. -cp. ce.• pp. 77·1 30.
(6) PRADO J" , cec - EvoI~o poll1ica do Brasil e outros estudos. SAo Paulo,
. seesaeeee. 1972,pp. 126- 127.
MORSE. A.M.-op. c it , p . 236.
17
Tem inlcio a reorqar nzacao do espaco de sao Paulo com o loteamento
de sitos e cnaca ras pr6ximos ao centro. destinados entao a abrigar as
diterentes camadas popufaclonais (9) resullanles do aumento de-
mocranco e das reracees econemrces viqentes na epoca.
Vern a fume novos " c6digos de Postura de Obras''. obsoletes ja no
memento em que sao pubticados (10) ; pianos de transite sao em 1870
alva de oreocuoa cac ca s autonoades municipais (11). Os transportes
urbanosdesenvovem-se.e os bondesa nacac animal passam a integrar
a paisagem juntamente com os troles (12).
Os setcres de service sao inaugurados ou intensif icados: em 1872. a
uunzacao de gas ; em 1892. a aeoerncac de Aguase EsgOIOSassume 0 .
contrcie da ant iga Companhia Cantare ira para Aguas e Esgotos: em
1890.aLight & Power inicta suas attvidades em sao Paulo. sendo que no
ano seguinte a c idade conta com uurninacao publica.
As obras de saneamento e retnrcacao do Tarnanduatere Tlete cornecarn
a ser estudadas em 1890, sendo executados aterros e eievacoes dos
terrenos marqinais. assim como canalizacao de diversos rios e nbeiroes
da cidade , 0 que qarantira a populacao melnor e mates cuanndade de
aqua potavet (13).
A cidade entao cesser um grande numero de casas comerciais (14) .
Aumenta 0 numerc de constru<;6es urbanas . onde a talpa cede lugar aos
ediflcios de tqoros cuja arquitetura e orrentaca peios mestres ttauanos ou
oeios brasneiros formados na Europa (15).
Ricos tazendeiros paulistas, tendo estucado no Exter ior , retornam
irnbutdos da ideia de dotar a ocaoe de meth or ame nt c s urb anos
iqualavels aos europeus - tal e 0 case de Antonio e Martinico Prado e
(9) BRUNO, Ernani da & "' a - Hist6ria e tradi¢e$da coeoeoe sao Paulo . Rio de Janeiro,
Jose Ot;mpio, v. 3, p. 1025 em diante_
(10) TOLEDO, Beoedrto Lima de - sao Paulo, Irkceeoes ern urn seccc. sao Paulo , Dues
CicSades. 1981 , p. 68 .
(11) ANDRADE , Francisco P. de - Subsdios para 0 esooc cas irlnuemciasda Legislal;Ao
na ordenal;Ao e na arquitetura ees CidadeS braSileiras.. sao Paulo, EDUSP, 1966.
ZMITROWlCZ, Witold - As lun¢es ufbano-ru rais comocondit;Ao ee implantal;AOde
zoneamento na cidade de sao Paulo. sao Paulo, 1979 , p. 83 (mimeog r.). Tese de
Mestrado , Escota Politecnica , USP.
(12) ZMITROWICZ, W. - co.ce.. cc. 79-84 .
(13) PETRONE, Pasquale -A evciocacurbana de sao Paulo . SAoPaulo, Col~ao Revista
de Hist6ria. 195. cc.77-121.
ZMITAOWICZ. W. -Of, . cit, p. 108 .
(14) OUEIAOZ, $uely AobIeS de - ' 'SAo Paulo (1875 a 1975) do caiea indu5triallZar;<10" .
a Estado de S. Paulo. SAoPaulo. Sup!emento do centen4no n~ 2, 11 de jallelro de
1975.
(15) REIS FILHO, Nestor Goulart - C uadro da arouuetura no BraSil. ~o Paulo.
Perspective, 1976, pp . 43-52.
18
Diogo Antonio de Barros (16). Esse e 0 momenta da eurooecaeao da
mentalidade paul ista. Com 0 aumento do poder aquisitivo naclonat, 0
consumo sera intensif icado, principalmente no que sa retere a produtos
esfranqeiros. que virao a lmpnmir mesmo urn modo de vida diverso do
ate entaa experimentado.
A Franca e0 modelo cuttural a ser adotado; entretanto, a preponoeran-
cia inglesa nao se restring ira apenas a economia: ao connano. esta
determinara a influAncia anqlo-saxonlca no couotanobrasileiro.uma vez
Que 0 mercado nacionale inundado de produtos e novidadesbnt anicos .
Essa influencta evioencia-seafravesdos novcs taouosanmeruares. pelo
vesfuano. ccsmeucos. produtos pa ra a higiene , rroouarro e mesmo os
ate entao " desconhec idos" aparelhos sanitarios. As casasimportadoras
inglesas tazem 0 ooesver para suprir essacrescenta demanda (17).
Os imigrantesatemaes tambem delxarnsua marca nos habttos paulistas.
mas serao os italianos que se tntntrarao no cottdlano da cldade.
imprimindo seu modo de vida ao crescimento urbane de sao Paulo.
A imprensa dinarniza-se e toma vulto: nota-se um senswel aumento no
numero de estabelecimentos de ensinc (18).
o alvorecer do secuto XX encontra sao Paulo em meio a grande
etervescence urbar ustlca. A expansao do centro j~ havia sido determi-
nadapeteabertura da rua sao Joao em 1890e a inaugurac;c1o do Viaduto
do eM em 1892. mas' durante a gestao dos administradores Antonio
Prado (1898/1908) e Raimundo Duprat.
" que se dara um dos mais notaveie epis6dios da hist6ria do'
urbanismoem sao Paulo" (19)
(16) MORSE. A.M . - cc.crt.. pp. 234-236.
(17) GRAHAM. A. - co. cit.•pp . 11-58.
(18) Em 1874 1unda-se a scceoeoe Propag adora de Inslr uc;:Ao Popular Que, posterior-
mente, passa a se c harnar ucec ee ArIes e 011(;105. Em 1885 e lundado 0 Lice u
secreoc ccrecacde Jesus. Em 1880 e reaber1a a Escola Normal. A partir de 1890 0
adventociaRepUblica impu lsiona a abertu ra dElurna sene de novas eecoe e. con lorme
pode ser apreciado na Di$sertac;a.o dElEIZaNada e - 0 gln8sio"dOEslad o de S. Paulo :
uma preocupac;:Ao republiCana (1889-1896). sao Paulo, 1975. Um lalocomprovador
da dinamizac;a.o e importAncia QUe 0 sekn educacional havia adQuirido emsao Paulo
e a lranstertnclacasInstalaQ6es do ColegiO sao Luiz de Ito paraese cidade.
(19) HOMEM, Maria cecilia NacleriO - HigienOpoliS - grande18 e ~ncia de urn
ba irro . sao Paulo . S.8., 1980.
19
devido ao projeto denominado " grandes avenidas" (20) . vanes eram os
co aoaos de alta projecao que menitestavam suas preocuoacees no
sentido de dinamizar os melhcramentos necessaries ac idade (21).
Assim, sao apresentados as autoridades diversos projetos. A municipa-
Iidade tarnbem manifestaseu interesse atravesde seus engenheiros de
obras, Victor da Silva Freire e Eug~nio Guillem (22).
Em meio 80s debates quantc it execucao oos projetos ocorre em 1911 a
visrta do arqulteto Joseph Bouvard a creede este apresentara um
relatono a Preteitura apontando as rranstormacoes Que julga conve-
mentes aboa estruturecao do crescimento do municipio (23).
o antigo triangulo central, representado hoje oeras ruas Direita , sao
Bento e Ouinze de Novembro , perde sua f residenc ial e lei sa
concentram atividades de come rco. religiosa ~ lazar. Os sobrados
onde resid iram os abastados comerciantes e c:.;~s de fim-de-semana
dos tezenoeiros de cafe deterioram-se e sao transfo rmadas em estabe-
lecimentos comerc iais ou cedem lugar a novas construcces.
Dar' decorrem as nenstcrmacees remodeladoras do centro da ckfaoe .
sao Paulo apresenta-se. eotac. composta de blocos separados que
davam a ideia de varlas cidades sucessivamente agru padas dentro de
urn dado pentnetro (24). A aperence oesconnhua deve-se aexistenc la
de nuciecs male antigos, como os de Pinheiros e Santo Amaro, ou
aqueles decorrentes da exoensac terroviaria. que leva a. lnsteecac de
lndustrlas e ccnseque ntemente lnstaiacao de bairros operance em suas
proximidades.
Paralelamente ca-se a tormacao de loteamentos dirigido as classes de
maier poder aqu tsrnvoque lnlclavam seu deslocarnento do agoraagitado
centro. 0 bairro de Campos EhSeos loteado ern 1882 e 1890 por Glete e
Nothman, cecle 0 privileg io de abrigar a nova burguesia cateeira a
Higien6polis (25); em 1910. a regiclo habitada palos milionarios da fase
industrial e a Aven ida Paulista (26). Por essa epoca. a c idade encanta
aos viajantes e cronis tas que a visttam. seja pela arquitetura. seta palos
(20) TOLEDO. B.L. - op. c it.• p. 99 , Esse projeto denomioado "Granoes Avenidas" e de
autOl'ia do arqunelo Alexandre de AlbuQuerque e redimenSionava 0 centro de SAo
Paulo.
(21) TOLEDO. B.L. - op. en.
(22) TOLEDO. B.L. -OIl. en.
(22) Idem, p. 100.
(23) Ibidem. p. 100.
(24) PETRONE, Pasquale - op. en.. pp, 86-89 .
(25) HOME"", M.C.N. - cp . en.
(26) GAFFRE,LA - Visions du Br8sil. apud BRUNO, E.S. - co. ciI .• p. 983. A Avenida
Paulista toI aberta eec engemeiro Jo8<JJim Eug4nio de Una em 1894. Tnha dais
QUiIOmetros e ja se projetava 0 seu pro6oogamento. Em 1912 ja e comparada a
granoes aveoidas intemacionais.
20
vetosos jerome. lao bern cu idados. au ainca por suas amplas avenidas
(27) .
A partir desse contexte , Langenbuch assevera ser 0 penodc com-
preend ido entre 1915 e 1940 como 0 de imcio da metropolizacao de sao
Paulo (28).
Esse processo de metrccouzacao e impulstonado por um surta indus-
trial , venncaoo a partir da I Guerra Mundial. que nac tete retrocesso (29).
Aliado a incustnauzaeao crescente, veritica-se em Sao Paulo um
aumentc oencoreeco que sublinhara as protundas diterenciacoes de
ctasse. desenhando a patsaqem social da cocos. A clcade ver-se-a
cercada por um cl nturao de loteamentos suburbanos. distintos quanta a
classe que os oeu pa, e mesmo quanta a sua utnraacao (industrial ou
residencial). Esse c jnturao ultrapassa as timttes municlpais . eng lobando
areas ainda dispensavels devido a mocseioecaoe de sua ocupecao
naq uele mo mento de exoensao. Por esse motiv e, ne m todos os
suburbfos e loteamentos cc nhecerao um desenvolvimento etetivo logo
no momento em que sao crtados: sornente os melh cr situados, seja em
tuncao da sua maior proximidade co m 0 centro, seta por lccahzarem-se
(27 ) Varies c rorustas e via jantes cexaram oeooeneucs acerca de sao Paulo no cereoc.
