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FILOSOFIA Teorico II

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Filosofia Geral e 
Filosofia do Direito
Responsável pelo Conteúdo:
Prof.ª Me. Marize Oliveira dos Reis
Revisão Textual:
Prof. Me. Luciano Vieira Francisco
A Filosofia do Direito na Modernidade
A Filosofia do Direito 
na Modernidade
 
 
• Conhecer a história da Filosofia do Direito e seus maiores pensadores;
• Debater questões importantes ao pensamento ético;
• Assumir postura crítico-reflexiva.
OBJETIVOS DE APRENDIZADO 
• Introdução;
• Jusnaturalismo;
• Juspositivismo;
• Jusnaturalismo Versus Juspositivismo.
UNIDADE A Filosofia do Direito na Modernidade
Introdução
Na Idade Média a Filosofia foi identificada pelo predomínio da fé, vez que toda 
investigação e pensamento buscava a sua justificativa na religião. Desde Santo 
Agostinho, que colocava o conhecimento em situação de dependência da fé; a São 
Tomás de Aquino e a sua defesa da racionalização para o alcance da fé, a compreen-
são da verdade, do justo, adequado passaria por questões teológicas.
A Filosofia greco-romana era centrada na ideia de que o homem é a medida de 
todas as coisas. No período medieval, com a influência dos filósofos cristãos, uma 
nova ideia se fixou, onde a medida de todas as coisas é Deus.
Na Modernidade o movimento filosófico ocorreu de forma em que poderia ser 
dividido nos períodos Renascentista, Absolutista e Iluminista.
O Renascimento, que se deu aproximadamente no início do século XV, marcando 
o final da Idade Média, período em que ressurgiu a ideia de que o homem é a medida 
de todas as coisas, recebeu tal nome pelo ressurgimento da centralização do conhe-
cimento na figura do homem. Os filósofos concentraram a busca do conhecimento 
tendo como objeto primordial o indivíduo, diante da observação de que todos os 
indivíduos teriam a mesma capacidade de avaliação racional, de forma que o conhe-
cimento era compreendido como universal e individual.
Ainda nesse mesmo período, final da Idade Média e início da Idade Moderna, 
sob o âmbito da argumentação teológica dominante, os movimentos católicos 
e protestantes foram marcantes, mas perderam espaço para a liberdade de um 
pensamento distante da Teologia, que buscava a sua força na filosofia clássica 
greco-romana. 
Chama-se renascentista a esse movimento por conta da inspiração bus-
cada junto aos clássicos, que, parecendo terem sido mortos pelos me-
dievais, renasciam então pelas mãos dos novos pensadores. Em termos 
filosóficos, o Renascimento representou um deslocamento do eixo dos 
fundamentos teóricos, de Deus para o homem. Por tal razão, costuma-se 
denominar tal movimento também por Humanismo. (MASCARO, 2018, 
p. 109, grifo nosso)
Jusnaturalismo
Destacaram-se na filosofia política e jurídica do início da Modernidade ou ainda 
do declínio da Idade Média, pensadores como Dante Alighieri, Marsílio de Pádua, 
Guilherme de Ockham e Nicolau Maquiavel, que romperam com a tradição medieval 
do governante cristão, do exercício do poder como virtude divina. Diante de uma 
nova visão de Estado, não mais compreendido como ordem justificada em uma lei 
natural determinada por Deus, mas como uma ordem jurídica baseada na razão, no 
Direito Natural procedente do homem.
8
9
Dante Alighieri (1265-1321) foi influenciado pela situação da Itália que naquele 
período, dividida em vários Estados pequenos e independentes, outrora sob o coman-
do de imperadores alemães, enfrentava disputas entre partidários da ação política da 
Igreja e partidários do Império, que representavam de alguma forma a ideia de laiciza-
ção do poder.
