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Proc Civil - A9

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Processo Civil - Competência 
 
 
Composição coativa dos litígios é função privativa do Estado Moderno. 
Como função estatal a jurisdição é una, mas sua aplicação prática exige o concurso de diversos 
órgãos do Poder Público. 
A jurisdição tem como limites, território - Estado e a competência, que estabelece as regras que 
disciplinam a atividade jurisdicional. 
A competência é justamente o critério de distribuir aos diversos órgãos do Poder Judiciário, as 
atribuições relativas ao desempenho da jurisdição. 
 
É a medida da jurisdição, isto é a determinação da esfera de atribuições dos órgãos encarregados 
da função jurisdicional. 
O juiz exerce sua atividade jurisdicional no limite de sua competência. 
Todo o juiz tem jurisdição, mas nem todo juiz tem competência para conhecer e julgar 
determinado litígio, só o juiz competente tem legitimidade para fazê-lo. 
 
Distribuição da competência: de maneira geral traçada pela CF/88. 
Faz-se por meio de; 
� Normas constitucionais; arcabouço de toda estrutura do poder judiciário. Atribuições do 
STF (art. 102), do STJ (art. 105), da Justiça Federal (arts. 108 e 109), bem ainda das justiças 
especiais (Eleitoral, Militar, e Trabalhista – art. 114, 121 e 124). 
� competência da justiça estadual, com feição residual, de maneira que a legislação das 
Justiças locais, é feita pelos mesmos. 
� Leis processuais 
� Organização judiciária 
 
Classificação da competência 
 
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Legislador selecionou abstratamente algumas espécies de lides que, com exclusividade, ou não, 
são atribuídas à justiça brasileira. Chama-se competência internacional (art. 88 à 90 do CPC). 
 
Assim: 
 
1- COMPETÊNCIA INTERNACIONAL: CPC - ARTS. - 89 a 90: 
Trata o nosso código no mesmo conteúdo, da jurisdição e da competência internacional, define as 
causas que a justiça brasileira deverá conhecer e decidir. 
 
2- COMPETÊNCIA INTERNA: CPC - ARTS. 91 A 124: 
Aponta os órgãos locais que se incumbirão especificamente da tarefa de conhecimento das causas 
à ele atribuídas, em cada caso concreto. 
 
Competência internacional 
Os arts. 88 e 89 do CPC traçam, objetivamente no espaço, os limites da jurisdição dos tribunais 
brasileiros diante da jurisdição dos órgãos de outros países. 
Só há jurisdição onde o Estado efetivamente consegue executar com soberania suas sentenças (a 
jurisdição é limitada pelo princípio da efetividade). 
 
Espécies de Competência Internacional 
 
A competência da justiça brasileira em face da estrangeira pode ser: 
 
1- CUMULATIVA OU CONCORRENTE: 
Pode ser ajuizada, aqui ou em território alheio CPC - ART. 88 
A eventual existência de uma ação ajuizada sobre a mesma lide, perante tribunal estrangeiro, não 
induz a litispendência, nem obsta a que a autoridade judiciária conheça das mesmas causas e 
das que lhe são conexas; salvo se já ocorreu a res iudicata, sendo então lícito a parte pedir a 
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homologação do julgado estrangeiro, para produzir pleno efeito no território nacional. CPC - ART. 
90. 
Vale tanto sentença brasileira como a estrangeira, homologada pelo STF. O STF só homologa se a 
sentença puder ter sido prolatada aqui no Brasil, verificando, em tese, se o Poder Judiciário 
nacional pode acolher a inicial que gerou a sentença, dando sentença similar. 
 
2- EXCLUSIVA: 
Somente aqui as ações podem ser ajuizadas - CPC - ART. 89: 
Não produz efeitos de coisa julgada estrangeira em questão de competência exclusiva da 
jurisdição brasileira, tal sentença não poderá ser homologada. 
Há a preservação da soberania nacional. 
O que não for exclusiva, será automaticamente concorrente, residual. 
 
Competência interna 
Divide a função jurisdicional entre os vários órgãos da justiça nacional, com base nos seguintes 
pontos: 
Organismos autônomos: formam as várias justiças previstas pela Constituição. 
Duplo grau de jurisdição: em cada justiça há órgãos superiores e inferiores 
Território nacional e Estados: divididos em: Seções Judiciárias e Comarcas 
Possibilidade de juízes auxiliares e substitutos, não vitalícios e de competência reduzida. 
 
