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APOSTILA DE DIREITO PENAL II

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I-Classificação das Normas Penais: 
 
a) Normas Penais Incriminadoras: são as que definem 	infrações 	penais 	e 	cominam sanções. Ex: art. 121 CP. 
b) Normas Penais Não-Incriminadoras: estas são subdividem-se em: 
b.1) Permissivas: prevêem a licitude ou a impunidade de determinados comportamentos, mesmo sendo típicos diante das normas penais de incriminação. Ex: art. 23 CP. 
b.2) Complementares 	ou 	Explicativas 	ou Finais: são as que esclarecem outras disposições ou delimitam o âmbito de sua incidência. Ex: art. 327 CP. 
 
II-Classificação dos Crimes em Espécie: 
 
Dos Crimes Contra a Pessoa 
Dos Crimes Contra o Patrimônio 
Dos Crimes Contra a Propriedade Imaterial 
Dos Crimes Contra a Organização do Trabalho 
Dos Crimes Contra o Sentimento Religioso e 
Contra o Respeito aos Mortos 
Dos Crimes Contra os Costumes 
Dos Crimes Contra a Família 
Dos Crimes Contra a Incolumidade Pública 
Dos Crimes Contra a Paz Pública 
Dos Crimes Contra a Fé Pública 
Dos Crimes Contra a Administração Pública 
 
III-Classificação dos Crimes Contra a Pessoa: 
 
Dos Crimes Contra a Vida 
Das Lesões Corporais 
Da Periclitação da Vida e da Saúde 
Da Rixa 
Dos Crimes Contra a Honra 
Dos Crimes Contra a Liberdade Individual 
 
 
Título I - Dos Crimes Contra a Pessoa 
Capítulo I - Dos Crimes Contra a Vida 
 
 Este capítulo abrange quatro condutas típicas a saber: Homicídio; Induzimento, instigação e auxílio a suicídio; Infanticídio e Aborto. 
 
1-Homicídio (art. 121 CP). 
 
1.1-Conceito: é a eliminação da vida de uma pessoa por outra. 
1.2-Objeto Jurídico: a preservação da vida. 
1.3-Sujeito Ativo: qualquer pessoa. 
1.4-Sujeito Passivo: qualquer pessoa com vida. 
1.5-Ação Penal: pública incondicionada, competindo ao júri o julgamento do homicídio doloso. 
 
1. 6-Classificação: 
 
1.6. 1-Doloso: 
1.6.1. 1-Simples (art. 121 “caput”) 
 
1.6.1.2-Privilegiado (§ 1º) 
 1.6.1.3-Qualificado (§ 2º) 
 
 
1.6.2-Culposo 
 1.6.2.1- Simples (§ 3º) 
 
1.6.2. 2-Qualificado (§ 4º) 
 
 
1.7-Homicídio Simples: é aquele que não é privilegiado e nem qualificado (art. 121 “caput” CP). 
 Pena: reclusão de 6 a 20 anos 
 
1.8-Homicídio Privilegiado: ocorre quando o agente comete o homicídio: 
a) Impelido por motivo de relevante valor social. Motivo relevante é aquele que se sobressai, que tem relevo, que tem importância. 
Valor Social é aquele que diz respeito ao interesse de toda uma coletividade. Ex: o sujeito mata o vil traidor da pátria. 
 
b) Impelido por motivo de relevante valor moral. Valor moral liga-se aos interesses individuais, particulares do agente, entre eles a piedade, a compaixão, a misericórdia. 
Exs: o sujeito mata o sedutor de sua filha; o homicídio eutanásico. 
 
c) Sob o domínio da violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima. 
 A emoção é o abalo moral ou afetivo, comoção, perturbação, sentimento, turbação. 
 
Exemplos de emoção: raiva, tristeza, alegria, medo, surpresa, afeto, aversão. 
 
Deve ser violenta, ou seja, agressiva, aniquiladora, atroz, brutal, cruel, devastadora. 
O homicida age sob um verdadeiro choque emocional, ocorre a perda do self control. 
Ela oblitera os sentidos, (“cego de raiva”). O agente se encontra sob o domínio, ou seja, sob o controle, o império, o poder, daquela emoção. 
 
Para a configuração do privilégio se exige que o revide seja imediato, logo depois da provocação da vítima, sem hiato temporal. 
 
Deve perdurar o tempo que perdura o estado da violenta emoção. O juiz deve analisar o caso concreto. 
 
A mora na reação exclui a causa minorante, transmudando-se em vingança. 
 
A injusta provocação da vítima representa toda e qualquer conduta incitante, desafiadora, injuriosa praticada pela vítima em relação ao agente. 
 
Essa provocação pode ser indireta, dirigida contra terceira pessoa ou mesmo contra um animal. 
 
Tais circunstâncias são incomunicáveis. 
Pena: é a mesma do homicídio simples, diminuída de 1/6 a 1/3. 
 
HOMICÍDIO QUALIFICADO PRIVILEGIADO 
 
1.9-Homicídio Qualificado: é aquele praticado dentro das circunstâncias do § 2º do art. 121. São as seguintes: 
INCISO I 
a) mediante paga ou promessa de recompensa: é chamado homicídio mercenário. É praticado por interesse econômico. 
b) motivo torpe: é o motivo baixo, vil, repugnante. Ex.: matar alguém para adquirir-lhe a herança; por racismo. 
 
INCISO II 
c) motivo fútil: é o motivo insignificante, sem importância. Ex.: matar a esposa por ter queimado o feijão. 
 
INCISO III 
d) emprego de veneno, é o chamado venefício, a morte por propinação de substância letal. 
e) emprego de fogo, explosivo. 
f) emprego de asfixia: Ex.: enforcamento, afogamento, esganadura. 
g) emprego de tortura: é a morte causada mediante suplício. 
h) meio insidioso: é o meio dissimulado. Ex.: armadilha mortífera. 
i) meio cruel: Ex.: morte da vítima em um tanque com ácido; dentro de uma máquina de triturar algodão. 
j) meio de que possa resultar perigo comum: é aquele que pode atingir indefinido número de pessoas. Ex.: com emprego de fogo. 
 
INCISO IV 
k) à traição: com ataque sorrateiro, pelas costas. 
l) emboscada: é a tocaia, com o agente escondido à espera da vítima. 
m) mediante dissimulação: o criminoso disfarça seu propósito, para atingir a vítima desprevenida. 
Ex.: homicídio praticado com uso de disfarce. 
n) mediante outro recurso que dificulte ou torne impossível a defesa do ofendido: o modo deve ser análogo aos outros do inciso IV, do § 2º. 
 
INCISO V 
o) para assegurar a execução, ocultação, impunidade ou vantagem de outro crime: Exs.: A, ladrão, mata B, também ladrão, para ficar com todo o produto do crime. C, mata D, única testemunha de um homicídio por ele praticado. 
 
AMPLO PARÊNTESE PARA 	ESTUDO 	DO 
INCISO VI (FEMINICÍDIO) 
 P) contra a mulher por razões da condição de sexo feminino: (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015) 
 
Feminicídio é o homicídio doloso praticado contra a mulher por “razões da condição de sexo feminino”. 
 
O AGENTE despreza, desconsidera a dignidade da vítima enquanto mulher, como se as pessoas do sexo feminino tivessem menos direitos do que as do sexo masculino. 
 
Diferença entre feminicídio e femicídio 
· Femicídio significa praticar homicídio contra mulher (matar mulher); 
 
· Feminicídio significa praticar homicídio contra mulher por “razões da condição de sexo feminino” (por razões de gênero). 
 
A nova Lei trata sobre FEMINICÍDIO, ou seja, pune mais gravemente aquele que mata mulher por “razões da condição de sexo feminino” (por razões de gênero). Não basta a vítima ser mulher. 
 
A Lei Maria da Penha não pune essa conduta A Lei n.º11.340/2006 (Lei Maria da Penha) trouxe regras processuais instituídas para proteger a mulher vítima de violência doméstica, mas sem tipificar novas condutas, salvo uma pequena alteração feita no art. 129 do CP. 
 
Desse modo, o chamado feminicídio não era previsto na Lei Maria da Penha, apesar de a Sra. Maria da Penha Maia Fernandes, que deu nome à Lei, ter sido vítima de feminicídio duas vezes (na modalidade tentada). 
 
Vale ressaltar que as medidas protetivas da Lei Maria da Penha poderão ser aplicadas à vítima do feminicídio (obviamente, desde que na modalidade tentada). 
 
Sujeito ativo 
Pode ser qualquer pessoa (trata-se de crime comum). 
O sujeito ativo do feminicídio normalmente é um homem, mas também pode ser mulher. 
Sujeito passivo 
Obrigatoriamente deve ser uma pessoa do sexo feminino (criança, adulta, idosa, desde que do sexo feminino). 
Mulher que mata sua companheira homoafetiva: pode haver feminicídio se o crime foi por razões da condição de sexo feminino. 
Homem que mata seu companheiro homoafetivo: não haverá feminicídio porque a vítima deve ser do sexo feminino. Esse fato continua sendo, obviamente, homicídio. 
 
Transexual, homossexual e travesti. Diferenças 
Transexual é o indivíduo que possui características físicas sexuais distintas das características psíquicas. Segundo a Organização Mundial de Saúde, a transexualidade é uma questão de identidade de gênero. 
 
A identidadede gênero é o gênero como a pessoa se enxerga (como homem ou mulher). Assim, em simples palavras, o transexual tem uma identidade de gênero (sexo psicológico) diferente do sexo físico, o que pode causar intenso sofrimento. 
Existem algumas formas de acompanhamento médico oferecidas ao transexual, dentre elas a cirurgia de redesignação sexual 
(transgenitalização), que pode ocorrer tanto para redesignação do sexo masculino em feminino, como o inverso. 
A cirurgia para a transformação do sexo masculino em feminino é chamada de 
“neocolpovulvoplastia” e consiste, na maioria dos casos, na retirada dos testículos. 
Na mulher pode ser feita a construção de uma vagina (neovagina), utilizando-se a pele do pênis ou de parte da mucosa do intestino grosso. 
 