E m sua obra intitulada A monarquia, Dante Alighieri 
aborda o jusnaturalismo e apresenta a exclusão da 
interferência da Igreja nos negócios políticos. O poeta 
italiano afirmava que o homem seria dotado, por Deus, 
de livre-arbítrio e que uma vez que tal condição fora 
atribuída pelo Criador da natureza, seria o homem 
capaz de conduzir o Estado. É nessa obra que se lê a 
conhecida definição de Direito, entendido como “[...] a 
proporção real e pessoal de homem para homem, a 
qual, conservada, conserva a sociedade, corrompida, 
corrompe-a”. Ainda no Canto XVI – intitulado Do 
Purgatório –, Dante Alighieri faz uma alusão aos poderes 
temporal e espiritual, reforçando sua ideia de separação 
como na Roma Antiga:
Bem haja Roma, ao bom mundo, então,
Ergueu dois sóis, por revelar a estrada
Ali da terra e aqui da salvação.
Mas, um ou outro eclipsou, e uniu-se a espada
à pastoral; e, juntos claramente, 
não podem bem cumprir a sua jornada
Nicolau Maquiavel (1469-1527) nasceu em Florença, na Itália ainda dividida, 
desmembrada em inúmeros Estados, sob constantes conflitos internos e experimen-
tando a cobiça e as ocupações em seu território, promovidas por nações como Es-
panha e França.
Além de político, Maquiavel era diplomata na Re-
pública Florentina e nessa função viajou por mais de 
uma década entre vários Estados-Cidades, com o ob-
jetivo de fortalecer a República. Em sua obra intitulada 
Comentários sobre a primeira década de Tito Lívio, 
são desenvolvidas ideias republicanas. Ocorre que, para 
muitos e durante muito tempo, destacava-se tão somen-
te o pensamento de Maquiavel reportado à defesa do 
absolutismo e da imoralidade.
É o pensamento de Maquiavel e seus conselhos aos 
governantes, apresentados em sua obra O príncipe, 
a fim de manter a ordem e o poder, que promovem o 
absolutismo. Muito embora o filósofo recupere o pen-
samento greco-romano e leve a Filosofia ao campo 
Figura 1 – Dante Alighieri, 
por Sandro Botticelli
Fonte: Wikimedia
Figura 2 – Nicolau Maquiavel
Fonte: Wikimedia
9
UNIDADE A Filosofia do Direito na Modernidade
político, tendo a ordem social como objetivo, através de meios humanísticos, suas 
ponderações encaminham à teorização de outros pensadores, tal como Jean Bodin, 
defendendo a legitimação do poder real, humano, por meio divino. 
Diante de uma análise comparativa e atualizada das duas obras citadas, interpreta-
-se que Maquiavel teria explorado duas ações políticas distintas, afirmando que, ini-
cialmente, através do exercício do poder pelo governante (príncipe), este deve ser 
não apenas conquistado, mas especialmente perpetuado, justificando-se no poder 
absoluto para tal e, uma vez preservado, seria viável e interessante o estabelecimento 
de um governo republicano.
Os críticos do filósofo afirmavam ainda que Maquiavel preconizou uma teoria de 
prática totalmente desprovida de valores morais, contrária ao Direito Natural, por 
se afastar da Ética e busca do justo, analisando as ações do governante em vista de 
consequências da atividade política, justificada na utilidade para a comunidade.
Você sabia?
Que na linguagem comum, chamamos pejorativamente de maquiavélica a pessoa sem 
escrúpulos, traiçoeira, astuciosa que, para atingir seus fins, usa de mentira e de má-fé, 
enganando com tanta sutileza, que pensamos estar agindo livremente quando, na ver-
dade, somos por essa manipulados? (ARANHA, 2003, p. 234).
Jean Bodin (1530-1596), filósofo, político e jurista francês, defendia que a melhor 
forma de governo seria a soberania, manifestada de forma perpétua e absoluta, de modo 
que a sociedade sem a soberania seguiria para uma desordem que a desestabilizaria. 
Na defesa da monarquia absolutista fundamentada na soberania divina, Bodin 
defende que o rei soberano apenas se submeteria às leis divinas, ao Direito Natural, 
mas não às leis civis, que poderiam ser por este criadas, modificadas ou anuladas 
conforme o seu entendimento, mas nunca de forma a contrariar a Lei Eterna e Imu-
tável, a vontade de Deus.
Na obra A república, dividida em seis volumes (Les six livres de La république) Bodin trata de 
temas relativos ao Estado, governo e exercício do poder e à religião.
