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Página 1 de 3 Contabilidade Ambiental Profª Maria Mariete Aragão Melo Pereira Capítulo 3 Contabilidade Ambiental 3.1 Introdução A contabilidade, como ciência social, afeta e é afetada pelo meio em que atua (HINES, 1988; MORGAN, 1988). Ela se configura como um sistema de informação que auxilia o gestor no processo de tomada de decisão. Por essa razão, é importante que o profissional da área contábil entenda o meio ambiente, conheça a política ambiental da empresa, de modo que, sobre esse aspecto, ele forneça ao gestor subsídios para avaliar o desempenho de suas políticas ambientais. A contabilidade deve auxiliar a gestão a identificar os fatores ambientais que afetam os resultados da empresa e apontar alternativas que possam melhorá-los. Ou seja, é dever da contabilidade contribuir para uma avaliação econômica da gestão ambiental. Para De Luca (1994, p.25), As informações a serem divulgadas pela contabilidade vão desde os investimentos realizados, seja em nível de aquisição de bens permanentes de proteção a danos ecológicos, de despesas de manutenção ou correção de efeitos ambientais do exercício em curso, de obrigações contraídas em prol do meio ambiente, até as medidas físicas, quantitativas e qualitativas, empreendidas para sua recuperação e preservação. Para corroborar, Ferreira (2009, p. 11) afirma que “se o uso dos recursos naturais não afetasse as relações econômicas e, principalmente para a contabilidade, o patrimônio das organizações, não haveria necessidade de relatar e medir esses fatos e, portanto, ela [a contabilidade ambiental] não seria necessária”. Ferreira (2009, p. 59) ressalta, ainda que, “o desenvolvimento da Contabilidade Ambiental é o resultado da necessidade de oferecer informações adequadas para a gestão ambiental”. Essas informações podem ser: a) sobre quanto do ativo da empresa se refere a investimentos seja para preservar ou recuperar o meio ambiente; b) para demonstrar se a empresa incorreu em algum passivo ambiental; c) para verificar quanto dos custos totais da empresa se referem a custos ambientais; d) sobre quanto de receita ambiental foi gerada por período, de que forma e qual sua relação com a receita total e com os investimentos em meio ambiente. A contabilidade é o veículo adequado para divulgar informações sobre o meio ambiente. Esse é um fator de risco e de competitividade de primeira ordem. A não inclusão dos custos, despesas e obrigações ambientais distorcerá tanto a situação patrimonial como a situação financeira e os resultados da empresa (TINOCO e KRAEMER , 2011, p. 127). 3.2 Motivos de adoção da Contabilidade Ambiental Conforme Tinoco e Kraemer (2011, p. 127), há três motivos para a adoção da Contabilidade Ambiental: a gestão interna, as exigências legais e a demanda dos parceiros sociais. Cada um desses motivos pode ser assim apresentado: Página 2 de 3 Contabilidade Ambiental Profª Maria Mariete Aragão Melo Pereira Gestão interna: está relacionada com a gestão ambiental e seu controle, visando reduzir custos e despesas operacionais, além da melhoria da qualidade dos produtos. Exigências legais: a crescente exigência legal e normativa pode obrigar os diretores a controlar mais seus riscos ambientais, sob pena de multas e de indenizações. Demanda dos parceiros sociais: a empresa está submetida cada vez mais a pressões internas e externas. Essas demandas podem ser de clientes, empregados, organizações ecológicas, seguradoras, comunidade local, acionistas, administração pública, bancos, investidores etc. 3.3 Objetivos da Contabilidade Ambiental A contabilidade ambiental contribui com os diversos stakeholders (interessados nos rumos da empresa), na medida em que possibilita: Auxiliar no processo de gestão ambiental; Verificar se a empresa cumpre ou não a legislação ambiental vigente (pelos investimentos ou pelos passivos gerados – multas ambientais); Analisar a evolução da atuação ambiental no tempo (análise de tendência); Identificar áreas da empresa que necessitam de maior controle ambiental; Identificar, mensurar e evidenciar os eventos ambientais que provocam modificações no patrimônio das empresas. 3.4 Enfoques da Contabilidade Ambiental Segundo a Environmental Protection Agency – EPA (1995), a Contabilidade Ambiental pode ser classificada do seguinte modo: Tipos de contabilidade ambiental Enfoque Usuário 1. Contabilidade Nacional Macroeconômico, economia nacional. Externo 2. Contabilidade Financeira Empresa Externo 3. Contabilidade Gerencial Empresa, departamentos, linha de produção Interno Quadro 2: Contabilidade ambiental Fonte:http://www.epa.gov/oppt/librar/pubs/archive/acct-archive/pubs/busmgt.pdf. A Contabilidade Nacional refere-se ao desenvolvimento de informações para caracterizar a renda nacional e a saúde econômica. Mede monetariamente o valor total da produção em determinado período, formando o Produto Interno Bruto. No contexto ambiental, a Contabilidade Nacional é aplicada para avaliar as reservas e o consumo de recursos naturais renováveis e não-renováveis, os custos ambientais e os custos das externalidades. Página 3 de 3 Contabilidade Ambiental Profª Maria Mariete Aragão Melo Pereira A Contabilidade Financeira, por sua vez, tem como foco a elaboração de relatórios contábeis e financeiros das empresas para os usuários externos. No contexto ambiental, ela se destina ao registro dos eventos relacionados ao meio ambiente, ou seja, aos ativos, aos custos, às despesas e aos passivos ambientais de responsabilidade da empresa. Por fim a Contabilidade Gerencial tem por objeto o processo de identificação, coleta, e análise de informações, principalmente para uso interno e para tomada de decisão. Está dirigida à gestão de resultados, que compreende os níveis de produção, os custos e as receitas. No contexto ambiental, ela se destina a gestão com foco em balanços de massa, em fluxos de materiais, fluxo de energia e na informação do custo ambiental. 3.5 Fatores que dificultam a implementação da contabilidade ambiental Bergamini Junior (1999, p.98) enumera alguns fatores que dificultam o processo de implementação da contabilidade ambiental: a) Ausência de definição clara de custos ambientais; b) Dificuldade em calcular um passivo ambiental efetivo; c) Problema em determinar a existência de uma obrigação no futuro por conta de custos passados; d) Falta clareza no tratamento a ser dado aos “ativos de vida longa”, como por exemplo no caso de uma usina nuclear, plataforma de petróleo. e) Reduzida transparência com relação aos danos provocados pela empresa em seus ativos próprios. Atividades desta unidade Diversos trabalhos de contadores, institutos de pesquisa, organismos profissionais e órgãos de governo de vários países têm contribuído para o aprimoramento de procedimentos e metodologias para o tratamento contábil das questões ambientais. Dentre eles, vale destacar o Canadian Institute of Chartered Accountantas (CICA); o Centre for Social and Environmental Accounting Research (CSEAR), por meio de seus principais autores, como Rob Gray, Jan Bebbington, e a ONU. Desenvolva uma consulta sobre as contribuições do CICA, do CSEAR, do Rob Gray e da ONU. REFERÊNCIAS Este capítulo é parte do fascículo de Contabilidade Ambiental. Pereira, Maria Mariete Aragão Melo. Vitória: UFES, Núcleo de Educação Aberta e a Distância, 2012. Referências completas estão no fascículo.
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