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Políticas Públicas uma revisão da literatura - fichamento

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Políticas Públicas: uma revisão da literatura
Ressurgimento da importância do campo das políticas públicas.
Vários fatores contribuíram para a maior visibilidade desta área.
O primeiro foi a adoção de políticas restritivas de gasto, que passaram a dominar a agenda da maioria dos países, em especial os em desenvolvimento
O segundo fator é que novas visões sobre o papel dos governos substituíram as políticas keynesianas do pós-guerra por políticas restritivas de gasto.
Assim, do ponto de vista da política pública, o ajuste fiscal implicou a adoção de orçamentos equilibrados entre receita e despesa e restrições à intervenção do Estado na economia e nas políticas sociais.
O terceiro fator, mais diretamente relacionado aos países em desenvolvimento e de democracia recente ou recém-democratizados, é que, na maioria desses países, em especial os da América Latina, ainda não se conseguiu formar coalizões políticas capazes de equacionar minimamente a questão de como desenhar políticas públicas capazes de impulsionar o desenvolvimento econômico e de promover a inclusão social de grande parte de sua população.
Como e por que surgiu a área de políticas públicas?
A política pública enquanto área de conhecimento e disciplina acadêmica nasce nos EUA.
Nos EUA, ao contrário [da Europa], a área surge no mundo acadêmico sem estabelecer relações com as bases teóricas sobre o papel do Estado, passando direto para a ênfase nos estudos sobre a ação dos governos.
Os “pais” fundadores da área de políticas públicas
Quatro grandes “pais” fundadores: H. Laswell, H. Simon, C. Lindblom e D. Easton.
Laswell (1936) - introduz a expressão policy analysis (análise de política pública), ainda nos anos 30, como forma de conciliar conhecimento científico/ acadêmico com a produção empírica dos governos e também como forma de estabelecer o diálogo entre cientistas sociais, grupos de interesse e governo.
Simon (1957) introduziu o conceito de racionalidade limitada dos decisores públicos (policy makers), argumentando, todavia, que a limitação da racionalidade poderia ser minimizada pelo conhecimento racional.
Lindblom (1959; 1979) relações de poder e a integração entre as diferentes fases do processo decisório o que não teria necessariamente um fim ou um princípio.
Easton (1965) definir a política pública como um sistema, ou seja, como uma relação entre formulação, resultados e o ambiente.
O que são políticas públicas
Não existe uma única, nem melhor, definição sobre o que seja política pública.
Mead (1995) - analisa o governo à luz de grandes questões públicas
Lynn - conjunto de ações do governo que irão produzir efeitos específicos.
Peters (1986) - política pública é a soma das atividades dos governos, que agem diretamente ou através de delegação, e que influenciam a vida dos cidadãos.
Dye (1984) - “o que o governo escolhe fazer ou não fazer”.
Laswell - decisões e análises sobre política pública implicam responder às seguintes questões: quem ganha o quê, por quê e que diferença faz.
As políticas públicas repercutem na economia e nas sociedades, daí por que qualquer teoria da política pública precisa também explicar as inter-relações entre Estado, política, economia e sociedade.
Resumir política pública como o campo do conhecimento que busca, ao mesmo tempo, “colocar o governo em ação” e/ou analisar essa ação (variável independente) e, quando necessário, propor mudanças no rumo ou curso dessas ações (variável dependente).
Modelos de formulação e análise de políticas públicas
O tipo da política pública
Theodor Lowi (1964; 1972) - a política pública faz a política.
Cada tipo de política pública vai encontrar diferentes formas de apoio e de rejeição e que disputas em torno de sua decisão passam por arenas diferenciadas.
Para Lowi, a política pública pode assumir quatro formatos:
1.	Políticas distributivas
Desconsideram a questão dos recursos limitados, gerando impactos mais individuais do que universais, ao privilegiar certos grupos sociais ou regiões em detrimento do todo.
2.	Políticas regulatórias
Mais visíveis ao público, envolvendo burocracia, políticos e grupos de interesse.
3.	Políticas redistributivas
Atinge maior número de pessoas e impõe perdas concretas e no curto prazo para certos grupos sociais, e ganhos incertos e futuro para outros; são, em geral, as políticas sociais universais, o sistema tributário, o sistema previdenciário e são as de mais difícil encaminhamento.
4.	Políticas constitutivas
Lidam com procedimentos.
Incrementalismo
Os autores argumentaram que os recursos governamentais para um programa, órgão ou uma dada política pública não partem do zero e sim, de decisões marginais e incrementais que desconsideram mudanças políticas ou mudanças substantivas nos programas públicos.
O ciclo da política pública
Política pública como um ciclo deliberativo.
O ciclo da política pública é constituído dos seguintes estágios: definição de agenda, identificação de alternativas, avaliação das opções, seleção das opções, implementação e avaliação.
