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RESUMO DAS ESTAÇÕES DE ENSINO MÉDIO

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RESUMO DAS ESTAÇÕES DE ENSINO MÉDIO
Estação 1
 O Circuito Inicial de uma disciplina é a sua porta de entrada. Aqui vamos aprender os fundamentos indispensáveis à compreensão do que é a evolução plena da pessoa, a formação para a cidadania e para o trabalho. Abordaremos a questão da identidade do ensino médio e da educação profissional, principalmente na vida profissional em um mundo globalizado.
 O Ensino Médio como etapa de conclusão da Educação Básica tem merecido dos governantes diversas políticas públicas cujo foco direcional tem variado sucessivamente e sem uma continuidade necessária para construir uma identidade própria. Não sabemos qual é o nosso efetivo “porto de chegada”. Lembrando Sêneca: “Nenhum vento nos será favorável se não soubermos o porto de destino”. (Séc. IV a.C.). Em resumo, o país não fixou onde quer chegar e para o que serve o ensino médio, qual a sua verdadeira identidade?
 No Brasil, este segmento nasceu com a marca de uma dicotomia forte, onde o ensino médio propedêutico para o ensino superior tinha uma qualidade superior, enquanto a formação profissional tinha outra, embora muitas vezes colocadas como se fossem cursos de valores idênticos. Aliás, a educação, hoje chamada de educação profissional, ficou marcada ao longo da nossa história pelo modo de produção escravocrata, ou seja, durante séculos o trabalho em terras brasileiras era chamado de “coisa para escravo”. Assim, o ensino superior era a meta, inclusive com uma supervalorização do diploma caracterizado também pelos valores de títulos oriundos do próprio período Colonial e Imperial brasileiro.
 Com a República, o Brasil tem a necessidade de vencer a produção monocultural e de se industrializar, bem como ampliar/universalizar a educação para todos tendo em vista o fim da escravidão e o baixo índice de escolaridade da população. Esta ampliação da escola não correspondeu à manutenção da qualidade, embora o diploma tivesse sempre o mesmo valor em qualquer parte do Brasil.
As competências e os conhecimentos do perfil de um trabalhador dependem da tecnologia e do modelo de gestão adotado e com isso, a escolaridade e a formação profissional passam a ter uma outra configuração.
 Mas, qual a finalidade e identidade que temos para o ensino médio e a educação profissional? Qual é o quadro que temos atualmente com relação ao ensino médio e a educação profissional? E o Ensino Médio? Este é o tema da Estação 1 deste Circuito Inicial e é o primeiro caminho, pois antes mesmo de se pensar no ensino médio temos que pensar que possíveis alternativas possuímos para o ensino médio. Vamos estudar na Estação 2 desta disciplina as práticas educacionais comumente utilizadas nestes segmentos ou que podem ser boas alternativas para o ensino médio. 
CIDADANIA, TRABALHO E EDUCAÇÃO
 A relação entre o trabalho e a educação é fundamental que seja analisada, tendo em vista que o trabalho é libertador e emancipador do ser humano, exigência fundamental para se alcançar as condições de exercer a cidadania. Compreender os seus direitos e deveres para efetivamente dispor e utilizar os direitos em uma vida digna é uma condição imprescindível para todo brasileiro. Assim, concluir o Ensino Médio é importantíssimo, tendo em vista que vencer essa etapa corresponde a conquistar a educação básica completa (os nove anos do ensino fundamental e os três anos do ensino médio), ou seja, é o patamar mínimo de estudo esperado para qualquer brasileiro. 
 Segundo o Unesco’s Statistics on Education, 2010 (apud CARNEIRO, 2015), o Brasil só possui 35 % de sua população com o Ensino Médio completo. Esse número é irrisório e até ridículo quando comparados a países desenvolvidos (Inglaterra, Israel, Alemanha, França, Itália e outros), mas também a nossos vizinhos como Chile, Argentina, Uruguai e outros, bem como esse número permanece baixo com relação a uma série de países asiáticos (Singapura, Coréia do Sul, Taiwan, Japão etc). 
O levantamento do Movimento Todos pela Educação, baseado na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnaf) de 2014, afirma que somente 56,7 % dos jovens brasileiros se formam no ensino médio na idade adequada -19 anos. (site http://veja.abril.com.br/noticia/educacao/567-dos-jovens-brasileiros-terminam-o-ensinomedio-na-idade-adequada, atualizado em 19/02/2016 e acessado na referida data).  Tal índice (56,7%) comparado a 2013 teve um avanço de 2,4 pontos percentuais. Em números absolutos, passamos de 1.442.101 jovens concluintes em 2013 para 1.951.586 em 2014. Lembramos que a meta a ser alcançada até 2022 pelo Plano Nacional de Educação é de que 90 % dos jovens na idade adequada estejam formados no ensino médio. Que desafio.
 A educação contribui para a garantia da cidadania com outro braço importante que se interliga com o ensino médio. Este braço é a Educação Profissional. A educação para o trabalho está definida em função da Divisão do Trabalho desde a Revolução Industrial e caracterizada pelo Taylorismo-Fordismo (não se assuste, iremos abordar mais adiante). Assim, para o profissional que exercerá as atividades estratégicas, gerenciais e administradoras das empresas, a sua formação (escolaridade) ocorre nos cursos superiores. Para aqueles que exercerão funções intermediárias ou táticas (também complexas como as primeiras), a formação pode ocorrer em cursos superiores ou técnicos de nível médio. Finalmente, para aqueles que exercerão as funções operadoras, executoras estão os cursos profissionalizantes que, muitas vezes, são cursos que desenvolvem habilidades e exigem pouca ou quase nenhuma escolaridade.
 Do exposto, pode ser constatado que o modelo educacional de interesse  capitalista e empresarial deve ter o seu foco direcionado ao emprego e à função a ser exercida pelo trabalhador. Essencialmente, deve ser ensinado apenas o que é necessário ao exercício profissional, mesmo que este seja mecanizado. Nada mais ou a menos do conteúdo necessário ao uso nas atividades e tarefas no emprego deve ser ensinado.
 Outras opções devem ser pensadas para a educação profissional cujo  foco não venha a ser o emprego, mas o próprio educando de modo que ele consiga a emancipação. De fato, ele deve estar capacitado não só a ser útil profissionalmente às empresas ou a realizar um trabalho, mas a sua própria vida e à comunidade em que está inserido.
Independentemente da universalização e do direcionamento da educação, é importante que a qualidade também exista. Segundo a Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), o Brasil é um dos dez países com mais alunos com baixo rendimento escolar em matemática, leitura e ciência entre 64 nações e, de acordo com o levantamento, 1,1 milhão de estudantes brasileiros com 15 anos não têm condições para ler e compreender o que leem. É incrível a questão do alfabetismo funcional. (http://veja.abril.com.br/noticia/educacao/brasil-e-um-dos-dez-piores-emrendimento-escolar-aponta-ranking-internacional, acessado 19/02/2016). Em resumo, talvez, o ensino médio e a educação profissional universalizada e com qualidade sejam os maiores desafios para a educação brasileira.
A questão norteadora desta estação é: qual a importância da educação para a cidadania e o trabalho? 
AS CORRENTES IDEOLÓGICAS DO ENSINO MÉDIO E DA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL
 Uma sociedade justa deve ter seu povo emancipado e o que é um ser emancipado? “Ser emancipado” corresponde a um sujeito que possui a liberdade, ou seja, corresponde ao sujeito que não permanece alienado e possui autonomia. Em resumo, o sujeito deve conhecer os seus direitos e deveres para o exercício da cidadania. Entretanto, a sociedade é dividida em classes e cada uma dessas classes possui seus interesses. É natural que uma ou mais dessas classes se tornem hegemônicas com a obtenção do poder.  
 Em função dessa hegemonia, a classe dominante acaba influenciando as políticas públicas em consonânciacom os interesses em manter tal hegemonia.
Nos anos 60/70 do século XX, desenvolveu-se uma série de teorias reprodutivas, como as de Althusser que colocou a educação como um Aparelho Ideológico de Estado, ou seja, a cultura escolar reproduz a cultura das classes dominantes. Essa é uma visão economicista. 
 Outra teoria é a de Pierre Bourdieu que afirma “ os conhecimentos veiculados na escola são sempre portadores de um nítido caráter de classe”, uma “visão culturalista”, segundo o artigo de Louis Althusser, o Marxismo e a Educação de Paulo Bernardino – 2010.
(Fonte: http://www.ufsj.edu.br/portal2repositorio/File/vertentes/Vertentes_35/paulo_bernardino.pdf).
 Do exposto, a educação é apresentada por alternativas diferentes para a sua concepção. As políticas públicas educacionais, em função do interesse ideológico de cada classe dominante, inclusive em termos didático-pedagógicos, também obedecem a tais alternativas. 
 O estudo do pensamento didático-pedagógico brasileiro permite conhecer o efeito das diversas correntes de políticas educacionais e ideológicas que influenciaram a educação no Brasil, ou seja, ao estudar as ideias pedagógicas, encontraremos no pensamento de Herbart (a pedagogia tradicional), no de Dewey (a influência da pedagogia de projeto), no de Paulo Freire (a pedagogia do oprimido, a ação política), no de Saviani (pedagogia marxista) e no de Paulo Ghiraldelli (pedagogia neopragmática), alternativas que aconteceram e estão vivas no país. 
 A relação fundamental da educação é com o trabalho, inclusive como pode ser comprovado na História da Educação,  formou-se um dualismo entre a educação acadêmica e a educação para o trabalho com a primeira atendendo a elite, enquanto a segunda atende os trabalhadores. 
