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5 J _____________________ Uso de Resíduos Agrícolas para Fins Energéticos: o caso da palha de cana-de- açúcar I iiín A.15. Corte/' Sérgio V. Bajay1 Oscar Braunbeck' 1 Proíessorda Faculdade de Engenharia Agrícola - FEAGRI • e Coordenador do Núdeo Interdisciplinarde Planejamento Energético - N1PE, UN1CAMÍ* 2 Professor do Dcparlamcnlo de Hncrgla dn FF.M »• . ^ . u . u . . i . , . . i . . k n n B i i m i í a m i ' 1. INTRODUÇÃO Hoje, no Brasil, a produção de resíduos agrícolas e florestais é muito diversificada, da das as dimensões do país e suas espe- cificidades regionais. É praticamente impos sível generalizar o uso energético dos resídu os produzidos, assim como suas característi cas. Entende-se, aqui, como resíduos agríco las e florestais aqueles oriundos da ação pro dutiva do homem, excluindo-se, portanto, os resíduos da exploração de florestas e outras vegetações nativas. Uma outra consideração importante está ligada à escala de produção. Há culturas tra dicionais e muito cultivadas no país, como o feijão, a mandioca e o milho, que embora gerem resíduos associados ao produto de in teresse, não têm escala suficiente para justifi car o aproveitamento econômico destes resí duos para finalidades energéticas. Justamen te pelo seu caráter de policultura, eles têm, em geral, sua produção muito pulverizada em pequenas e médias propriedades, aten dendo, na maior parte dos casos, a necessi dades locais ou regionais. As culturas comerciais mais importantes no país e com caráter de mono cultura são: soja, cana-de-açú car, arroz e eucalipto. A tabela 1 apresenta dados sobre a área plantada, a produção e a quan tidade gerada de resíduos ve getais, por hectare e total, nas culturas de cana-de-açúcar, eucalipto, pinus e arroz, no Brasil. Conforme se pode consta tar na tabela 1, a cultura que mais produz resíduos é a da cana-de-açúcar. Associado a este fato, tem-se que quase 70% da produ ção nacional está concentrada no interior do Estado de São Paulo, em uma região contida em um raio de aproximadamente 150 km e bem servida de rodovias e uma hidrovia, o que facilita e reduz os custos de transporte. No entanto, boa parte desses resíduos já são, de uma maneira ou de outra, aprovei tados, como energéticos ou como fertili zantes e reposição de matéria orgânica. No caso do bagaço de cana, já há, como se sabe, o seu aproveitamento como energético nas usinas de açúcar e álcool, sendo, assim, reduzido o seu excedente. Neste caso, especificamente, pode-se ob ter um substancial excedente energético via técnicas avançadas de cogeração, confor me discutido no artigo. Neste trabalho se analisa as perspectivas de aproveitamento de um resíduo do setor sucro-alcooleiro, a palha da cana-de-açúcar, que ainda não possui um aproveitamento energético. T abda / - Principais Culturas Comerciais «* seus Hcsiduos no Brasil Cultura Arca plantaria (IlH) Proriuti\ida ric im ilin < unidade/ha. ano) Produção auual Tipo de resíduo Quantidade ilc rcsjduo* (t/ha.ano) Quaiitidndr total dr resíduo* (IO1, t/anu) Cnua-de- açúcnr 4,5-5 milhões ( ' ) m u 1 270-.*00 milhões t 1 k»«ayo 20 ^0- KM) Palha 20 90- 100 Eucalipto 3.0 milhões Ò J0 iir -(’ > 90 milhões in Casca 14.7 (após 7 anos)* 6.X 1'llUIH 1.7 milhilo Ò 24 •41 milhões m Casca 18.4 (após 14 anos/’ 2.2 \rro/' 11 d n.J ') milhões l Casca 20® o I.M 1 Estimativas oblidas jirto a tòcmcos do selor para a safra 1997 98 / 2 Sociedade Brasileira de SAncultura / J Anónim (1 9 % )/ 4 FIBGE (1992), baseado no Censo Agropecuário de 1985 / 5 VITAL (1996)/6 Ramos (7.6%) e lotou (?.•%) sào detxatos no campo, não lendo uso recomendado para outros fins (POGGIANI. 1986) 2. A PRODUÇÃO DE CANA-DE-AÇÚCAR NO BRASIL E AS QUEI MADAS DOS CANAVIAIS A cana-de-açúcar tem sido historicamen te plantada no Brasil para a obtenção de açú car e, mais recentemente, lambém de etanol. Em ambos os casos, o interesse está centrado em se maximizar a produção de sacarose, a matéria-prima para a produção de ambos. Uma certa quantidade de fibra no colmo, que pode variar de 10 a 15% em peso, tem conseguido satisfazer as necessidades energéticas da usina, mesmo quando as ins talações de conversão operam de uma forma pouco eficiente. Logo, a preocupação com o teor de fibras tem sido secundário. Tradicionalmente, a cana é colhida ma- niialmonto 110 |>.iis 1‘iir.i la< ilil.tr o sou < or le. costuma-sc queimar o < anavial algu mas horas antes da colheíla Essa prática usa a "limpar" o campo do material que atrapalha" a colheita. Este material con- nas folhas (secas e verdes) que, até aquele momento, eram usadas para cap- lai a energia solar e permitir a fotossíntese, mas que, do momento da colheita para frente, já não tem uso. A queimada controlada visa, portanto, a lim par o canavial e permitir que a colheita seja feita a um custo mínimo, maximizando a quan tidade colhida por cortador. É ainda este o método mais empregado no país, que respon de por cerca de 80% da cana cultivada. I. A MUDANÇA GRADATIVA PARA A COLHEITA MECANIZADA I >A CANA Nos últimos 30 anos, com as mudanças morridas nas relações de trabalho no cam- po, a remuneração ao cortador de cana pas- (iu .1 representar uma proporção maior na 11 imposição dos custos de produção da cana- ile açúcar. A atividade tecnologicamente mais atrasada deste cultivo é a colheita, embora ilguns progressos tenham sido alcançados através do desenvolvimento de um processo do < olheita "semi-mecanizado", que permite uma racionalização do uso da mão-de-obra nossas operações. Alguns elementos de me- ■ anuação foram incorporados, como a larregadora e o "alimentador" de cana onloirada. De 25 anos para cá, as regiões onde se i om entra a maior parte da produção - Soitáozinho, Pradópolis e Ribeirão Prelo - \ém paulatinamente incorporando a meca nização como uma alternativa mais econô- inu .i para a colheita. Esta, no entanto, conti nua .i ser feita precedida de queimadas, qua- I. A LEGISLAÇÃO CONTRA AS QUEIMADAS As queimadas para a limpeza da cana-de- açú< ar concentram-se nos meses da colhei- i .i Na região Sudeste do país isto se dá entre os meses de maio e outubro. Normalmente, a partir de junho - julho, as chuvas pratica- monlo cessam, o que torna o ar muito seco, auntenlando muito os riscos de queimadas, provocadas e acidentais. As queimadas, em geral, são responsáveis por muitos acidentes nas estradas e linhas de transmissão de eletricidade. Apesar de as queimadas provocadas em campos de cana do açúcar serem muito mais disciplinadas e Minlroladas, elas acabam sondo também se sempre noturnas. O processo de mecani zação exige uma adaptação por parte da usi na recebedora da cana, dado que a tecnologia de colheita mecanizada que tem sido utilizada permite somente a colheita de cana picada e, no caso da colheita manual, a cana é colhida inteira. Isso provoca a neces sidade de alguns ajustes na operação de re cebimento e limpeza de cana na usina e acar reta, também, perdas adicionais de matéria- prima. A mecanização na colheita