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RESUMO AULA 1 – ESCOLAS E ORIGEM DO DIREITO. NÃO SE DESTINA A CITAÇÃO. Escola Jusnaturalista ou Direito Natural. O direito é um conjunto de ideias ou princípios superiores, eternos, uniformes, permanentes, imutáveis, outorgados ao homem pela divindade, quando da criação, a fim de traçar-lhe o caminho a seguir e ditar-lhe a conduta a ser mantida. Seria como um sopro ético com que a Divindade bafejou a sua criação. As principais característica do direito natural seriam a estabilidade e a imutabilidade. Surge com os filósofos gregos: Heráclito, Aristóteles, Sócrates, Platão, etc. E foi adotada emm Roma por Cícero. Cícero coloca em destaque a origem divina do direito e seu caráter permanente e imutável, ontem, hoje, amanhã, em todas as nações e para todos os tempos, em sua obra De República. 2. Escola Teológica Se assemelha à Jusnaturalista, porém no seu entender a origem do direito não estaria ligada apenas indiretamente à Divindade, mas sem diretamente, já que as primeiras leis não teriam sido simplesmente inspiradas por Deus, mas escritas e outorgadas por Ele. ELE teria elaborado as primeiras leis, entregando-as ao homem para serem observadas. Esta escola coexistiu com a Jusnaturalista durante toda a antiguidade. De origem quase legendária, semideuses, que foram os intermediários (Moisés, Hamurabi, Manu, Sólon, etc) entre a Divindade e o povo no que diz respeito ao recebimento das primeiras leis. Esta escola divide as leis em três tipos: lei divina, lei humana e lei natural. A primeira provem de Deus, só existe n o espírito divino; a segunda é existente entre os homens por intuição; e a terceira, embora tenha como conteúdo a lei natural, é produto dos homens. 3. Escola Racionalista ou Contratual. Nesta escola agruparam-se vários filósofos, autores de obras notáveis: Thomas Hobbes, John Locke, Montesquieu, Jean Jacques Rousseau, a mais importante figura do liberalismo desta época. Os racionalistas dividem o direito em duas categorias: Direito Natural e Direito Positivo. O Direito Natural continuaria sendo um conjunto de princípios permanentes, estáveis e imutáveis, a origem deste direito, entretanto, não é a divindade, e sim a natureza racional do homem, imutável diante de qualquer vontade divina ou humana. Para estes a natureza racional do homem é igual por toda a parte, em todos os tempos e da qual decorreriam princípios que nenhum poder divino ou terreno alcançaria mudar. O Direito Positivo decorreria do pacto social que o homem fora levado a célebre para viver em coletividade. Para sair do isolamento os homens tiveram a ideia de viver juntos, fundando a sociedade através de um pacto, um contrato social. Suas relações seriam disciplinadas pelas regras do direito positivo. Entre estas duas categorias de direito haveria uma íntima e estreita relação, tal como há entre o espírito e o corpo, sendo o Direito Natural superior e servindo de fundamento para o Direito Positivo. Ocorrendo o afastamento do Direito Positivo do Direito Natural impõe-se a imediata reformulação do D. Positivo a fim de ajustá-lo aos imutáveis princípios do D. Natural. Esta foi a primeira escola que deslocou a fonte do direito da Divindade para a razão do próprio homem. 4. Escola Histórica do Direito Surgiu na Alemanha no final do século XVIII e começo do século XIX, no apogeu do neo-humanismo, quando o direito era considerado pura criação da razão humana. Os principais protagonistas desta escola foram Gustavo Hugo e Frederico Charle de Savigny. Esta escola é a primeira a rebelar-se a existência do direito natural, permanente e imutável. Para eça o Direito era um produto histórico, decorrente, não da divindade ou da razão mas sim da consciência coletiva dos povos, formado gradativamente pelas tradições e costumes. O Direito, assim como a linguagem, se constituíra naturalmente, por força das necessidades de uso do povo. Para Savigny cada povo em cada época teria o seu próprio direito, expressão natural de sua evolução histórica, costumes e tradições, não sendo o direito geral e universal como acreditavam as escolas anteriores. Esta escola mostrou que os fundamentos do direito se encontram na vida social, em constante mudança e aperfeiçoamento, de acordo com as transformações dos grupos sociais. 5. Escola Marxista A teoria marxista surgiu em meados do século XIX, enunciada por dois pensadores alemães: Karl Marx e Friedrich Engels. Nesta teoria o Direito pressupõe o Estado. Surge somente quando há uma sociedade política, jurídica e economicamente organizada, com uma fonte emanadora do preceito jurídico e um órgão capaz de impor o cumprimento de suas prescrições. Esta teoria expõe que o Direito é formado pela expressão de interesse da classe dominante, instrumento ideológico de dominação da burguesia sobre o proletariado. Para Marx o Estado é instrumento de pressão que deve ser combatido por todos os meios e finalmente destruído. O Direito tem origem no Estado, não existindo Estado sem Direito, nem o inverso. Qualquer observador é capaz de constatar que muito antes de existir o Estado, muito antes das sociedades se organizar política, econômica e juridicamente, já existiam regras disciplinadoras do relacionamento social. Não menos falsa é a afirmação de ser o Estado instrumento de pressão da classe dominante sobre a menos favorecida, o Estado, sobretudo o Estado moderno, assume uma infinidade de funções que visam o bem-estar público. 6. Escola Sociológica do Direito Durante muito tempo a Sociologia e o Direito hostilizaram-se mutuamente. O encontro entre as duas ciências ocorreu paulatinamente a partir de 1882, quando foi publicada a obra de Herbert Spencer – Principles of Sociology, onde há um capítulo dedicado às leis. Culmina nos últimos anos do século XIX com Émile Durkheim, a quem coube o trabalho de fixar definitivamente as relações entre o direito e a sociologia. Merece destaque, também, na fundação da Escola Sociológica Léon Duguit e Nordi Greco. Para a Escola Sociológica, o Direito tem a sua origem nos fatos sociais, refletem seus costumes, valores, tradições, sentimentos e cultura, cuja elaboração é lenta e espontânea da vida social. Naturalmente cada povo tem a sua história e seus fatos sociais, e fatos sociais diferentes implicam em direitos diferentes. Obrigados a viver necessariamente ao lado uns dos outros, carecemos de regras de proceder, normas de disciplinamento da vida em coletividade. Esta organização pressupõe regras de comportamento que permitam a convivência social. O Direito é, justamente, o conjunto de normas que regulam a vida social. Direito é realidade da vida social, e não da natureza física ou do mero psiquismo dos seres humanos. Não haveria o direito sem sociedade. Daí a veracidade de antigo brocado: ubi societas, ibi jus (Onde está a sociedade, está o Direito). O que caracteriza a Escola Sociológica é, portanto, considerar o Direito, não como tendo origem em Deus (Esc. Jusnaturalista e Teologista), nem na razão (Esc. Racionalista), nem na consciência do povo (Esc. Histórica do Direito), e nem ainda no Estado (Esc. Marxista) – mas sim na sociedade, mais especificamente, nas inter-relações sociais. Não são regras imutáveis e quase sagradas, mas sim variáveis e em constante mudança, como o são os grupos onde se originam. A democratização do Direito pode ser apontada como uma das mais relevantes consequências da Escola Sociológica. O Direito foi democratizado quando passou a ter origem na sociedade. O acesso à Justiça passou a ser a sua principal finalidade; o povo passou a ter consciência dos seus direitos como aspecto da cidadania; O Direito ganhou as ruas, as praças e fez-se linguagem de todo o povo.
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