Hugo Grócio (1583-1645), filósofo e jurista holandês, definiu o Direito Natural como 
um entendimento humano, consciente, na distinção das coisas como más ou boas por 
sua própria natureza, um conjunto de normas provenientes da natureza humana.
O jurisconsulto holandês, cristão, escreveusobre religião, mas seu objeto era o Di-
reito, na concepção de Direito Natural não mais como Revelação Divina, mas como 
agrupamento de normas impostas pela razão e sociedade.
O Direito Natural, segundo Grócio, existiria ainda que ausente à Vontade Divina, 
e até mesmo Deus, e seria compreendido com a utilização de duas hipóteses, quais 
10
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sejam, n o primeiro momento com a constatação de correspondência com a natureza 
racional ou social e, no segundo momento, com a confirmação da utilização dos 
mesmos critérios e das mesmas noções de Justiça por outros povos.
Figura 3 – Hugo Grotius, Hugo de Groot, Huig de Groot, ou Hugo Grócio
Fonte: Wikimedia
Assim, é Grócio apontado como ponto de partida d a Escola Clássica do Direito 
Natural, responsável pela laicização do Direito Natural, destacando-se ainda na for-
mação de um conceito de Direito Internacional, que sujeita governantes e Estados.
Outros nomes se destacaram na Escola Clássica do Direito Natural, tais como 
Hobbes, Locke e Rousseau, entre outros.
Thomas Hobbes (1588-1679), filósofo, político e matemático inglês, de origem 
humilde, conviveu e recebeu apoio da nobreza para se dedicar aos estudos. Destacou-
-se como defensor do absolutismo, já àquela época ameaçado por tendências liberais.
Figura 4
Fonte: Wikimedia
O f ilósofo inglês d efendia que o homem inicialmente conviveria em estado de 
natureza, correspondendo n ão somente ao estágio primitivo, mas também em toda 
situação de desordem processada nas circunstâncias em que suas ações não são 
controladas diante da razão ou das instituições políticas.
11
UNIDADE A Filosofia do Direito na Modernidade
Sua crença era de que os homens, no estado de natureza, poderiam usar seu pró-
prio poder para a preservação dos seus desejos, fazendo tudo aquilo que julgarem 
adequado, o que determina uma ameaça permanente sobre a sociedade, diante da 
qualidade egoísta e ambiciosa de cada um, de forma a causar a guerra de todos 
contra todos, bem como gerando instabilidade e medo.
A célebre frase de Hobbes “O homem é o lobo do homem” é utilizada para justificar que 
o homem, em sua natureza e sem uma ordenação estatal, seria seu maior, causando sua 
própria destruição.
Hobbes indica duas leis fundamentais da natureza, que estariam na base da vida 
em sociedade e deveriam ser seguidas pelo homem, pois este, apesar de suas paixões 
más, é um ser racional que reconhece princípios que devem ser seguidos. Em primei-
ro lugar, deve cada homem empenhar-se pela paz, enquanto crer na sua obtenção e, 
caso identifique a impossibilidade de alcançá-la, deve empregar a guerra como ajuda e 
vantagem; deve o homem renunciar ao seu direito a todas as coisas e desejos pessoais, 
em favor da paz e defesa própria, quando os demais homens também assim o consen-
tirem. Apresenta-se em sua obra a ideia de um contrato social.
Seria necessário que todos os homens fizessem um pacto, renunciando ao direito 
de se autogovernar, ocasião em transferiam ao soberano tal direito e autorizariam 
todas as suas ações. O entendimento de Hobbes era de que não se deve esperar que 
a razão, como Lei Natural, domine o homem tendente às suas paixões, impondo-se 
necessária a figura de um soberano para concretizar a Lei Natural através do Estado, 
que se mostra como um grande e potente homem artificial, formado pelo homem 
natural para a sua própria defesa e proteção. 
Você sabia?
Que Leviatã, título da principal obra de Hobbes, publicada em 1651, é o nome de um mons-
tro bíblico, utilizado por esse autor para se reportar ao Estado forte e poderoso, absoluto?
