Buscar

SEXOLOGIA FORENSE

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 21 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 21 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 21 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

SEXOLOGIA FORENSE
*Luis Carlos Cavalcante Galvão
A sexologia forense é uma área de atuação da Medicina Legal que emprega os conhecimentos médicos para auxiliar a justiça através de perícias solicitadas por "Autoridades Competentes" em vítimas de crimes contra os costumes e crimes sexuais contra vulneráveis.
A sexologia clínica trata de questões sexuais que geralmente chegam a interferir no relacionamento de casais, como dispareunia, frigidez, impotência, infertilidade, ejaculação precoce, falta ou diminuição da libido etc.
ESTUPRO
A relação sexual é um ato normal com finalidade de perpetuação da espécie e/ou instintivo pelo prazer que o sexo proporciona.
Algumas espécies de animais irracionais conseguem este ato mediante violência praticada pelo macho, e em outras, a fêmea provoca a morte do parceiro logo após a cópula.
O homem, como ser racional, encontra prazer sexual de forma carinhosa, afetiva e pacífica, pelo despertar de sua libido, pela atração física etc, exceto comportamentos sexuais como sadismo e masoquismo...etc.
A sociedade condena veementemente o uso da violência para obtenção do ato sexual.
Em nosso país, e desde as Ordenações Manuelinas, Aphonsinas e Felipinas, já se repudiava o ato sexual conseguido mediante violência, com severas penas.
MOTT, M. L., relata a atuação das parteiras nas perícias médico-
legais de sexologia forense e assim se expressa sobre a Mme. 
Durocher recomendada parteira da corte imperial em 1866: "No que diz respeito a perícia médico - legal, a Mme Durocher participava de exames para verificar atentado ao pudor, defloramento, estupro, condições de feto, infanticídio etc. Em suas memórias, contou que um dia foi chamada pela polícia para dar parecer sobre um defloramento. Para o mesmo fim, também foi chamada uma parteira leiga, que trazia um ovo, o "fala verdade". Intrigada Mme Durocher perguntou para que servia, ao que a comadre respondeu: "Olha cá eu trago o tira - teima". Assim, se o ovo entrasse na vagina significava que a moça já não era donzela. Com ironia Mme Durocher afirmou ter dito para o colega. "Vê que foi bom você não se servir do ovo, agora pode aproveita - lo para uma gemada".
A Lei Brasileira tutela e protege o direito da mulher em dispor do seu corpo para um ato sexual quando e com quem escolher sem nenhuma forma de interferência, constrangimento ou violência física ou psíquica.
O Código Penal de 1830, conhecido como Código do Império, assim tratava o assunto.
DOS CRIMES CONTRA A SEGURANÇA DA HONRA
(Transcrição fac-similar)
SEÇÃO I
ESTUPRO:
ARTIGO 219 - Deflorar mulher virgem, menor de dezessete annos. PENAS:
No grão máximo - três annos de desterro para fora da comarca em que residir a deflorada e dotar e esta.
No grão médio - dois anos de desterro, idem, idem. 
No grão mínimo - um ano de desterro, idem, idem. Seguindo-se o casamento não terão lugar as penas.
ARTIGO 220 - Se o que cometer o estupro tiver em seu poder ou guarda a deflorada.
PENAS:
No grão máximo - seis annos de desterro para fora da província em que residir a deflorada, e dotar esta.
No grão médio - quatro annos de desterro, idem, idem. 
No grão mínimo - dois annos de desterro, idem, idem.
ARTIGO 221 - Se o estupro for cometido por parente da deflorada em gráo que admita dispensa para ao casamento.
PENAS:
No grão máximo - seis annos de degredo para a província mais remota da em que residir a deflorada, e dotar esta.
No grão médio - quatro annos de degredo, idem, idem.
No grão mínimo - dois annos de degredo, idem, idem.
ARTIGO 222 — Ter cópula carnal por meio de violência ou ameaças com qualquer mulher honesta.
PENAS
No gráo máximo - doze annos de prisão e dotar a ofendida.
No gráo médio - sete annos de prisão, idem, idem.
No gráo mínimo - três annos de prisão, idem, idem.
Se a violentada for prostituta:
PENAS:
No gráo máximo - dois annos de prisão.
No gráo médio - um anno e quinze dias de prisão.
No gráo mínimo - um mêz.
