A Fundação do Funcionalismo

Prévia do material em texto

William James 
- Ele e seu papel na Ps icologia americana são muito paradoxais . 
Ele foi o principal precursor americano da psicologia funcional e pioneiro da nova ps icologia 
científica desenvolvida nos EUA. 
 Era cons iderado a segunda figura mais importante da ps icologia , perdendo para Wundt, e 
apontado como o principa l ps icólogo americano. 
 
- John Dewey o cons iderada o maior ps icólogo de todos . 
- John B. Watson (Behaviorismo) o cons iderava o mais bri lhante do mundo. 
 
 Ainda assim, ele também era cons iderado contrário ao desenvolvimento da ps icologia 
científica, pois se interessava em telepatia, clarividência, espiritismo, misticismo no gera l , que eram 
fenômenos psíquicos e mentalísticos que Titchener e Cattel, por exemplo, tentavam banir do campo. 
 
 James não fundou um s istema formal, uma escola de pensamento "james iana". Apesar da 
ps icologia associada a ele s er uma tentativa de tornar a área científica e experimental , ele não era um 
experimental i s ta . Ele se des interessou pela Ps i depois . 
 Ele não fundou a Psi funcional, mas apresentou de forma clara e eficaz suas ideias dentro da 
atmosfera funcional is ta , infl uenciando o movimento. 
 
OS PRINCÍPIOS DA PSICOLOGIA 
Há três teorias para a importância de James ser tamanha: 
1. Ele escrevia com clareza, charme, magnetismo e espontaneidade. 
2. Ele se posicionou contra o objetivo de Wundt (analisar pelos elementos da consciência) 
3. Ofereceu uma forma alternativa de analisar a mente, que era congruente à abordagem 
funcional . 
IMPORTANTE: o Zei tgeis t da ps icologia americana estava propício. 
 
 Em seu l ivro Os Princípios da Psicologia, a ideia de James que vi rou doutrina centra l do 
funcionalismo foi a de que a psicologia não tem como meta descobrir os elementos da consciência, mas 
s im estudar a adaptação dos seres humanos ao seu meio ambiente. Nossa consciência deve nos guiar 
aos fins necessários para a sobrevivência, e ela é vi tal para as necessidades dos seres complexos em 
ambientes complexos ; caso contrário, não há evolução. 
 
 James também enfatizava os aspectos não-racionais, dado que as pessoas tinham emoções , 
pa ixões, pensamento e razão. Mesmo discutindo a lgo puramente intelectual, James destacava o não -
racional . Nossa condição fís ica afeta o intelecto, fatores emocionais determinam crenças e 
necessidades/desejos influenciam nossa formação de razão e conceitos . OU SEJA, para James, as 
pessoas não eram tota lmente racionais ! 
 
O OBJETO DE ESTUDO DA PSICOLOGIA: A NOVA VISÃO SOBRE A CONSCIÊNCIA 
 
 James afirmava "A psicologia é a ciência da vida mental, abrangendo tanto os seus fenômenos 
como suas condições". 
Fenômenos = o objeto de estudo da Ps i devia ser buscado na experiência imediata. 
Condições = importância do corpo na vida mental (cérebro principa lmente). 
 A consciência deve ser analisada no ambiente natural, que é o físico do ser humano. Isso é um 
pensamento exclus ivo de James. 
 As experiências conscientes são apenas experiências conscientes , e não conjuntos de 
elementos . 
 
 A descoberta dos elementos mínimos da consciência por meio de uma anál ise 
INSTROSPECTIVA não demonstrava que eles existiam de fato, mesmo com um observador TREINADO! 
Os ps icólogos realizam leituras da experiência com base na sua posição sistemática e seu ponto de vista. 
Uma pessoa treinada tem uma percepção melhor do que a não -treinada ; o fato de ela ter uma 
capacidade de analisar suas experiências conscientes em um laboratório não implica que os elementos 
que ela relatou são os mesmos para outras pessoas expostas à mesma experiência ("fa lácia dos 
ps icólogos"). 
 
 Contradizendo Wundt: As sensações simples não existem na experiência consciente, mas são 
apenas resultados de um processo retorcido de inferência ou abstração. "Ninguém experimenta uma 
sensação simples por s i próprio. A consciência gera uma imensa multiplicidade de objetos e relações ." 
 
