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1 CONTABILIDADE AMBIENTAL CONTABILIDADE AMBIENTAL AUTORIA Joseane Duarte Ouro Alves 32 CONTABILIDADE AMBIENTAL CONTABILIDADE AMBIENTAL A474c Alves, Joseane Duarte Ouro Contabilidade ambiental / Joseane Duarte Ouro Alves. – Vitoria : Multivix, 2019. 47 f. ; 30 cm Inclui referências. 1. Contabilidade 2. Contabilidade ambiental 3. Auditoria ambiental I.Faculdade Multivix II. Título. CDD: 657.4 EDITORIAL Catalogação: Biblioteca Central Anisio Teixeira – Multivix 2017 • Proibida a reprodução total ou parcial. Os infratores serão processados na forma da lei. As imagens e ilustrações utilizadas nesta apostila foram obtidas no site: http://br.freepik.com R E I T O R A Faculdade Multivix está presente de norte a sul do Estado do Espírito Santo, com unidades em Cachoeiro de Itapemirim, Cariacica, Castelo, Nova Venécia, São Mateus, Serra, Vila Velha e Vitória. Desde 1999 atua no mercado capixaba, desta- cando-se pela oferta de cursos de graduação, técnico, pós-graduação e extensão, com quali- dade nas quatro áreas do conhecimento: Agrárias, Exatas, Humanas e Saúde, sempre primando pela qualidade de seu ensino e pela formação de profissionais com consciência cidadã para o mercado de trabalho. Atualmente, a Multivix está entre o seleto grupo de Instituições de Ensino Superior que possuem conceito de excelência junto ao Ministério da Educação (MEC). Das 2109 instituições avaliadas no Brasil, apenas 15% conquistaram notas 4 e 5, que são consideradas conceitos de excelência em ensino. Estes resultados acadêmicos colocam todas as unidades da Multivix entre as melhores do Estado do Espírito Santo e entre as 50 melhores do país. MISSÃO Formar profissionais com consciência cidadã para o mercado de trabalho, com elevado padrão de qualidade, sempre mantendo a credibilidade, segurança e modernidade, visando à satisfação dos clientes e colabora- dores. VISÃO Ser uma Instituição de Ensino Superior reconhecida nacionalmente como referên- cia em qualidade educacional. GRUPO MULTIVIX FACULDADE MULTIVIX Diretor Executivo Tadeu Antônio de Oliveira Penina Diretora Acadêmica Eliene Maria Gava Ferrão Penina Diretor Administrativo Financeiro Fernando Bom Costalonga Conselho Editorial Eliene Maria Gava Ferrão Penina (presidente do Conselho Editorial) Kessya Penitente Fabiano Costalonga Carina Sabadim Veloso Patrícia de Oliveira Penina Roberta Caldas Simões Revisão Técnica Alexandra Oliveira Alessandro Ventorin Graziela Vieira Carneiro Design Editorial e Controle de Produção de Conteúdo Carina Sabadim Veloso Maico Pagani Roncatto Ednilson José Roncatto Aline Ximenes Fragoso Genivaldo Félix Soares Multivix Educação a Distância Gestão Acadêmica Coord. Didático Pedagógico Gestão Acadêmica Coord. Didático Semipresencial Gestão de Materiais Pedagógicos e Metodologia Direção EaD Coordenação Acadêmica EaD BIBLIOTECA MULTIVIX (DADOS DE PUBLICAÇÃO NA FONTE) Alexandra Barbosa Oliveira CRB/6 00396 54 CONTABILIDADE AMBIENTAL CONTABILIDADE AMBIENTAL R E I T O R APRESENTAÇÃO DA DIREÇÃO EXECUTIVA Prof. Tadeu Antônio de Oliveira Penina Diretor Executivo do Grupo Multivix Aluno (a) Multivix, Estamos muito felizes por você agora fazer parte do maior grupo educacional de Ensino Superior do Espírito Santo e principalmente por ter escolhido a Multivix para fazer parte da sua trajetória profissional. A Faculdade Multivix possui unidades em Cachoeiro de Itapemirim, Cariacica, Castelo, Nova Venécia, São Mateus, Serra, Vila Velha e Vitória. Desde 1999, no mercado capixaba, destaca-se pela oferta de cursos de graduação, pós-graduação e extensão de quali- dade nas quatro áreas do conhecimento: Agrárias, Exatas, Humanas e Saúde, tanto na modalidade presencial quanto a distância. Além da qualidade de ensino já comprovada pelo MEC, que coloca todas as unidades do Grupo Multivix como parte do seleto grupo das Institu- ições de Ensino Superior de excelência no Brasil, contando com sete unidades do Grupo entre as 100 melhores do País, a Multivix preocupa-se bastante com o contexto da realidade local e com o desenvolvimento do país. E para isso, procura fazer a sua parte, investindo em projetos sociais, ambientais e na promoção de oportuni- dades para os que sonham em fazer uma facul- dade de qualidade mas que precisam superar alguns obstáculos. Buscamos a cada dia cumprir nossa missão que é: “Formar profissionais com consciência cidadã para o mercado de trabalho, com elevado padrão de qualidade, sempre man- tendo a credibilidade, segurança e moderni- dade, visando à satisfação dos clientes e colaboradores.” Entendemos que a educação de qualidade sempre foi a melhor resposta para um país crescer. Para a Multivix, educar é mais que ensinar. É transformar o mundo à sua volta. Seja bem-vindo! SUMÁRIO INTRODUÇÃO 6 A CONTABILIDADE AMBIENTAL 9 2.1 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA CONTABILIDADE AMBIENTAL 14 3 OBJETIVOS DA CONTABILIDADE AMBIENTAL 17 3.1 REGISTROS AMBIENTAIS 18 SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL 20 4.1 DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E EMPRESA RESPONSÁVEL 23 4.2 ECOEFICIÊNCIA 27 4.3 O BALAÇO SOCIAL 29 4.4 IMPACTOS AMBIENTAIS 29 ATIVOS E PASSIVOS AMBIENTAIS 32 5.1 ATIVOS AMBIENTAIS 32 5.1.1 EXEMPLOS DE ATIVOS AMBIENTAIS 32 5.1.2 ATIVO AMBIENTAL NÃO CIRCULANTE 33 5.2 PASSIVO AMBIENTAL 35 5.2.1 PASSIVOS AMBIENTAIS: OUTROS CONCEITOS 36 5.2.2 RECONHECIMENTO DO PASSIVO AMBIENTAL: 37 RECEITA, DESPESAS E CUSTOS AMBIENTAIS 38 6.1 RECEITAS AMBIENTAIS 38 6.2 CUSTOS AMBIENTAIS 38 6.2.1 CLASSIFICAÇÃO DOS CUSTOS AMBIENTAIS: 39 6.3 DESPESAS AMBIENTAIS 40 6.4 EVIDENCIAÇÕES AMBIENTAIS 40 6.4.1 EVIDENCIAÇÕES AMBIENTAIS NAS NOTAS EXPLICATIVAS 42 REFERÊNCIAS 44 1 2 3 4 7 6 5 76 CONTABILIDADE AMBIENTAL CONTABILIDADE AMBIENTAL 1 INTRODUÇÃO A contabilidade, como uma das ciências mais antigas do mundo, surgiu com o objeti- vo de fornecer informações aos usuários internos e externos da empresa, no que tange a sua natureza econômica e financeira. De acordo Sa (2002); Ribeiro (2010) apontam que com a história e até mesmo com os registros encontrados, a contabilidade sur- giu juntamente com a civilização, evoluiu e jamais deixará de existir em razão de sua importância. Desde que o homem se preocupou com o amanhã, preocupou-se, tam- bém, em fazer contas, mas, em verdade, nem sempre soube, racionalmente, o que fa- zer com as informações que guardou, e a contabilidade está representada na ciência que estuda os fenômenos patrimoniais, preocupando-se com realidades, evidencias e comportamentos dos mesmos, em relação à eficácia funcional das células sociais (SÁ; 2002). A origem da contabilidade apresenta-se juntamente com a enorme necessida- de de registro do comércio, que na época era realizado através de simples relatórios sobre os fatos contábeis. O Homem quanto mais adquiria bens, maior era sua preocu- pação em saber o quanto poderia render e aumentar as suas posses (COSTA, 2012). O objeto da contabilidade, por sua vez, é o patrimônio das empresas. Patrimônio este representado por um conjunto de bens, de direitos e obrigações. Costa (2012) salienta que o consagrado objeto desta ciência, ou seja, a riqueza das células sociais passou, instintivamente, por uma ampliação indagativa. Hoje, no século XXI, mais ampla são as responsabilidades do profissional contábil, devido a fatores como globalização, ino- vações tecnológicas e frequentes mudanças ocorridas na classe. A História da Conta- bilidade, portanto, encontra suas bases nas mais remotas idades, mas sua dignidade científica só ocorreu quando as demais disciplinas também encontraram tal caminho (SÁ, 1997). De acordo com Ribeiro (2010), a contabilidade possui quatro dimensões: I. Jurídica: que considera a distinção entre os interesses dos proprietários e da empresaem si; II. Econômica: que analisa o aspecto patrimonial da entidade; III. Organizacional: que examina a atuação dos gestores responsáveis pelo controle dos recursos possuí- dos pela entidade; IV. Social: que valora os benefícios para a sociedade. Um grande diferencial para as empresas atualmente, está no seu compromisso com a sociedade, tendo em vista, os recursos produtivos serem praticamente trabalha- dos de forma idêntica, gerando assim, até mesmo um fator de competitividade num mercado cada vez mais acirrado. O registro, a acumulação, a mensuração, a avaliação, bem como a divulgação das atividades e operações das empresas, dos governos e das organizações em geral são feitos pela Contabilidade, desde há muito tempo, de forma sistêmica, através das demonstrações contábeis. Foi no Oriente, especialmente na China, na índia, no Egito, e também na Grécia, que os primeiros registro e estudos de Contabilidade se deram, ocorrendo paralelamente com o aprendizado e o desen- volvimento da aritmética e da matemática. Esses conhecimentos foram disseminados através do mundo pelos árabes, que há muito tempo tinham grande preocupação com o desenvolvimento cultural, técnico e científico. Posteriormente, tivemos o flores- cimento e o apogeu do comércio, a partir do século XII, cujas cidades mais importan- tes ficavam na Europa, especialmente na Itália, destacando-se: Pisa, Veneza, Gênova, Florença e Amalfi. Foi em Pisa, em 1249, que surgiu uma obra de importância capital, que tratava de cálculo comercial, escrita por Leonardo Fibonacci, que aprendeu com os árabes quando viveu e estudou na África do Norte. Para alguns pesquisadores con- tábeis, esta obra representa o marco divisório entre a Contabilidade Antiga e a Conta- bilidade Moderna. Ao longo de vários séculos, o homem, através de suas atividades de exploração dos recursos naturais, comprometeu e ainda está comprometendo o padrão de vida da sociedade, causando diversos malefícios à população devido aos impactos ambientais decorrentes de suas atividades. A ameaça do aquecimento global deu ao termo globa- lização um novo sentido, que