Sessenta anos depois de promulgado o Código Penal de Império, um novo Código Penal, conhecido como Código Republicano por ser promulgado em 1890, ano da Proclamação da República, entra em vigor.
Assim tratava a questão: (transcrição fac - similar)
ARTIGO 268 - Estuprar mulher virgem ou não, mas honesta.
PENAS: prisão cellular por um a seis annos.
§10 - Si a estuprada for mulher pública ou prostituta. PENAS: prisão cellular de seis mezes a dois annos.
§20 - Si o crime for praticado com o concurso de duas ou mais pessoas a pena será aumentada da quarta parte.
ARTIGO 269 - Chama - se estupro o acto pelo qual o homem abuse com violência de uma mulher, seja virgem ou não.
Por violência entende - se não só o emprego de força phísica, como o de meios que privarem a mulher de suas faculdades phísicas, e assim da possibilidade de resistir e defender - se, como sejam o hypnotismo, chloroformio e ether, e em geral as anestesias e narcóticos.
ARTIGO 272 - Presume - se commetido com violência qualquer dos crimes especificados neste e no capítulo precedente, sempre que a pessoa offendida for menor que 16 annos.
ARTIGO 273 - As penas estabelecidos para qualquer destes crimes serão applicadas com aumento da sexta parte.
1 - Si o criminoso for ministro de qualquer confissão religiosa.
2 - Si for casado.
3 - Si for criado ou doméstico da offendida ou da pessoa da sua família. E COM AUMENTO DA QUARTA PARTE.
4 - Si for ascendente, irmão, cunhado da pessoa offendida.
5 - Si for tutor, curador, encarregado da sua educação ou guarda, ou por qualquer outro título tiver autoridade sobre ela.
§ ÚNICO - Além da pena e da interdição em que incorrerá, também o ascendente perderá todos os direitos que a Lei lhe confere sobre a pessoa e bens da offendida.
ARTIGO 274 - Nestes crimes haverá lugar o procedimentO official da Justiça somente nos seguintes casos:
1 - Si a offendida for miserável, ou asylada de algum estabelecimento de caridade.
2 - Si da violência carnal resultar morte, perigo de vida ou alteração grave de saúde da offendida.
3 - Si o crime for perpetrado com abuso do pátrio poder, ou de autoridade de tutor, curador, ou preceptor.
ARTIGO 275 - O direito de queixa privada prescreve, findo seis mezes contados do dia em que o crime foi cometido.
ARTIGO 276 - Nos casos de defloramento, como nos de estupro de mulher honesta, a sentença que condenar o criminoso o obrigará a dotar a offendida.
§ ÚNICO - Não haverá lugar em posição de pena, si seguir - se o casamento e aprazimento do representante legal da offendida, ou do Juiz dos orphãos, nos casos em que lhe compete dar ou suprir o consentimento, ou o aprazimento da offendida si for maior.
Cinqüenta anos depois, foi promulgado em 07.12.1940 o Código Penal Brasileiro que rege nossas leis Penais até hoje, com algumas alterações
Assim tratava a questão:
DOS CRIMES CONTRA OS COSTUMES 
ESTUPRO:
ARTIGO 213 - Constranger mulher à conjunção carnal mediante violência ou grave ameaça.
PENA: reclusão de seis a dez anos.
§ ÚNICO - Se a ofendida é menor de 14 (catorze) anos: PENA: reclusão de 4 (quatro) a 10 (dez) anos.
FORMA QUALIFICADA:
ARTIGO 223 - Se da violência resultar lesão corporal de natureza grave:
PENA: reclusão de oito a doze anos.
§ ÚNICO - Se do fato resultar a morte.
PENA: reclusão de doze a vinte e cinco anos.
PRESUNÇÃO DA VIOLÊNCIA:
ARTIGO 224 - Presume - se da violência, se a vítima:
A - não é maior de quatorze anos.
B - é alienada ou débil mental, e o agente conhecia esta circunstância.
C - não pode, por qualquer outra causa, oferecer resistência. AUMENTO DA PENA:
ARTIGO 226 - A pena é aumentada da quarta parte:
A - se o crime é cometido com o concurso de duas ou mais pessoas.
B - se o agente é ascendente, pai adotivo, padastro, irmão, tutor ou curador, preceptor ou empregador da vítima ou, por qualquer outro título, tem autoridade sobre ela.
C - se o agente é casado. 
