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1 Processo Civil - Competência Composição coativa dos litígios é função privativa do Estado Moderno. Como função estatal a jurisdição é una, mas sua aplicação prática exige o concurso de diversos órgãos do Poder Público. A jurisdição tem como limites, território - Estado e a competência, que estabelece as regras que disciplinam a atividade jurisdicional. A competência é justamente o critério de distribuir aos diversos órgãos do Poder Judiciário, as atribuições relativas ao desempenho da jurisdição. É a medida da jurisdição, isto é a determinação da esfera de atribuições dos órgãos encarregados da função jurisdicional. O juiz exerce sua atividade jurisdicional no limite de sua competência. Todo o juiz tem jurisdição, mas nem todo juiz tem competência para conhecer e julgar determinado litígio, só o juiz competente tem legitimidade para fazê-lo. Distribuição da competência: de maneira geral traçada pela CF/88. Faz-se por meio de; � Normas constitucionais; arcabouço de toda estrutura do poder judiciário. Atribuições do STF (art. 102), do STJ (art. 105), da Justiça Federal (arts. 108 e 109), bem ainda das justiças especiais (Eleitoral, Militar, e Trabalhista – art. 114, 121 e 124). � competência da justiça estadual, com feição residual, de maneira que a legislação das Justiças locais, é feita pelos mesmos. � Leis processuais � Organização judiciária Classificação da competência 2 Legislador selecionou abstratamente algumas espécies de lides que, com exclusividade, ou não, são atribuídas à justiça brasileira. Chama-se competência internacional (art. 88 à 90 do CPC). Assim: 1- COMPETÊNCIA INTERNACIONAL: CPC - ARTS. - 89 a 90: Trata o nosso código no mesmo conteúdo, da jurisdição e da competência internacional, define as causas que a justiça brasileira deverá conhecer e decidir. 2- COMPETÊNCIA INTERNA: CPC - ARTS. 91 A 124: Aponta os órgãos locais que se incumbirão especificamente da tarefa de conhecimento das causas à ele atribuídas, em cada caso concreto. Competência internacional Os arts. 88 e 89 do CPC traçam, objetivamente no espaço, os limites da jurisdição dos tribunais brasileiros diante da jurisdição dos órgãos de outros países. Só há jurisdição onde o Estado efetivamente consegue executar com soberania suas sentenças (a jurisdição é limitada pelo princípio da efetividade). Espécies de Competência Internacional A competência da justiça brasileira em face da estrangeira pode ser: 1- CUMULATIVA OU CONCORRENTE: Pode ser ajuizada, aqui ou em território alheio CPC - ART. 88 A eventual existência de uma ação ajuizada sobre a mesma lide, perante tribunal estrangeiro, não induz a litispendência, nem obsta a que a autoridade judiciária conheça das mesmas causas e das que lhe são conexas; salvo se já ocorreu a res iudicata, sendo então lícito a parte pedir a 3 homologação do julgado estrangeiro, para produzir pleno efeito no território nacional. CPC - ART. 90. Vale tanto sentença brasileira como a estrangeira, homologada pelo STF. O STF só homologa se a sentença puder ter sido prolatada aqui no Brasil, verificando, em tese, se o Poder Judiciário nacional pode acolher a inicial que gerou a sentença, dando sentença similar. 2- EXCLUSIVA: Somente aqui as ações podem ser ajuizadas - CPC - ART. 89: Não produz efeitos de coisa julgada estrangeira em questão de competência exclusiva da jurisdição brasileira, tal sentença não poderá ser homologada. Há a preservação da soberania nacional. O que não for exclusiva, será automaticamente concorrente, residual. Competência interna Divide a função jurisdicional entre os vários órgãos da justiça nacional, com base nos seguintes pontos: Organismos autônomos: formam as várias justiças previstas pela Constituição. Duplo grau de jurisdição: em cada justiça há órgãos superiores e inferiores Território nacional e Estados: divididos em: Seções Judiciárias e Comarcas Possibilidade de juízes auxiliares e substitutos, não vitalícios e de competência reduzida. Segundo Araújo Cintra, Ada Grinover e Cândido Dinamarco, a operação á ser realizada para determinação da competência interna deve obedecer á critérios: 1) Qual a Justiça competente (competência da Justiça). 