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* * EQUILÍBRIO DE COMPLEXAÇÃO Compostos estáveis, com existência independente e com ligações químicas que obedecem às regras de valência, podem reagir entre si para formarem produtos com propriedades completamente diferentes dos compostos iniciais. A existência desses compostos intrigou os químicos a ponto deles serem denominados complexos. * Os elementos de transição são aqueles que pertencem aos períodos em que as orbitais d e f são progressivamente preenchidas. Caracterizam-se por possuírem camadas d incompletas ou por darem origem a ions com camadas d incompletamente preenchidas. Esta característica é responsável pelas propriedades peculiares destes metais, nomeadamente a grande tendência para formar complexos. Íons Complexos * Elementos de transição na Tabela Periódica * Considere-se por exemplo o período do escândio ao cobre: Sc Ti V Cr Mn Fe Co Ni Cu Verifica-se que o aumento da carga nuclear é compensado pelo efeito de blindagem, o que faz com que o raio não diminua muito e que as electronegatividades e energias de ionização sejam aproximadamente constantes. Estes elementos possuem ligação metálica forte (densidade elevada, e temperaturas de fusão e vaporização elevadas, bem como calores de transição de fase igualmente elevadas) Propriedades físicas gerais * Sc: Ar 4s2 3d1 Ti: Ar 4s2 3d2 . . . Cu: Ar 4s1 3d10 Quando formam ions os e- são removidos primeiro das orbitais 4s e só depois das orbitais d. Fe2+ : Ar 3d6 Configuração * Os números de oxidação são muito variados, entre +1 e +7 Os valores mais elevados correspondem aos óxidos: V2O5, Mn2O7, .... Números de oxidação * * Histórico Um dos complexos mais antigos que se conhece é o pigmento empregado em pintura denominado Azul da Prússia, KFe[Fe(CN)6] 3- Outros complexos K4[Fe(CN)6], 1753; K2PtCl6 ,1760-65; [Co(NH3)6]Cl3, 1798. * * Muitas teorias foram propostas para se explicar e estrutura dos complexos e muito da atração por esses compostos derivava das cores exibidas pelos complexos dos metais de transição. Ao final do século XIX identificava-se complexos CoCl3.6NH3 amarelo CoCl3.5NH3 púrpura CoCl3.4NH3 verde CoCl3.4NH3 violeta * * Essa duplicidade de comportamento do cloro pôde ser provada por Werner, ao reagir esses complexos com íon Ag+ e observar que quantidades diferentes de AgCl eram precipitadas, uma vez que apenas o íon Cl- pode reagir com Ag+. * * A ocorrência das cores verde e violeta para o mesmo complexo [Co(NH3)4Cl2]Cl2 ficou explicada pela ocorrência de isômeros cis e trans. * Os metais de transição têm uma tendência bastante forte para formar complexos. Um complexo metálico é um ion contendo um catião metálico central, ligado a uma ou mais moléculas ou iions. Co2+(aq) + 4 Cl-(aq) CoCl42-(aq) Complexos metálicos * A tendência da formação de um complexo é medida pela respectiva constante de formação, Kf, ou constante de estabilidade, que não é mais do que a constante de equilíbrio para a reação de complexação. Constante de estabilidade * Os complexos podem, por sua vez, combinar-se com ions simples ou complexos para formar compostos de coordenação. Um composto de coordenação é uma espécie neutra que contem pelo menos um ion complexo. O que conhecemos sobre ligação química nestes compostos é devido a Alfred Werner (prémio Nobel da Química). Este postulou que os elementos possuem dois tipos de valência: primária e secundária. Isto equivale ao nº de oxidação e ao nº de coordenação do elemento. Co(NH3)6Cl3 Valência primária: 3 Valência secundária: 6 Compostos de coordenação * Chamam-se ligandos às moléculas ou ions que rodeiam o metal num ion complexo. Os ligandos possuem pelo menos um par de eletrons de valência não partilhados - funcionam como bases de Lewis. As ligações químicas são ligações covalentes coordenadas ou dativas. Ligandos * Exemplos de ligando * Ligando polidentado (EDTA) * O átomo de um ligando que se encontra diretamente ligado ao átomo metálico chama-se átomo dador. Define-se número de coordenação ao número de átomos dadores que rodeiam o átomo central metálico num ion complexo. Os mais comuns são 4 e 6 (mas também 2 e 5). Fe(CN)63- : nº de coordenação = 6 Ag(NH3)2+ : nº de coordenação = 2 Os ligandos podem ser monodentados, bidentados ou polidentados, consoante o nº de átomos dadores presentes. Os ligandos