O Conselho Federal de Medicina editou a Resolução 1652/2002-CFM regulamentando os requisitos e protocolos médicos necessários para a realização da cirurgia de transgenitalização. 
Importante, ainda, esclarecer que transexual não é o mesmo que homossexual ou travesti. 
A definição de cada uma dessas terminologias ainda está em construção, sendo ponto polêmico, mas em simples palavras, a homossexualidade (não se fala homossexualismo) está ligada à orientação sexual. 
A pessoa tem atração emocional, afetiva ou sexual por pessoas do mesmo gênero. 
 O homossexual não possui nenhuma incongruência de identidade de gênero. 
A travesti (sempre utiliza-se o artigo no feminino), por sua vez, possui identidade de gênero oposta ao seu sexo biológico, mas, diferentemente dos transexuais, não deseja realizar a cirurgia de redesignação sexual. 
Vítima homossexual (sexo biológico masculino): não haverá feminicídio, considerando que o sexo físico continua sendo masculino. 
Vítima travesti (sexo biológico masculino): não haverá feminicídio, considerando que o sexo físico continua sendo masculino. 
Transexual que realizou cirurgia de transgenitalização (neovagina) pode ser vítima de feminicídio se já obteve a alteração do registro civil, passando a ser considerada mulher para todos os fins de direito? 
NÃO. A transexual, sob o ponto de vista estritamente genético, continua sendo pessoa do sexo masculino, mesmo após a cirurgia. 
Não se discute que a ela devem ser assegurados todos os direitos como mulher, eis que esta é a expressão de sua personalidade. 
É assim que ela se sente e, por isso, tem direito, inclusive de alterar seu nome e documentos, considerando que sua identidade sexual é feminina. Trata-se de um direito seu, fundamental e inquestionável. 
No entanto, tão fundamental como o direito à expressão de sua própria sexualidade, é o direito à liberdade e às garantias contra o poder punitivo do Estado. 
O legislador tinha a opção de, legitimamente, equiparar a transexual à vítima do sexo feminino, até porque são plenamente equiparáveis. Porém, não o fez. 
Não pode o intérprete, a pretexto de respeitar a livre expressão sexual do transexual, valer-se de analogia para punir o agente. 
A transexual que realizou a cirurgia e passou a ter identidade sexual feminina é equiparada à mulher para todos os fins de direito, menos para agravar a situação do réu. 
Isso porque, em direito penal, somente se admitem equiparações que sejam feitas pela lei, em obediência ao princípio da estrita legalidade. 
Deve-se salientar, contudo, que, em sentido contrário, a Prof. Alice Bianchini, maior especialista do Brasil sobre o tema, defende, em palestra disponível no Youtube, que a transexual que realizou a cirurgia pode sim ser vítima de feminicídio. 
 
Impossibilidade de feminicídio privilegiado 
O§ 1º do art.121 do CP prevê a figura do homicídio privilegiado nos seguintes termos: 
§ 1º Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral, ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, o juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço. 
É possível aplicar o privilégio do § 1º ao feminicídio? É possível que exista feminicídio privilegiado? 
NÃO. A jurisprudência admite a existência de homicídio privilegiado-qualificado. 
No entanto, para isso, é necessário que a qualificadora seja de natureza objetiva. No caso do feminicídio, a qualificadora é subjetiva. Logo, não é possível que haja feminicídio privilegiado. 
 
Causas de aumento de pena 
A Lei n.º13. 104 /2015 previu também três causas de aumento de pena exclusivas para o feminicídio. Veja: 
§ 7º A pena do feminicídio é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o crime for praticado: 
I – durante a gestação ou nos 3 (três) meses posteriores ao parto; 
II – contra pessoa menor de 14 (quatorze) anos, maior de 60 (sessenta) anos ou com deficiência; 
III – na presença de descendente ou de ascendente da vítima. 
Competência 
Se o feminicídio ocorre com base no inciso I do § 2º-A do art. 121, ou seja, se envolveu violência doméstica, a competência para processar este crime será da vara do Tribunal do Júri ou do Juizado Especial de Violência Doméstica (“Vara Maria da Penha”)? 
Dependerá da Lei estadual de Organização 
Judiciária. 
Situação 1: existem alguns Estados que, em sua Lei de Organização Judiciária preveem que, em caso de crimes dolosos contra a vida praticados no contexto de violência doméstica, a Vara de Violência Doméstica será competente para instruir o feito até a fase de pronúncia. 
 
A partir daí, o processo será redistribuído para a Vara do Tribunal do Júri. 
 
Não haverá usurpação da competência constitucional do júri. Apenas o julgamento propriamente dito é que, obrigatoriamente, deverá ser feito no Tribunal do Júri (STF. 2ª Turma. HC 102150/SC, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 27/5/2014. Info 748). 
 
Situação 2: se a lei de organização judiciária não prever expressamente essa competência da Vara de Violência Doméstica para a 1ª fase do procedimento do Júri, aplica-se a regra geral e todo o processo tramitará na Vara do Tribunal do Júri. 
Crime hediondo 
A Lei n.º13.104/2015 alterou o art.1º da Lei n.º8072/90 e passou a prever que o feminicídio é crime hediondo. 
 
§ 2º Se o homicídio é cometido: 
VII – contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição: (Incluído pela Lei nº 13.142, de 2015) 
Pena - reclusão, de doze a trinta anos. 
Constituição Federal: Art. 142. As Forças Armadas, constituídas pela Marinha, pelo Exército e pela Aeronáutica, são instituições nacionais permanentes e regulares, organizadas com base na hierarquia e na disciplina, sob a autoridade suprema do Presidente da República, e destinam-se à defesa da Pátria, à garantia dos poderes constitucionais e, por iniciativa de qualquer destes, da lei e da ordem. 
 
 
Constituição Federal : Art. 144. A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, é exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, através dos seguintes órgãos: 
I - polícia federal; 
II - polícia rodoviária federal; 
III - polícia ferroviária federal; 
 
1.10-Homicídio Culposo Simples: § 3º. 
 
§ 4o No homicídio culposo, a pena é aumentada de 1/3 (um terço), se o crime resulta de inobservância de regra técnica de profissão, arte ou ofício, ou se o agente deixa de prestar imediato socorro à vítima, não procura diminuir as consequências do seu ato, ou foge para evitar prisão em flagrante. Sendo doloso o homicídio, a pena é aumentada de 1/3 (um terço) se o crime é praticado contra pessoa menor de 14 (quatorze) ou maior de 60 
(sessenta) anos. 
 
1.10.2-Homicídio Culposo Qualificado: (§ 4º) Ocorre em hipóteses: 
 
a)Por inobservância de regra técnica de profissão, arte ou ofício. Ex.: um médico, ao operar um paciente, causa a morte do enfermo, deixando de observar regra técnica da profissão de médico. 
b)Se o agente deixa de prestar imediato socorro à vítima ou não procura diminuir as consequênciasdo seu ato. 
c)Foge para evitar prisão em flagrante. 
 
1.11-Perdão Judicial: pode ser concedido se as consequências da infração atingirem o próprio agente de forma tão grave que a sanção penal se torne desnecessária. 
§ 6º A pena é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o crime for praticado por milícia privada, sob o pretexto de prestação de serviço de segurança, ou por grupo de extermínio. 
 
2-Induzimento, Instigação ou Auxílio a Suicídio (art. 122): 
Art. 122 - Induzir ou instigar alguém a suicidarse ou prestar-lhe auxílio para que o faça: 
Pena - reclusão, de dois a seis anos, se o suicídio se consuma; ou reclusão, de um a três anos, se da tentativa de suicídio resulta lesão corporal de natureza grave. 
 
Parágrafo único - A pena é duplicada: 
Aumento de pena 
I - se o crime é praticado por motivo egoístico; 
II - se a vítima é menor ou tem diminuída, por qualquer causa, a capacidade de resistência. 
 
Trata-se de participação em suicídio. 
2.1-Este crime é de conduta múltipla. Pode ser praticado de três formas: 
 
a)Por induzimento: o sujeito faz penetrar na mente da vítima a idéia de auto-destruição. 
 
b)Por instigação: quando a vítima já pensava em suicidar-se e esta ideia é acoroçoada pelo partícipe. 
 
A diferença entre induzimento e instigação está em que no induzimento a vítima nunca havia pensado em suicídio, enquanto que na instigação a intenção suicida já preexistia. 
 
c)Por auxílio: é meramente secundário. Ex.: o empréstimo do punhal, do revólver, a indicação do local próprio, etc. 
 
2.2-Objeto Jurídico: a preservação da vida humana. 
 
2.3-Sujeito Ativo: qualquer pessoa. 
 
2.4-Sujeito Passivo: qualquer pessoa, desde que tenha discernimento, senão o crime poderá ser de homicídio. 
 
2.5-Consumação: o crime se consuma com a morte da vítima ou ocorrência de lesão corporal grave. 
 
2.6-Tentativa: é inadmissível. 
 
2.7-Ação Penal: é pública incondicionada, cabendo ao júri o julgamento. 
 
OBSERVAÇÃO: se a vítima é forçada a suicidar-se ou é de resistência nula, o crime é de homicídio. 
 
2.8-Pena: é de 2 a 6 anos, se o suicídio se consuma; é de 1 a 3 anos, se da tentativa resulta lesão corporal grave (reclusão). 
 
2.9-Formas Qualificadas: a pena é duplicada nos seguintes casos: 
a)Motivo egoístico: é o que visa a vantagem pessoal. Ex.: o sujeito induz a vítima a suicidar-se para ficar com a herança. 
 
b)Menoridade da vítima: trata-se de menor de 18 anos e maior de 14. Se a vítima é menor de 14 anos, há crime de homicídio. 
 
c)Redução da capacidade de resistência da vítima: é a hipótese da vítima ter diminuída por qualquer causa a capacidade de resistência, como enfermidade física, idade avançada, etc. Ex.: induzir a vítima ao suicídio quando esta estava drogada. 
 
3-Infanticídio: “Matar, sob a influência do estado puerperal, o próprio filho, durante o parto, ou logo após” (art. 123). 
 
3.1-Estado Puerperal: é o conjunto de perturbações psicológicas e físicas sofridas pela mulher em face do parto. 
A mulher, em consequência das circunstâncias do parto, referentes à convulsão, emoção causada pelo choque físico, etc., pode sofrer perturbação da saúde mental. 
 
3.2-Sujeito Ativo: somente a mãe. Não pode ser cometido por qualquer outra pessoa. Nada impede, entretanto, que um terceiro responda por infanticídio em concurso. 
 
3.3-Sujeito Passivo: é o neonato (o que acabou de nascer) ou o nascente (o que é morto durante o parto). 
 
3.4-Fases do Parto: 
 -O parto tem início com a dilatação do colo uterino. -Em seguida vem a fase de expulsão em que o nascente é expelido para a parte externa do útero. 
-Expulsão da placenta, o que encerra o parto. 
 
A morte do sujeito passivo em qualquer das fases do parto constitui o crime de infanticídio. Antes de iniciado o parto existe o crime de aborto. 
 
4-Aborto: 
AB – privação. 
ORTUS – nascimento. 
 
4.1-Aborto: é a interrupção da gravidez com a conseqüente morte do feto. 
 
4.2-Objeto Jurídico: a preservação da vida humana. No abortamento provocado por terceiro, também protege-se a vida e a incolumidade da gestante. 
 