O modelo “garbage can”
Argumentando que escolhas de políticas públicas são feitas como se as alternativas estivessem em uma “lata de lixo”.
Existem vários problemas e poucas soluções.
As organizações são formas anárquicas que compõem um conjunto de idéias com pouca consistência. As organizações constroem as preferências para a solução dos problemas - ação - e não, as preferências constroem a ação. A compreensão do problema e das soluções é limitada, e as organizações operam em um sistema de tentativa e erro.
Coalizão de defesa
Política pública deveria ser concebida como um conjunto de subsistemas relativamente estáveis, que se articulam com os acontecimentos externos, os quais dão os parâmetros para os constrangimentos e os recursos de cada política pública.
Contrariando o modelo do garbage can, Sabatier e Jenkins- Smith defendem que crenças, valores e idéias são importantes dimensões do processo de formulação de políticas públicas, em geral ignorados pelos modelos anteriores.
Arenas sociais
O modelo de arenas sociais vê a política pública como uma iniciativa dos chamados empreendedores políticos ou de políticas públicas
Esses empreendedores podem constituir, e em geral constituem, redes sociais.
O foco está no conjunto de relações, vínculos e trocas entre entidades e indivíduos e não, nas suas características.
Modelo do “equilíbrio interrompido
Da biologia veio a noção de “equilíbrio interrompido”, isto é, a política pública se caracteriza por longos períodos de estabilidade, interrompidos por períodos de instabilidade que geram mudanças nas políticas anteriores.
vem a noção de que os seres humanos têm capacidade limitada de processar informação, daí por que as questões se processam paralelamente e não, de forma serial, ou seja, uma de cada vez.
Modelos influenciados pelo “novo gerencialismo público” e pelo ajuste fiscal
A partir da influência do que se convencionou chamar de “novo
gerencialismo público” e da política fiscal restritiva de gasto, adotada por
vários governos, novos formatos foram introduzidos nas políticas públicas,
todos voltados para a busca de eficiência.
O elemento credibilidade das políticas públicas também ganhou importância, ou seja, a prevalência de regras pré-anunciadas seria mais eficiente do que o poder discricionário de políticos e burocratas, contido nas políticas públicas. 
Concorrendo com a influência do “novo gerencialismo público” nas políticas públicas, existe uma tentativa, em vários países do mundo em desenvolvimento, de implementar políticas públicas de caráter participativo.
Das diversas definições e modelos sobre políticas públicas, podemos
extrair e sintetizar seus elementos principais:
A política pública permite distinguir entre o que o governo pretende
fazer e o que, de fato, faz.
A política pública envolve vários atores e níveis de decisão, embora
seja materializada através dos governos, e não necessariamente se
restringe a participantes formais,já que os informais são também
importantes.
A política pública é abrangente e não se limita a leis e regras.
A política pública é uma ação intencional, com objetivos a serem
alcançados.
A política pública, embora tenha impactos no curto prazo, é uma
política de longo prazo.
A política pública envolve processos subseqüentes após sua decisão
e proposição, ou seja, implica também implementação, execução e
avaliação.
O papel das instituições/regras na decisão e formulação de políticas públicas
O debate sobre políticas públicas também tem sido influenciado pelas premissas advindas de outros campos teóricos, em especial do chamado neo-institucionalismo, que enfatiza a importância crucial das instituições/regras para a decisão, formulação e implementação de políticas públicas.
Para estas variantes do neo-institucionalismo, as instituições moldam as definições dos decisores, mas a ação racional daqueles que decidem não se restringe apenas ao atendimento dos seus auto-interesses.
Portanto, a visão mais comum da teoria da escolha pública, de que o processo decisório sobre políticas públicas resulta apenas de barganhas negociadas entre indivíduos que perseguem seu auto-interesse, é contestada pela visão de que interesses (ou preferências) são mobilizados não só pelo auto-interesse, mas também por processos institucionais de socialização, por novas idéias e por processos gerados pela história de cada país.
instituições são regras formais e informais que moldam o comportamento dos atores.
Como as instituições influenciam os resultados das políticas públicas e qual a importância das variáveis institucionais para explicar resultados de políticas públicas? 
A resposta está na presunção de que as instituições tornam o curso de certas políticas mais fáceis do que outras. Ademais, as instituições e suas regras redefinem as alternativas políticas e mudam a posição relativa dos atores.
que a teoria neo-institucionalista nos ilumina é no entendimento de que não são só os indivíduos ou grupos que têm força relevante influenciam as políticas públicas, mas também as regras formais e informais que regem as instituições.
A contribuição do neo-institucionalismo é importante porque a luta pelo poder e por recursos entre grupos sociais é o cerne da formulação de políticas públicas.
analisar políticas públicas significa, muitas vezes, estudar o “governo em ação”,

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