 A educação para o trabalho na Era Contemporânea se construiu pela divisão do trabalho, principalmente em bases com o pensamento de Frederick Winslow Taylor (a Administração Científica) e, posteriormente, agregada pelo pensamento de Henri Ford (produção em massa).
 O modelo de educação, nesses termos do próprio capitalismo e da racionalização da concepção imposta pelo Taylorismo-Fordismo, é focado, para a maioria dos trabalhadores, na função e  nas atividades que serão exercidas no seu posto de trabalho. O Fordismo se baseia na fabricação em massa de bens padronizados, através do uso de máquinas não flexíveis e valendo-se de uma massa de trabalhadores pouco qualificada. Para executar seu trabalho, esses trabalhadores apenas têm de cumprir rigorosamente as normas operatórias prescritas pelo escritório de planejamento, segundo Hirata, mas sem precisar de uma escolaridade que contemple pelo menos a educação básica.
 A figura da pirâmide abaixo permite que se tenha uma ideia de como a educação atende ao mundo do trabalho. O bloco superior e intermediário exige uma alta escolaridade. A primeira exige a educação superior, enquanto a segunda tem a exigência da educação básica completa. Entretanto, a escolaridade da base da pirâmide exige o mínimo, apenas o que usa em seu posto de trabalho. 
 A ideia no Taylorismo-Fordismo é que a grande maioria das pessoas executa as tarefas e a minoria planeja as atividades e as tarefas do trabalho da minoria.  
 Ora, esta educação é focada no trabalho, ela (educação) é PARA o trabalho e, segundo Durmeval Trigueiro, a direção deveria ser outra, por isto ele afirma:
 “A educação não deveria ser PARA o trabalho; a educação deveria ser PELO trabalho”.
 O filme “Tempos Modernos” de Charlie Chaplin reforça a crítica mencionada por Durmeval Trigueiro em sua frase. 
 Em resumo, a estrutura e a organização do modelo educacional são definidas para o exercício da atividade profissional. Assim, não é necessária a mesma educação para todos. 
 Voltando à frase de Durmeval Trigueiro: “a educação deveria ser PELO trabalho”, podemos inferir que o autor pensa em outro modelo educacional, uma educação mais igualitária e tendo o trabalho como princípio educativo. Aliás, a Resolução CNE/CEB nº 6 de 20/09/2012 resgata tal proposta quando afirma que o trabalho como princípio educativo deve estar integrado à ciência, à tecnologia e à cultura como base da proposta político-pedagógica e no desenvolvimento curricular para o técnico de nível médio. Entretanto, ressaltamos a importância desse princípio servir para todas as formações profissionais tendo em vista que:  
A - O perfil profissional depende diretamente da tecnologia aplicada e do tipo de gestão, assim, a reestruturação produtiva alterou os princípios do Taylorismo-Fordismo para o Toyotismo e promoveu novas exigências na qualificação profissional. O princípio básico do toyotismo é o da produção enxuta, ou o da  combinação de novas técnicas gerenciais com máquinas cada vez mais sofisticadas para produzir com menos recursos e menos mão de obra, Em resumo, [...] o modo japonês de produção enxuta começa com a eliminação da tradicional hierarquia gerencial, substituindo-a por equipes multiqualificadas que trabalham em conjunto, diretamente no ponto de produção [...]engenheiros de projeto, programadores de computação e operários interagem face a face, compartilhando ideias e implementando decisões conjuntas diretamente no chão de fábricas (RIFKIN), ou seja, o cenário é outro e os trabalhadores precisam de um novo perfil; 
B - Há necessidade de maior escolaridade dos trabalhadores por causa das exigências mencionadas acima, pois os profissionais executam mais atividades e devem ter atitudes que um perfil empreendedor (capacidade de empreender) deve ter; 
C - Aqueles trabalhadores do taylorismo-fordismo, que tinham baixa escolaridade (sem a educação básica completa), ficam sem condições de obter uma nova qualificação profissional.  
 A questão norteadora desta estação era a importância da educação para a cidadania e para o trabalho e, ao descrever a educação em função da divisão do trabalho, constata-se que ela atende aos interesses capitalistas com foco na atividade que a pessoa irá realizar no emprego.  
O QUE APRENDEMOS NESTA ESTAÇÃO?
 Nesta estação constatamos a importância da educação para a formação para a cidadania, para o trabalho e, principalmente, para a vida.
 Abordamos alternativas para a educação e deixamos a ideia do trabalho ser utilizado como um princípio educativo em substituição da educação focada no emprego.
 Finalmente, discutimos os diversos pensamentos didático-pedagógicos que influenciaram a educação brasileira, inclusive a crítica que Paulo Ghiraldelli faz a Freire e a Saviani quando acusa a purificação de ideias.    
Estação 2
PRÁTICAS DE ENSINO E ENSINO MÉDIO
 Desde a antiga Grécia a educação veio marcada por um dualismo que separa a educação acadêmica (aquela para a elite) e a educação profissionalizante (aquela para os trabalhadores). A história brasileira tem no modo de produção escravocrata uma marca que predominou por séculos e sob certo ponto desvalorizou o trabalho (coisa para escravo). Um homem livre não podia ser um trabalhador na concepção da época. O título ou diploma (não só da nobreza como das profissões liberais), no Período Colonial e Imperial, possuía alto valor e isso contribuiu para uma aliança dos dois fatores para diminuir o valor do trabalho, principalmente o manual. 
A EVOLUÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA NO BRASIL ENTRE OS ANOS DE 1930 E OS DIAS ATUAIS
 A Primeira República no Brasil que vai de 1889 até o ano de 1930 tem a produção agrícola monocultural (café) exportadora estabelecida. A crise de 1929 provoca sérios problemas e a Revolução da época vem como uma proposta de industrialização do país. O investimento em educação é notável, inclusive com a criação do Ministério da Educação, da Universidade do Brasil, da estruturação e organização do sistema educacional e o direcionamento da educação para a formação de acordo com a divisãodo trabalho. Assim, nasce o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) e os cursos técnicos, em nível do ensino médio nos dias atuais. O modelo educacional do Senai se torna hegemônico e de sucesso na formação dos trabalhadores industriais brasileiros. Cursos eficazes e eficientes, racionais e com escolaridade adequada ao emprego profissional. A formação atende exatamente o que o meio empresarial necessitava e esperava. 
 A formação do técnico de nível médio (ex-2º grau), formação predominante nas escolas técnicas (em torno de quatro anos), desenvolve-se a partir de 1942, mas o reconhecimento de tais profissionais acaba acontecendo apenas em 1985 (Governo do Presidente Figueiredo). Mesmo com a educação básica completa, a valorização de tais cursos não era igual às dos cursos propedêuticos para o ensino superior (Colegial secundário). 
 O slide nº 1, adaptado da obra de Luiz Antonio Cunha, apresenta a estrutura educacional estabelecida nos anos de 1940 pelas Leis Orgânicas. É importante deixar claro que o ensino médio não tinha uma identidade própria, pois na verdade ele (colegial secundário) tinha um direcionamento para o vestibular, enquanto os demais ramos tinham focos na formação para a indústria, o comércio, a agricultura e a educação (normal). Os alunos de tais áreas só podiam fazer curso superior das respectivas áreas do conhecimento que se formaram no ensino médio (por isso no slide a linha de tais cursos está pontilhada e em vermelho), mas tal equivalência entre todos os ramos do ensino médio só aconteceria com a Primeira Lei de Diretrizes e Bases da Educação em 1961. A LDB também acabava com a profissionalização no Ginásio (1º ciclo do Ensino Médio na época).
 A estrutura estabelecida pela LDB permanecerá até 1971 (no período dos governos militares), quando é expedida a lei nº 5.692, de 11 de agosto de 1971. Essa fixa diretrizes e bases para o ensino de 1º e 2º graus e entre as políticas implementadas estava a obrigatoriedade de o ensino de 2º grau ter uma formação técnica. Assim, qualquer escola que oferecia o ensino de 2º grau devia oferecer uma formação profissional.
 As razões para essa política audaciosa eram: a necessidade de técnicos no mercado de trabalho, de acordo com o desenvolvimento planejado pelo governo, e a redução da procura pelo ensino superior. Essa política distorceu, por exemplo, a quantidade de técnicos de contabilidade e secretariado porque a maioria dos cursos oferecidos era dessas áreas. Tal política educacional perdurou até a expedição da lei nº 7.044, de 18 de outubro de 1982 que acabou com a obrigatoriedade de as escolas de 2º grau  terem a formação profissional, entretanto, as escolas técnicas teriam a obrigatoriedade de oferecer o curso técnico.    
 Essa política permanecerá instituída no ensino médio (ex-2º grau) até o governo do Presidente Fernando Henrique Cardoso, quando o Decreto nº 2.208/97 que regulamentava a nova LDB (lei nº 9.394/96) foi expedido. Esse decreto estabeleceu uma política que tinha o propósito de separar o ensino médio da educação profissional, ou melhor, tinha o objetivo de dar uma identidade ao ensino médio para formar para a vida complementada com a educação profissional para  formar para o trabalho.
 A política educacional determinou a utilização das competências para o ensino médio e para a constituição dos perfis dos egressos dos cursos da educação profissional. Assim, a educação profissional poderia ser realizada: 
» Subsequente ao ensino médio (pós-médio) ou
» Concomitante ao ensino médio, a partir do 2º ano do ensino médio.
