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Aula 8

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Nessa aula você vai estudar o processo de elaboração da atual LDBN 9394/96, no governo de Fernando Henrique, em um contexto de Reestruturação do Estado, no qual a educação exerceu um papel preponderante na política Nacional. No vídeo acima, você vê uma brincadeira que relaciona parte do cotidiano de sala de aula com a realidade brasileira, tudo regado a uma paródia de música.
Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDBN 9394/96: A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional é considerada a lei maior da educação no país, e está subordinada à Constituição Federal e situa-se logo abaixo dela, definindo de uma maneira geral a nossa educação. Por ter um caráter abrangente, necessita de regulamentação, ou seja, de legislação específica para vários de seus dispositivos. Segundo Demerval Saviani, fixar as diretrizes da educação nacional: “(...) não é outra coisa senão estabelecer os parâmetros, os princípios, os rumos que se deve imprimir à educação no país. E ao se fazer isso estará sendo explicitada a concepção de homem, sociedade e educação através do enunciado, dos primeiros títulos da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional relativo aos fins da educação, ao direito, ao dever, à liberdade de educar e ao sistema de educação bem como à sua normatização e gestão”. (Saviani, 1998, p.189).
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) sancionada sem vetos pelo Presidente da República em 20 de dezembro de 1996 é o resultado de oito anos de tramitação no Congresso Nacional e muita mobilização da sociedade. Como resultado da mobilização de educadores organizados que, em 1987 buscaram interferir no processo Constituinte apresentando propostas para o capítulo da Constituição referido à educação, iniciou-se, nesse mesmo ano, o movimento em torno da elaboração das novas diretrizes e bases da educação nacional. Dessa forma, em 1988, promulgada a Constituição Nacional, o deputado Otávio Elísio (PSDB) apresentou na Câmara Federal um projeto de lei que representava o debate inicial dos educadores.
Origem do texto: Esse projeto, na sua primeira versão, praticamente colocou, em forma de lei, o texto “Constituição à elaboração da nova LDB: Um início de conversa” de Demerval Saviani, apresentado na Reunião Anual da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação (ANPED), realizada em Porto Alegre, no período de 25 a 29 de abril de 1988, acrescido de um texto de financiamento do professor Jaques Veloso.
A visão de dentro: A participação de instituições científicas e sindicais reunidas desde o processo da Constituinte deu origem ao Fórum em Defesa da Escola Pública, que desempenhou um importante papel ao acompanhar e subsidiar a formulação da nova LDB. Esse Fórum se constituiu em grande articulador junto à Comissão de Cultura, Educação e Desporto, contrapondo-se aos interesses empresariais e privatistas. 
As discussões: Ao projeto inicial da LDB, do deputado Otávio Elísio, seguiram-se outros, como o substitutivo Jorge Hage, ao qual deu início a uma série de discussões públicas com os grupos organizados de educadores de várias tendências. Após ser aprovado pelas diversas Comissões da Câmara, o substitutivo foi enviado para apreciação e votação no plenário dessa Casa.
A aprovação: Em maio de 1993, o projeto da LDB foi aprovado na Câmara, depois de muitos embates, 1263 emendas, algumas incorporadas pela nova relatora, deputada Ângela Amin, do PDS, depois do PPR e atualmente do PPB. Seu relatório incorporou várias emendas que correspondiam aos interesses dos grupos privados. “Com isso, o caráter social-democrata e progressista do Substitutivo Jorge Hage foi atenuado pela incorporação de aspectos correspondentes a uma concepção conservadora de LDB”.
As mudanças no caminho: Entretanto, ainda em 1992, depois do projeto da Câmara já completar três anos de debate e de intensa negociação, repentinamente surge no Senado um novo projeto de autoria do senador Darcy Ribeiro. Esse projeto, oriundo de um intelectual que historicamente esteve ao lado das forças progressistas da sociedade brasileira, além de desrespeitar todo um processo democrático voltado para a elaboração da LDB, colocou-se a serviço do novo governo eleito, na defesa dos interesses das forças conservadoras. Segundo Saviani (1997), o senador omitiu, no seu projeto enviado ao Senado, qualquer referência ao Sistema Nacional de Educação e ao Conselho Nacional de Educação, por coincidência pontos combatidos pelos conservadores ligados ao governo Collor. Também propôs a redução do ensino fundamental obrigatório e a restauração dos exames de madureza. Porém, o seu projeto foi arquivado para dar lugar à tramitação do projeto da Câmara.