4.3-Sujeito Ativo: no auto-aborto só a gestante pode ser agente, embora possa haver participação de terceiro. No aborto provocado por terceiro, qualquer pessoa pode ser sujeito ativo. 
 
4.4-Sujeito Passivo: no auto-aborto é o feto. No aborto provocado por terceiro é o feto e a gestante. 
 
4.5-Consumação: ocorre com a morte do feto ou a destruição do ovo. 
 4.6-Ação Penal: é pública incondicionada, cabendo ao júri o julgamento. 
 4.7-Pena: é diversa para cada figura. 
 
 
 
 
 
4.8-Espécies de Aborto: 
 
-Natural (impunível). 
-Acidental (impunível). 
-Criminoso (art. 124 a 127 CP). 
-Legal (art. 128 CP). 
 
4.9-Tipos Penais do Crime de Aborto: 
 
-Auto-aborto (art. 124). 
-Provocação de aborto sem o consentimento da gestante (art. 125). 
-Provocação de aborto com o consentimento da gestante (art. 126). 
-Aborto qualificado pela lesão corporal grave ou morte da gestante (art. 127). 
-Aborto legal (art. 128). 
 
Art. 124 - Provocar aborto em si mesma ou consentir que outrem lho provoque: 
Pena - detenção, de um a três anos. 
4.9.1-Auto-Aborto: possui duas figuras típicas: 
a)Provocar aborto em si mesma: a gestante, através de meios executivos químicos, físicos ou mecânicos, provoca em si mesma a interrupção da gravidez, causando a morte do feto. 
b)Consentir que outrem provoque o aborto: a gestante presta consentimento para que terceiro provoque o aborto. O crime é duplo: a gestante que consente que outrem lhe pratique o aborto incide no art. 124; quem pratica os atos materiais do aborto incorre nas penas do art. 126 (aborto com o consentimento da gestante). 
Pena: detenção de 1 a 3 anos. 
 
 
 Art. 	125 	- 	Provocar 	aborto, 	sem 	o consentimento da gestante: Pena - reclusão, de três a dez anos. 
4.9.2-Aborto provocado sem o consentimento da gestante: comporta duas formas: 
 
a)Não concordância real: o aborto é provocado através de violência, grave ameaça ou fraude. 
b)Não concordância presumida: é quando a gestante é menor de 14 anos, alienada ou débil mental. 
 
Art. 126 - Provocar aborto com o consentimento da gestante: 
Pena - reclusão, de um a quatro anos. 
Parágrafo único. Aplica-se a pena do artigo anterior, se a gestante não é maior de quatorze anos, ou é alienada ou débil mental, ou se o consentimento é obtido mediante fraude, grave ameaça ou violência Forma qualificada 
4.9.3- Aborto provocado com o consentimento da gestante ou consensual: a gestante deve possuir capacidade para consentir, caso contrário a figura é a do art. 125 e não a do art. 126. 
Pena: reclusão 1 a 4 anos. 
 
 
Art. 127 - As penas cominadas nos dois artigos anteriores são aumentadas de um terço, se, em conseqüência do aborto ou dos meios empregados para provocá-lo, a gestante sofre lesão corporal de natureza grave; e são duplicadas, se, por qualquer dessas causas, lhe sobrevém a morte 
4.9.4-Aborto Qualificado: a qualificação pelo resultado é aplicável somente aos artigos 125 e 126 e não ao art. 124. 
 
Nele as penas dos crimes de aborto provocado com ou sem o consentimento da gestante são aumentadas de 1/3, se em consequência do fato ou dos meios empregados a gestante sofre lesão grave. No caso de morte da gestante as penas são duplicadas. 
 
ABORTO LEGAL 
Art. 128 - Não se pune o aborto praticado por médico: 
Aborto necessário 
I - se não há outro meio de salvar a vida da gestante; 
Aborto no caso de gravidez resultante de estupro 
II - se a gravidez resulta de estupro e o aborto é precedido de consentimento da gestante ou, quando incapaz, de seu representante legal. 
 
Espécies de aborto legal: 
 
a)Aborto Necessário (art. 128, I): também chamado Terapêutico. É o aborto praticado por médico quando não há outro meio de salvar a vida da gestante. 
 
 O aborto necessário possui dois requisitos: 
· que corra perigo a vida da gestante. 
· inexistência de outro meio para salvar a sua vida. 
 
OBSERVAÇÃO: o Código Penal proíbe o Aborto Eugenésico. 
 
a)Aborto Sentimental (art. 128, II):também chamado Ético ou Humanitário. 
 
Exige, para ser lícito, dois requisitos: 
-que a gravidez seja consequência de estupro. 
-prévio consentimento da gestante ou do seu representante. 
 
 
Capítulo II - Das Lesões Corporais 
Art. 129. Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem: Pena - detenção, de três meses a um ano. 
 
Lesão corporal de natureza grave § 1º Se resulta: 
I - Incapacidade para as ocupações habituais, por mais de trinta dias; 
II - perigo de vida; 
III - debilidade permanente de membro, sentido ou função; IV - aceleração de parto: 
Pena - reclusão, de um a cinco anos. 
§ 2º Se resulta: 
I - Incapacidade permanente para o trabalho; 
II - enfermidade incurável; 
III - perda ou inutilização do membro, sentido ou função; IV - deformidade permanente; V - aborto: 
Pena - reclusão, de dois a oito anos. 
 
Lesão corporal seguida de morte 
§ 3º Se resulta morte e as circunstâncias evidenciam que o agente não quis o resultado, nem assumiu o risco de produzi-lo: 
Pena - reclusão, de quatro a doze anos. 
 
Diminuição de pena 
 
§ 4º Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, o juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço. 
Substituição da pena 
 
§ 5º O juiz, não sendo graves as lesões, pode ainda substituir a pena de detenção pela de multa: 
I - se ocorre qualquer das hipóteses do parágrafo anterior; II - se as lesões são recíprocas. 
Lesão corporal culposa 
§ 6º Se a lesão é culposa: (Vide Lei nº 4.611, de 1965) Pena - detenção, de dois meses a um ano. 
 
Aumento de pena 
 
§ 7º Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) se ocorrer qualquer das hipóteses dos §§ 4º e 6º do art. 121 deste Código. (Redação dada pela Lei nº 12.720, de 2012) 
 
 
§ 8º - Aplica-se à lesão culposa o disposto no § 5º do art. 121 (Redação dada pela Lei nº 8.069, de 1990) 
 
 
§ 9º Se a lesão for praticada contra ascendente, descendente, irmão, cônjuge ou companheiro, ou com quem conviva ou tenha convivido, ou, ainda, prevalecendo-se o agente das relações domésticas, de coabitação ou de hospitalidade: (Redação dada pela Lei nº 11.340, de 2006) 
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 3 (três) anos. (Redação dada pela Lei nº 11.340, de 2006) 
 
§ 10. Nos casos previstos nos §§ 1o a 3o deste artigo, se as circunstâncias são as indicadas no § 9o deste artigo, aumenta-se a pena em 1/3 (um terço). (Incluído pela Lei nº 10.886, de 2004) 
 
§ 11. Na hipótese do § 9º deste artigo, a pena será aumentada de um terço se o crime for cometido contra pessoa portadora de deficiência. (Incluído pela Lei nº 11.340, de 2006) 
 
§ 12. Se a lesão for praticada contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da 
Constituição Federal, integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição, a pena é aumentada de um a dois terços. (Incluído pela Lei nº 13.142, de 2015) 
 
 1-Conceito: lesão corporal é o fato de ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem. 
 
2-Objetividade Jurídica: visa proteger a integridade física e psíquica da pessoa humana. 
 
3-Classificação: Dolosa e Culposa 
3. 1-Lesão Corporal Dolosa 
3.1. 1-Simples ou leve 
3.1.2-Privilegiada 
3.1.3-Qualificada 
3.1.3.1-Grave 
3.1.3.2-Gravíssima 
3.1.3.3-Seguida de morte 
 
3. 2-Lesão Corporal Culposa 
3.2.1-Culposa simples 
3.2.2-Culposa Qualificada 
 
 
3.1-Lesão Corporal Simples ou Leve: 
 Está descrita no art. 129, caput, do CP. 
 É o fato de ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem. 
 Para saber se um crime de lesão corporal é de natureza leve, privilegiada, grave ou gravíssima, emprega-se o critério da exclusão. Pena: detenção, de 3 meses a 1 ano. 
 
3.2-Lesão Corporal Privilegiada: 
 Está tipificada no art. 129, § 4º e § 5º. Ocorre quando o agente pratica o fato: 
a)por motivo de relevante valor social ou moral; 
b)sob domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima; c)se as lesões são recíprocas. 
 
Na lesão corporal privilegiada o juiz pode reduzir a pena de 1/6 a 1/3. 
O juiz pode ainda substituir a pena de detenção pela de multa se as lesões não são graves. 
 
3.3-Lesão Corporal Grave: (art. 129, § 1º). 
 Ocorre quando a lesão resulta: 
a)incapacidade para as ocupações habituais por mais de 30 dias; 
b)perigo de vida; 
c)debilidade permanente de membro, sentido ou função; 
d)aceleração do parto. 
 
 
3.4-Lesão Corporal Gravíssima: (art. 129, § 2º). Ocorre quando a lesão resulta: 
a)incapacidade permanente para o trabalho; 
b)enfermidade incurável; 
c)perda de membro, sentido ou função; 
d)deformidade permanente; 
e)aborto. 
 
3.5-Lesão Corporal Seguida de Morte: (art. 129, § 3º). 
 Ocorre quando da lesão resulta a morte da vítima e ficar evidenciado que o agente quis apenas lesionar. 
 
3.6-Lesão Corporal Culposa: 
 Pode ser: 
a)Simples – prevista no § 6º do art. 129. 
b)Qualificada – ocorre quando o agente: 
 -deixa de prestar imediato socorro à vítima; 
 -foge para evitar prisão em flagrante; 
 -se o crime resulta de inobservância de regra técnica, de profissão, arte ou ofício. 
 
§ 7º Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) se ocorrer qualquer das hipóteses dos §§ 4º e 6º do art. 121 deste Código. 
 
§ 8º - Aplica-se à lesão culposa o disposto no § 5º do art. 121. 
 
§ 9º Se a lesão for praticada contra ascendente, descendente, irmão, cônjuge ou companheiro, ou com quem conviva ou tenha convivido, ou, ainda, prevalecendo-se o agente das relações domésticas, de coabitação ou de hospitalidade: Pena - detenção, de 3 (três) meses a 3 (três) anos. 
§ 10. Nos casos previstos nos §§ 1o a 3o deste artigo, se as circunstâncias são as indicadas no § 9o deste artigo, aumenta-se a pena em 1/3 (um terço). 
§ 11. Na hipótese do § 9º deste artigo, a pena será aumentada de um terço se o crime for cometido contra pessoa portadora de deficiência. 
§ 12. Se a lesão for praticada contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição, a pena é aumentada de um a dois terços. 
 