vai muito além da integração dos mercados. Trata-se de um senso compartilhado de responsabilidade perante o planeta. A ameaça de mudan- ça do clima nunca foi tão real. Ela vai transformar a vida dos indivíduos, dos governos e das empresas e tais problemas originam-se da maneira pela qual os recursos naturais estão sendo consumidos e na relação das consequências advindas deste consumo. A sociedade moderna, caracterizada pelo uso de máquinas e equipamentos, tais como: eletrodomésticos, transportes à base de combustíveis fósseis, computadores, telefones celulares, entre outros, embora satisfaçam as necessidades e desejos da so- ciedade, podem ao mesmo tempo, trazer doenças e a escassez de recursos naturais necessários para a sobrevivência do planeta. Manter o grau de necessidades e desejos da população permitindo que os recursos naturais estejam disponíveis para gerações futuras é um dilema que as organizações estão enfrentando nos últimos anos, principalmente, após a conscientização da socie- dade em relação à capacidade da natureza suportar todo esse consumo. Para atender às determinações legais, bem como às exigências decorrentes da cons- 98 CONTABILIDADE AMBIENTAL CONTABILIDADE AMBIENTAL cientização da sociedade (consumidores, fornecedores, organizações não governa- mentais, governo, etc.), as empresas estão desenvolvendo diversas ações as quais pro- movem o desenvolvimento sustentável. Para mensurar essas constantes mutações no meio ambiente, as organizações ligadas diretamente à extração de recursos naturais estão implantando o Sistema de Gestão Ambiental – SGA, como meio de controle e divulgação das ações empreendidas em prol da preservação ambiental e do desen- volvimento sustentável. Dentro deste contexto, a contabilidade ambiental está sendo uma grande conquista para a classe contábil, pois além de ter uma legislação bem elaborada acerca do meio ambiente, está sendo de grande valia para as organizações, identificando, avaliando, registrando, demonstrando e analisando os fatos ambientais decorrentes de sua ati- vidade exploratória. Ao mesmo tempo, a mensuração dos aspectos ambientais cons- titui-se de um grande desafio para a contabilidade, podendo contribuir muito com a sociedade e com o governo, buscando soluções para os problemas sociais, pois ela como meio de informações, deve buscar responder a este novo desafio, satisfazendo aos usuários interessados na atuação das empresas sobre o meio ambiente e contri- buindo para o sistema de gestão ambiental. 2 A CONTABILIDADE AMBIENTAL Muitos historiadores datam os primeiros sinais da existência de contas aproximada- mente 2000 anos a.C. O homem primitivo, ao criar inúmeros instrumentos de caça e pesca, ao contar seus rebanhos e suas garrafas de bebidas, já praticavam uma forma rudimentar de Contabilidade. Com a invenção da escrita, logo foi possível localizar exemplos completos de Contabilidade mais precisamente no segundo milênio antes de Cristo, na civilização da Suméria, da Babilônia, no Egito e na China. É fato que até o aparecimento da moeda a Contabilidade teve uma lenta evolução, desde então, a Contabilidade teve seu florescer, principalmente, nas cidades italianas de Veneza, Gê- nova, Florença, Pisa e outras. A necessidade de acompanhar a evolução do patrimônio foi o grande motivo para o desenvolvimento da Contabilidade. O capitalismo deu impulso definitivo para ciência firmar-se, aumentando sua eficácia. O progresso econômico e social da sociedade está diretamente ligado ao avanço da Contabilidade. A Contabilidade, na qualidade de ciência aplicada, com metodologia especialmente concebida para captar, registrar, acumular, resumir e interpretar os fenômenos que afetam as situações patrimoniais, financeiras e econômicas de qualquer entidade, seja ela pessoa física ou jurídica, possui um campo de atuação muito amplo. Sua função principal tem permanecido inalterada desde os seus primórdios que é prover os usu- ários dos demonstrativos com informações que os ajudarão a tomar decisões. Com relação às questões que envolvem a contabilidade ambiental, ´´e relevante abor- dar neste estudo, que a contabilidade é o registro do patrimônio das empresas, por meio dos bens, direitos e obrigações, sendo a contabilidade ambiental, também o registro deste patrimônio, porém com as obrigações sendo direcionadas para a em- presa e para a preservação do meio ambiente, como também tem uma grande valia na tomada de decisões nas organizações (FERREIRA, 2006). Existe uma ampla relação da contabilidade com as demais ciências, pois como uma ciência social, a contabilida- de, gera uma relação de interdisciplinaridade com os diversos ramos do saber. Costa (2012) ressalta que a contabilidade do meio ambiente tem crescido de importância para as empresas em geral porque a disponibilidade e/ ou escassez de recursos natu- 1110 CONTABILIDADE AMBIENTAL CONTABILIDADE AMBIENTAL rais e a poluição do meio ambiente tornaram-se objeto do debate econômico, político e social em todo o mundo. Os incidentes ambientais futuros serão menores à medida que as empresas corram menos risco financeiro, e a contabilidade através de sua téc- nica, é capaz de gerar relatórios decisivos para a tomada de decisões. Uma empresa que necessite de captação de recursos, também pode conseguir menores taxas de juros já que o seu risco é bem menor. Queiroz (2000) afirma que a Contabilidade Ambiental não se refere a uma nova conta- bilidade, mas as informações que relatem adequadamente, em termos econômicos, as ações ambientais de uma entidade que modifiquem seu patrimônio. Esse conjun- to de informações não é outra contabilidade, mas uma especialização. No século XX, a partir dos anos 70, a preocupação com o meio ambiente tornou-se mais característica, sendo visto com olhos mais atentos da sociedade, sendo os problemas cada vez mais agravadose o que antes era considerado responsabilidade localizada, hoje deve ser encarado como responsabilidade globalizada. Costa (2012) preconiza que a contabili- dade ambiental surgiu em 1970, quando as empresas passaram a dar um pouco mais de atenção aos problemas do meio ambiente. O autor acrescenta que a contabilidade ambiental é a contabilização dos benefícios e prejuízos que o desenvolvimento de um produto, ou serviço, pode trazer ao meio ambiente. Nos dias de hoje, a percepção de que as organizações estão comprometendo o pa- drão de vida da sociedade por meio de suas atividades de exploração dos recursos naturais, de forma desordenada é uma realidade. Os problemas originam-se pela for- ma como esses recursos têm sido consumidos ao longo dessas décadas, desde a Re- volução Industrial. Dentro desse contexto, a conscientização ambiental passa a exigir novas formas de con- duta e exploração dos recursos naturais por parte das organizações. Assim, surge a conta- bilidade ambiental como ferramenta para mensuração e geração de informações úteis e relevantes, cujo objetivo principal é promover o crescimento econômico, juntamente com o desenvolvimento sustentável da região em que as empresas estão inseridas. Neste sentido Ribeiro & Martins (1998, p.5) destacam que: As demonstrações contábeis podem ser o canal adequado para tais evidenciações, principalmente porque nestes estão contidos todas as informações pertinentes à situação patrimonial e desempenho da empresa em um determinado período. A adição das informações de natureza am- biental viria a enriquecer tais demonstrações, como também permitiria aos usuários melhores condições de acesso à informação para avaliar a grandeza dos investimentos ambientais comparativamente ao patrimônio e aos resultados no período. Cada vez mais se ouve falar em desenvolvimento sustentável dentro das empresas. Segundo a Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (CMMAD) da Organização das Nações Unidas, desenvolvimento sustentável “é aquele que atende às necessidades presentes sem comprometer a possibilidade de que as gerações fu- turas satisfaçam as suas próprias necessidades”. É o desenvolvimento que não esgota os recursos para o futuro. Para ser alcançado, o desenvolvimento sustentável depende de planejamento e do re- conhecimento de que os recursos naturais são finitos. Esse conceito representou uma nova forma de desenvolvimento econômico, que leva em conta a manutenção de um meio ambiente equilibrado. Muitas vezes, desenvolvimento é confundido com cresci- mento econômico, que depende do consumo crescente de energia e recursos natu- rais. Esse tipo de crescimento tende a ser insustentável, pois leva ao esgotamento dos recursos naturais dos quais a humanidade depende. Atividades econômicas podem ser encorajadas em detrimento da base de recursos naturais dos países. Dos recursos naturais depende não só a existência humana e a diversidade biológica, como o pró- prio crescimento econômico. O desenvolvimento sustentável sugere, de fato, qualida- de em vez de quantidade, com a redução do uso de matérias-primas e produtos e o aumento da reutilização e da reciclagem. Ressalta-se, que o conjunto de ações planejadas acerca de desenvolvimento de um determinado projeto, deve-se levar em consideração os fatores não só econômicos, mas os fatores ecológicos. Sendo assim, a preocupação com o meio ambiente deve estar evidenciada neste conjunto de ações. Pode-se definir contabilidade ambiental como o estudo do patrimônio ambiental, bens, direitos e obrigações ambientais das entidades. Seu objetivo é fornecer aos seus usuários, internos e externos, informações sobre os eventos ambientais que causam modificações na situação patrimonial, bem como realizar sua identificação, mensuração e evidenciação (COSTA, 2012). Percebe-se que as organizações cada vez mais buscam informações a respeito das questões ambientais, e é notório o crescimento da contabilidade neste ramo, pois as questões ambientais hoje geram interesse por parte da população cada vez maior, até