Mesmo diante desse ato apressado e autoritário do senador Darcy Ribeiro, e das mudanças no conteúdo do projeto da Câmara em função da nova composição do legislativo, mais conservador, o processo de elaboração da atual LDB até a apresentação do segundo projeto Darcy Ribeiro, já no governo de Fernando Henrique Cardoso, pode ser considerado inovador, ao passo que constituiu um espaço aberto de elaboração e debate com a participação de diferentes forças que compõem a sociedade. Por fim, todo esse quadro se modifica, no início do governo de Fernando Henrique, quando mais uma vez o senador Darcy Ribeiro, atendendo aos interesses mais conservadores da sociedade, apresentou o segundo projeto, em março de 1996, que se transformou no texto final da nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. 
Esse projeto rompe não só com o processo democrático ocorrido até então, mas, sobretudo com as concepções de educação explicitada no projeto anterior e do papel do Estado quanto às políticas educacionais. A estratégia utilizada pelo Ministério da Educação, que atropelou todo um processo construído pela sociedade, produziu um texto que Saviani (1997) considerou “inócuo e genérico”, bem de acordo com os interesses da política dominante na época, que no lugar de formular uma política global para a educação, inscrita na LDB, preferiu fazer a Reforma do Setor Educacional de maneira fragmentada, procurando, dessa forma, quebrar a resistência do movimento organizado.
A Nova LDB – texto final: O texto final da atual LDB deve ser compreendido no processo de disputa de projeto político pelo qual passa o país no período final de seu longo trajeto na Câmara e no Senado. A vitória do projeto conservador, no final de 1994, liderado por Fernando Henrique Cardoso, significou para o país o avanço da política neoliberal, na qual o mercado se sobrepõe aos interesses da maioria da população. O resultado desse processo poderia ser assim enumerado: 
Redução: Redução do dever do Estado com a universalização da educação básica – ao responsabilizar o poder público somente pela oferta obrigatória e gratuita do ensino fundamental e ao diminuir o compromisso da União para com a educação pública através da transferência de encargos para as esferas administrativas de nível estadual e municipal, a nova LDB acaba rompendo com o conceito de obrigatoriedade da educação básica, consolidando o disposto na emenda constitucional n°14, que diz caber à União uma ação meramente suplementar no financiamento da educação.
Fragmentação: Fragmentação da concepção de Sistema Nacional de Educação – o que estabelece à nova LDB é uma mera justaposição dos poderes municipal, estadual e federal, tendo sido os respectivos conselhos descaracterizados e destituídos de autonomia política, de representatividade social e de responsabilidade de conduzir e acompanhar a implementação das políticas educacionais.
Recursos: Recursos financeiros – alguns aspectos importantes que constam na nova LDB acerca do financiamento da Educação têm origem no projeto da Câmara de Deputados debatido exaustivamente com a sociedade. Sendo assim, vamos destacar em primeiro lugar, a fixação de prazos para o repasse dos valores do caixa da União, dos estados e dos municípios ao órgão responsável pela educação. Outro ponto positivo é a delimitação do que pode e do que não pode ser consideradocomo despesa de manutenção e desenvolvimento do ensino. Essa medida estava presente no projeto original, e sua permanência representou uma importante conquista para o controle dos recursos públicos pela sociedade. No entanto, a lei aprovada não garantiu que os recursos públicos fossem destinados apenas para a educação pública, o que significou, mais uma vez, a vitória do setor privado ao manter o financiamento público para esse setor.
Descaracterização: Descaracterização do profissional da educação – ao não estabelecer um piso salarial profissional nacional, a nova lei descaracteriza a figura do professor, descrevendo-a a partir de suas responsabilidades, ou a partir de sua formação.
Artigos: Finalmente, os artigos 74 e 75 que tratam, respectivamente, do custo mínimo por aluno e da ação supletiva e redistributiva da União e dos estados, conjugados à emenda constitucional de n°14 e a Lei 9.424/96 que criou o Fundo, expressam a política educacional do governo federal, que propõe ao país uma educação mínima com obrigatoriedade apenas para o ensino fundamental, abrindo o terreno para a ação da iniciativa privada nos outros níveis da educação nacional.

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