Capítulo III - Da Periclitação da Vida e da Saúde Periclitar é correr perigo, estar em perigo. 
Neste capítulo estão tipificados 7 crimes. 
 
1-Perigo de Contágio Venéreo: 
Art. 130 - Expor alguém, por meio de relações sexuais ou qualquer ato libidinoso, a contágio de moléstia venérea, de que sabe ou deve saber que está contaminado: Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa. 
1.1-Venéreo: refere-se à aproximação sexual, erótica, sensual. 
1.2-Doença venérea: é a que se contrai pelo contato sexual. São as seguintes: sífilis, blenorragia, cancro mole, cancro venéreo simples. 
 
 
OBSERVAÇÃO: a AIDS não é considerada doença venérea, pois a transmissão não se dá exclusivamente por relação sexual. O contágio pela AIDS pode ser enquadrado no art. 131 do CP. Dependendo da intenção do agente, pode ser enquadrado no art. 121. 
 
1.3-O art. 130 possui três figuras típicas: 
a) o agente sabe estar contaminado; 
b) o agente não sabe, mas devia saber, achar-se contaminado; 
c) o agente sabe e tem a intenção de transmitir a moléstia. 
 
1.4-Objetividade Jurídica: a incolumidade ou a saúde da pessoa. 
 
1.5-Agente ativo e passivo: qualquer pessoa. 
 
1.6-Consumação: ocorre com a relação sexual ou a prática de ato libidinoso, independentemente de ocorrer ou não o contágio. 
 
1. 7-Ação Penal: é pública, mas condicionada a representação do ofendido. O delegado de polícia não pode proceder a inquérito sem a provocação do ofendido. O promotor não pode denunciar sem a mesma. Há necessidade de exame de corpo de delito em ambos. 
 
OBSERVAÇÃO: pode ocorrerentre o marido e mulher, havendo motivo para a dissolução da sociedade conjugal, por violação dos deveres do casamento. 
 
2-Perigo de Contágio de Moléstia Grave: (art. 131). 
Art. 131 - Praticar, com o fim de transmitir a outrem moléstia grave de que está contaminado, ato capaz de produzir o contágio: Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. 
2. 1-Objetividade Jurídica: a proteção da vida e da saúde da pessoa humana. 
 
2.2-Moléstia Grave: é um conceito atinente à medicina. O artigo dá à expressão caráter geral. Trata-
se 	de 	qualquer 	moléstia 	considerada 	grave, transmissível por contágio. 
 
Cabe a perícia médico-legal observar se a moléstia é grave e transmissível para a configuração do crime. 
 
Exemplos de moléstia grave: febre amarela, varíola, difteria, tuberculose, poliomielite, AIDS, etc. 
 
2.3-Os meios de transmissão podem ser: 
a)Diretos: são os concernentes ao contato físico. Ex.: beijo não-lascivo, abraço, aperto de mão, etc. 
b)Indiretos: são os empregados por intermédio de utensílios. Ex.: xícara de café, prato, etc. 
 
2.4-Ação Penal: é pública incondicionada. 
 
3-Perigo para a Vida ou Saúde de Outrem: (art. 132). 
Art. 132 - Expor a vida ou a saúde de outrem a perigo direto e iminente: Pena - detenção, de três meses a um ano, se o fato não constitui crime mais grave. 
A pena é de detenção de 3 meses a 1 ano, se o fato não constituir crime mais grave. 
 
3.1-Objetividade Jurídica: a vida e a saúde da pessoa humana. 
É 	um 	crime 	tipificado 	tendo 	em 	conta, principalmente, os acidentes de trabalho sofridos por operários em razão do descaso na tomada de medida de prevenção por parte dos patrões. 
 
Exemplos: transporte de “bóias-frias” em caminhões desprovidos de segurança; 
Agressão à motorista de ônibus em movimento pondo em risco a incolumidade dos passageiros;). 
 
OBSERVAÇÃO: o consentimento do ofendido é indiferente, pois trata-se de objeto jurídico indisponível. 
 
3.2-Consumação: quando surge o perigo. 
 
3. 3-Ação Penal: é pública incondicionada. 
 
4-Abandono de Incapaz: (art. 133). 
Art.133 - Abandonar pessoa que está sob seu cuidado, guarda, vigilância ou autoridade, e, por qualquer motivo, incapaz de defender-se dos riscos resultantes do abandono: Pena - detenção, de seis meses a três anos. 
4. 1-Objetividade Jurídica: tutelar a segurança da pessoa humana incapaz. 
 
4.2-Sujeito Ativo: só pode ser autor desse delito quem exerce cuidado, guarda, vigilância ou autoridade em relação ao sujeito passivo. 
 
4.3-Sujeito Passivo: é o incapaz de defender-se dos riscos do abandono, estando sob a guarda, cuidado, vigilância ou autoridade do sujeito ativo. 
 
OBSERVAÇÃO: não se trata de incapacidade civil. Pode ser a incapacidade corporal ou mental, durável ou temporária. Ex.: enfermo grave em um hospital. 
 
4.4-Elemento Subjetivo: é o dolo. O tipo penal não admite modalidade culposa. 
 
4.5-Consumação: consuma-se o crime com o abandono, desde que resulte perigo concreto à vítima. 
 
4.6-Forma Qualificada: o crime de abandono de incapaz torna-se qualificado se do abandono resulta: 
a)lesão corporal de natureza grave; 
b)morte; 
c)se o abandono ocorre em lugar ermo; 
d)se o agente é ascendente, descendente, cônjuge, irmão, tutor ou curador da vítima. 
 
4.7-Pena: no tipo simples (art. 133, caput) a pena é de detenção de 6 meses a 3 anos. 
Se a vítima sofre lesão corporal grave, a pena é de reclusão de 1 a 5 anos. 
Se morre, reclusão de 4 a 12 anos. 
Se o fato é cometido em lugar ermo ou se o sujeito ativo ascendente, etc. da vítima, a pena é aumentada de 1/3. 
 
4.8-Ação Penal: é pública incondicionada. 
 
5-Exposição ou Abandono de Recém-nascido (art. 134): 
Art. 134 - Expor ou abandonar recém-nascido, para ocultar desonra própria: 
Pena - detenção, de seis meses a dois anos. § 1º - Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave: 
Pena - detenção, de um a três anos. 
§ 2º - Se resulta a morte: 
Pena - detenção, de dois a seis anos. 
Omissão de socorro 
 
5.1-Objetividade Jurídica: tutela a vida e a saúde da pessoa humana. 
Este crime funciona como forma típica privilegiada em relação ao crime de abandono de incapaz. 
 
5.2-Sujeito Ativo: a maioria entende que somente a mão que concebeu extra-matrimônio pode praticá-lo. Damásio de Jesus entende que o pai incestuoso ou adulterino também pode cometê-lo. 
 
5.3-Sujeito Passivo: o recém-nascido. Considera-se recém-nascido o infante até a queda do cordão umbilical. 
 
5.4-Motivo de Honra (Honoris Causa): a mulher procura, com esse crime, ocultar a desonra própria. Com esse ato procura manter a boa fama, a honra sexual, a reputação social, os bons costumes. 
 
 A honra deve ser própria e não de terceiros. 
 Se a pessoa é desonesta ou conhecida sua desonra é incabível a alegação de preservação da honra. 
 
 Se o motivo não for de honra, como extrema pobreza, excesso de filhos, receio de um filho doentio, não se enquadra no art. 134, mas sim no art. 133 (abandono de incapaz). 
 
5.5-Qualificação: se resulta lesão corporal grave (§ 1º) ou morte (§ 2º). 
 
5. 6-Pena e Ação Penal: a ação penal é pública incondicionada. Para a figura simples (caput do artigo) a pena é de detenção de 6 meses a 2 anos. 
 Se resulta lesão corporal grave, detenção de 1 a 3 anos. Se resulta morte, detenção de 2 a 6 anos. 
 
6-Omissão de Socorro (art. 135): 
Art. 135 - Deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à criança abandonada ou extraviada, ou à pessoa inválida ou ferida, ao desamparo ou em grave e iminente perigo; ou não pedir, nesses casos, o socorro da autoridade pública: Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. 
 
6. 1-Objetividade Jurídica: é a solidariedade que deve existir entre os seres humanos. Com isso tutela também a vida e a incolumidade do ser humano. 
 
6.2-Sujeito Ativo: qualquer pessoa. 
 
6.3-Sujeito Passivo: a criança abandonada ou extraviada, ou a pessoa inválida, ferida ou em grave e iminente perigo. 
 
6.4-O crime pode ser praticado de duas formas: 
a)o agente deixando de prestar assistência; 
b)não pedindo, o agente, socorro da autoridade pública. 
 
6.5-Considerações Importantes: 
-A omissão só é punível quando for possível prestar a assistência ou pedir o socorro sem risco pessoal. 
 
-O risco patrimonial não afasta a incriminação. 
 
-Criança entende-se como aquela que não tem ainda auto-defesa. 
 
-Criança abandonada é a que foi deixada em determinado local. 
 
-Extraviada é a que está perdida. 
 
-Pessoa inválida é a que não tem defesa, por velhice ou doença. 
-Pessoa ferida é a que sofreu lesão corporal. 
-Em grave ou iminente perigo – deve ser avaliado conforme as circunstâncias. Ex: pessoa presa em um apartamento incendiado. 
 
6.6-Exemplos de Omissão de Socorro: 
-Hospital que exige depósito prévio para tratar de ferido sem recurso. 
-Deixar 	de 	assistir 	uma 	pessoa 	vítima 	de atropelamento. 
-Recusar transportar em seu veículo, para ser socorrida, pessoa gravemente ferida. 
 
6.7-Qualificação: 
a)Quando da omissão resulta lesão corporal de natureza grave. 
b)Quando da omissão resulta morte. 
c)Na hipótese do atropelamento culposo em que o motorista não presta socorro à vítima. 
 
7-Maus Tratos (art. 136): 
 Art. 136 - Expor a perigo a vida ou a saúde de pessoa sob sua autoridade, guarda ou vigilância, para fim de educação, ensino, tratamento ou custódia, quer privando-a de alimentação ou cuidados indispensáveis, quer sujeitando-a a trabalho excessivo ou inadequado, quer abusando de meios de correção ou disciplina: 
 
Pena - detenção, de dois meses a um ano, ou multa. 
 
§ 1º - Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave: 
Pena - reclusão, de um a quatro anos. 
 
§ 2º - Se resulta a morte: 
Pena - reclusão, de quatro a doze anos. 
 