da cana conti nua crescendo rapidamente no Estado de São Paulo, apesar das críticas pelo desemprego ocasionado. A necessidade de redução de custos para tornar o açúcar mais competitivo no mercado internacional e o etanol menos dependente de subsídios tem sido o "motor" do processo de mecanização. Projeções in dicam que, nos próximos 8 anos, já se alcan çará a marca de 50% da cana colhida meca nicamente, ainda que com queimadas. muito criticadas. Essa crítica é acentuada pela mídia, principalmente pela televisão, o que sensibiliza a opinião pública. E também problemática a questão do efei todas queimadas no fechamento de aero portos, sobretudo nas regiões Sudeste e Cen- tro-Oeste do país. Também existe uma preo cupação grande com os níveis de poluição do ar nas regiões produtoras de cana. Há estudos, desenvolvidos por médicos da re gião de Ribeirão Preto, associando proble mas respiratórios da população da região com os níveis de poluição do ar, e esla com as queimadas. KrvIM.i «Ií* | iifijM.t Assim, a -ociedade foi, cada vez mais, se conscientizando em relação aos efeitos no civos das queimadas. Por sua vez, o poder público foi paulatinamente legislando con tra as queimadas. O texto que compõe o Anexo é o último decreto do Governador do Estado de São Paulo sobre o assunto. Ele altera a redação do artigo 5" do Decreto n”. 41.719, de 16 de abril de 1997, que regula mentou a Lei n". 6.171, de 4 de dezembro de 1988, alterada pela Lei n". 8.421, de 23 de novembro de 1993, que dispõe sobre o uso, conservação e preservação do solo agrí cola. Esse decreto obriga a eliminação gradual das queimadas de canaviais nos próximos 8 anos, em áreas propícias à colheita mecani zada, e em 15 anos nas demais áreas. 5. AS PERSPECTIVAS DA COLHEITA DE CANA CRUA A tecnologia de colheita de cana crua atu almente disponível apresenta viabilidade téc nica e econômica para sua utilização em no mínimo 50 % das áreas plantadas no País (FURLANI, 1994). Os princípios básicos en volvidos nessa tecnologia permaneceram inalterados desde sua introdução na década de 60; no entanto, são passíveis ganhos de desempenho, com recursos clássicos da en genharia. Para se maximizar o aproveitamento energético da palha da cana-de-açúcar, tão importante quanto a legislação que promove a eliminação gradual das queimadas é o de senvolvimento tecnológico das colhedoras, no sentido de se melhorar a qualidade da cana colhida e se reduzir as perdas e o custo do investimento necessário para a implanta ção da colheita mecanizada. A mecanização da colheita da cana-de- açúcar tem apenas se insinuado no Brasil no decorrer das últimas três décadas. A frota atual é da ordem de 700 máquinas, sendo que o potencial do setor canavieira é de aproxima damente 3000 colhedoras. Uma demanda reduzida e instável justifica, em par te, a falta de evolução tecnológica ura 1 com relação a limitações básicas (|Uejmar das colhedoras nas condições en contradas no país, relacionadas [__ _ com a baixa qualidade da colheita ^ e as elevadas perdas ocasionadas. N. As colhedoras existentes (figura ^ 1) são de origem australiana e ale mã. Trata-se de equipamentos autopropelidos de elevada capaci dade, da ordem de 220 kW, peso total na faixa de 10 a 15 t e preço de venda entre R$ 250.000 e R$ 300.000, do que resulta um custo de aproximadamente R$ 2,00 por tonelada colhida. Esse custo supera em 30% o da colheita de cana quei mada, em função do menor rendimento da colhedora na presença da palha. Isto tem induzido as usinas à queima dos canaviais, no intuito de reduzir custos, e sugere a neces sidade de evolução tecnológica no sentido de tornar o equipamento menos sensível à presença de palha. As colhedoras cortam o ponteiro da cana, ainda em pé, para, posteriormente, cortar o colmo na base e alimentá-lo para o interior da máquina. Os sistemas de corte de base e alimentação atualmente em uso (figura 2) apresentam restrições relacionadas à manu tenção das facas, capacidade de corte no fun do do sulco, alimentação de terra junto com a cana, cortes múltiplos no mesmo pé de cana e tombamento da soqueira antes do corte. Os discos com facas periféricas operam em contato contínuo com o solo e em alta velo cidade (22 m/s), o que não permite manter suas facas adequadamente afiadas para con- Colhedora de cana-de-açúcar picada e sem .......... VI I i >;inr um corte l<>< all/ado, i nm perdas míni- in.r., essas perdas se apresentam na forma de tocos, estilhaços e cortes múltiplos. Mas o princ ip.il problema do referido sistema éoca- , Minado pela grande quanlidade de terra que 11'. discos alimentam junto com a cana para o Interior da colhedora. O assunto é motivo de ■ .ludo tanto na Austrália quanto no Brasil e atinge indistintamente os sistemas de cana in teira e picada. Os dois discos de diâmetro .'i.inde não conseguem efetuar o corte rente .10 solo quando existem sulcos, a menos que n solo seja cortado, como ilustra a figura 2. Após o corte de base, os colmos passam por uma cascata de rolos que separam gran de parte do solo que acompanha as canas. I ogo após o separador de terra, um picador liagmenta os colmos em toletes ou rebolos de aproximadamente 250 mm de compri mento; a picagem visa a viabilizar o manu- m jío da cana a granel, com uma densidade de carga de 4.000 a 5.000 N/m1, nos veícu- !i >■. de transporte. No sistema de cana picada ir. rebolos são descarregados, em queda li- vie, diretamente em um caminhão que acom panha a trajetória da colhedora. Com isto se isa à redução de custos pela eliminação da operação de carregamento, existente no sis tema que opera com a cana inteira. Nas condições das usinas brasileiras verifi- 1.1 se um efeito negativo desse sistema pela dificuldade de se assegurar a disponibilidade simultânea dos sistemas de colheita e de trans porte (HAHN, 1992); qualquer interrupção • l.i colheita ou do transporte implica na pa- i.ida de ambos (GAGO, 1986). Rendimentos de colheita de 400 t/colhedora-dia têm sido 1 omuns, sendo que, eliminando-se as referi das interrupções, esse rendimento poderia ser nu rementado em 60 a 70 %, com a conse- I |i lente redução de custo. Este problema tende .1 se agravar com a utilização de processos de transbordo, atualmente em fase de avaliação r implantação em algumas usinas; trata-se de um subsistema constituído por tratores agrí- < olas com reboques que recebem a cana das II ilhedoras e a transferem para os caminhões, evitando o tráfego destes no canavial. Como o transbordo opera de forma simultânea com ,11 olheila e o transporte, sua indisponihilidadc interrompe a operação do conjunto. O trans bordo surgiu como uma solução para a compactação do solo provocada pelo duplo tráfego da colhedora e do caminhão nos cam pos. Tanto no cortador de base quanto na cas cata de rolos e no picador acontecem perdas importantes, da ordem de 3 a 5 %, depen dendo das condições de manutenção da colhedora e das características da cana co lhida. Na saída do picador os rebolos atra vessam, em queda livre, uma câmara de lim peza