mesmo pelos fenômenos ambientais atuais. Daí surge à contabilidade ambien- tal, como um ramo do saber essencial, para com as demais ciências, buscar cada vez 1312 CONTABILIDADE AMBIENTAL CONTABILIDADE AMBIENTAL mais soluções sustentáveis, garantido as empresas, lucros, porém lucros estes que não podem ser maléficos para o meio ambiente. Para Albuquerque (2009), a contabilidade ambiental é um ramo de conhecimento recente que busca inserir a contabilidade dentro do âmbito da gestão de empresas preocupada com a questão ambiental. Entender a contabilidade ambiental é en- tender o registro do patrimônio ambiental (bens, direitos e obrigações ambientais) de determinada entidade, e suas respectivas mutações, expressos monetariamente. Os programas de educação ambiental a serem desenvolvidos pelos países deveriam conscientizar as crianças sobre a importância de cuidar do meio ambiente. Entretanto, só a conscientização não seria suficiente para ações efetivas por parte delas enquanto crianças e, posteriormente, como adultos. Assim, seria fundamental a disseminação de um conhecimento adequado da ciência ambiental (FERREIRA 2006). No ano de 1998, a contabilidade ambiental ganhou sta- tus perante o meio empresarial, quando foi concluído o relatório financeiro e contábil sobre passivo e custos ambientais pelo grupo de trabalho intergovernamental das Na- ções Unidas de Especialistas em padrões Internacionais de Contabilidade e relatórios (ISAR-United Nations Intergovernanmental Working Group of Experts on International Standards of Accounting and Reporting). Com o objetivo de fornecer aos usuários internos e externos, informações sobre os acontecimentos ambientais que podem causar modificações na situação patrimonial, bem como realizar sua identificação, mensuração e evidenciação, a contabilidade am- biental foi se aprimorando para atingir finalidades específicas. Conforme Albuquerque (2009) trata-se de aspectos relevantes: I. A medição de danos ambientais; II. A estimação do impacto da adoção de ações voltadas para a sustentabilidade ambiental do negócio sobre a rentabilidade a observância da legislação relativa ao meio ambiente e redução de multas e encargos; III. A identificação de métodos e procedimentos para o controle das operações que diminuam a emissão de resíduos; IV. A geração de informações para a tomada de decisões e do planejamento. Com base nesses aspectos, a contabilidade ambien- tal pode se tornar uma ferramenta de diagnóstico e de grande importância na identificação de custos, despesas operacionais, passivos ambientais e suas formas de mensuração e possíveis receitas ambientais correlacionadas à atividade da em- presa. Segundo Albuquerque (2009), qualquer abordagem adotada para ressaltar os elementos contábeis que estejam ligados a eventos que ocorram no âmbito interno que possam gerar impactos sobre o meio ambiente deve ser compatível com a estrutura organizacional. De acordo com Ribeiro (2010), a contabilidade ambiental não é uma nova ciência, mas sim, uma segmentação da tradicional já, amplamente conhecida. O autor acrescenta ainda que os objetivos da contabilidade ambiental são os de identificar, mensurar e esclarecer os eventos e transações econômico-financeiros que estejam relacionados com a proteção, preservação e recuperação ambiental, ocorridos em um determinado período, visando a evidenciação patrimonial de uma entidade. Com base nas citações de autores como Ferreira (2006); Albuquerque (2009); Ribeiro (2010) pode-se dizer que o contador deverá através de sua técnica, auxiliar os gesto- res para que em conjunto consigam alavancar as organizações para uma tomada de decisões eficiente e eficaz, de modo que as análises possam diminuir riscos futuros causando assim, uma maior segurança para a gestão, neste contexto, a contabilidade ambiental tem condições de identificar estes riscos e ainda orientar no que serefere aos investimentos e aplicabilidade destes pelas organizações, para que o lucro venha de forma satisfatória, não prejudicando o meio ambiente. Ribeiro (2010) esclarece que do ponto de vista da contabilidade, o que se pode medir e fazer constar, nas demons- trações contábeis, são os eventos e transações econômico-financeiros, que refletem a interação da empresa com o meio ambiente. A interação da empresa com o meio ambiente deve constar de questionamentos, como: Se na empresa ocorre um incidente ambiental, o que está está fazendo para evitá-lo? Quais as consequências, se por ventura, existir algum imprevisto natural, ou mesmo, uma falha na sua execução? A organização está preparada financeiramente, se vier a pagar uma multa referente a um prejuízo ambiental, através de um plane- jamento para a retenção de seus recursos financeiros? Quais as consequências para a sociedade, ocorrendo um dano ambiental? Albuquerque (2009) aponta que o inte- resse empresarial nas questões ambientais acontece como fator diferencial, e desta- ca as principais importâncias: maior satisfação dos clientes; melhoria da imagem da empresa; conquista de novos mercados; redução de custos; melhoria do desempenho da empresa; redução de riscos; maior permanência dos produtos no mercado; maior facilidade na obtenção de financiamentos; maior facilidade na obtenção de certifica- 1514 CONTABILIDADE AMBIENTAL CONTABILIDADE AMBIENTAL ção; melhoria da imagem da organização. Costa (2012) relata sobre as organizações mais empreendedoras, onde relata uma resposta de pro atividade perante a questão ambiental, onde fortalece as organizações e sua posição competitiva, como: I. Evitando os custos de multas, despoluição e processos judiciais; II. Reduzindo a quantidade de material utilizado; III. Reduzindo o nível de consumo e os custos de energia; IV. Reduzindo os custos de manuseio e descarte de resíduos; V. Criando novas oportunidades de venda a novos clientes ais sensíveis à questão ambiental; VI. Mantendo os nichos de mercado compostos de clientes antigos que desejam produtos favoráveis ao meio ambiente; VII. Criando novos produtos e serviços para novas oportunidades de mercado; obten- do maior credibilidade em bancos e outras instituições financeiras; VIII. Mantendo a elegibilidade para seguros menos dispendiosos; IX. Reduzindo os riscos de grandes desastres ambientais; X. Desenvolvendo e adquirindo tecnologia nova; XI. Melhorando a imagem púbica da empresa. Diante do exposto é imprescindível a relevância e o papel da contabilidade ambiental na conclusão de relatórios e pa- receres técnicos a cerca da tomada de decisões gerenciais. Observa-se também o valor gerado para a empresa que se tornar cada vez verde, numa busca por produtos e ofertas de seus serviços altamente sustentáveis. 2.1 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA CONTABILIDADE AMBIENTAL A contabilidade é parte integrante das ciências mais antigas do mundo e desde o seu início tem como finalidade a quantificação do patrimônio da empresa. Como é uma ciência social, ao longo dos anos, a Contabilidade tem se modificado e adaptado às mudanças ocorridas na sociedade. No segmento desta linha de pensamento, a Con- tabilidade Ambiental surgiu na década de 70 como resultado da conscientização das empresas e, principalmente, de consumidores em relação às consequências do con- sumo excessivo dos recursos naturais. Em 1972 ocorre 1ª Conferência Mundial sobre o Meio Ambiente realizada em Estocolmo na Suécia. Foi primeira cúpula sobre o meio ambiente com representação de muitos países. Nos anos 70, com a eclosão da primeira crise do petróleo, ficava claro para o mundo que era necessário buscar novas fontes de energia. A energia nuclear acenava como uma solução para os países que não contavam com abundância hídrica para constru- ção de grandes hidrelétricas ou grandes áreas agricultáveis para biomassa. As usinas termonucleares mostravam ter um baixo impacto ambiental e logístico em relação as termoelétricas a carvão, e requeriam áreas muito pequenas em relação a outras fontes energéticas, como as hidrelétricas e as termoelétricas que queimam biomassa. Ainda nos anos 70, o Brasil começou a voltar-se para as questões ambientais, de sane- amento e de controle da poluição, obtendo seu primeiro intento com o Plano Nacio- nal de Saneamento - Planasa, ao conseguir abastecer com água tratada cerca de 80% da população urbana brasileira. A partir de então, os grandes problemas ambientais do País vêm sendo identificados e controlados, porém nem sempre com a velocidade e intensidade que merecem. No início dos anos 80, as empresas passaram a trabalhar no combate a causas em vez de trabalhar as consequências. Nesta mesma época, houve o aparecimento do ativismo ambiental, em que os grupos formados, começavam a pressionar as empre- sas com o objetivo de mudarem suas políticas em relação ao meio ambiente. Ainda nos anos 80, muitas empresas líderes de mercado mudaram a concepção em relação aos gastos com proteção ambiental, passando não as ver como custos, mas sim como investimentos, consequentemente, uma vantagem competitiva. A década de oitenta também se caracteriza pela elaboração da constituinte do Brasil. No respectivo texto legal, o seu Capítulo VI, art. 225, trata dos direitos e obrigações do Estado e dos cidadãos em relação à preservação ambiental; estabelece ainda que o meio ambiente saudável constitui-se de um direito de todos os brasileiros, cabendo ao governo e à coletividade o dever de preservá-lo para as presentes e futuras gerações. A década de noventa caracteriza-se pelo aparecimento dos sistemas de gestão am- bientais padronizados e reconhecidos mundialmente. Na Inglaterra, no início dos anos 90, foi criada a ISO (International Organization for Standardization), o qual cons- tituiu de um grupo estratégico consultivo sobre o meio ambiente, com a finalidade 1716 CONTABILIDADE AMBIENTAL CONTABILIDADE AMBIENTAL de elaborar normas internacionais de proteção ambiental. Na