 A vida mental é uma experiência total que se modifica. A consciência é um fluxo constante e 
qualquer tentativa de dividi-la em fases temporariamente distintas , de reduzi -la a elementos , pode 
dis torcê-la = IDEIA DO FLUXO DE CONSCIÊNCIA! 
 Como a consciência está em constante mudança, é imposs ível experimentar o MESMO 
pensamento ou a mesma sensação mais de uma vez. Pode acontecer mais de uma vez, mas nunca va i 
ser idêntico. Essa diferença acontece por conta das experiências intervenientes . A CONSCIENCIA É 
DEFINIDA COMO ACUMULATICA E NÃO RECORRENTE! 
 A mente é igualmente contínua, sem interrupções abruptas no fluxo de consciências , e 
também é SELETIVA, já que somos capazes de prestar atenção somente em uma pequena parte do 
universo; FILTRA algumas experiências, COMBINA ou SEPARA outras, SELECI ONA ou REJEITA. O principal 
cri tério é a RELEVÂNCIA! 
 
 Por fim, James destacou a função ou propósito da consciência , acreditando que ela tinha 
função biológica, caso contrário não teria sobrevivido tanto tempo. Ou seja, sua função é proporcionar a 
capacidade de adaptação ao ambiente, permitindo-nos escolher. 
 
 Escolha vs Hábito! Hábitos são involuntários e inconscientes . Escolhas são intencionais e 
conscientes! 
 
OS MÉTODOS DA PSICOLOGIA 
 Como a Ps i l ida com a consciência pessoal e imediata, a INSTROSPECÇÃO d eve ser seu método 
bás ico. James sabia das dificuldades da introspecção e a aceitava mesmo cons iderando-a um método 
imperfeito de observação. No entanto, acreditava na possibilidade de uma verificação mais apurada! 
 Embora não usasse amplamente o método EXPERIMENTAL, cons iderava -o um caminho 
importante para o conhecimento psicológico, especialmente nas pesquisas ps icofís icas (percepção 
espacia l e memória). 
 Para complementar esses dois métodos , ele recomenda o COMPARATIVO. 
 
Seus métodos mostram a principal diferença entre a Psi Estrutural e a Funcional : enquanto a 
primeira só aceita a introspecção, a segunda aceita e adota outras metodologias , e esse ecletismo 
ampl iou a Ps i americana. 
O PRAGMATISMO: Era, para James, importante na Psi. Doutrina que va lida as ideias/conceitos segundo 
suas consequências práticas . "Se funcionar, é verdadeiro". 
 
A TEORIA DAS EMOÇÕES 
 Os ps icólogos diziam que a experiência mental subjetiva da emoção vinha antes da 
expressão/ação corpora l . Você vê um animal , sente medo e foge. 
James inverteu a ordem, principalmente se tratando de emoções "grosseiras". Você vê um animal, corre 
e então sente o medo. 
 Ele defendeu isso partindo da ideia de que, quando não ocorrem a l terações fís icas (ex. 
acelerar batimento), não há emoções . 
 
O EU DE TRÊS PARTES 
- Eu material: tudo que chamamos de pessoal, como nosso corpo, família, lar, modo de vestir*. 
"Alma, corpo e roupas". 
- Eu social: nosso reconhecimento por meio dos outros. Temos muitos eus socia is , p ois nos 
apresentamos de modos di ferentes para cada um. 
- Eu espiri tua l : Nosso interior/subjetivo. 
 
*Os ps icólogos dizem que nossa roupa é também social e espiritual, já que, segundo ela, somos vis tos , 
reconhecidos e julgados , a lém de ser uma forma de autoexpressão. 
 
O HÁBITO: Todas as criaturas vivas são "pacotes de hábitos". Os hábitos faci l i tam a execução das 
subsequentes repetições e exigem menor atenção. 
 Eles também têm implicações sociais, pois "é o que nos mantem dentro dos limites da ordem”. 
 