§ 3º - Aumenta-se a pena de um terço, se o crime é praticado contra pessoa menor de 14 (catorze) anos. 
 
7.1-Objetividade Jurídica: a incolumidade da pessoa humana. Visa-se, especialmente, a repressão aos abusos correcionais. 
 
7.2-Sujeito Ativo: só pode ser agente quem tem o sujeito passivosob sua autoridade, guarda, vigilância, para fim de educação, ensino, tratamento ou custódia. 
 
7.3-Sujeito Passivo: a pessoa que se encontra sob aquela subordinação. 
 
7.4-Tipo Objetivo: o crime pode ser praticado de várias formas. Mediante: 
a)Privação relativa ou absoluta de alimentação ou de cuidados indispensáveis. 
b)Trabalho excessivo ou inadequado. 
c)Abuso de meios (físicos e morais) e disciplinares. 
 
 
7.5-Observações Importantes: 
-A prática de mais de uma das condutas descritas acima constitui crime único. 
-A mulher não pode ser sujeito passivo em relação ao marido face a inexistência entre eles de vínculo subordinativo. 
-Dos corretivos aplicados por pais aos filhos são lícitos os tradicionalmente considerados moderados. 
-Os castigos abusivos ou imoderados que ponham em perigo a saúde são penalmente puníveis pelo art. 136. 
 
7.6-Qualificação: quando da exposição resulta lesão grave ou morte causada, ao menos por culpa do agente (§§ 1º e 2º). 
 
 
Capítulo IV - Da Rixa 1-Rixa (art. 137): 
Participar de rixa, salvo para separar os contendores. 
Pena — detenção, de quinze dias a dois meses, ou multa. 
Parágrafo único - Se ocorre morte ou lesão corporal de natureza grave, aplica-se, pelo fato da participação na rixa, a pena de detenção, de seis meses a dois anos. 
1.1-Conceito: rixa é a luta entre três ou mais pessoas, com violência física recíproca. 
 Exige o mínimo de três pessoas lutando entre si. 
 Caracteriza-se pelo tumulto, de modo que cada sujeito age por si mesmo contra qualquer um dos contendores. 
 
1.2-Observações Importantes: 
-Se existem duas pessoas lutando contra uma terceira não há rixa. 
-Na hipótese de dois bandos se digladiarem não há rixa. Dependendo do resultado, pode haver lesão corporal ou homicídio, em concurso de agentes. 
 
1.3-Objetividade Jurídica: a vida e a saúde física e mental da pessoa humana. Por via indireta, tutela a ordem pública. 
 
1.4-Sujeitos do Delito: é um crime de concurso necessário, sendo os rixosos ao mesmo tempo sujeitos ativos e passivos. É um crime coletivo bilateral (ou recíproco). 
1.5-A participação na rixa pode ser: 
a)Material: através de vias de fato ou lesões corporais. 
b)Moral: através do induzimento ou instigação. 
 
1.6-Não há rixa quando: 
· o sujeito intervém para separa-los. Ex.: duas pessoas estão lutando e uma terceira intervém para desapartar os rixosos.. 
-se dois ou mais indivíduos estão agredindo outro, sendo que um quarto intervém em legítima defesa do que está sofrendo agressão. 
 
Temas para leitura em casa: 
-Tentativa de Rixa. 
-Rixa e Legítima Defesa. 
 
 
Capítulo V - Dos Crimes Contra a Honra 
 
· HONRA: é o conjunto de atributos morais, físicos, intelectuais e demais dotes do cidadão, que o fazem merecedor de apreço no convívio social. 
 
Há duas espécies de honra: 
 
a) Honra Objetiva: é a reputação, isto é, o que os outros pensam a respeito dos atributos pessoais de cada um. 
b)Honra Subjetiva: é o sentimento de cada um a respeito de seus atributos físicos, intelectuais, morais e demais dotes da pessoa humana. Subdivide-se em: 
 
b1) Honra-Dignidade: são os atributos morais do cidadão. Ex.: ao chamar alguém de cafajeste ofende-se a sua honra-dignidade. 
b2) Honra-Decoro: são atributos físicos e intelectuais da pessoa. Ex: ao chamar alguém de analfabeto ofende-se a sua honra-decoro. 
 
São crimes contra a honra: a calúnia, a difamação e a injúria. 
 
1-Calúnia: art. 138. 
Art. 138 - Caluniar alguém, imputando-lhe falsamente fato definido como crime: 
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa. 
§ 1º - Na mesma pena incorre quem, sabendo falsa a imputação, a propala ou divulga. § 2º - É punível a calúnia contra os mortos. 
Exceção da verdade 
§ 3º - Admite-se a prova da verdade, salvo: 
I - se, constituindo o fato imputado crime de ação privada, o ofendido não foi condenado por sentença irrecorrível; 
II - se o fato é imputado a qualquer das pessoas indicadas no nº I do art. 141; 
III - se do crime imputado, embora de ação pública, o ofendido foi absolvido por sentença irrecorrível. 
 
 
 
1.1-Conceito: calúnia é a falsa imputação a alguém de fato tipificado como crime. 
 
1.2-Objetividade Jurídica: a honra objetiva (a reputação). 
 
1.3-Sujeito Ativo: qualquer pessoa. 
 
1.4-Sujeito Passivo: qualquer pessoa. 
 Observações importantes acerca do sujeito passivo: 
· Podem ser também sujeitos passivos os de má fama (desonrados) e os irresponsáveis juridicamente (loucos e menores). 
· Os mortos podem ser caluniados, mas os sujeitos passivos serão seus parentes. 
· A pessoa jurídica somente pode ser vítima do crime de difamação. 
· Quanto à pessoa jurídica como sujeito passivo do crime de injúria há controvérsia jurisprudencial. 
 
1.5-O crime pode ser praticado de duas formas: 
 
a)imputando (atribuindo) falsamente à alguém fato tipificado como crime. 
b)Propalando (propagando) ou divulgando (tornar público por qualquer meio) o fato, quando sabe ser inverídica a imputação. 
 
 
1.6-Consumação: no momento em que o fato chega ao conhecimento de uma pessoa. Não basta apenas o conhecimento do ofendido. 
 
1.7-Exceção da Verdade: é o ato de provar a veracidade do fato que imputou. 
 A exceção da verdade é admitida no crime de calúnia, salvo nas hipóteses seguintes: 
a)se o fato é imputado ao Presidente da 
República ou Chefe de Estado estrangeiro; 
b)se, constituindo o fato imputado crime de ação privada, o ofendido não foi condenado por sentença irrecorrível; 
c)se no crime imputado, embora de ação pública, o ofendido foi absolvido por sentença irrecorrível. 
 
1.8-Observações Fundamentais: 
- Em defesa não há calúnia se o ânimo foi apenas o de narrar fatos indispensáveis à fundamentação da defesa proposta. A intenção de defender, neutraliza a intenção de caluniar. 
 
1.9-Pena: detenção de 6 meses a 2 anos. Na modalidade qualificada (art. 141) pode ser aumentada de 13 ou duplicada. 
 
1. 10-Exemplos de Calúnia: 
· Fulano é o sujeito que matou o comerciante (se o fato não for verdadeiro). 
· Dizer que um juiz não condenou o réu porque foi subornado. 
 
2-Difamação: art. 139. 
Art. 139 - Difamar alguém, imputando-lhe fato ofensivo à sua reputação: 
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa. 
Exceção da verdade 
Parágrafo único - A exceção da verdade somente se admite se o ofendido é funcionário público e a ofensa é relativa ao exercício de suas funções. 
 
 
 
2. 1-Conceito: difamação é o fato de imputar a outrem a prática de conduta ofensiva à sua reputação. 
 
2.2-Sujeitos do Delito: qualquer pessoa pode ser sujeito ativo e passivo do crime de difamação. 
-A pessoa jurídica também pode ser sujeito passivo desse crime. 
-As considerações feitas sobre sujeito ativo e passivo no crime anterior são válidas para este crime. 
 
2.3-Objetividade Jurídica: a honra objetiva, isto é, o conceito, a reputação que cada pessoa possui. 
 
2.4-Tipo Objetivo: a conduta é imputar (atribuir) um fato ofensivo à reputação. 
 A imputação não necessita ser falsa; mesmo sendo verdadeira, existe o crime. Ex: dizer que sicrano é trabalha mal profissionalmente. 
 
2.5-Exceção da Verdade: não é admitida, a não ser se o ofendido é funcionário público. A ofensa difamante deve ser concernente ao exercício de suas funções. O fundamento dessa admissão é o resguardo da honorabilidade do exercício da função pública. 
 
2.6-Pena: detenção de 3 meses a 1 ano. 
 
3-Injúria: art. 140. 
Art. 140 - Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro: 
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. 
§ 1º - O juiz pode deixar de aplicar a pena: 
I - quando o ofendido, de forma reprovável, provocou diretamente a injúria; 
II - no caso de retorsão imediata, que consista em outra injúria. 
§ 2º - Se a injúria consiste em violência ou vias de fato, que, por sua natureza ou pelo meio empregado, se considerem aviltantes: 
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa, além da pena correspondente à violência. 
§ 3º Se a injúria consiste na utilização de elementosreferentes a raça, cor, etnia, religião ou origem: (Incluído pela Lei nº 9.459, de 1997) 
§ 3o Se a injúria consiste na utilização de elementos referentes a raça, cor, etnia, religião, origem ou a condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência: (Redação dada pela Lei nº 10.741, de 
 
 
3.1-Conceito: injúria é a ofensa à dignidade ou ao decoro de alguém. É a atribuição de qualidade negativa ao sujeito passivo. 
 Não é necessário que a vítima se sinta ofendida. É suficiente que a atribuição de qualidade negativa seja capaz de ofender um homem prudente e de discernimento. 
 
3.2-Objetividade Jurídica: a proteção da honra subjetiva da pessoa. 
 
3.3-Não é admitida a prova da verdade. 
 
3.4-Perdão Judicial: o juiz pode deixar de aplicar a pena em dois casos (art. 140, § 1º): 
a)Quando o ofendido, de forma reprovável, provocou diretamente a injúria. Ex: A dirige gracejos à noiva do injuriador. 
b)No caso de retorsão imediata, que consista em outra injúria. 
 
3.5-Consumação: quando a ofensa chega ao conhecimento do ofendido. 
 
3.6-Injúria Real: é a que é cometida por intermédio de violência “ou vias de fato”. 
 Se a injúria é cometida por intermédio de vias de fato, estas são absorvidas pela injúria. 
 Se a injúria é cometida por intermédio de lesão corporal, há concurso material (injúria real e lesão corporal). 
Não esquecer de ler o §3º do art. 140 (preconceito). 
 