2) Dentro da justiça competente, a causa cabe ao órgão superior ou inferior (competência originária). 3) Se a atribuição é do órgão do primeiro grau de jurisdição, qual a comarca ou seção judiciária competente (competência de foro). 4 4) Se há mais de um órgão de primeiro grau com as mesmas atribuições judiciais, qual a vara competente (competência de juízo). 5) Quando numa mesma Vara ou Tribunal servem vários juízes, qual ou quais deles serão competentes (competência de juízo). 6) A competência para conhecer do recurso é do próprio órgão, que decidiu originariamente ou de órgão superior (competência recursal). Competência em matéria civil Pela natureza da relação jurídica substancial litigiosa que se faz a distribuição de competência entre as várias Justiças do sistema judiciário nacional. A competência da justiça civil é residual, excluídas as matérias atribuídas às Justiças Militar, Trabalhista, Militar e Eleitoral. Duas são as Justiças que se encarregam do exercício da jurisdição em matéria civil: Federal e dos Estados. A justiça federal e comum compõe-se de órgãos superiores e inferiores, dividindo-se em seções territoriais ou comarcas (artigo 109 da CF/88, incisos e parágrafos). A Justiça Federal no quadro geral do sistema judiciário é um órgão especial da justiça ordinária, em contraposição às verdadeiras justiças estaduais. Competência Residual das Justiças Estaduais Questões não atribuídas à justiça federal, são de competência da justiça estadual A própria Constituição faz esta atribuição (art. 109, parágrafo 3° da CF/88). Causas que envolvam segurados, massa falida,litígios relativos à acidentes do trabalho, e outras causas onde não haja a justiça federal especializada. Critérios para determinação da competência interna 5 São critérios para distribuir o processamento e julgamento dos órgãos superiores e inferiores, nas mais diversas comarcas do Poder Judiciário. 1- OBJETIVOS: Funda-se no valor da causa, natureza da causa, ou na qualidade das partes; 2- FUNCIONAL: Atende as normas que regulam a atribuição dos diversos órgãos e seus componentes (observando as fases do processo e procedimento). 3- TERRITORIAL: Resposta aos limites territoriais em que cada órgão judicante pode exercer sua atividade jurisdicional (baseia-se ora no domicílio da parte, ora na situação da coisa, ora no local onde ocorreu o fato jurídico). Sistema de competência adotado pelo código de processo civil, que leva em consideração ora os elementos da lide, ora os dados do processo. 1- RAZÃO DO VALOR DA CAUSA (art. 91 CPC); 2- RAZÃO DA MATÉRIA (art. 91 CPC); 3- RAZÃO DA FUNÇÃO – FUNCIONAL (art. 93 CPC) ; 4- RAZÃO DO TERRITÓRIO – TERRITORIAL (arts. 94 – 100 CPC) . 1- COMPETÊNCIA EM RAZÃO DO VALOR DA CAUSA: Toda a causa será atribuído um valor, devendo sempre constar da inicial (art. 258 CPC). Causas sujeitas aos juizados especiais (Lei 9.099/95), sujeitam-se dentre outros critérios, ao de 40 salários mínimos. Competência relativa pode ser modificada pelas partes (exceções: conexão e continência). É relativa do valor maior para o menor, nunca do menor para o maior (critério absoluto - CPC - ART. 258). 