ATENTADO VIOLENTO AO PUDOR
ARTIGO 214 – Constranger alguém mediante violência ou grave ameaça,a prat icar ou permitir que com ele se pratique ato libidinosodiverso da conjunção carnal, Paragráfo Único - (Revogado pela Lei no 9.201, de 04.06.1996).
A Lei 8.072 de 25 de julho de 1990, passa a considerar o Estupro e o Atentado Violento ao Pudor, como crimes HEDIONDOS. Crimes hediondos são aqueles insuscetíveis de anistia, graça, indulto, liberdade provisória ou fiança. A pena é cumprida na íntegra em regime fechado.
Para efeito comparativo, nota-se que o conceito de estupro na Legislação Boliviana, Argentina, Colombiana, Chilena, difere do Conceito Brasileiro, tipificado no Código Penal.
Reuniram - se, nesses países, os crimes de atentado violento ao pudor e estupro, num único artigo com a denominação de Violacion, e caracterizaram por estupro, o que corresponde ao antigo crime de sedução retirado do Código Penal Brasileiro.
LEGISLAÇÃO ATUAL - LEI N° 12015, DE 07.08.2009.
TÍTULO VI
DOS CRIMES CONTRA A DIGNIDADE SEXUAL
CAPÍTULO I
DOS CRIMES CONTRA A LIBERDADE SEXUAL
Estupro
Art. 213. Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a ter conjunção carnal ou a praticar ou permitir que com ele se pratique outro ato libidinoso:
Pena - reclusão, de 6 (seis) a 10 (dez) anos.
§ 1º Se da conduta resulta lesão corporal de natureza grave ou se a vítima é menor de 18 (dezoito) ou maior de 14 (catorze) anos:
Pena - reclusão, de 8 (oito) a 12 (doze) anos. § 2º Se da conduta resulta morte:
Pena - reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos.
Violação sexual mediante fraude
Art. 215. Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com alguém, mediante fraude ou outro meio que impeça ou dificulte a livre manifestação de vontade da vítima:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos.
Parágrafo único. Se o crime é cometido com o fim de obter vantagem econômica, aplica-se também multa.
Atentado ao pudor mediante fraude
Art. 216 — (Revogado pela Lei no 12.015, de 07.08.09) 
Assédio sexual
Art. 216- A. Constranger alguém com o intuito de obter vantagem ou favorecimento sexual, prevalecendo-se o agente da sua condição de superior hierárquico ou ascendência inerentes ao exercício de emprego, cargo ou função.
Pena - detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos. 
Parágrafo único. (VETADO)
§ 2° A pena é aumentada em até um terço se a vítima é menor de 18 (dezoito) anos.
CAPÍTULO II
DOS CRIMES SEXUAIS CONTRA VULNERÁVEL 
Sedução
Art. 217 — (Revogado pela Lei no 11.106, de 28.03.05) 
Estupro de vulnerável
Art. 217-A. Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com menor de 14 (catorze) anos:
Pena - reclusão, de 8 (oito) a 15 (quinze) anos.
§ 1° Incorre na mesma pena quem pratica as ações descritas no caput com alguém que, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário discernimento para a prática do ato, ou que, por qualquer outra causa, não pode oferecer resistência.
§ 2° (VETADO)
§ 3° Se da conduta resulta lesão corporal de natureza grave: Pena - reclusão, de 10 (dez) a 20 (vinte) anos.
§ 4° Se da conduta resulta morte:
Pena - reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos.
Corrupção de menores
Art. 218. Induzir alguém menor de 14 (catorze) anos a satisfazer a lascívia de outrem:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos. 
Parágrafo único. (VETADO).
Art. 218-A. Praticar, na presença de alguém menor de 14 (catorze) anos, ou induzi-lo a presenciar, conjunção carnal ou outro ato libidinoso, a fim de satisfazer lascívia própria ou de outrem:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos.
Art. 218-B. Submeter, induzir ou atrair à prostituição ou outra forma de exploração sexual alguém menor de 18 (dezoito) anos ou que, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário discernimento para a prática do ato, facilitá-la, impedir ou dificultar que a abandone:
Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 10 (dez) anos.
§ 1° Se o crime é praticado com o fim de obter vantagem econômica, aplica-se também multa.
§ 2° Incorre nas mesmas penas:
I - quem pratica conjunção carnal ou outro ato libidinoso com alguém menor de 18 (dezoito) e maior de 14 (catorze) anos na situação descrita no caput deste artigo;
II – o proprietário, o gerente, ou o responsável pelo local em que se verifiquem as práticas referidas no caput deste artigo.