mesma época, o Banco Mundial financiou um estudo de estratégias de avaliação de impactos ambientais as- sociados à relação custo-benefício. Em junho de 1992, na cidade do Rio de Janeiro, foi realizada a Conferência das Na- ções Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento - CNUMAD, também conhe- cida como a ECO 92, onde 178 países com a participação de 112 chefes de Estados, tinha o objetivo de elaborar estratégias em relação aos efeitos da degradação ambien- tal, de forma a interromper e reverter o quadro preocupante em que já se encontrava os níveis de poluição. Considerado o evento ambiental mais importante do século XX, a ECO-92 foi a primeira grande reunião internacional realizada após o fim da Guerra Fria. Seus compromissos específicos adotados incluem três convenções: uma sobre Mudança do Clima, sobre Biodiversidade e uma Declaração sobre Florestas. A Confe- rência também aprovou documentos com objetivos mais abrangentes e de natureza mais política: a Declaração do Rio e a Agenda 21. Ambos endossam o conceito fun- damental de desenvolvimento sustentável, que combina o progresso econômico e material com a necessidade de uma consciência ecológica. Em 1997 o marco para o meio ambiente mundial foi à assinatura do Protocolo de Quioto, onde representantes de diversos países discutiram o compromisso de reduzir as emissões de substâncias tóxicas. No Brasil o ano de 1999, destaca-se pela importância da Política Nacional de Edu- cação Ambiental, trazendo como objetivos fundamentais: A necessidade do desen- volvimento de uma compreensão integrada do meio ambiente em suas múltiplas e complexas relações, o estímulo e fortalecimento de consciência crítica sobre a pro- blemática ambiental e social, incentivo à participação individual e coletiva, fomento e fortalecimento da integração com a ciência e tecnologia e autodeterminação dos povos e solidariedade como fundamentos para o futuro da humanidade. A ONU promoveu, entre 26 de agosto e4 de setembro de 2002, outro evento mundial para discutir sobre meio ambiente e desenvolvimento sustentável. Rio +10, ou Eco-2002, ocorreu em Johannesburgo, na África do Sul, com o objetivo de discutir e avaliar os acer- tos e falhas nas ações relativas ao meio ambiente mundial, nos últimos dez anos que sucederam a ECO 92. A Conferência Mundial de Desenvolvimento Sustentável, Rio + 10, estabeleceu novas metas e novos indicadores de desempenho para os países signatá- rios. Computou-se a participação de 168 países, um pouco menos que em 1992. 3 OBJETIVOS DA CONTABILIDADE AMBIENTAL A Contabilidade Ambiental tem o objetivo de registrar as transações da empresa que impactam o meio ambiente e os efeitos das mesmas que afetam, ou deveriam afetar, a posição econômica e financeira dos negócios da empresa, devendo assegurar que os custos, os ativos e os passivos ambientais estejam contabilizados de acordo com os princípios fundamentais da contabilidade e que o desempenho ambiental tenha a ampla transparência de que os usuários da informação contábil necessitam. A importância da Contabilidade Ambiental começa a vigorar quando os problemas ambientais passam a preocupar os gestores e a sociedade, devido à necessidade de mais informações objetivas sobre o meio ambiente. Para ratificar tal posicionamento, a Fundació Fórum Ambiental enumera seis interesses que merecem atenção especial conforme pode-se perceber no quadro 1. 1. Trabalhadores 3. Clientes e fornecedores 6. Organizações ecológicas 2. Comunidade local 4. Administração pública 5. Entidades financeiras, investidores e acionistas Garantia de emprego. Salários. Orgulho e sentimento de dignidade. Saúde e segurança no lugar no trabalho. Qualidade dos produtos. Preços. Segurança nos produtos. Garantia nos produtos. Informação ambiental no âmbito local. Impacto nos ecossistemas. Impactos ambientais do produto ou serviço. Riscos de saúde. Ruídos. Odores. Resíduos expelidos no solo, água e ar. Conhecimento da atividade da empresa. Riscos de acidente. Cumprimento da legislação. Acidentes e denúncias. Consumo de recursos. Evidência de que a empresa cumpre seus compromissos ambientais. Resultados financeiros. Informações sobre responsabilidade ou obrigações legais e respeito a terceiros. Custos ambientais e sua gestão. Investidores ambientais. Vantagens comerciais relacionadas com a gestão ambiental. Custo do não cumprimento legal. PRINCIPAIS INTERESSESPARTÍCIPE QUADRO 1 - INTERESSES ESPECÍFICOS DE CADA PARTÍCIPE Fonte: Adaptado de Fundació Fórum Ambiental (1999). 1918 CONTABILIDADE AMBIENTAL CONTABILIDADE AMBIENTAL A empresa está submetida cada vez mais a pressões internas e externas. Essas deman- das podem ser dos empregados, acionistas, administração pública, clientes, bancos, investidores, organizações ecológicas, seguradoras e comunidade local, convêm espe- cificamente, saber por que a empresa quer um sistema de Contabilidade Ambiental; em outras palavras, quais resultados espera obter com isto. Para isso é importante conhecer quais são seus objetivos. 3.1 REGISTROS AMBIENTAIS De acordo com a resolução 001/86 do CONAMA, pode-se conceituar registro ambien- tal como: Qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das ativida- des humanas, que direta ou indiretamente afeta: a) a saúde; b) a segurança e o bem-estar da população; c) as atividades sociais e econômicas; d) a biota; e) as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente; f) a qualidade dos recursos ambientais. O impacto ambiental pressiona a sociedade quando causa mudanças em seu padrão de vida e esta cobra dos agentes envolvidos na exploração, medidas de correção dos impactos e políticas sustentáveis para conservação dos recursos naturais. Segundo Ti- noco e Kraemer (2004, P. 112), caracteriza impacto ambiental como: “Não é qualquer alteração nas propriedades do ambiente, mas as alterações que provocam o desequi- líbrio das relações constitutivas do ambiente, tais como as alterações que excedam a capacidade de absorção do ambiente considerado”. Em resumo, pode-se dizer que os impactos ambientais são causados principalmente pelo rápido desenvolvimento econômico sem o devido controle e a manutenção dos recursos naturais. Existem vários procedimentos obrigatórios que as empresas devem cumprir antes do início das atividades operacionais dentre eles destacam-se o EIA – Estudo de Impacto Am- biental, RIMA – Relatório de Impacto Ambiental e a AIA – Avaliação do Impacto Ambiental. Os Estudos de Impacto Ambiental – EIA foi regulamentado através da Resolução CONA- MA nº. 1/86. Surgiu como instrumento prévio dos impactos ambientais a serem introdu- zidos nos empreendimentos potencialmente causadores de expressiva degradação am- biental. É um instrumento de caráter técnico exigido pelas autoridades governamentais para a autorização de instalação e o funcionamento de algumas atividades econômicas. Tem como objetivo minimizar ou coibir a poluição através da adoção de medidas alter- nativas para o impacto ambiental decorrente da atividade a ser executada. O EIA constituirá o RIMA – Relatório de Impacto Ambiental, que explica todas as con- clusões apresentadas no EIA. Deve ser elaborado de forma objetiva e possível de se compreender, ilustrado com mapas, quadros, gráficos, enfim por todos os recursos de comunicação visual. O RIMA tem como objetivo comunicar a sociedade os resultados alcançados no EIA par que se possa verificar se o empreendimento traz vantagens ou não a à comunidade, assim como as consequências ambientais de sua implementa- ção. Com esse documento, podem-se identificar os efeitos ambientais e, a partir disso, mensurar seus custos inerentes. A AIA – Avaliação do impacto Ambiental é considerada uma técnica de identificação de riscos e um instrumento de prevenção de danos ambientais. Seu objetivo é deter- minar os efeitos potenciais sobre o meio ambiente, sobre a sociedade e sobre a saúde, no desenvolvimento proposto. Analisando tais situações percebe-se que o governo cria leis que sinalizam o caminho a ser seguido. E as empresas criam órgãos para gerir essas questões. O modelo de gestão ambiental deve estar atento tanto para a os impactos negativos causados à sociedade como para os aspectos econômicos e financeiros que eles po- dem representar para a empresa. Evitar ou minimizar a carga negativa dos impactos é a função da implantação de um modelo de gestão ambiental. 2120 CONTABILIDADE AMBIENTAL CONTABILIDADE AMBIENTAL 4 SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL Para FERREIRA (2000, p. 639), em seu dicionário da língua portuguesa, sistemas são “um conjunto de elementos, entre os quais haja uma relação”. É o conjunto de partes que interage de modo a atingir um determinado fim, de acordo com um plano ou princípio. O todo é o que importa e para que o todo exista é necessário a integração plena das partes. A teoria dos sistemas tem a definição etimológica, descritiva e a pragmática. Todas elas seguem a mesma linha de pensamento, que vai das partes para compor o todo. A definição de sistemas é tão abrangente que pode ser usada numa variedade de con- textos, como por exemplo: sistema econômico, sistema solar, sistema nervoso, entre outros. O fato em comum entre estes e todos os demais é cada um deles possui um conjunto de elementos inter-relacionados e que podemos identificar alguma função desempenhada pelo sistema como um todo. Para Thornes e Brunsden (1997), os componentes do sistema são: a. Meio ambiente – conjunto de todos os objetos que não fazem parte do sistema em questão, mas que exercem influências sobre a operação do mesmo. b. Elementos ou unidades – são as partes que efetivamente compõem o sistema e que se relacionam entre si. c. Relações – os elementos integrantes do sistema encontram-se inter-relacionados, uns dependendo dos outros, através de ligações que denunciam os fluxos. d. Atributos– são as qualidades que se atribuem aos elementos