bidentados e polidentados são também designados agentes quelantes. Algumas definições * O número de oxidação do átomo metálico central é importante e pode ser calculado tendo em conta a carga global do ion complexo. Ru(NH3)5H2OCl2 : nº de oxidação do Ru = +2 K4Fe(CN)6 : nº de oxidação do Fe = +2 Contra-ion é o K+! Cálculo do nº de oxidação de metais em compostos de coordenação * Praticando um pouco * A designação sistemática dos compostos de coordenação obedece às seguintes regras: >>> O nome do ânion surge antes do cátion(tal como nos compostos iônicos. >>> Dentro do ion complexo, o nome dos ligandos surge em primeiro lugar, por ordem alfabética, e no final o nome do metal. >>> os nomes dos ligandos têm terminação o se forem anions ou não têm designação especial se forem neutros ou cations, exceto H2O (aquo), CO (carbonilo) e NH3 (amino). >>> Quando os compostos contêm vários ligandos iguais utilizamos os prefixos di, tri, tetra, penta e hexa. >>>Se o ligando possui ele próprio um prefixo grego utilizamos os prefixos bis, tris e tetraquis. >>> O número de oxidação é indicado em numeração romana a seguir ao nome do metal. Se o complexo é anion a terminação do nome é o nome do metal seguido de ato. Nomenclatura * * Terminação do nome de anion que contêm átomos metálicos * K4Fe(CN)6 : hexacianoferrato(II) de potássio Co(NH3)4Cl2Cl : cloreto de tetraaminodiclorocobalto(III) Cr(en)3Cl3 : cloreto de tris(etilenodiamina)crómio(III) Cr(H2O)4Cl2Cl : cloreto de tetraaquodiclorocrómio(III) Exemplos * A geometria de compostos de coordenação depende do número de ligandos em torno do átomo central. Os arranjos mais comuns para complexos com ligandos monodentados são: 2 4 4 6 linear tetraédrica quadrangular plana octaédrica Geometria * Existem várias teorias para explicar a ligação química nos compostos de coordenação. Nenhuma delas é totalmente satisfatória. A mais completa é a Teoria do Campo Cristalino, que permite explicar a cor e propriedades magnéticas de muitos compostos de coordenação. A teoria de campo cristalino procura explicar a ligação química nos ions complexos em termos de forças eletrostáticas: a atração entre o ion metálico com carga positiva e o ligando com carga negativa (ou ligando polar!) e a repulsão entre os pares isolados localizados nos ligandos e os eletrons que ocupam as orbitais d do metal. Teoria do Campo Cristalino * A geometria octaédrica é a mais comum. O átomo metálico central está rodeado por 6 pares isolados de e- (localizados nos seis ligandos): Todas as cinco orbitais d são repelidas pelos e- dos ligandos. A repulsão depende contudo da orientação das orbitais d. Compostos Octaédricos * Coordenação octaédrica. O ion Fe2+ está coordenado com os átomos de azoto do grupo heme. O ligando por baixo da porfirina é o grupo histidina, que está ligado à proteina. O sexto ligando pode ser o O2. Sistemas biológicos: a Hemoglobina * A cor de uma substância resulta do fato de absorver luz numa gama específica de na região do espectro electromagnético correspondente ao visível (400 a 700 nm) Cu(H2O)62+: absorve luz na região laranja, com máx = 51014 s-1 ou 600 nm. A luz transmitida é predominantemente azul Cor * Relação entre a cor e o * /nm Espectrofotometria * Aplicações terapêuticas de agentes quelantes no tratamento do Cancro: cis-diaminodicloropaltina(II) Metalurgia: extracção da prata e do ouro pela formação de complexos com cianeto. Análise química: EDTA Detergência: tripolifosfato como agente quelante (problemas ambientais!). Aplicações dos compostos de coordenação * * Exemplos de complexos Naturais. O anel de porfirina aparece na clorofila e atua como um ligante polidentado para complexar o íon magnésio, Mg+2. * * Na mioglobina e hemoglobina, respectivamente o armazenamento e transporte de oxigênio nos seres vivos estão relacionados com o processo de complexação. * * A água é um excelente ligante e, portanto, em solução aquosa um íon metálico nunca esta livre, mas sempre complexado pela água, ou seja, forma-se um aquo-complexo. Usando água na qual moléculas contem o isótopo 18O, é possível observar a reação abaixo, inclusive podendo-se medir a velocidade. Constantes de equilíbrio [Cr(H2O)]+3 + H2O* [Cr(H2O*)]+3 + H2O * * A formação de aquo-complexos pode ter conseqüências interessantes. Na cromação de metais, íons Cr+6 são reduzidos