Enn e oceos. Pierre DeniS. autor de " Le Bresil au XXe. Si8c1e". Marie Robinson Wright
- The new Brazj; L.A. Ganre - ViSiOnS du Br8$il ; Emesto Ber1arelli - II Br8Sl1e
Meridionali .
(28) LANGENBUCH. J.R.- cc.ct.. pp. 128-131.
MORSE. R.M. - op. cit.• p. 380. Para Mofse a lase de metropoli.z~o e 0 penix:lo
1929/1945. Quando a regiAo urbana de sao PaUlOad.:juire urn potencial de energia
suticient'E' pa ra superar sua depend6ncia hiSt6riCa e seu deset"'l'tlOlWnento . OCorreu af
"uma reocar modiliCal(io no Quaetro probiematiCO regiOnal impando requisil os
inteira.'Tleflte I'lOYOSde p1anejamenlo, que permareceram~ clespercebkkls peIos
profiSSiOnaiS. e pelasclasses dirigentes" .
Os termos "metr6pole" e "rrencccaeecac" geram ccosoverses Quanto a sua
ccocemecac. bern como retatiYO a Queslao de se e~uaetrar uma cidade nesses
te rmos. Optamcs ceres cutencs segundo os Quais uma co aoe torna-se uma
metr6pole c oaroc eceeseota grande volume populacional. uma vesta garna de
servcce e bens, e potariza os recorsoados mun iclj:>ios vizinhos, os Quais induz ao
cesenvoiwremo. 0 assunto e estudado na Revista aresnerra de aeocrene. mc.oe
Janeiro, FundacAo IOOE, ano31 , nO4, co. 53- 127.
(29) Ace rca cia industrializai;a.o em SAo Paulo, ver os trabalh os de:
PRADO Jr ., ceo - Hisl6r ia ecoocmca do Brasi l. sao Paulo , a reeneose. 1971, pp.
257-269.
DEAN, Warren - A tndustnauzacao de sao Paulo, 1880-1945, SAo Paulo, DilusAo
Eeropeia do Livro, 1971 , pp. 91-114.
IGLESIAS , r reocece -."ertesa -etc . man ufalura e industria" , In: Anais do III Simp6sio
de Prolessores u rwersaaros de Hetona. Me Pau lo , 1967,
SIMONSEN, Robe rto C. - In: EvoIucAo ind ustrial do Brasil e ou tros esnoos. Org_
Edgard Carone. sao Pau lo , Ed ito ra NaciOnal, 1973, pp. 143- 146.
$lLVA, sergio - Expa nsAo caleeira e origens da indUs1ria no Blasil . sao Paulo ,
A1fa.omega, 1976,pp.77-115.
21
ao longo das terrovias ou do percurso do Tramway de Santo Amaro , e
que encc ntrarao proqressso lmedtato (30) . ,
Sao Paulo passa a apresentar uma contiquracao com setores mats
diterenciados e areas funcionais bern defi nidas: encont ramos uma zona
cornercia l no velho cent ro, paraletamenta a um co mercto atacadista nas
vertentes do Tamanduater (3 1); uma zona com industr tahzacao 000-
centrada nos bau ros do Bras, Mo6ca e Betenztnho (32): e uma zona de
caractensticas resldenctais definidas, inictada nos Campos Ehseoa,
subindo por Higien6polis , ating indo 0 espiqao da Avenida Pautleta e
descendo em dnecao ao novo Jardim America (33) . Os viaiantes que
passam par sao Paulo nesee estaqio comparam sua aparencta metro -
polltana a cidades des Estados u noos (34).
As cot6 nias estrange iras vaoemprestar urncolo rido especial aos bairros
nos quais Irao se con centrar, promovenco assm uma oversmcecao
etnlca caractenstca de algumas regi6es. Temos, entao, escennou na
Me6ca, japoneses e chineses na Liberdade, arabes na regiao da rua 25
de Marc;:o, judeus e gregos no Born Retire. eslavos na Vila Pruden te (35).
Ingleses e alemaes. atrardos pelos ambientes campestres. serao
responsaveis pela ocupacao de determina dos suburbios (36). Tambem
a classe alta e a emergente classe media pauhstana, em sua vereracao
pelo " mod us vivend i" saxonico. procure, como os grupos citados.
habitat locai s onde Ihes seja permitido mante r estretto contato com a
natureza.
De eco roo com Pasqua le Petrone, a area urbana paul istana encontra-se
assim oeumnaoe em 1925:
a) um bloco cornpactarnente editicado. hmitado ao Norte
pelas vias terrees, a Leste pelo vale do Anha ngabau, a
Oeste pete vale do Pacaembu e ao Sui pelo espiqao da
Avenida Pautista :
b) uma area com pactamente editicada. a Leste do Taman-
duatef compreendendo 0 Bras, a M06ca e 0 aeienztonc .
a qual ecortada em tres pontes por estradas de ferro;
c) uma area pequena, porem populosa. situada na varzea,
ao Nort e das Imhas terreas. co moreenoenoo 0 Born
Hetlro. a Luz e a Baixa Casa Verde ;
(30) LANGENBUCH. J,A. - OIl.c it" pp. 140-14 1
(31) ZMITROW1CZ, W -cp. cu.. p. 101.
(32) Idem, p. 102.
(33) Ibidem, p. 103.
(34) Ibidem, p. 107.
(35) MORSE, A.M. -op. cit., pp . 333-334.
(36) l ANGENBUCH, J.R. - co. cu. o. 136,
22
d) urnaareaa Oestedo valedo Pacaembu.compreendendo
Perdizes. Vila Pompeia. Agua Branca, Lapa e 0 initio do
Alto da Lapa;
e) uma zona de bairros nOV05, situados nas vizfnnancasdo
Tfete(margem esquerda) e da coltna da Penha;
f) 0 Ipiranga, entao bairro-suburbio. instal ado parte na
varzea e parte nas vertentes do Tamenduatei:
g) umazona irregular, nucleada pelo centro da cidade,"entre
o vale do Anhangabau e a Actlrnacao:
h) a zona localizada a Sudeste do espiqao da Avenida
Paulista . compreendendo Vila Cerquelra Cesar, Pinhei-
ros: Vila America e Jardim America;
i) uma zona sttuada ao Sui da Avenida Paulista, consnnnde
principalmente ceraVila Mariana;
uma pequena area ao Norte do Tfete. com 0 antigo nucleo
de Sant'Ana (37).
rooo esse processo de urbentaecao se ca em funcao do desenvolvi-
mento econcmico do Estado, induzldo pela sobstrturcao de uma vida
aqrarla por uma lenta e cada vez mais significativa Industrializacao.
tendo como marcos a Primeira Guerra Mundial e 0 momento poste rior a
crise de 1929.
Essa Industrializacao leva a neqacao do blnemlo rural-urbane vigente
durante a eooca da economia exclusivamente cateeira (38). No penodo
entre 1925 e 1934 as novas construcees concentram-se na area
compreendida de 3,5 a 7 ounometros da Praca da Se. e apenas no
penodo seouinte imcia-se 0 desenvotvimentoda regiao alem do cnculo
de 7 qunometros (39).
o centro da cidade acomoannera 0 ntmo do desenvolvimento que
impregna Sao Paulo: ampl ia-se 0 triangul0 central, alargam-se as ruas
(40). Os valesdo An hangabau e Tamanduater' sofrem protundas
transtcrmecoes. Os melhoramentos se sucedem: a pevlrnentacao das
vias publicae e intensif icada ; a luz eletrica sera expandida em 1922
desaparecendo a iluminacac a gas em 1930; 0 service de aquas e
dinamizado , com a ineucuracao oa estacao do trabalhode aquas no Alto
da Boa Vista em 1929; a orocucao de cimento e iruciada: 0 autom6vel
ccmeca a ter sua unuzacac expandida em 1915, para con hecer um
senstvel aumento na decade de 30; os transportes urbanos sao
incrernentados com a introducao dos 6nibus em 1924 que, na decada
(37) PETRONE,P. -op.cit.,p.91 .
(38) SAIA, l UIS- Morada paunsta.SAo Paulo, Perspective. 1972, p. 223 em diante.
(39) ZMITROWICZ, W. -c op. cit., p. 105.
(40) MORSE, A.M. - op. cit., p. 372.
23
seguinte, tazem concorrencla aos bonoes (41). 0 Predio Marti nelli ,
stotoro do desenvolvimento urbane. e inaugu rado em 1929 (42).
Em 1930
"vemosurnacidade orde na equilibria entre parques e areas
ccosmnoes. todavia a falta de lnfra-estrufura dec retou 0 fim
dessa cidade" (43) .
A explosao demoqrauca inccntrotavet. aliada ao nao-ptanejamento
dessa infra-estrutura necessaria ao vertiginoso crescnnentc da coaoe.
demonstram a maoecuacao de urna tecmca tradicionalistae ecadernica
e preocuoacoes progressistas trazidasdo seculo anterior. 0 rio Tiete [a
e. nessa epoca. prova cabal da acao sem diretrizes, e, consequente-
mentepredatona. de uma exoansao desordenada (44).
Eo imctoda fase dos "slogans" utanista como
" sao Paulo nao pode carer :' ,
" Sao Paulo,a locomotiva do Brasil" ,
" A cidade quernals cresce no mundo "
e conqeneres. Esse clim a contagia a tcdos: 0 crescimento vertical
assume orooorcoes relevantes. de forma que a semelhanca com as
cidades norte-amencanas seja reeiceoa. em sao Paulo . a construcao
nee e apenas vertical. mas e tambem efetuada sabre a antiga cidade;
conforme a feliz exoressac de Benedito Lima de Toledo , " sao Paulo e
um palimpsesto" (45).
Durante as decades de 30 e 40 surgem dois administradores que
remooelarao a paisagem paultsta: Fabio Prado (1934 /1938) e Prestes
Mala (1938/1945). lncte-se a ccnsnucao de uma sene de vedutos.
entre eles 0 novo Viaduto do Cha em 1936. que promove uma nova
exoansac do centro comercial ; a abertura do tunel Nove de Julhc e
lnknada em 1935 . estabelecendo a corexao direta do centro com os
bairros-iardins: 0 rio TIete ecanalizado em 1939 ; a Avenida aetoocas e
ampliada e pavimentada em 1936; 0 sistema viario da cidade e
dinami zado atraves da remoc eracao do Vale do Anhangabau. da
orooosrcao do Plano de Avenidas de Prestes Maia (46) e da introducac
do Sistema Y quando de qestao do niesmo como Preteito da cidade (47).
