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BENEFÍCIOS

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BENEFÍCIOS
Remição de pena pelo trabalho - Art. 39 do Código Penal
O condenado que cumpre a pena em regime fechado ou semiaberto poderá remir, por trabalho, parte do tempo de execução da pena.
Não há falar em remição de pena pelo trabalho estando o condenado no regime aberto ou em livramento condicional, visto que nestes casos o trabalho é condição de ingresso e permanência, respectivamente, conforme decorre dos arts. 114, I, e 132, parágrafo 1º, alínea “a”, ambos da LEP.
A própria LEP dispõe que a remuneração do preso, não inferior a ¾ (três quartos) do salário mínimo (art. 29), deverá atender (a) à indenização dos danos causados pelo crime, desde que determinados judicialmente e não reparados por outros meios, (b) à assistência à família, (c) a pequenas despesas pessoais, (d) e ao ressarcimento ao Estado das despesas realizadas com a manutenção do condenado, em proporção a ser fixada e sem prejuízo da destinação prevista nas letras anteriores (art. 29, § l.°), devendo ser depositada a parte restante para constituição do pecúlio, em caderneta de poupança, que será entregue ao condenado quando posto em liberdade (art. 29, § 2.°), ressaltando-se que as tarefas executadas como prestação de serviço à comunidade não serão remuneradas (art. 30).
A Lei 12.433/2011 não alterou o sistema de remição de pena pelo trabalho “no que tange a proporção de dias trabalhados para que se consiga o direito à remição”.
Para cada três dias de trabalho regular, nos moldes do artigo 33 da LEP, um dia de abatimento da pena a cumprir (artigo 126, parágrafo 1º, inciso II, da LEP).
Remição de pena pelo estudo
Na falta de regra específica na lei, doutrina e jurisprudência divergiam sobre a possibilidade de remição pelo estudo.
A melhor interpretação que se deve dar à lei é aquela que mais favoreça a sociedade e o preso, e por aqui não é possível negar que a dedicação rotineira deste ao aprimoramento de sua cultura por meio do estudo contribui decisivamente para os destinos da execução, influenciando de forma positiva em sua (re)adaptação ao convívio social. Aliás, não raras vezes o estudo acarretará melhores e mais sensíveis efeitos no presente e no futuro do preso, vale dizer, durante o período de encarceramento e no momento da reinserção social, do que o trabalho propriamente dito.
Tanto quanto possível, em razão de seus inegáveis benefícios, o aprimoramento cultural por meio do estudo deve constituir um objetivo a ser alcançado na execução penal, e um grande estímulo na busca deste ideal é a possibilidade de remir a pena privativa de liberdade pelo estudo.
Marcando definitivamente seu posicionamento a respeito, o Superior Tribunal de Justiça editou a Súmula 341, que tem a seguinte redação: “A frequência a curso de ensino formal é causa de remição de parte do tempo de execução de pena sob regime fechado ou semiaberto”.
Com vistas a incrementar o estudo formal no ambiente prisional, a Lei 12.245, de 24 de maio 2010, acrescentou um parágrafo 4º ao artigo 83 da LEP, dispondo que nos estabelecimentos penais, conforme a sua natureza, serão instaladas salas de aulas destinadas a cursos de ensino básico e profissionalizante .
Pois bem. Resolvendo definitivamente a discussão, uma das inovações saudáveis determinadas pela Lei 12.433/2011 foi a alteração do artigo 126 da LEP, para incluir a normatização da remição pelo estudo.
Pela nova redação o artigo 126, caput, e parágrafo 1º, inciso I, da LEP, assegura o direito à remição pelo estudo, na proporção de um dia de pena a cada 12 horas de frequência escolar – atividade de ensino fundamental, médio, inclusive profissionalizante, ou superior, ou ainda de requalificação profissional – divididas, no mínimo, em três dias.
Isso quer dizer que o estudo poderá ter carga horária diária desigual, mas para que se obtenha direito à remição é imprescindível que estas horas somadas resultem em 12 a cada três dias para que se alcance o abatimento de um dia de pena, e, portanto, se o preso tiver jornada de 12 horas de estudos em um único dia, isso não irá proporcionar isoladamente um dia de remição.
Tais atividades de estudo poderão ser desenvolvidas de forma presencial ou por metodologia de ensino a distância e deverão ser certificadas pelas autoridades educacionais competentes dos cursos freqüentados.
Admite-se a acumulação dos casos de remição (trabalho mais estudo), desde que exista compatibilidade das horas diárias (parágrafo 3º), e sendo assim, o preso que trabalhar e estudar regularmente e com atendimento à carga horária diária que a lei reclama para o trabalho e também para o estudo, poderá, a cada três dias, reduzir dois dias de sua pena.
O preso impossibilitado, por acidente, de prosseguir no trabalho ou nos estudos continuará a beneficiar-se com a remição (parágrafo 4º).
Outra previsão louvável com vistas à ressocialização pelo aprimoramento cultural vem expressa no parágrafo 5º do artigo 126, nos seguintes termos: “O tempo a remir em função das horas de estudo será acrescido de um terço no caso de conclusão do ensino fundamental, médio ou superior durante o cumprimento da pena, desde que certificada pelo órgão competente do sistema de educação”.