Segundo Araújo Cintra, Ada Grinover e Cândido Dinamarco, a operação á ser realizada para 
determinação da competência interna deve obedecer á critérios: 
1) Qual a Justiça competente (competência da Justiça). 
2) Dentro da justiça competente, a causa cabe ao órgão superior ou inferior (competência 
originária). 
3) Se a atribuição é do órgão do primeiro grau de jurisdição, qual a comarca ou seção judiciária 
competente (competência de foro). 
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4) Se há mais de um órgão de primeiro grau com as mesmas atribuições judiciais, qual a vara 
competente (competência de juízo). 
5) Quando numa mesma Vara ou Tribunal servem vários juízes, qual ou quais deles serão 
competentes (competência de juízo). 
6) A competência para conhecer do recurso é do próprio órgão, que decidiu originariamente ou 
de órgão superior (competência recursal). 
 
Competência em matéria civil 
Pela natureza da relação jurídica substancial litigiosa que se faz a distribuição de competência 
entre as várias Justiças do sistema judiciário nacional. 
A competência da justiça civil é residual, excluídas as matérias atribuídas às Justiças Militar, 
Trabalhista, Militar e Eleitoral. 
Duas são as Justiças que se encarregam do exercício da jurisdição em matéria civil: Federal e dos 
Estados. 
 
A justiça federal e comum compõe-se de órgãos superiores e inferiores, dividindo-se em seções 
territoriais ou comarcas (artigo 109 da CF/88, incisos e parágrafos). 
A Justiça Federal no quadro geral do sistema judiciário é um órgão especial da justiça ordinária, 
em contraposição às verdadeiras justiças estaduais. 
 
Competência Residual das Justiças Estaduais 
Questões não atribuídas à justiça federal, são de competência da justiça estadual 
A própria Constituição faz esta atribuição (art. 109, parágrafo 3° da CF/88). Causas que 
envolvam segurados, massa falida,litígios relativos à acidentes do trabalho, e outras causas 
onde não haja a justiça federal especializada. 
 
Critérios para determinação da competência interna 
 
 
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São critérios para distribuir o processamento e julgamento dos órgãos superiores e inferiores, 
nas mais diversas comarcas do Poder Judiciário. 
 
1- OBJETIVOS: 
Funda-se no valor da causa, natureza da causa, ou na qualidade das partes; 
2- FUNCIONAL: 
Atende as normas que regulam a atribuição dos diversos órgãos e seus componentes 
(observando as fases do processo e procedimento). 
3- TERRITORIAL: 
Resposta aos limites territoriais em que cada órgão judicante pode exercer sua atividade 
jurisdicional (baseia-se ora no domicílio da parte, ora na situação da coisa, ora no local onde 
ocorreu o fato jurídico). 
 
Sistema de competência adotado pelo código de processo civil, que leva em consideração ora os 
elementos da lide, ora os dados do processo. 
1- RAZÃO DO VALOR DA CAUSA (art. 91 CPC); 
2- RAZÃO DA MATÉRIA (art. 91 CPC); 
3- RAZÃO DA FUNÇÃO – FUNCIONAL (art. 93 CPC) ; 
4- RAZÃO DO TERRITÓRIO – TERRITORIAL (arts. 94 – 100 CPC) . 
 
1- COMPETÊNCIA EM RAZÃO DO VALOR DA CAUSA: 
Toda a causa será atribuído um valor, devendo sempre constar da inicial (art. 258 CPC). 
 
Causas sujeitas aos juizados especiais (Lei 9.099/95), sujeitam-se dentre outros critérios, ao de 
40 salários mínimos. 
Competência relativa pode ser modificada pelas partes (exceções: conexão e continência). É 
relativa do valor maior para o menor, nunca do menor para o maior (critério absoluto - CPC - ART. 
258). 
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Conforme o valor da causa, podem as normas de Organização Judiciária atribuí-las acompetência de outro órgão judicante não regulado pelo CPC. 
 