com fluxo de ar em contracorrente, onde a velocidade do ar (20 m/s) se aproxima da velocidade terminal dos toletes. Dessa con dição resultam perdas na forma de rebolos arrastados pelo fluxo de ar e desintegrados pela hélice do extrator; esse material é des carregado junto com as impurezas. O defletor do sistema de alimentação das colhedoras empurra o pé de cana no sentido do movimento da máquina, forçando o col mo e a sequeira; essa condição provoca trin cas quando a faca, em alta velocidade, atinge a cana. Os colmos trincados liberam estilha ços ao passarem pelo picador, os quais são arrastados pelo ar do extrator, gerando per das que podem superar 2%. As trincas que se propagam para a soqueira também podem aumentar as perdas, pelo ataque de microor ganismos e redução do stand. Este problema está sendo abordado através da separação das funções de corte de base e alimentação; fixa-se baixas velocidades nas peças em con tato com o solo, responsáveis pela alimenta ção dos colmos deitados, e altas velocidades nas facas responsáveis pelo corte rente ao Figura 2 - Atual cortador de base Wi'vlM.1 Hm i IIhIm de I iwm I^.i solo, com uma movimentação mínima de solo (figura 3). Resumindo as considerações anteriores, pode-se dizer queas colhedoras atuais de cana picada apresentam quatro pontos prin cipais onde ocorrem perdas de cana, que são: cortador de base, rolos alimentadores, picador e extratores. Uma das vantagens im portantes do sistema de cana inteira surge do fato de não existirem as perdas no picador e extratores, as quais podem superar 2% da cana processada. Considerando que o sistema de cana in teira ainda é utilizado em mais de 80% dos canaviais e que grande parte das perdas des critas nesta seção podem ser minimizadas atra vés desse sistema, a Faculdade de Engenharia Agrícola - FEAGRI da UNICAMP - desenvolve atualmente quatro projetos de pesquisa, en volvendo: limpeza da cana inteira crua, re dução de perdas, melhoramento da quali dade da matéria-prima e simplificação do equipamento. Do ponto de vista do aprovei tamento energético da palha, o principal fa tor limitante da colheita mecânica de cana inteira e crua é a falta de uma tecnologia ade quada de limpeza. O sistema de alimentação das colhedoras australianas de cana picada ordena e alinha os colmos previamente à sua picagem. Esta disposição também foi adotada no projeto da FEAGRI/UNICAMR com uma velocidade de alimentação maior, para permitir dispor os colmos em camadas finas a serem atingidas pelos rolos raspadores, conforme ilustrado na figura 4. Esse princípio mostrou bons resulta dos ao conseguir uma extração de folhas de 60 % na variedade de cana SP70-1143, ope rando com apenas dois pares de rolos. O sis tema apresenta a vantagem de poder ser apli cado nas colhedoras existentes sem necessi dade de alterações importantes nestas. Figura 4 - Despalhador de rolos • > fi r n r j r n 6. RECUPERAÇÃO, ENFARDAMENTO E TRANSPORTE DA PALHA Após a colheita de cana sem queimar, a palha é deixada secando sobre o solo por alguns dias. Quando a palha já está suficien temente seca, com cerca de 30% de umida de, a mesma pode ser recuperada. A palha, se deixada no campo sobre a soqueira, re presenta um risco de incêndio para o canavi al e pode atrasar o desenvolvimento da rebrota da cana. Assim, é recomendável a recupera ção de, pelo menos, parte da palha. Não há, contudo, consenso sobre a proporção que deve ser recuperada. Propõe-se que 50 a ()0% da palha seja rec uperada. Deixar um pouco de palha no < ampo pode trazer be nefícios agronômicos, além do que, uma re cuperação lotai da p.ilh.i implic a em se apro veitar uma palha mais "suja", com mais terra, o que nAn <• reinmrndado tecnicamente Figura 3 - Cortador de base com corte flutuante e alimentação inde pendente A reuiperaçAo da p.illta exige unia série de operações, que se mi< iam pelo seu rnleiramento. I sia operado, realizada por uma enleiradora, permite agregar a palha em uma fileira contínua. Lm seguida, a palha deve ser adensada para permilir um trans porte econômico até o local de consumo, i Irn adensamento muito elevado permite al- t.is densidades mas é antieconômico. O adensamento obtido com as enfardadoras i omerciais situa-se entre 150 e 200 kg/m '. Ixistem no mercado dois tipos de enfar- dadoras, classificadas de acordo com a geo metria dos fardos que produzem: cilíndricos e retangulares. Um exemplo de enfardadora i ilíndrica é o fabricado pela Empresa Al .ROFOKN, O pick-up desta enfardadora ioi olhe o produto conduzindo-o diretamente para a câmara do equipamento. A rotação i onlínua de rolos comprime o produto com um movimento rotatório. O material é pren- ido de uma maneira crescente, mais na par le externa do que no núcleo do fardo. Ao se completar o enchimento da câmara está for mado um fardo, com uma camada externa fortemente prensada e muito resistente a vari ações climáticas. Feita a amarração, a tampa traseira abre hidraulicamente e o fardo é em purrado para fora. As enfardadoras retangu lares, como a fornecida pela empresa CLASS, produz um fardo de densidade entre 150 e 200 kg/m1. Normalmente as enfardadoras retangulares produzem um fardo com densi dade ligeiramente superior ao das enfar dadoras cilíndricas. Os custos das operações de recuperação, enfardamento e transporte podem ser determinantes para viabilizar a recuperação e o uso econômico da palha de cana. Os custos reportados por Molina et al. (1995) variam de US$ 7 a US$ 25,00/t, dependen do da topografia local, infra-estrutura e tecnologia disponível.- Estima-se que, para viabilizar o uso energético da palha, esta deva chegar ao local de consumo com um custo final comparável ao do bagaço da cana. 7. CARACTERÍSTICAS en er g et ic a s da pa lh a d a c a n a Do ponto de vista energético, as carac- rio de Combustíveis Alternativos da turísticas mais importantes de um combus- UNICAMP obteve-se os dados da tabela 2 lível são sua composição e poder calorífico, para eucalipto, bagaço e palha da cana- Em uma análise elaborada no Laborató- de-açúcar. Amostra Umidndr (%) Voláteis (%) Cnrbono fixo (%) (.in/ns (%) C ( % ) II (%) P.C.S. (kJ/kg) Kucaliptn 11.9 X0.2 19,8 0,0 49,6 6.0 18.494 Palha de Cana 10.5 74.7 15.0 10.3 43.2 5.6 15.203 de Cana 9.9 75.4 1.1.7 1 l).X 43.6 6.2 17 876 8. APROVEITAMENTO ENERGÉTICO DIRETO DE RESÍDUOS AGRÍCOLAS VIA COMBUSTÃO A lenha é a forma de biomassa que histo ricamente lem sido utilizada para fins energéticos, via combustão direta. A relativa disponibilidade desse produto incentivou o homem a consumi-lo como combustível para co( ção, fabricação de tijolos, processamento de alimentos e outros usos Com o consumo i res< ente de combustíveis fósseis (< arvâo mi neral, petróleo e derivados e gás natural), en tretanto, o uso da biomassa para fins energéticos decresceu proporcionalmente, principalmente nos países desenvolvidos. Mesmo no Brasil, o uso da lenhatem se redu zido, em comparação aos outros insumos da matriz energética nacional (MME, 1998). No entanto, ao redor das