§ 3° Na hipótese do inciso II do § 20, constitui efeito obrigatório da condenação a cassação da licença de localização e de funcionamento do estabelecimento.
CAPÍTULO IV
DISPOSIÇÕES GERAIS
Formas qualificadas
Art. 223 (Revogado pela Lei no 12.015, de 07.08.09) Presunção de violência
Art. 224 (Revogado pela Lei no 12.015, de 07.08.09) Aumento de pena
Art. 226 - A pena é aumentada:
I - de quarta parte, se o crime é cometido com o concurso de 2 (duas) ou mais pessoas;
II - de metade, se o agente é ascendente, padrasto ou madrasta, tio, irmão, cônjuge, companheiro, tutor, curador, preceptor ou empregador da vítima ou por qualquer outro título tem autoridade sobre ela;
CONCEITO
CONJUNÇÃO CARNAL - Por definição é a introdução total ou parcial do pênis na vagina, com ou sem ejaculação.
ATO LIBIDINOSO - È toda manifestação de carinho por contato físico diverso da conjunção carnal. Assim o coito anal, coito oral, coito interfênnura, coito intermamário, etc são exemplos de atos libidinosos.
VIOLÊNCIA - A violência terá que ser efetiva para a obtenção da conjunção carnal ou ato libidinoso, a violência física deixa seqüelas leves, graves e até a morte posterior ao estupro.
Exige - se que efetivamente haja uma resistência mínima por parte da vítima. A imobilidade é uma forma de resistência. Na prática médico - legal presenciei um caso em que uma mulher ao ser flagrada com um vizinho do bairro num matagal próximo ao local de uma festa, começou a gritar atribuindo o uso de violência ter se submetido àquele ato, tendo o dito vizinho fugido instantaneamente.
Ao exame não se verificou nenhum sinal de violência no corpo ou nas vestes da paciente, não havia presença de espermatozóide no fundo do saco vaginal, pois o coito foi interrompido pelo flagrante.
A "história" contada pela paciente era cheia de contradições e não convencia ao perito.
Na verdade, queria ela apenas ocultar do marido a verdadeira versão de adultério com um rapaz que tinha conhecido na festa naquela mesma noite.
O Prof. Almeida Júnior relata em seu livro uma anedota de Sancho Pança que a seguir transcrevemos:
"Quando no governo de sua ilha, uma mulher levou à presença dele certo porqueiro que, segundo dizia ela, tendo - a encontrado no campo, a estuprara. O homem confessava o ato sexual, mas negava a violência - "Paguei o suficiente", declarava. O governador perguntou - lhe, então, se trazia consigo algum dinheiro, ao que o marchante respondeu que sim, numa bolsa de couro. Mandou - lhe que entregasse à queixosa,o que ele fez a tremer. A mulher agarrou - a com ambas as mãos e, depois de mil mesuras, saiu do tribunal. Apenas saiu, Sancho disse ao marchante - "Bom homem, correi atrás daquela mulher, tirai -lhe a bolsa, ainda que seja por mal, e tornai aqui com ela". O homem partiu como um raio. Dentro em pouco voltaram os dois. Perguntando Sancho Pança à mulher se o homem havia lhe tirado a bolsa, respondeu ela - "Tirou?" Como é lá isso? Mais depressa deixaria eu tirar a vida do que a bolsa". Ao que o governador, recolhendo a bolsa retorquiu - "Irmãzinha, se todo alento e vigor - mesmo a metade que fosse - de que destes prova para /defender esta bolsa, o tivésseis mostrado para defender vosso corpo, as próprias forças de Hércules não vos forçariam".
A violência física se traduz por lesões: sugilações, equimoses, hematomas e feridas diversas, a depender dos instrumentos ou meios utilizados na sua produção. São facilmente verificadas quando do exame geral da vítima. Entretanto, a violência pode ser psíquica, através da embriaguez etílica ou toxicológica completa, pela hipnose ou narcose, etc.
GRAVE AMEAÇA - Efetivamente deverá o agente fazer ameaça de tal ordem à vítima ou pessoa de sua intimidade, que esta, por não ter meios eficazes de reação paracessar seus efeitos, termina por capitular diante dela.
Assim, o uso de uma arma de fogo, uma faca ou uma ameaça direta a um filho, esposo, parente ou até um amigo uma grave ameaça a terceiros na frente da vítima com único intuito de conseguir uma conjunção carnal ou um ato libidinoso.
