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O PROCESSO DE FABRICAÇÃO DO AÇÚCAR 
E DO ÁLCOOL, DESDE A LAVOURA DA CANA 
ATÉ O PRODUTO ACABADO.
Capítulo – 1 Introdução.
 a) - Por que você deve investir na sua formação.
O ensino oferecido atualmente para os alunos dos sete aos dezoito anos na grande 
maioria das escolas públicas do Brasil é, sem dúvida, de baixa qualidade. Há alguns 
anos atrás, visando minimizar gastos no setor educação, o governo decidiu “facilitar as 
coisas”, ou “abrir a porteira” como se diz. Considerando que se todos os alunos 
passassem de ano, o problema de custo da educação ficaria bem menor, tomou a decisão 
que acreditamos ser inescrupulosa. Sabendo que os pais brasileiros na sua grande 
maioria são pessoas simples que dar-se hão por felizes se o filho estiver freqüentando a 
escola, e se ele estiver passando de ano, melhor ainda, e certos de que os jovens, na 
inocência da pouca idade, jamais reclamariam, criaram uma escola como eles sempre 
sonharam. Onde todos, mesmo os que não estudam, sempre passarão de ano! 
E de lá prá cá foi só alegria. Nunca foi tão fácil “aprender”!
Só há um problema. Nunca também em toda a história do Brasil, o mercado de trabalho 
esteve tão exigente. Com a interação econômica entre os países, houve a quebra das 
barreiras tributarias protecionistas que antes não permitiam, por exemplo, que um 
produto estrangeiro mais barato entrasse no país. Atualmente o industrial é forçado a 
vender sua mercadoria a um preço determinado pelo mercado internacional, e não no 
preço que ele gostaria. Mas para isto, deve enxugar seus custos, modernizar os 
equipamentos da fábrica e acima de tudo empregar gente talentosa, quer estejamos 
falando de operários, de técnicos ou mesmo de colaboradores de alto nível profissional, 
para a gestão de setores inteiros. 
Este fenômeno denominado pelos analistas econômicos por globalização mudou 
radicalmente o grau de exigência do empregador. Hoje, empresários incompetentes 
estão quebrando ou vendendo o que sobrou de suas empresas para multinacionais, 
porque não conseguiram se adequar a tempo. Portanto, a regra básica no mercado de 
trabalho atual é a competência e mais nada! Inclusive a era do “status quo” acabou! 
Agora, até filho de rico precisa estudar e muito. Nenhuma empresa, não importa a que 
ramo de negocio se dedique, pode dar-se ao luxo de privilegiar filhos ou apadrinhados 
dos proprietários, com qualquer tipo de cargo. Cada função deve ser bem desempenhada 
e todo setor deve de ser muito bem administrado, ou ela não terá um custo de produção 
saudável para competir com os concorrentes, que obviamente são do mundo todo. 
As empresas de grande e médio porte que normalmente negociam com clientes 
exigentes, têm de inclusive conseguir um grau de excelência no processo fabril e na 
administração, para obterem a certificação da norma ISO 9000, exigida por eles.
 Esta busca por excelência no desempenho da empresa extirpa do quadro de 
funcionários os incompetentes protegidos. E este modo inteligente de gerir 
empreendimentos é um conceito que está se alastrando e virando lugar comum na 
administração de todos os negócios. Cada vez haverá menos lugar no mercado de 
trabalho para alguém incapaz “se encostar”. 
1
Capítulo - 1 
b) - Por que o mercado sucroalcooleiro está carente 
de profissionais preparados, e, portanto, receptivo.
Nos anos mais recentes, ocorreu o que os economistas denominam um “boom” no setor 
sucroalcooleiro, ou seja, algo que surge como a explosão de uma bomba e é impossível 
de ser contido, pois chega sem aviso prévio. A maior receptividade nos mercados - 
nacional e internacional- do açúcar e do álcool combustível incrementou drasticamente 
o desempenho da cultura da cana-de-açúcar no país. A recuperação dos preços 
internacionais desta commodity, o aumento das exportações de álcool combustível após 
a assinatura do Protocolo de Kyoto no Japão e, mais recentemente o grande aumento 
das vendas de automóveis com motores flex no mercado nacional, são fatores que 
certamente contribuíram para a forte expansão da atividade. Commodity é um termo de 
língua inglesa que, como o seu plural commodities, significa mercadoria, e é utilizado 
nas transações comerciais de produtos de origem primária, nas bolsas de mercadorias.
 É importante mencionar, que após o fracasso do programa Pró-álcool, iniciado em 
1975, o governo brasileiro nunca mais ousou tratar com o mesmo descaso tanto a 
indústria automobilística nacional, quanto o consumidor de veículos em si. Naquela 
época, presionada pela crise internacional do petroleo de 1973, a cúpula do Planalto 
estimulou o setor industrial a investir macissamente no desenvolvimento de projetos de 
motores que utilizassem combustíveis alternativos como o álcool. Com o agravamento 
da crise em 1979, tanto a indústria como o consumidor brasileiro “entraram de cabeça” 
no programa Pró-álcool. As grandes montadoras invetiram bilhões, e o consumidor 
iludido, comprou carro a álcool aos milhares. Inclusive surgiu na época algo inusitado 
no Brasil: Enormes destilarias que não pretendiam fabricar um só kg de açúcar, mas 
apenas o combustível do futuro! Mais adiante porém, e também por decisão 
governamental, o preço do etanol foi quase equiparado ao da gasolina, e ninguém então 
queria mais os veículos “ecologicamente corretos”. Na época, eles não funcionavam 
perfeitamente e consumiam bem mais que os tradicionais movidos a derivados de 
petroleo. As destilarias desesperadamente tiveram de arranjar um modo ( leia-se obter 
dinheiro) para se reestruturarem e produzir também açúcar, para não falirem. Com o 
alarde do fracasso do plano ouve inclusive o desabastecimento do combustível 
alternativo, agravando ainda mais a situação dos proprietarios dos veículos. 
A indústria automobilística nacional se deu conta de que havia investido bilhões em 
uma “canôa furada”, e cada dono de carro a álcool, descobriu que havia ficado com um 
“mico” na mão. 
O panorama de hoje, entretanto, é totalmente diferente. Os veículos são 
tecnologicamente muito mais desenvolvidos e têm aceitação macissa da população, até 
porque podem usar tanto o álcool quanto a gasolina. O etanol é hoje considerado mais 
do que ecologicamente correto! Ele é na verdade, considerado politicamente correto por 
uma serie de razões: É totalmente nacional. É renovável ao invés de apenas extraido da 
terra. É gerado atavés de agro-indústrias, e portanto sua produção pulveriza mais a 
distribuição de renda que os derivados do petróleo que beneficiam apenas o pessoal das 
refinarias. É também menos poluente, pois não dispersa chumbo na atmosfera. E não 
poderíamos deixar de mencionar que é também um combustível com potencial para ser 
exportável para o mundo todo. 
Tanto os americanos quanto boa parte dos europeus olham com simpatia para este novo 
combustível renovável, pela maioria das razões já citadas, e também por ser uma 
energia não conectada com a economia do oriente médio. Vale lembrar que o terrorismo 
2
http://pt.wikipedia.org/wiki/Bolsa_de_mercadorias
http://pt.wikipedia.org/wiki/Comerciais
http://pt.wikipedia.org/wiki/Transa%C3%A7%C3%A3o
http://pt.wikipedia.org/wiki/Mercadoria
http://pt.wikipedia.org/wiki/L%C3%ADngua_inglesa
amedronta todas as nações do planeta, e elas – inclusive a mais poderosa- já se 
conscientizaram do quanto é dificil vencer a guerra contra os extremistas árabes. Mas 
não é difícil intuir que uma maneira de sufocá-los, seria tirando-lhes o poder de comprar 
mais armamentos, cortando-lhes o fluxo dos petrodólares. 
Sob esta ótica, a grande ambição dos usineiros é sem dúvida o mercado externo, ou seja 
o sonho de num prazo não muito longo, transformar o Brasil no maior exportador 
mundial de álcool de cana-de-açúcar.
 Nos últimos anos, o governo e a iniciativa privada empreenderam diversas missões 
internacionais e abriram escritórios no exterior com o objetivo de promover o 
combustível brasileiro e prospectar comercio. O cenário encontrado evidencia que, 
apesar do imenso potencial, temos ainda um longo caminho apercorrer para alcançar 
esse objetivo. Em primeiro lugar, é preciso criar um mercado. Atualmente, os Estados 
Unidos e o Brasil fabricam e consomem quase 90% da produção mundial de etanol. 
Ainda que, aproximadamente, 120 países cultivem cana-de-açúcar, somente dez 
produzem o etanol. Estudiosos do assunto asseguram que o álcool dificilmente vai se 
transformar efetivamente em uma commodity internacional, a menos que outras nações 
comecem a produzir excedentes exportáveis. Mais de uma centena de países poderão 
exportar etanol num futuro razoavelmente próximo, e é imprescindível que esta 
expansão ocorra para dar segurança aos países consumidores. 
O Japão, por exemplo, já externou que não trocaria a dependência em relação aos 20 
países produtores de petróleo para depender de um único país produtor de etanol. 
Provavelmente, muitos outros países do planeta compartilhem a mesma opinião, e por 
isto, devemos estimular o plantio de cana na Ásia para descentralizar o fornecimento e 
fortalecer o álcool como opção segura de combustível alternativo. 
Mas podemos afirmar que se o Brasil com as dimensões continentais que possui se 
organizar e fizer o etanol chegar sistematicamente aos seus portos, a medio prazo 
seriamos sem dúvida um dos maiores produtores de combustível limpo do globo.
Capítulo - 2 
a) - O potencial do setor sucroalcooleiro. 
A história do cultivo da cana-de-açúcar e seus principais produtos - açúcar e álcool - no 
Brasil está relacionada com a própria história do país. A cultura da cana foi aqui 
introduzida no primeiro século de nossa colonização, respondendo por um dos 
primeiros grandes ciclos econômicos no período do Brasil colônia.
3
 Atualmente, é a matéria prima que nos guinda à posição de maior produtor e 
exportador mundial de açúcar, além de ser a nossa segunda principal fonte de energia 
primária, respondendo por 19% do total produzido em 2008.