ou ao sistema, visan- do caracterizá-los. e. Entrada (input) – tudo o que o sistema recebe, de acordo com seu respectivo perfil. f. Saída (output) – produto final dos processos de transformação a que se submete o conteúdo de entrada. g. Realimentação (feedback) – processo de controle, para manter o sistema em equilíbrio. h. Modelo – é a apresentação do sistema; constituindo-se numa abstração que tem por objetivo facilitar o estudo e análise do sistema, uma vez que permite sua me- lhor visualização e das relações entre os seus elementos. É construído com base em informações obtidas da realidade através da observação e/ou medição, sendo, pois, o instrumento mais útil para o estudo dos sistemas. Nas últimas décadas as empresas têm se defrontado com um processo crescente de cobrança por uma postura responsável e de comprometimento com o meio am- biente. Esta cobrança tem influenciado a ciência, a política, a legislação, e as formas das organizações; sob pressão crescente dos órgãos reguladores e fiscalizadores, das organizações não governamentais e, principalmente, do próprio mercado, incluindo as entidades financiadoras, como bancos, seguradoras e os próprios consumidores. Nestas condições, as empresas têm procurado estabelecer formas de gestão com objetivos explícitos de controle da poluição e de redução das taxas de efluentes, con- trolando e minimizando os impactos ambientais, como também otimizando o uso de recursos naturais – controle de uso da água, energia, outros insumos, etc. Uma das formas de gerenciamento ambiental de maior adoção pelas empresas tem sido a im- plementação de um sistema de gestão ambiental, segundo as normas internacionais Série ISO 14000. Na busca por padrões de gestão ambiental, foi criada a NBR Série ISO 14001, que é o sistema de gestão ambiental mais utilizado pelas empresas no Brasil. Segundo esta série, as normas de gestão ambiental têm por objetivo prover às organizações os ele- mentos de um sistema ambiental eficaz, passível de integração com outros elementos de gestão, de forma a auxiliá-las a alcançar os seus objetivos ambientais e econômicos. Essas normas enfatizam aspectos como o sistema de gerenciamento ambiental, audi- toria ambiental, avaliação de desempenho, entre outros. Na gestão ambiental destaca-se também a observância das leis e a melhoria da ima- gem da organização. A organização deve ser motivada por uma ética ecológica e por uma preocupação com o bem-estar das futuras gerações, com o que herdarão nossos filhos e netos. Pensar na forma como se produz hoje, para que se continue a produzir sem deixar escasso os recursos para gerações vindouras. Não questiona a ideologia do crescimento econômico, que é a principal força das atuais políticas econômicas e, tragicamente, da destruição do ambiente global. Como enfoca Tachizawa (2002), “rejeitar essa ideologia não significa rejeitar a busca cega do crescimento econômico 2322 CONTABILIDADE AMBIENTAL CONTABILIDADE AMBIENTAL irrestrito, entendido em termos puramente quantitativos como maximização dos lu- cros”. A gestão ambiental implica no reconhecimento de que o crescimento econômi- co ilimitado num planeta finito só pode levar a um desastre. Dessa forma, faz-se uma restrição ao conceito de crescimento, introduzindo-se a sustentabilidade ecológica como critério fundamental de todas as atividades de negócios. A implantação sistematizada do processo de Gestão Ambiental tem sido uma das respostas das empresas a este conjunto de pressões. Assim, a gestão ambiental tem importante significado na implementação de programas voltados para o desenvolvi- mento de tecnologias, ao invés de revisão de processos produtivos. North (apud CAGNIN, 2000) enumera os benefícios da gestão ambiental, que estão discriminados no quadro 2.1 Economia de custos • Redução do consumo de água, energia e outros insumos; • Reciclagem, venda e aproveitamento de resíduos e diminuição de afluentes; • Redução de multas e penalidades por poluição. Incremento de Receita • Aumento da contribuição marginal de “produtos verdes”, que podem ser vendidos a preços mais altos; • Aumento da participação no mercado, devido à inovação dos produtos e à menor concorrência; • Linhas de novos produtos para novos mercados; • Aumento da demanda para produtos que contribuam para a diminuição da poluição. • Melhoria da imagem institucional; • Renovação da carteira de produtos; • Aumento da produtividade; • Alto comprometimento do pessoal; • Melhoria nas relações de trabalho; • Melhoria da criatividade para novos desafios; • Melhoria das relações com os órgãos governamentais, comunidade e grupos ambientalistas; • Acesso assegurado ao mercado externo; • Melhor adequação aos padrões ambientais. BENEFÍCIOS ECONÔMICOS BENEFÍCIOS ESTRATÉGICOS QUADRO 2.1 – BENEFÍCIOS DA GESTÃO AMBIENTAL Fonte: Adaptado de North, K. Environmental business management. Genebra: ILO, 1992. In: Cagnin, 1999 Para Tachizawa (2002), “a gestão ambiental, enfim, torna-se um importante instrumen- to gerencial para capacitação e criação de condições de competitividade para as or- ganizações, qualquer que seja o seu segmento econômico”. Os desafios da mudança climática nunca foram tão reais e já transformam a vida dos indivíduos e das empresas. 4.1 DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E EMPRESA RESPONSÁVEL O desenvolvimento sustentável é aquele que se torna capaz de suprir as necessidades da geração atual, não comprometendo as necessidades de gerações futuras, sugerin- do uma ideia qualitativa e quantitativa. Sendo assim, implica usar os recursos renová- veis naturais de maneira a não degradá-los ou eliminá-los, ou diminuir sua utilidade para as gerações futuras. Implica usar os recursos minerais não renováveis de maneira tal que não necessariamente se destrua o acesso a eles pelas gerações futuras (FER- REIRA, 2006). A inserção do conceito de sustentabilidade requer a inserção também do capital hu- mano na forma de conhecimentos, a competência profissional, experiência e habili- dade. De acordo com Vellani (2011), as firmas podem investir na proteção do meio ambiente, por meio de programas como tratamento de efluentes, reaproveitamento 2524 CONTABILIDADE AMBIENTAL CONTABILIDADE AMBIENTAL de água, reciclagem, separamento e tratamento de sucata, melhorias ambientais no processo produtivo, educação ambiental dentre outros. O autor disserta ainda que usar os recursos naturais de forma sustentável e efetuar investimentos na proteção dos ecossistemas pode reduzir riscos ambientais, e a empresa honrar seus compromis- sos. Levando-se em consideração que as empresas para alavancarem seus negócios buscam constantemente recursos, e estes recursos por sua vez, podem ser através de recursos de terceiros, faz-se necessário: I. A satisfação das necessidades básicas da população (educação, alimentação, saú- de, lazer etc.); II. A solidariedade para com as gerações futuras (preservar o meio ambiente de modo que elas tenham chance de viver); III. A participação da população envolvida (todos devem se conscientizar da necessi- dade de conservar o ambiente e fazer cada um a parte que lhe cabe para tal); IV. A preservação dos recursos naturais (água, oxigênio etc.); V. A elaboração de um sistema social garantindo emprego, segurança social e res- peito a outras culturas (erradicação da miséria, do preconceito e do massacre de populações oprimidas, como por exemplo os índios); VI. A efetivação dos programas educativos. A contabilidade ambiental, através de sua técnica, tende a informar os efeitos que a incorporação de políticas ambientais pode ocasionar no patrimônio das organizações. Merino (2000) diz que, por razões lógicas de sobrevivência, não se pode deixar de falar de ecologia quando se discute economia. Martins e De Luca (1994), esclarecem que as informações de caráter ambiental a serem divulgadas pela contabilidade vão des- de os investimentos realizados, seja em nívelde aquisição de bens permanentes de proteção a danos ecológicos, de despesas em manutenção ou correção de efeitos am- bientais do exercício em curso, de obrigações contraídas em prol do meio ambiente até de medidas físicas, quantitativas e qualitativas, empreendidas para sua recupera- ção e preservação. Teixeira (2000) esclarece que há uma tendência das empresas em abrir para a comu- nidade uma grande quantidade de dados para sua política ambiental, seus progra- mas de gerenciamento ambiental e o impacto de seu desempenho ambiental em seu desempenho econômico e financeiro. O autor esclarece ainda que seja necessário que a organização conduza de forma mais eficaz o seu papel enquanto empresa responsável, que avalie não somente seus aspectos econômicos e mercadológicos, como também os aspectos sociais e ambientais. Ribeiro (2010), diz que em síntese, desenvolvimento sustentável corresponde à satisfação das necessidades sociais, sem o prejuízo das gerações futuras, e acrescenta que, com o acesso rápido às informações pela maior parte da população, como acesso à internet, a sociedade cobra às empre- sas que possam se tornar geradoras de riscos ambientais, seja por uma irresponsabi- lidade por parte do gestor, ou mesmo um desastre que possa acontecer e prejudicar futuramente o meio em que se vive. Não é mais aceitável o lucro a qualquer preço. Ribeiro (2010), ainda menciona que a redução das agressões passa a ser considerada uma forma de eliminar custos para a empresa. Salienta ainda que, minimizar a pro- dução de resíduos, em qualquer processo produtivo, implica, além de danificar menos o meio ambiente, utilizar melhor o potencial das matérias-primas, evitar penalidades da legislação ambiental, diminuir o risco de indenizações por danos a terceiros, e preservar sua imagem na sociedade, principalmente perante clientes interessados no controle e na preservação ambiental. Exemplifica-se o processo cada vez mais cres- cente de reciclagem como uma forma