Quem poderá remir pena pelo estudo?
Segundo o artigo 126, caput, têm direito à remição pelo estudo os presos que se encontrarem no regime fechado ou semiaberto.
Já, pela redação do parágrafo 6º do artigo 126, o condenado que cumpre pena em regime aberto ou semiaberto e o que usufrui liberdade condicional (entenda-se: livramento condicional) poderão remir, pela frequência a curso de ensino regular ou de educação profissional, parte do tempo de execução da pena ou do período de prova, à razão de um dia de pena a cada 12 horas de frequência escolar — atividade de ensino fundamental, médio, inclusive profissionalizante, ou superior, ou ainda de requalificação profissional — divididas, no mínimo, em três dias.
Nos preciso termos do novo artigo 126, parágrafo 7º, da LEP, é possível a remição pelo estudo também em relação ao preso cautelar (preso em razão de prisão preventiva), ficando a possibilidade de abatimento condicionada, é claro, à eventual condenação futura.
Como se vê, caiu por terra a Súmula 341 do STJ, que teve importante efeito em termos de orientação antes da Lei 12.433/2011.
Declaração e perda dos dias remidos
O condenado autorizado a estudar fora do estabelecimento penal, sob pena de revogação do benefício, deverá comprovar mensalmente à autoridade administrativa do estabelecimento penal em que se encontrar, por meio de declaração da respectiva unidade de ensino, a frequência e o aproveitamento escolar.
A autoridade administrativa deverá encaminhar mensalmente ao juízo da execução cópia do registro de todos os condenados que estejam trabalhando ou estudando, com informação dos dias de trabalho ou das horas de frequência escolar ou de atividades de ensino de cada um deles (artigo 129).
A remição deverá ser declarada pelo juiz da execução, ouvidos o Ministério Público e a defesa (parágrafo 8º do artigo 126). Ao condenado será dada a relação de seus dias remidos (parágrafo 2º do artigo 129).
A perda dos dias remidos estava regulada no artigo 127 da LEP com a seguinte redação: “O condenado que for punido por falta grave perderá o direito a tempo remido, começando o novo período a partir da data da infração disciplinar”.
O rol das faltas consideradas graves no cumprimento de pena privativa de liberdade encontra-se no artigo 50 da LEP. Doutrina e jurisprudência debatiam sobre a possibilidade, ou não, de perda integral dos dias remidos, em razão do cometimento de falta grave.
Segundo entendimento majoritário , a perda dos dias remidos não viola direito adquirido ou coisa julgada.
Nesta mesma linha o Supremo Tribunal Federal já decidiu reiteradas vezes que o sentenciado não tem direito adquirido ao tempo remido, pois o artigo 127 da Lei 7.210/84 o subordina a condição do não cometimento de falta grave, sob pena de perda daquele período, e terminoupor editar a Súmula Vinculante n. 9, que tem a seguinte redação: “O disposto no artigo 127 da Lei 7.210/84 foi recebido pela ordem constitucional vigente e não se lhe aplica o limite temporal previsto no caput do artigo 58”.
Segundo o novo artigo 127 da LEP, em caso de falta grave, o juiz poderá revogar até um terço do tempo remido, observado o disposto no artigo 57 da LEP, segundo o qual, na aplicação das sanções disciplinares, levar-se-ão em conta a natureza, os motivos, as circunstâncias e as conseqüências do fato, bem como a pessoa do faltoso e seu tempo de prisão, recomeçando a contagem a partir da data da infração disciplinar.
A nova redação não está imune a críticas, pois permite preocupantes discussões onde não deveria.
Com efeito, na redação antiga o legislador dizia claramente: o condenado que for punido por falta grave perderá o direito ao tempo remido. Reclamava-se expressamente a devida apuração da falta grave e punição pelo seu cometimento, e neste caso a perda dos dias remidos era conseqüência jurídica inafastável.
Agora a lei não faz referência expressa à necessidade de punição por falta grave, o que pode sugerir suficiente, na interpretação de alguns, o simples cometimento, e fala, na situação tratada, que o juiz poderá revogar tempo remido, indicando mera faculdade conferida ao juiz.
Com efeito, mesmo nos termos do regramento novo, observadas as balizas do artigo 127 da LEP, não basta o simples cometimento de falta grave. Somente a falta devidamente apurada e reconhecida judicialmente justifica a declaração de perda de dias remidos, conforme decorre do princípio da presunção de inocência e do due process of law.
Apurada a falta, poderá ou não o juiz determinar a perda de dias remidos. Esta conseqüência deixou de ser automática e agora é uma faculdade conferida ao magistrado, guiada pelas norteadoras do artigo 57 da LEP.
Há mais.
Reconhecida judicialmente a prática de falta grave, e feita a opção sancionatória, poderá o juiz quantificar a revogação em até um terço dos dias remidos, cumprindo seja balizada sua decisão em critérios de necessidade, utilidade, razoabilidade e proporcionalidade, com adequada fundamentação (artigo 93, IX, CF) no tocante a sua escolha entre os limites mínimo um dia e máximo de um terço.