cidades brasilei- ras ainda se usa muita lenha na fabricação de tijolos e telhas e em algumas indústrias de ali mentos, entre outras. Nestas regiões, a lenha está ficando escassa e seu preço tem aumen tado com o crescimento dos custos de trans porte a partir de regiões supridoras cada vez mais distantes. Existe, portanto, um potencial para os subprodutos da cana serem usados em subs tituição à lenha, para fins energéticos. Nesse sentido, pode-se dizer que não somente ain da não existe "uma cultura" de uso generali zado de bagaço, como também que o mer cado simplesmente desconhece por completo o potencial energético representado pela pa lha da cana-de-açúcar. O uso do bagaço de cana fora do setor sucro-alcooleiro se dá de forma mais impor tante junto à indústria de suco de laranja, onde existem caldeiras a bagaço, e, em me nor escala, em plantas que produzem óleos vegetais. O bagaço da cana é vendido a pre ços entre K$ 6 e 14/ton .1 eslas planlas indus triais, que utilizam essencialmente .1 mesma tecnologia empregada no selor suc ro- alcooleiro para a combustão do bagaço. Há no mercado nacional alguns fabrican tes de equipamentos para a queima direta de resíduos vegetais: Andrade & Andrade Ltda., de Leme, SF? fabricante do queimador de biomassa "Fire 100" (figura 5); Máquinas Walter Siegel Ltda., de Agrolândia, SC, fabri cante do equipamento Biochamm, e Irmãos Lippel Ltda., também de Agrolândia, SC. Estes equipamentos são de concepção simples e baixo custo, cerca de R$ 1.600,00. Segundo informações prestadas por um desses fabrican tes, ele possui cerca de 2.000 queimadores instalados no país, principalmente em plantas que produzem cerâmica vermelha. Esses equi pamentos operam com as formas de biomassa disponíveis em cada região, como, por exem plo, serragem de madeira, casca de arroz, maravalha, borra de café. Figura 5 • Queimadorde Biomassa da Andrade & Andrade Ltda. 9. A PRODUÇÃO DE PELLETS E BRIQUETES DE PALHA DA CANA Não existe hoje tecnologia para peleti- zação e briquetagem da palha da cana-de- açúcar. Há, no entanto, tecnologia desen volvida para a peletização do bagaço da cana (BEZZON, 1994; CORTEZ & SILVA, 1997). Apesar de a palha e de o bagaço serem fibras da cana, suas características físicas e quími cas são diferentes. As partículas do bagaço são bem peque nas, dado que elo é moído no processo de extração do caldo da cana. Isso confere ao bagaço uma granulometria fina, se compara do à palha "in natura". A fim de dar à palha o mesmo tratamento conferido ao bagaço, deve-se reduzir o tamanho das folhas através de picadores. A briquetagem é uma operação de c om pactação a pressões elevadas, para obtenção de tarugos de alta densidade. No Brasil exis tem empresas como a BIOMAX Indústria de Máquinas Ltda., que produz briquetadoras c omerc i.tis Isles equipamentos operam com •mus resíduos vegetais, tomo serragem <li' madeira, casta de arroz e outros O elevado teor de umidade do bagaço, i()% b.u., é um fator negativo para a brlquetagem. Bezzon (1994) conduziu ex- |)erimentos aquecendo o bagaço até cerca de l()()"C antes de briquetá-lo em tarugos pequenos (diâmetro de 1 cm e comprimen to de 2 cm). Foram aplicadas pressões entre .'() e 2r> MPa, obtendo-se briquetes com uma densidade entre 1.000 e 1.240 kg/m\ Os resultados obtidos foram animadores, mas não foram conduzidos testes com briquetes de tamanho comercial - de 4 a 10 cm de diâmetro e 10 a 40 cm de comprimento. Para facilitar a briquetagem é necessário um produto ligante. O aquecimento do ba gaço pode substituir esse aditivo, dado que, a cerca de 200 - 300"C, a lignina pode adqui rir propriedades de ligante da fibra. 10. GASEIFICAÇÃO EM PEQUENA ESCALA E PRODUÇÃO DE ( ARVÃO A PARTIR DA PALHA DA CANA A gaseificação da biomassa é definida i iimo a sua conversão em um gás combustí vel através da sua oxidação parcial a tempe- laturas elevadas. Esta conversão pode ser re- ■ili/ada em vários tipos de gaseificadores, de pendendo do tipo e das características da liiomassa. Dado o caráter polidisperso da palha quando triturada, recomenda-se seu uso em gaseificadores de leito fluidizado, tais i nino o descrito a seguir, que já foi testado para o bagaço da cana. O gás produzido em equipamentos de pequena escala - de 100 kW até 1 M W - pude ter múltiplas aplicações práticas, desla- i .mdo-se a alimentação de motores que aci- nitam geradores elétricos cm localidades re motas e a produção direta de calor. A 11AGRI/UNICAMP desenvolveu o pro- |Mo de um protótipo de reator de leito lluídizado de 280 kW de potência térmica, vis,indo à gaseificação dos subprodutos da agroindústria sucroalcooleira, o bagaço e a palha da cana-de-açúcar. A ( onstrução e montagem da instalação e da estrutura de suporte foi realizada pela IIKM O Q UIP Energia Alternativa Lida., de | ampinas, SR Os primeiros testes a frio e em i ondições de gaseificação permitiram com- provar as dificuldades e limitações impostas pelo sistema de alimentação do tipo de ros- i .i sem-fim -, devido âs quais foi pralu amen- te impossível desenvolver os experimentos quando trabalhando com bagaço in natura e palha de cana. Corno resultado dos lestes realizados utili zando pe//eís de bagaço de cana verificou-se um desempenho aceitável do reator para a faixa de fator de ar empregada, de 0,17 até 0,22. O poder calorífico inferior médio do gás obtido foi de 4 MJ/Nm', valor este consi derado bom na gaseificação com ar. Os va lores mais elevados da eficiência a frio e a quente do gaseificador - 29,23% e 33,42%, respectivamente - foram obtidos para um fa tor de ar iguata 0,22. O reator não foi proje tado para operar com fatores de ar superio res a este valor. Na busca de um "adensamento ener gético" da palha da cana há a pirólise e o carvoejamento da palha da cana. A maior parte da produção de carvão ve getal no país ainda tem sido feita de modo artesanal, utilizando fornos de alvenaria ou barro, sem a recuperação do material volátil. Esses fomos transformam a madeira oriunda de florestas e são operados cm regime de batelada. Esse método, apesar de rústico, é responsável por boa parle do suprimento de carvão vegetal à indústria siderúrgica nacio nal. Hoje, no entanto, não existe ainda uma tecnologia de produção contínua de carvão que possa ser imediatamente utilizada para a conversão da palha da cana e do bagaço excedente. 