adotada pelo mundo corporativo, no que diz respeito à preocupação com a degradação do meio ambiente. Um dos avanços da tecnologia, motivo de várias discussões, é a reciclagem, em que materiais já usados ou resíduos da produção são reprocessados para o novo aproveitamento (por exemplo, papéis, plásticos, vidros e alumínios (RIBEIRO, 2010). Entretanto, é importante ressaltar, que nem todos os materiais podem passar por este processo de reciclagem, e muita das vezes o custo desta implementação também se torna elevado. Albuquerque (2009) frisa que os negócios estão se voltando cada vez mais para as questões ambientais. O autor menciona ainda que são cinco os fatores que influenciam essa mudança de postura, sendo a necessidade de obediência às leis; a eficácia em custos; a opinião pública; a pressão dos movimentos ambientalistas e ainda o pensamento a longo prazo. Assim, a preocupação com as gerações futuras hoje são muito mais discutidas e a qualidade dos produtos e serviços tornam-se fato- res fundamentais e preocupantes à medida em que possa gerar uma escassez destes produtos. Ao longo do tempo o homem sempre utilizou os recursos naturais do pla- neta. Os recursos eram abundantes e a natureza aceitava os despejos de resíduos rea- lizados. A questão ambiental é um dos assuntos que mais tem atraído a atenção das pessoas, pela valorização que se dá à qualidade de vida e pela percepção de que as consequências do descaso com o meio ambiente têm conduzido a situações críticas para a própria sobrevivência da humanidade em longo prazo (MOURA, 2002, p. 10). 2726 CONTABILIDADE AMBIENTAL CONTABILIDADE AMBIENTAL Outro fator relevante, segundo Albuquerque (2009), é a visão com foco no equilíbrio e na responsabilidade social apregoando mais respeito ao consumidor. A questão da responsabilidade social dar-se-á em satisfação dos consumidores (norteando as ações da empresa); satisfação dos empregados (valorização do capital humano); satisfação dos fornecedores (preços compatíveis nas partidas fornecidas); satisfação dos distribui- dores (margens responsáveis de lucro); e satisfação dos acionistas ou sócios proprietá- rios. Com esta visão, a empresa passa a considerar que o desenvolvimento econômico e social se traduz no caminho para a sustentabilidade. A ideia de uma conciliação entre os interesses econômicos, ecológicos e sociais ocupa papel chave no campo que recobre a noção do desenvolvimento sustentável no âm- bito mundial. Prevalece a crença de que os conflitos entre os diferentes segmentos da sociedade possam ser resolvidos através da gestão do diálogo entre os atores, com a finalidade de se alcançar um consenso (Zhouri, Laschefski, Paiva, 2005, p. 2). Tachizawa (2011) esclarece que a gestão ambiental e a responsabilidade social, tornam-se im- portantes instrumentos gerenciais para capacitação e criação de condições de com- petitividade para as organizações, qualquer que seja seu segmento econômico. A manutenção de mudanças ambientais desejáveis, ou seja, as que melhorem as con- dições do meio em que vivemos, pode ser realizada através da identificação e imple- mentação de política ambiental fundamentada em mudanças ambientais desejáveis que geram ganhos ao meio ambiente (Costa, 2012, p. 14). Destaca-se que as práticas das ações ambientais voltadas para um desenvolvimento sustentável devem estar de acordo com a política ambiental estabelecida. Sendo assim, devem-se levar em consi- deração, os valores ou a cultura da empresa, assim como, o grupo de pessoas a que ela pertence. Uma política de conscientização ambiental deve envolver todos os partici- pantes do processo, desde o funcionário da produção, quanto o administrativo, entre: I. Conscientizar a população para que se trabalhe em conjunto; II. Preservar os recursos naturais; III. Criar um sistema social eficiente que não permite o mau envolvimento dos recur- sos naturais; IV. Criar programas de conhecimento e conscientização da real situação e de formas para melhorar o meio ambiente. Segundo Costa (2012), as empresas devem apresentar em seus relatórios os avanços com relação às novas tecnologias, porém tecnologia estas que não agridam o meio ambiente. Os resultados satisfatórios devem caminhar lado a lado com a preocupação ambiental, uma vez que este fator não pode mais ser deixado para segundo plano numa empresa que queira manter-se viva no mercado cada vez mais competitivo. Adicionalmente, a companhia deve demonstrar que está avançada em termos de uso de tecnologias ambientalmente amigáveis ou em relação à utilização de processos produtivos sustentáveis poderá angariar benefícios adicionais, tais como um aumento no comprometimento dos funcionários, menos taxas e multas por danos ambientais, menores custos de produção e de disposição de resíduos, além de ter acesso a me- lhores oportunidades de negócios. Poderá inclusive explorar a vantagem competitiva de estar fornecendo bens e serviços ambientalmente adequados (COSTA, 2012, p. 15). Cada vez mais, há um número maior de consumidores que são atraídos por produtos ecologicamente corretos. Neste aspecto, autores como Tachizawa (2011); Costa (2012) apontam que a empresa que traz política ambiental responsável, cria uma imagem cada vez melhor perante seus consumidores. 4.2 ECOEFICIÊNCIA Torna-se imperioso distinguir desempenho econômico e ecológico, o qual se deno- mina ecoeficiência, onde os impactos negativos durante o processo de fabricação dos produtos e serviços são liberados através de resíduos. De acordo com Basf (2006), ge- renciar a ecoeficiência consiste em analisar o ciclo de vida de produtos e os processos com o objetivo de avaliar seus desempenhos econômicos e ambientais. Saling (2002) converge para o conceito de Basf (2006) e pondera o impacto ambiental e os custos durante o ciclo de vida de uma linha de produtos para medir a ecoeficiência de por- tfólio de produtos. Na emissão de resíduos, identificam-se os gerados na atmosfera, os efluentes e os só- lidos. Logo,analisa-se a toxicidade desses resíduos e dos produtos e serviços ofertados pela empresa. Por último, analisam-se os possíveis desastres ecológicos que podem vir a ocorrer e os processos de segurança para evitá-los (SALING, 2002). Outros autores, como Kadt (1997); Helminen (2000) medem a ecoeficiência do sistema da empresa, avaliando o impacto perante as operações durante a operacionalização do processo de seus produtos e serviços, não sendo avaliado no decorrer de todo o ciclo de vida de um produto ou até mesmo de uma linha de produtos. 2928 CONTABILIDADE AMBIENTAL CONTABILIDADE AMBIENTAL Para Burrit; Saka (2005), a ecoeficiência é uma medida que fornece informações mo- netárias junto com informações não monetárias para avaliar o desempenho ecológico concomitantemente ao desempenho econômico. Saches (1993) relata cinco dimen- sões de sustentabilidade do ecodesenvolvimento, no qual propõe ações que visam à melhoria da qualidade de vida e a preservação ambiental. As cinco dimensões pro- postas são sustentabilidade social; sustentabilidade econômica; sustentabilidade eco- lógica; sustentabilidade espacial/geográfica e sustentabilidade cultural. Dimensões de sustentabilidade do ecodesenvolvimento: I. Sustentabilidade Social: O desenvolvimento em sua multidimensionalidade, abrangendo todo o espectro de necessidades materiais e não materiais. II. Sustentabilidade Econômica: Alocação e gestão mais eficientes dos recursos e por um fluxo regular do investimento público e privado. Sustentabilidade Ecológi- ca: Compreende o uso dos potenciais inerentes aos variados ecossistemas compa- tível com sua mínima deterioração. III. Sustentabilidade Espacial/Geográfica: Pressupõe evitar a excessiva concentração geográfica de populações, de atividades e do poder. Busca uma relação cidade/ campo mais equilibrada. IV. Sustentabilidade Cultural: Conceito normativo de ecodesenvolvimento em uma pluralidade de soluções particulares, que respeitem as especificações de cada ecossistema, de cada cultura e de cada local. Costa (2012) afirma que o ecodesenvolvimento surge para dar uma resposta à neces- sidade de harmonizar os processos ambientais com os processos socioeconômicos, maximizando a produção dos ecossistemas para favorecer as necessidades humanas presentes e futuras. Para uma perfeita harmonia dos processos ambientais e os pro- cessos socioeconômicos, não se deve pensar somente na questão da maximização dos lucros sem o envolvimento da ecoeficiência. Ribeiro (2010) aponta que, os lucros sim fazem parte de toda e qualquer empresa, sendo este o objetivo gerado pelas mesmas, até mesmo pela questão de sua sobrevivência, porém os lucros têm que ser conquistados com responsabilidade socioambiental. Dentro deste cenário torna-se primordial a valorização da espécie humana. 