(41 ) MORSE, A.M. - cp , crt.. BRUNO, E.S. - op. cit.
(42) totc rmecac oonc a em apontamentos de Maria Cecilia Naclerio Homem acerca do
Edi!icio Martinelli.
(43) TOLEDO, aenecac Lima de - op, ctt.. p. 105.
(44) SAIA, LUls - cp . ctt.. p. 243.
(45) TOLEDO. B.L. - op.cit, p. 67.
(46) MAlA, Franc isco Prestes - Estudo de urn plano de ee ooee para a ccece de SAo
Paulo . SAo Pa ulo . S.8., 1930.
(47) MAlA, Francisco Prest" - Os malhoramentos de SAo Paulo. SAo Paulo. Melhora-
mantas. 1953, p. 9em dianle .
24
Nada e capaz de interromper 0 ntmo de crescimento eta excensao
metropolitana (48); sao Paulo mostrara as etei tos de uma verdadetra
explosac Que provocara uma reacao encadeada em seussistemas.
No penodc anterior a 1913, qrandes areas eram encontradas a baixos
precos. au simplesmente tomadas oero sistema de " grilos" (49), senco
Ioteadas e arruadas segundo 0 t racaoo blpodamlco. rruntas vezes
inadequado a lopografia loca l (50 ). Ou:r05 terrenos eram amda ocupa-
dos sem que as 101es nee estebelecessern urna retacao rac ional entre st.
Nessa lase oa mei rooouzacao de Sao Paulo 0 espaco urbanizado
orscoovet para a nabnecao e multo superi or a demanda (51). Ainda
assim, a esoecuiecao imooiliaria vatoriza arnticialmente determtnadas
areas, provocando uma carenca de totes acessvee as camadas mais
babcas da populacao. obrigando-as a adquinr terrenos cada vez mais
atastadas do centro e sem inf ra-est rutura . Observ a-se tambem a
tendencta ao compactamento da cidade, que, entretanto. nee se reahza
imediatamente: os grandes ctaros na mancna urbana que configuram
sao Paulo como uma cidade doteca de estrut ura crcaruce fragmentada
sao 0 resultado da acao especuta tor ia.
Entre 1930 e 1954 duzentos e setenta qutlometros quaoraoos de terres
serao entregues a esoecurecac imobiliaria (52); seus mutttplcs nos
transtcrmar-se-ao em esqotos canali zados a ceu aberto ou enqastula-
dos em qalerias subtertaneas: seu espaco ambientat e dilUloo: ennm.
tern lugar a descaractenzacao dos elementos particulares eomponentes
do espaco urbane acobertado pela palavra progresso.
o panorama geral oa ocucecao espec ial da cidade vat. no entanto .
cncontrar uma nota diferente atraves da atuacao da City of San Paulo
Improvements and Freehold Land Company Ltd., empresa imobiliaria
inqlesa que, instalada em Sao Paulo em 1913, tancera novas diretrizes
em retacao a fo rma de ocupacao urbana e esoecnecao imobiliana.
Esses novos pacroes detetminarao 0 usc da regiao sudoeste da cidade ,
cuja expensac assim nao esta Iigada a vias Iertees au oocsmas. mas ao
alto pooer aquisttivo dos seus moradores.
(48) PETRONE,P.-op. cil..p. 14 t.
(49) MORSE, R.M. - op. cit, c . 365.
(SO) Jdem , p. 366.
(5 1) LANGENBUCH, J.R. - cp. crt.. p. 132.
(52) SAIA.lu-S-op. cit.,p. 241.
25
CAPI~ULO II
A CONSTITUI~AO DA COMPANHIA CITY E RESUMO DE SUAS
ATIVIDADES NO PERlbDO ESTUDADO.
Em janeiro de 1911 0 Sr. Edouard Fontaine de Laveleye. capitalista,
banqu eirc na Franca, comerciante na peace do Brasil (1), realize uma
viagem tendo por finalidade 0 estudo de oosevee futuros neg6cios em
sao Paulo. Nessa empreitada. obtem 0 assessoramento do larnoso
arquiteto frances Joseph Boward nas diversas ccerecoes que pretendia
ccnduzir (2).
Fontaine apresenta 0 Sr. Bouvard aos membros do govemo de sao
Paulo. e como resultado desta aproximacao. 0 arquiteto eencarregado
da etatoracao de pianos relatives a melhorarrentos urbanos e reel-
mensionamento dos projetos a serem executados na capital (3). Ap6sa
entrega das plantas para tal tim elaboradas 0 Sr. Bouvard aconselha 0
( ' ) Fontaine mannrea interesses econorncos no Brasil, principalmente no Estado do
Parana, onde sa cesare com Amalia Moreira Keating em 17 de marl;O de 1896.
Detinha tambem eceee do Porto da Bahia e oe South Brazilian Railway Co. Em 1926
cnentara e dirigira a Companhia Agric ola no-ester e de Estrada de Ferro Monte
Alegre ,lundada em sao Paulo, Que sofre eecenoeicse lalAnd a em 1932. PJ, sao
Paulo, 1932. Doc , n9 98 , pp. 1392-1465; Doc. nO 140, pp . 1729-1732 ; Docs, nss 143
a 166, pp. 1735-1758 .
(2) ContradilV6es a esse respeito saoercomraoescentrc do prOprio processo reienoc.0
Or, Victor da Silva Freire alirma QueJ, Boward veioa sao Paulo, em 1911 , a coovae
damunicipahdade. PJ. sa o Paulo , 1932.pp. 181-184 . TOLEDO, BeneditoLima-sao
Paulo: tres cidades em um seculo. SAo PaulQ. Duas Cidades, 1981. p. 100. AQui
encontramos a mesma referAncia. Preferirna&, no entente. nos apoiar nas oecie-
r~ do prOprio Bouvard. constantes nas etasde encerramentodo BancoFontaine
em PJ. sao Paulo, 1932. pp . 1392 ·1465.
(3) TOLEDO. Bened tto Lima - CIP· en . pp. 102-103.
26
Sf. Fontaine a adqutnr grandes extens6es de terra nessa cidade para
futuros empreencimentos imobtliarios ccnsciente do proq resso que
sotrena devido ao crescimento da economia do Estado. As terras sobre
as quais fecal a escolha srtuam-se na zona sul e oeste da cidade (ver
mapa 1) .
o Sr. Fontaine entre em contacto com 0 Sr. Victor da Silva Freire (4),
entao Diretor de Obras Pubucas da municipalidade de sao Paulo.
procurando obter deste. intormacoes acerea da existencia de pro-
prieta rio de gr andes areas da capital que estivessem c nsoostos a
neqccta-tas.Este apresenta-o ao Dr. Ctncmato da Silva Braga, que,
[un tamente co m antigos proprtetancs de terrae estavam aoqurrtnoo
grandes areas para exoicracac desse ramo de neg6cios (5).
Em [unt ie do mesmo ano sao intctadas nansacces comerctais entre as
partes lnteressadas. e a 6 de [ulno 0 Dr. Horacto Belfort Sabino , soc io do
Dr. Cinc inato da Silva Braga, por sr e repr esentando um grupo de
proprietaries de terrenos (6) firma no Rio de Janeiro com 0 Sr. Fontaine
uma minuta de contrato de opcao de venda, pela qual se obriga a vender
doze milh6es de metros quadrados de terras na capi tal de Sao Paulo ,
que servirao de base a consnnncao de uma fi rma, par parte do
comprador, a operar co m sede em Paris e tendo a empresa por escopo a
compra. venoa . e consnucoes naqu ela cidade. Neste documento
estiputam-se cots pontos interessantes: a sociedade a ser constinnda
obnqar-se-ta a ceder ao governo do Estado au a Munic ipalidade os
terrenos que estes entendessem adqulrir para abertura ou alargamento
de ruas e pracas. para logradauros pceucos ou para construcao de
edrncios de kfenticas natureza, ao preco que lhes tivessem custado por
ccasn c da compra, e que ambas as partes se empennanam no sentido
de ob ter uma concessao de via terrea entre as estecze s Lapa e Ipiranga
da sao Paulo Railway Company lid. (7). Ev idencia-se assim a intencao
dos vendedores e do eomprador de intensittcar 0 desenvojvimento da
cidade na regiao obieto das necocracces.
Neste pnmelrc acoroo sao emprenhados terre nos perfazendo uma area
de 8.651.550 metros quadraoos. de acordo co m a nata abaixo:
(4) PJ, sao Paulo, 1932. resiemcnnc de Victor cia Silva Freire, p. 182.
(5) Os onnccas eweetoores eram 0 Dr. Omcinato cesar da Silva Braga e 0 Dr. Horace
Bellort Sabino, conhecidos cepnaretas e politicos de sao Paulo, oocnetanoe de
grandes extens6es de tetr as nesta Capital Que estavem lcte endo areas na regido
abaixo do Esplgdo. respecnvameme Vila Nova Tupi e Vila America,
(6) Esses terrenos pertenciam a Paulo Jose Abrantes e sua muner Dna. Maria Amelia
Flores Abrantes, Leopoldo Pio Bastos. Dr. crn onatc Cesar da Silva Braga . Dr.
Hcraclo Bellorl Sabino e sua muther Dna. America Milliet Sabino. Dr. aosc Al\Ies de
lima e sua mufher Dna. Eliza de Barros ANes de Lima, Or. ANredo Cesar oe Silva
Braga e sua mulher Dna. ConstAncia ceeccBraga. Or. Julio C. Ferreira de veecuua
e sua mulher Dna. Luc~iaGesarde MeSQuita , Dr. Ratae! de AbreuSampaio Vidal e sua
mulher Dna. Canota Borges SampaiO Vidal, Dr. aceocr Soares Batisla. Ooa. Marieta
Cunha e a ccrceone Edllieadora de Vila AmeriCa, Doc. n9 9. p.64~.
(1) PJ, sao Paulo, 1932. Fac-&linile cos ccoeatos e coo...eniOS do RiO de Janeiro de
6-06-1911 . Doc . n9 1 i'l : doc. en. p.500-503.
27
Os terrenos que os prorxetanos se obrigam a transterir a
sociedade anonyma que vae ser organizada terac a area de
doze milhOes de metros quadrados. Destes doze milh6es
tazem parte cesce is otto milh6es seiscentos e cinquenta mil
rretros quadrados, constante de vinte e urn totes aoquinoos
ate esta data . e que sao as segu intes :
I - Urn terreno situado nas ruas Traipu e Pejmetras com
area de 6.750 me.
II - Terreno cenomrnadc Pacaimbu de Cfma. bairro de
Hygienopolis com area de 800.000 rna.
III - Lotes denominados "urbanos" de Villa aomana.
bairrc da Agua Branca, com area de 6.000 ma.
IV - CMcara unida aVila Romana, pertencente ao bairro
da Lapa com area aproxlmadade 75.000 rna.
V - Duas quadras completas em Villa Romana, com a
area de 28.000 me.