No contexto energético, a cana pode ser utilizada para produzir etanol anidro - usado 
misturado à gasolina-, etanol hidratado - usado como combustível nos veículos 
exclusivos a álcool e flex fuel-, e para produzir excedentes de eletricidade. O 
combustível etanol ganhou relevância nacional a partir do início da década de 1970, por 
ocasião da primeira crise do petróleo no planeta. 
Os dados relacionados à produção de energia a partir da cana-de-açúcar desde 1975 são 
significativos. Houve uma economia de US$ 70 bilhões, proveniente das importações 
evitadas de óleo bruto, considerando o consumo de etanol no país entre 1975 e 2005.
Nessa primeira década do século XXI o sucesso do uso do etanol como combustível no 
Brasil atravessa uma nova fase de expansão.
 A consagração dos veículos flex fuel trouxe ao consumidor a possibilidade de poder 
usufruir o benefício do preço inferior do etanol em relação à gasolina, sem correr o risco 
do fantasma do desabastecimento.
No atual contexto global, as discussões a respeito da segurança energética e das 
mudanças climáticas têm colocado os biocombustíveis em evidência, em especial o 
etanol por ser o mais promissor no momento. Com grande potencial para substituir parte 
da gasolina consumida no mundo, o debate sobre a possibilidade de tornar o etanol uma 
commodity carrega interesses claros e evidentes do Brasil.
Apesar de toda sua tradição, o Brasil está atrasado no desenvolvimento do etanol 
celulósico – produzido a partir de biomassas como o bagaço da cana ou a palha do 
milho, através de processos químicos. Os pesquisadores calculam que, ao aproveitar 
essas biomassas a produtividade na obtenção do etanol alcançará cerca de 40%. Os 
Estados Unidos, Europa e China tomaram a dianteira, e o Brasil terá de acelerar o passo 
para não ficar para trás. 
A indústria canavieira passa por um rápido processo de desnacionalização. Nos últimos 
4
meses, o mercado testemunhou uma verdadeira avalanche de fusões e aquisições 
bancada pelo capital externo. Em 2008, a petroleira BP entrou no mercado brasileiro ao 
assumir metade da Tropical Bioenergia.
Em 2009 a multinacional americana Bunge arrematou cinco usinas do Grupo Moema 
por 1,5 bilhões de dólares, triplicando sua capacidade de moagem e assumindo o posto 
de terceiro maior produtor de açúcar e álcool do País. A francesa Louis Dreyfus 
Commodities comprou o controle da Santelisa Vale e criou a segunda maior companhia 
do setor em todo o mundo. Neste ano, a anglo-holandesa Shell uniu-se à Cosan, maior 
empresa de álcool e açúcar do mundo, e formou um gigante com faturamento estimado 
em 40 bilhões de reais. Mais recentemente, os indianos da Shree Renuka Sugars 
assumiram o controle acionário do Grupo Equipav.
Indiscutivelmente temos um cenário muito distinto do frágil contexto econômico em 
que se tentou alavancar o Pró-álcool.
 Seguramente pelas duas próximas décadas o mercado de trabalho estará receptivo ou 
“tomador” como se costuma dizer para os que estiverem mais preparados para serem 
absorvidos pela demanda. Vale mencionar que já em 2010 o consumo de etanol no 
Brasil superou o da gasolina.
Capítulo – 2
 b) - A importancia de estar em sintonia com tudo o 
que está acontecendo.
Aquele que se propuser a trabalhar em uma usina de açúcar, - nome usualmente 
atribuido às plantas industriais que produzem açúcar e álcool- perceberá num prazo 
curtíssimo, que o setor agrícola e a indústria trabalham numa sincronia que busca 
constantemente chegar a perfeição. Quanto mais harmonizados os dois setores 
estiverem, maior será a eficiência da usina como um todo. Por isto mesmo, não importa 
a que setor de toda aquela enorme organização você faça parte, é imprescindível ter 
conhecimento dos fundamentos agronômicos que norteiam a preparação do solo, o 
5
plantio e a colheita da cana, assim como do processo industrial como um todo, para 
não se sentir como um extrangeiro dentro do enorme sistema organizacional. 
Dezenas de decisões são tomadas diariamente pela Gerência Industrial, que então se 
convertem em centenas de operações executadas por todos os participantes do processo 
fabril. São medidas tomadas com base nas informações fornecidas pelo laboratório do 
recebimento de materia prima, que analiza a qualidade de cada tonelada de cana bruta 
que está chegando, e também pelo laboratorio da indústria, que diagnostica como está 
caminhando cada etapa do processo. Obviamente que eventuais problemas dentro da 
indústria ou a quebra de equipamentos exigem mudanças de diretizes de toda ordem, 
chegando às vezes a interditarem a própria colheita da cana. 
A Gerência Agrícola portanto às vezes tem de tomar decisões que alteram a rotina de 
milhares de operarios, tratores, veículos de carga, ônibus, etc. em função das 
informações transmitidas pela Gerência Industrial. A própria adubação – e estamos 
falando de centenas de toneladas de insumos - destinada a cada gleba de plantio, será 
norteada pelos dados do laboratorio de materia prima. As análises realizadas no ato do 
recebimento da cana, denunciam eventuais quedas de qualidade da matéria prima. Estes 
dados serão confrontados com os indices pluviométricos para diagnosticar as reais 
causas da produtividade em cada talhão de lavoura em separado. 
Neste vasto e interligado organograma - dos setores agrícola e industrial - aquele 
colaborador que tiver conhecimento ainda que limitado de como funcionam a lavoura e 
a indústria como um todo, sempre poderá cuidar daquilo que lhe compete com mais 
bom senso e lucidez. Sempre compreenderá com maior facilidade porque certas 
decisões foram ou não tomadas, e estará menos exposto ao risco dele próprio cometer 
erros básicos.
 Obviamente que é impossível tornar-se um profissional hábil e capaz, apenas através de 
um curso técnico, mas duas verdades são inquestionáveis: 
 Ao concluir o aprendizado deste programa, você fará parte de um grupo seleto de 
pessoas com conhecimento técnico teórico no setor sucroalcooleiro, com muito mais 
chances de ser aprovado em uma entrevista, que alguém totalmente leigo. Em segundo 
6
lugar, estando já trabalhandoem quaisquer departamento de uma usina, na área 
agrícola ou industrial, você logo assimilará o funcionamento de setores distintos do seu, 
numa velocidade incomparável. Este diferencial lhe abrirá um leque de oportunidades 
de ascenção profissional, muito maior que o de um companheiro de trabalho 
desinformado.
Apenas a título de ilustração, descreveremos agora, uma situação hipotética no 
cotidiano da planta:
As moendas no setor da extração normalmente trabalham numa rotação de 6,5 RPM 
embora isto possa sempre ser ajustado em função de algumas variáveis, como por 
exemplo, a porcentagem de fibra presente na cana. Informações dadas em tempo real 
pelo laboratorio de recebimento de matéria prima, orientam a Gerência Industrial que 
decisões devem ser tomadas. Quanto mais alto for o teor de sacarose presente na cana-
de açúcar, e mais baixa a porcentagem de fibra encontrada, mais rica ela é considerada 
como materia prima. 
É do conhecimento de todos, que se impusermos um aumento de rotação nas moendas, 
a extração da sacarose irá cair, gerando uma perda considerável pelo que “irá embora” 
juntamente com o bagaço. Um funcionário iniciante, com certeza extranharia o 
encarregado daquele setor dar, por exemplo uma ordem, para a partir de um 
determinado dia, aumentarem a velocidade de rotação dos ternos que esmagam a cana 
durante a extração do caldo. 
 Acontece que há um periodo do ano – que varia de uma região do país para a outra- em 
que a cana-de-açúcar atinge seu chamado ponto de maturação ideal, e o teor de sacarose 
em seu interior, chega então ao pico máximo. A experiência ensinou, que durante este 
período, vale apena deixar a cana passar mais “a galope” nas moendas, e a usina colher 
e processar a maior área de lavoura possível. Moer bem devagar nesta época, buscando 
extrair o máximo de cada tonelada de materia prima seria anteproducente, pois mais 
tarde o teor de sacarose já teria regredido em toda a plantação por um processo natural, 
e a perda da oportunidade de coletar toda aquela sacarose presente, e converte-la em 
açúcar já teria passado. 
7
Situações deste tipo ocorrem no cotidiano e evidenciam que todo aquele que for então 
pertencer a esta complexa organização agro-industrial denominada genericamente 
“usina de açúcar”, deveria conhecer um pouco de todo o sistema produtivo e industrial. 
É imprescindível também lembrar que o último polo de faturamento que está sendo 
abocanhado pelo setor sucroalcooleiro é a produção e venda de energia elétrica. Este 
novo filão no mercado de trabalho está demandando um número considerável de 
técnicos e funcionários, mesmo nas velhas plantas que já estavam, até pouco tempo, 
com o seu quadro de colaboradores “completo”. A co-geração elétrica é a “cachaça do 
momento”, ambicionada pela maioria dos usineiros. 
Capítulo – 3
a) - A análise da viabilidade do projeto.
O estudo técnico e econômico para o dimensionamento de um módulo industrial e 
agrícola, para um determinado volume de produção economicamente viável de açúcar e 
álcool, deve ser executado por uma equipe multidisciplinar de profissionais, 
normalmente engenheiros, químicos industriais, e administradores de empresa, 
experientes nas seguintes áreas: processo industrial do açúcar e do álcool, economia do 
setor sucroalcooleiro, agronomia e geração de energia.
Nesta fase, especificam-se os sistemas elétricos, inclusive as automações, tubulações e 
acessórios, que serão adotados no projeto, com a definição do nível de automação para a 
operação da planta.
 Os investimentos serão definidos através da parametrização de custos dos 
equipamentos, construções da planta industrial, instalações complementares, além dos 
custos operacionais da produção e transporte de matéria-prima, custo estimativo de 
manutenção, impostos, faturamento previsto, análise de risco de mercado, analise de 
retorno do investimento pelo agente financiador etc. Parametrização é o processo 
matemático de cálculo de dados, para a a correta determinação de certos parâmetros que 
são obtidos através da correlação entre eles.