4.3 O BALAÇO SOCIAL O balanço social não é uma demonstração obrigatória. Apesar disso, muitas empre- sas o publicam. O autor destaca ainda, que o modelo Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (IBASE), traz sete itens para o Balanço Social que são: Base de cálculo; Indicadores sociais internos; Indicadores sociais externos; Indicadores ambien- tais; Indicadores de corpo funcional; Informações relevantes quanto ao exercício da cidadania empresarial; outras informações. Para a Base de cálculo, os indicadores re- presentam a receita líquida; resultado operacional e a folha de pagamento bruta; quanto ao indicadores internos são considerados os valores gastos com alimentação; previdência privada; saúde; educação; cultura; entre outros, já os indicadores externos representam o somatório dos investimentos na comunidade que aparecem discrimi- nados; total de tributos pagos (VELLANI, 2011). Com relação aos Indicadores ambientais Ferreira (2006) reconhece o valor dos inves- timentos incorridos em ações ambientais internas e externas à empresa; quanto aos Indicadores de corpo funcional representam como este fator o número de negros que trabalham na empresa e de acordo com as Informações relevantes ao exercício da cidadania empresarial, baseiam-se na relação entre a maior e menor remuneração; número de acidentes de trabalho; normas e valor adicionado 4.4 IMPACTOS AMBIENTAIS Com relação aos impactos ambientais, Barbieri (2007) define como sendo qualquer mudança no ambiente natural e social decorrente de uma atividade ou de um em- preendimento proposto. A Resolução nº 001, de 1986, considera como impacto am- biental qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das ativida- des humanas que, direta ou indiretamente, afetam a saúde; a segurança e o bem-es- tar da população; as atividades sociais e econômicas; a biota; as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente e a qualidade dos recursos ambientais (BRASIL, 2013). Ainda na Resolução 01/1986 pode-se entender as dimensões do que se propõe um Estudo de impacto Ambiental (EIA) e um Relatório de Impacto Ambiental (RIMA). No estudo, como o próprio nome intitula, envolve a classificação dos impactos, predição 3130 CONTABILIDADE AMBIENTAL CONTABILIDADE AMBIENTAL de efeitos, pesquisas de campo, análises laboratoriais, valoração monetária dos recur- sos ambientais, avaliação de alternativas, entre outros trabalhos. Já o Rima, que é o assunto em questão, está devidamente expresso de forma conclu- siva a todos esses trabalhos, trazendo uma visão em termos de negócios, se estes são nocivos ou não ao meio ambiente e em que grau de complexibilidade pode ocorrer (BRASIL, 2013). Ao contrário do que muitos podem observar o termo impacto ambien- tal comumente utilizado para designar pontos negativos, também pode ser utilizado para pontos positivos, como aos fatos que conferem sustentabilidade econômica, so- cial e ambiental ao empreendimento ou atividade. A Resolução diz que o relatório deve conter alguns tópicos considerados obrigatórios para sua aceitação e divulgação. E notável o número de empresas que utilizam esse tipo de relatório como fator di- ferencial, num mercado cada vez mais competitivo, tendo em vista que, clientes e consumidores são mais receptivos as empresas que se preocupam com a questão ambiental (VELLANI, 2011). Para uma melhor análise dos dados das empresas é extre- mamente importante o uso destes relatórios. Acredita-se que as empresas precisam se posicionar perante a questão ambiental, pois assim, podem obter vantagem com- petitiva por meio da percepção pública, economia de custos ou rendimentos adicio- nais além de diminuir seu risco financeiro futuro resultante de incidentes ambientais. Neste contexto, o fornecimento de informações ambientais, pode impulsionar o con- trole da qualidade e estimular de uma forma geral as demais empresas. Através dos relatórios ambientais, na visão de Ribeiro (2010) é possível identificar al- guns aspectos importantes como: I. Esforços na otimização dos resultados conduzidos pelo gestor; II. Falhas no processo de planejamento; nesse caso, poderiam ser atribuídas, por exemplo, ao superdimensionamento da abrangência e/ou natureza do problema ou à superavaliação da quantidade de insumos necessária; III. Novas oportunidades a serem exploradas; IV. Investimentos realizados em tecnologias antipoluentes, de natureza permanente; V. Matéria-prima especifica consumida para proteger, preservar e recuperar o meio ambiente; VI. Horas de mão de obra consumida; VII. Horas - maquina; Relatórios ambientais passam a ser uma grande vantagem para as empresas que os divulgam, porque asseguram aos seus usuários transparência no processo de comuni- cação, informações relevantes para as partes internas. Costa (2013) esclarece o papel da contabilidade na evidenciação de relatório de impactos ambientais e demonstra alguns exemplos da causa e consequências do impacto ambiental interno e externo. Por exemplo, um vazamento numa indústria traria como consequência o impacto no rio, no ambientee nas pessoas. Como um processo interno na empresa, para sua mensuração e valoração do processo de recuperação estariam inclusos: multa, obra de reservatório, paralisação do processo produtivo, pagamento dos funcionários, encargos sociais, contratos de entrega (prazo), imagem da empresa. Todos estes processos, por sua vez geraram valores para as empresas que devem ser considerados (COSTA, 2013). O autor aponta ainda que no processo externo temos que levar em consideração três aspectos, que são o impacto gerado no rio, nas pesso- as e dos pescadores, que fazem desta sua fonte de renda. Pelo processo externo, no rio, os valores a serem considerados com relação à mensuração e valoração do proces- so de recuperação seriam: recuperação e tratamento da água, recuperação da flora aquática e recuperação da vida aquática. Com relação ao processo externo, nas pes- soas, os valores corresponderiam ao levantamento das pessoas afetadas, tratamentos médicos e indenizações por invalidez temporária. Já no processo externo dos pescadores, os fatores a serem levantados seriam indeni- zação por impedimento de trabalhar, indenizações salariais e indenizações por tempo parado. Sendo assim, Costa (2012), esclarece que o total geral do impacto ambiental causado pela indústria, é resultado do somatório dos quatro impactos, sendo subdivi- didos no processo interno e externo. Um vazamento numa indústria como menciona- do no exemplo, traz consequências não só para a empresa, que faz parte do processo interno, mas também para o rio que fora poluído, para as pessoas, que podem sofrer uma contaminação e para os pescadores que podem deixar de exercer suas ativida- des, sendo estes três últimos considerados fatores externos. 3332 CONTABILIDADE AMBIENTAL CONTABILIDADE AMBIENTAL 5 ATIVOS E PASSIVOS AMBIENTAIS 5.1 ATIVOS AMBIENTAIS São todos os bens destinados ou provenientes da atividade de gerenciamento am- biental, podendo estar na forma de capital circulante ou capital fixo. Para Martins e De Luca (1994, p.260): “Ativos ambientais são todos os bens da empresa que visam à preservação, proteção e recuperação ambiental e devem ser segregados linha à parte no Balanço Patrimonial, para permitir ao usuário melhor avaliação das ações ambientais da empresa”. 5.1.1 EXEMPLOS DE ATIVOS AMBIENTAIS Disponibilidades: podem ser contabilizados os valores referentes a recebimentos oriundos de uma receita ambiental. Estoque: Insumos adicionáveis ao processo produtivo, de armazenamento e transpor- te para eliminar, reduzir e controlar os níveis de emissão de resíduos ou materiais para recuperação ou reparos de ambientes afetados. Permanente: De acordo com o Emerging Issues Task Force – EITF, do Financial Accou- nting Statemente Board (FASB), os gastos e tratamento de contaminação ambiental podem ser classificados como ativo permanente quando: a. forem recuperáveis; b. proporcionarem aumento de vida útil, capacidade ou melhoria de segurança de economia; c. forem incorridos durante o preparo do Ativo para venda. 5.1.2 ATIVO AMBIENTAL NÃO CIRCULANTE Investimento: participação societária em empresa ecologicamente responsáveis. Com- pras de ações de empresas ambientais. Permanente: Para a ONU os gastos realizados com a intenção de preservação ou redu- ção de danos ambientais futuros ou conservação dos recursos podem ser classificados como imobilizados: a. estiverem relacionados com a antecipação de benefícios ambientais, extensão da vida útil dos ativos, aumento da capacidade, melhoria de segurança e eficiência dos ativos da organização; b. propiciarem a redução ou prevenção de contaminações ambientais que possam ocorrer como resultados de operações futuras. 1. Imobilizado: Bens destinados a manutenção do gerenciamento ambiental, inves- timentos realizados na aquisição de bens que viabilizem a redução de resíduos poluentes durante o processo de obtenção de receitas e cuja vida útil se prolongue além do término do exercício social, como por exemplo: máquinas, equipamentos de estação de tratamento de efluentes, etc.. 2. Provisão para Desvalorização: Perda de valor econômico de ativos tangíveis e in- tangíveis em função de alteração no meio ambiente: construção de uma usina nuclear ao lado de áreas urbanas ou industriais. 3. Depreciação Acelerada: Aceleração da depreciação em função de poluição am- biental: um exemplo clássico é o das usinas hidroelétricas, comumente destruido- ras do meio ambiente natural. 4. Goodwill: Diferença entre o valor econômico dos seus ativos e o valor atual da em- presa como um todo, em termos de capacidade de geração de lucros futuros: de- correm da reputação junto aos clientes, fornecedores, empregados, comunidade, vantagens de localização, “Know-how”, etc.. 5. Intangível Ambiental: Definição segundo dicionário Houaiss: “que não se pode tocar ou pegar; não perceptível pelo tato” ou no sentido figurado “que não é sufi- 3534 CONTABILIDADE AMBIENTAL CONTABILIDADE AMBIENTAL cientemente claro ou definido para ser percebido ou entendido”. São eventos que podem afetar os resultados econômicos da empresa. De acordo com a lei 11.638/07 estabeleceu o grupo de contas de intangíveis logo abaixo o imobilizado no balanço patrimonial, e que tem como finalidade contemplar direitos que tenham como objeto bens incorpóreos destinados à manutenção da entidade ou exercidos com essa finalidade, inclusive o fundo de comércio adquirido. Dentre a categoria de intangível, aqueles ligados às demandas ambientais e sociais representam parcela crescente dos fatores não-operacionais a afetarem o valor de mercado da empresa. Notadamente no setor industrial. Exemplos de intangíveis: qualidade da gestão; motivação dos profissionais, P&D, tec- nologia; reputação e marca; relacionamento com as comunidades do entorno (res- ponsabilidade social); gestão ambiental; práticas de governança; Observações: é preciso regulamentar as normas contábeis sobre ativos intangíveis, principalmente com relação aos seguintes