Fica entendido que para legislação atual o estupro (conjunção carnal ou ato libidinoso) tem que ser conseguido mediante violência ou grave ameaça.
EXAME DE CONSTATAÇÃO DE CONJUNÇÃO CARNAL
Como toda perícia médico - legal, após o exame deve ser confeccionado um laudo de exame de constatação de conjunção carnal (realizado nas supostas vítimas de estupro ou de crimes sexuais contra vulneráveis).
A abordagem deve ser a mais suave possível com a gentileza recomendável deixando a vítima à vontade para contar os fatos que envolveram o ato ilícito, sem, no entanto forçá-la ou deixá-la perceber perguntas diretas sobre detalhes sórdidos minuciosos que envolveram o fato fazendo com que a Pericianda deixe colaborar com informações importantes para a Perícia Médica.
A anamnese deve ser grave e progressiva deixando-a falar sem interrupções adquirindo assim sua confiança.
Importante também é apresentar-se como agente de saúde (Médico) e não como agente do Poder Repressor (policia).
Este laudo deverá conter: preâmbulo, histórico, descrição, discussão ou comentário médico - legal (a critério do Perito), conclusão e respostas aos quesitos oficiais e suplementares (se houver formulação pela Autoridade solicitante).
PREÂMBULO - Deverá conter toda a qualificação da pericianda: nome, filiação, idade, profissão, estado civil, fenótipo cor da pele, religião, naturalidade, nacionalidade, residência etc.
HISTÓRICO - No ofício ou guia da solicitação do exame médico - legal há, geralmente, uma síntese do histórico do fato. Como nem sempre este histórico é suficiente, deve o legista ouvir o periciando atentamente registrando divergências, se existirem, entre as historias: registrada na guia e narrada pela vítima. O Perito experiente deve perceber através do histórico, simulações, metasimulações e dissimulações.
EXAME FÍSICO
ECTOSCÓPIO
No exame ectoscópio o Legista deve descrever todas as lesões encontradas com localização, aspecto, coloração e dimensões; verificando sinais de infecção e a cronologia.
No exame ectoscópio o Legista deve descrever todas as lesões encontradas com localização, aspecto, coloração e dimensões; verificando sinais de infecção e a cronologia.
A violência caracteriza - se fisicamente pelas lesões encontradas cuja intensidade e multiplicidade indicam o grau de brutalidade utilizada.
Deve - se examinar com cuidado, minuciosamente, seios, pescoço, nádegas, coxas, períneo e regiões peri-anais e labiais, dada a freqüência de lesões nestas áreas.
O uso da lâmpada de Wood (luz ultravioleta filtrada) deve ser feito, deixando a sala completamente no escuro e passando a lâmpada tipo lanterna sobre a pele a uma distância de aproximadamente 10 cm ou menos para verificação de áreas com fluorescência. O semem e urina e a saliva tornam - se fluorescente sob a luz ultravioleta. As formas lácteas, leite, derivados e alguns cremes e cosméticos podem dar um resultado falso - positivo.
Nestas áreas serão realizados procedimentos de coleta com SWAB para pesquisa de espermatozóides, PSA e material biológico para exame de DNA.
Para este procedimento o Legista jamais deve realizar o exame sem antes informar a paciente os procedimentos e manter na sala uma auxiliar do sexo feminino sempre presente no momento do exame, para evitar interpretações equivocadas.
Na ausência de auxiliar deve-se solicitar autorização da Pericianda para que ela permita ou não a presença de uma acompanhante do sexo feminino. Quando não houver autorização deve-se informar o procedimento aos acompanhantes para que sejam evitados equívocos interpretativos por parte da fragilizada vitima e o entendimento dos acompanhantes caso isso venha acontecer.
A maioria dos IML's colocam na secção de "Sexologia Forense" médicas legistas no horário administrativo e nos fins de semana, feriados e a noite os exames são realizados pelos plantonistas.
EXAME FÍSICO
GENITAL
O exame genital deve começar pelos seios que devem ser descritos, verificando - se cuidadosamente se há presença de marcas de mordidas, sugilações, equimoses, hematomas, escoriações etc. Verifica - se há sinais sugestivos de gravidez, aumento da área aureolar, pigmentação e secreção láctea.
O mesmo procedimento deve ser feito para a identificação de lesões na região perineal e vulvar.