2- COMPETÊNCIA EM RAZÃO DA MATÉRIA: 
O juiz só tem competência para julgar matérias definidas em lei. Ex: Justiça do Trabalho. É 
competência absoluta (não pode ser modificada por critério nenhum). 
Matéria em litígio: aquela de direito material controvertido (atribuindo o à causa ou a justiça 
federal ou local), mas no foro é possível a subordinação entre várias especialidades. 
A competência material - ratione materiae - está afeta à Organização Judiciária, ressalvados os 
casos do CPC CPC - ART. 91. 
O artigo 92, inciso II, interfere na fixação da competência, e quando fala em insolvência, é tanto 
a insolvência civil como a comercial e ações concernentes ao estado da pessoa. As causas deste 
artigo não podem ser atribuídas aos juízes de investidura temporária, auxiliares e substitutos sem 
as garantias constitucionais dos juízes togados e vitalícios. Observada a regra deste artigo, é 
regra geral que cada Estado pode legislar em competência em razão do valor da matéria, via 
Código de Organização Judiciária. 
 
3- COMPETÊNCIA FUNCIONAL: 
Repartição das atividades jurisdicionais entre os diversos órgãos que devam atuar dentro de um 
mesmo processo. 
É competência absoluta: competência do segundo grau de jurisdição (não podem ser 
modificadas). 
Rege-se pelas Constituição, Código de Organização Judiciária e os Regimentos Internos dos 
Tribunais (CPC - ART. 93). 
 
A competência funcional classifica-se em: 
a) fase do procedimento: quando, por exemplo, atos de execução (expropriação de bens), ou 
oitivas de testemunhas fora da comarca tiverem de ser praticados. 
b) grau de jurisdição: casos de competência originária dos Tribunais Superiores (exemplo ação 
rescisória e competência recursal) 
c) competência funcional do juízo: exemplo de julgamento em Tribunal (Câmara e Pleno). 
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4- COMPETÊNCIA TERRITORIAL: 
FORO: local onde o juiz exerce suas funções. 
 
FORO COMPETENTE: é a circunscrição territorial - seção judiciária ou comarca - onde 
determinada causa deve ser proposta (Regula-se pelo CPC). 
É atribuída aos diversos órgãos jurisdicionais levando em conta a divisão do território nacional 
em circunscrições judiciárias. 
Competência territorial é a competência de foro. 
Distribuição interna dessa competência: competência de juiz, pertinente a matéria da 
organização judiciária. 
 
JUIZ COMPETENTE: É aquele que entre os vários existentes na mesma circunscrição, que deve 
tomar conhecimento da causa para processá-la e julgá-la. Regula-se pela Organização Judiciária 
local. 
CUMULATIVIDADE DE JUÍZES COMPETENTES: circunscrição com vários juízes, a cada um se atribui 
uma vara - juízo. O mesmo ocorre no 2° grau de jurisdição. 
 
� COMPETÊNCIA TERRITORIAL - FORO GERAL OU COMUM: É o do domicílio do réu, que se 
aplica as pessoas jurídicas, para todas a causa não subordinadas ao foro especial (arts. 94, 
99 e 100, IV, todos do CPC). DOMICÍLIO: lugar onde a pessoa se estabelece com ânimo 
definitivo, pessoas físicas, ou, onde funcionam as respectivas diretorias ou administração, 
onde elegerem o domicílio especial nos seus estatutos e atos constitutivos (art. 70 CC/02 e 
75 CC/02). 
 
� COMPETÊNCIA TERRITORIAL - FORO SUBSIDIÁRIO OU SUPLETIVO: São regras 
estabelecidas quando o domicílio do réu for múltiplo, incerto ou ignorado (CPC- ART. 94 e 
seus parágrafos). Assim, temos respectivamente, domicílio múltiplo, incerto e ignorado, 
no estrangeiro (observe-se a regra dos bens imóveis - artigo 95 CPC) e vários réus com 
vários domicílios. 
 
� COMPETÊNCIA TERRITORIAL - FORO ESPECIAL: 
- AÇÕES REAIS IMOBILIÁRIAS: FORUM REI SITA: 
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Não basta que seja imóvel, deve versar sobre direito real (reivindicatória, divisória, usucapião - 
CPC - ART. 95 e 111). 
Regra geral: competência territorial é relativa, mas torna-se absoluta quando versar, 2ª parte 
do artigo 95: “... não recaindo o litígio sobre direito de propriedade, vizinhança, servidão, posse, 
divisão e demarcação de terras e nunciação de obra nova.” 
Para as demais ações reais imobiliárias, fora a exceção apresentada, pode optar-se pelo foro do 
domicílio comum ou pelo de eleição contratual. 
Imóvel litigioso: situado em mais de uma circunscrição judiciária, será competente, para as ações 
reais a ele relativas, qualquer uma das circunscrições, fixando-a pelo critério da prevenção (CPC - 
ART. 107). 
 