11. TECNOLOGIAS AVANÇADAS QUE PODEM AUMI N I AR A AUTOPRODUÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA A PARTIR DA BIOMASSA O potencial de utilização, no país, de cogeração de energia elétrica e vapor de pro cesso em segmentos industriais energo-inten- sivos fortemente dependentes da biomassa como matéria-prima e insumo energético, como os setores de papel e celulose e sucroalcooleiro, é muito maior do que a ca pacidade hoje instalada. As maiores expectativas de aumento da ge ração de energia elétrica em plantas terme létricas ou de cogeração com base em com bustíveis oriundos da biomassa repousam na gaseificação destes combustíveis e queima do "gás pobre"’ resultante nos combustores de turbinas a gás integrantes dos eficientes3 ci clos combinados: vapor - gás. Estes sistemas integrados, gaseificador - turbina a gás, são conhecidos pela sigla BIG/GT. Eles podem dobrar a relação potência elétrica / potência térmica, em relação aos sistemas hoje empre gados (MALINEN & HELYNEN, 1994). Espe ra-se que esta rota tecnológica esteja disponí vel comercialmente no início do próximo sé culo. Inúmeros projetos de demonstração visando este tipo de conversão de combustí veis provenientes da biomassa - principalmen te lenha, seus resíduos florestais e industriais, palha e bagaço de cana - em eletricidade estão em curso (STALH & LUNDQVIST, 1994; M ARRISON & LARSON, 1995; RENSFELD, 1 991; W ILLIAMS & LARSON, 1993; BRIDCWATER, 1995; CONSONNI & LARSO N , 1 994a; C O N SO N N I & LARSON, 1994b). A gaseificação de combustíveis oriundos da biomassa em equipamentos de pequeno ou médio porte é praticada há muito tempo e as tecnologias disponíveis são consideradas maduras. Esta gaseificação em larga escala esbarra, no entanto, nos requisitos, bastante rígidos, de limpeza dos gases, já que tanto os motores de combustão interna, como, prin cipalmente, as turbinas a gás requerem, para uma queima eficiente e uma longa vida dos equipamentos, gases com baixíssimos teores do impurezas'. Esta limpeza, que podo ser feita "a quente", através de filtros de cerãmic a ou de metal sinterizado, ou "a frio", através da lavagem dos gases, ainda não está demons trada em equipamentos de grande porte, no grau de pureza necessário. A eficiência da operação de turbinas a gás com gases pobres também ainda carece ainda de determina ção mais precisa, com base em registros his tóricos mais longos. Finalmente, talvez a mai or incerteza esteja na operação otimizada do acoplamento gaseificador/unidade geradora, para a qual se dispõe de muito pouca expe riência prática. A operação de gaseificação pode ser de composta cm três etapas: a preparação do combustível, a sua gaseificação e a limpeza dos gases. A gaseificação propriamente dita, no gaseificador, é precedida pela secagem e pela pirólise do combustível sólido. O calor necessário à gaseificação pode ser suprido diretamente pelo insumo oriundo da bio massa, através de sua oxidação parcial, ou, então, indiretamente, através de um meca nismo de transferência de calor. No primeiro caso, a alta reatividade química dos produtos da biomassa permite a utilização de ar como agente oxidante, ao invés do caro oxigênio. A principal vantagem do segundocaso é a possibilidade de se diminuir substancialmen te a concentração de nitrogênio no gás po bre resultante, devido à não utilização do ar como elemento oxidante no gaseificador; como resultado, pode-se obter gases com po der calorífico da ordem de 10 MJ/Nm', con tra 5 a 6 MJ/Nm dos gases oriundos de gaseificadores com aquecimento direto1 (CONSONNI & LARSON, 1994a). Os gaseificadores podem ser de leito fixo ou de leito fluidizado. Os primeiros podem ser de fluxo ascendente, descendente ou mis to. Os gaseificadores de leito fluidizado po dem ser do tipo borbtilhante, recirculante ou de duas câmaras'1; podendo operar sob pres sões próximas à atmosférica ou, enláo, sob elevadas pressões, próximas .V. da entrada na lurhina a gás Na limpe/a dir. Kiim". nsalca VAilumrVI I •»<»<* trões podem ser "craqueados" termlcamenle r/ou calaliticamente; neste último raso, por rrcmplo, com o emprego de dolomita. Os materiais parti< ulados'', os metais alcalinos7, .1 amõnia e, em menor escala, o enxofre tam bém são poluentes cuja concentração preci- ..i ser diminuída nesta limpeza. ( )s gaseificadores de leito fixo e fluxo des- ■ endenle são eficientes e produzem um gás 11 im leor relativamente baixo de alcatrão, mas ii.iii são economicamente viáveis para apli- i ,ii,,1o em larga escala", e são muito exigentes • In termos de homogeneidade e qualidade du combustível que os alimenta. Gaseifi- ■ .ulores de leito fixo e fluxo ascendente têm ido empregados em conexão com caldeiras uns I .U.A., Finlândia e Suécia, mas os gases |imdu/idos têm apresentado uma qualidade muito variável e um elevado teor de alcatrão (Kl NSFELD, 1991). As temperaturas relativamente baixas - 500 •i (>()0“C - encontradas na saída dos gaseifi- i adores de leito fixo, a maioria dos metais ili .ilinos se condensa nos materiais parti- i ulados e pode, por conseguinte, ser removi da junto com estes últimos, através, por exem plo, de ciclones. Nesta faixa de temperaturas ■ is alcatrões se encontram na fase de vapor e, ilc.de que haja um acoplamento próximo i um a turbina a gás ou com o motor de com- I ii Não interna, estes alcatrões podem serquei- in.idos no combustor destes equipamentos, «•m problemas de condensação. Na reali dade, os alcatrões aumentam o poder ■ alorífico do gás oriundo da biomassa (Wll IIAMS & LARSON, 1993). Pode-se atingir capacidades muito mais elevadas com os gaseificadores de leito lluidizado do que com os de leito fixo. Os primeiros podem, ainda, processar uma am pla variedade de combustíveis com um míni mo de pré-tratamento. Por outro lado, o seu • ontrole da qualidade do gás é bem mais com plexo, já que nas temperaturas mais altas de saída do gás do gaseificador - 800 a 900°C - os metais alcalinos encontram-se na fase ga- '.nsa e a formação de material parliculado é multo mais Intensa. Os gaselfk adores de lei to lltmli/ado rccirculnnte permitem uma me lhor conversão de carbono e uma prodtillvl dade mais elevada do que os gaseificadores de leito fluidizado borbulhante (WILLIAMS & LARSON, 1993; BRIDGWATER, 1995). A operação com pressões elevadas permi te obter-se gaseificadores mais compactos e que permitem elevados rendimentos de con versão em energia elétrica em plantas de ci clo combinado1' . O seu sistema de alimenta ção de combustível sólido, no entanto, é complexo e caro e a limpeza dos gases tem que ser a quente. Prevê-se que este tipo de gaseificador venha a apresentar vantagens econômicas, em comparação com os gaseifi cadores que operam sob pressões próximas à atmosférica, para escalas de produção ele vadas. Hoje, seus custos unitários, em unida des em construção ou projeto, ainda são bem superiores aos dos gaseificadores que ope ram sob pressões próximas à atmosférica (BRIDGWATER, 1995). Os "motores" das unidades geradoras po dem ser motores Diesel turboalimentados ou turbinas a gás associadas a ciclos termo dinâmicos combinados ou esquemas de in jeção de vapor, ambos em plantas termo- elétricas ou de cogeração'". Os motores Di esel são mais competitivos em plantas de me nor porte, enquanto que as turbinas a gás requerem plantas de porte mais elevado para se tornarem factíveis economicamente. As turbinas podem ser industriais ou aerode- rivativas; as primeiras são mais robustas e são projetadas para uma vida mais longa, enquan to as aeroderivativas são mais compactas e eficientes, devido ao fato de se beneficiarem continuamente dos elevados investimentos em P & D da indústria aeronáutica, sobretu do seu