3.7-Ação Penal: na calúnia, difamação e injúria somente se procede mediante queixa. 
 Cabe ação penal pública na hipótese da injúria real resultar em lesão corporal. 
 A ação penal é procedida mediante requisição do Ministro da Justiça na hipótese do art. 141, I. Mediante representação do ofendido (art. 141, 
II). 
 
Disposições comuns 
Art. 141. - As penas cominadas neste Capítulo aumentam-se de um terço, se qualquer dos crimes é cometido: 
I - contra o Presidente da República, ou contra chefe de governo estrangeiro; 
II - contra funcionário público, em razão de suas funções; 
III - na presença de várias pessoas, ou por meio que facilite a divulgação da calúnia, da difamação ou da injúria. 
Parágrafo único. Se o crime é cometido mediante paga ou promessa de recompensa, aplica-se a pena em dobro. 
 
Exclusão do crime 
Art. 142. - Não constituem injúria ou difamação punível: 
I - a ofensa irrogada em juízo, na discussão da causa, pela parte ou por seu procurador; II - a opinião desfavorável da crítica literária, artística ou científica, salvo quando inequívoca a intenção de injuriar ou difamar; 
III - o conceito desfavorável emitido por funcionário público, em apreciação ou informação que preste no cumprimento de dever do ofício. 
Parágrafo único. Nos casos dos números I e III, responde pela injúria ou pela difamação quem lhe dá publicidade. 
 
Retratação 
Art. 143. - O querelado que, antes da sentença, se retrata cabalmente da calúnia ou da difamação, fica isento de pena. 
 
Art. 144. - Se, de referências, alusões ou frases, se infere calúnia, difamação ou injúria, quem se julga ofendido pode pedir explicações em juízo. Aquele que se recusa a dá-las ou, a critério do juiz, não as dá satisfatórias, responde pela ofensa. 
 
 
 
Capítulo VI - Dos Crimes Contra a Liberdade Individual 
1-Objetividade Jurídica: é a liberdade, considerada como faculdade de praticar condutas de acordo com a própria vontade. 
 O Código Penal materializa sanções a eventuais lesões aos direitos garantidos no art. 5º da CF/88. 
Estes crimes são subsidiários, ou seja, ingressam na definição legal de outros crimes (roubo, estupro, etc.). 
 
 
Seção I - Dos Crimes Contra a Liberdade Pessoal 1-Constrangimento Ilegal: art. 146. 
Art. 146 - Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, ou depois de lhe haver reduzido, por qualquer outro meio, a capacidade de resistência, a não fazer o que a lei permite, ou a fazer o que ela não manda: 
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa. 
Aumento de pena 
§ 1º - As penas aplicam-se cumulativamente e em dobro, quando, para a execução do crime, se reúnem mais de três pessoas, ou há emprego de armas. 
§ 2º - Além das penas cominadas, aplicam-se as correspondentes à violência. 
§ 3º - Não se compreendem na disposição deste artigo: 
I - a intervenção médica ou cirúrgica, sem o consentimento do paciente ou de seu representante legal, se justificada por iminente perigo de vida; 
II - a coação exercida para impedir suicídio. 
 1.1-Objetividade 	Jurídica: 	a 	liberdade 	de autodeterminação da pessoa humana. 
 1.2-Sujeito Ativo: qualquer pessoa. 
 1.3-Sujeito Passivo: qualquer pessoa que possua alguma capacidade de autodeterminação. 
 1.4-O constrangimento (ou coação), para configurar o crime deve ser praticado: 
· mediante violência física; 
· mediante grave ameaça, ou seja, a violência moral, como a promessa de causar mal 
futuro à vítima; 
· mediante outro meio capaz de reduzir a capacidade de resistência da vítima. Ex: a administração não-violenta de álcool, narcótico, etc. 
 
A pretensão constrangida pelo agente deve ser ilegítima. Se for legítima, o crime será o do artigo 345 do CP. 
 
1.5-Consumação: quando a vítima faz ou deixa de fazer a coisa que foi constrangida. 
 
1.6-Qualificação: 
· pela reunião de mais de três pessoas para executarem o crime; 
· pelo emprego de ramas. 
 
1.7-Exclusão da Tipicidade: 
 A intervenção médica ou cirúrgica sem o consentimento do paciente ou de seu representante legal, desde que justificada por iminente perigo de vida. 
 O constrangimento para impedir suicídio. 
 Se o sujeito pratica constrangimento ilegal ferindo a vítima deve responder por dois crimes em concurso material. 
 
1.8-Exemplos do Crime: 
-Exigir que a vítima beba aguardente; 
-Obrigar a vítima a não passar em determinada rua; 
-Obrigá-la a dar vivas a um clube esportivo; etc. 
 
2-Ameaça: art. 147. 
Art. 147 - Ameaçar alguém, por palavra, escrito ou gesto, ou qualquer outro meio simbólico, de causar-lhe mal injusto e grave: 
 Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. 
 Parágrafo único - Somente se procede mediante representação. 
 
 
2.1-Objeto Jurídico: a doutrina indica a liberdade individual, paz de espírito, segurança da ordem e a tranqüilidade pessoal. 
 
2.2-Sujeito Ativo: qualquer pessoa. 
 
2.3-Sujeito Passivo: qualquer pessoa capaz de sentir a intimidação. 
 
OBSERVAÇÃO: no constrangimento ilegal o agente busca uma conduta positiva ou negativa, na ameaça o agente pretende atemorizar o sujeito passivo. 
 
2.4-Tipo Objetivo: o crime consiste em prenunciar à vítima prática de mal injusto e grave, consistente em um dano moral, econômico ou físico. Se o mal é justo não há crime. Ex: ameaçar despedir em empregado relapso; ameaçar executar um título. 
O mal deve ser futuro e não atual. 
Não confundir com a praga. 
 
2.5-Pena e Ação Penal: detenção de 1 a 6 meses. A ação penal é pública, condicionada à representação do ofendido. 
 
3-Sequestro e Cárcere Privado: art. 148. 
 Art. 148 - Privar alguém de sua liberdade, mediante sequestro ou cárcere privado: 
Pena - reclusão, de um a três anos. 
§ 1º - A pena é de reclusão, de dois a cinco anos: 
I – se a vítima é ascendente, descendente, cônjuge ou companheiro do agente ou maior de 60 (sessenta) anos; 
II - se o crime é praticado mediante internação da vítima em casa de saúde ou hospital; 
III - se a privação da liberdade dura mais de quinze dias. 
IV – se o crime é praticado contra menor de 18 (dezoito) anos; 
V – se o crime é praticado com fins libidinosos. 
 § 2º - Se resulta à vítima, em razão de maustratos ou da natureza da detenção, grave sofrimento físico ou moral: 
 Pena - reclusão, de dois a oito anos. 	 
 
Sequestro e cárcere privado são meios de que se vale o sujeito para privar alguém, total ou parcialmente, de sua liberdade de locomoção. 
Sequestro: embora a vítima seja submetida à privação de locomoção, tem maior liberdade de ir e vir. Ex.: prender a vítima em uma fazenda. 
Cárcere Privado: a vítima vê-se submetida à privação de liberdade num recintofechado. 
 
3.1-Sujeito Ativo e Passivo: qualquer pessoa. 
 
3.3-Consumação: ocorre no momento da privação da liberdade. 
É crime permanente. É cabível prisão em flagrante do agente enquanto perdurar a privação da liberdade. 
 
3.4-Qualificação: ocorre quando o crime é cometido: 
-contra ascendente, descendente, cônjuge ou companheiro do agente ou maior de sessenta anos; 
 -mediante internação da vítima em casa de saúde ou hospital; 
-se o crime é praticado contra menor de 18 (dezoito) anos; 
- V – se o crime é praticado com fins libidinosos. 
-com duração superior a 15 dias; 
 
§ 2º - Se resulta à vítima, em razão de maustratos ou da natureza da detenção, grave sofrimento físico ou moral: 
 Pena - reclusão, de dois a oito anos. 	 
 
4-Redução à Condição Análoga a de Escravo: art. 149. 
Art. 149. Reduzir alguém a condição análoga à de escravo, quer submetendo-o a trabalhos forçados ou a jornada exaustiva, quer sujeitando-o a condições degradantes de trabalho, quer restringindo, por qualquer meio, sua locomoção em razão de dívida contraída com o empregador ou preposto: 
 Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa, além da pena correspondente à violência. 
 § 1o Nas mesmas penas incorre quem: 
I – cerceia o uso de qualquer meio de transporte por parte do trabalhador, com o fim de retê-lo no local de trabalho; 
II – mantém vigilância ostensiva no local de trabalho ou se apodera de documentos ou objetos pessoais do trabalhador, com o fim de retê-lo no local de trabalho 
 § 2o A pena é aumentada de metade, se o crime é cometido: 
I – contra criança ou adolescente; 
II – por motivo de preconceito de raça, cor, etnia, religião ou origem. 
 
É transformar a vítima em pessoa totalmente submissa à sua vontade, como se fosse escravo. 
Não é a escravidão como antigamente, é a supressão da liberdade de fato, embora permaneça a liberdade jurídica. 
 
4.1-Sujeito Ativo e Passivo: qualquer pessoa. 
 
4.2-O crime pode ser praticado de vários modos, sendo mais comum o uso de retenção de salários, ameaça ou violência. 
Normalmente praticado em fazendas, garimpos, plantações distantes, etc. 
É crime permanente. LER OS §§ 1º e 2º do art. 149. 
 
4.3-Pena: reclusão de 2 a 8 anos. 
 
Tráfico de Pessoas 
Art. 149-A. Agenciar, aliciar, recrutar, transportar, transferir, comprar, alojar ou acolher pessoa, mediante grave ameaça, violência, coação, fraude ou abuso, com a finalidade de: 
I - remover-lhe órgãos, tecidos ou partes do corpo; 
II - submetê-la a trabalho em condições análogas à de escravo; 
III - submetê-la a qualquer tipo de servidão; 
IV - adoção ilegal; ou V - exploração sexual. 
Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa. 
§ 1o A pena é aumentada de um terço até a metade se: 
I - o crime for cometido por funcionário público no exercício de suas funções ou a pretexto de exercê-las; 
II - o crime for cometido contra criança, adolescente ou pessoa idosa ou com 
deficiência; 
III - o agente se prevalecer de relações de parentesco, domésticas, de coabitação, de hospitalidade, de dependência econômica, de autoridade ou de superioridade hierárquica inerente ao exercício de emprego, cargo ou função; 
IV - a vítima do tráfico de pessoas for retirada do território nacional. 
§ 2o A pena é reduzida de um a dois terços se o agente for primário e não integrar organização criminosa. 
O tráfico de pessoas é um dos crimes mais repugnantes 	e 	assume 	dimensões transnacionais. 
 