 Sobre a epidemia de neurastenia, ou o que James chamou de "americanite": Neurastenia era 
um estado nervoso peculiardo americano, era a falta de força nervosa, ou seja, depressão paralisante e 
perda de ânimo. Os mais educados e conscientes eram os com maior chance de sucumbirem. Adiantar a 
escolha da carreira era comum entre essas pessoas. "Creio não haver nenhum intelectual que não haja 
flertado com a ideia do suicídio". 
 
Curiosidade: Harvard foi a primeira universidade dos EUA a ministrar cursos de psi. experimental. James 
nunca foi a cursos formais , pois o primeiro curso foi o seu. 
A Fundação do Funcionalismo 
 
 Os estudiosos relacionados ao funcionalismo não ambicionavam criar uma nova escola de 
pensamento. Eles apenas iam contra as restrições e l imitações da ps icologia de Wundt e do 
estruturalismo de Titchener, e não queriam substituí-lo com outro "ismo" formal . Eles se satis faziam 
apenas em mudar a ortodoxia existente, ser substi tui r. Os motivos eram primeiramente pessoais . 
 Ass im, o funcionalismo jamais se constituiu em um sistema rígido e diferenciado formalmente. 
Não houve uma psicologia funcional única, diferente do estruturalismo. Várias ps icologias funcionais 
coexistiram, todas com interesse no estudo das funções da consciência e, consequentemente, nas 
possíveis aplicações da ps icologia aos problemas cotidianos em relaçã o ao comportamento e à 
adaptação do homem nos diferentes ambientes. A rápida evolução da psi. aplicada é a maior herança do 
funcional ismo. 
 Ironicamente, quem formal izou o movimento foi Ti tchener, quando adotou a pa lavra 
"funcional" opondo "estrutural", re ssaltando a diferença entre as duas em um artigo (e dizendo que só o 
estrutura l i smo era certo). 
 
 Nem todo o crédito da fundação se deve a Ti tchener, mas os "pais" foram fundadores 
relutantes. Dois psicólogos contribuíram diretamente na fundação: John Dewey e James Angell. William 
James que anunciou depois que os dois eram responsáveis por fundar o novo s is tema, a "escola de 
Chicago". 
 
John Dewey: 
- Trabalho de aplicação da psicologia aos problemas educacionais e fi losóficos , sendo outro 
exemplo da orientação prática de vários Ps i funcional is tas . 
- Influencia do evolucionismo: na luta pela sobrevivência , tanto a consciência como o 
comportamento trabalham para o organismo. A primeira gera o segundo adequado, permitindo a 
sobrevivência . Como consequência , a Ps i funcional se dedicou a estudar o organismo em 
funcionamento. 
- ARCO REFLEXO: conexão entre estímulo sensoria l e resposta motora. 
 Ponto de partida da Ps i funcional . Dewey cri ticava o aspecto molecular, elementar e 
reducionista psicológico do arco reflexo, por causa da distinção entre estímulo e resposta, a legando que 
não era possível reduzir o comportamento ou a experiência consciente aos componentes do mesmo. 
 A proposta do arco reflexo dizia que qualquer unidade de comportamento extingue a resposta 
a um estimulo (o comportamento não depende do estímulo). 
 
 Para Dewey, o reflexo era um círculo, não um arco, pois a percepção da criança muda, 
servindo diferentes funções. A chama atrai a criança, que repele o fogo quando sente seus efei tos , 
a l terando sua percepção sobre o estímulo (chama). 
OU SEJA, a percepção e o movimento (estímulo e resposta) são uma unidade, não uma 
compos ição de sensações e respostas individuais . 
Ass im, Dewey diz que não tinha como reduzir o comportamento que se teve numa resposta 
reflexiva aos elementos sensório-motores básicos, e não tinha como analisar a consciência dividida em 
elementos . Isso fazia o comportamento perder sentido, deixando só abstrações . 
 
- O COMPORTAMENTO DEVE SER TRATADO EM TERMOS DE SEU SIGNIFICADO PARA O 
ORGANISMO, NA ADAPTAÇÃO AO AMBEINTE, e não como um constructo científico arti ficia l . 
- O OBJETO DE ESTUDO MAIS ADEQUADO PARA A PSICOLOGIA SERIA A ANÁLISE DO 
ORGANISMO INTERO E SEU FUNCIONAMENTO NO AMBIENTE. 
 