inicialmente a Cr+3, os quais em seguida são reduzidos a Cr metálico. Pode-se perguntar então, porque não se começa o processo com íons Cr+3? A resposta é: porque não funciona. Começar com Cr+3 não dá certo, devido a formação de [Cr(H2O)6]+3, a partir do qual o cromo metálico não pode ser obtido. Ao se reduzir, o Cr+6 forma um filme de Cr+3 sobre a superfície do metal, impedindo que ocorra a formação do complexo [Cr(H2O)6]+3. * * Quelação. Quando um ligante contém dois ou mais átomos doadores de elétrons ele é um ligante polidentado e sua molécula se une ao metal por mais de um ponto, formando um complexo de estrutura cíclica que recebe o nome particular de quelato. Quelatos são mais estáveis que os formados por ligantes monodentados. * * A seguir são apresentados alguns agentes quelantes de interesse, inclusive aqueles usados como fonte de micronutrientes. EDTA Ácido etilenodiaminotetracético. O EDTA foi o primeiro agente quelante sintético usado para manter ferro solúvel em soluções, embora sua efetividade seja limitada a pH inferior a 6,5. * * O EDTA é um agente complexante muito estudado devido à sua extrema importância analítica. Inúmeros metais podem ser determinados por volumetria de complexação, sobretudo cálcio e magnésio em amostras de interesse ambiental como tecido vegetal, calcário e fertilizantes. O EDTA também é classificado como um ácido fraco poliprótico cujas constantes de ionização são: Ka1 = 1,02 10-2; Ka2 = 2,14 10-3; Ka3 = 6,92 10-7 e Ka4 = 5,5 10-11. * * DTPA Ácido dietilenotriamino pentacético. Comercializado como sal pentassódico, forma quelatos mais estáveis que o EDTA com ferro e zinco. Complexos de DTPA são altamente estáveis e resistentes à oxidação e, portanto, são usados no branqueamento por peróxidos. Em fertilizantes quelatizados aparece em produtos com 10% Fe. * * NTA Ácido nitriloacético. Uma única molécula de NTA apresenta número insuficiente de grupos de coordenação para quelatar metais de transição como Fe e Zn. * * Indicadores Metalocrômicos Os indicadores de metais: Substâncias que formam sais complexos com o metal que é titulado adquirindo coloração diferente daquela própria do indicador e - de estabilidade menor que a dos complexos do metal com EDTA. * * A adição do indicador à solução problema, tem como primeiro efeito o de complexar uma fração equivalente dos íons metálicos presentes, adquirindo coloração característica do complexo metálico do indicador. Em seguida, titula-se com a solução padrão de EDTA, operando numa faixa de pH definida. * * O EDTA após complexar inicialmente os íons metálicos livres, reage com os íons metálicos complexados pelo indicador, pois esse complexo é menos estável. A segunda complexação libera o indicador e, conseqüentemente, volta a sua coloração original; resulta, portanto, a possibilidade de reconhecer, com precisão, o ponto final da titulação. * * Aplicação da volumetria Complexométrica. Volumetria de complexação ou quelatometria A aplicação analítica de maior destaque do equilíbrio de formação de complexos é na determinação volumétrica de metais, denominada volumetria de complexação. reagente mais empregado é o EDTA A forma protonada, o ácido EDTA, é insolúvel em água. * * Uma das aplicações mais comuns em amostras ambientais é a determinação de cálcio e de magnésio pelo EDTA em análise de solo, material vegetal, calcários e fertilizantes. Os indicadores da volumetria de complexação atuam em geral como ligantes que formam complexos com o metal que esta sendo determinado, complexo este de estabilidade menor que o complexo entre o metal e o EDTA. * * Determinação do cálcio e magnésio em rochas carbonatadas Calcários são analisados para se determinar o teor de CaO e de MgO totais como forma de controle de qualidade desses insumos. São rochas que apresentam teores elevados de CaCO3 ou CaCO3 e MgCO3, mas não são compostos puros e contem impurezas como sílica, óxidos de Fe e Al, matéria orgânica e umidade. * * Determinação da Dureza Total em Águas Dureza (ou dureza total) é a denominação genérica dada à soma das concentrações dos íons de metais polivalentes presentes na água: cálcio (Ca++), magnésio (Mg++), ferro (Fe++/Fe+++), alumínio (Al+++), manganês (Mn++) e outros. Calcula-se : cálcio (Ca++), magnésio (Mg++) “Dureza total”
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