VI. VII. VIII. e IX. - Quatro lotes denommados "aqncolas"
situados na mesmaVilla Romana com a area aproxi-
mada de 245.000 rna.
X - Terrenos situados no bairro da Lapa e que perten-
cerem ao Dr. Antonio Dino da Costa Bueno e a
Schalch & Cla., com a area de 2.141.700 rna.
XI - Terreno sito na Estrada das Boiadas, que foi perten-
cente ao coroner Martinho Ferreira da Rosa, com a
area de 532.400 rna .
XII - Terreno a margem da mesma Estrada das Boiadas.
que pertenceu a Jeronymo Ferri, beirro de Pinheiros
com a area de 252.700 rns.
XIII - Terreno situado no mesmo bairro de Pinheiros que
lei pertencente aT. Alzira de Salles com a area de
2.347.400 m2•
XIV - Terreno nos bairros de Villa America e CaaguassU
que pertenceram aos coronets Joaquim Martinho
Ferreira da Rosa,com a area aproximada de 919.600
rns.
XV - Terrene com frente para a avenida Brigadeiro Luiz
Antonio, e que pertenceu a Carlos Bresser com a
area de 133.000 m2•
XVI - Terreno sttuadc emVilla Americaque tot pertencente
a Joao Baptista de Oliveira, com a area de 180.000
m' .
XVU - Lotes de terrene situados no mesmo bairro de Villa
America pertencentes a Companhia Edificadora de
Vila America, com a area de 150.000 ms.
XVlI l - Terreno situado no bairro do Bexiga, rua Paim, com
a area aproximadade 10.000 me.
XIXe XX - Terrenos no mesmo bairro do Bexiga, que toram
pertencente a Banque Francaise et ltalienne pour
28
L'Am erique ou SUd, sitos a ruas Augu sta e Martinho
Prado, co m a area de 24 ,000 rna.
XXI - Terreno situado no bair ro den ominado Alto da
Mecca com area aproximada de 800.000 ms.
Sommam approximadamente as retendas areas
8.651.550 m' (8).
Os terrenos necessanos para que se completasse a met raqem estipula-
oa senam transferidos pelos proprtetarios a Companhia a ser consn-
nnoa.
Quando do seu regresso a Europa, 0 Sr. Font aine entende-se com as
ftmaos Boul ton , banqueiros tondrinos. vindo a co nstituir -se na Inglalerra
em 25 de setembro de 1911. a City of sao Paulo Improvements and
Freehold Land Company Limited (9). Sediada na Inglaterra a Companh ia
possuina escrttonos em Paris e 580 Paulo; em Paris, operana sob 0
nome de "Societe Generale et lmobiliere et d 'Embelissement de ta Ville
de sao.Paolo " (10).
A 10 de novem bro do mesmo ano e fi rmado 0 " agreement" entre
Fontaine e 0 Dr. Horacio Sabino na quafidaoe de procurador de tooos os
vendeoores que vai reaf irmar os princ ipais prop6sitosda minuta citada . e
no qual 0 restante da oceracao eco nsubstanciado (11).
No dia seguinte e celebrado 0 contrato ent re 0 Sr. Fontaine como
vendedor. e a Co mpanhia City na ouaucao e de cornprado ra. Assim as
propriedades sao franstendas a eta (12) , descrita de acordo com a
relacac que se segue:
Area em
quadrados
1. 252.704
2. 6.855
3. 928.870
4. 78.616
5. 2.341.379
6. 1.306.800
Freguesia
Pinheiros
Perd izes
V. America
Agua Branca
Butanta
Lapa
Situacao
Est. Botadas
Palmeiras & Fraip a
V. Sto. Amaro / B. Veneza
Villa Romana
(8) Ibidem, p.502·503.
(9) PJ, sao Paulo, 1932. Doc . nO3, co . 508-516 . Ver tambem Estatutos oe City 01SAo
Paulo lmprovementes and Freehold Land Company limited. sao Paulo. Gralica ce
Revista dos Tribunals, 1932. co. 1-32.
(10) PJ. $ao Paulo. 1932. Doc . n084 ,PJl. 1250-1267.
(11) PJ. sao Paulo . 1932. Doc. nO 4. PJl. 516-528. NAo eecoonerrcs reiereoce e a
Estradas de Ferro reste ccoeato. mas sabemos Que esta era uma creccocecec da
cceceree. tanto peIos relal6riOsde Mr. Doug lasGu~d . como cee ececacque a City
taz a Estrada de Ferro scrccecere. secee as necccecees com a Soroca bana para a
const rucrAo de urns es1acAo na propOOdade da Companhia da Lapa .
(12) PJ. SAo Paulo. 1932 . Doc . nO 5, pp. 530-542,
29
R. R, Prado e Aug .
Ch . Boa Vista
Pinhetros
Rio Ypiranga
Villa America
Villa America
Pacaembu
Pacaembu
Pacaembu
Pacaembu
Pacaembu
Pacae mb u
Pacaembu
Villa America
Villa Romana
Villa Romana
Pacaembu
Villa Romana
R. Mart. Prado
R. Paim
Ch. sro . Antonio
s.uo B. Autanca
Av . B , L. Antonio
Villa Romana
Ch. Boa vista
Ch. Boa Vista
Villa Rom ana
R. Sto . Antonio
Estrad a Vergueiro
Est. Boi adas
R. Major Qued inho
R. Mart . Prado
Villa Romana
Lapa e A. Branca
Agua Branca
Hyg ien6polis
Lapa e A. Branca
Consoracao
Consolacao
Lapa
Lapa
Caaguassu
Lapa
Est. Boiadas
Est. Boiadas
Lapa
Bexiga
Ypi ranga
Plnhetros
Consolacao
ConsolacaoA. Branca
Lapa
Consolacao
Est. Boiadas
Est. Boiadas
""" V. Marianna
Consotacao
Consolacao
Hyqtenopotis
Hygienopolis
Hvqfe nopotis
Hyqienopous
Hyiencpolis
Hygien6po lis
Hygien6pol is
consoracao
Caaguassu
M06c a
Caaguassu
V. Marianna
Hygien6polis
7. 108723
8. 94 .371
9. 900 .000
10. 10100
11. 17.500
12. 11,000
13. 75 .000
14. 834 .900
15. 133845
16. 25900
17. 495.085
18. 52 .100
19 . 52677
20. 2100
21. 48.100
22. 300.000
23 . 2.000
24 . 510.000
25. 111.723
26 437.440
27 73.200
28 . 665.500
29 . 1.948.100
30. 50.000
3 1. 4900
32. 24 ,800
33. 4.200
34. 20.000
35. 15 .700
36 . 17.550
37 . 4.200
38 . 1.950
39 . 3.800
40 . 150.000
41. 180.000
42 . 400.000
43 . 6.500
44 . 160.000
45. 14.90 0
12.380.09 8
A escritura deftmtiva to ! passada em Sao Paulo a 18 de janei ro de 19.12
atraves do Dr I Sabino, agora trnbutdo do papel de procurador de
Edouard Fontaine de Lavelaye e sua mulher, Dna. Amalia de' Moreira
Keating. Per essa ocaslao. a Companhia recem-lncorporaoa fol repre-
sentada pelo Dr. Sancho de Barros Pimentel Filho (13).
(13) PJ, sao Paulo , 1932. Doc. nQ 9, pp. 649-666,
30
Oesde 0 connate de 1Q de novembro de 19 11 a Compa nhia City se taz
presente. crtadacomo a tutura compradora das terras que Lavelaye por
aquele instrumenta entao adqumra.
A diretoria oa Companhia apresentava em seu seio nomes de orojecao
no mundo politico e ttnanceiro da Europa e do Brasil , 0 que pode ser
constatado com a retaca o apresentada a segu ir:
CONSELHO DIRECTOR; - Presidente: - Sua Exce llencia
LORD BALFOUR OF BURLEICH. Governador Geral do
Banco da Escocia . Presidente de San Paulo Railwa y Co ..
Presidente da Imperial and Foreign Corporation LId . -
vice -presidente: -Sr. J. BOUVARD, Grande Official da Leotao
de Honra , Director Honoraria da Prefeitura do sene. ex-Di-
rector dos Services de Architelu ra, da viacao da Planta de
Paris. - Directores S. Excelfencla M. CA MPOS SALLES,
Senador. ex-Prestdente da Republica dos Estados Unidos do
Brasil , Presidente do Cornite de Sao Paulo . - Senhores: -
CINC INATO BRAGA, Doutor em Direito . Deputado Federal
pelo Estado de Sao Paulo. - PIERRE CARTERON, Official da
Leg iao de Honra. ex-Ministro Plenipotencfarto oa Franca. -
GASTO N DE CERJAT, ex-Director Geral da Co mpanhia Geral
de Estradas de Ferro Brasneiras. - HARRY-ERNEST CRA-
DOCK, Conseth eirc do Banco Russo Ing lez (Russian &
English Bank). - Srs.: - ED. FONTAINE LAVELAYE, Ban-
queiro. Director da Imperial & Fore ign Corpo ratio n Ltd. - H.
GUEDALLA, Director Oelegado oa Imperial & Foreign Cor-
poration Ltd . - RALPH PETO, ex-Secretano da Lega~o da
Ing laterra no Brasil. - ED. aUElL ENNEC. Official oa Legiao
de Honra. Engenheiro Co nselheiro da Companhia Universal
do Canal de Suez. Director da THE Rio de Janeiro Tramwayz.
Light & Power Co. - BELFORT SABINO . Dourer em Diretto.
oropetartc e capitalis ta em sao Paulo. - Sir GERARD SMITH.
ex-Governador da Australia Occidental . Directo r da sao
Paulo Railway Co. - LESLIE A. VIGERS, Perito avaltedor da
Municipalidade de Londres. do Banco da Inglaterra, etc . -
Representante [undicc no Br asil: S. Exc etle ncfa S. DE
BARROS PIMENTEL, Advogado. ex- Presidents des Estados
do Parana, Pernambuco. Piauhy e Ceara (Brasil) . (14 ) .
Ale 0 final do penbdo por n6s estudado, 1940, 0 corpo de diretores vat
ser alterado por d iversas vezes. mas 0 ruvel social de seus componentes
sera mant ido.
Pelos Estatutos oa Compan hia , observarmos a amplitude de ooeracce s
no campo lmooiliaric e no seto r de melhoramentos urbanos que a
mesma se reservava 0 direitc de etetuar. alern oa gerencia de empresas
,
(14) PJ . SAo Paulo , 1932. Doc. n9 12. co. 693. Ver tambem Estalutos... - cp. et.. pp .
38-39
31
de natureza diverse . bem como a c rqanlzacao de outras companhias
que lhe tacil itassem os neg6c ios (15) . Em suma, efetuar operacces
imobilianas. comerciais. lndustnais e fina nceiras.
o capital da Companhia foi constiturdo na unoortancta de dais mnnoes
de libras , divididc em 200 mil eczes de 10 noras cada. A parte foram
emitidos 100 mil ntulos num total de 2 milhoes de libras, que consti tuem
o capital da empresa em debentures (16).