6 Conforme o valor da causa, podem as normas de Organização Judiciária atribuí-las acompetência de outro órgão judicante não regulado pelo CPC. 2- COMPETÊNCIA EM RAZÃO DA MATÉRIA: O juiz só tem competência para julgar matérias definidas em lei. Ex: Justiça do Trabalho. É competência absoluta (não pode ser modificada por critério nenhum). Matéria em litígio: aquela de direito material controvertido (atribuindo o à causa ou a justiça federal ou local), mas no foro é possível a subordinação entre várias especialidades. A competência material - ratione materiae - está afeta à Organização Judiciária, ressalvados os casos do CPC CPC - ART. 91. O artigo 92, inciso II, interfere na fixação da competência, e quando fala em insolvência, é tanto a insolvência civil como a comercial e ações concernentes ao estado da pessoa. As causas deste artigo não podem ser atribuídas aos juízes de investidura temporária, auxiliares e substitutos sem as garantias constitucionais dos juízes togados e vitalícios. Observada a regra deste artigo, é regra geral que cada Estado pode legislar em competência em razão do valor da matéria, via Código de Organização Judiciária. 3- COMPETÊNCIA FUNCIONAL: Repartição das atividades jurisdicionais entre os diversos órgãos que devam atuar dentro de um mesmo processo. É competência absoluta: competência do segundo grau de jurisdição (não podem ser modificadas). Rege-se pelas Constituição, Código de Organização Judiciária e os Regimentos Internos dos Tribunais (CPC - ART. 93). A competência funcional classifica-se em: a) fase do procedimento: quando, por exemplo, atos de execução (expropriação de bens), ou oitivas de testemunhas fora da comarca tiverem de ser praticados. b) grau de jurisdição: casos de competência originária dos Tribunais Superiores (exemplo ação rescisória e competência recursal) c) competência funcional do juízo: exemplo de julgamento em Tribunal (Câmara e Pleno). 7 4- COMPETÊNCIA TERRITORIAL: FORO: local onde o juiz exerce suas funções. FORO COMPETENTE: é a circunscrição territorial - seção judiciária ou comarca - onde determinada causa deve ser proposta (Regula-se pelo CPC). É atribuída aos diversos órgãos jurisdicionais levando em conta a divisão do território nacional em circunscrições judiciárias. Competência territorial é a competência de foro. Distribuição interna dessa competência: competência de juiz, pertinente a matéria da organização judiciária. JUIZ COMPETENTE: É aquele que entre os vários existentes na mesma circunscrição, que deve tomar conhecimento da causa para processá-la e julgá-la. Regula-se pela Organização Judiciária local. CUMULATIVIDADE DE JUÍZES COMPETENTES: circunscrição com vários juízes, a cada um se atribui uma vara - juízo. O mesmo ocorre no 2° grau de jurisdição. � COMPETÊNCIA TERRITORIAL - FORO GERAL OU COMUM: É o do domicílio do réu, que se aplica as pessoas jurídicas, para todas a causa não subordinadas ao foro especial (arts. 94, 99 e 100, IV, todos do CPC). DOMICÍLIO: lugar onde a pessoa se estabelece com ânimo definitivo, pessoas físicas, ou, onde funcionam as respectivas diretorias ou administração, onde elegerem o domicílio especial nos seus estatutos e atos constitutivos (art. 70 CC/02 e 75 CC/02). � COMPETÊNCIA TERRITORIAL - FORO SUBSIDIÁRIO OU SUPLETIVO: São regras estabelecidas quando o domicílio do réu for múltiplo, incerto ou ignorado (CPC- ART. 94 e seus parágrafos). Assim, temos respectivamente, domicílio múltiplo, incerto e ignorado, no estrangeiro (observe-se a regra dos bens imóveis - artigo 95 CPC) e vários réus com vários domicílios. � COMPETÊNCIA TERRITORIAL - FORO ESPECIAL: - AÇÕES REAIS IMOBILIÁRIAS: FORUM REI SITA: 8 Não basta que seja imóvel, deve versar sobre direito real (reivindicatória, divisória, usucapião - CPC - ART. 95 e 111). Regra geral: competência territorial é relativa, mas torna-se absoluta quando versar, 2ª parte do artigo 95: “... não recaindo o litígio sobre direito de propriedade, vizinhança, servidão, posse, divisão e demarcação de terras e nunciação de obra nova.” Para as demais ações reais imobiliárias, fora a exceção apresentada, pode optar-se pelo foro