John Locke (1632-1704) médico, filósofo e jurista inglês, destacou-se por seus 
textos políticos, propondo uma teoria de contrato social da legitimidade do governo 
e a ideia de direitos naturais à propriedade privada. Contemporâneo da Revolução 
Inglesa, em que esteve envolvido, e de formação liberal, o filósofo discordou do 
absolutismo e, seguidor da Escola Clássica do Direito Natural, apresentou seu en-
tendimento de que ainda no estado de natureza existiriam certos direitos oriundos 
da natureza sociável do homem, necessitando este apenas de uma autoridade que 
garantisse sua eficácia.
Locke afirmava que o poder é uma construção humana, não existindo poder inato, 
oriundo de Deus e diferenciava o seu pensamento a respeito do estado de natureza, 
diante do pensamento de Hobbes, ao determinar que os homens em estado natural 
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são iguais e livres, mas não indomáveis, podendo viver com certo respeito. A guerra 
ocorreria em desrespeito à Lei Natural, mas não determinantemente, e sim como 
uma possibilidade que comumente se concretiza, motivando os homens a unirem-
-se em sociedade na busca da preservação de seus interesses. Diferentemente de 
Hobbes, Locke não ligava obrigatoriamente a guerra ao estado de natureza, mas 
reconhecia que tanto era possível a paz no estado de natureza, quanto a guerra na 
sociedade política.
Figura 5
Fonte: Wikimedia
O Direito Natural em Locke não se sustentava em uma razão inerente ao homem, 
mas alcançável por este através de suas próprias experiências, um estado de natureza 
individual, onde já se apresenta a Lei Natural como orientação para o comportamento 
do homem. Identificava o Direito Natural com a razão humana – e não como vontade 
divina –, de forma que o pacto social se apresenta como método racionalmente aplica-
do para consecução de determinados fins, especialmente aqueles ligados aos direitos 
individuais, como liberdade, trabalho e propriedade privada.
O estado de natureza não seria um universo fadado à guerra e ao egoísmo; mas os 
riscos das paixões e da parcialidade é grande, por ser cada um juiz de sua própria causa, 
podendo estremecer as relações entre os homens. Assim, os homens abandonam sua 
condição natural e autorizam a criação de um corpo político capaz de manter a segu-
rança e ordem.
Seguidor do jusnaturalismo, Locke afirmava que os direitos humanos naturais não 
desaparecem com a criação do Estado, mas permanecem para, inclusive, limitá-lo, 
podendo o homem tomar o poder do governante e transferi-lo a outro, quando a 
justificativa for a preservação do interesse público. 
Obras de maior destaque: 
• Carta acerca da tolerância (1689);
• Ensaio acerca do entendimento humano (1690); e 
• Dois tratados sobre o governo (1690).
13
UNIDADE A Filosofia do Direito na Modernidade
Jean-Jacques Rousseau (1712-1778) nasceu em Genebra, vivendo em peregri-
nação pela Europa após a adolescência e em 1942 mudou-se para Paris, onde se 
agitavam os ideais liberais que resultaram na Revolução 
Francesa. Logo, ganhou destaque por apresentar pes-
simismo diante do progresso e da Ciência, desacredi-
tando no poder da razão humana para construir um 
mundo melhor, o que contraria o pensamento iluminis-
ta, destoando no meio intelectual francês a que fez par-
te e enfrentando vários atritos.
Jusnaturalista, o filósofo defendia que os homens 
nascem bons e livres, e, vivendo em estado de nature-
za, são sadios e felizes enquanto cuidam de sua própria 
sobrevivência, vez que seus atos são puros. Contrarian-
do Hobbes, que entende o homem como mau por na-
tureza, Rousseau afirmava que o homem em estado de 
natureza é bom e livre para suas escolhas. 
Rousseau é um jusnaturalista não porque propugne a plena volta ao en-
tendimento da vida natural um dia havida, mas apenas na medida em 
que aposta que é possível outra natureza futura aos homens, da razão e 
do sentimento, e, portanto, outro guia natural que não os já deturpados. 