8
http://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Par%C3%A2metros&action=edit&redlink=1
Neste estudo, podem inclusive ser contempladas ainda alternativas sobre investimentos 
dentro do projeto básico, como por exemplo, o de sistema de co-geração a partir do 
aproveitamento do excesso de bagaço de cana, para comercialização de energia elétrica.
Em um aprofundamento do estudo preliminar de viabilidade de instalação de uma nova 
usina, ocorrem ainda estudos altamente técnicos de engenharia, como elaboração dos 
balanços térmicos e de massas, dimensionamento básico da unidade industrial e da área 
agrícola, em função da capacidade de produção pretendida. 
Capítulo - 3
b) - Estudo da viabilidade econômica agrícola. 
Um dos primeiros tópicos a ser analisado no estudo da viabilidade de uma nova usina, é 
o potencial de reutilização da água industrial na irrigação ou ferti-irrigação. Os estudos 
e avaliações do balanço hídrico agrícola conjuntamente com o balanço hídrico 
industrial; a avaliação ambiental quanto à outorga de captação e uso da água – 
concedida pela CETESB -; a viabilidade de contribuição do circuito hídrico da unidade 
industrial no volume de água previsto na irrigação da unidade agrícola, tendo-se a 
vantagem da pré-utilização da mesma antecipadamente no processo de lavagem de cana 
na unidade industrial, por exemplo, são os mais importantes. 
foto A pg 43 agrícola
O dimensionamento e localização do sistema mais adequado para a irrigação e ou ferti-
irrigação na região agrícola próxima à indústria, tendo-se em vista os eventuais 
reservatórios “pulmão” de água e vinhaça, também são relevantes.
Mas mesmo que a água seja um fator decisivo no processo industrial de uma usina 
sucroalcooleira, foi-se o tempo que a localização de uma nova unidade era decidida 
procurando sempre minimizar a distância entre a planta e o manancial de água 
abastecedor da mesma. 
Uma vez mais o estudo de logística do fluxo da cana de açúcar da lavoura até a planta, 
considerando topografia, o perfil geológico do terreno, a incidência pluviométrica na 
área, e a malha viária disponível, decidirá a exata e estratégica localização da planta. 
Mesmo que no primeiro estágio da implantação do projeto, o investimento em levar 
eletricidade ao distante manancial de água, e a longa tubulação de aço da adutora – às 
vezes com mais de 12”de diâmetro - pareçam contra producentes, nada será 
economicamente mais danoso ao empreendimento, que encarecer o transporte da 
matéria prima. Fatores como o preço do combustível, a manutenção da frota e inclusive 
o custo da mesma, o deslocamento de operários, etc. são parâmetros de custo 
sobejamente mais relevantes. Vale lembrar que estes fatores atuarão eternamente no 
custo do produto final, e a instalação elétrica e hidráulica da adutora, provavelmente 
será um investimento que durará por décadas.
Capítulo -3
c) - A administração holística na usina de açúcar.
Antes mesmo de falarmos sobre a logística, que embora esteja em evidência atualmente, 
para muitos ainda é uma expressão nova, necessitamos abordar algo realmente 
9
importante, que é o conceito moderno de administração holística. Sob esta gestão, a 
empresa ganha uma nova visão, valorizando sem exceção os processos e departamentos, 
percebendo que todos têm a sua importância e que somente atuando juntos é que 
compõem um sistema organizacional equilibrado. Deste modo, a empresa não é a mera 
soma de departamentos e processos, mas eles é que são a empresa. A administração 
holística nos faz perceber que uma organização empresarial é eficiente, quando funciona 
como uma série de atividades e processos plenamente interligados, e cuja sincronia é 
decisiva para seu bom desempenho. Dentro desta nova óptica, o Departamento de 
Recursos Humanos, por exemplo, que antes era encarado como um setor que gerava 
despesas, é visto como gerador de receita (entrada de capital). É ele que seleciona os 
melhores colaboradorese também promove cursos recapacitando os antigos, fator 
inegavelmente decisivo para o pleno desempenho da empresa. De igual forma, o 
Departamento de Manutenção Industrial – mecânica, hidráulica e elétrica- por não 
produzir um litro de álcool ou um kg de açúcar sequer, também era até pouco tempo, 
considerado improdutivo dentro da planta. Mas é ele que planeja e atua noite e dia, por 
exatos 365 dias por ano, executando as manutenções preventiva e corretiva, para manter 
“o navio navegando”. Até na entre- safra quando a maioria dos demais setores da 
empresa entram em recesso para o desmonte anual, como era de se esperar, as equipes 
de manutenção uma vez mais trabalham dia e noite num cronograma apertadíssimo 
para deixar a planta “redondinha” para o início da nova safra. 
 Este novo enfoque no modo de gerir empresas - totalmente abrangente- é tão 
importante, que a própria medicina moderna defende que os profissionais da área da 
saúde, façam sempre uma análise holística de seus pacientes, focando no homem como 
um todo, e não restritamente no problema específico apresentado. Evidentemente que 
sempre deverá haver uma análise sintomatológica do quadro clinico – estudo dos 
sintomas - e também exames laboratoriais, mas defendem paralelamente uma análise 
do paciente em toda a sua abrangência: física, psiquica, emocional, do contexto-social, 
alimentar etc. Estes dados proporcionarão um diagnóstico muito mais preciso, não 
importando em que orgão do paciente a desestabilidade de todo o conjunto 
transpareceu.
 
Capítulo - 4
 a) - A logística, dona de muitas decisões.
Além de outras atribuições, o Departamento de Logística é o responável pela gestão da 
cadeia de abastecimento de matéria prima, e portanto planeja em conjunto com a 
Gerência Industrial, o fluxo eficiente e econômico da cana de açúcar, desde a lavoura 
até a planta industrial. Esta é sem dúvida a responsabilidade maior deste setor. 
Ademais da programação deste abastecimento 24h/dia, planeja e organiza também com 
a parceria da Gerência Industrial, as datas mais estratégicas para as interrupções das 
manutenções, programadas ou emergenciais, muitas vezes determinadas pela previsão 
meteorológica. Administra também em sintonia com o Departamento de Compras, o 
fluxo de todo o suprimento de insumos e materiais utilizados no setor agrícola e no 
processo industrial, peças de reposição, saída e retorno de equipamentos enviados para 
manutenção externa, enfim, de tudo o que é adquirido pela usina como empresa, para 
os mais diversos setores. Portanto, mais que qualquer outro, o Departamento de 
Logística possui uma visão organizacional totalmente holística, onde auxilia a 
administração do deslocamento de todos os recursos materiais e pessoais, onde quer 
que exista movimentação em toda a área de abrangência da usina como uma empresa 
agro-industrial.
10
Atualmente, com o custo exacerbado dos combustíveis e consequentemente do 
transporte de qualquer espécie, o estudo de logística praticamente decide desde onde 
será adquirida a eventual área de cultivo para a implantação de uma possível nova 
unidade, como também a exata localização da planta industrial dentro dela. 
Aprenderemos ainda, que o resultado desta meticulosa análise decidirá inclusive o porte 
ideal de todos os equipamentos, e os modelos e quantidades dos veículos que deverão 
serer adquiridos tanto para a construção, como para o funcionamento do novo projeto. 
Foto A pg 1 indústria
Capítulo - 4
b) - Produzir 40% a mais de álcool, com a mesma 
tonelada de cana.
Literalmente vivemos a época da busca da eficiência em todos os sentidos, e também 
em todos os setores da sociedade. Nas vestimentas e calçados dos atletas, no design dos 
veículos, aviões e barcos; no rendimento dos combustíveis, na capacidade energética 
dos complementos alimentares, na funcionabilidade das novas ferramentas e 
equipamentos, no desempenho de funcionários de cada empresa, enfim, em todas as 
áreas e obviamente que este enfoque estimularia e muito, a filosofia da eliminação do 
desperdício. No setor energético, já temos inclusive progressos como a obtenção do gás 
metano a partir de digestores de lixo, a fabricação de bio-diesel a partir do sebo do boi, 
ou do óleo vegetal comestível já usado, e mais alguns outros métodos em 
desenvolvimento. 
Sabemos que atualmente é possível produzir no máximo até 86 litros de etanol com o 
processamento de uma tonelada de cana. Ao usar o bagaço dessa mesma cana numa 
segunda geração, pode-se aumentar essa produtividade em até 34 litros. O 
biocombustível de segunda geração aproveita resíduos de processos de produção, e o 
objetivo é aumentar em pelo menos 40% a produção do etanol sem necessidade de 
desmatamento e sem necessidade inclusive de se plantar mais cana-de-açúcar. Vale 
lembrar que o custo da produção da matéria prima – plantação, colheita, transporte e 
moagem – hipoteticamente já está pago!
Foto A pg 3 indústria
A Petrobras pretende realizar novas pesquisas nas instalações da KL Energy, na cidade 
de Upton, nos Estados Unidos. Gastará cerca de R$ 19 milhões (US$ 11 milhões) em 
obras de adaptação da planta de testes de etanol da empresa americana e na pesquisa 
propriamente dita. O acordo tem a duração de um ano e meio.
A estatal do petróleo, obviamente já vem pesquisando o etanol de bagaço de cana desde 
2004, mas decidiu fazer a parceria para acelerar suas pesquisas. Optou pela KL, em vez 
de uma empresa ou universidade brasileira, porque a empresa americana já está num 
estágio avançado do estudo, e além disto, a pesquisa desenvolvida pela KL seria 
complementar à da estatal brasileira.
Sabe-se que a KL Energy já tem uma planta de testes para etanol, que inclusive 
demoraria cerca de dois anos se fosse eventualmente construída no Brasil. Esta planta 
piloto, só precisa de seis meses para ser adaptada às pesquisas da Petrobras, o que 
representa um ganho de um ano e meio. Com o avanço do projeto, a Petrobras pretende 
construir a primeira planta de etanol de segunda geração do Brasil em 2013. Esta planta 
será construída ao lado de uma usina de etanol de primeira geração da Petrobras, já 
existente. 
11
Capítulo - 4 
c) - Produzindo eletricidade, dando fim a um 
problema!