Essestrtulos saogarantidos por um hipoteca dos lmovelsadquiridos pela
Companhia, feita em Sao Paulo a 14 de tevereiro de 1912 a favor da
Imperial & Foreign Corporation Ltd., " trustee" que garant ia os deben-
funs tas (17) . Essa Companhia havia sec criada em 19 11, pela propria
Cityexatamente para esse prop6sito . E. notoria. inc lusive. a lnclcencta de
nomes figurando como diretores das duas companhias simuttaneamen-
te (18) .
Nos jomars parisienses ca epoca. encontramos referenclas ao tate de a
City ter adquindo seu patrim6nio em sao Paulo mediante a quanna
global de 3.495.688 acres (19) .
Faremos a seguir uma apreceeac da forma pela qual as propnedades
toram adquir idas e passaram a integrar 0 patr im6nio da Companhia City.
Entretanto , cabe-nos ressatvar que as transacoes sao revestidas de
(15) Estalulos... - op. ce., p. 12, art, 3'.
(16) PJ, SAo Paulo , 1932. Docs. n' 81 a 83, pp . 1268 -1276. Deacoroo con o coruretoce
9 de novemoro de 1911 loi constituK:lo urn turoc de garanlia de Fr. 15.000.000. ou
£600,000 . lo! depositado em nome do liduciario ou "trustee" para assegurar 0
servk;:o do pagamento de juros de debl!!ntures que vencem anualmente a 6"" ,
Debentures. ou obrigac;:6es ao ccneocr. sao trtulos de crMito causais. que
receeseoien lra¢es de mctco.com privilegio geral sobre os bans sccee ou garanlia
real score oeermoeocs bans. obhdo pelas sociedades per ac;:Oes. no rreececc de
capitaiS. Delink;:aoextra& de REOUIAO. Rubens -Cursode DireitoComercial ,4' ed .
SAoPaulo. $araiva , 1974.
(17) PJ. SAoPaulo. 1932. Doc. n' 5, pp . 826-8-43, eACC- AR. n' 1t5. 20 /4 / 1933 . Esta
ncctece. clatada de 14 /2 11912, fol carceieea em julho de 1917. Foram emnoas
<:Iebl!!ntures sob hipoteea, novamenle,em 4 / 4 /1927 . no valor de [5.000, mas firmacla
eoeres em Londres MO havenoo nenhOOla escrttura destaem sao Paulo,
(16) PJ. 5aoPaulo. 1932. Doc. n'13. p . 627 . OsnomesdosdirelOressAoosseguintes:lS.
Excell! ncia Lord BALFOUR OF BURLEIGH. eovemeocr Geral do Banco da t sceee :
S. ee e . AUSTEN CHAMBERLAIN, Membro do Panamento, Srs. J.B. ALEXANDER.
Presceme do "Alrican Banking Corporation": JEAN HEATHCOATAMORY, L.P.;
A.H,S. CRIPPS, Advogado: HARMOOD BANNER, Diretor Geral do " Investors 01
Trustees Co . ltd." : EDOUARD FONTAINE DE LAVELEYE. Banqueiro em Paris:
HERBERT GUEDALLA, Diretor Deleqaco: H. RIMINGTON WILSON, mretor do
" London and Provincia Bank" .
Os irm.lios Boulton agem tambem como ccoeenencs cia aooece Co. No crcscecic
de regiStro eessa corporac;:ao explica-se que 0 intuito de sua lundac;:ao e roneotar
neoociac;:6es em todo 0 ImperiO Britltnico e no estrangeiro. sercc urn dos seus
objetillos princ ipaiS a intenSilica~ao do ccmercjc com a Russia; nolamos a
participac;:Ao de 00l banco russo nessa sccecaoe e na diretoria da Companhia City.
(19) PJ. SAoPaulo. 1932. Doc. n9 75, pp. 1226-'1239: LeJoumaJ, ed. 7.006 de 3-2-191 1.
32
certas pamcutandades impcssweis de serem esctarecidas a contento a
partir apenasda docurnentacao existents relativaao assume.
Fonta ine, par con trato. comprcmete-se a pagar pelas proprtedades
aoquiridas . a quantia de 800 mil noras. com 0 desconto de 20%, que
resuttaria num total de 640.000 Iibras (20) .
Em carta a urn dos diretores da Companhia City . Lavelaye faz mencao a
outro pagamento:
" Par meio de cartas trocadas com 0 Sr. Sabino, comprome-
to-meainda a entregar aquelecavalheiro 1.200.000 librasem
aczes mteqrauzacas da Companhia. em cone oeracao pelos
seus services e pela sua atuacao em 10das as neqoctacoes .
mas de modo algum como pagamento de propriedade cu jo
precc de compra fica oficialmente estabelecido ern 640 mil
libras. e sobre essa importancia serao paqos as impastos no
Brasil cerca de 18 mil ltbras'(21).
Esse adimplemenlo consta do connate de 1Q de novembro de 1911,
clausuta nove.
As terras em questao sao vendidas a City por 930 mil libras (22).
Fontaine recebeu essa quarma nao em dinheiro sonan te mas em
debentures (23).
Todos OS trtulos seriam amortizados em 37 anos a partir de outubro de
1916 . Nao nos e possrvel reconstitu ir as trartutes das debentures nas
pracas de Lonc res e Paris, nem mesmo con statar se loram distnbuidas
por Fontaine ou peta propria Companhia (24).
Notamos durante a ano de 1912 a existencia de dues diretor tas agindo
concornitantemente em relacao aos'terrenos adquiridos em Sao Paulo.
No irubio. em Paris, as Bouvard gerenc iavam a futuro tanto do estudo
urbano como dos neg6cios , e a sua presence e soltcitada na Inglaterra
para conterenciar e relatar a respeito dos mesmos (25) a 24 de janeiro e
nomeaco a Sr. Louis Verge como primeiro diretor da Companhia no
Brasil (26 ), senoo acompanhado nessa viagem cere Sr. Roger Boward
(27) , encarregado entao de procecer 0 levantamento topoqratco das
(20) PJ, sao Paulo. 1932. Doc. n~ 4. po . 516-528 .
(21) PJ. 5ao Paulo , 1932, Doc. n929, pp.973-976; Doc. n9 4, p. 516-528 . Ntlo nos e eeoc
saber a natureza dessas acoes. se cronenes ou preferenciais, enfim, se dariam ou
nac ao seu possuoor poderes decis6rios junto a Companhia.
(22) PJ, sao Paulo, 1932. Doc. nv 5. PP. 529-532.
(23) PJ, sao Paulo. 1932, Doc. n~ 73, pp. 1187-1194; Doc. n9 98, pp. 1392-1465.
(24) Idem, p. 1189.
(25) PJ. sao Paulo , 1932. Doc. n~21 , p. 894 Sobre relal6rio tecoco ce Boward, 'o'er PJ,
sao Paulo. 1932. Doc. 86, pp. 1277-1310 .
(26) PJ. sao Paulo, 1932. Doc. n9 22. cc . 795-802 : Doc. n924, co . 811-825.
(27) Roger Bouvard retornara a Paris ainda no ano de 1912 e permanecera como dlre lor
tecncc ee corceone.
33
proprtedaces aoqufr tdas e dar imcto ao proces~o d~ venda . Verge
fransrnite vanes relatonos a Paris , a respeito da sttuacao dos terrenos
(28) masestesnaoch egam a Londres. Em junho de 19 12 e enviada urna
carta do entac presfdente da Companhia Sr. Herbert Guedana. a
Fontaine na qual crttica 0 diretor de SaoPaulopela talta de cornurucacao
e de qualquer medida pe r este tornada, e contrapondo esta Ineticiencia
com 0 relatorio de Mr. Douglas Gurd , onde ja 58 vislumbra toda uma
sene de cesenvotvimentos paralelos. como consuucao de estrada de
ferro, desenvolvirnento de gra ndes ptebas aliadc a urn calculo de retorno
tinanceiro que jei oevena estar ocorrendo (29).
Ape s 1913 Mr. Gurd se encarreqara da direceo da Comoanhia em Sao
Paulo oetermtnando os rumos a serem trilhados quan to it forma de
urbanizacao e cornercrauzacao do patnmcnfo da City no Brasil (30).
Apesar de ter seu nome Incunco no quadro da diretorta da City em seu
imcio, Fontaine nao mais faz parte desta em 1913 (31); os ummos
indicios de suas liqacoes com a Compannia datam de 1915 (32). A
nosso ver. surge Fontaine como um homem ootado de grande visao
empresarial, atuando como empreendeoor intermediarlo nas operacoes
que culmtnaramcorn a c.tacao de uma firma estrangeira ocsunada a agir
no mercaoo imobuiario brasileir o.
A City tmcla seu nm conamento oncat no Brasi l em 3 de marco de 19 12
atraves do oecreto nO9439 (33 ). Seu prime iro " jo int manager" 0 Sr.
Albino de Castro Lima €I designado para a onecao local em 1918. 0
comtte local s6 to! reunid o 14 anos oeoce autorizado e nomeado pefa
orretona inglesa em 25 de novembro de 1926 da qua! pa rtici param os
Srs. Erasmo Assumpcao, Arnaido do Monte vhlares.F. J. D 'Almeida e A .
Stanley Oawe (34). ~
Assim co nsntuma em 1911 e oossuldora de ter renos localizados nas
mais orvcrsas regi6es da cidade. notamos que a Cornpanhia paulatina-
mente tnlcta urn processo de urnanizaceo em determfnades areas, as
quais permttiam a irnplantacao de loteamentos dotados de ca ractensti-
cas propnas.
Varias das propriedades toram vendidas em bloco. tais como as situadas
na Vila Mariana (2 11.643 rna) : Ibirapue ra (320.345 me) e Mo6ca
(400.000 me) . bem como as de Vila Leopoldin a (10.000 me). Ipiranga
(28) PJ. Sao Pcuro. 1932. 0 0<:$. nss 74 a 77, pp. 1195-1214,
(29) PJ, sao Paulo, 1932, Doc._n970, pp. 1162-1171.
(30) Idem. Essa assertive e beseaoa na constatacao de que tooos os mepas e retatcr o s
concemernes a esteassuntc sac eiaooraoosau oncerecacos a Mr. Douglas Gurd.
(31) ACC - Annual Reports and Statement ot Accounts 'or the Year, 30112 / 1914 ,
{32) PJ. Sao Paulo, 1932. Doc. nv 73, pp. 1187-1194.
(33) tuaro Ollcial oa unrao. OF, 19 de rnerco de 1912.
(34) ACC - AR. nQ 1, 251111i 926.
34
(48.100 rna). negociadas sem Que tcssem objeto do pecrao a set
impasto pera Companhiaemoutras de suasterras. 0 mesmosedeu em
rerecac as aquisiccesem vua America e Vila Nova Tupl. por jil estarem
enqu adradas em esquemas de venda e loteamento anteriormente
impastos (35).