 No governo do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a opção de o aluno fazer o curso técnico integrado ao ensino médio volta a ser autorizada, embora sem as reduções de carga horária dos cursos como ocorreu em 1971. (Ver Decreto nº 5.154/2004). 
 Em função do descrito sobre o ensino médio (ex-2º grau) até aqui na estação 2, podemos inferir que o ensino médio sempre sofreu com as sucessivas políticas públicas que foram sendo alteradas ao longo do tempo com vários focos e formas diferentes, ou seja, o ensino médio sempre teve uma identidade mutável, como agora temos a direção   no sentido do Exame Nacional do Ensino Médio. Reflita sobre essas contínuas mudanças de foco e faça uma linha do tempo para o ensino médio desde 1930.
PRÁTICAS DE ENSINO
 Na estação anterior, falamos das alternativas da educação e do pensamento didático-pedagógico brasileiro, mas agora vamos comentar a questão das práticas de ensino, antes mesmo de abordar a essência do ensino médio. A prática pedagógica tradicional predominante no Brasil apresenta um método expositivo de lições cujo papel dos participantes é o seguinte: 
1 - Professor: expõe os conteúdos das aulas; ministra as aulas e transmite as informações.
2 - Alunos: escutam a exposição do professor; fazem as anotações para memorizar; ouvem a aula em posição passiva; aguardam o momento de participar e não executam operações mentais complexas. 
A ação didática se complementa com: 
1 - Conteúdo: a informação determinada pelo professor está na posição central e com uma tendência para a erudição, enciclopedismo, verbalismo e dogmatismo.
2 - Comunicação: esta depende da capacidade do professor de emissão e da capacidade de recepção do aluno, com a mensagem tendo uma característica  unidirecional (professor-aluno) e a velocidade do processo ensino-aprendizagem determinada pelo professor.
3 - Avaliação: realizada individualmente, de acordo com padrões coletivos de aprendizagem, em função de tempo, sem considerar o tempo de cada pessoa  para aprender. 
O TECNICISMO E AS COMPETÊNCIAS
PEDAGOGIA POR OBJETIVOS
 Do exposto, analise as possibilidades da aplicação desta pedagogia e procure definir   o papel do professor, bem como deve ser o seu planejamento de trabalho.
 A crise de 1929 da Bolsa de Valores de Nova York, que arrastou para o buraco a economia monocultural exportadora de café do Brasil, e a dependência de importação de bens implicaram  na Revolução de 1930, pelo menos na visão de alguns autores. Lembramos que em 1932 vários educadores propostas para mudar o cenário educacional brasileiro. E entre as críticas constava o sucessivo número de políticas educacionais fragmentadas, ocorridas na Primeira República, sem uma continuidade, fragmentadas e distorcidas, inclusive  afastadas brasileiros de pensamentos ideológicos diversos divulgaram o “Manifesto dos Pioneiros” com de políticas de desenvolvimento econômico e social. Em resumo, sem uma filosofia e visão de mundo.
 Conforme já vimos, grande desenvolvimento na área da educação foi promovido pelas políticas públicas oriundas da Revolução de 1930 e o modelo de industrialização adotado foi o de “substituição de importações”. O Brasil tinha que se integrar ao sistema mundial produtor de mercadorias e o Estado liberal até aquele momento se transforma em um Estado intervencionista, adotando as políticas de John Keynes, e passando a planificar as atividades econômicas. (SAVIANI, 2007). Entretanto, o baixo nível de escolaridade do brasileiro e a falta de qualificação eram os grandes desafios a serem vencidos. 
 Bresser Pereira (apud SAVIANI, p.348) afirma que o Brasil teve os seguintes modelos de Estado:
 Estes tipos de Estado influenciaram a educação de diversas maneiras, mas vamos lembrar que em 1960 o processo econômico de substituição de importações de bens não duráveis e de bens duráveis tinha se esgotado, o Brasil avançara em sua industrialização com esta política, mas necessitava substituí-la..
 Nessa época são difundidas as ideias da Teoria do Capital Humano (TCH) de Theodore William Schultz (ganhador do Prêmio Nobel de Economia), apresentada no Brasil através  da publicação do livro “O valor econômico da educação” em 1967. A TCH em resumo estabelecia que o investimento das empresas em educação teria retorno com a melhoria da produtividade. Quantomaior a escolaridade (anos de estudo) maior seria a produtividade e o lucro das organizações e dos trabalhadores. Veja o que fala Lalo Watanabe Minton sobre a TCH: 
 Sua origem está ligada ao surgimento da disciplina Economia da Educação, nos Estados Unidos, em meados dos anos 1950. Theodore W. Schultz, professor do departamento de economia da Universidade de Chicago à época, é considerado o principal formulador dessa disciplina e da ideia de capital humano. Esta disciplina específica surgiu da preocupação em explicar os ganhos de produtividade gerados pelo “fator humano” na produção. A conclusão de tais esforços redundou na concepção de que o trabalho humano, quando qualificado por meio da educação, era um dos mais importantes meios para a ampliação da produtividade econômica, e, portanto, das taxas de lucro do capital. Aplicada ao campo educacional, a ideia de capital humano gerou toda uma concepção tecnicista sobre o ensino e sobre a organização da educação, o que acabou por mistificar seus reais objetivos. Sob a predominância desta visão tecnicista, passou-se a disseminar a ideia de que a educação é o pressuposto do desenvolvimento econômico, bem como do desenvolvimento do indivíduo, que, ao educar-se, estaria “valorizando” a si próprio, na mesma lógica em que se valoriza o capital. O capital humano, portanto, deslocou para o âmbito individual os problemas da inserção social, do emprego e do desempenho profissional e fez da educação um “valor econômico”, numa equação perversa que equipara capital e trabalho como se fossem ambos igualmente meros “fatores de produção” (das teorias econômicas neoclássicas). Além disso, legitima a ideia de que os investimentos em educação sejam determinados pelos critérios do investimento capitalista, uma vez que a educação é o fator econômico considerado essencial para o desenvolvimento. Em 1968, Schultz recebeu o prêmio Nobel de Economia pelo desenvolvimento da teoria do capital humano.  (fonte:
http://www.histedbr.fe.unicamp.br/navegando/glossario/verb_c_t eoria_%20do_capital_humano.htm)
 Ao mesmo tempo, o trabalho recebia ideias para a sua organização com racionalização do taylorismo e do fordismo, com o enfoque sistêmico e com o controle comportamental (behaviorismo). O efeito sobre a educação ocorre com a orientação pedagógica denominada “pedagogia tecnicista”.
 A pedagogia tecnicista é baseada na neutralidade científica, bem como na racionalidade, eficiência e produtividade. A pedagogia a ser trabalhada busca objetivos a serem alcançados e é operacionalizada.   (SAVIANI, 2007).  
 É fundamental deixar claro que o ex-2º grau (Ensino Médio) irá sofrer as influências e as grandes modificações com a política pública da profissionalização compulsória imposta pelo regime militar (comentada anteriormente) e com o uso da pedagogia tecnicista.
 A Pedagogia por Objetivos tem o comportamento como resultado da resposta a um estímulo. Assim, o processo de educar consiste em conduzir o aluno a um determinado objetivo pré-estabelecido pelo professor.
 A pedagogia por objetivos prevê e trabalha o comportamento humano sob três domínios: 
» Cognitivo em que o conhecimento, a compreensão e a aptidão do pensamento são desenvolvidos.
» Afetivo em que valores, atitudes e interesses são estabelecidos. 
» Psicomotor em que a preocupação é sobre os movimentos corporais. 
1 - A pedagogia por objetivos estabelece os objetivos por meio da expressão: “o aluno é capaz de... “.
2 - As atividades educacionais são reduzidas a objetivos;
3 - O professor tem postura central e conduz todo o processo;
4 - Os alunos devem saber-fazer o proposto e alcançar os objetivos.  
PEDAGOGIA DAS COMPETÊNCIAS E O ENSINO MÉDIO
 Competência se refere a um conjunto de aptidões, habilidades e conhecimentos que orientam a resolução de problemas e a tomada de decisão. A pedagogia das competências se fundamenta na teoria socioconstrutivista e o aluno é incentivado a analisar e a resolver problemas. O professor deixa de ser protagonista (figura central) e passa a ser formador (facilitador), inclusive negociando projetos a serem desenvolvidos nas aulas com os alunos. 
 A Competência profissional é a capacidade de mobilizar, articular e colocar em ação valores, conhecimentos e habilidades para o desempenho eficiente e eficaz de atividades requeridas pela natureza do trabalho. 
 Em resumo, a preocupação e o desenvolvimento da pedagogia tem a intenção/ direcionamento para o “fazer”. 
Ensino Médio
 Bom, você já conheceu os vários caminhos (identidades) que o Ensino Médio tomou, entretanto, temos que lembrar que o Ensino Médio é um direito social de cada pessoa, e dever do Estado na sua oferta pública e gratuita para todos.
 O Ensino Médio, em regime regular, está previsto para durar três anos e ter 2.400 horas (800 h/ano em 200 dias letivos). Caso o Ensino Médio regular diário venha a ser em regime de tempo integral terá que possuir, no mínimo, 7 (sete) horas diárias, enquanto, no caso de oferta noturna pode possuir uma menor carga horária diária e anual, mas deve ter no mínimo de 2.400h. 
 Outro aspecto importante se concentra no currículo, porque este tem que ser dividido em Base Nacional Comum e Base Diversificada. 
 A Base Nacional Comum, posta em discussão no momento pelo Ministério da Educação, representa o conhecimento que a legislação espera para todo o brasileiro independente da região em que se encontra. A sua construção é problemática em função das visões de mundo diferenciadas existentes entre educadores. 