A queda da capacidade de suprimento de petróleo e as preocupações com o 
aquecimento global têm gerado um novo cenário mundial de demanda de energia. A 
substituição do sistema de energia fóssil - leia-se petróleo- por novas estratégias 
econômica e ambientalmente sustentáveis continua crescendo. Várias agências 
governamentais e grupos de trabalho têm planejado diminuir, em curto prazo, o 
consumo de combustível fóssil, substituindo-o por energia renovável. Inclusive correu 
na população de praticamente todo o planeta, uma tomada de consciência sem 
precedentes quanto ao conceito da preservação ecológica. A escola como um todo, 
ativistas ecológicos- pacifistas como os membros do Greenpeace, centenas de ONGS 
engajadas na “filosofia verde”, políticos e empresários conscientes de diversos países, 
enfim uma gigantesca legião de simpatizantes da causa defende veementemente a não 
contaminação do meio ambiente e o uso inegociável de energia limpa. Usinas eólicas já 
estão operando em diversos países com sucesso, inclusive no Brasil, instaladas em 
locais com ventos favoráveis. Usinas geradoras de energia elétrica a partir do refluxo 
das marés também estão operando, e evidentemente que produzir energia elétrica 
utilizando-se o bagaço de cana já descartado, e não através da queima de lenha de 
florestas, é muito bem visto. 
A produção de energia de co-geração nada mais é que a obtenção de ambas, a térmica e 
elétrica de forma simultânea e seqüenciada a partir da combustão do mesmo elemento, o 
bagaço da cana-de-açúcar. Numa primeira etapa, ele é queimado em caldeiras e produz 
vapor através do superaquecimento da água. O vapor de alta pressão aciona uma turbina 
que produz energia elétrica, enquanto que o vapor de baixa pressão é utilizado em 
diversospontos no processo produtivo da usina, como por exemplo, para a hidratação 
do bagaço após ele passar pelo primeiro terno de moendas, processo denominado por 
12
embebição; na lavagem da torta do filtro de lodo etc. Vale lembrar que todo vapor ao 
ser utilizado, evidentemente perde calor, gerando o condensado, que é uma quantidade 
considerável de água limpa e aquecida, que obviamente é totalmente reaproveitada.
Os especialistas calculam que para cumprir as projeções de crescimento econômico do 
país - entre 4% e 5% ao ano - seria necessário injetar no sistema mais 45 mil megawatts 
provenientes de novas fontes. O setor sucroalcooleiro tem capacidade para produzir 
11% desse volume pela co-geração de energia através da queima do bagaço de cana já 
descartado. Por isso, a co-geração é considerada uma das alternativas mais viáveis para 
diminuir os impactos da crise energética. 
Alguns fatores extremamente relevantes fazem da co-geração uma opção estratégica e 
economicamente viável para equilibrar a demanda de energia no Brasil:
 As unidades potencialmente capazes estão distribuídas exatamente na região que mais 
carece do produto energia, o que praticamente elimina o enorme gasto com transmissões 
de alta tensão a longa distância. A energia elétrica co-gerada seria facilmente distribuída 
diretamente na malha já existente. Para facilitar a retirada da cana da lavoura, as usinas 
de açúcar e álcool operam a todo vapor exatamente no período de maior estiagem, e é 
coincidentemente a época em que o nível das represas das hidrelétricas abaixa, deixando 
o sistema energético fragilizado.
Com a implementação de um amplo programa de co-geração, nenhum outro lago de 
dimensões gigantescas capaz de tirar o sono dos ecologistas necessitaria ser construído, 
e nem outra floresta eliminada por alagamento. Muito pelo contrário, as unidades de co-
geração seriam as mesmas usinas que já estão atualmente em operação e apenas teriam 
que se estruturarem para começar a produzir eletricidade. E o mais significativo é que o 
processo consumiria o excedente de bagaço que toda unidade atualmente produz, e que 
na verdade é um lixo nada simples de ser descartado. Seria uma interessantíssima nova 
fonte de renda para cada unidade produtora de açúcar e álcool, ao invés da considerável 
despesa atual que todas elas têm com o manejo do detrito.
 Das cerca de 80 usinas instaladas no Estado de São Paulo, e que normalmente já 
produzem energia para consumo próprio, 12 delas já vendem o excedente às 
companhias distribuidoras. No ano passado a Companhia Paulista de Força e Luz 
(CPFL) adquiriu 200 megawatts de energia co-gerada e para este ano pretende dobrar as 
aquisições. As usinas de açúcar paulistas produzem cerca de 1000 megawatts de 
energia, mas a capacidade geradora do setor pode atingir 6000 megawatts. Um terço 
desta necessidade- 2000 megawatts- já poderia ser colocado em operação no próximo 
ano. Estima-se que até 2020 a geração de energia elétrica a partir do bagaço da cana 
estará equiparando-se à de Itaipu.
Capítulo – 5
a) - A legalidade do uso do solo para implantação da 
unidade industrial.
A primeira fase do projeto de uma usina inclui os estudos preliminares de viabilidade de 
uso do terreno e o aspecto legal da viabilidade na implantação do projeto. A garantia de 
uso do solo deverá ser previamente obtida através de certidões requeridas aos órgãos 
públicos, para não ocorrer riscos de se efetuar investimentos na aquisição de imóveis, 
equipamentos e outros bens, sem a certeza da autorização prévia pela autoridade 
13
competente. A documentação deverá garantir o direito tanto quanto à implantação da 
unidade industrial, assim como do uso dos recursos naturais disponíveis.
Também a disponibilidade de energia elétrica pela concessionária local, distância da 
rede elétrica até o local previsto para a implantação; local para captação de água, 
distância da captação de água até o local da implantação; topografia da área industrial 
(levantamento plani-altimétrico da região) e avaliação das vias de acesso ao local de 
implantação deverão ser levadas em consideração nesta fase.
A escolha da localização da área industrial deve impreterivelmente levar em conta os 
balanços hídricos, agrícola e industrial; a localização dos recursos naturais, topografia 
local, as vias de acesso à área industrial, e, finalmente o plano de irrigação, para então 
proceder a escolha do melhor local de implantação da unidade industrial. Mas como já 
enfatizamos na aula 3B a logística envolvendo o fluxo da cana de açúcar de toda a área 
agricultável para a planta industrial, será o quesito de maior relevância neste estudo 
como um todo. 
Capítulo – 5
b) - A definição da área agrícola
A cana-de-açúcar pode ser produzida em diversos tipos de solo, entretanto, os 
rendimentos diminuem à medida que as características do terreno vão se afastando 
daquelas consideradas ideais. A boa notícia é que este fator desencadeou pesquisas em 
tecnologia de mutação genética em universidades brasileiras como a ESALQ – Escola 
Superior de Agronomia Luis de Queiroz, em Piracicaba SP – e também em centros de 
pesquisas independentes, mantidos pelos grandes grupos produtores de açúcar e etanol 
no país. A motivação para o investimento nesta prospecção é o fato de ser exatamente 
este o tipo de solo onde está a nova fronteira da cana de açúcar, onde ela está 
começando a se expandir. No cerrado goiano, no cerrado mato-grossense e no cerrado 
mineiro. Por outro lado é importante salientar também que nas últimas décadas, de fato 
já foram desenvolvidas diferentes variedades de cana de açúcar, voltadas para cada tipo 
de terreno agricultável, visando obter uma melhor produtividade em cada um deles.
Foto A pg 45 agrícola
São várias as características determinantes que podem influenciar o desenvolvimento da 
cana, e devem ser levadas em conta na análise e escolha das áreas de plantio. Um 
levantamento minucioso deve ser realizado por uma equipe de engenharia agronômica - 
engenheiros, topógrafos, técnicos agrícolas etc. - e entre os quesitos a serem mapeados e 
aferidos, os mais importantes seriam:
Topografia- 
As áreas agricultáveis devem possuir declives suaves de 2 a 5%, mas em solos mais 
argilosos, o valor ideal é de 5% de declividade.
Foto A pg 53 agrícola
 Nas áreas totalmente planas, é provável haver a necessidade de drenagem. Terrenos 
com declives mais acentuados que os citados são desinteressantes devido aos maiores 
custos no preparo do solo.
Características físicas-
Os solos com maior profundidade são ideais para o cultivo da cana-de-açúcar, visto que 
seu denominado sistema radicular -suas raízes- pode explorar um maior volume de 
matéria orgânica. O desenvolvimento das raízes da cana-de-açúcar é extremamente 
14
dependente das características físicas do solo, como por exemplo, a capacidade de 
retenção de água. A produtividade pode ser comprometida se o terreno apresentar 
deficiência hídrica, principalmente na fase de maior demanda de água, quando a cana 
estiver no quinto ou sexto mês de desenvolvimento. Também uma boa capacidade de 
infiltração é muito importante para que a planta possa absorver a água de modo 
satisfatório e para que os excessos sejam drenados. O fator denominado “Capacidade de 
Armazenamento de Água” precisa estar em um patamar próximo de 150 mm. Deste 
modo, haverá umidade suficiente para as necessidades hídricas da cana nos períodos 
entre as chuvas. A presença da umidade evitará a formação de uma crosta enrijecida, 
que atuaria como uma barreira mecânica para o desenvolvimento das raízes. 
Foto B pg 43 agrícola
Os solos arenosos são menos indicados para o cultivo da cana, pois não apresentam boa 
capacidade de armazenamento de água e, ainda, favorecem perdas de nutrientes por 
lixiviação. Mesmo assim, há muitas áreas com este tipo de solo sendo utilizadas no 
cultivo da cana de açúcar. Lixiviação é o processo de extração de uma substância 
presente em componentes sólidos, através da sua dissolução num líquido.No caso em 
questão, seria o arraste dos sedimentos e nutrientes naturais da terra ou mesmo adubos 
químicos ou orgânicos acrescentados na lavoura, pela enchurrada provocada pelas 
chuvas. Dentre os componentes que seriam gradativamente extraídos, constam minerais 
solúveis, como fósforo, cálcio, nitrogênio, etc.
Características químicas-
A acidez e a alcalinidade do solo são bem aceitas pela cana-de-açúcar. Seu sistema de 
raízes diferenciado executa a exploração das camadas bem mais profundas do solo, 
quando comparado com o sistema radicular das demais culturas. A planta desenvolve-se 
em solos com pH entre 4 e 8,5, mas o mais satisfatório gira em torno de 6,5.