Os motives pelos quais a Conoanr ua toma a cecisao de se oesrezer das
mencionacas areas nao podem ser comprovados oevoo a ausercta de
documentacao. No que se retere as terras jil lcteacas e as de pequena
extensao. as razces parecem-nos jmphcitas. Ja as areas de grande
porte . a grosso modo. interimos nao oterecerem atrativos a Companhia
por se situarem em bairtos que ja sotnam um processo de lnoustrtau-
zacac ou ja se encontravam definidos quanta ao seu povoarnento.
Entretanto , as terrenos apropnauos para a instetacao de industries.
devido a sua loceflzacao. toram mantidos pela Companhia (36).
Desde 0 init io do processo meneionado, pareee-nos nrnoa a preccu-
cacao oa Companhia City em rerecso aos terrenos adqulrioos sttuados
na regiao sudoeste de sao Paulo, eonforme verif iea-se no mapa anexo.
(Mapa 0). Eles serao alvo das atencoes da dtretoria inglesa e franeesa
desde 1912, que atraves dos especiahstas enviados para a Brasil, Srs.
Roger Bouvard. Louis Verge e Douglas Gu rd promovem novo levanta-
mente topoqratco dos mesmos, bem como estudam possibilidades de
seu melhor aproveitamento.
A primeira tentative de imptantacao de urn IOteamento se oa quando em
1915 a diretoria inglesa contrata 0 escrit6rio dos afarnados arquitetos
Barry Parker e Raymond Unwin para projeta-fo em uma area localizada
alem do peninetro urbane da coece (37). Dadas as carectensticas de
trabalho ja desenvojvkfas por estes, a serem apreciadas rnais adtante. 0
novo bairro se desen....ofveu nos modes de co aoe-jercnm. Quando de
sua estada no Brasil, chamado para proceder ao remooelamento do is
esquematizado Oidace-Jardsn America , Parker co nsrata
(35) Esses relancamenfos 540 lartameme anunciacJos nos jomaiS Fanlulla, Estado de s.w
Paulo, Diario Popular , Folha do Comercio e ccrrec Paulistano, de maio 00 1913 a
marco de 1914 . Nesses peri6d icos os eocrcos sao publicados em pti gina. lr ue ea,
comencc a piema dos ioteerrer ucs. 0 de V~a America era compreend ido entre as
Avenidas Paulista. aetcoces. a nnura rca Estados Unidos It Augusta; jti a Vila Nov a
Tupi era umaaoa ceres runs Nova Tupl (atual Alameda Franca), Alameda Joaq uim
Eugll nio de lima. rua V (atual setaoos Unidos) ea rua Pamplona. Essas larras haviam
peneooco ,reececwemeue. ti ccmceone Imobi !itiri a Vila America s ao Dr. Cinc inato
Braga. vanesiotes sao consoeraoosde oeseovorcimeraoevencecc 0 euncentepara
garanur sua ccccecac no rrercecc. Ernbora ccoocees acverses crevaiecarn no
Brasil, restringindo 0 re mere de ea oeecees. a ccmceroe os venoe berne a bons
precos.e os reto rnos mensais oesse anaaumeusram.
(36) Encontramos diversos eoo rcce de terreno s cesnoaoos a lallim Iocalizados no aeerc
cia laps duran1e0 ano de 1935-1936.
(37) 0 ceoreec urbano ce cidade oeste penbdo is para alem do espigao ale a Alameda
JaU.
35
"a profu nda enncaoe Que sent i com as oeeqruos da Com-
panhia City quer quanta ao paorao estetico buscado. quer
quanta apohtica econcmca sequida" (38).
o arquiteto ainda extenonza suas ccnqratulacoes adiretor ia pelo tate de
terem conservado "mtactos" todas os jmoveis adq umdos . naosacri fi-
cando ganhos futuros maores em troca de qannos nnedtatos menores.
em urn momento no qual
"e tacil vender terras agora, lever a cabo urn naoamo de
construcac comu m e desenvolvimento poucc imaginoso, de
forma a apresentar urn retorno imediato. mas que na veroaoe
acar retarfa perdas no final" (39).
Discorrendo ainda sabre a diretnz econormca a ser seguida, Parker
atirma que, a menos que houvesse elevado capital de giro necessaria
para 0 desenvo1Vimento de dais ou mais loteamentos sirnuttaneos . seria
melhor que se concentra ssem tcdos os estorcos a cada bai rro particu -
larmente. A or tncnxo . parece- nos Que a City segui u em parte ta!
co nselho: se venticarmos as plantas retativas ao loteamento cas suas
propriedades, co nstatamos Que seu ptaneiamento data da segu nda
decade oeste secure (40). sendo entretanto. intensiticadc urn esquema
de loteamento e vencas em momentos diterentes para cada bairro .
Notamos assim a tendencte da Companh ia em promover macicamente a
venda de determrnaoo lotea men to ate que este arcencasse uma
sanstatona estabilkiade eco nomica. sem no entanto descuicar-se de
suas out ras propriedades . menteroo-es em conccoes para a viabilidade
de etenvecao de neg6cios .
o alto peorao de loteamento que a Companhia City imp6e-se quando da
implantacao do Jardim America nao e extensive a todos os bairros no
momenta do seu planejarnento. Sua preocupacao onmerra concemra-se
na estru toracac oos batrros-modeto: asslm os barnes do Jannrn
Amer ica. Pacaembu e Anhangabau sao con sfderados de prlmetra
ctasse, e dirig idos a uma perceta da populacao de alto poder aquisiuvo: 0
Alto da Lapa, Bela Alianc;a e Alto dos Pinheir cs destmam-se a ctasse
media; ja a Vila Romana e 0 Butanta seriam bairros oreranos (41) .
Entretanto. a reanoace mostra-se diferente: pro jetados. redimensiona -
dos e postoe a venda em largo espaco de tempo. apresentam mod ili-
cacces na medida em que sao aprectaoas possibilidades e cc oncces
diversas daquelas venncadas em seu estado embrtonano .
'(36) ACC - aeetooc de Barry Parker cco starco de 5 tomes nac numeradas. escrtto em
khgua ingiesa. a diretor la oe Companhla City , 17111191 9, GG 092 .
(39) Idem ,
(40) ACC - uvrc de f'lanlas cos BaIHOSce corceome City . Plantas e esnoos Drversos.
GV051. •
(4 1) ACC - Resumo esianstcc de Obras e $ervil;:os PUbliCOS leitos pela Companllia City.
em 6 de abfil de 1937. SI sese.
36
Ainca qua ndo de sua permanencia no Brasil. Barry Parker faz reteren-
etas acerca do Pacaembu e Anhanqaoau no con cemente ao modo de
encaminhar seu desenvoivimenlo (42). Poucas silo as mencoes ao Alto
des Pinheiros e Bela Alianca. Apesar cisso. constatamos em lodos esses
bair ros. com exclu sao de Vila Romana, Q tracado a manelra de Parker.
Com 0 ranceroentc de Boacava e Jarclm Guedalia, respectivamente em
1949 a 1950. a Companhia Citycon clui as trabalhos de totcamcntc nas
areas adquiridas em 19i 1.
Desde 0 irucio de suas ativrdades no Brasil. a City se preocupa com a
cr tecac de uma int ra-estrutur a em seus loteamentos de acordo com 0
desenvorvirnento des mesmos. Desde entao , contratos foram cefebra-
oos com 0 qcvemo. bern como co m empresas or ivadas tornecedoras de
tens e services. Frequentemente. esses ac ordos envorviam ao mesmo
tempo as croaos oticiats e as tlrmas partcuiares. como par exempto a
Sao Pau lo Railway Co. e a Light & Power Co. (43). Em atas ca
Co mpanhia , assirn como em outros oocumentos, sao constantes as
alusoes a snuacces em que se entabutam langas neqoctacoes entre a
Cia. e os orqarusrnos crtaoos para a realizacaode dererminadosservicos
de porte. tal a acarretar sensrveis mudancas na contiq uracac especia l da
c idade. Prosseguindo nesse nnna de a1uo.9<10, a Cornpanhia subsidia
empresas de transportee cotenvos para que ecsas promovam acesso a
seus terrenos, como e0 case oa Auto onrb uc Ptnneiroa ltda. (44) ; e da
Empresa Jardim Pautlstanc de Auto Onibus (45) que serviria tambem 0
Pacaemb u e AI~o da Lapa (46).
A questac da retitic acao do rio Pmhelros exige grande empenho
econcmlco per parte da Ca mpanhia para a sua reanzecao (47) . A
caoanzacao do ria Tlete ern 1928 to! tambem objeto de neqoctacoes corn
a Preteitura (48).
A City participa tambern oa abertura de vias pubucas. T&I e 0 caso da
Avenioa Anhanqabau, atuat 9 de Julho, bern como 0 prclonqamento da
rnesma . Quando atcenca os terrenos do Ja rdim America . Sao drspostos
10.844 me. a pre cos Infenores ao normalrnente cobrado, logranda no
entente auterir vantagens tars corno : anertura de ruas ctets a Compa-
(42} A:::C - Relal6r io cnaoc
(c3) Ace - AJlnU3! Report and Statement of Acco unts oa Cia, Ctty. 1913,
(44) AeC-AR. n~223.24/9/ 1937 .
(45) ACC - AR. n~ 226 , 23 1 1l 11 9J7 .
(46) Idem.
(47) ACe - AR, n ~ 228, 3011211937. A Ugni prcc ura a Compautua no senndo de
conseguir a cessac de 816.3 57 mr 01.1 0 paqamento de Hs. 3,237.607$000 para a
reaicecac ca cora.
(48) ACC -AR. nOSO. 11110 /1928.
37
n'ua: qarantia de dtrettos reels coors terreno s cu ja pocse vtnha sendc
coruestada: merhoramentos urbanos. entre outras (49).
Alem desses . out ros exempios de obras publicae que tiveram 0 conc urso
oa Companhta para sua reanzacao mostram-se stcnmceuvos. de accrdc
com 0 observado em urn resume estat.stico elaborado pels propria
Compa nhia 3 oedido do Sr. Armando Salles de Oliveira. Nesse oocu-
mento nos epermttioo apreciar a atuacao da Companhfa nas reqioes ja
citedas.
1) Melhoramentos etetuados 8.;, suas prcprias expensas: 96 km de
ruas: arbo rizacao cas rues e pracas por cia constnndas: mals de 4&
kmde quias-sarjetas: 42 krnde uatertas paraaquas pluviais: pagou a
Compentua de Gas pela instalacao de mais de 20 km de encana -
mentes de Gas; pacou aUght & Power pela 'nstalacaode male de 46
km de Hnnas etetrtcas e 5 km de linhas de bonoe: conservacao r te 50
km de w as.
II) Ffnancicu : a rnstaracao de 70 km de encanamento de aqua, 65 km I
de encanamento de e5g0105, 16 km de encanamento de gas e 0 i
rnesmo de lint-as eletricas: a pavirnentacao de uma area de 62.000 i
metros quaorados: 3 construcao do Estadio Municipai do Pacaem bu.