A natureza não é um dado estático a ser contemplado e tomado por guia 
apenas por reflexo. Deve ser retrabalhada, e, assim sendo, para Rousseau 
um Direito Natural seria tanto a partir da natureza quanto para ela, para 
a mudança da natureza humana. Trata-se de um jusnaturalismo peculiar. 
Assim diz Bobbio: “Não se compreende Rousseau se não se entende que, 
ao contrário de todos os demais jusnaturalistas, para os quais o Estado 
tem como finalidade proteger o indivíduo, para Rousseauo corpo político 
que nasce do contrato social tem a finalidade de transformá-lo. O cidadão 
de Locke é pura e simplesmente o homem natural protegido; o cidadão 
de Rousseau é um outro homem”. (MASCARO, 2018, p. 174)
A desigualdade e os conflitos entre os homens surgiriam quando alguns, valendo-
-se da força, buscariam a propriedade privada, nascendo a diferenciação entre rico 
e pobre, poderoso e fraco, senhor e escravo. A vida em sociedade corromperia o 
homem, despertando sentimentos como inveja e ganância, desviando-o do seu es-
tado natural.
Uma vez instaurada a desigualdade, seria necessária a celebração de um pacto, 
um contrato legítimo, oriundo de um consentimento geral, onde cada componente 
do povo renunciaria a seus direitos em favor da sociedade. Desta forma, ocorrendo 
manifestação igualitária de todos, não haveria que se mencionar perda de direitos 
individuais, vez que surgiria um corpo moral, uma sociedade capaz de defender tudo 
aquilo que fosse comum aos seus membros.
O Estado, oriundo de um contrato social, teria como objetivo transformar o indi-
víduo em um cidadão – e não apenas protegê-lo de sua própria corrupção.
Figura 6
Fonte: Wikimedia
14
15
Obras de maior destaque: 
• Discurso sobre a origem e os fundamentos da desigualdade entre os homens (1755);
• Discurso sobre a economia política (1755); e 
• O contrato social (1762).
Os jusnaturalistas, como forma geral, apontam a natureza humana como fonte 
do Direito Natural e designadora dos fins humanos. É generalizado atualmente o 
entendimento que o Direito Natural constitui grandes princípios, oriundos da ordem 
natural das coisas, não possuindo caráter normativo, mas impondo-se a despeito de 
qualquer condição, como o direito à vida, igualdade e propriedade. Seria o Direito 
Natural o influenciador das normas jurídicas e fundamento do poder coercitivo do 
Estado que, por sua vez, devem seguir os princípios maiores do Direito Natural, pois 
afastando-se deste torna-se ilegítimo.
Juspositivismo
No início do século XIX a sociedade reivindicava limites ao poder do governante so-
berano, questionando os arbítrios dos reis absolutistas. A insatisfação produziu resultado 
manifestado nas declarações de direitos como a Constituição norte-americana de 1787 e 
a Constituição francesa de 1791, que elevaram a Lei a uma posição de grande destaque, 
reconhecida como a vontade suprema do povo, por sua vez titular do poder político.
O anseio social visava à remoção dos valores jusnaturalistas do sistema jurídico, 
pois muitos excessos eram cometidos em nome dos princípios naturais, especial-
mente os princípios religiosos.
Assim, diante da busca por segurança jurídica e estabilidade, o juspositivismo se 
apresentou como o pensamento jurídico eficiente.
O termo juspositivismo reporta-se, em sentido amplo, às doutrinas que defen-
dem a legitimação do ordenamento jurídico, por si, sem fundamento em qualquer 
valor além do Direito Positivo.
Direito positivo é o conjunto de princípios e regras que regem a vida social de determinado 
povo em uma época específica.
O s juspositivistas, defensores d a segurança jurídica, entendem que o Direito 
Positivo, e laborado pelo Estado e na conformidade de seus procedimentos, é a u-
tossuficiente no tocante à legitimidade; sendo, de fato, o único direito existente.
P ara o jusnaturalista e xistiriam o Direito Natural e Direito Positivo, manifestando 
uma teoria dualista, enquanto para o juspositivista não existiria outro Direito senão 
o Positivo, daí seu caráter monista.