O sistema radicular da cana desenvolve-se em maior profundidade devido à longevidade 
da lavoura – de 4 a 7 anos- e assim, o vegetal passa a ter uma estreita relação com as 
camadas mais profundas do terreno. 
É evidente que para obter produtividade satisfatória é necessário recuperar a fertilidade 
da área, tanto nas camadas superficiais como nas mais profundas, sempre que estas não 
apresentarem condições ideais para o cultivo da cana. Para isto deverão ser executadas 
inúmeras coletas de amostras de solo de cada talhão de lavoura, que serão analisadas 
para detectar eventuais insuficiências e acima de tudo, definir o fertilizante ideal e a 
modalidade de cana adequada a cada gleba.
Finalizando, dado a magnitude da área agrícola necessária para suprir uma usina mesmo 
que de porte médio, a análise de viabilidade de implantação de um novo projeto deverá 
dar a máxima relevância à qualidade da área agricultável disponível. 
Vale lembrar que cada hectare de cana de açúcar cultivado, produz em média 100 
toneladas de colmo – nome na parte aproveitável da cana - que serão processadas na 
planta industrial. Como uma unidade de porte médio tem capacidade para moer 
aproximadamente 3.700 ton. por dia, numa safra que se estende de maio a dezembro, 
portanto 8 meses ou 240 dias, isto nos levaria a um montante ao redor de 900.000 ton.
Para suprir esta capacidade de moagem, necessitaríamos seguramente de 9.0000 
hectares de lavoura adulta, ou seja, 3.719 alqueires paulistas.
Capítulo – 5
15
http://pt.wikipedia.org/wiki/Dissolu%C3%A7%C3%A3o
c) - As variedades de cana de açúcar.
SP80-185
Destaca-se pela produtividade agrícola e sanidade, além do porte ereto que lhe confere 
boa adaptabilidade ao corte mecanizado; o teor de fibra é alto, com florescimento médio 
e pouca isoporização; responde bem à maturadores químicos e reguladores de 
crescimento; a exigência em fertilidade do solo é média e a brotação de soqueira é 
ótima; possui desenvolvimento inicial lento e hábito foliar ereto que prejudicam o 
fechamento de entrelinha no início do ciclo; é resistente à ferrugem, mosaico e 
escaldadura, e tem reação intermediária ao carvão; não apresenta sintomas de 
amarelecimento; possui reação intermediária para suscetível à broca.
SP80-1816
Diferencia-se pela brotação de soqueira, rápido desenvolvimento vegetativo e porte 
ereto, sendo excelente opção para o corte mecanizado de cana crua; apresenta boa 
resposta na aplicação de maturadores químicos; o perfilhamento é excelente, assim 
como o fechamento de entrelinhas; não floresce, o teor de fibra é alto, não apresenta 
tombamento e a exigência em fertilidade do solo é média; possui sensibilidade média a 
herbicidas; a maturação é semi-precoce na cana-planta e um pouco mais precoce na 
soca, atingindo altos teores de sacarose; tem resistência intermediária à broca e boa 
sanidade às outras principais doenças; não tem mostrado os sintomas de 
amarelecimento.
SP80-3280
É reconhecida pelo alto teor de sacarose e produtividade em soqueira; o seu 
perfilhamento é intermediário e o fechamento das entrelinhas é bom, devido ao 
crescimento inicial vigoroso; floresce, no entanto apresenta pouca isoporização; seu teor 
de fibra é alto, o tombamento é regular e a exigência em fertilidade do solo é média; tem 
boa brotação de soqueira; apresenta sensibilidade média a herbicidas e resistência ao 
carvão, mosaico e ferrugem e é tolerante à escaldadura; não tem mostrado sintomas da 
síndrome do amarelecimento; apresenta suscetibilidade à broca.
SP83-5073
Caracteriza-se principalmente pelo alto teor de sacarose e precocidade; apresenta boa 
brotação de soqueira com perfilhamento médio, exigência média em fertilidade do solo, 
sendo que não floresce e não isoporiza; seu teor de fibra é alto; não apresenta 
sensibilidade a herbicidas; apresenta respostas significativas em acréscimos de pol % 
cana à aplicação de maturadores químicos; é resistente à broca dos colmos, ao mosaico 
e à escaldadura, sendo intermediária ao carvão e à ferrugem; tem apresentado sintomas 
de amarelecimento no início e final do ciclo em condições de estresse hídrico. .
SP89-1115 (CP73-1547)
É conhecida tanto pela sua alta produtividade e ótima brotação de soqueira-inclusive 
sob a palha-, como pela sua precocidade e alto teor de sacarose. É recomendada para 
colheita até o meio da safra, respondendo positivamente à melhoria dos ambientes de 
produção. Apresenta hábito semi-ereto e baixa fibra, floresce freqüentemente, porém 
com pouca isoporização. É resistente ao carvão, mosaico, ferrugem e escaldadura, sendo 
suscetível à broca.
16
SP90-1638 (SP78-4601 x?)
É conhecida pelo ótimo perfilhamento e brotação de soqueira-inclusive sob a palha-, por 
não florescer, isoporizar pouco e pela sua alta produção, sendo recomendada para 
colheita do meio para o final da safra, nos ambientes com alto potencial de produção. 
Apresenta hábito semi-ereto e baixa fibra, teor de sacarose e precocidade médias. Nos 
testes de doenças e nas avaliações às pragas, apresentou suscetibilidade apenas à 
escaldadura.
SP90-3414 (SP80-1079 x SP82-3544)
Destaca-se pelo seu porte ereto, por não florescer, isoporizar pouco e pela sua alta 
produção, sendo recomendada para colheita do meio para o final da safra. Nos 
ambientes de alto potencial de produção, responde positivamente à melhoria deles e 
apresenta teor de sacarose e de fibra médios. Com relação às doenças e pragas, é 
suscetível à escaldadura e intermediária ao carvão e broca.
SP91-1049 (SP80-3328 x SP81-3250)
Seu diferencial é a precocidade e alto teor de sacarose, sendo recomendada para colheita 
no início da safra. Foi mais produtiva que a RB72454 nos ambientes de produção 
desfavoráveis. Apresenta hábito semi-ereto, médio teor de fibra; floresce pouco, mas 
isoporiza. Características: resistente às principais doenças e pragas, sendo considerada 
de suscetibilidade intermediária ao carvão e à cigarrinha.
Capítulo – 5
d) - A formação da lavoura.
Já na aula de número 2-B fizemos uma colocação, que vale a pena ser relembrada: 
“Quanto mais harmonizados os dois setores estiverem, - agrícola e industrial- maior será 
a eficiência da usina como um todo. Por isto mesmo, não importa a que setor de toda 
aquela enorme organização você faça parte, é imprescindível ter conhecimento dos 
fundamentos agronômicos que norteiam a preparação do solo, o plantio e a colheita da 
cana, assim como do processo industrial como um todo, para não se sentir como um 
extrangeiro dentro do enorme sistema organizacional.” 
Por esta razão, preparamos uma explanação que, embora trate de cada tópico do setor 
agrícola com superficialidade, fornecerá uma noção razoavel do processo de preparação 
da terra, do plantio e da colheita. 
A preparação do solo-
Se faz necessário tomar cuidado com a preservação da riqueza natural de todo o terreno 
que será agricultável. O solo é uma mistura de diferentes materiais, desde rochas que se 
transformaram na terra propriamente dita – é o caso do basalto que dá origem a terra 
roxa – incluindo ainda sedimentos orgânicos e minerais, além de uma vegetação natural 
– por exemplo, mata de cerrado – ou já implantada como velhas pastagens.
A limpeza-
Muitos canaviais estão sendo ampliados, dominando áreas de velhas pastagens, algumas 
delas degradadas, e então, faz-se necessário a utilização de tratoresde esteiras de grande 
porte para a retirada de obstáculos (barrancos, cupins, troncos, valas, pequenas 
irregularidades topográficas, etc.) presentes.
Paralelamente a este trabalho são coletadas amostras de solo de cada gleba, que após 
identificação são remetidas ao laboratório do Departamento Agrícola onde são efetuadas 
análises químicas e físicas. Assim determina-se o tipo de correção – calagem e/ou 
17
adubação - a serem utilizadas para melhorar a eficiência do solo para o plantio.
Eventualmente é feita uma aplicação de herbicida para a eliminação de ervas daninhas 
de difícil controle. Utilizando-se pulverizadores de barras, acoplados a tratores, e 
municiando os operadores com Equipamentos de Proteção Individual (EPI) para evitar 
eventual intoxicação, a operação é acompanhada por um técnico agrícola da própria 
empresa especializado neste tipo de operação.
A eliminação da soqueira em áreas de reforma da “fundação”-
No jargão da usina, quando um canavial está envelhecido e consequentemente com a 
capacidade de produção comprometida, fazendo-se necessário a aração da terra e novo 
plantio, diz-se que será necessário trocar a “fundação da lavoura”. 
A nomenclatura é de fato apropriada, pois o canavial terá de ser refeito desde o seu 
alicerce. Esta decisão sempre é tomada após uma análise econômica da gleba, que leva 
em conta diversos fatores como: custo de tratamento da soqueira, sua produtividade 
atual e futura, a riqueza da variedade instalada atual e da futura, etc. O primeiro passo 
nesta empreitada é a análise do solo, e então se inicia a destruição da soca – brotação do 
canavial- através de uma gradeação média por grades com discos de 24” ou 32”. 
Foto A pg 22 agrícola
Eventualmente, dependendo do tipo de solo e das ervas infestantes, pode-se efetuar uma 
destruição química da soca e das pragas encontradas.
A sistematização do terreno – Para dinamizar o fluxo de caminhões e tratores na 
colheita, executa-se a rede viária do terreno, assim como a construção de terraços para a 
proteção contra a erosão, sendo utilizados para esses serviços tratores de esteira e 
também a moto niveladora. Este empreendimento requer todo um planejamento e sua 
execução é demarcada pelo serviço de topografia do Departamento Agrícola da usina.