Como se percebe, deixou de ter aplicação prática a Súmula Vinculante n. 9, exceto para afirmar a constitucionalidade da perda de dias remidos, em razão do cometimento de falta grave. Acabou a discussão quanto à recepção do artigo 127 pela ordem constitucional vigente, como também está resolvida a questão relacionada ao limite de perda dos dias remidos.
As modificações determinadas pelo novo artigo 127 da LEP têm aplicação retroativa, alcançando os fatos ocorridos antes de sua vigência, por força do disposto no artigo 5º, inciso XL, da CF, na Súmula 611 do STF e no artigo 66, inciso I, da LEP, do que decorre a necessidade de revisão ex officio das decisões que determinaram perda de dias remidos em razão de falta grave, visto que, no máximo, será caso de decotar um terço dos dias remidos, o que implicará na imediata devolução a estes executados de, no mínimo, dois terços dos dias que haviam perdido.
Como se procede ao abatimento dos dias remidos? 
Sempre foi relevante saber a fórmula a ser empregada para o desconto dos dias remidos, pois sobre tal questão existiam duas posições, e da adoção de uma ou outra resultava manifesto benefício ou prejuízo ao sentenciado.
1ª posição: o tempo remido deve ser somado ao tempo de pena cumprida;
2ª posição: o tempo remido deve ser abatido do total da pena aplicada.
A primeira posição apontada é a correta e se revela mais benéfica ao sentenciado (cf. Renato Marcão, Curso de Execução Penal, 9 ed. Saraiva, 2011), mas na prática judiciária não prevalecia, especialmente no Primeiro Grau, o que terminava por ensejar a interposição de recursos evitáveis.
O Superior Tribunal de Justiça já havia se posicionado reiteradas vezes nesse sentido, inclusive indicando expressamente nossa forma de pensar.
Colocando fim à controvérsia, a Lei 12.433/2011 deu ao artigo 128 da LEP a seguinte redação: “O tempo remido será computado como pena cumprida, para todos os efeitos”. A regra é impositiva. Está encerrada a discussão.
Crimes hediondos e assemelhados
Na Câmara dos Deputados o texto do PL 7.824/2010, que foi convertido na Lei 12.433, de 29 de junho de 2011, recebeu uma emenda proibindo a remição de pena pelo trabalho ou pelo estudo aos condenados por crimes hediondos ou equiparados.
A emenda desatendia por completo o ideal ressocializador e esbarrava em inconstitucionalidade. Bem por isso não vingou. As regras relacionadas à remição pelo trabalho e pelo estudo são aplicáveis, sem restrições, aos condenados por crimes hediondos ou assemelhados.
No geral, foram acertadas as modificações.
Progressão e a Regressão de Regimes Prisionais
O § 2º do art. 33 do CP diz que as penas privativas de liberdade deverão ser executadas em forma progressiva, segundo o mérito do condenado. A progressão é um misto de tempo mínimo de cumprimento de pena (critério objetivo) com o mérito do condenado (critério subjetivo). 
Apontando o critério de ordem objetiva, o art. 112 da Lei 7.210/84 diz que a pena privativa de liberdade será executada de forma progressiva, com a transferência para regime menos rigoroso, a ser determinado pelo juiz, quando o preso tiver cumprido ao menos um sexto da pena no regime anterior; em seguida aponta o critério de ordem subjetiva, ou seja, o mérito do condenado. O primeiro passo é a análise do requisito objetivo e, em seguida, analisa-se o requisito subjetivo.
Ponto que gera dúvida em nossa doutrina diz respeito aos cálculos para a segunda progressão de regime. O cálculo relativo à sexta parte da pena cumprida, para fins de segunda progressão, deverá ser feito sobre o total da condenação ou sobre o tempo que resta cumprir? Segundo Rogério Greco, o cálculo da fração de 1/6 deve incidir sobre o tempo que resta cumprir, pois, o período anterior, utilizado para fins da primeira progressão, já é considerado tempo de pena efetivamente cumprida. Cezar Roberto Bitencourt comunga do mesmo entendimento.
A progressão não poderá ser realizada por “saltos”, isto é, deve-se, obrigatoriamente, obedecer ao regime legal imediatamente seguinte ao qual o condenado vem cumprindo sua pena.
Regressão – vem disciplinada no art. 118 da Lei 7.210/84 que diz que a execução da pena privativa de liberdade ficará sujeita à forma regressiva, com transferência para qualquer dos regimes mais rigorosos, quando o condenado: I – praticar fato definido como crime doloso ou falta grave; II – sofrer condenação, por crime anterior, cuja pena somada ao restante da pena em execução, torne incabível o regime (conforme art. 111, Lei 7.210/84).
Inicialmente, deve ser esclarecido que a primeira parte do inciso I, do art. 118 não foi recepcionada pela CF/88, no entendimento de Rogério Greco, pois, o legislador constituinte, deforma expressa, consagrou o princípio da presunção de inocência no art. 5º, LVII, da CF/88. Assim, somente se aplica a primeira parte do inciso I, do art. 118 da LEP, após o trânsito em julgado da decisão.