15
UNIDADE A Filosofia do Direito na Modernidade
O juspositivismo, chamado também de positivismo jurídico, é um pensamento 
que confronta a teoria naturalista e, por muitas vezes, nega a existência do Direito 
Natural, não reconhecendo qualquer natureza a que o Direito deva se submeter.
Assim, é Direito tudo quanto estiver previsto no ordenamento estatal, vez que é o 
Estado, através de seu corpo legislativo o detentor do exercício legislativo, em nome 
do povo, seu legítimo proprietário.
Com o juspositivismo a Lei aufere tal importância a ponto de retirar do ordena-
mento jurídico todo valor, postulado principiológico, não positivado.
Os positivistas estreitam o campo de abordagem do Direito, limitando-se à 
análise do Direito Positivo. O Direito é a Lei; seus destinatários e aplicado-
res devem exercitá-la sem questionamento ético ou ideológico. Para eles 
não existe o problema da validade das leis injustas, pois o valor não é obje-
to da pesquisa jurídica. Quanto à Justiça, consideram apenas a legal, mes-
mo porque não existiria a Justiça Absoluta. O ato de Justiça consiste na 
aplicação da regra ao caso concreto. Diversamente da linha moderada, que 
admite o recurso aos fatos empíricos, em sua manifestação radical, os po-
sitivistas não aceitam a influência de elementos extra legem na definição 
do Direito Objetivo. Praticam o puro legalismo ou o codicismo. (NADER, 
2019, p. 211, grifos nossos)
Augusto Comte (1798-1857), filósofo francês, é 
considerado por muitos como pioneiro do positivismo, 
manifestado quando focou seu pensamento na experi-
ência diante de acontecimentos concretos, na ideia de 
que apenas o conhecimento comprovado através de 
métodos científicos deve ser considerado, afastando os 
conhecimentos ligados a crenças e costumes, sem res-
paldo científico. 
Entretanto, foi Hans Kelsen que levou o positivismo 
determinantemente no mundo jurídico, e estabeleceu o 
juspositivismo, ao defender que o Direito deve ser anali-
sado, independentemente das outras áreas do conheci-
mento e afastado dos valores externos à própria norma.
Três correntes se destacam como pensamento que de algum modo se vinculam 
ao juspositivismo: eclético, estrito e ético.
Juspositivismo Eclético
No início, diante do pensamento liberal burguês, os jurispositivistas defendem 
que o Direito Positivo se baseia em fontes externas ao próprio Estado, tais como a 
cultura, moral e os valores sociais. O juspositivistas ecléticos ensinam que o Direito 
Positivo consiste em um conjunto de normas que refletem as tradições, a cultura e 
os valores de cada povo.
Figura 7 – Isidore Auguste Marie 
François Xavier Comte
Fonte: Wikimedia
16
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O jurista brasileiro Miguel Reale destaca-se como um dos mais importantes defen-
sores do positivismo eclético, elaborando a teoria tridimensional do Direito. D efende 
que a e strutura da norma colocada pelo Estado deve ser observada como fenômeno 
jurídico tríplice, composto de norma, fato e valor.
FATO
VALOR NORMA
Figura 8
Fonte: Acervo do conteudista
• F ato é o acontecimento, é o mundo do ser e identifica-se com a realidade social, 
sua dimensão é objeto da Sociologia Jurídica;
• V alor é o mundo do poder ser e se relaciona aos juízos valorativos, à moralida-
de. São preceitos que se desenvolvem e alteram-se historicamente na sociedade. 
Sua dimensão é objeto da Filosofia Jurídica;
• N orma é o mundo do dever ser que se relaciona com os aspectos da ordem nor-
mativa, esta que se manifesta como processo histórico e social. É a Lei, e para 
sua formação devem convergir a junção de valores (componente axiológico) e 
de fatos (componente fático).
Figura 9
Fonte: Wikimedia
17
UNIDADE A Filosofia do Direito na Modernidade
Miguel Reale (1910-2005), professor da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo 
(USP), o Largo São Francisco, reitor da USP – envolvido com as questões políticas ao lado 
do integralismo e da ditadura militar de 1964, e como jurista, entre outras atividades, res-
ponsável maior pelo novo Código Civil brasileiro –; Miguel Reale, desde a década de 1940, 
com a obra Fundamentos do Direito, lançou-se à fundação de uma teoria tridimensional do 
Direito, que vai a par de uma visão tridimensional de toda a Filosofia e do mundo da cultura.