Foto A pg 31 agrícola
A correção do solo - A análise química determina a eventual acidez do terreno, e o tipo 
de correção a ser utilizada. O laudo define também o tipo e volume de calcário a ser 
aplicado em cada área. A distribuição do calcário - calagem - é feita através de carretas 
distribuidoras, tracionadas por tratores e abastecidas de calcário por uma pá 
carregadeira. O laboratório de análises químicas confere também a composição química 
e física do calcário adquirido, através de ensaios por amostragem. 
A aração - Antes de qualquer procedimento, deve-se fazer um levantamento na área a 
com a utilização do penetrômetro de impacto. Basicamente consiste na introdução no 
terreno, de um elemento de penetração, geralmente de formato cônico. A penetração 
ocorre através do impacto de uma massa de peso pré-estabelecido, que é então erguida a 
uma altura já definida e deixada cair sobre o elemento penetrador. O resultado do ensaio 
é justamente o número de golpes necessários para que o penetrômetro introduza a uma 
determinada profundidade. A comparação do resultado obtido, com uma tabela padrão 
de referência, dará as características geotécnicas do solo.
Após o levantamento, é então determinado se o solo será arado e a que profundidade ou, 
dependendo da topografia, se o mesmo deverá ser inclusive subsolado. Para a aração é 
utilizado arado fixo ou reversível, tracionado por tratores de pneus. Já a subsolagem 
somente pode ser realizada por tratores de esteira.
A gradeação - As áreas subsoladas geralmente necessitam de duas gradeações pesadas, 
e as áreas aradas, apenas uma. Para a execução são empregadas grades aradoras 
tracionadas por tratores e a operação é realizada 24 h/dia de trabalho. Entretanto estes 
números citados podem ser alterados dependendo das condições do solo em relação ao 
seu destorroamento e nivelamento. 
18
Foto A pg 21 agrícola
Capítulo – 6
a) – O plantio.
Alguns procedimentos preliminares devem impreterivelmente serem efetuados antes do 
plantio, como a gradeação de acabamento e a surcação. Outros, entretanto, como a 
aplicação de um herbicida pré-plantio, ou mesmo a fosfatagem do terreno, deverão ser 
decididos caso a caso. No caso do defensivo agrícola, a decisão dependerá do grau da 
infestação de ervas daninhas, e com relação ao espargimento de fosfato, ele só será 
executado quando a análise química do solo indicar a necessidade.
Foto B pg 48-A
A sulcação - Nos terrenos de boa topografia, faz-se uma sulcação para deposição de 
torta de filtro para a recuperação do solo. Em outros tipos de terreno, o emprego de 
formulados químicos no fundo do sulco, ocorre já no momento da sulcação.
Os sulcos são executados com sulcadores tracionados por tratores de tração 4x4 em 
topografias planas, e tracionados por tratores de esteira onde não se permite a operação 
com tratores de pneu. A decisão da dosagem de torta de filtro é determinada através de 
análise química e é efetuada por carretas com capacidade média de carga de 6 a 7 tons. 
O adubo químico, por ser de menor volume, é transportado diretamente sobre o 
sulcador, ocorrendo a sua distribuição já na abertura dos sulcos.
O plantio - 
O planejamento de variedades, visando maior produtividade - obtenção de mais 
toneladas de açúcar por hectare-, e a redução de pragas e doenças da cana-de-açúcar, 
acontece em um setor do Departamento Agrícola onde são construídos viveiros e 
campos de produção de mudas para este fim. Nesta área, as plantas passam por um 
processo de termoterapia -tratamento térmico- e sofrem operações de roguing. 
Foto A pg 44 agrícola
O tratamento térmico cujo custo é bastante acessível pode ser feito em mini toletes com 
o objetivo de controlar o raquitismo da soqueira. O tratamento consiste em submeter os 
colmos a uma temperatura de 50,5 ºC, por duas horas. A termoterapia pode ser realizada 
de várias formas, sendo que os tratamentos mais utilizados são: de toletes de diversas 
gemas ao mesmo tempo e de gemas isoladas.
Roguing é uma expressão inglesa que significa a prática de examinar cuidadosa e 
sistematicamente o campo de produção de sementes e mudas com o objetivo de eliminar 
quantas vezes forem necessárias as plantas e doenças indesejáveis. É uma operação de 
fundamental importância para a obtenção de sementes ou mudas de elevado grau de 
pureza varietal, genética e física. 
 Esse planejamento leva em conta experiências locais, através de implantação de 
experimentos junto a ESALQ e a COPERSUCAR.
O período de crescimento para o efetivo corte das mudas nos viveiros é de 
aproximadamente dez meses.
Foto A pg 51 agrícola ‘
19
Capítulo – 6
b) – A colheita manual.
Anterior à colheita, é realizado um estudo de aplicação de maturadores na lavoura, em 
oportunidades diferentes e de acordo com seu modo de atuação e período ideal de safra 
de cada gleba. Definido o programa de colheita, determina-se o montante da área com 
necessidade de maturação induzida, através das diferentes variedades de cana, idade 
mínima, topografia e localização. Então em data adequada, é feita a aplicação aérea de 
cada setor, e posteriormente, um acompanhamento por análise é realizado na própria 
Usina.
Ao atingirem a plena maturação, as glebas agrícolas são liberadas para a queima, sendo 
que estas ocorrem só quando devidamente autorizadas, e são acompanhadas de perto 
pela brigada de bombeiros da unidade. O deslocamento da cana colhida até o pátio da 
indústria se realiza por intermédio de caminhões com uma, duas ou até três julietas. 
Estes caminhões podem ser carregados diretamente na lavoura com carregadeiras 
apropriadas, ou pelo sistema de transbordo. Este é um método que consiste no 
carregamento da cana por carregadeira, em carretas dotadas de pneus especialmentelargos para não afundarem dentro da lavoura. Estas carretas desenvolvidas para este fim 
são tracionadas por tratores 4x4, que deslocam a carga até um ponto estratégico fora da 
área agricultável. Lá o transbordo é realizado por gruas instaladas sobre os caminhões 
agrícolas. As carregadeiras por sua vez, agarram a cana recém cortada e amontoada 
manualmente. 
Foto A pg 10 agrícola
A queima e o corte são realizados conforme rigorosa programação para que todo este 
processo se realize o mais rápido possível, evitando perdas na extração do açúcar. 
Quanto menor o tempo entre a queima/corte da cana e a moagem, menor será o efeito de 
atividades microbianas que ocorrem nos colmos, e melhor será a qualidade da matéria-
prima entregue à indústria. Além de afetar a eficiência dos processos de produção de 
açúcar e álcool, o tempo de queima/corte também compromete a qualidade dos produtos 
finais e o desempenho dos processos.
20
Capítulo – 6
c) – A colheita mecanizada.
Uma lei do estado de São Paulo proíbe a execução da queima de cana pré-colheita 
devido ao alto impacto que a fumaça desse processo causa na saúde coletiva e no meio 
ambiente. A previsão inicial era de que a proibição fosse efetivada a partir de 2031. 
Posteriormente, um acordo entre governo do Estado e União da Indústria de Cana-de-
açúcar –ÚNICA -, estabeleceu uma redução do prazo para 2017. 
A cana-de-açúcar, quando não é queimada, exige muito mais esforço dos cortadores, 
diminuindo a produtividade do corte manual em comparação às máquinas 
colheitadeiras. A ausência das queimadas, de fato traz benefícios à saúde e ao meio 
ambiente, no entanto, pouco ainda se sabe a respeito das conseqüências que a 
mecanização trará para a mão de obra rural, que depende dos canaviais. 
Pressionadas pela legislação ambiental, a praticidade e o custo da colheita mecanizada, 
e, também pelo fato de que esta alternativa elimina juntamente com a mão de obra, 
problemas sindicais, as usinas aderiram ao novo método. Entretanto, mesmo aquelas 
que já mecanizaram a colheita, forçosamente ainda executam boa parte deste trabalho 
através da mão de obra operária, porque as colheitadeiras não conseguem transitar em 
qualquer tipo de terreno. 
Foto A pg 5 agrícola
Outro fator que é levado em conta na análise de custo e benefício, é que as máquinas 
além de muito caras, requerem todo um suporte para operarem com eficiência e 
segurança. Cada colheitadeira nova de grande porte, não importando a marca, custa 
aproximadamente R$ 850.000,00. Além da máquina em si, são necessários também dois 
equipamentos para transbordo, que elevem a cana na altura das carretas, e também 
tratores e veículos de segurança, como ambulância e caminhão-pipa da equipe de 
bombeiros. Faz ainda parte da complexa estrutura, um caminhão comboio, dotado de 
21
uma equipe de mecânicos e lubrificadores, que fornecerá apoio técnico constante para 
evitar qualquer interrupção no processo.
 A presença da brigada anti-incêndio é essencial por causa da alta temperatura de 
funcionamento da colheitadeira e pela facilidade de combustão da palha da cana-de-
açúcar. Além do risco de incêndio em área de corte de cana mecanizado, em caso de 
acidente, o fogo poderia danificar ou destruir a própria máquina de custo elevado. Por 
estas razões, há um consenso entre os usineiros, de que toda nova aquisição deve, 
impreterivelmente, ser de três unidades, já que apenas uma delas a mais, de qualquer 
modo exigiria um “suporte,” que poderia muito bem atender a três delas de uma só vez. 
Capítulo – 6
d) – A manutenção da lavoura, após a safra.
Após cada colheita, analisa-se a produção de cada gleba para se definir o tratamento a 
ser dado ao solo, visando sua melhoria de rendimento na safra futura. Faz parte deste 
estudo um conjunto complexo de informações como a variedade plantada, o local, 
infestação de ervas, os adubos e defensivos aplicados, a idade do canavial, a incidência 
pluviométrica ocorrida durante o ano, etc.
A avaliação interligada de todas estas variáveis irá definir o tratamento que poderá, por 
exemplo, consistir no enleiramento da palha restante de forma a permitir uma tríplice 
operação de subsolagem, adubação e destorroamento, realizada por tratores pesados. 
Estes equipamentos realizam o cultivo de tríplice operação que armazena e distribui 600 
quilogramas de fertilizante por abastecida, sendo que o nível de adubação será 
obviamente baseado na produção obtida. Este processo permite que, ao mesmo tempo 
se coloque o adubo incorporado à profundidade adequada do solo, e crie condições para 
se realizar a aplicação de herbicidas para o controle de eventuais ervas - daninhas.