1-O TIPO PENAL DE TRÁFICO DE PESSOAS 
O artigo 149 – A, CP é um crime de ação múltipla, conteúdo variado ou tipo misto alternativo. 
Contempla vários núcleos verbais, sendo eles: agenciar, aliciar, recrutar, transferir, comprar, alojar ou acolher. 
O sujeito ativo do crime é qualquer pessoa. 
 
Quanto ao sujeito passivo também é qualquer pessoa. 
 
Em alguns casos (§ 1º), a especial condição do sujeito ativo ou passivo ensejará aumentos de pena. 
 
A prática dos verbos deve se dar mediante meios especialmente elencados na norma: grave ameaça, violência, coação, fraude ou abuso. 
A conduta dolosa exige dolo específico consoante uma das finalidades arroladas nos incisos I a V do artigo 149 – A, CP: 
I- remoção de órgãos, tecidos ou partes do corpo; 
II- submissão a trabalho em condições análogas à de escravo; 
III- adoção ilegal; 
IV- exploração sexual. 
Poderá haver concurso material com outros crimes caso a finalidade prevista para o tráfico de pessoas se perfaça. Ou seja, a consecução do fim específico do tráfico de pessoas não configura mero exaurimento do crime. 
No caso do inciso I, se houver efetiva remoção, poderá haver também incidência, em concurso material dos crimes previstos na lei 
9.434/97 (lei de transplantes) – Artigos 14 a 20). 
 
Quanto ao inciso II, obviamente haverá também o mesmo concurso com o crime de "Redução à condição análoga à de escravo", previsto logo antes no artigo 149, CP. 
 
No inciso III, poderá se configurar "Crime contra o Estado de Filiação", também em concurso material, de acordo com os artigos 241 a 243, CP. 
 
Finalmente, no que diz respeito ao inciso IV, haverá a possibilidade de concurso material com os artigos 227 a 230, CP ou, dependendo da condição da vítima (caso do vulnerável), com os artigos 218 a 218 – B, CP. 
 
Isso sem contar a possibilidade de outras infrações, tais como o estupro (artigo 213, CP) e o estupro de vulnerável (artigo 217 – A, CP). 
 
No caso de não estar presente dolo específico previsto nos quatro incisos, poderá haver outra modalidade criminosa: 
Exemplo, sequestro ou cárcere privado (artigo 
148, CP) constrangimento ilegal (artigo 146, CP) 
fraude de lei sobre estrangeiros (artigo 309, Parágrafo Único, CP) 
ou mesmo reingresso de estrangeiro expulso (artigo 338, CP). 
A pena é de "reclusão, de 4 a 8 anos, e multa", de modo que é mais gravosa do que a anteriormente prevista para os crimes dos artigos 231 e 231 – A, CP, ora revogados pela lei 13.344/16. 
 
Há previsão de aumentos de pena da ordem de um terço até a metade: 
a)Se o autor for funcionário público no exercício de suas funções ou a pretexto de exercê-las, o que equivale a dizer que sempre que a condição de funcionário público for utilizada para facilitar ou perpetrar o crime de tráfico de pessoas, haverá incremento da reprimenda, ainda que o agente não esteja efetivamente no exercício da função. 
Exemplificando: se um policial pratica tráfico de pessoas quando de serviço ou quando fora de serviço, mas usa sua condição funcional para facilitar passagem por fiscalização. 
b) se o crime for cometido contra criança, adolescente ou pessoa idosa ou com deficiência. Aqui o aumento da pena se deve à condição mais vulnerável dessas espécies de vítimas. 
c) se o agente se prevalece de relações de parentesco, domésticas, de coabitação, de hospitalidade, de dependência econômica, de autoridade ou de superioridade hierárquica inerente ao exercício de emprego, cargo ou função. 
Nestes casos, o temor reverencial da vítima e a condição de ascendência do autor sobre ela, justificam o incremento penal, pois que facilitam a prática do crime e o tornam ainda mais repulsivo. 
d) se a vítima for retirada do território nacional. Haverá então o tráfico internacional de pessoas, o que torna a conduta mais gravosa por sua amplitude territorial. 
O ingresso (e não a retirada) da pessoa no território nacional não conduz ao aumento de pena, mas tão somente a eventual concurso material com os crimes dos artigos 309, Parágrafo Único, CP ou 310, CP, que dizem respeito ao ingresso irregular de estrangeiros no Brasil. 
Finalmente, prevê a lei uma causa de diminuição de pena, a que se poderia chamar de "Tráfico de Pessoas Privilegiado": 
 
Haverá redução de um a dois terços se o agente for primário e não integrar organização criminosa. 
 
Seção II - Dos Crimes Contra a Inviolabilidade do Domicílio 
 
Violação dedomicílio 
Art. 150 - Entrar ou permanecer, clandestina ou astuciosamente, ou contra a vontade expressa ou tácita de quem de direito, em casa alheia ou em suas dependências: 
 Pena - detenção, de um a três meses, ou multa. 
§ 1º - Se o crime é cometido durante a noite, ou em lugar ermo, ou com o emprego de violência ou de arma, ou por duas ou mais pessoas: 
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, além da pena correspondente à violência. 
§ 2º - Aumenta-se a pena de um terço, se o fato é cometido por funcionário público, fora dos casos legais, ou com inobservância das formalidades estabelecidas em lei, ou com abuso do poder. 
§ 3º - Não constitui crime a entrada ou permanência em casa alheia ou em suas dependências: 
I - durante o dia, com observância das formalidades legais, para efetuar prisão ou outra diligência; 
II - a qualquer hora do dia ou da noite, quando algum crime está sendo ali praticado ou na iminência de o ser. 
 § 4º - A expressão "casa" compreende: 
I - qualquer compartimento habitado; 
II - aposento ocupado de habitação coletiva; 
III - compartimento não aberto ao público, onde alguém exerce profissão ou atividade. 
 § 5º - Não se compreendem na expressão "casa": 
I - hospedaria, estalagem ou qualquer outra habitação coletiva, enquanto aberta, salvo a restrição do n.º II do parágrafo anterior; 
II - taverna, casa de jogo e outras do mesmo gênero. 
 
1.1-Objetividade Jurídica: a paz doméstica. Não protege a posse nem a propriedade. Não caracteriza o delito a permanência ou entrada em casa alheia desabitada. 
 
1.2-Sujeito Ativo: qualquer pessoa. 
 
1.3-Sujeito Passivo: o titular do direito de admissão ou de exclusão de alguém em sua casa. 
 
1.4-Casa para a lei penal é (§4º do CP): 
-qualquer compartimento habitado. Ex: cabine de um navio; “trayler”; barraca de campista; etc. 
-aposento ocupado de habitação coletiva. Ex: quarto de hotel. 
-Compartimento não aberto ao público, onde alguém exerce profissão ou atividade. Ex: gabinete médico; escritório de advogado; etc. 
 
1.5-Não se compreendem na expressão casa (§5º do CP): 
-hospedaria, estalagem ou qualquer outra habitação coletiva, enquanto aberta, exceto o compartimento habitado. 
-Taverna, casa de jogo e outras do mesmo gênero. 
 
1.6-Dependências: jardim, pátio, quintal, garagem, varanda. 
 
1.7-Qualificação: está prevista nos §§ 1º e 2º do artigo 150. 
 
1.8-Exclusão de Ilicitude: § 3º do art. 150. 
 
1.9-Pena: na modalidade simples (caput), detenção de 1 a 3 meses. Se o crime é cometido durante a noite ou em lugar ermo, ou com emprego de violência ou arma, por duas ou mais pessoas, detenção de 6 meses a 2 anos, além da correspondente à violência. 
 
 
Seção III - Dos Crimes Contra a Inviolabilidade de Correspondência 
 O Código Penal prevê as seguintes figuras típicas nesta seção: 
-violação de correspondência fechada (art. 151, caput); 
-sonegação ou destruição de correspondência fechada ou aberta (art. 151, § 1º, I); 
-divulgação, transmissão a outrem, utilização abusiva ou impedimento de comunicação telegráfica ou radioelétrica ou de conversação telefônica (art. 151, § 1º, II e 
III); 
- desvio, sonegação, supressão, subtração ou revelação de correspondência comercial, com abuso da condição de sócio ou empregado (art.152). 
 
1-Violação de Correspondência: art. 151. 
Art. 151 - Devassar indevidamente o conteúdo de correspondência fechada, dirigida a outrem: 
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. 
Sonegação ou destruição de correspondência 
§ 1º - Na mesma pena incorre: 
 I - quem se apossa indevidamente de correspondência alheia, embora não fechada e, no todo ou em parte, a sonega ou destrói; 
 Violação de comunicação telegráfica, radioelétrica ou telefônica; 
II - quem indevidamente divulga, transmite a outrem ou utiliza abusivamente comunicação telegráfica ou radioelétrica dirigida a terceiro, ou conversação telefônica entre outras pessoas; 
III - quem impede a comunicação ou a conversação referidas no número anterior; 
IV - quem instala ou utiliza estação ou aparelho radioelétrico, sem observância de disposição legal. 
 § 2º - As penas aumentam-se de metade, se há dano para outrem. 
 § 3º - Se o agente comete o crime, com abuso de função em serviço postal, telegráfico, radioelétrico ou telefônico: 
 Pena - detenção, de um a três anos. 
 § 4º - Somente se procede mediante representação, salvo nos casos do § 1º, IV, e do § 3º. 
 
 
1.1-Objetividade Jurídica: a garantia do sigilo de correspondência. 
 
1.2-Sujeito Ativo: qualquer pessoa. 
 
1.3-Sujeito Passivo: é duplo; o remetente e o destinatário. 
 
1.4-Tipo Objetivo: o objeto material é a correspondência (carta, bilhete, etc.). 
 A ação é devassar, isto é, olhar dentro, tomar conhecimento. 
 A correspondência deve estar fechada e dirigida a pessoa certa e determinada. Não constitui crime a leitura de carta cujo envelope se encontre aberto. 
 A devassa deve ser ilegítima. 
 A correspondência pode ser oficial ou particular. 
 
2-Sonegação ou Distribuição de Correspondência: art. 151, § 1º, I. 
 § 1º - Na mesma pena incorre: 
 I - quem se apossa indevidamente de correspondência alheia, embora não fechada e, no todo ou em parte, a sonega ou destrói; 
 
2.1-Objetividade Jurídica: a manifestação de pensamento transmitida por intermédio de correspondência. 
 
2.2-Tipo Objetivo: apossar-se é apoderar-se. Sonegar é desviar a correspondência de sua destinação. Destruir é danificar, inutilizar a correspondência, de modo a perder a sua destinação. 
 
2.3-Tipo Subjetivo: é o dolo. Não há modalidade culposa. 
 
2.4-Pena e Ação Penal: detenção de 1 a 6 meses ou multa. A ação penal é pública condicionada à representação do ofendido. 
 