PS: Dewey jamais chamou sua psicologia de funcionalismo. Não acreditava que a estrutura e a função 
tivessem sentido separadamente, apesar de atacar o estrutura l i smo. Sua importância foi mais com 
relação à influência . 
 
 
James Rowland Angell 
- Seu l ivro incorpora a abordagem funcionalista: Angell a fi rma ser fu nção da consciência a 
melhoria da capacidade de adaptação do organismo. O objetivo da psicologia era estudar de que modo 
a mente auxi l ia o organismo a se adaptar ao seu ambiente. 
- ESFERA DE AÇÃO DA PSI. FUNCIONAL: Até agora, o funcionalismo só ganhou impulso quando 
foi referido como oposição. Angell então traçou as linhas da batalha entre Fu e Es, mas disse que não 
tinha a intenção de traçar novos planos! 
- Moldou o espírito do funcionalismo. Ao encaminhá-lo para o s tatus de escola formal, atribui 
o enfoque e a importância para efetivá -lo, mas continuou dizendo que não era uma escola de 
pensamento nem tinha relação com a Uni de Chicago (mas ninguém l igou pra i sso). 
- Segundo ele, a Psi Funcional não consiste em uma novidade e sim em uma parte significativa 
da ps icologia desde seu inicio. A Ps i Estrutural que se colocou à parte da forma de psicologia funcional 
mais antiga e verdadeiramente mais di fusa. 
 
- Os três principa is temas do movimento funcional is ta : 
1) Ps icologia estrutural é a psicologia dos elementos mentais . A ps icologia funcional é das 
OPERAÇÕES mentais, com a tarefa de descobrir o modus operanti, as realizações e as condições sob as 
quais ocorrem os processos mentais . 
2) Ps icologia funcional é a das utilidades fundamentais da consciência, que é um instrumento 
UTILITÁRIO, pois faz a mediação entre necess idade do organismo e condições do ambiente. 
 As estruturas e as funções orgânicas existem para permiti r que o organismo se adapte ao 
ambiente para sobreviver. A consciência sobrevive para executar a lguma função essencia l para o 
organismo, e os psicólogos deviam descobrir qual era essa função (tanto a da consciência quanto dos 
processos mentais , como julgamento e vontade) 
3) Ps icologia funcional é a das relações psicofísicas (mente-corpo) e dedica-se ao estudo de 
todas as relações organismo-ambiente. Não há dis tinção entre mente e corpo, todos pertencem à 
mesma classe e há faci l idade de transferência entre eles . 
 
 
+ O funcional ismo empregava pesquisas em animais e humanos . 
+ A escola funcionalista de Chicago transferiu o estudo da mente e da consciência subjetiva 
para o do comportamento objetivo e patente. 
+ O funcionalismo ajudou a redefinir a psicologia americana, que focou no comportamento e 
el iminou o estudo da mente como um todo. Criaram uma ponte entre a Psi estruturalista de Ti tchener e 
a Ps i comportamental de Watson. 
 
Funcionalismo na Columbia University: Não existiu uma forma única de ps icologia funcional . Outro 
ponto de vis ta vinha da Columbia Uni : Robert Woodworth. 
 
- Não pertencia formalmente ao funcionalismo como Carr e Angell. Não gostava das restrições 
que os membros das escolas impunham. Porém, grande parte do trabalho que escreveu sobre psicologia 
segue um espírito funcionalista da escola da Chicago e introduziu um importante ponto de vis ta . / 
Contribuição na formação de destino da psicologia científica e integrou e organizou o conhecimento 
ps icológico. 
- Dizia que sua abordagem não tinha nenhuma novidade e que era a mesma dos melhores 
ps icólogos . 
O conhecimento psicológico começa com uma investigação sobre a natureza do estímulo e das 
respostas (fatores externos), mas considerar só i sso pra explicar o comportamento faz perder o mais 
importante, que é o organismo vivo. O estímulo não é a única causade uma resposta, pois o organismo, 
de acordo com seus níveis de energias e experiências , também atua para determiná -la . 
 
 Sendo assim, Woodworth sugere que o objeto de estudo da psicologia é tanto a consciência 
quanto o comportamento. 
 Ele também aceita a introspecção como ferramenta, pois o que ocorre dentro do organismo só 
pode ser conhecido ass im.