!II) Doacoes a Preteitura e ao Estado: urna area de 6.880 metros '
quadrados no AI~o da Lapa para a construcao de urn ramal Ierrovtano
e urna e5IaQ;:10 ; uma area de 3.750 metros quadra cos em Vila
Hcmana para a construcao de urn reservatono de aqua: uma area de '
75.398 metros quadrados ("1 0 Pacaembu para a co nstruca o do
Estedio Munic ipal; areas per tazendc urn tota! de 9 .837 met ros
quadrados a municipatidade para a abertura de ruas: urna area de
1.170 metros qoaoraocs para a construcao do Hospital Sao Jose no
Alto da Lapa : um a area de 22 .360 met ros quadrados pa ra a
construcao de um qruoo escolar e urn "pfay-qroun d' na Beta Ananca
(50).
NaG se deixe de observer. en tretanto. que a Com panhia n30 S8
encontrou em suuecao cesvantalosa quando da realizacao de tooos
esses melho ramentos urt enos. semore rocranoc obte r. alern da con-
sequente valorizacao de seus irnoveis. vance beneucios por parte oos
orgaos oticiats QU13 vtnham de enoont ro as suas necessfdades do
momenta (51)
A comoaoma semo re tomou a devlda c autela em nee cntrar em atrttos
corn a Municipaltdade. evitend o 30 maximo qualquer acao Judic ial que
as envotvesse. A presence da City se taz sentlr nac so ("13 tra nstormacao
de proje tos q UI) fnf tuem declsivamente na malha urbana , mas tarroem
(49) ACC - AR, 'lQ 184, ~ 1/911935: AR, nv 213 , 5/4 /1937; AR, nQ 264. 4 / 12/1 940 .
(50) Ace - Besumo estatrsucc cneoo. 6/4/1937,
. (51 ) Ace - Podemos exempnncer com astrocasdes terrenosdo Anha'lgallaD. oe Av. 9
de Jutt-o e 11 Preca 00 estaoo. GG 2·A - 2·B - 2-C.
38
chegando a etacoracao de leis pertmentes ao C6digo de Obras
Mun ic ipal. interterencia esta percebida a partir da vinda de Barry Parker,
culrnmando com a crtacao e modificacao de oispositivos legais de
competencia estaduel reguladorasde atividades de empresas lmobjta-
rias. {52).
Se em 1931 a City se firma como a mais importante cornpanhia
tmobulana de Sao Paulo (53), em 1937, quando do envio de uma
representac ao 80 Leqislativo Estadua l pela qual pfeiteia a rnoonrcacao
do local da Cidade Universttarta. aurma-se no direito de atuar junto aos
6rg805 competentes pelo fato de se constituir a malo r empresa
fmobuiarta do Brasil, senao da America do Sui (54 ).
(52) Na lei 2611 de 20 /6 / 1923 e not6ria a inlluencia da orentacao deixada por Barry
Parker quanto a eeuerneruos para fins neonecionee.
(53) Nessa eocce. as mas .mponantes imobijarias em sao Paulo eram: Companhia
croaoe Jardim; corceor ue nnooaarta Paulista; scceoeoe de Terrenos do Sumare;
Companhia arasnera de Terrenos; Companhia Perque ce MoOCa e Comoant ua de
Tetras do Parana.
(54) ACC - Esta representeceo e envaoa so Legislativo em 15 de reverejrc de 1937. Pasta
Cidade Unfversitarta. ArQuivo City.
41
CAPI~IJLO III
o PERIb oo DE FORMACAO DO 8A IRRO JAROIM AMERICA
a . A IDEIA DE CIOAOE-JARDIM
A nevonrcao Industrial acerreta urn aumento populactonel nos centres
urban os: esses nucleos. no entanto. eram descrov idcs da necessaria
int ra-estrutura pa ra abr igar esse subito aumento oemoqratico: as
cdeoes encontram-se mcapacnaoas de reaq.r a esse nova snuaceo.
Os esc ritos conternporaneos a -earoaoe entocada proporcionam-nos
tartos e mmucicsos retaros de vida nos conglomerados urbanos de
entao. cuer sob a forma de nccao reensta caractensnca do penodo (1),
quer atraves das coutnnas dos socianstas uto picos e ce ntdicos (2).
Na oratica. obcervamos as tentat'vas tilant ropc as e patemalistes dos
hOmens do qovemo . tambem coqnommadas "tuqien'stas" (3), atem das
in icia! ivas parncutares (4) .
Apes a primeira metade do secure XIX, as miseraveis conccoes de
habitar dos ocores. as epoerraas provocaeas cera tatta de estrutu ra
sanita ria e 0 surgimento de movimentos ccerancs a-raves dos srndca-
(1) Na nterctuea. ent-e tames. crte-se as cores de e ra-res tnckens. E: rnile Zola e vctor
Hugo.
(2) snrrecs soceusras utopicos.mencone-se Owen,Samt-Suncn . Lois meoc. Prou dhon
d Etienl'e Cabet, e noememe. cs escntos de Engels e Marx. A recoeno do lema, e
Interessante ressanae as ceres de LEFt;2VRE, Henri - 0 perearrento mardsta e a
cceoe. S.L.P., urssee. s.e.: e CHOAY, Francoise-, uroamseo. utopiase reanceoee
- UfTl3 11nlo
'
09;;I. SAo Paulo, cerscecs va, 1979.
(3) 0 grupo hi'Jienisla is consoereuc um cos precu rsores do urbeoemc mooemo. E
Slgnil:caHva a crese-ca de Edwin ChadWick QU"! sa lorna ssssteote da "ccmeeac
dos Pobres" aces a excansac de eIlle ra em 1830 na In~llIterra . BENEVOLO.
Leonardo - " Hi516r ia de la AtQuiteclur8 Modems" . Barcelona . Ed. OU'>lavo Oi:i, S.d.,
0). 81.
(4) A tentativa de I'6so1:J<;Ao cia problema! iCasocia lparte. anl ra cones. de Robe rt Owen
com a f3brica " t lEow Lenari<" na Esc6c ia; Charles Four:er e os " l a'anstenos".
42
los, como 0 caso das Trade Unions, do Movimento Fabiano e out ros.
tazem com Que mudem de ambito as resolucoes dos problemas -
passa-se das oraucas tilantroptcas a atuacao do Estado.
Na Inglaterra. em 1851, procura-se encontrar atraves de planejamento
em escala nacional a sotucao para 0 problema da ectrcacao subven-
cionada. permitindo-se que as cidades de 10 mil habitantes construam
casas economicas para as classes trabelhadoras. porem co m poucos
resultados, pais as adrninistracces locals nao se aoroveitam dessas
disposicoes (5).
Na Franca , durante a decade de 1850, tomes 0 caso oa reoruaruzacao
burguesa fazenda frente 80S movimentos scctatistas. Em Paris mete-so
a exproprtacao de setores uroanoe que impedem 0 controle social e 0
sanemaneto da cap ital. As cidades operarfas tem seu nascimento sob a
eqide da poutica paternalista de LUIS Bonap arte, mas e na grande
intervencao feita pelo Barao Haussman (6), 0 "Plano de Paris", que se
provoc a a oestrutcao oos bafrros revolucionartos e S8 tntensttica a
seqreqacao urbana, tazendo surgir suburbios circun dantes aos pontes
tmais das estradas de terre.
o Estado reoresentaoo oeta burquesia liberal, vencedora das lutas
scciats de 1848, toma a s! a pratica urbarustica. Mas as leis promulgadas,
ano ap6s ano . nao resolvem 0 problema oa croaoe. sciucoes pratlcas
tomam-se cada vez mais orementes.
Toda a Europa sente vivamente a transronnacao industrial, mas e na
Inglaterra q ue mats se observa a problematica urbana, conlo rme
notamos no crescimento acelerado de Londres. Nottinqham. Birmin-
gham e Manchester.
vanas sociedades tentam reunir-se a lim de edif icar uma cidade ou
bairros : algumas sob as consoeracces de oroem estettca e material ;
out ras. de ordem moral e religiosa; out ras arnoa, rnontadas pelos
prc prtos oatrces com a linalidade de manter presa a si a classe operana
(7).
Nas duas utttmas decades do secuto XIX 0 capitalismo sot re um
processo de trans to rma cao e tern inrclc a chamado Imperiahsrnc
mooemo (8). A arte tambem toma outros rumos, e alguns artistas tentam
rranstormar a socrecaoe buscando novas formas au retuqiando-se no
(5) BENEVOLO, t.eooaroo c-cp . crt.. p 83.
(6) Idem, pp. 97-134
(7) BENEVOLO. Leonardo -op. cn.. pp. 166 e ss.
(8) BIRNIE, Arthur - "T endencies recentes" In: Hstcna Econormca da Europa. Rio de
Janeiro, Zahar, 1964, cap. XV, co. 306-318. Ver tarr cem DOBB, Maurice - " A
sevcncac Industrial e 0 secure XIX" . In' A evotucao do capnansmo. Rio de Janeiro,
zerer. 1977 . cap , VII, PP, 312-390, Usamos 0 termo "unpeneusmo moderno" para
mercer 0 caoueusrno moncooasta.
43
passado, retomando as tradicoes e uninoo-se as novas tecnic as (9).
Auaoo a esse clima de mudancas. 0 movlmento urbarusffcc acquire uma
maier slqniticacao. tendo-sea figura de Ebezener Howard (10) como um
de seus expoentes.
Howard idealiza a sua "Cidade-Jardim" como uma reecao eo agtome-
ramento urbano do pencdo vttoriano. A "garden city" tenta untr no plano
social 0 espaco cofettvo toeattzaoo peres utoorcos ao conceito da
naonacao unifaminar.
"disl ingu indo racio natmente quais aspectos oa vida urbana
sao indrspensaveis cctet'vtzar e quais devem-se deixa r a
iniciativa prfvada" (11).
Para Howard , aoesar do tate de as pessoas estarem semp re subcrdma-
das a um esquema do proprio quadro usrco, no mvet oas rdeias. ou c as
" formas Ideals". a cid ade e um local onde pede se adapter oemccrau-
camente a oocctaceo.
Ja havla ocorr ido expe rtencias antertores de croaces-jerom como a de
Ruskin (12) que, em 1871, tunoa a Saint George Gould, ou a de G.
Codbury, em Bournvilre , mas 0 mente principal de Ebenezer Howard e
de
"haver torrnutado uma teoria ccerente . utnizando as exoe-
nenctas arbtt rarias do s contratadores particulares: e ao
rnesrno tempo techando a bnha do pensamento des utoocce.
separando a parte abstrata e lrteatizavel da realizavel. e
oteervanoc razoavelmente quais aspectos da vida urbana
sao indis pensavels para coletivizar-se e quais devem-se
de ixar a tnlcla tiva privada" (13).