Juspositivismo Estrito
Hans Kelsen (1881-1973), jurista e filósofo austríaco, é considerado um dos mais 
influentes pensadores do Direito. Defendia que o conhecimento jurídico deve se diri-
gir às normas jurídicas,regras estatais dotadas de coercitividade, afastando qualquer 
análise de ordem social e moral. Estudou o Direito sob os olhos do cientista jurídico, 
analisando a Norma em si, afastando-se de uma análise com ponderações morais, 
culturais, históricas e ideológicas, analisando tão somente a identificação estrita do 
fenômeno do Direito à forma estatal.
Figura 10
Fonte: Wikimedia
Para esse jurista, o campo de análise do Direito seria a norma jurídica e seu conhe-
cimento não se daria sob uma análise de fatos ou valores, mas da norma em si. A mo-
ral deveria ser extirpada do Direito, a fim de proteger sua pureza normativa. Sua obra 
é de grande relevância, sobretudo pela construção elaborada na teoria pura do Direito, 
onde pretendeu desprender o direito de considerações sociológicas e filosóficas.
Kelsen defendia que o estudo do Direito deveria ser desprovido de valores; a moral 
seria estranha ao ordenamento jurídico. Não deve se dizer que o filósofo ignorou a car-
ga valorativa que informa o fato jurídico, mas que tão somente destacou a importância 
de o fenômeno jurídico ser analisado como tal; independentemente de outras áreas do 
conhecimento. O fundamento de validade de todo o sistema se baseia na norma fun-
damental, que se mostra como o fato produtor de normas, cuja essência é dinâmica, 
de forma que todo conteúdo pode ser inserido no Direito.
18
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A verificação da validade da norma ocorre por meio de sua compatibilidade com 
a norma hipotética fundamental. A Justiça seria encontrada na própria Lei, cabendo 
ao aplicador do Direito tão somente conferir a validade formal, sua compatibilidade 
com o sistema jurídico – e não a Justiça ou correção de sua aplicação.
Nas faculdades de Direito, o pensamento de Kelsen mais estudado é a visão do ordena-
mento jurídico como conjunto de normas jurídicas estruturadas e hierarquizadas na forma 
de uma pirâmide abstrata, onde as normas jurídicas de hierarquia inferior se subordinam 
àquela em posição de superioridade, chamada de norma hipotética fundamental, da qual 
as demais retiram seu fundamento de validade.
Juspositivismo Ético
O juspositivismo ético é uma corrente de pensamento jurídico que analisa o Direito 
tendo como ponto de partida as questões éticas presentes na constituição do fenôme-
no jurídico. 
Os seguidores do juspositivismo ético valorizam alguns princípios e horizontes éti-
cos mínimos identificados na vontade social, sem se distanciar do respeito à estrutura 
formal pregada pelo positivismo ou do entendimento de mandamento estatal. Seus 
estudos buscam mecanismos através dos quais, normativamente, atinja-se a virtude 
na relação entre Direito e sociedade.
S ão seus defensores mais conhecidos Ronald Dworkin, Robert Alexy e Habermas, 
este último um pensador muito influente e ainda vivo, produzindo um pensamento 
seguido por muitos políticos e pensadores jurídicos contemporâneos, defendendo o 
conhecimento do Direito a partir de princípios éticos retirados do consenso social.
O juspositivista ético defende a democracia institucionalizada, propondo uma in-
terpretação do Direito a partir de uma teoria de comunicação capaz de proporcionar 
uma interação ética e democrática do Direito com a sociedade. Busca-se padrões 
morais elaborados para o bem das convenções sociais.
Figura 11
Fonte: Wikimedia
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UNIDADE A Filosofia do Direito na Modernidade
Jürgen Habermas (1929) é um filósofo alemão, considerado um dos mais importantes in-
telectuais contemporâneos. A obra desse filósofo apresenta forma de atuação política 
sensível à realidade social. Sua teoria de agir comunicativo funda-se na argumentação que 
o entendimento entre os indivíduos e os grupos sociais, o consenso político e social é ne-
cessário. Apesar de não ser um jurista, Habermas reconhece o Direito como “[...] um agir 
comunicativo superior, garantidor da democracia, da liberdade e da interação igualitária 
entre os sujeitos e os grupos sociais”.