 A Base Diversificada corresponde à parte do currículo definida em função de cada região do país e de suas necessidades.
 O tratamento metodológico deve ser pensado em função de dois eixos, o da Contextualização e o da Interdisciplinaridade. 
 A contextualização é fácil de  trabalhar, inclusive Paulo Freire e Saviani deixam claro em suas propostas didático-pedagógicas. Segundo Souza (2012, p.49):  
 “A proposta de Paulo Freire é de uma educação problematizadora, dialógica, oposta à educação bancária, “Já agora ninguém educa ninguém, e tampouco ninguém se educa a si mesmo: os homens se educam em comunhão, mediatizados pelo mundo”.(Freire, 1983, p.79”)
Fonte:SOUZA, M. A educação, o discurso e outra questões. In Ensino Técnico, formação profissional e Cidadania. Pacheco e Morici (org.s), 2012.
» SABER: que implica a aquisição de conhecimento;
» SABER-FAZER: que implica o desenvolvimento das habilidades para a execução das competências dos ofícios em aprendizagem;  
» SABER-SER: que implica o seu comportamento, ou seja, valores, princípios e atitudes devem ser desenvolvidos; e
» APRENDER: que implica permanentemente a busca de seus próprios caminhos para se manter atualizado e com “empregabilidade”.
 Observe o texto abaixo de Claudio Moura Castro em seu livro “Os tortuosos caminhos da educação brasileira” (2014: 119):
 O ensino médio era nanico e só começou a crescer na década de 1990. Essa expansão pôs a descoberto os problemas e indefinições que antes eram menos sérios ou não chamavam a atenção. Entre preparar para a cidadania, para o mercado e para o ensino superior, o médio se vê afogado com excesso de tarefas e não fez nenhum bem. Ainda pior, é o único no mundo que nem oferece alternativas diferentes para diferentes perfis de alunos nem permite escolhas dentro curso.(...) Por tudo que sabemos é o mais engasgado. Está no meio do caminho. Não sabe o que fazer com a diversidade de alunos – que também não sabem o que querem. Tem demasiadas missões: precisa arredondar a formação inicial do aluno, oferecer uma competência mínima nas ciências e nas humanidades e consolidar os valores da cidadania e identidade cultural.
 Ora, Castro expõe um cenário bem atual do ensino médio e ele destaca na página 126 da obra citada as seguintes propostas para o Ensino Médio:
» É imperativo repensar maneiras de escapardo currículo único.
» Os currículos e as ementas precisam ser claramente detalhados e explicitados.
» É irrealista propor conteúdos que a maioria dos alunos, realisticamente, não tem condições de aprender.
» O papel do setor público na preparação de professores e na sua seleção para o magistério tem de ser reformulado, dado o fato singular de que isso afeta tudo mais.
» O acesso ao magistério deveria ser facilitado, para detentores de diplomas em áreas próximas às carreiras consideradas.
» Os vestibulares das universidades públicas devem ser modificados.
» Progressivamente, deveria ser instituído um exame de conclusão do médio.
» O MEC deveria seriamente repensar suas políticas para o ensino técnico.
 Do exposto, reflita em função de seu curso do Ensino Médio e de sua experiência de vida “o que” e “o como” deve ser efetivamente o ensino médio.  
E como fica a questão norteadora: Qual é a identidade do ensino médio? A identidade do Ensino Médio é a formação para a cidadania e a vida.
O QUE APRENDEMOS NESTA ESTAÇÃO?
Nesta estação tivemos a oportunidade de abordar as práticas de ensino que têm marcado o ensino médio.
Vimos o que era e o que representa para o ensino médio/educação profissional a Teoria do Capital Humano, bem como as origens do tecnicismo predominante na educação profissional, suas origens e finalidades. 
Comparamos a Pedagogia por Objetivos e a Pedagogia por Competências. 
Abordamos o Ensino Médio. 
Tivemos a oportunidade de aprender:
As alternativas da educação na busca da cidadania, trabalho e vida de um modo geral.
As relações que envolvem o cidadão e a sociedade em que está inserido.
Os modelos didáticos-pedagógicos da educação brasileira.
A educação como um princípio educativo.
As práticas de ensino.
O tecnicismo, a pedagogia tradicional, por objetivos e por competências.
O Ensino médio
 O Circuito Intermediário é um momento de aprofundamento na disciplina. Neste circuito abordaremos a educação profissional de nível médio. Partiremos nesta jornada considerando as diretrizes curriculares da educação profissional e fecharemos o circuito observando o papel da certificação profissional neste contexto.
 No Circuito Inicial estudamos as relações que envolvem cidadania, trabalho e educação. Vimos o papel do ensino médio, principalmente que identidade (foco) ele deve possuir. As políticas educacionais devem ter definido que identidade e sentido deve ter o ensino médio, pois a formação profissional deste nível depende obrigatoriamente desta concepção.
 Neste Circuito Intermediário, vamos compreender as diretrizes curriculares da educação profissional. Como elas servem para a construção de um currículo da educação profissional na Estação 3. Conduziremos o aluno como estivesse construindo um currículo de técnico de nível médio para um curso. Finalmente, iremos explicitar para que o aluno compreenda a questão da certificação profissional, os dois tipos na Estação 4.
Estação 3
AS DIRETRIZES CURRICULARES DA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL: PARA QUE SERVEM?
 A estação se refere às diretrizes curriculares da educação profissional. Do mesmo modo que o Ensino Médio sofre com a indecisão entre a formação enciclopédica/propedêutica para o ensino superior e a formação profissional, a educação profissional também sofre das influências das políticas pública e dos interesses que as elites têm a seu respeito e que geram sucessivas políticas sem continuidade e mudanças de foco. Assim, podemos partir do ponto hegemônico referente à educação profissional.
 O Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) dominou e domina a formação da mão de obra operacional (aquela da base da pirâmide da divisão do trabalho). Os soldadores, pintores, marceneiros, torneiros e outros sempre tiveram no SENAI a sua formação e qualificação profissional. Cursos de curta duração e centrados no emprego, no posto de trabalho e com a preparação exata para a habilidade esperada no processo produtivo.
 O nível intermediário apresenta as escolas técnicas como hegemônicas, embora o SENAI/SENAC e outras vislumbram e tomam também tal caminho. Desde a criação em 1942 no governo de Getúlio Vargas, a formação do técnico de ex-2º grau (ensino médio) tem a hegemonia nas escolas técnicas. As alternativas políticas e ideológicas para os cursos técnicos se concentram em duas linhas; a primeira defende que a formação deveria ser unitária (politécnica) e de qualidade igual à acadêmica/propedêutica ao ensino superior. 
 A Politecnia foi muito discutida na área educacional em décadas anteriores e é uma proposta de formação integral na qual a educação geral (Básica) e profissional acontece simultaneamente e para todos. O pensamento é oriundo de Karl Marx e Antônio Gramsci. Entretanto, Claudio Castro afirma que Marx e Gramsci já eram falecidos há séculos e décadas e, não conheceram a indústria moderna, as características e exigências contemporâneas, bem como é uma incoerência o ensino médio ser único sem oferecer caminhos diversos para jovens diferentes.  
 A segunda linha defende que a educação deveria concentrar-se no foco das funções e atividades que os egressos executarão em suas vidas profissionais. A justificativa que a segunda linha apresenta é que o excesso de conteúdos e de desenvolvimento crítico implica um grande risco para os estudantes se tornarem insatisfeitos no futuro, pois ficariam com competências acima do necessário para as oportunidades que eles irão realizar na vida profissional. 
 Em função da necessidade de organizar, estruturar e operacionalizar toda a educação, no momento a educação profissional, abordaremos os principais artigos da Lei de Diretrizes e Bases da Educação (Lei nº 9394/96), referentes ao tema, e as Diretrizes curriculares nacionais da educação profissional.
 Mas, o que são e para que servem as diretrizes curriculares nacionais da educação profissional?
Diretrizes Curriculares da Educação Profissional
Em primeiro lugar, vamos destacar o que a LDB determina: 
Art. 36-A, Sem prejuízo do disposto na Seção IV deste Capítulo, o Ensino Médio, atendida a formação geral do educando, poderá prepará-lo para o exercício profissional de profissões técnicas.
Parágrafo único: A preparação geral para o trabalho e, facultativamente, a habilitação profissional poderão ser desenvolvidas nos próprios estabelecimentos de ensino médio ou em cooperação com instituições especializadas em educação profissional.  
 Observe que o Ensino Médio deve atender em primeiro lugar a FORMAÇÃO GERAL do educando para a cidadania e a vida para poder, então, preparar para o exercício profissional de profissão técnica. 
Art. 36-B. A educação profissional técnica de nível médioserá desenvolvida nas seguintes formas:
I - articulada com o ensino médio;  
II-subsequente, em cursos destinados a quem já tenha concluído o ensino médio. (Incluído pela Lei nº 11.741, de 2008)
Parágrafo único. A educação profissional técnica de nível médio deverá observar:
I         - os objetivos e definições contidos nas diretrizes curriculares nacionais estabelecidas pelo Conselho Nacional de Educação;
II       - as normas complementares dos respectivos sistemas de ensino;  
III     - as exigências de cada instituição de ensino, nos termos de seu projeto pedagógico. 
 Repare que o legislador determinou duas formas de desenvolvimento do ensino médio e da educação profissional: Integrada ou Concomitante. A formação Integrada foi pensada e proposta em termos da “politecnia” e incluída nos termos do Decreto nº 5154/04 durante o primeiro governo Luiz Inácio Lula da Silva.  