componente militar. Há, ainda, a pos- sibilidade de se consumir a biomassa gaseificada em unidades modulares de qual quer porte compostas por células de com bustível, obtendo-se, como produto, direta mente energia elétrica; os requerimentos de pureza dos gases, no entanto, são tão severos quanto para a queima em motores de com bustão interna ou turbinas a gás, e o custo desta alternativa é ainda proibitivamente ele vado As turbinas industriais da Brown Boveri e (Ia Mitsubishi têm operado com sucesso, há MrvUl.i ili* I nfrflbl muito tempo, com gases de baixo poder calorífico, como os provenientes de alto-for- nos, em plantas siderúrgicas. Testes feitos pela GE em alguns de seus modelos de turbinas aeroderivativas nas décadas de 80 e 90 têm indicado que, apesar de seus combustores serem bem mais compactos que os das turbi nas industriais, é possível se manter uma com bustão estável e razoavelmente eficiente com gases pobres. Em alguns casos, pequenas mo dificações nos bocais, e mesmo no combustor, podem ser necessárias. É claro que, a longo prazo, turbinas aeroderivativas especialmen te projetadas para gases pobres terão de ser desenvolvidas (CONSONNI & LARSON, 1994a). Uma maneira de se conseguir aumentar substancialmente a geração de energia elétri ca a elevadas eficiências quando se opera com turbinas a gás e caldeiras de recupera ção é através da injeção de vapor nestas tur binas. O ciclo correpondente é conhecido como steam-injected gas turbine - STIC. Pode- se aumentar a eficiência de qualquer turbina a gás e, em particular, a das turbinas operan do segundo o ciclo STIC, através do inter- resfriamento do ar no compressor da turbi na. Neste último caso, o ciclo passa a ser denominado intercooled steam-injected gas turbine - ISTIG. Estes ciclos avançados ainda não estão disponíveis para a combustão de gases pobres, porém, dado o seu sucesso re cente consumindo gás natural (WILLIAMS & LARSON, 1993), apresentam perspectivas promissoras para o futuro, a médio prazo. Mas, a longo prazo, pode-se mencionar a possibilidade de se substituir o ar como flui do refrigerante das pás das turbinas a gás por vapor, com inúmeras vantagens. Uma delas é que o vapor possui um calor específico supe rior ao do ar, sendo, por conseguinte, mais eficiente como refrigerante. Pode-se, tam bém, trabalhar com pressões mais elevadas com o vapor, atingindo-se, com isto, veloci dades mais elevadas e uma maior taxa de re moção de calor. O trabalho de compressão, no caso do vapor, é muito menor. Apesar de todas estas vantagens, não se progrediu muito com esta substituição, porque ela não é de interesse da indústria aeronáutica, já que não é prático se carregar grandes quantidades de água a bordo de aeronaves. O uso de um ( ombustor de reaquecimento antes do últi mo estágio de expansão das turbinas a gás também pode propiciar ganhos de potên< i.i e de eficiência no futuro; as relações ar/com bustível das modernas turbinas a gás propk i- am oxigênio suficiente na exaustão de seu combustor para alimentar uma combustão de reaquecimento (WILLIAMS & LARSON, 1993). A TPS, um fabricante sueco de gasei- ficadores, projetou um equipamento que opera com pressões próximas à atmosféricae com um reator catalítico separado para a re forma do alcatrão dos gases, para um sistema BIG/GT, de 27 M W , previsto para operar no sistema da CHESF, no sul do Estado da Bahia, alimentado por lenha proveniente de flores tas plantadas. A estimativa inicial de custo unitário desta planta foi de US$ 2750/kW , em 1992. Espera-se que um projeto cuida doso e P&D abaixem este custo para cerca de US$ 1500 -1600/kWiÉ para a décima plan ta, devido ao efeito de aprendizado (BRIDGWATER, 1995). Nas plantas de papel e celulose, um apro veitamento competitivo, a médio prazo, da biomassa para gerar energia elétrica e vapor em unidades de cogeração pode ser atingi do através da gaseificação de cavacos resi duais da lenha, da casca das toras, dos resí duos florestais e da lixívia. A gaseificação aumenta substancialmente a produção es pecífica de energia elétrica nestas plantas. À guisa de exemplo, pode-se analisar o caso de uma planta hipotética que processa 1000 t de celulose por dia, consome 16,3 GJ de vapor / t de celulose e produz cerca de 700 kWh/t de eletricidade em unidades de cogeração empregando a tecnologia corren te e consumindo só os resíduos industriais. O abandono de turbinas de contrapressão a favor de turbinas de condensação - ciclo CEST - e o processamento, também, de resí duos agrícolas poderiam aumentar a pro dução específica de eletricidade para 1200 kWh/t. O emprego dos ciclos BIG/STIG e BIG/ISTIG aumentaria ainda mais esta pro dução específica, para 2500 kWh/l e 3000 kWh/l, respectivamente. Neste exemplo, Williams e Larson (1993) consideraram a pro dutividade florestal média encontrada no su deste americano para estimar a disponibili dade de resíduos agrícolas, «■ av.umiram que o consumo espccílk o de vapor poderia ser inlu/ido para '),(>( ,|/i nos c ic los ( IS I e H l(>/ M IC o para 0,2 C|/l nos < ic Io HIC/lS 11C Suas osll mal ivas <lc < uslo dos sistemas BIC/ S IIC e HIG/ISIIC parecem excessivamente otimistas. A longo prazo, melhorias na pro- dulividade florestal podem viabilizar econo- mic amente o plantio de árvores para seu pos terior consumo nestes novos sistemas de i ogeração, e não somente dos resíduos de '.ii.i utilização como matéria-prima para a produção de celulose. Custos unitários, de instalação e de gera- i,.U>, bem mais realistas e detalhados, por ca- p.u idade e por custo da biomassa, são apre sentados por Bridgwater (1995) para diversos Msti»mas de conversão de biomassa, com des taque para sistemas envolvendo sua gaseifi- 12. CONCLUSÕES As questões-chave para a difusão em lar- ga escala de um novo energético são: preço i ompetitivo, regularidade no suprimento e le< nologia desenvolvida, comercialmente disponível. As alternativas para o uso da biomassa no interior do Estado de São Pau lo, que é uma região com abundância de biomassa comercialmente disponível, serão muito afetadas pela introdução do gás natu- ral da Bolívia, principalmente no corredor Trôs Lagoas - Campinas. O marketing agressivo na comercialização do gás natural, como tem ocorrido, pode ( omprometer o uso energético de novas for mas de biomassa como a palha da cana, notadamente nas cerâmicas de médio porte loc alizadas perto da Rodovia Washington I (ii/ Os potenciais empresários nesta ativi- dade precisam equacionar alguns proble mas para tornar esta opção viável técnica e ec onomicamente: ■1’reço competitivo: os atuais preços pratica dos para o bagaço, que tem servido de referencial para a palha da cana, não são competitivos com o cavaco de lenha (R$ 9/ton) e outros resíduos de menor custo, como a serragem de madeira, casca de al godão, casca de café e casca de amendo im; •Oferta regular é nec essário se garantir o fornecimento ao longo do ano todo Os novos clientes do bagaço e da palha da c ana não podem deixai de s im .itcndldos c ação