Algumas vezes, dependendo da área, se realiza a aplicação de vinhaça por fertirrigação, 
dispensando a adubação química. Sabendo-se o nível de infestação e o tipo de erva - 
daninha predominante, define-se qual ou quais herbicidas serão utilizados em bombas 
acopladas a tratores de pneus.
Através de todo o ciclo da cultura de cana-de-açúcar é feito também o controle de 
insetos cortadores –formigas -, utilizando o método de termonebulização ou iscas 
granuladas depositadas nos terrenos infestados.
O processo de termonebulização consiste da geração de gotículas ultrafinas na faixa de 
1micrômetro = 1/1000 mm. Os componentes líquidos da formulação são vaporizados, 
formando aerossóis ultrafinos ao entrarem em contato com o ar ambiente. 
O método da termonebulização é utilizado particularmente em aplicações de controle de 
pragas, nas quais se deseja distribuir as substâncias ativas uniformemente no ambiente, 
mesmo nos locais mais inacessíveis, e sem a formação de resíduos indesejáveis. 
É a solução ideal para o tratamento de superfícies em grandes áreas e grandes espaços 
vazios, com um mínimo de substância ativa e com pouco esforço
Para a eliminação de alguma erva daninha que porventura escape do controle, realiza-se 
carpa química com aplicadores costais manuais ou mecânicos. No caso de alguma 
reincidência, para a completa eliminação da mesma, este repasse se restringe a uma 
aplicação manual de herbicida ou duas carpas manuais com enxadas.
Capítulo – 7
a) - Glossário.
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ATR (Açúcares Redutores Totais)- Indicador que representa a quantidade total de 
açúcares da cana sacarose, glicose e frutose-. O ATR é determinado pela relação 
POL/0,95 mais o teor de açúcares redutores. 
Açúcares redutores- Representam a quantidade de glicose e de frutose presentes na 
cana, e que afetam diretamente a sua pureza, já que refletem em uma menor eficiência 
na recuperação da sacarose pela fábrica.
Brix da cana- É a porcentagem em massa de sólidos solúveis contidos em uma solução 
de sacarose quimicamente pura
Broca- A mais importante praga da cana é a Diatraea saccharalis, cujo adulto é uma 
mariposa de hábitos noturnos, e que realiza a postura na parte dorsal das folhas. 
Nascidas, as lagartinhas descem pela folha e penetram no colmo, perfurando-o na região 
nodal. Dentro do colmo cavam galerias, onde permanecem até o estádio adulto. 
Os prejuízos decorrentes do ataque são a perda de peso devido ao mau 
desenvolvimento das plantas atacadas, morte de algumas plantas, quebra do colmo e 
redução da quantidade de caldo. Além desses, o principal prejuízo é causado pela ação 
de agentes patológicos que penetram pelo orifício ou são arrastados juntamente com a 
lagartinha, ocasionando entre outros danos a podridão-vermelha, responsável pela 
inversão e perda de sacarose no colmo.
Carvão- É uma doença sistêmica causada por fungo e que encontra boas condições de 
desenvolvimento nas regiões subtropicais com inverno frio e seco. O sintoma 
característico é a presença de um apêndice na região final do colmo, medindo de 20 a 50 
cm de comprimento por 0,5 a 1,0 cm de diâmetro. Inicialmente, esse "chicote" apresenta 
cor prateada, passando posteriormente à preta, devido à maturação dos esporos nele 
contidos. A transmissão ocorre pelo plantio de mudas doentes, pelo vento que dissemina 
os esporos e pelo solo contaminado. A doençaprovoca um verdadeiro definhamento na 
cana-de-açúcar, dando à planta uma semelhança de capim. Ambos os rendimentos, tanto 
o agrícola como o industrial são severamente afetados.
Cigarrinha- O termo cigarrinha-da-cana-de-açúcar é a designação comum a diversas 
espécies de insetos de ampla distribuição no Brasil, sendo extremamente comuns em 
áreas cultivadas, o que as tornam constantes pragas em diversas culturas agropecuárias. 
Os insetos machos dessa espécie medem cerca de 12 milímetros e possuem coloração 
geral avermelhada. Atacam as folhas e raízes da cana-de-açúcar. Também são 
conhecidos pelos nomes de baratinha, cigarrinha-dos-canaviais e cigarrinha-vermelha.
Os principais danos vistos são plantas desnutridas, desidratadas e ressecadas. Folhas 
com manchas amareladas e posteriormente avermelhadas e secas. Os adultos injetam 
toxinas nas folhas. A redução da área verde da cana decorrente da sucção pelas ninfas e 
adultos interrompe o processo de fotossíntese, causando atrofia da cana e encurtamento 
dos entrenós (gomos), reduzindo o armazenamento do açúcar e podendo causar perdas 
agrícolas e industriais da ordem de até 60%.
Escaldadura- Doença de ação sistêmica, causada por bactéria, é transmitida pelo 
plantio de mudas doentes ou qualquer instrumento de corte contaminado. As folhas 
tornam-se anormais, duras, subdesenvolvidas e eretas, com estrias finas. Pontuações 
avermelhadas são observadas na região do nó, quando o colmo é seccionado 
longitudinalmente.
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http://pt.wikipedia.org/wiki/Cana-de-a%C3%A7%C3%BAcar
http://pt.wikipedia.org/wiki/Agropecu%C3%A1ria
http://pt.wikipedia.org/wiki/Brasil
http://pt.wikipedia.org/wiki/Inseto
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A escaldadura provoca baixa germinação das mudas, morte dos rebentos ou de toda a 
touceira, desenvolvimento subnormal das plantas doentes, entrenós curtos e baixo 
rendimento em sacarose. 
Esporos- Em biologia, chamam-se esporos as unidades de reprodução das plantas. Um 
esporo é basicamente uma célula envolvida por uma parede celular que a protege até as 
condições ambientais se mostrarem favoráveis à sua germinação.
Fechamento das entrelinhas- Quanto maior for o índice de área foliar numa 
modalidade de cana-de-açúcar, tanto maior será a velocidade no fechamento das 
entrelinhas – espaçamento regular na plantação- e obviamente menor será a 
disseminação de ervas daninhas. 
Ferrugem- Dentre as doenças fúngicas - causadas por fungos - e que podem prejudicar 
o canavial, a ferrugem é uma das mais disseminadas. A ferrugem está presente em todas 
as regiões produtoras do Brasil e é encontrada em, aproximadamente, 64 países 
produtores. Conhecida há mais de 100 anos, a doença causa perdas de 50% nas 
variedades mais suscetíveis. Inicialmente, surgem pequenas pontuações cloróticas nas 
folhas, que evoluem para manchas alongadas de coloração amarelada, podendo ser 
observadas na superfície superior e inferior da folha. As manchas variam entre dois e 
dez centímetros de comprimento e um e três centímetros de largura e aumentam 
rapidamente de tamanho, mudando da coloração amarela para avermelhada, vermelho-
parda e preta nos estágios finais de morte da folha.
Gema- Termo botânico que designa o “olho” do nó, exatamente onde irá iniciar a 
formação do broto.
Internódio- Internódio é um termo botânico, que designa o intervalo entre as gemas de 
crescimento do caule, também chamadas de nós.
Isoporização- O processo de florescimento, um aspecto importante na produção da 
cana-de-açúcar, implica em alterações morfofisiológicas da planta, sendo considerado 
altamente indesejável, pois normalmente é acompanhado de intensa “isoporização” ou 
chochamento dos colmos. São atribuídas ao florescimento, perdas substanciais em 
tonelada de cana e teor de sacarose durante a colheita. A “isoporização” do colmo tem 
início com a ocorrência do florescimento, ocasionando a desidratação do tecido e uma 
conseqüente perda de peso final. 
Manchas cloróticas- Manchas amareladas espalhadas na superfície da folha.
Mosaico- Trata-se de uma doença sistêmica, causada por vírus e que, no passado, 
acarretou seríssimos prejuízos à agroindústria mundial, inclusive à brasileira, chegando 
a dizimar certas variedades com extenso cultivo na época. A transmissão da doença 
ocorre através do plantio de tolete contaminado e pelos pulgões. O principal sintoma 
surge nas folhas jovens do cartucho, sob a forma de pequenas estrias, causando uma 
alternância entre o verde normal da folha e o verde claro das estrias. A baixa 
produtividade das lavouras enfermas é conseqüência do subdesenvolvimento das plantas 
e baixo perfilhamento das touceiras
Perfilhamento- No plantio de cana, são enterrados no sulco porções do caule da planta. 
Cada porção do caule é cortada de forma a apresentar 1, 2 e até 3 gemas, e que, por esse 
motivo, são utilizados para propagar a mesma. Essas porções de caule são denominadas 
24
http://pt.wikipedia.org/wiki/N%C3%B3s
http://pt.wikipedia.org/wiki/Caule
http://pt.wikipedia.org/wiki/Gomo_(bot%C3%A2nica)
http://pt.wikipedia.org/wiki/Germina%C3%A7%C3%A3o
http://pt.wikipedia.org/wiki/Ambiente
http://pt.wikipedia.org/wiki/Parede_celular
http://pt.wikipedia.org/wiki/C%C3%A9lula
http://pt.wikipedia.org/wiki/Plantae
http://pt.wikipedia.org/wiki/Reprodu%C3%A7%C3%A3o
http://pt.wikipedia.org/wiki/Biologia
toletes. Diante da umidade do solo e da presença de sais minerais, o tolete propaga as 
primeiras ramificações com folhas. O mesmo tolete pode apresentar várias ramificações 
originando, visualmente, diferentes plantas. Como todas as ramificações provêm de um 
único tolete, são na realidade a mesma planta. Esse conjunto de ramificações originados 
a partir de um tolete é denominado touceira. Quando acontecem essas ramificações a 
partir de um mesmo tolete, ou sistema radicular de uma planta, diz-se que a planta 
apresenta perfilhamento. 
Pol da cana- teor de sacarose – porcentagem- aparente na cana. Para a indústria 
canavieira, quanto mais elevados os teores de sacarose, melhor.