No caso da segunda parte do inciso I, da LEP, deve ser observado o que determinam os artigos 50 e 52 do mesmo diploma legal, que definem o que vem a ser “falta grave”.
A Lei de Execução Penal também determina a regressão se o condenado sofrer condenação, por crime anterior (que pode ser doloso ou culposo, pois, a lei não faz distinção), cuja pena, somada ao restante da pena em execução, torne incabível o regime. A situação aqui difere daquela estabelecida no inciso I, pois, neste caso, pouco importa a quantidade de pena, sempre haverá regressão; já no inciso II, não basta a simples condenação, é preciso analisar se a pena desta, somada ao restante daquela que está sendo cumprida, permite ou não a manutenção do condenado no regime em que está ou obrigará a regressão.
A regressão,ao contrário do que acontece com a progressão, não precisa observar a seqüência da lei (ou seja, do aberto para o semi-aberto; do semi-aberto para o fechado), podendo ocorrer, por exemplo, do regime aberto diretamente para o regime fechado.
“ Regime Integralmente Fechado” Estabelecido Pela Lei 8.072/90 (Hediondos) e alteração pela Lei 11.464/07:
O § 2º do art. 2º da lei 8.072/90 determinava que a pena prevista para os crimes hediondos, a prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins e o terrorismo devia ser cumprida integralmente em regime fechado. 
A respeito da determinação legal acima, basicamente duas correntes se formaram: uma delas, capitaneada por Alberto Silva Franco, entendia pela inconstitucionalidade do mencionado parágrafo, sob o argumento de que tal proibição de progressão viola os princípios da legalidade, da humanidade e o da individualização da pena. Em sentido contrário, afirmando pela constitucionalidade do dispositivo legal, outros autores, dentre os quais Rogério Greco, afirmavam que a fixação de parâmetros dentro dos quais o julgador poderá efetivar a condenação ou a individualização da pena é função da lei. Assim, se o legislador ordinário dispôs, no uso da prerrogativa que lhe foi concedida pela norma constitucional (art. 5º, XLVI, CF/88), que nos crimes hediondos o cumprimento da pena será no regime fechado, significa que não quis ele deixar, em relação aos crimes dessa natureza, qualquer discricionariedade ao juiz, na fixação do regime prisional (posicionamento do STF).
Aproximadamente sete anos após a Lei 8.072/90, veio à lume a Lei 9.455/97, que definiu o crime de tortura e trouxe outras providências. Dentre estas, no § 7º do art. 1º, esta lei previu que o condenado por crime nela estabelecido, salvo na hipótese de seu § 2º (neste caso o regime inicial pode o aberto ou o semi-aberto, pois, a pena é de detenção), iniciará o cumprimento da pena em regime fechado.
Com o surgimento da Lei 9.455/97, muitos doutrinadores passaram a entender que a referida lei, por ser posterior à Lei 8.072/90, havia derrogado esta última, no que se refere ao regime cumprimento de pena, ou seja, a possibilidade de progressão de regime prevista na Lei 9.455/97, seria aplicável também à Lei 8.072/90 pelo fato de que a tortura é crime equiparado a hediondo. Outra corrente, no entanto, afirmava que a progressão de regime prevista na Lei 9.455/97 não seria extensiva à Lei 8.072/90 porque aquela lei é especial em relação a esta. Assim, passou a prevalecer o entendimento de que a progressão de regime é específica para o crime de tortura, não podendo ser estendida às demais infrações penais elencadas pela Lei 8.072/90 (posicionamento do STF).
A discussão terminou com o advento da Lei 11.464/07, ao determinar a possibilidade de progressão de regime depois de cumpridos 2/5 de sua pena, e se for reincidente, 3/5.
Sumula 471 STJ
DETRAÇÃO PENAL – CONCEITO E POSSIBILIDADE – Art. 42 do Código Penal
Detração é o instituto jurídico mediante o qual computam-se, na pena privativa de liberdade e na medida de segurança, o tempo de prisão provisória, no Brasil ou no estrangeiro, o de prisão administrativa e o de internação em qualquer dos estabelecimentos referidos no art. 41 do Código Penal.
As espécies de prisão provisória ou cautelar são as seguintes: a) prisão em flagrante; b) prisão preventiva; c) prisão temporária; d) prisão em virtude de sentença de pronúncia; e) prisão em virtude de sentença penal condenatória recorrível.
Alguns problemas surgem em sede de detração penal. Se, por exemplo, o agente vier a cometer vários delitos e somente em um dos processos em que estava sendo julgado for decretada sua prisão preventiva e, posteriormente, vem a ser absolvido neste processo e condenado nos demais, poderia fazer uso da detração, já que, no processo que justificou a prisão preventiva o agente foi absolvido? Sim, visto que o condenado estava respondendo simultaneamente a várias infrações penais, razão pela qual será possível descontar na sua pena o tempo em que esteve preso cautelarmente. O art. 111 da Lei 7.210/84 nos ajuda a entender essa situação.