No exame genital temos que considerar duas situações:
10 MULHER VIRGEM - Devemos procurar lesões hinnenais roturas, equimoses localizadas corretamente.
Para sua localização podemos dividir o himem em quadrantes: superior e inferior, direito e esquerdo; ou usarmos a metodologia que compara o himem a um mostrador de relógio, localizando as roturas as 6 horas, 10 horas, 12 etc.
Devemos descrever a forma do himem, se há ou não a presença de fluxo vaginal.
As roturas himenais devem ser verificadas com muita cautela e paciência para não serem confundidas com entalhes himenais que são roturas incompletas congênitas, que não apresentam sinais de contusão e na maioria absoluta das vezes não chegam à base do himem.
O uso do azul de toluidina é indispensável, pois essa substância cora as lesões recentes e traumáticas que adquirem cor azul escuro. Os entalhes não se coram pela toluidina.
O uso de Colposcópio é de grande auxilio neste exame.
Não devemos esquecer que cerca de 20 a 25 % das mulheres apresentam himem complascente isto é: aquele que permite a conjunção carnal sem se romper. Nestes casos de hímens planos, elásticos deve - se com cuidado proceder a coleta de secreção vaginal no fundo do saco de Douglas, usando - se o SWAB apropriado.
O hímen é ou não é complacente; não existindo formas intermediárias quanto a esta questão.
2° MULHER COM VIDA SEXUAL ATIVA - Nestes casos deve - se fazer os mesmos procedimentos anteriores. Como já existe um hinnem roto ou o que sobrou dele, as "carúnculas" (bordas retraídas de membrana himenal localizadas no intróito vaginal), devemos coletar secreção vaginal no fundo de saco de Douglas para pesquisa de espermatozóide e PSA e pinga mais ou menos 10 gotas de secreção coletada com o SWAB em papel de filtro que deve ser seco naturalmente ou em estufa e temperatura não superior a 450C, que deve ser guardado em envelope lacrado e etiquetado para posterior realização de exame de DNA caso haja suspeito para procedimento comparativo.
A urina deve ser coletada para realização de testes de gravidez.
PROCEDIMENTOS PERICIAIS
Caso a vítima ainda esteja com as vestes que usava quando da ocasião do delito, devemos procurar manchas sobretudo nas roupas intimas e em caso positivo estas devem ser enviadas para o laboratório para pesquisa de espermatozóides, PSA e material biológico para exame de DNA.
Quando há uma conjunção carnal tanto o homem quanto a mulher perdem em média 6 a 8 pelos pubianos.
Por isto, devemos pentear os pelos pubianos da vítima e coletar os pelos soltos que ficam presos ao pente e guarda - los em envelope lacrado e etiquetado para ser enviado ao laboratório para exame tricológico.
Em seguida procede - se o arrancamento de 6 a 8 pelos pubianos da paciente que também serão do mesmo jeito encaminhados ao laboratório para exame comparativo entre os pelos soltos e os arrancados. Havendo diferenças conclui-se que há pelo (s) de outra pessoa, muito provavelmente do criminoso que devem ser guardados para posterior exame de DNA.
O Legista deve procurar o laboratório forense para informar - se sobre a coleta de nnicrofibras têxteis que podem identificar as vestes de um indivíduo que cometeu o delito.
Não se deve deixar de fotografar as lesões pois as fotos são ilustrativas e elucidativas, além de enriquecer o laudo pericial.
VERIFICAÇÃO DE ATO LIBIDINOSO
PERÍCIA
Na perícia de verificação de ato libidinoso, deve o Perito procurar lesões que caracterizema violência, além de pesquisar cuidadosamente elementos que caracterizam o ato libidinoso.
As lesões devem ser cuidadosamente descritas, com localização, aspecto, coloração, cronologia etc. A fotografia é essencial.
Dos atos libidinosos praticados por meliantes o coito anal talvez seja o mais freqüente.
A história deve ser cautelosamente colhida pois o ato humilhante faz com que as vítimas sintam vergonha de relata - lo com detalhes.
O exame físico ectoscópio é semelhnte ao que se faz no exame de constatação de conjunção carnal.
Regiões como períneo, anus, pescoço, seios, coxas, lábios, nádegas e boca devem ser observadas minuciosamente, dada a maior incidência de lesões nestas áreas.
Quando o ato libidinoso relatado pela vítima for o coito anal, deve examinar cuidadosamente a região anal e perianal identificando rágades (lesões traumáticas recentes) e fissuras (lesões crônicas).