Porcentagem da fibra da cana- Reflete na eficiência da extração da moenda, ou seja, 
quanto mais alta a fibra da cana, menor será a eficiência de extração. Por outro lado, é 
necessário considerar que variedades de cana com baixos teores de fibra são mais 
susceptíveis a danos mecânicos ocasionados no corte e transporte, o que favorece a 
contaminação e as perdas na indústria. Quando a cana está com a fibra baixa ela 
também acama e quebra com o vento, o que a faz perder mais açúcar na água de 
lavagem.
Pureza: é determinada pela relação POL/Brix x 100. Quanto maior a pureza da cana, 
melhor a qualidade da matéria-prima para se recuperar açúcar. Todas as substâncias que 
apresentam atividade óptica podem interferir na POL, como açúcares redutores (glicose 
e frutose), polissacarídeos e algumas proteínas.
Tempo de queima/corte: é o tempo entre a queima do canavial e a sua moagem na 
indústria (no caso da colheita manual) ou o tempo entre o corte mecanizado e a 
moagem. Quanto menor o tempo entre a queima/corte da cana e a moagem, menor será 
o efeito de atividades microbianas nos colmos que ocorrem e melhor será a qualidade da 
matéria-prima entregue á indústria. Além de afetar a eficiência dos processos de 
produção de açúcar e álcool, o tempo de queima/corte também afeta a qualidade dos 
produtos finais e o desempenho dos processos. 
Sistêmico- Por definição, o pensamento sistêmico inclui a interdisciplinaridade, no caso 
de doenças sistêmicas que atacam a cana de açucar, são aquelas que causam dano ao 
vegetal como um todo e não apenas em um ponto localizado. Seria como por exemplo a 
hipertenção no corpo humano que termina por comprometer toda a sua funcionalidade, 
diferentemente de uma otite – infecção no ouvido. 
Raquitismo da soqueira- As mudas portadoras do raquitismo exibem germinação lenta 
e desuniforme, e os maiores prejuízos ocorrem nas soqueiras com baixo perfilhamento, 
internódios curtos, com subdesenvolvimento geral e desuniformeno talhão. A 
disseminação do raquitismo no campo ocorre pelo plantio de muda doente e pelo uso de 
instrumento cortante contaminado, principalmente o podão usado no corte da cana.
Soqueira- Após o corte da cana, as raízes que sobram no campo recebem o nome de 
soqueiras. Quando há a necessidade de se refazer o plantio da cana-reforma do canavial, 
ou reforma da fundação da lavoura-, as soqueiras são eliminadas, muitas vezes, por 
herbicidas ou mesmo máquinas apropriadas que erradicam mecanicamente as mesmas.
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Capítulo – 8
a) – Como surgiu o capital estrangeiro no setor 
sucroalcooleiro nacional.
É inegável que nas duas últimas décadas ocorreu uma modernização muito grande na 
indústria sucroalcooleira nacional, mas ainda hoje se a compararmos com outros setores 
como, por exemplo, o de fabricação de papel e celulose, notaremos que a tecnologia 
utilizada nas usinas de açúcar e álcool, ainda continua antiquada. Anteriormente a este 
período de considerável progresso que mencionamos, os críticos mais ácidos diriam 
mesmo que a tecnologia utilizada na indústria açucareira era “pré - histórica”. 
Principalmente por tratar-se empresas do setor alimentício, o grau de higiene, por 
exemplo, mantido ainda hoje pela maioria delas, é praticamente inaceitável.
Nos últimos cinco anos, porém, ocorreu uma drástica mudança no panorama 
econômico do setor, com a entrada de verdadeira avalanche de capital estrangeiro. Este 
fato inegavelmente trouxe franca melhoria, inclusive na área tecnológica e duas são as 
razões básicas que os economistas afirmam que desencadearam este “boom”.
 A incapacidade da India - nosso maior concorrente - em conseguir majorar sua 
produção para suprir o crescente mercado internacional de açúcar, e o fato do mundo 
haver despertado para a real necessidade do uso de um combustível alternativo, que 
fosse ao mesmo tempo mais limpo que o petróleo, e também renovável. Estes dois 
fatores acabaram por provocar a enorme injeção de capital no setor sucroalcooleiro do 
Brasil, que então, sofreu praticamente uma revolução. Uma considerável quantidade de 
unidades de pequeno e médio porte, com histórico de varias gerações como empresas 
familiares, foi parar nas mãos destes grupos investidores, e inclusive, há casos de 
grandes plantas que também sucumbiram à pressão econômica e foram negociadas. 
Ainda que atualmente muitas destas usinas mantenham boa parte da antiga equipe 
dentro do seu quadro de gestores e técnicos, o poder acionario, os seja, a capacidade de 
decidir, já está nas mãos de companhias estrangeiras. 
Paralelamente a esta interferência, que indiscutivelmente forneceu “poder de fogo” para 
imediatas ampliações tanto na área industrial quanto na agrícula de várias delas, um 
número realmente preocupamte de outras unidades começou a ser instalado nos estados 
de São Paulo, Mato Grosso do Sul, Goias e Minas-Gerais. Alguns municípios inclusive, 
tomaram medidas acauteladoras tentando coibir a monocultura da cana dentro de seus 
dominios de jurisdição, por a considerarem danosa à própria economia local.
Capítulo – 8
b) – O mercado internacional do açúcar.
Sendo o açúcar uma comoditie – leia-se mercadoria - de comércio internacional, cujo 
preço de mercado é pautado ou pela Bolsa de N.Yorque ou de Londres, obviamente que 
os investidores estão cientes de que não podem se dar ao descaso de administrarem 
suas recentes aquisições “com rédea solta”. Experientes, sabem que é decisivo 
reestruturar as empresas, modernizar os equipamentos, a frota de veiculos, toda a 
estrutura agrícola, e, se possível, enchugar o quadro de funcionarios. A nova 
administração dispensa os que são menos capacitados, e substitui os que não se 
adequarem às novas normas. São medidas objetivando obter o produto final com preço 
internacionalmente competitivo. Vale lembrar que o mercado consumidor para uma 
produção de açúcar desta magnitude, não é o interno. Em 2008 o Brasil exportou 
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mais de 19,5 milhões de toneladas do produto, e em 2009, a exportação passou a 
marca dos 22 milhões de toneladas.
Apenas como curiosidade numérica, lembrando que os navios que usualmente 
transportam o açúcar a granel, abrigam em média 100.000 ton. do produto, estamos 
falando de nada menos que 200.000 cargueiros em um ano, que representariam uma 
frequência de 54 partidas por dia dos portos brasileiros!
Os Estados Unidos por serem também produtores, adotam uma política protecionista e 
procuram criar barreiras alfandegarias para dificultar a entrada do nosso produto 
naquele país. A Europa, um consumidor disputado, pode muito bem ser abastecida 
pelos portos do Mediterrâneo, que seriam facilmente alcançados pelos fornecedores 
indianos, fazendo a rota pelo Mar da Arábia, Mar Vermelho, e depois acessando o 
Mediterrâneo pelo Canal de Suez. O Oriente Médio, outro forte comprador cuja porta 
de entrada maior é Dubai, nos Emirados Árabes, têm para os indianos, um acesso mais 
fácil ainda. Basta navegar para o norte pelo Mar da Arábia, e depois apenas adentrar 
pelo Golfo de Omã, ou eventualmente fazerem a rota anterior até o Mediterrâneo, 
chegando então por exemplo a Beirute, no Líbano. 
Concluindo, o Brasil tem de produzir o seu açúcar de exportação impreterivelmente 
com custo baixo o suficiente para compensar a considerável diferença a ser paga em 
frete, às companhias que irão fazer a longa travesia do Atlântico. O preço de mercado 
internacional, refere-se sempre ao açúcar posto, por exemplo, no Porto de Hamburgo, 
na Alemanha, ou no de Marselha no sul da França, mas não importa de onde tenha 
vindo.
 
Capítulo – 8
 c) – O açúcar VHP, (Very High Polarization),
 o carro chefe no mercado de exportação.
O Brasil é o maior produtor mundial de açúcar, sendo que cerca de 65% da sua 
produção é exportada. Do que é comercializado no País, 84,5% do volume é de açúcar 
cristal, 14%, de refinado e 1,5% de açúcar líquido.
O carro chefe no mercado de exportação é sem dúvida o açúcar VHP, que pode ser 
enviado a granel, ou em big-bags, que são embalagens de poliéster ultra-resistente, com 
capacidades variando de 500 kg a 2000 kg.
O Açúcar VHP (Very Hight Polarization) é utilizado como matéria-prima para outros 
processos e destinado ao refino devido a sua alta polarização. Quanto maior a 
polarização, maior a pureza do produto, quanto maior a pureza, maior a capacidade de 
adoçar. O açúcar VHP tem entre 99,1-99.69% de polarização, e cor até 150 ICUMSA
O termo ICUMSA é a sigla da International Commission for Uniform Methods of Sugar 
Analysis - Comissão Internacional para Métodos Uniformes de Análise de Açúcar -.
Quanto mais baixo esse índice, mais claro ou mais branco, é o açúcar. À medida que 
esse índice aumenta, o açúcar vai adquirindo uma coloração mais escura. A coloração 
do açúcar está diretamente relacionada:
ao número de partículas carbonizadas presentes, o que representa falha na higienização 
do equipamento que entra em contato com o produto, uma vez que tais partículas são 
arrastadas durante o processo de fabricação; ao tamanho dessas partículas, ou seja, 
quanto menores as partículas, mais branco é o açúcar e vice-versa.
Em sua fabricação, o tratamento do caldo é mínimo, e produzido sem a utilização de 
enxofre e cal, o que o torna o produto com uma cor diferente do cristal branco.
No estágio final, a massa cozida sofre lavagem reduzida na centrífuga, assim o açúcar 
fica menos úmido e é ideal para exportação, já que a ausência de umidade facilita o 
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transporte a granel. Pode ser usado para o consumo, mas geralmente e exportado para 
países que o utilizam na produção do açúcar branco ou refinado. 
A polarização do açúcar – POL - oficialmente expressa em graus ºZ (do vocábulo 
alemão zucker = açúcar) define a porcentagem de sacarose no açúcar, cujo valor para 
açúcar de consumo direto é sempre superior a 99,7
Capítulo – 8
d) – Outros produtos que podem gerar receita para 
uma usina.
Açúcar Refinado
É um açúcar mais

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