Art. 36-D. Os diplomas de cursos de educação profissional técnica de nível médio, quando registrados, terão validade nacional e habilitarão ao prosseguimento de estudos na educação superior.  
Parágrafo único. Os cursos de educação profissional técnica de nível médio, nas formas articulada concomitante e subsequente, quando estruturadose organizados em etapas com terminalidade, possibilitarão a obtenção de certificados de qualificação para o trabalho após a conclusão, com aproveitamento, de cada etapa que caracterize uma qualificação para o trabalho.
 Observe as possibilidades de certificações por terminalidade constante do parágrafo único ao longo do curso.
 Para evitar que um jovem ficasse três a quatro anos numa escola técnica sem nenhuma profissionalização como ocorria no período de 1971 (Lei nº 5.692/71) a 1997, a política educacional desenvolvida no governo do Presidente Fernando Henrique Cardoso estabeleceu a separação do ensino médio e da educação profissional (Decreto nº 2.208/97).
  A intenção era evitar que os alunos saíssem da escola técnica desqualificados para o mercado de trabalho nos casos que eram obrigados a parar de cursar. Em função disso os cursos técnicos ficaram com uma carga horária mínima de 800 a 1200 horas, criaram-se currículos com itinerário flexível e estruturados em forma MODULAR.
 Tais ações permitiram pensar na construção de um currículo dentro do curso de técnico de nível médio com possibilidades de oferecer certificações parciais para diversas ocupações profissionais em consonância com módulos denominados de TERMINAIS. Desse modo, um jovem que concluir um módulo terminal (aquele que corresponde a uma ocupação profissional) recebe um certificado, ficando qualificado para o exercício da ocupação definida no módulo. 
 Somente a conclusão de todos os módulos de um curso técnico permitirá a obtenção do diploma de técnico, entretanto para obter o diploma, o aluno deve ter concluído a educação básica (terminado o ensino médio).
 Um exemplo do exposto poderia ser um curso de técnico de soldagem de nível médio que estruturado em módulos permitisse aos alunos ter qualificações profissionais como soldador elétrico, soldador para TIG/MAG (tipos de soldas), soldador de gás oxiacetileno, ou seja, este curso de técnico de soldagem teria várias opções de qualificações profissionais em sua constituição.  
 A crítica feita a essa política é grande em virtude de que se considera a hipótese de um aluno, após receber uma certificação parcial do curso e ter acesso ao mercado, abandonar o curso técnico.
 Logicamente, se a escola montou o seu curso de acordo com a vontade da indústria, comércio ou serviço (local ou regional), o seu aluno terá uma EMPREGABILIDADE maior, tendo em vista a facilidade de acesso ao mercado de trabalho. Do mesmo modo, o empresariado pode financiar o curso ou parte dele, diminuindo os custos do curso para a instituição de ensino.
 É importante deixar claro que as Competências foram incluídas na legislação para o ensino médio e para a educação profissional a fim de facilitar a construção do currículo e das certificações também. 
Vamos, então, viajar pelas diretrizes como se estivéssemos construindo um currículo para a educação profissional.
Vamos lá !!!
COMO PLANEJAR COM AS DIRETRIZES CURRICULARES DA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL DE NÍVEL MÉDIO? 
Vamos começar estabelecendo uma metodologia, que não é única, mas que permite a discussão sob todos os passos a serem observados. 
A construção de um currículo para a educação profissional
Passos para o planejamento da organização curricular
Adequação do curso ao Regimento da Instituição de ensino e ao Projeto Político-Pedagógico.
Adequação do curso à vocação regional e às tecnologias e avanços dos setores produtivos locais.
Definição do Perfil Profissional de Conclusão do Curso, de acordo comitinerário formativo profissional, claramente identificado no mundo do trabalho.
Identificação de conhecimentos, saberes e competências pessoais e profissionais definidoras do perfil profissional de conclusão do curso.
Montagem de uma organização curricular flexível, por disciplinas ou componentes curriculares.
Definição de critérios e procedimentos de avaliação da aprendizagem.
Identificação das reais condições técnicas, tecnológicas, físicas, financeiras e de pessoal habilitado para implantar o curso proposto.
Elaboração do Plano de Curso a ser submetido à aprovação dos órgãos competentes do respectivo sistema de ensino.
Inserção dos dados do plano de curso da EPTNM (educação profissional técnica de nível médio), aprovado pelo sistema de ensino, no cadastro do Sistema Nacional de Informações da Educação Profissional e Tecnológica (SISTEC) para validação dos     certificados e diplomas emitidos.
Avaliação da execução do respectivo plano de curso.   
1 - Se refere a adequar o que se pretende do curso com o Regimento Escolar e com o Projeto Político-Pedagógico em vigor na instituição. Essa adequação é fundamental porque impede a construção de um curso que fere a própria expertise da instituição de ensino.
2-É importante porque se refere à busca da adequação do curso ao mercado de trabalho e à vocação regional, de modo a facilitar o acesso e a permanência da pessoa do técnico no emprego. Com isso, tem-se a possibilidade da flexibilização da formação em função da realidade do mercado de trabalho e/ou das características regionais.
Para isso, é necessário serem verificados ou pesquisados:
1 - Os ESTUDOS DA REALIDADE SOCIOECONÔMICA DA REGIÃO. Essesestudos servem para identificar novos perfis profissionais e  “nichos” que o mercado de trabalho procura, bem como o público-alvo a ser atendido;
2 - Os ESTUDOS DE DEMANDAS, pois eles são importantes para sinalizar as necessidades de emprego e de atualização de perfis profissionais de egresso. Um curso profissional pode ter excelente nível pedagógico e técnico, mas só tem utilidade se seus alunos conseguem se empregar. Aqui se procura comparar as ofertas com as demandas;
 3 - As tecnologias e processos produtivos existentes na região.  
O estudo das NORMAS OCUPACIONAIS existentes e a formação da ANÁLISE DO SETOR PRODUTIVO complementam essa segunda etapa, tendo em vista que permite o conhecimento e a operação do setor produtivo que será atendido no curso, pois ao concluir a análise, a instituição de ensino identificará o que se espera do profissional a ser formado. Esse olhar do Setor Produtivo é imprescindível, pois é preciso que as necessidades, as tendências e as previsões prospectivas ajudem na definição dos perfis profissionais
Os resultados de estudos de demandas e os estudos da realidade socioeconômica da região são instrumentos úteis para se estabelecer as profissões e ocupações a serem formadas, de modo a evitar formações que não terão espaço no mercado regional. É importante para a definição das competências profissionais específicas que esta pesquisa seja realizada.
De posse dos estudos e pesquisas acima, o terceiro passo é possível de ser dado, ou seja, a definição do perfil profissional do egresso.
O que é Perfil Profissional de um egresso? Perfil Profissionalé constituído por competências, habilidades e atitudes (CHA) e é o objetivo do final de um curso (um egresso). Pela legislação, o perfil profissional de um técnico de nível médio é composto pelas seguintes competências:
Competências Básicas: obtidas com a conclusão da educação básica. Assim, independente da forma que o aluno termine a educação profissional, ele dependerá da conclusão e do certificado de conclusão do Ensino Médio para receber o seu diploma de técnico.
Competências Profissionais Gerais: são competências gerais dos técnicos e constam da documentação legal.
Competências Profissionais Específicas: são competências que a instituição de ensino pode negociar com empresas ou característica da região de modo a aproximar a formação do técnico às reais necessidades do mercado.
 Mas o que é um Itinerário profissional?Itinerário Profissionalcorresponde aos possíveis caminhos (vias) que uma pessoa pode escolher para alcançar sua empregabilidade.
 O “itinerário formativo” serve para o trabalhador definir as suas possibilidades de formações e trajetórias no mundo do trabalho, ou seja, o técnico de nível médio pode escolher o seu caminhoe com isso a própria PROFISSIONALIDADE. As atribuições da ocupação são regulamentadas na Classificação Brasileira de Ocupações (CBO). Entretanto, nos dias atuais, o discurso aponta para a contínua aprendizagem de novas competências para se atualizar e para manter o seu emprego, sem questionar se determinada atribuição é de sua incumbência. Lembram-se da EMPREGABILIDADE?
 É interessante que uma evolução para a formação profissional seja por área de formação que podemos denominar de ÁREA OCUPACIONAL, o que inclusive facilita a definição de itinerários formativos.
 O SENAC adota essa modificação de terminologia e “tem como novo objetivo formar o indivíduo para uma área de trabalho com possibilidades de uma mão de obra polivalente e multifuncional em substituição à formação profissional para um único posto de trabalho ou cargo. Logicamente, o que se está pensando é na formação por competências, na aquisição diariamente de novas competências e na mão de obra flexível”.(Formação e Trabalho, p.10).
 Um erro, por exemplo, que podemos constatar em alguns municípios é a existência da possibilidade da instalação de uma siderúrgica ou polo petroquímico e as secretarias estaduais, municipais e escolas técnicas não procuram fazer uma pesquisa para definir os tipos de profissional  necessários ao empreendimento e continuam formando profissionais que não terão acesso ao mesmo.
 A ideia é que a instituição de ensino verifique junto ao empresariado e às organizações públicas e privadas que conhecimentos, saberes e competências específicas seus egressos deverão ter ao concluir o curso. 
 As consultas a trabalhadores e empregadores, bem como as consultas à comunidade científica e tecnológica são fundamentais para se obterem detalhes e se entender o desempenho profissional para a definição do perfil profissional.  