assuntos: a. natureza desses direitos (exemplos; software de computadores, patentes, copyri- ghts, filmes, listas de clientes, direitos de hipoteca, licenças de pesca, quotas de importação, relacionamentos com clientes ou com fornecedores, fidelidade de clientes, quotas de mercado e direitos de comercialização). b. condições para definição de ativos intangíveis (identificabilidade, controle e exis- tência de benefícios futuros). c. explicação quando um intangível é identificável. d. esclarecimento quando uma entidade controla um intangível. e. conceitos sobre benefícios futuros de intangíveis. f. Premissas para reconhecimento contábil de intangível (quando for provável que os benefícios futuros esperados atribuíveis ao ativo fluam para a entidade e que o custo do ativo possa ser confiavelmente mensurado). g. critério de mensuração inicial do ativo intangível. h. gastos com pesquisas e desenvolvimento. i. goodwill gerado internamente. j. avaliação do ativo intangível após o seu reconhecimento inicial (método de custo e método de reavaliação). k. vida útil de ativo intangível. l. ativos intangíveis com vidas úteis finitas (período de amortização, método de amor- tização e valor residual). m. ativos intangíveis com vidas úteis indefinidas. n. recuperação do valor contábil do ativo intangível e perda com imparidade ou de- terioração. o. baixa alienação de ativos intangíveis. p. divulgações em notas explicativas sobre 5.2 PASSIVO AMBIENTAL Passivo Ambiental é toda obrigação contraída voluntária ou involuntariamente desti- nada aplicação em ações de controle, preservação e recuperação do meio ambiente, originando, como contrapartida, um ativo, despesa ou custo ambiental. Geralmente são contingências que surgem da posse de minas, siderúrgicas, lagos, rios, mar, ou eventos que compõem o meio ambiente. Conhecidas pela conotação nega- tiva (agressão ao meio ambiente) em três tipos: Legais ou Implícitas: a entidade temuma obrigação presente legal como consequ- ência de um evento passado, Pode também surgir como obrigação em firmar um contrato, legislação ou outro instrumento de lei. Exemplo: a empresa compromete-se a plantar mudas de plantas nativas na região, em uma proporção de dois hectares para cada dez hectares plantados de florestas para exploração. Implícitos: surgem por meio de práticas do passado, com riscos e assume um compro- misso em uma expectativa válida frente a terceiros. Exemplo: a empresa prontificou-se a retificar um dano ambiental mesmo que a existência do dano ainda não estivesse comprovação. Construtivas: é aquele evento em que a empresa propõe-se a cumprir espontanea- 3736 CONTABILIDADE AMBIENTAL CONTABILIDADE AMBIENTAL mente, antecedendo-se as exigências legais. Exemplo: quando a entidade está preo- cupada com sua reputação na comunidade em geral, ou seja, quando está consciente de sua responsabilidade social, no qual, usa os meios para proporcionar o bem-estar da comunidade. De acordo com o IBRACON (1996, p.5) “O passivo ambiental pode ser conceituado como toda agressão que se praticou/pratica contra o meio ambiente e consiste no valor de investimento necessário para reabilitá-lo, bem como multas e indenizações em potencial”. De acordo com Ferreira, (2000, p.115), para reconhecimento de um passivo ambiental deve atender os seguintes requisitos: 1. a entidade tem uma obrigação presente legal ou implícito como conseqüência de um evento passado, que é o uso do meio ambiente (água, solo, ar) ou a geração de resíduos tóxicos. 2. é provável que recursos sejam exigidos para se liquidar o passivo ambiental, ou seja, a chance de ocorrer a saída de recursos, o que depende de um ou mais eventos futuros, é maior do que a de não ocorrer. 3. o montante do passivo ambiental envolvido possa ser estimado com suficiente segurança. 5.2.1 PASSIVOS AMBIENTAIS: OUTROS CONCEITOS • Sprouse e Moonitz apud Ribeiro (1992, p.97) afirmam que: passivos são obrigações que exigem a entrega de ativos ou prestações de serviços em um momento futu- ro, em decorrência de transações passadas ou presentes. • Passivos ambientais referem-se, segundo Martins e De Luca (1994, p.72), a benefí- cios econômicos que serão sacrificados em função de obrigação contraída perante terceiros para preservação e proteção ao meio ambiente. O passivo ambiental como qualquer passivo, está dividido em capital próprio e capital de terceiros. Exemplo: a. Banco – empréstimos de instituições financeiras para investimento na gestão am- biental; b. Fornecedores – compra de equipamentos e insumos para o controle ambiental; c. Governo – multas decorrentes de infração ambiental; d. Funcionários – remuneração de mão-de-obra especializada em gestão ambiental; e. Sociedade – indenizações ambientais; f. Acionistas – aumento do capital com destinação exclusiva para investimentos em meio ambiente ou para pagamento de um passivo ambiental; e g. Entidade – por meio da destinação de parte dos resultados (lucro) em programas ambientais. 5.2.2 RECONHECIMENTO DO PASSIVO AMBIENTAL: O reconhecimento do passivo requer a apuração, identificação e mensuração do sa- crifício de recursos que será realizado no futuro e cujo fato gerador já tenha ocorrido. Os passivos ambientais devem ser constituídos por todas as obrigações conhecidas, e mensuradas pela expectativa de sacrifícios de benefícios futuros, impostos por legisla- ções e regulamentações ambientais. Como posso identificar? A empresa deve responder os seguintes questionamentos: a. está disposta a reparar o prejuízo provocado? b. é obrigada legalmente a tal? c. é a sua única responsável? d. em qualquer das hipóteses acima, qual o valor da obrigação? 3938 CONTABILIDADE AMBIENTAL CONTABILIDADE AMBIENTAL 6 RECEITA, DESPESAS E CUSTOS AMBIENTAIS 6.1 RECEITAS AMBIENTAIS Segundo o IASB (apud IUDICIBUS e MARION. 2000. P. 173) a receita pode ser definida como: [...] “o acréscimo de benefícios econômicos durante o período contábil na forma de entrada de ativos ou decréscimo de exigibilidade e que redunda num acréscimo do patrimônio líquido, outro que não o relacionado a ajuste de capital”. Exemplos: • Prestação de serviços especializados em gestão ambiental; • Venda de produtos elaborados a partir de sobras de insumos do processo produtivo; • Participação no faturamento total da empresa que se reconhece como sendo de- vido a sua atuação responsável com o meio ambiente. (calculado tomando como base estatística elaboradas com o mercado consumidor, determinando-se o per- centual de clientes que realizaram a compra tendo como exigência e pré-condi- ção o item responsabilidade social). 6.2 CUSTOS AMBIENTAIS São gastos (consumo de ativos) aplicados direta ou indiretamente no sistema de ge- renciamento ambiental do processo produtivo e em atividade ecológicas da empresa. Quando aplicados diretamente na produção, estes gastos são classificados como cus- to, e se forem aplicados de forma indireta são chamados de despesas. Na visão de Ribeiro (1992, p.80): “O valor dos insumos, mão-de-obra, amortização de equipamento e instalações do processo de preservação, proteção e recuperação do meio ambiente, bem como ser- viços externos e os gastos para realização de estudos técnicos sobre a metodologia e processamentos adequados podem constituir-se em exemplo de custos e despesas ambientais”. Custos Ambientais (relacionados direta e indiretamente com a proteção do meio am- biente): a) Amortização, exaustão e depreciação; b) Aquisição de insumos para controle, redução ou eliminação de poluentes; c) Tratamento de resíduos dos poluentes; d) Disposição dos resíduos poluentes; e) Tratamentos de recuperação e restauração de área contaminadas; f) Mão-de-obra utilizada nas atividades de controle, preservação e recuperação do meio ambiente. 6.2.1 CLASSIFICAÇÃO DOS CUSTOS AMBIENTAIS: Custos Ambientais Internos são aqueles tradicionais contabilizados ao longo do processo produtivo os quais servem de base para a determinação do preço de venda dos produtos. Ex.: matéria-prima, mão-de-obra, depreciação de equipamentos, etc.. Geralmente, as empresa não encontram dificuldades em identificá-los e controlá-los. Custos Ambientais Externos de acordo com a U.S. EPA (1995, p.34) são aqueles custos gerados pelo impacto da atividade da empresa no meio ambiente e na sociedade, os quais a companhia não se responsabiliza financeiramente. Ex.: custo com tratamento de doenças respiratórias ocasionadas pela poluição do ar, etc. (são externalidades: efeito, benéfico ou prejudicial, que uma dada atividade eco- nômica tem sobre terceiros, que não está envolvido nossa atividade). Segundo Martins e Ribeiro (1995, p.31): “Nunca se imputou, e ainda não se imputa à 4140 CONTABILIDADE AMBIENTAL CONTABILIDADE AMBIENTAL mercadoria produzida, todos os custos necessários à sua elaboração, pois a empresa agrega ao seu custo de produção somente o valor de insumos que representam de- sembolso financeiro por parte da empresa, ou seja, aqueles pelos quais efetivamente ela paga. Não são computados gastos futuros que a sociedade terá para repor esses bens, menos ainda o quadro a sociedade futura sofrerá por não tê-los a disposição, quando não renováveis”. 6.3 DESPESAS AMBIENTAIS Segundo Ribeiro (1998, p.95) “Considera-se como Despesas Ambientais todos os gas- tos envolvidos com o gerenciamento ambiental, consumidos no período e incorridos na área administrativa”. As Despesas Ambientais podem conter: • gastos relativos a mão-de-obra e insumos na definição e manutenção de políticas e programas ambientais; • na estocagem de insumos utilizados no controle ambiental; • no treinamento específico para a proteção ambiental; • na auditoria ambiental. 6.4 EVIDENCIAÇÕES AMBIENTAIS As informações são divulgadas no corpo das demonstrações contábeis, de forma se- gregada dos demais itens referentes à atividade operacional da empresa: Elementos de custos,
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