do domicílio comum ou pelo de eleição contratual. Imóvel litigioso: situado em mais de uma circunscrição judiciária, será competente, para as ações reais a ele relativas, qualquer uma das circunscrições, fixando-a pelo critério da prevenção (CPC - ART. 107). - INVENTÁRIO, PARTILHA E AUSÊNCIA: O juízo do inventário é universal, além do processo sucessório, atrai para si a competência especial relativa a todas as ações que o espólio seja réu, e havendo incerteza, prevalecem os foros subsidiários 9art. 96 CPC – INCISOS). Esta competência é de foro e não de juízo. Se o espólio autor da causa não há atração do juízo universal do inventário, será então o foro comum ou algum outro especial. A ausência inclui a arrecadação de bens e a sucessão provisória e definitiva (CPC - ART. 96 e 97). UNIÃO E DOS TERRITÓRIOS FEDERAIS: A União tem foro especial e privilegiado, e, por isto, deve ser entendido o artigo 99 do CPC, juntamente com o artigo 109 da CF/88. Assim, se autora, a União, proporá a ação perante a justiça federal na seção judiciária onde tiver o réu seu domicílio. Se ré a União, o autor pode optar: � Distrito Federal; � Secção judiciária onde tiver ocorrido o fato ou ato; que deu origem a demanda; � Seção judiciária onde o autor tiver sua residência; � Seção judiciária onde estiver situada a coisa litigiosa. 9 � Autarquias e Empresas Pública federais são também jurisdicionadas pela justiça federal, seguem as normas jurídicas das demais pessoas jurídicas. CPC- ART. 99 e 100. � Executivos fiscais da União e benefícios previdenciários, exceção constitucional ajuizar perante as justiças locais. � Causa entre terceiros iniciada em foro estranho ao da União e Territórios, se na causa estes tiverem que intervir, desloca-se a competência em razão desse interesse. � COMPETÊNCIA TERRITORIAL: FOROS RATIONE PERSONAE- competência especial. O artigo 100 do CPC estabeleceu três casos de foros especiais, em busca da melhor tutela a interesse da parte. São competências especiais: � FORO DA RESIDÊNCIA DA MULHER: Para separação e anulação de casamento - seja autora ou ré, trata-se de competência relativa, não absoluta, podendo se prorrogar:- Quando a mulher abre mão desse privilégio e propõe a ação no foro do marido; Deixa a mulher de opor exceção de incompetência, quando o marido propõe a ação em foro diverso. Mesma regra é válida para o caso de ação direta de divórcio. � FORO DA RESIDÊNCIA OU DOMICÍLIO DO ALIMENTANTE: pode optar o autor pelo for comum, o domicílio do réu. - FORO DO DEVEDOR: CPC- ART. 100, inciso III � COMPETÊNCIA TERRITORIAL: PESSOA JURÍDICA: Pessoas jurídicas de direito público e privado, sujeitam-se a regra geral: competência do domicílio do réu. Pessoas jurídicas, sede, agência ou sucursal. Sociedades de fato, onde exercem suas atividades principais. CPC. - ART. 100, IV. 10 � COMPETÊNCIA TERRITORIAL: MATÉRIA RELATIVA À OBRIGAÇÕES: Obrigações contratuais, foro do local onde a obrigação deve ser satisfeita para ação que lhe exige o cumprimento, pode o credor escolher o de seu domicílio ou o foro geral. CPC. - ART. 100, IV, “d”. � COMPETÊNCIA TERRITORIAL: LUGAR DO ATO OU FATO: São: - forum delicti comissi (art. 100, parágrafo único) - foro do lugar em que o ato ilícito se deu, se for em razão de acidente automobilístico, o autor pode optar entre seu domicílio, o do lugar do fato, ou, ainda, o comum do domicílio do réu. - réu administradorou gestor de negócio: foro do réu ou local onde praticou a gestão. CPC. - ART. 100, V. Arbitragem (Lei 9.307/96): a lei de arbitragem prevê para o caso de divergência entre as partes, foro onde a causa seria proposta, não houvesse o laudo de compromisso arbitral (arts. 6° e 7° da lei). Idoso: (Lei 10.741/03): competência absoluta, ressalvados os casos da Justiça Federal.
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