 A formação profissional não pode estar voltada apenas para o dia de hoje, mas deve observar as tendências de inovações tecnológicas existentes, sob pena de se tornar uma formação inadequada para o processo produtivo em futuro próximo.
a Legislação atualizada educacional e da profissão, de modo a ser identificado o que se aplica na formação profissional desejada. A legislação profissional deve ser avaliada com muito cuidado, principalmente, se a formação se referir a uma PROFISSÃO REGULAMENTADA;
a importância de que o Projeto Pedagógico tenha previsão de trabalhar com a Pedagogia das Competências, ou seja, a proposta pedagógica esteja em consonância com o currículo;
As visões de mundo dos envolvidos na construção devem responder as questões abaixo que se tornarão os grandes objetivos da educação a serem trabalhados: 
Que homem se pretende formar? 
Quais são os valores a serem desenvolvidos? 
Quais são as deficiências da escola a serem vencidas para a oferta do curso?   
Fonte: https://pixabay.com/pt/tecnologia-sala-de-aula-educa%C3%A7%C3%A3o-1095751/
Um exemplo  da Matriz Referencial de Resultado preenchida pode ser visto no quadro a seguir.
 Concluído este passo, a instituição de ensino tem todas as condições de pensar e definir o itinerário formativo e, em função deste, realizar os acertos finais e as opções de formação para o perfil profissional de conclusão do curso. 
 Reforça-se que o perfil profissional é composto por conhecimentos, saberes e competências pessoais e profissionais (gerais e específicas).
 Observe que, apenas para efeito didático, colocaram-se etapas distintas entre itinerário formativo, perfil profissional e identificação de conhecimentos, saberes e competências.
 Tais etapas têm várias idas e vindas na discussão da construção que melhor  representará a vontade do mercado de trabalho e da instituição de ensino.
 O quarto passo consiste na efetiva organização, quando, então, serão definidas as disciplinas ou componentes curriculares do curso. Deve-se ter em mente que tal organização precisa ser compatível com os princípios da interdisciplinaridade, da contextualização e da integração entre teoria e prática, no processo de ensino-aprendizagem.
 Com o currículo organizado, o passo seguinte está ligado à definição dos critérios e procedimentos de avaliação da aprendizagem.
 Estabelecidos os critérios e os procedimentos da avaliação de aprendizagem, devemos  identificar as reais condições técnicas, tecnológicas, físicas, financeiras e de pessoal habilitado para implantar o curso proposto. Esse passo permitirá estabelecer como efetivamente o curso acontecerá e será operado.
 Com o fechamento das informações acima, pode-se elaborar o Plano de Curso a ser submetido aos órgãos do sistema de ensino para aprovação e, sendo aprovado, o curso deverá ser cadastrado no Sistema Nacional de Informações da Educação Profissional e Tecnológica (SISTEC), mantido pelo Ministério da Educação, para fins de validade nacional dos certificados e diplomas.
 Com a implantação do curso, é fundamental e imprescindível a criação de um sistema que permita acompanhar o egresso e avaliar o curso. Com esse sistema é possível corrigir as falhas, atualizar e modernizar o curso.
O QUE APRENDEMOS NESTA ESTAÇÃO?
Tivemos a oportunidade de aprender e abordar a educação profissional de nível médio.
Analisamos as práticas de ensino que envolvem o ensino médio e a educação profissional.
Discutimos as formas de o aluno cursar os cursos técnicos de nível médio.
Abordamos a LDB e as Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Profissional.
Estação 4
O QUE É A CERTIFICAÇÃO PROFISSIONAL?
 Nesta estação, tomaremos contato com a certificação profissional. Ora, você já deve estar se perguntando, porque estudar algo que na realidade é um documento de conclusão de curso? Até uma celebração, inclusive o “chapeuzinho de formatura”, colocaram na figura ilustrativa abaixo.
Vamos, então, esclarecer alguns pontos:
1º) não teria nenhum sentido desenvolver uma aula para a discussão de documentação/celebração de conclusão de curso. O diploma ou certificado dos cursos acadêmicos ou profissionais não são o foco do estudo desta aula diretamente;
2º) não existe razão para se estudar, em um curso de formação de educadores/pedagogos, os aspectos jurídicos do ato de formatura, diplomas ou certificados.
 A questão a ser posta em discussão nesta aula é de natureza social, pois envolve o reconhecimento de saberes, competências e conhecimentos alcançados por uma pessoa no mundo do trabalho INDEPENDENTE da forma que aprendeu. Sugerimos que você leia, agora, o artigo 41 da Lei nº 9394/96:
 O conhecimento adquirido na educação profissional e tecnológica, inclusive no trabalho, poderá ser objeto de avaliação, reconhecimento e certificação para prosseguimento ou conclusão de estudos.(Redação dada pela Lei nº 11.741, de 2008)
A certificação profissional
 A aceitação desses reconhecimentos no Brasil não é fácil, pois a existência de fortes barreiras corporativistas e interesses ideológicos, bem como políticos e educadores não têm permitido o avanço deste tipo de certificação como devia. Praticamente, em nossa avaliação, desde o governo Fernando Henrique Cardoso, pouco foi feito nesse campo para resolver e facilitar a resolução de um sério problema social de vários brasileiros que não tiveram o direito de frequentar e estudar, mas que foram à labuta muito cedo.
 Aliás, podemos destacar que a Organização Internacional do Trabalho (OIT) tem intensificado em todo o mundo a defesa pelo TRABALHO DECENTE e o que é trabalho decente?
 Trabalho decente se entende o trabalho que se realiza em condições de liberdade, equidade, seguridade e dignidade humana e trabalho produtivo no qual os direitos são respeitados, com seguridade e proteção e com a possibilidade de participação nas decisões que afetam os trabalhadores (El enfoque de Competencia Laboral de VARGAS et ali, 2001:16, publicação da Cinterfor, tradução livre nossa).
 Independentementedeste tipo de certificação profissional, de caráter essencialmente social, temos outra, oriunda do meio empresarial industrial que busca a garantia e a certeza de que o profissional tem um mínimo de competência com segurança para o exercício de determinada atividade. Assim, um soldador da área de petróleo, naval, nuclear é obrigado a ter para se empregar e exercer aquela função.
 A prova da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) para o exercício da advocacia no Brasil é um tipo de certificação semelhante à existente no mundo empresarial. 
 É imprescindível que você entenda a diferença entre os dois tipos de certificação citados e os seus objetivos. Pare, analise, consulte e pergunte, mas procure entender os dois tipos.
 A denominação correta do “chapeuzinho de formatura” é CAPELO e é um símbolo nas formaturas acadêmicas, representando o momento da imposição do grau que o formando conquistou. Lembramos que a Colação de Grau é um ato oficial e solene que marca a conclusão do curso.
O QUE É UMA CERTIFICAÇÃO?
 Iniciando a nossa caminhada definiremos a Certificação como o reconhecimento formal de conhecimentos, habilidades, atitudes e competências de um cidadão e/ou trabalhador, requeridos pelo sistema educacional e/ou setor produtivo e definido em termos de padrões ou normas acordadas. Não interessa como o cidadão ou trabalhador obteve tais conhecimentos, habilidades, atitudes e competências.
 O Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (INMETRO) define a Certificação Profissional como o processo conduzido por testemunho escrito da qualificação de uma pessoa para o desempenho de determinada ocupação, de acordo com os requisitos da norma de certificação.
 Ao analisar as duas definições, encontramos pontos interessantes como o reconhecimento formal (por escrito) do cidadão/trabalhador para o exercício de uma atividade profissional independente de como aprendeu. Em ambas,  destaca-se a importância de se ter padrões ou normas para avaliar a qualificação do indivíduo. 
 Ampliando a concepção, poderíamos dizer que a Certificação por Competências Profissionais corresponde ao reconhecimento ou ao atestado expedido porÓrgão Credenciado, da competência do trabalhador com base nos conhecimentos, habilidades e atitudes em determinadas funções profissionais, independentemente do fato de ter, ou não, cursado um sistema regular de formação ou ter adquirido a experiência na prática do trabalho. Deve estar centrada no que o trabalhador deve saber fazer. 
 
PROCESSO DE CERTIFICAÇÃO
Um PROCESSO DE CERTIFICAÇÃO é complexo e possui cinco fases conforme apresentadas abaixo:
Fase I: IDENTIFICAÇÃO DA OCUPAÇÃO
Fase II: NORMATIZAÇÃO
Fase III: FORMAÇÃO
Fase IV: AVALIAÇÃO
Fase V: CERTIFICAÇÃO.
 A Identificação da ocupação profissional implica o fato que muitas profissões ou ocupações profissionais não podem ter certificação profissional. Um exemplo, a Medicina, pois as exigências de qualificação para o exercício da profissão obrigam anos de estudos, bem como experiências e vivências do curso que uma pessoa não tem condição de adquirir fora do meio acadêmico. Profissões regulamentadas dependem também dos conselhos de classe aceitarem e definirem o que pode ser certificado. Essa identificação ocorrerá com representação governamental (para dar respaldo legal); empresarial e de trabalhadores.
 Identificado o que pode ser certificado, tem-se a necessidade da Normalização ou normatização. Brincando, as regras do jogo. No meio educacional, o Ministério da Educação, do Trabalho, da Saúde e outros vão estabelecer as normas, mas para as certificações hoje existentes no meio empresarial, a incumbência é da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT).