- INVENTÁRIO, PARTILHA E AUSÊNCIA: O juízo do inventário é universal, além do 
processo sucessório, atrai para si a competência especial relativa a todas as ações 
que o espólio seja réu, e havendo incerteza, prevalecem os foros subsidiários 9art. 
96 CPC – INCISOS). Esta competência é de foro e não de juízo. 
Se o espólio autor da causa não há atração do juízo universal do inventário, será 
então o foro comum ou algum outro especial. A ausência inclui a arrecadação de 
bens e a sucessão provisória e definitiva (CPC - ART. 96 e 97). 
 
UNIÃO E DOS TERRITÓRIOS FEDERAIS: A União tem foro especial e privilegiado, e, por isto, deve 
ser entendido o artigo 99 do CPC, juntamente com o artigo 109 da CF/88. Assim, se autora, a 
União, proporá a ação perante a justiça federal na seção judiciária onde tiver o réu seu 
domicílio. 
Se ré a União, o autor pode optar: 
 
� Distrito Federal; 
� Secção judiciária onde tiver ocorrido o fato ou ato; que deu origem a 
demanda; 
� Seção judiciária onde o autor tiver sua residência; 
� Seção judiciária onde estiver situada a coisa litigiosa. 
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� Autarquias e Empresas Pública federais são também jurisdicionadas pela 
justiça federal, seguem as normas jurídicas das demais pessoas jurídicas. 
CPC- ART. 99 e 100. 
� Executivos fiscais da União e benefícios previdenciários, exceção 
constitucional ajuizar perante as justiças locais. 
� Causa entre terceiros iniciada em foro estranho ao da União e Territórios, se 
na causa estes tiverem que intervir, desloca-se a competência em razão 
desse interesse. 
 
� COMPETÊNCIA TERRITORIAL: FOROS RATIONE PERSONAE- competência especial. 
 
O artigo 100 do CPC estabeleceu três casos de foros especiais, em busca da melhor tutela a 
interesse da parte. São competências especiais: 
 
� FORO DA RESIDÊNCIA DA MULHER: Para separação e anulação de casamento - seja 
autora ou ré, trata-se de competência relativa, não absoluta, podendo se prorrogar:- 
Quando a mulher abre mão desse privilégio e propõe a ação no foro do marido; Deixa a 
mulher de opor exceção de incompetência, quando o marido propõe a ação em foro 
diverso. Mesma regra é válida para o caso de ação direta de divórcio. 
 
� FORO DA RESIDÊNCIA OU DOMICÍLIO DO ALIMENTANTE: pode optar o autor pelo for 
comum, o domicílio do réu. 
- FORO DO DEVEDOR: CPC- ART. 100, inciso III 
 
 
� COMPETÊNCIA TERRITORIAL: PESSOA JURÍDICA: Pessoas jurídicas de direito público e 
privado, sujeitam-se a regra geral: competência do domicílio do réu. Pessoas jurídicas, 
sede, agência ou sucursal. Sociedades de fato, onde exercem suas atividades principais. 
CPC. - ART. 100, IV. 
 
 
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� COMPETÊNCIA TERRITORIAL: MATÉRIA RELATIVA À OBRIGAÇÕES: Obrigações 
contratuais, foro do local onde a obrigação deve ser satisfeita para ação que lhe exige o 
cumprimento, pode o credor escolher o de seu domicílio ou o foro geral. CPC. - ART. 100, 
IV, “d”. 
 
� COMPETÊNCIA TERRITORIAL: LUGAR DO ATO OU FATO: São: 
- forum delicti comissi (art. 100, parágrafo único) - foro do lugar em que o ato ilícito 
se deu, se for em razão de acidente automobilístico, o autor pode optar entre seu 
domicílio, o do lugar do fato, ou, ainda, o comum do domicílio do réu. 
- réu administradorou gestor de negócio: foro do réu ou local onde praticou a 
gestão. CPC. - ART. 100, V. 
 
Arbitragem (Lei 9.307/96): a lei de arbitragem prevê para o caso de divergência entre as partes, 
foro onde a causa seria proposta, não houvesse o laudo de compromisso arbitral (arts. 6° e 7° da 
lei). 
Idoso: (Lei 10.741/03): competência absoluta, ressalvados os casos da Justiça Federal.

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