Em outra hipótese, se o agente é absolvido em um processo pelo qual havia permanecido preso cautelarmente e, tempos depois comete um novo crime, vindo a ser condenado a pena privativa de liberdade, poderá ser realizada a detração? Nesse caso, não. Isso porque, para que haja detração os processos devem tramitar simultaneamente. Segundo Damásio E. de Jesus, para que haja aplicaçào da detração penal, deve existir nexo de causalidade entra a prisão cautelar e a pena privativa de liberdade. Assim, quando os delitos estejam ligados pela continência ou conexão, reunidos num só processo ou em processos diversos.
O art. 42 do Código Penal fala também em tempo de internação em hospital de custódia e tratamento psiquiátrico ou em outro estabelecimento adequado para efeitos de detração na medida de segurança.
Na verdade o que se espera deduzir não é o tempo em que o sujeito ficará internado para fins de tratamento. A detração aqui mencionada diz respeito ao tempo em que o juiz determinou para a realização do primeiro exame de cessação de periculosidade, uma vez que, segundo o art. 97, § 1º do CP, a internação ou tratamento ambulatorial, será por tempo indeterminado.
SUSPENSÃO CONDICIONAL DA PENA – SURSIS
A suspensão condicional da pena é uma verdadeira medida descaracterizadora que tem por finalidade evitar o aprisionamento daqueles que foram condenados a penas de curta duração, evitando-se, com isso, o convívio promíscuo e estigmatizante do cárcere.
Quanto à natureza jurídica da suspensão condicional da pena, não há consenso entre os doutrinadores. Atualmente a doutrina majoritária vê no instituto em exame um direito público subjetivo do condenado (ver artigos 156 e 157 da lei 7.210/84 – LEP). Cezar Roberto Bitencourt entende que a suspensão condicional da pena é uma verdadeira condenação, sendo, apenas, uma modificação na forma de cumprimento da sanção que é suspensa.
Requisitos
O art. 77 do CP elenca os requisitos objetivos e subjetivos necessários à concessão da suspensão condicional da pena, também chamada de sursis.
Os requisitos objetivos são: no chamado sursis simples, a condenação a pena privativa de liberdade não superior a dois anos e, no sursus etário ou no sursis humanitário (§ 2º, do art. 77 do CP), a condenação a pena privativa de liberdade não superior a quatro anos.
Os requisitos subjetivos são: a) que o condenado não seja reincidente em crime doloso; b) que a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e personalidade do agente, bem como os motivos e as circunstâncias autorizem a concessão do benefício.
Lembramos que, de acordo com o § 1º do art. 77 do CP, ainda que o condenado seja reincidente em crime doloso, se a pena aplicada ao crime anterior tiver sido de multa, ainda assim poderá obter o sursis no crime posterior. Além disso, deve ser observado o disposto no artigo 64 do CP.
Espécies: O Código Penal prevê 3 espécies de suspensão condicional da pena, a saber:
Sursis simples
Vem previsto no § 1º do art. 78 do CP. Uma vez determinado o período de prova, no qual deverá cumprir todas as condições que lhe foram determinadas na sentença penal condenatória, o condenado, no primeiro ano do prazo, deverá prestar serviços à comunidade (art. 46 do CP) ou submeter-se à limitação de fim de semana (art. 48 do CP).
Encontra-se previsto no § 2º do art. 78 do CP. Se o condenado tiver reparado o dano, salvo impossibilidade de fazê-lo, e se as circunstâncias do art. 59 lhe forem favoráveis, o juiz poderá substituir a exigência do § 1º pelas seguintes condições, aplicadas cumulativamente: a) proibição de freqüentar determinados lugares; b) proibição de ausentar-se da comarca onde reside, sem autorização do juiz; c) comparecimento pessoal e obrigatório a juízo, mensalmente, para informar e justificar suas atividades. Além dessas condições (legais) o juiz pode impor outras,nos termos do art. 79 do CP (judiciais), desde que adequadas ao fato e à situação do condenado.
Sursis etário: É aquele concedido ao maior de 70 anos de idade que tenha sido condenado a uma pena privativa de liberdade não superior a quatro anos. Nesta hipótese a pena poderá ser suspensa por quatro a seis anos.
Sursis humanitário: Esta modalidade de suspensão condicional da pena foi uma inovação trazida pela lei 9.714/98, permitindo agora, ao condenado a uma pena não superior a quatro anos ver concedida a referida suspensão pelo período de quatro a seis anos, desde que razões de saúde a justifiquem.
Condições
As condições do sursis podem ser legais ou judiciais. Aquelas são determinadas pela própria lei; nestas, o texto legal deixa a determinação à discricionariedade do juiz que, contudo, deverá observar que sejam sempre adequadas ao fato e à situação do condenado.
As condições legais diretas estão previstas nos parágrafos do art. 78 do CP. Para o sursis simples, as do § 1º, quais sejam, a obrigação de prestar serviços à comunidade ou submeter-se à limitação de fim de semana e, para o especial, as do § 2º, que devem ser cumulativas.
As condições judiciais não foram enumeradas no texto legal e ficam a critério do juiz, devendo, contudo, serem adequadas ao fato e ao condenado.