 As normas vão estabelecer como é a Formação para a certificação a ser realizada. A princípio, ninguém precisaria realizar a formação se aprendeu no mundo do trabalho a ocupação profissional que está sendo certificada. Além da formação, as normas estabelecem como devem ser asAvaliações e as Certificações.
 Você deve estar intrigado com um fato: se a pessoa fez a avaliação e foi aprovada, ela deve ser certificada. Para o meio educacional, sim, mas para o empresarial, existem requisitos de experiências que deverão  ser comprovadas pelo candidato.
Ficou claro o processo de certificação?
ATORES DO PROCESSO DE CERTIFICAÇÃO
Um processo de certificação de natureza empresarial possui três grandes atores: 
DIREÇÃO: elaboração da base institucional, ou seja, as leis ou decretos para dar suporte ao processo. Deve existir uma comissão representativa do governo, dos empresários e dos trabalhadores.
SETORIAL: caráter executivo, envolve empresários e trabalhadores do setor específico que está desenvolvendo a certificação. Exemplo, indústria de tinta, indústria de brinquedos, ou seja, envolvidos das ocupações em certificação.
OPERACIONAL: instituições formadoras e certificadoras que vão operacionalizar o sistema.
 A Recomendação nº 195 da Organização Internacional do Trabalho (OIT) estabelece o seguinte com relação à Certificação Profissional em seu capítulo VI, intitulado “Marco para o reconhecimento e a certificação das aptidões profissionais”:
11.1)  Devem ser adotadas medidas, com consulta aos interlocutores sociais, e fundamentando-se em um marco nacional de qualificação, para promover o desenvolvimento, a aplicação e o financiamento de um mecanismo transparente de avaliação, certificação e o reconhecimento das aptidões profissionais, incluindo a aprendizagem e a experiência prévia, qualquer que seja o país em que se obtiveram e independentemente da forma adquirida de modo formal ou não.
11.2) Os métodos de avaliação devem ser objetivos, não discriminatórios e vinculados a normas.
11.3) O papel responsável que as autoridades, comunidades locais e outras partes interessadas devem colocar em prática os programas destinados as pessoas com necessidades específicas. (Tradução livre do autor do trecho do livro Recomendación 195 de OIT Cuestiones históricas e actuales de Marcela Pronko).  
 Analisando a recomendação da OIT com relação ao tema: Certificação Profissional, constatamos a preocupação com a inclusão social e com as pessoas portadoras de necessidades. Mas o mais importante é o reconhecimento das competências profissionais INDEPENDENTEMENTE da origem e como estas foram obtidas.
 A tabela abaixo apresenta os componentes institucionais e técnico de um sistema de certificação:
 É importante deixar claro que o nível de Direção participa da definição das bases em todos os estágios (Identificação, Normatização, Formação, Avaliação e Certificação) do sistema de certificação. A participação do governo, como vista anteriormente, é imprescindível tendo em vista que o Estado deve legalizar e legitimar o processo.
 O meio empresarial/patronal também tem participação importante, pois a ele cabe a definição da necessidade e da aplicação do trabalhador certificado de modo a legitimar e a aceitar a certificação.
 Finalmente, a representação de trabalhadores que, muitas vezes, não são chamadas a participar.
 O nível Setorial implica as câmaras direcionadas ao setor que está desenvolvendo a certificação. Assim, a Identificação e a Normatização devem ter métodos e normas fixadas para operacionalizar o sistema de certificação.
No Brasil, a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) tem desenvolvido os trabalhos de elaboração e implementação de normas técnicas.
 O nível Operacional é constituído por escolas, institutos, associações, sociedades civis, centros de formação, centros de certificação e outros envolvidos que executam a capacitação (quando necessária), avaliação e certificação.
MODELOS DE CERTIFICAÇÃO
 As certificações profissionais são de três partes em função do organismo certificador. Assim, veja a tabela abaixo:
 Um comentário: os sistemas de certificação profissional, principalmente as do tipoempresarial, fazem exigência de experiência, por isso no fluxograma acima a experiência é levada para a certificação, após a realização da avaliação.
 A Ratificação do Certificado corresponde ao fato que, vencido o prazo de validade do certificado (por ex. 3 anos), o trabalhador deve ratificar o seu certificado. Procedimento que irá realizar ao longo da carreira profissional.
Vamos ver na figura abaixo um fluxograma de certificação profissional de 2ª ou 3ª parte (adaptado de Cintefor, 2004):
 No segundo fluxograma, podemos constatar a importância da “norma” para todo o processo de certificação, pois é ela a base de todo o sistema. A norma estabelece “todas as regras do jogo”, desde as competências a serem certificadas por ocupação profissional, aos conteúdos da formação, aos critérios de avaliação etc.
 O relacionamento entre o Organismo Avaliador Independente (independente das instituições formadoras e do como a pessoa construiu a sua competência) e o Centro Avaliador Independente (verificam a competência profissional do candidato comparando-a com a norma) é fundamental para o processo.
E como é o processo?
PROCESSO DE CERTIFICAÇÃO
Observe o fluxograma abaixo:
 O fluxograma acima demonstra o caminho de um candidato que deseja alcançar a certificação da competência. Observar que em todos os momentos, ele é orientado, inclusive com relação à avaliação, mas esse item , veremos em outra estação. 
O QUE APRENDEMOS NESTA ESTAÇÃO?
 Nesta estação, tivemos a oportunidade de desenvolver a abordagem sobre a certificação profissional. Descrevemos os dois tipos de certificações. Apresentamos que as certificações têm três partes e o processo de certificação.
 É importante o aluno ter em mente que o conteúdo desta aula complementa o da aula  anterior e, por isso, vimos que a certificação profissional no âmbito educacional deve e precisa ser complemento do currículo das escolas técnicas. Esses currículos, não estando adequados a módulos, dificultam ao aluno ser inserido na continuidade escolar. Dificulta a sua progressão.
 O Circuito Final é um momento de consolidarmos nosso aprendizado. É o ciclo de aprofundamento dos conhecimentos construídos no Circuito Intermediário e de desenvolvimento de novas competências.
 No Circuito Intermediário estudamos o ensino médio, a educação profissional e a certificação profissional.
 Neste Circuito Final, iremos abordar a avaliação e o estágio. Assim, no Estágio 5 temos a oportunidade de colocar um olhar diferente sobre uma questão fundamental tendo em vista se referir à avaliação. Não só na educação, mas também na certificação profissional.
 Já na Estação 6 discutiremos a questão do estágio. Este tema é fundamental e imprescindível porque envolve a busca da prática no processo de ensino-aprendizagem.
Estação 5
AVALIAÇÃO
A importância da avaliação na vida dos estudantes
 A avaliação de competências é um processo de coleta de evidências sobre o desempenho profissional de um trabalhador com o objetivo de se formar um juízo sobre sua competência a partir de uma referência padronizada, identificando as áreas de desempenho que requerem reforço, por meio da capacitação, para alcançar o nível de competência exigido. (IRRIGOIN BARRENNE et al., 2004)
 Observe que os autores destacam que a avaliação de competências procura coletar evidências sobre o desempenho profissional. O Dicionário Eletrônico do Houaiss define “evidência” como:
...qualidade ou caráter do que é evidente, do que não dá margem à dúvida; condição de alguém ou algo que se destaca, que sobressai, atraindo a atenção circundante (...) no cartersianismo, constatação de uma verdade que não suscita qualquer dúvida, para a clareza e distinção com que se apresenta ao espírito... 
 Ora, a evidência coletada permite o juízo se o avaliado possui a competência em avaliação. Essa evidência é comparada  à referência padronizada. Que referência padronizada é essa que está sendo mencionada? Onde ela (referência padronizada) está? A referência se encontra na norma correspondente a competência. Lembrem-se da certificação de  cujas fases,uma era a normalização. A norma estabelece as evidências e os critérios de avaliação para as competências. 
 Em resumo, a avaliação de competências tem o propósito de verificar se o trabalhador possui ou não a competência avaliada e, se não possui, qual o caminho a tomar para alcançá-la.  Ao receber o “Insatisfatório” na avaliação, ele recebe a informação do que precisa fazer e estudar para alcançar a competência.
 A avaliação de competências não é somativa como na avaliação tradicional. Ela é apenasformativa. É uma avaliação essencialmente de resultados e independe do tempo de permanência em instituições escolares formais.
 Na realidade, a avaliação de competências mede o hiato (gap) entre um Desempenho Apresentado e o Desempenho Esperado, individualmente, na certificação profissional. A escola mede o mesmo hiato, entretanto, os procedimentos estão direcionados a grupos.
 Na escola, para cada disciplina, o docente estabelece o Desempenho Esperado de acordo com a sua visão da disciplina. No caso da certificação esse desempenho está definido e padronizado, bem como prescrito.
Observe e procure refletir sobre o papel do feedback. Esse feedback permite ao docente promover ajuste em seu curso. Na certificação profissional, a resposta tem o sentido individual e o feedback é individual.
AVALIAÇÃO TRADICIONAL X AVALIAÇÃO DE COMPETÊNCIAS
Devemos destacar que o desempenho profissional é foco da avaliação de competências, ou seja, o “fazer” é o ponto central. Em função disso, temos as características:
Desempenho Esperado da competência profissional definida em padrão.
O trabalho correto está descrito nos critérios padrões.
Avaliação individual.
Representa o momento, não estabelece tempo de realização ou de estudo.
Resultado em termos de competente ou não competente.
Considera situação real de trabalho.
Não tem ligação direta com o término de uma capacitação ou curso.
Reconhece aprendizagens em função da experiência de vida ou de trabalho.