3-Violação 	de 	Comunicação 	Telegráfica, 
Radioelétrica ou Telefônica: art. 151, § 1º, II. 
 § 1º - Na mesma pena incorre: 
 Violação de comunicação telegráfica, radioelétrica ou telefônica 
 II - quem indevidamente divulga, transmite a outrem ou utiliza abusivamente comunicação telegráfica ou radioelétrica dirigida a terceiro, ou conversação telefônica entre outras pessoas; 
 
3.1-Objetividade Jurídica: protege a correspondência transmitida pelo telégrafo, com ou sem fio, ou mediante conversação telefônica. 
 
4-Impedimento de Comunicação: art. 151, § 1º, III. 
 § 1º - Na mesma pena incorre: 
 III - quem impede a comunicação ou a conversação referidas no número anterior; 
O disposto pune o fato de quem impede a comunicação radioelétrica, telegráfica ou telefônica. 
Impedir é interromper por qualquer meio a comunicação. A conduta do agente deve ser indevida ou abusiva. 
 
5-Instalação ou Utilização de Estação de Aparelho Radioelétrico: art. 151, § 1º, IV. 
 § 1º - Na mesma pena incorre: 
 IV - quem instala ou utiliza estação ou aparelho radioelétrico, sem observância de disposição legal. 
É punida a conduta de instalar ou utilizar estação de aparelho radioelétrico sem observância de disposição legal. 
 
Leitura Recomendada: Pena e Ação Penal e as Disposições Comuns. 
 
6-Correspondência Comercial: art. 152. 
 Art. 152 - Abusar da condição de sócio ou empregado de estabelecimento comercial ou industrial para, no todo ou em parte, desviar, sonegar, subtrair ou suprimir correspondência, ou revelar a estranho seu conteúdo: 
 Pena - detenção, de três meses a dois anos. 
 Parágrafo único - Somente se procede mediante representação. 
6.1-Objetividade 	Jurídica: 	o 	sigilo 	de correspondência. 
 6.2-Sujeito Ativo: o sócio ou empregado de estabelecimento comercial ou industrial. 
 6.3-Sujeito 	Passivo: 	a 	pessoa 	jurídica 	(o estabelecimento comercial ou industrial). 
 6.4-Tipo 	Objetivo: 	a 	conduta 	é 
alternativa: desviar (desencaminhar), sonegar (esco nder, deixar de 
entregar), subtrair (tirar), suprimir (fazer desaparecer) ou revelar a estranho o conteúdo da correspondência. 
 6.5-Pena: detenção de 3 meses a 2 anos. 
 6.6-Ação 	Penal: 	pública 	condicionada 	à representaçãodo ofendido. 
 
 
Seção IV - Dos Crimes Contra a Inviolabilidade dos Segredos 
 1-Divulgação de Segredo: art. 153. 
 Divulgação de segredo 
 Art. 153 - Divulgar alguém, sem justa causa, conteúdo de documento particular ou de correspondência confidencial, de que é destinatário ou detentor, e cuja divulgação possa produzir dano a outrem: 
 Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. 
 § 1º Somente se procede mediante representação. 
 § 1o-A. Divulgar, sem justa causa, informações sigilosas ou reservadas, assim definidas em lei, contidas ou não nos sistemas de informações ou banco de dados da Administração Pública: 
 Pena – detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. 
 § 2o Quando resultar prejuízo para a Administração Pública, a ação penal será incondicionada. 
1.1-Objeto Jurídico: a proteção de segredos cuja divulgação possa produzir dano a outrem. Não ficam sob a tutela penal as confidências obtidas por meio oral. 
 1.2-Sujeito Ativo: o destinatário ou detentor do segredo. 
 1.3-Sujeito Passivo: é a pessoa que pode sofrer o dano em conseqüência da conduta do agente (o remetente, o destinatário ou o terceiro qualquer). 
A divulgação deve ser sem justa causa. Não configura o delito o comportamento quando a causa é justa. Ex: defesa de interesse legítimo. 
 1.4-Pena: detenção de 1 a 6 meses ou multa. 
 1.5-Ação Penal: condicionada à representação. Será pública incondicionada se houver prejuízo para a administração pública. 
1. 6-Jurisprudência: não pratica o delito do art. 153, o advogado que junta documento médico confidencial para instruir ação judicial, pois havendo justa causa, o fato é atípico. 
 
2-Violação de Segredo Profissional: art. 154. 
 Art. 154 - Revelar alguém, sem justa causa, segredo, de que tem ciência em razão de função, ministério, ofício ou profissão, e cuja revelação possa produzir dano a outrem: 
 Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa. 
Parágrafo único - Somente se procede mediante representação 
2. 1-Objeto Jurídico: o sigilo profissional. 
 2.2-Tipo Objetivo: 
Função é a responsabilidade determinada a uma pessoa por lei ou judicialmente. Ex: tutor, depositário fiel, etc. 
 Ministério é a responsabilidade determinada por uma situação de fato. Ex: padre, pastor, etc. 
 Ofício é a atividade preponderantemente manual. 
 Profissão é a atividade habitual desenvolvida com fim lucrativo. 
 2.3-Sujeito Ativo: os confidentes necessários, ou seja, as pessoas que recebem o conteúdo do segredo em razão de função, ministério, ofício ou profissão. 
 2.4-Sujeito Passivo: o titular do segredo ou um terceiro. 
 
2.5-Pena e Ação Penal: a pena é de 3 meses a 1 ano. A ação penal é pública condicionada. 
 
 
Invasão de dispositivo informático (Incluído pela Lei nº 12.737, de 2012) Vigência 
Art. 154-A. Invadir dispositivo informático alheio, conectado ou não à rede de computadores, mediante violação indevida de mecanismo de segurança e com o fim de obter, adulterar ou destruir dados ou informações sem autorização expressa ou tácita do titular do dispositivo ou instalar vulnerabilidades para obter vantagem ilícita: 
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa. 
§ 1o Na mesma pena incorre quem produz, oferece, distribui, vende ou difunde dispositivo ou programa de computador com o intuito de permitir a prática da conduta definida no caput. 
§ 2o Aumenta-se a pena de um sexto a um terço se da invasão resulta prejuízo econômico. 
§ 3o Se da invasão resultar a obtenção de conteúdo de comunicações eletrônicas privadas, segredos comerciais ou industriais, informações sigilosas, assim definidas em lei, ou o controle remoto não autorizado do dispositivo invadido: 
Pena - reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa, se a conduta não constitui crime mais grave. 
§ 4o Na hipótese do § 3o, aumenta-se a pena de um a dois terços se houver divulgação, comercialização ou transmissão a terceiro, a qualquer título, dos dados ou informações obtidos. 
§ 5o Aumenta-se a pena de um terço à metade se o crime for praticado contra: 
I - Presidente da República, governadores e prefeitos; 
II - Presidente do Supremo Tribunal 
Federal; 
III - Presidente da Câmara dos Deputados, do Senado Federal, de Assembleia Legislativa de Estado, da Câmara Legislativa do Distrito Federal ou de Câmara Municipal; ou 
IV - dirigente máximo da administração direta e indireta federal, estadual, municipal ou do Distrito Federal. 
 
Lei Carolina Dieckmann 
 
1-INTRODUÇÃO 
Trata-se de análise preliminar sobre a Lei 12.737/12, conhecida extraoficialmente como Lei Carolina Dieckmann. 
 
Veio acrescentar ao Código Penal, dispositivos legais que tipificam delitos cibernéticos. 
Havia uma lacuna na legislação que permitia a impunidade das condutas indesejadas praticadas tanto no ambiente virtual quanto no físico em relação à proteção de dados e informações pessoais ou corporativas. 
 
Acrescentou-se ao Código Penal os artigos 154A a 154-B, situados dentro dos crimes contra a liberdade individual, seção referente aos crimes contra 	a 	inviolabilidade 	dos 	segredos profissionais. 
2-Objetividade jurídica - direito ao sigilo pessoal e profissional. 
 A invasão de computadores e dispositivos similares, com finalidades ilícitas, tem causados sérios prejuízos aos direitos individuais e profissionais. 
 A invasão em si, independente do que se siga após ela, já representa um perigo concreto à privacidade e ao segredo juridicamente protegido. 
3. Invasão de dispositivo informático 
 
A fim de proteger o direito ao sigilo de dado e informação pessoal ou profissional, o art. 154-A veio tipificar duas condutas: 
A) a principal é invadir dispositivo informático 
B) a acessória é instalar vulnerabilidade. 
Podem ocorrer na forma simples (com a aplicação da pena básica) ou qualificada (com o agravamento da pena). 
2-Sujeito ativo - pode ser uma pessoa física ou jurídica. 
É crime próprio, pois para o cometimento de crimes eletrônicos, cibernéticos, exige-se do agente ativo que tenha certa habilidade no campo da informática, por mínima que seja. 
3-Sujeito Passivo O agente passivo é o proprietário do aparelho. Também poderá ser pessoa física ou jurídica. 
 
4-Objeto material do crime é o dado ou informação obtidos de forma ilícita. 
 
5-Tipo Objetivo - O verbo desse artigo é “invadir” dispositivo informático alheio. A invasão é só o meio pelo qual o agente se serve para tirar proveito. 
 
Invadir pressupõe a utilização de força, artimanha, violação indevida de mecanismo de segurança, desrespeito à vontade do proprietário do equipamento, ultrapassar o limite de autorização fornecida pelo titular do equipamento. 
A invasão já consuma o delito. 
O resultado normativo da invasão poderá ser o de obter, adulterar ou destruir dados ou informações. 
Podem surgir resultados naturalísticos, aqueles que permeiam o mundo físico, como foi o caso da divulgação de fotos íntimas da atriz Carolina Dieckmann, pois feriu a honra, a dignidade, a liberdade pessoal da vítima. 
O resultado naturalístico não é exigível para a consumação do fato, que se dá com a mera invasão, o resultado da invasão pode determinar a qualificação do tipo ou o exaurimento da conduta delitiva. 
É preciso obter a máquina ou conseguir os meios para acessá-la de forma remota, se valer de programas ou equipamentos, ferramentas que possibilitem o acesso. Há várias formas de acessar os arquivos de um Disco Rígido (HD). 
Pode ser pela própria máquina, pode-se extrair o HD e instalá-lo em outra máquina, pode se acessar o HD a distância e até controlá-lo, podese instalar um software espião que copia os dados e os envia para uma máquina remota ou um dispositivo móvel. 
É possível, inclusive, utilizando tecnologias e equipamentos específicos e avançados, extrair dados de um disco que foi parcialmente destruído, quebrado, queimado, molhado ou sofreu outras formas de danos físicos ou virtuais. 
Quanto a conduta

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