O condenado pode recusar a concessão do sursis e submeter-se ao cumprimento da pena, sendo que, a recusa, ou mesmo a aceitação desse benefício não impede o direito de recorrer, no prazo legal, em virtude do princípio constitucional da ampla defesa.
Período de prova
O lapso temporal em que o beneficiário tem a execução da pena suspensa chama-se período de prova. Com a Reforma Penal de 1984, o período de prova normal foi estabelecido entre dois a quatro anos. Para a hipótese do sursis etário ou do sursis humanitário, esse prazo será de quatro a seis anos, pois, nesse caso, tal benefício pode alcançar condenações a penas privativas de liberdade de até 4 anos. No caso de contravenções penais, o período de prova será de um a três anos (art. 11, DL 3.688/41 – “Lei das Contravenções Penais”).
Doutrina e jurisprudência são unânimes em afirmar que o período de prova deve ser fixado segundo a natureza do crime, a personalidade do agente e a intensidade da pena, não podendo o juiz, senão em hipótese excepcional, estebelecê-lo no prazo máximo e, toda vez que houver fixação acima do prazo mínimo, a decisão deve ser fundamentada.
De acordo com o que prescreve o art. 160 da lei 7.210/84, o sursis só começa a correr depois do trânsito em julgado da decisão condenatória.
Revogação obrigatória: O art. 81 do CP elenca os casos de revogação obrigatória do sursis.
Se o condenado já estava sendo processado por outro crime ou se cometeu outro delito após ter iniciado o período de prova da suspensão condicional da pena, tal fato fará com que este seja prorrogado até o julgamento definitivo. Sobrevindo nova condenação por crime doloso, o sursis será revogado, devendo o condenado dar início ao cumprimento de ambas as penas privativas de liberdade. Rogério Greco entende que, se a segunda condenação for a uma pena de multa, ou se houver substituição da pena privativa de liberdade por multa, não deverá haver revogação, ainda que se trate de crime doloso.
A Segunda hipótese de revogação obrigatória ocorre quando o condenado frustra, embora solvente, a execução da pena de multa ou não efetua, sem motivo justificado, a reparação do dano. Alberto Silva Franco entende que, de acordo com o que estabelece o art. 51 do CP, que afastou de nosso ordenamento jurídico a possibilidade de conversão da pena de multa em pena privativa de liberdade, não há como subsistir a frustração da execução da multa como causa obrigatória de revogação do sursis de que trata a primeira parte do inciso II, do art. 81 do CP.
A terceira hipótese de revogação obrigatória se refere ao descumprimento, no primeiro ano do prazo, da obrigação de prestar serviços à comunidade ou submeter-se à limitação de fim de semana imposta ao sursis simples.
Há, ainda, uma quarta hipótese de revogação obrigatória, não prevista no art. 81 do CP, que é o não comparecimento do condenado à audiência admonitória, conforme determina o art. 161 da lei 7.210/84 (LEP).
Revogação facultativa: O § 1º do art. 81 do CP assevera que a suspensão poderá ser revogada se o condenado: a) descumpre qualquer outra condição imposta; b) é irrecorrivelmente condenado por crime culposo ou por contravenção, a pena privativa de liberdade ou restritiva de direitos.
Porém, antes de proceder à revogação do sursis, deverá o juiz designar audiência de justificação, a fim de que o condenado tenha oportunidade para justificar o descumprimento das condições (ampla defesa).
Importante ressaltar que, no caso de condenação por crime culposo ou por contravenção, se a pena imposta for, unicamente, a de multa, não poderá o sursis ser revogado.
Prorrogação
De acordo com o que prescreve o § 2º do art. 81 do CP, se o beneficiário do sursis está sendo processado por outro crime ou contravenção, considera-se prorrogado o prazo da suspensão até o julgamento definitivo.
Tal prorrogação é automática, não havendo necessidade de ser declarada nos autos. Assim, se o beneficiário estiver sendo processado por outro crime ou contravenção, mesmo que já tenha transcorrido o prazo referente ao período de prova, sem que tenha sido, ainda, declarada a extinção da pena, não terá aquele direito subjetivo em vê-la reconhecida, podendo o julgador determinar a prorrogação mesmo após decorrido totalmente o prazo do período de prova.
Diferença entre sursis e a suspensão condicional do processo
A suspensão condicional do processo, também chamada por parte da doutrina de “sursis processual”, é um instituto jurídico que tem por finalidade evitar a aplicação de pena privativa de liberdade nos crimes em que a pena mínima cominada seja igual ou inferior a um ano (art. 89 da Lei 9.099/95).
Diversamente do que ocorre com o sursis propriamente dito, na suspensão condicional do processo não há condenação do réu. 
De acordo com o que prescreve o art. 89 da Lei 9.099/95, o MP e, segundo entende o prof. Rogério Greco, também o querelante, ao oferecer a denúncia ou a queixa, podem propor a suspensão do processo por dois a quatro anos, desde que o acusado não esteja sendo processado ou não tenha sido condenado por outro crime (excluindo-se as contravenções), presentes os demais requisitos que autorizam a suspensão condicional da pena, elencados no art. 77 do CP.