Bridgwater efetua, também, compa rações técnicas bastante detalhadas entre os vários tipos de gaseificadores, métodos de lim peza dos gases e sistemas de geração, desta cando suas vantagens comparativas e comen tando o estado-da-arte destes equipamentos. Ele também aponta perspectivas alvissareiras para a pirólise flash da biomassa, gerando combustíveis líquidos, que poderiam ser con sumidos em motores de combustão interna ou turbinas a gás. Neste último caso, poder- se-ia desacoplar, fisicamente, a planta de con versão da biomassa da planta de geração termoelétrica ou cogeração, além de se po der viabilizar economicamente unidades ge radoras de menor porte", comuns na indús tria de papel e celulose. na entressafra da cana, que dura quase 6 meses; •Tecnologia disponível no mercado: a tecnologia de adensamento, transporte e preparo da palha ainda não se encon tra totalmente desenvolvida e testada para ser comercializada no mercado. Há, ain da, a necessidade de algum avanço, notadamente para reduzir custos nas operações citadas. Existem diversos re cursos de potenciàl reconhecidos na en genharia de projetos, mas pouco explo rados na agricultura, tais como simula ção com modelos virtuais, técnicas de otimização e outros, com forte potencial para desenvolver equipamentos que viabilizem processos de alta capacidade e baixo custo para o manuseio da biomassa no campo. Este trabalho mostrou alguns dos possí veis usos energéticos para os resíduos de pa lha decorrentes da colheita de cana crua, que deve se impor a partir da proibição das queimadas dos canaviais. Entre as alternati vas não mencionadas neste artigo há a hidrólise ácida ou enzimática da palha e do bagaço para a produção de etanol. Muito provavelmente não deverá haver um só tipo de uso final para a palha da cana no futuro. I Ia também deverá "herdar" alguns dos atu- .iis usos do bagaço, tal como seu emprego para .i produção de ração. 13. NOTAS 1. Gás de baixo poder calorífico. 2. Atinge-se temperaturas superiores a 1200°C na entrada das turbinasa gás, enquanto não se atinge a metade deste valor na entrada das turbinas a vapor. Além disso, novos materiais e novas técni cas de resfriamento das pás tem permitido se aumentar esta temperatura, nas turbinas a gás, cerca de 20"C a cada ano, com conseqüentes aumentosdeeficiência. Esta tendência deve con tinuar no futuro (WILLIAMS & LARSON, 1993). Por outro lado, a tecnologia das turbinas a vapr já está madura e seu desenvolvimento, estagnado há décadas. 3. Os níveis de contaminantes do gás combustível que podem ser tolerados pelas turbinasa gás não são bem estabelecidos, já que se tem pouca experiência operacional. Nesta circunstância, as especificações estabelecidas pelos íabricantesde turbinas tendem a ser conservadoras. 4. Compare-se, no entanto, estes valores com o poder calorífico do gás natural ou dos óleos leves - 35-40 MJ/Nm3 - , usualmente consumidos nas turbinasa gás. 5. Na segunda câmara ocorre o craqueamento dos alcatrões. 6. Os materiais particulados causam erosão nas pis da turbina a gás. 7. Os metais alcalinos, por seu turno, corroem estas pás. 8. Acima de 500 kVV (BRIDCWATER, 1995). 9. As perdas termodinâmicas associadas à compressão do agente íluidizante, nos sistemas pressurizados, são menores do que as perdas associadas à compressão do gás combustível, nos sistemas que operam à pressão atmosférica. 10. Cogeração industrial ou comercial, ou, então, aquecimento distrital. 11. Inferiores a 10 MW. (MALINEN & HELVNEN, 1994). 14. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BEZZON, C. (1994). Síntese de NovosCombustíwisSólidosa Partirde Resíduos Agfollorestaise PossíveisContribuições noGenário Eneigétim Brasileiro, Diss&taçãodeMeirado, FaculdadedeEng^ nharia Mecânica, UNICAMpCampinas, Spll5p. BRIDCWATER, A. V (1995). “The Technical and Economic FeasibUity of Biomass CasMcatòn forFbwer Generation", Fuel, 74®: 637-53. CONSONNI, S. & LARSON, E. D. 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"Aspectos [(vnômixn i*0/mv.h ionais do lirfardan^odelisJdtÂ>deCi^ itadeCana<bAçkar I * ir.i Af m xeiamento Enetgétkxf, Ki visLi da STAB, 13 (5): 2H-31. < >IIV/WIS4 X M Z ,£(7996/FVojeto,Gonstaiçãoe Avaliação Preliminar de um Reator de Leito Fluidizado para l .iseilkaçãode Bagaço de Cana-de-Açúcar, Dissertação deMestrado faculdade óe EngenhariaAfftola, UNICAMf? (.'imfxna&,SI?178p. X,( JANI, F. (1986). Produção de Biomassa e Balanço Nutricional em Plantaçõesde Eucaliptose Rnheinos- Im- I Ju ações Silviculturaii Píractaba, ESALQ/EXI, 20p. WSENFELT,E.(199V- ''C^tâionforRMerfroductions", In ( irassi, C. (EdJ Eurqxan Fotvm on EkctridtyProductòn In n í Bkmxs and Solid Wasíes gyAdvanced Technologies, >. IhencE, Italy. Phoacedings. CommissionoftheEunoixan (\ mmunities, Brussels, p. 65-79. ANEXO Mário Covas, Governador do Estado de Paulo, no uso de suas atribuições legais: ( Considerando que a queima dos canavi- .ii*. i omo prática auxiliar de sua colheita pro duz emissões que alteram desfavoravelmente .i qualidade do ar; Considerando que a despalha pré-colhei- i.i do cana-de-açúcar através de sua queima é prática tradicional desta cultura; Considerando que a mecanização da co lheita será a tecnologia adotada para elimi nar a despalha por queima sem comprome tei a competitividade internacional do setor; Considerando que a colheita manual de i ana-de-açúcar emprega a maior quantida de da força de trabalho rural do Estado de Sao Paulo; ( onsiderando que a mecanização da co lheita da cana, adotada de maneira abrupta, ( ausaria imenso problema de ordem social, |.t que centenas de milhares de empregos so- ilam imediatamente eliminados, sem tempo Sf/V II, K&IUNDQ/ISIR. (1994). Xom lm xlllm fm l I leat Production Based on Thermal Casiíication of WocxJChipsat Várnamo", Sweden. In: Biomassíor Energy, Environment,Agricultuneandlndustry, Vienna, Austría,. Proceedings, v. 1. Elsevier Science, New York, USA, p. 831-40. VITAL, A R T. fl 9%). Efcttodo Corte Raso no Balanço Hidrkr» e na Gdagem de Nutrientesem uma Miaobada Reíbes- tadamm Eucalipto. Dissertação de Mestrado ESALQ/USí? Rradcaba,SI?104p. WALTER, ACS.fl 994)'Viabilidadee Fferçrdivasda Gageração edaGetac f^amoelétria Junto aoSetaSucroatooleiiT), Tese de Doutorado, Faculdade de Engenharia Mecânica, UNICAMÍíCamjwas, SÇ259p. WILLIAMS, R H&IARSON, E D. (1993). 'M^nsdCasâ^tn- hased Somas ftwerCeneratóV' In lohansscn T. 8., Kelly, H, Reddy A K.N.