Em seu livre " As Cidades-Jardim de Amanha". editado em 1898 (14),
Howard propce uma tercel ra solucao para a scciedade. na qual todas as
vantagens da vi~a mats ativa oe cldaoe pod em ser co moanvers com a
(9) Entre as muitas ceres aoreooenoo 0 assume. ver CHAMPIGNEULLE. Bernard - A
"art-nouveau". Sao Paulo, Verbo/EDUSP, 1976, pp. 14·29: e DUBE, Woll-D ieter- O
exoress.orusmo. Sao Paulo. V"rtoJEDUSP, 1976, pp. 7-24.
(10) HOWARD, Ebenezer (1850-1928), muteu oesoe 1879 no movmenrc soctauste
ingles. Aotoooeta. tot onceocecc peta enure de nvros de Henry George e E.
Belamy. Nessas cocas reeoem a tome de sua propna core. Que surge em 1898:
" Tomorrow: a Peaceful Patn to Social getorrn''. Dado 0 exile oa cere. tocrou rundar
no ano seguinte a Assoctacao das Garden Cities,
(11) BENEVOLO. Leonardo -op, ctt.. p. 398.
(12) RUSKIN, John (18 18-1900), ceencaco a entice e mosone da Arte; em sua cor a
ercootrarros 0 ronoamemodourbanlsmo cunurausta
(13) BENEVOLO, Leonardo c-op. cit., p, 399 ,
(14) HOWARD. Ebenezer - " las Ouoaoes-Jerco do M3I'iar.a·'. In AYMONINO. C. -
"Onqen y desarrollo de la ciudad modema". Barcelona. Editorial Gustavo Gili, 1972.
pp, 129-213.
44
beleza da natureza, devendo estar combinadas de urn modo perteito.
podendo ser destrutadas juntas (1 5).
NEiO tendo um profunda conhecimento urbamstico, trace a sua creede
dent ro de uma certa tnqenuldade utcoca porem eticaz (16), mas se
auto-aftrrna nos oetenies tinanceiros. a lim de pooer comprovar a
conc retude de sua proposta (17).
Embo ra a cidade-iardtm de Howard tosse dirig:da per uma sociedade
anomma. esta eapenas procdetaria dos terrenos e nao das habitacoes.
tampouco das etrcroaoes economrca». Existe para as babitantes uma
to tal liberdade de le-....ar a sua vida e neg6c ios co mo me lhor lnes corrvter.
submetendo-se unfcamente aos recutamentos sociais necessartos.
Alguns dos pnncibios fundamentais da c tdade-jardtrn howa rdiana sao os
sequintes:
" 1.. elirninacao oa esoecua cao:
2. controle da expansao e limitaceoda poputacao :
3. equthbnc tuncion al entre a cid ade. 0 campo , as resoen-
eras, 0 comercio. a inoustna. a tuncao espfrttual. pontica.
socia l e rec real iva , com a final id ade de evtta r a
"depressao moral" e economlca des suburbios opera-
nos:
4 . planejamento do emp reendimento sob se rtes bases
econcmicas" (18).
A ideia de cioade-lardlm de Howard nao visa fins tucr ativos. A terra e
adquinda cera sociedade an6nima e paga peres ir:divlijuos que. no
entant o. nao S8 tornam seus proprfetanos quando da quttacao da
rresma. A propr tedade sera tida e mantida pela co rcoreuvoeoe (19).
Em 1902, Howard funda uma socredade voltada para tal tim e. em 1903,
lnicta a construcao de Lechworth. a 50 ouucrnetros de Lon dres.
A rede viarta e as instaracoes sao executad as peta sccreoace. e as
terre nos cenoos em a!uguel par um pencdo de 99 anOS, sendo
eracoraca uma sene de requtamentacoes com 0 tito de satietazer as
expectauvas dos rnoradores. Esses requlamentacees vao desde a
neo-concorrencia cornercial e a nao-potufceo per tnoustriae. ate a
proibicao de tocar sines nas iqrejas e nas eecotas ou no controfe da'
criacao de animals domestlcos para nao perturbar a vizinhanca (20).
(15) Idem,il.1 53 - fig.
(16) HOW.....RO, Ebenezer - op. clt., oo. , 38-139 (esoeciarmerue as figu,a~).
(17) Idem, pp.140-187.
(18) G!ORDANI. Pier Luig; - "L'ldea della O na eeromo''. Bcloqna . Caldertni, 1972. 0_63_
(19) HOWARD, Ebenezer c-op. crt.. p. 183_
(20) Idem, p. 151.
45
o oesenno orig inal de Howard possul urn ngido esquemetemo. Que sera
no entente transtorrna dc pete noveconceccec que os socios Raymond
Unwin (21) e Barry Parker (22) imprimem as "garden ci ties" .
Notamos nos escnt os deixados pelo primeiro em 1909 (23) a sua
compaciuacao com 0 pensamento de Howard quanta a concepcao
umana. Para Unwin . e conveniente dar as qrances cicades au bafrros
extensos tarqas tatxas de secerecao. tcr meoas pol' parques. areas de
jocos. ou ate mesmo terraede cutnvo. Enecessaria sempre lmpor-se urn
limite que separe a cdace e 0 campo, seja estc uma barrelra natural au
tabncada. a tim de se evttar 8glornera<;6es, eeanoo-se a este procedi-
menlo 0 aspec to visua l e 0 da escata humane.
Parker e Unwin buscam 0 estenco e 0 batancearnento entre as areas
verdes e co nstnndas, na ansta de recupetar 0 ttadicio nat [ardim ingies, 0
netu ralismo da velha comunidade rural e oe oemocraciada vida pnvada.
o cinturao aqncota redu z-se a rnetade do programado (6.000 acres) e
em 30 anos a cidade nao alcanca a metade dos 35 mil habnantes
esperados.
Os especiahstas imobilia rios nee vac oercer a opo r1unidade: aoroveitarn
a ampta propaganda encetada pela Assoctacao pa ra vende r outre uoo
de produto a poputacao. imttando as fotnetos de c jdade-iardim (24) ,
Ap6s a Pnmeira Guerra, Howard taza segunda tenretiva com Wetwyn . a
quase 25 Quilometros de t onores: urn terrene menor e urn cirnurao
aqncola mae redu zido. A scc e cace que a organiza encarreqa-se de
comprar ascasas, arrenoanoo-aspor 999 anos. e concede 0 monop6ho
do comerctc a uma conoanna controradora (25).
A cidade aicenca tacumente 35.000 habitantes peta proximidade de
Londres. e sua auto-suticiencia tom a-se irreetizavel . perccnoc 0
cmturao aqnccla 0 seu sIgnificado econormco. e toma-seuma bela area
verde. Hecuz-se dessa forma. a urns cidaoe igual a outras. vortaoas a
metropote. com a dife renca de ter urn estetico neceoo e boa oeccecao
de edincios.
(21) UNWIN, Raymond (1863-1940) - a~ql~ i:e !O ingleS: ocupa em Birming!lam a caoejre
de "Town Planqing " , tonoeoa por Cadbury. SUo$ toeras e expenenoa s eetac
resumldas em cuas cores " Nothing ge.ined by olle rcrowd ing" e "Town planr.i'1g in
practice " , Conjuntamente com Barry Parker , publica " The art of bui!ding a horne",
(22) PARKER, Barry (1867- 1947) - urquuetc illQi6s, nomeeoc ' Fellow ot the Royal
Ins!ilul e ot British Alcl',itects" . De 1929 a 1930 tor crescente do Town Planning
jnstnute. pesenvorveu lrabalhos mmbe m 113Belgica, am Portugal a no Brasil.
(23) U:-OWIN, Raymond - "Plans de vmes''. Paris, 1922 . In CHOAY . Francoee - op. CII.,
pp . 230-320.
(24) I3EN~O, leonardo - op . ct.. p . 401.
(2 5) BEM::"VOLO,I.l.cnaJdo -op. cn.. e. 402 .
46
As idetas de Howard toram revistassob varies anqutos. Para Gilles,
"repropoe urna artificia l comunidade do tipo medieval retor-
nando a antiga oroern"esoontanea, a mesma maneira dos
utopistas: limita 3 otsoersao do humano, 0 Que pode ser
somente compreendido como urna reacao a miserfa e a
realidade do trabalhador dessaepoca. neqacao limite de urn
presente aborrec ido, e romantics e poettca vontade de
inversao'' (26) .
A Cidade-Jardim sera peres estuclosos de urbanismo eloqiad a e
cnticada. Para Giedion, a idela de cidade-jardim nao dava uma resposta
ao problema extstente na gran de cida de: ela oferecia ume tranqUilidade
passageira (27).
Mumford afirma que.
"sem usar 0 co nceito de regiao , Howard considerou 0
problema da cidade e do quarteirao co mo um prob lema
regional" (28).
e tern
.. a vontade de transfo rmar a tnstituicao da sociedade par
meio do interesse e gosto de crtar uma ordem de existencia
soc ial sem perturbar 0 desenvolvimento e estruturar urn tipo
mats elevado de individ uo'' (29 ).
Giordani prosseg ue, aermanooQue 0 merito maier de Howard e de haver
"coadunaoo 0 princlp io a reeucace. 0 ccmprc mrsso a
revolucao e haver reanzaoo as ctdades de Welwyn e Lech-
worth..." (30) .
Com Howard existe realmente uma nova proposta, nao importa 0 quae
valida (3 '1).
A cidade- jard im siqmtrca, sem sem ora de duvida. uma tentative de
redimensionamento dos padr6es socials e economrcce entao vigentes;
pode-se con sidera-te uma mudanca no ruvel conjuntural, POlS a ruvel
estrutural nao acarreta em nenhuma transto rmacao retevante. nada que
nao esteja dentro do neo-capitausm o. junto a um dese jo ut6piCO de
ccooeracao entre os tremens a lim de Quehaja uma melhor concncaode
vida. Possui eta urn grande valor hist6rico na medida ern que prop6e uma
tese que seria retomada vanas vezes de modo mais concreto (32).
(26) GILLES, H., in GIORDANI - op. cn.. p. 64.
(21) GIEDION, S., ir, GIORDANI -op. cit , p . 73.
(28) MUMFORD, Lewis. in GIOADANI - co. ctt.. P 75.
(29) Idem, p. 75.
(30) Ibidem, p. 76.
~3 1 ) Ibidem. p. 77.
(32) MUMFORD, Lewis, in GIORDANI-op. cit , p. 78.
47
De urn laoo. Howard tenta urn ajustar oa ordem social sem mudar 0
sistema, acomodandoas pessoas as suas necessidades para que nao
haja reivindicacoes. Por out ro lado, alem de co focar em prance. pela
pnmeira vez. uma hlerarquta de unidades urbarusticas dando a cidade
urna articulacao coerente. nunca se esquece do direito pnvado e do
direito a Iiberdade que tcdos as homens del/em possuir (33).
Howard vai tentar conciliar as opostos. querendo que sua obra se
en oonna sem provocar

Outros materiais