Existe diversidade de conseqüências quanto a aplicação dos dois institutos conforme abaixo se demonstra:
1)No sursis o agente foi condenado e a concessão da suspensão condicional da pena somente ocorrerá após o trânsito em julgado da sentença condenatória;
2)Na suspensão condicional do processo, o juiz somente recebe a denúncia, sendo que os demais atos do processo ficarão suspensos, não havendo condenação;
3)A vítima que figurou no processo no qual foi concedido o sursis tem direito ao seu título executivo judicial, nos termos do art. 584, II do CPP;
4)A vítima que figurou no processo no qual foi concedida suspensão condicional do processo, como não existe condenação com trânsito em julgado, não tem direito a título executivo judicial (o que não impede que venha a propor ação civil de conhecimento com o fito de buscar a reparação pecuniária pelo dano sofrido);
5)O beneficiário com o sursis, após o período de prova, não apaga seus dados criminais, servido a condenação suspensa para forjar a reincidência ou os maus antecedentes;
6)Como não há condenação, uma vez cumpridas as condições da suspensão condicional do processo, expirado o prazo sem revogação, o juiz declarará a extinção da punibilidade, não servindo tal declaração para fins de reincidência ou mesmo maus antecedentes.
LIVRAMENTO CONDICIONAL
Durante o cumprimento de sua pena o condenado poderá fazer jus a uma série de benefícios legais, podendo-se destacar, dentreeles, o livramento condicional. Como medida de política criminal, o livramento condicional permite que o condenado abrevie sua reinserção no convívio social, cumprindo parte de sua pena em liberdade, desde que presentes os requisitos de ordem subjetiva e objetiva, mediante o cumprimento de determinadas condições.
De acordo com a doutrina majoritária o livramento condicional tem natureza jurídica de direito subjetivo do condenado.
Requisitos do livramento condicional
O art. 83, incisos e parágrafo único do Código Penal traçam os requisitos necessários à concessão do livramento condicional. São eles:
1)Pena privativa de liberdade igual ou superior a dois anos – O primeiro requisito, de natureza objetiva, diz respeito ao tempo mínimo de pena aplicada ao condenado. Para que seja viabilizado o livramento condicional é preciso que o total das penas privativas de liberdade aplicadas seja igual ou superior a dois anos, mesmo que, para se chegar a esse quantum sejam somadas todas as penas correspondentes às diversas infrações penais praticadas, nos termos do art. 84 do CP.
A doutrina e da jurisprudência majoritárias, em face da exigência acima, entendem que, se o réu for condenado a pena inferior a dois anos, mas, não lhe for concedido o sursis nem substituição por pena restritiva de direitos, poderá recorrer para agravar a pena aplicada no juízo a quo a fim de que possa fazer jus ao livramento condicional.
2)Cumprimento de um terço da pena se o condenado não for reincidente em crime doloso e tiver bons antecedentes – Para que o condenado possa ser beneficiado com o livramento condicional é preciso que, nos termos do inciso I, do art. 83 do CP, tenha ele cumprido mais de um terço da pena que lhe fora aplicada, desde que não seja reincidente em crime doloso e que tenha bons antecedentes.
3)Cumprimento de mais da metade da pena se o condenado for reincidente em crime doloso – Esta hipótese destina-se aos condenados reincidentes em crimes dolosos. Segundo Rogério Greco, o condenado portador de maus antecedentes também deve cumprir mais da metade da pena, já que o inciso I, do art. 83 também exige que o condenado tenha bons antecedentes.
4)Comprovação de comportamento satisfatório durante a execução da pena, bom desempenho no trabalho que lhe foi atribuído e aptidão para prover a própria subsistência mediante trabalho honesto – O condenado deverá comprovar que, durante a execução de sua pena cumpriu as obrigações que lhe foram determinadas, bem como tenha tido um comportamento disciplinado; além disso, deverá também, comprovar sua aptidão para prover a própria subsistência mediante trabalho honesto (não se exige trabalho com carteira assinada, mas, honesto).
5)Comprovação da reparação do dano causado pela infração, ou da impossibilidade de fazê-la – Não pode postular o benefício o sentenciado que, não demonstrando haver satisfeito as obrigações civis resultantes do crime, igualmente não faça a prova da impossibilidade de reparar o dano causado pelo delito.
6)Cumprimento de mais de dois terços da pena, nos casos de condenação por crime hediondo ou equiparado, se o apenado não for reincidente específico em crimes dessa natureza – Além do tempo maior de cumprimento da pena, o condenado por crime hediondo ou equiparado não poderá ser considerado reincidente específico em crimes dessa natureza. O conceito de crimes de mesma natureza gera algumas controvérsias na doutrina e na jurisprudência. Para uma corrente, são crimes da mesma natureza os previstos no mesmo dispositivo legal; entretanto vem prevalecendo o entendimento de crimes da mesma natureza são aqueles que tutelam o mesmo bem jurídico e, é nesse sentido que a expressão é utilizada na parte final do inciso V, do art. 83, do CP. Dessa forma, o indivíduo que comete estupro e, depois de transitada em julgado a sentença, comete atentado violento ao pudor será reincidente específico em crimes da mesma natureza o que já não ocorrerá se, por exemplo, cometer estupro e, depois, latrocínio, pois, neste caso os bens juridicamente tutelados são diversos. Além disso, lembramos que a reincidência específica só ocorre no caso das infrações previstas na lei 8.078/90, pois, não há mais previsão desse instituto no CP.
