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Relatório de Dublagem: Técnica e Desafios

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ 
PRÓ-REITORIA DE GRADUAÇÃO
DEPARTAMENTOS DE LETRAS E ARTES
COLEGIADO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL
Por Elisângela Bispo
Relatório do Trabalho de Dublagem
Trabalho entregue ao Prof. Antonio Figueiredo, da Disciplina Oficina de Sonoplastia e Mixagem de Som, IV Semestre.
UESC / Ilhéus
Outubro de 2013
INTRODUÇÃO
De acordo com a Wikipedia, a dublagem é substituir a voz original de produções audiovisuais (filmes, séries, desenhos animados, telenovelas, documentários, reality shows, etc) pela voz e interpretação de um ator de voz quase sempre noutro idioma. Há também dublagem no mesmo idioma, usada para melhorar a entonação do som original, algo utilizado principalmente em comerciais e musicais, ou quando há alguma falha na captação de som direto, nas produções audiovisuais.
A técnica da dublagem surgiu pouco depois que apareceram os primeiros filmes sonoros na década de 20. O advento do som  revolucionou o cinema no mundo, mas apenas em 1930, depois que Jacob Karol inventou um sistema de gravação que permitia sincronizar áudio e imagem, foi que surgiu a técnica da dublagem, que permitindo o aprimoramento da qualidade sonora dos filmes, já que os equipamentos de filmagens eram barulhentos, dificultando uma boa captação do som. A técnica da dublagem também permitiu que os diretores encontrassem um meio de poder elaborar melhor a interpretação vocal dos atores, sem aumentar os custos de produção com refilmagens. A maior vantagem do advento da dublagem talvez tenha sido a possibilidade que ela proporcionou aos artistas falarem em muitos idiomas, o que abriu um grande campo de trabalho para outros tantos artistas em muitas partes do mundo. 
No Brasil, a técnica de dublagem ganha força no final em 1962 com um decreto do presidente Jânio Quadros, que estabeleceu que, a partir daquela data, todos os filmes a serem veiculados na televisão brasileira deveriam ser falados em português e os estrangeiros dublados na nossa língua. O mesmo deveria ocorrer na nas salas de cinema no país. Tal fato contribuiu grandemente para o surgimento de muitos estúdio de dublagem e melhor estruturação dos que já existiam. 
Na disciplina Gravação e Mixagem de Som o professor lançou um desafio aos grupos. Escolher uma cena audiovisual de até 2 minutos para retrabalhar o roteiro e fazer a dublagem. Partimos então para definir a cena e de qual obra seria extraída. Dentre tantas sugestões, surgiu a ideia do seriado Todo Mundo Odeia o Chris, veiculado pela Rede Record no Brasil. O seriado tem uma excelente aceitação entre o público em geral pelo tom humorístico. Escolhemos o episódio Todo Mundo Odeia Dirigir, a cena da personagem Rochelle no Tribunal. 
Depois que definimos a cena, o desafio foi criar um roteiro que se adequasse à cena escolhida e ao perfil psicobiográfico das personagens escolhidas. O roteiro exigia um tom humorístico pelo próprio contexto do seriado escolhido. E assim que o roteiro ficou pronto, coube aos atores da dublagem repassar diversas vezes a cena original para adequar entonação e ritmo, de modo a minimizar a maior dificuldade no processo de dublagem: estabelecer “um perfeito sincronismo labial” entre o que se ouve e o que se vê, já que é perceptível a quem assiste ao filme quando os sons não se encaixam à cena, apresentam delay ou não combinam com a performance dos atores.[1: Fernanda Gomes do Nascimento. Os primórdios da dublagem. USP: 2012, p. 7]
	“...a possibilidade de trabalhar com o som isolado permite aos narradores audiovisuais estabelecer novas associações virtuais entre os sons e imagens que não existem no universo referencial. Esse novo modo de trabalhar vinculado ao tratamento tecnológico da acusmatização abriu um universo expressivo revolucionário na comunicação audiovisual”.				[2: Livro A dimensão sonora da linguagem audiovisual]
A dublagem é uma das opções da acusmatização que nos permite brincar, sonoramente, com obras prontas e refazê-las, redesenhá-las acusticamente de modo que atendada às intenções pretendidas. Como, hoje em dia, as dublagens profissionais são feitas em estúdios modernos, acusticamente bem isolados e com paredes interiores muito absorventes para evitar reflexos, a dublagem foi feita em uma reprodução deste tipo de estúdio, na própria UESC. Como os colegas já haviam ensaiado bastante foi muito fácil e rápida a gravação. O resultado foi melhor que o esperado do ponto de vista de imagem e voz, considerando-se que os dublês não são atores profissionais.
EDIÇÃO DE SOM E COMPOSIÇÃO DA TRILHA
O processo de edição foi simples, mas demorado. Editar um vídeo é algo bastante complexo, porém, no nosso caso, não foi a edição de imagem o grande desafio. O processo de construção da trilha (músicas e efeitos) foi o que demandou toda uma atenção especial. Encontrar os efeitos em sites específicos e músicas pela rede que se encaixassem à cena escolhida foi o processo que levou mais tempo. Buscamos recursos na internet para encontrar a música instrumental para compor o fundo da cena e os efeitos desejados. Mas, a sincronização dos sons se tornou ainda mais complicada por conta da qualidade e dos tipos de gravações que encontramos nos efeitos e na música instrumental que foi utilizada como fundo. 
A percepção humana de som e imagem foi, ainda mais, afetada com o advento das novas tecnologias audiovisuais digitais, embora, 
“à luz da psicologia da percepção... os sistemas digitais de áudio representam um avanço pouco útil para o ouvido humana, uma vez que a capacidade de resolução auditiva, em condições que não sejam as de um laboratório, não permite desfrutar da melhora acústica que o tratamento numérico do áudio representa”. [3: Idem, p.47]
Como queríamos dar a “identificação sonora aos efeitos que se adequassem ao espaço da cena”, foi preciso repassar diversas vezes o tempo de ressonância de cada som de efeito para não contrastar com o ambiente do tribunal, preenchido por objetos de madeira, tecido e espuma, o que produz uma acústica diferente, uma reverberação. [4: Livro A dimensão sonora da linguagem audiovisual, p.50]
Se nosso objetivo era produzir uma experiência auditiva acústica mais natural possível à da trilha original, para alcançá-la na dublagem era essencial conhecer o perfil psicobriográfico da personagem Rochelle - a principal na cena - para buscar entre os colegas um tom de voz mais agudo que se encaixasse mais perfeitamente à sua personalidade exagerada, impulsiva e colérica, além de humorada, de modo a produzir o efeito narrativo desejado. Por fim, depois de muito analisar e tentarmos nos adequar ao ambiente de edição, com tantos ruídos concorrendo com o baixo volume das caixas multimídia do PC, o resultado final da edição foi satisfatório. As vozes foram encaixadas e trabalhadas de modo a encaixarem-se à cena e aos personagens e os tons buscados foram os mais próximos possíveis da dublagem original. Não utilizamos nenhum recurso técnico para modificar ou melhorar o som da trilha, exceto o controle de volume. Ainda falta um domínio maior da técnica e ambiente adequado para a edição de som, que exige silêncio ou o mínimo de ruído possível para que consigo alcançar o efeito desejado.

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