Jusnaturalismo Versus Juspositivismo
A compreensão e síntese do nosso estudo nesta Unidade, encaminha-nos à ave-
riguação dos temas propostos, quais sejam a Filosofia do Direito na Modernidade e 
os pensamentos jusnaturalista e juspositivista.
O jusnaturalismo e seus defensores, como vimos, compreendem o Direito como 
universal, imutável, inviolável e independente da vontade humana. Tem o Direito 
Natural como dedução do que é justo e comum a todos os homens.
O positivismo jurídico ou juspositivismo é uma corrente de filósofos que utilizam o 
método científico para conhecer o Direito apenas em sua forma normativa, positiva, de 
forma autônoma, fragmentada e aprofundada, mas dissociada do todo da realidade social. 
Alcunha-se como positivista, em âmbito jurídico, aquele jurista que escolhe como exclu-
sivo objeto de estudo o Direito colocado por uma autoridade, as normas positivadas feitas 
pelo Poder Político do Estado e aplicadas pelas autoridades efetivamente competentes.
Tabela 1
Jusnaturalismo Juspositivismo
• O Direito é válido em qualquer local. É universal;
• O Direito é imutável;
• Defende que o Direito independe da vontade humana;
• O Direito é aquele que existe antes mesmo do homem 
e está acima das normas criadas por esse, de forma que 
os comportamentos são bons ou maus em si;
• O Direito estabelece o que é bom.
• O Direito é válido em determinado local;
• O Direito pode ser mudado;
• Defende que o Direito é conhecido através da razão;
• O Direito é aquele que o Estado impõe à sociedade que 
o compõe mediante conformidade com os princípios 
fundamentais ali presentes;
• O Direito estabelece o que é útil.
Fonte: Acerva da conteudista
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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
 Livros
Leviatã
HOBBES, T. Leviatã. São Paulo: Martins Fontes, 2002.
O príncipe
MAQUIÁVEL, N. O príncipe. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2008.
Teoria pura do Direito
KELSEN, H. Teoria pura do Direito. São Paulo: Martins Fontes, 2006.
 Vídeos
Academia – positivismo jurídico e a teoria geral do Direito
https://youtu.be/4PXJ9EnLL_0
Saber Direito: Filosofia do Direito – Aula 3
https://youtu.be/iBu39MGmDok
Saber Direito: Filosofia do Direito – Aula 4
https://youtu.be/hOkDPyDcCqM
Saber Direito: Filosofia do Direito – Aula 5
https://youtu.be/_Zh4cdnPfXU
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UNIDADE A Filosofia do Direito na Modernidade
Referências
ADEODATO, J. M. Filosofia do Direito. 6. ed. São Paulo: Saraiva, 2019.
ARANHA, M. L. A.; et al. Filosofando: introdução à filosofia. 3. ed. São Paulo: 
Moderna, 2003.
BITTAR, E. C. B.; ALMEIDA, G. A. de. Curso de Filosofia do Direito. 14. ed. São 
Paulo: Atlas, 2019. 
INGRAM, D. Filosofia do Direito: conceitos-chave em Filosofia. Porto Alegre, RS: 
Artmed, 2011.
MASCARO, A. L. Filosofia do Direito. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2018.
________. Filosofia do Direito e Filosofia Política: a Justiça é possível. 2. ed. São 
Paulo: Atlas, 2008. 
NADER, P. Filosofia do Direito. 26. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2019.
________. Manual de Filosofia do Direito. 7. ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2018. 
REALE, M. Filosofia do Direito. 20. ed. São Paulo: Saraiva, 2002.
RICARDO, C. Filosofia Geral e Jurídica. 5. ed. São Paulo: Saraiva, 2018. 
SOUSA, C. V. S. Filosofia Geral e Jurídica. Porto Alegre, RS: Sagah, 2018.
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