7)Ausência de violência ou grave ameaça à pessoa – O parágrafo único do art. 83 do CP também exige que, nos crimes cometidos com violência ou grave ameaça à pessoa, deve haver constatação de condições pessoais que façam presumir que o liberado não voltará a delinqüir.
Condições para o cumprimento do livramento condicional
A sentença que concede o livramento condicional deve especificar as condições as quais ficará subordinado, conforme determina o art. 85 do CP.
As condições a serem impostas ao condenado são especificadas no § 1º do art. 132 da lei 7.210/84 (LEP), quais sejam: a) obter ocupação lícita, no prazo razoável, se for apto para o trabalho; b) comunicar periodicamente ao juiz sua ocupação; c) não mudar do território da comarca do Juízo da Execução sem prévia autorização deste. Além dessas, o § 2º do mesmo artigo diz ainda ser facultado ao juiz da execução impor ao liberado as obrigações de: a) não mudar de residência sem comunicação ao juiz e à autoridade incumbida da observação cautelar e de proteção; b) recolher-se à habitação em hora fixada; c) não freqüentar determinados lugares.
Revogação do livramento condicional: Os artigos 86 e 87 do CP prevêem, respectivamente, as duas hipóteses de revogação do livramento condicional, sendo obrigatória no primeiro caso e facultativa no segundo.
Revogação obrigatória: A primeira hipótese de revogação, tida como obrigatória, ocorre em virtude de ter o agente cometido novo crime após ter sido colocado em liberdade, quando já havia iniciado o cumprimento das condições aplicadas ao livramento condicional. Como penalidade por ter praticado o crime após o início do livramento condicional, o liberado perderá todo o período em que permaneceu livre. O tempo total da pena anterior que ainda restava cumprir será somado com a condenação posterior, para efeitos de cumprimento da pena privativa de liberdade. 
No caso do inciso II, do art. 86 do CP, se o liberado vier a ser condenado por crime anterior, se a soma do tempo que resta a cumprir com a nova condenação não permitir a sua permanência em liberdade, deverá ser revogado o benefício.
Revogação facultativa: O art. 87 do CP, a seu turno, prevê a revogação facultativa do livramento condicional, devendo ser analisado conjuntamente com os arts. 141 e 142 da lei 7.210/84 (LEP).
Na hipótese de revogação facultativa em virtude da prática de infração penal cometida anteriormente à vigência do livramento, será computado como tempo de cumprimento de pena o período de prova, sendo permitida, para a concessão de novo livramento, a soma do tempo das duas penas (art. 141 da LEP). Dessa forma, o liberado não perderá o tempo de pena já cumprido em liberdade, uma vez que a infração penal pela qual foi condenado foi cometida anteriormente à concessão do benefício.
No caso de não estar o liberado cumprindo as condições impostas na sentença, o juiz, antes de revogar o benefício, deverá ouvi-lo, permitindo que se justifique. Se, mesmo assim, entender o magistrado pela revogação, não se computará na pena o tempo em que esteve solto o liberado, tampouco se concederá, em relação à mesma pena, novo livramento (art. 142 da LEP). Também no caso de ter sido o liberado irrecorrivelmente condenado por crime ou contravenção, a pena que não seja privativa de liberdade, praticados durante a vigência do livramento, sendo este revogado, deverá perder todo o período em que permaneceu em liberdade.
Extinção da pena
Tendo cumprido todo o período de prova sem que tenha havido revogação do benefício, o juiz, de ofício, a requerimento do interessado, do Ministério Público ou mediante representação do Conselho Penitenciário, declarará a extinção da pena, salvo enquanto não passar em julgado a sentença em processo a que responde o liberado, porcrime cometido na vigência do benefício (art. 89 do CP).
Caso o delito tenha sido praticado anteriormente à vigência do benefício, como o liberado não perderá o tempo correspondente ao período em que esteve solto, poderá ser declarada a extinção da pena privativa de liberdade, uma vez expirado o prazo do livramento, sem que tenha havido revogação (art. 90 do CP e 146 da LEP).
Execução provisória da sentença e livramento condicional
Pode acontecer que o sentenciado, preso cautelarmente, ainda esteja aguardando o julgamento do seu recurso, tendo a decisão, contudo, transitado em julgado somente para o MP. Nessa hipótese, poderá ser concedido o livramento condicional àquele que ainda não goza do status de condenado, pois que o sentenciado e, possivelmente, futuro condenado não poderá ser prejudicado pelo simples fato de haver recorrido da decisão que o condenou ao cumprimento de uma pena privativa de liberdade. Se já se encontram presentes os requisitos objetivos e subjetivos necessários à concessão do benefício, pelo fato de não ter havido recurso do MP e sendo impossível a reformatio in pejus, deve o sentenciado ser beneficiado com o livramento condicional, mesmo antes do trânsito em julgado da decisão.

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