& Williams, R. H (RJsJ,Rcnyotk Eneigy Souroes for Fuels and Electriaty, Island Press, Washingorx DC, p. 729-85. para a absorção dessa mão-de-obra por ou tros setores da economia regional; e Considerando que não existem condições objetivas para a adoção abrupta e imediata da colheita mecânica de cana-de-açúcar, tais como disponibilidade de colhedeiras, dispo nibilidade de capital para aquisição de colhedeiras e disponibilidade de canaviais adaptados à colheita mecânica, DECRETA Artigo 1". - O artigo 5". do Decreto no. 41.719, de 16 de abril de 1997, passa a ter a seguinte redação: Artigo 5". - As queimadas deverão ser evi tadas e só serão toleradas quando autoriza das previamente pela Secretaria da Agricultu ra e Abastecimento, desde que: I- caracterizem medida fitossanitária que exija destruição de restos culturais; II- problemas de ordem social exijam a sua prática em caráter transitório; III- carac terizem a medida fitotécnica even- tual mais adequada à situação em questão. §1"- A prática da despalha da cana-de- açúcar através de sua queima, como método auxiliar da colheita, está proibida no Estado de São Paulo, sendo admitida apenas excep cionalmente e em caráter transitório na se guinte conformidade: 1. em áreas em que a colheita é mecani- zável, a redução da prática da queima será efetuada ao ritmo de 25% da área com essas características a cada 2 (dois anos), exigindo- se um mínimo de 10% de eliminação no pri meiro ano, de tal maneira que, ao final de 8 (oito) anos, a queima da cana nessas áreas esteja completamente eliminada; 2. em áreas em que a colheita não é mecanizável, a redução da prática será efetu ada ao ritmo de 13,35% a cada 2 (dois) anos, de tal maneira que, ao fim de 15 (quinze) anos, a queima da cana nessas áreas será com pletamente eliminada; a) são consideradas como áreas de colheita mecanizável os canaviais instalados em terras com declividade menor que 12%; b) as áreas de colheita mecanizável, perten centes a fornecedores e por eles colhidas, sem qualquer auxílio ou interferência de serviços prestados por quaisquer agroindústrias ou empresas a elas coliga das, ocupando uma área inferior a 125 (cento e vinte e cinco) hectares, terão, para, os efeitos deste regulamento, o mes mo tratamento que as áreas de colheita não mecanizável; 3. não poderão ser objeto de despalha por sua queima os canaviais que significarem expansão de área de influência da agroindústria; 4. a prática da despalha da cana-de-açú car através da sua queima só poderá ser rea lizada em horário a ser determinado por Re solução Conjunta da Secretaria da Agricultu ra e Abastecimento, Secretaria do Meio Am biente e Secretaria do Emprego e Relações do Trabalho; 5. a permissão para prática da despalha mediante queima será dada através de cada empresa produtora de açúcar e álcool, a qual deverá providenciar, bienalmente, seu plano de evolução de eliminação da despalha me diante queima, abrangendo as áreas próprias e as áreas de seus fornet edores; a) os planos previstos no item 5 deverão ser entregues até 15 de janeiro de cada ano no Escritório de Desenvolvimento Rur.il da Secretaria de Agricultura e Abastec i- mento em que estiver instalada a unidade agroindustrial, que repassará cópia ao I s- critório Regional da CETESB. Após análi se do plano, as duas entidades emitirão conjuntamente uma permissão bienal de queima; b) poderá ocorrer a substituição de área de colheita não mecanizável por área de co lheita mecanizável, desde que ambas sesituem no âmbito territorial da área de atuação de uma mesma agroindústria e que a substituição esteja explicada no pla no bienal de evolução de eliminação de queima da referida agroindústria e, ain da, que a substituição não implique na diminuição da progressão da eliminação das queimas; c) eventuais alterações no plano bienal de eliminação de queimadas deverão ser previamente aprovadas conjuntamente pela Secretaria de Agricultura e Abasteci mento, Secretaria do Meio Ambiente e Secretaria do Emprego e Relações do Tra balho, conforme dispuser resolução con junta; d) o plano bienal de diminuição das quei mas deverá ser devidamente assinado por profissional técnico responsável e as in formações incorretas ou distorcidas serão consideradas lesivas ao interesse público, ficando os responsáveis sujeitos às san ções legais cabíveis; 6. na hipótese de queima em área não autorizada, serão aplicadas penalidades em conformidade com o Decreto n". 41.719, de 16 de abril de 1997, e em conformidade com o regulamento da Lei n". 997/96, sem preju ízo de outras penalidades cabíveis; 7. caso ocorra incêndio acidental, por qualquer razão, em área não tolerada, o fato deverá ser comunicado imediatamen te à Secretaria de Agricultura e Abasteci mento, através do Escritório de Desenvolvi mento Rural, que, em conjunto mm a Se- i icl.ui.t do M ck i Ambiente através ........ . i rltôrlo regional d.i ( I IISH, poderá per mitir, cm caráter excepcional, sua substi tuição por oulra gleba de igual tamanho, de modo a manter-se a área total não quei mada, como previsto no plano de evolu i-lo da eliminação da queima. ^ 2" - Ficam proibidas as queimadas nos .fguintes locais e situações: 1 110 raio de 1 (um) km dos núcleos urba nos, contando a partir do perímetro urbano efetivamente urbanizado; 2 em área contida por faixa de 10 (dez) metros de cada lado da projeção sobre o solo do eixo das linhas de distribuição de energia elétric a de até 15 kV. ,i i em área contida por faixa de 25 (vinte e cinco) metros de cada lado da projeção sobre o solo do eixo das linhas de distri buição de energia elétrica de 34,5; 69; 88 e 1 38 kV; l>) em área contida por faixa de 30 (trinta) metros de cada lado da projeção sobre o solo do eixo das linhas de transmissão de energia elétrica de 230; 345; 460 e 500 kV; c ) em área contida por faixa de 36 (trinta e seis) metros de cada lado da projeção so bre o solo do eixo das linhas de transmis são de energia elétrica de até 600 kV; d) em área contida por faixa de 54 (cinqüenta e quatro) metros de cada lado da proje ção sobre o solo do eixo das linhas de transmissão e/ou distribuição de energia elétrica de até 750 kV; i em área contida num raio de 100 (cem) melros ao redor de subestações de energia elétrica de concessionária pública; 4. em área i ontida num raio de 25 (vinte e c inco) metros ao redor das estações de tele comunicações; 5. em área abrangida num raio de 1 (um) km ao redor de aeroportos públicos; 6. em área contida numa faixa de 50 (cin qüenta) metros de cada lado da faixa de do mínio de rodovias estaduais e federais e fer rovias; 7. em área contida num raio de 100 (cem) melros ao redor das Unidades de Conserva ção, as condições a serem observadas na realização de queimadas nas hipóteses pre vistas neste artigo; § 4" - O uso de queimadas poderá ser au torizado pelo dirigente da unidade adminis trativa definida pela Coordenadoria de Assis tência Técnica Integral - CATI, da Secretaria da Agricultura e Abastecimento, mediante re querimento do interessado e prévia inspeção do local. § 5"- A unidade administrativa responsá vel pela autorização para o uso da queima deverá verificar, em inspeção posterior, o cumprimento das condições estabelecidas para a realização da mesma." Artigo 2". - Este decreto entrará em vigor na data de sua publicação, ficando revoga dos os Decretos n". 28.848, de 30 de agosto de 1988, e 28.895, de 20 de setembro de 1988. Palácio dos Bandeirantes, 6 de agosto de 1997. Assinam: Governador, Secretário da Agri cultura e do Abastecimento, Secretário Che fe da Casa Civil e Secretário de Estado do Governo e Gestão Estratégica.