As fissuras podem ser provocadas por verminose (oxiurus), anite (inflamação e/ou infecção do anus, bacteriana ou fúngica), bolo fecal espesso, diarréias, obstrução intestinal etc.
As rágades representam lesões traumáticas recentes, geralmente por esgarçamento, e se coram pelo azul de toluidina adquirindo coloração azul escura. As fissuras se coram muito pouco ou não se coram pela toluidina.
A coleta de secreção anal é feita com o SWAB para a pesquisa de espermatozóide, PSA e de material biológico para futuro exame de DNA. O mesmo procedimento de coleta é feito na região bucal quando a vítima foi submetida à pratica de sexo oral.
Quando são observadas marcas de mordidas o Odonto-Legista deve ser acionado para fazer o levantamento pelas metodologias existentes (mensuração, reprodução fotográfica, oclusão, distância intercanina), usando- se recursos de informática, possibilitando a confirmação ou exclusão de um suspeito.
ASSISTÊNCIA AS VÍTIMAS DE VIOLÊNCIA SEXUAL
As vítimas de violência sexual de ambos os sexos devem ser encaminhadas após o exame médico-legal para profilaxia de doenças sexualmente transmissíveis, prevenção de gravidez indesejável, acompanhamento psicológico e dos procedimentos legais que o caso requer.
Hoje a maioria dos Estados tem este tipo de serviço. Em São Paulo o projeto "Bem me quer", na Bahia o projeto "Viver" etc.
Os exames sexológicos representam situação de urgência para a realização dos procedimentos médico-legais. Quanto menor for o tempo entre o ato ilícito e o exame maiores serão as chances de se prender o Autor com provas inquestionáveis que certamente não o deixará na impunidade.
Algumas vítimas antes da Perícia, tomam banho, escovam os dentes, gargarejam com álcool, fazem ducha vaginal, queimam, lavam ou colocam de molho em solução de água sanitária as vestes, destruindo assim a possibilidade de coleta de evidências que serviriam para a condenação do meliante.
Não se deve ter pressa. Quanto mais lento e rigoroso foi o exame, menor será a possibilidade de equívocos. A pressa está em se realizar o exame o mais rápido possível após o ato. Uma vez iniciado, manda o bom senso realiza-lo com calma e rigorosamente dentro da técnica.
MATERIAL NECESSÁRIO A SALA DE SEXOLOGIA FORENSE
- Maca gabinete ginecológico com gavetas; 
- Espéculos vaginais e pinças descartáveis; 
- Foco ginecológico;
- Lâmpada de WOOD;
- SWABs com etiquetas de identificação; 
- Solução de azul de toluidina;
- Solução de lugol;
 - Lâminas e Lamínulas;
- Lupas;
- Máquinas fotográficas: digital e convencional; 
- Papel de filtro e envelopes de papel; 
- Gaze quatro 7,5 X 7,5 cm, esterilizadas; 
- Luvas de procedimento;
Havendo disponibilidade financeira o colposcópio ou um vídeocolposcópio é de grande auxilio nas perícias sexológicas. Também um aparelho de ultra-sonografia para identificação de gravidez, da saúde e idade fetal.
Não se deve deixar de fotografar as lesões pois as fotos são ilustrativas e elucidativas, além de enriquecer o Laudo Pericial, facilitando ao operador do Direito uma maior compreensão da lesão descrita, bem como esclarecimento de dúvidas posteriores quanto às dimensões e localizações.
RESPOSTAS AOS QUESITOS
Embora no Brasil haja um único Código Penal para o país, cada estado tem sua bateria de quesitos para atendê-lo.
Pessoalmente sugerimos os seguintes quesitos:
1º - Houve conjunção carnal ou ato libidinoso?
2º - Em caso afirmativo quais os achados que caracterizam?
3º- Há achados médico - legais ou lesões que caracterizem o uso de violência?
4º - Trata-se de menor de 14 anos?
5º - Trata-se de Periciando com enfermidade ou deficiência mental que não tem discernimento para a prática do ato, ou que por qualquer outra causa não pode oferecer resistência?
6º - Da violência empregada resultou lesão corporal de natureza grave (1° e 2° Parágrafos, Artigo 129 - CPB).
Quesitos atualmente utilizados no Instituto Médico Legal Nina Rodrigues - Salvador-BA.

Continue navegando