Vamos agora realizar uma comparação entre a avaliação tradicional e a avaliação por competência.
Veja o quadro abaixo:
 Em primeiro lugar, cabe destacar as diferenças que envolvem as escalas de avaliação, pois tradicionalmente temos um modelo que varia de 0 a 10, enquanto a outra é estruturada em ter ou não a competência (Satisfatório ou Insatisfatório).
 Outro ponto se refere à utilização da avaliação individualizada no modelo de competências, o que difere do modelo tradicional da educação.
 Na avaliação de competências, o avaliado conhece, antes da avaliação, as áreas que serão avaliadas, o que será avaliado, as evidências e os critérios de avaliação, o que não acontece na avaliação tradicional.
 As experiências, competências e conhecimentos aprendidos no mundo do trabalho, independentemente da forma como ocorreu, podem ser avaliados e certificados.
 O grande desafio para o ensino médio e a educação profissional nas instituições de ensino é estar capacitado para o modelo de competências e aceitar o avanço que o reconhecimento de saberes e competências, aprendidos na vida, ocorra no âmbito educacional. A proposta de currículos por módulos que tenham claramente as competências, habilidades e atitudes facilitaria a entrada de estudantes para a progressão de estudos.
Pense em como adotar uma avaliação por competência no ensino fundamental/médio considerando: 
uma avaliação individual;
o aluno conhecendo antecipadamente que conhecimentos/competências serão avaliadas; 
a utilização da escala o aluno “tem” ou “não” competência, e
uma avaliação focalizada em evidências de desempenho. 
O QUE APRENDEMOS NESTA ESTAÇÃO?
Aprendemos nesta Estação a questão da avaliação.
Desenvolvemos a abordagem com relação às avaliações de competências.
Fizemos uma comparaçãocom a avaliação tradicional.
Estação 6
ESTÁGIO
 Na estação anterior, abordamos a questão da avaliação com um olhar essencialmente aplicado à certificação profissional. Vimos o problema do gap que corresponde à diferença entre o que o aluno deveria ter aprendido e o que realmente aprendeu. As diferenças entre medir e avaliar.
 Neste momento, vamos abordar o estágio, o que é, representa e a sua importância.  
 É um tema complexo, pois no senso comum o estágio é confundido com o emprego e com a aprendizagem.
 Nesta estação, abriremos também a discussão com relação às possibilidades e oportunidades de estágios para pessoas portadoras de necessidades especiais.
PREÂMBULO
 O estágio é um ato educativo pela legislação e por isso a pessoa, para realizar um estágio, precisa estar matriculada e frequentando um curso reconhecido. A instituição de ensino tem a responsabilidade de planejar, monitorar e controlar o estágio.
Mas, a princípio, por que a existência do estágio?
 O processo de ensino-aprendizagem exige a relação entre a prática e a teoria, de modo que o educando tenha uma compreensão exata do que encontrará na vida real. Deve  dominar como as teorias podem ser constatadas e aplicadas no cotidiano. Não tem sentido o conhecimento apenas pelo conhecer, mas, se o aluno dominar o conhecimento para criar e inovar um mundo ou uma vida melhor, esse conhecimento adquirido tem valor.  
 No interior da escola, essa ligação é procurada por meio de laboratórios ou experiências através das quais o professor procura levar o aluno a situações reais. O aluno tem a oportunidade de aplicar a teoria ou de vê-la na prática. Na verdade, esse processo é complexo, mesmo trabalhando com situações problema e estudos de casos na escola.
 O estágio permite ao aluno, no mundo externo à escola, testar a sua aprendizagem na prática sem a supervisão/coordenação do professor. O estágio, inclusive, torna-se motivador, tendo em vista que o aluno inicia a descoberta efetiva do valor que seu curso representa.
 Entretanto, como em tudo na vida, existe outro lado. Muitas empresas ou empresários procuram estagiários, não com o intuito social de colaborar com o desenvolvimento humano, mas com interesse de utilizar tais estudantes como mão de obra barata. Explorar o jovem no mercado de trabalho. Assim, a Lei de estágio nº 11.788, de 25 de setembro de 2008 regulamenta essa ação.
 Em função disso, a lei estabelece uma série de proteções, tentando evitar a exploração trabalhista com estágio mascarado. Um exemplo é que Estágio não tem vínculo empregatício.
 A lei determina a obrigatoriedade de um Termo de Compromisso (TC) que estabelece os compromissos entre as três partes: Aluno, Instituição de Ensino e ofertante do estágio. No TC, constarão as obrigações de cada parte, o seguro obrigatório para a proteção do estagiário e o período de duração. A figura facilita memorizar. 
Mas, e o Convênio?
 O Convênio é um termo firmado entre a instituição de ensino e as empresas ofertantes de estágios. O papel é semelhante ao que foi destacado no termo de compromisso, mas, aqui, destaca-se a relação entre as duas organizações. A princípio, o convênio não é obrigatório, mas, se as organizações (escolar e ofertante) forem públicos, devem firmar o convênio.
 As instituições envolvidas podem recorrer aos serviços de agentes de integração públicos e privados, acordados por instrumentos jurídicos e, também, obedecendo as determinações da lei de licitações.
TIPOS DE ESTÁGIOS
Segundo a Lei de Estágio, os estágios podem ser de dois tipos:
Obrigatorio: É aquele definido como tal no projeto do curso, cuja carga horária é requisito para aprovação e obtenção de diploma.
Não Obrigatório: É aquele desenvolvido como atividade opcional, acrescida à carga horária regular e obrigatória. 
 As atividades de extensão, de monitorias e de iniciação científica na educação superior, desenvolvidas pelo estudante, somente poderão ser equiparadas ao estágio em caso de previsão no projeto pedagógico do curso.  
 Nesse ponto, devemos esclarecer que não são todos os cursos que possuem estágio como disciplina de conclusão de cursos e que vários estudantes buscam estágios para melhorar as suas competências profissionais.
 O legislador se preocupou em deixar claro que o estágio é uma atividade educativa e por isso, o estudante deve estar matriculado e frequentando o curso. A instituição de ensino deve ter um professor orientador para supervisionar o estágio, bem como um supervisor na instituição concedente.
ESTAGIÁRIOS
 Observe o previsto na Lei do Estágio (Lei 11.788/2008) a respeito da jornada de atividade de estágio:
Art. 10.  A jornada de atividade em estágio será definida de comum acordo entre a instituição de ensino, a parte concedente e o aluno estagiário ou seu representante legal, devendo constar do termo de compromisso ser compatível com as atividades escolares e não ultrapassar: 
I – 4 (quatro) horas diárias e 20 (vinte) horas semanais, no caso de estudantes de educação especial e dos anos finais do ensino fundamental, na modalidade profissional de educação de jovens e adultos; 
II – 6 (seis) horas diárias e 30 (trinta) horas semanais, no caso de estudantes do ensino superior, da educação profissional de nível médio e do ensino médio regular. 
§ 1o  O estágio relativo a cursos que alternam teoria e prática, nos períodos em que não estão programadas aulas presenciais, poderá ter jornada de até 40 (quarenta) horas semanais, desde que isso esteja previsto no projeto pedagógico do curso e da instituição de ensino. 
§ 2o  Se a instituição de ensino adotar verificações de aprendizagem periódicas ou finais, nos períodos de avaliação, a carga horária do estágio será reduzida pelo menos à metade, segundo estipulado no termo de compromisso, para garantir o bom desempenho do estudante. 
Art. 11.  A duração do estágio, na mesma parte concedente, não poderá exceder 2 (dois) anos, exceto quando se tratar de estagiário portador de deficiência. 
Art. 12.  O estagiário poderá receber bolsa ou outra forma de contraprestação que venha a ser acordada, sendo compulsória a sua concessão, bem como a do auxílio-transporte, na hipótese de estágio não obrigatório. 
§ 1o  A eventual concessão de benefícios relacionados a transporte, alimentação e saúde, entre outros, não caracteriza vínculo empregatício. 
§ 2o  Poderá o educando inscrever-se e contribuir como segurado facultativo do Regime Geral de Previdência Social.  
Art. 13.  É assegurado ao estagiário, sempre que o estágio tenha duração igual ou superior a 1 (um) ano, período de recesso de 30 (trinta) dias, a ser gozado preferencialmente durante suas férias escolares. 
§ 1o  O recesso de que trata este artigodeverá ser remunerado quando o estagiário receber bolsa ou outra forma de contraprestação.
§ 2o  Os dias de recesso previstos neste artigo serão concedidos de maneira proporcional, nos casos de o estágio ter duração inferior a 1 (um) ano. 
Art. 14.  Aplica-se ao estagiário a legislação relacionada à saúde e segurança no trabalho, sendo sua implementação de responsabilidade da parte concedente do estágio. 
ESTÁGIOS PARA PORTADORES DE DEFICIÊNCIAS
O Estatuto dos Portadores de Deficiências (Lei nº 13.146/2015) no capítulo sobre Estágio Profissionalizante apresenta: 
Art. 54. Os educandos com deficiência poderão ser selecionados por pessoas jurídicas de direito privado ou pela Administração Pública Direta ou Indireta como estagiários, sem vínculo de emprego, mediante convênio entre as entidades escolares e os tomadores.
 § 1º O estágio deve prestar-se à vivência prática do aprendizado escolar, desde que haja previsão curricular de matérias de cunho profissionalizante.
§ 2º A atividade de trabalho guardará estrita relação com o conteúdo programático nos moldes estabelecidos no § 1º.
 § 3º A jornada de atividade em estágio, a ser cumprida pelo estudante,