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1 de 4 Por Carlos Xavier para Direito sem Juridiquês Assistia ao vídeo clicando aqui 1. Introdução: Este é um resumo sobre o Neoconstitucionalismo, uma maneira de designarmos o atual estágio de desenvolvimento do nosso Direito no que diz respeito à forma como compreendemos o Estado e suas funções.1 2. “Neoconstitucionalismo” – uma expressão tipicamente ibero- americana: Inicialmente, precisamos saber que essa expressão, Neoconstitucionalismo, é muito questionada, foi consagrada na Espanha e veio aqui para a América Latina. Ou seja, essa é uma expressão usada aqui e na península ibérica. Então podemos dizer que é uma expressão tipicamente ibero-americana. 1 A melhor compreensão do assunto passa pelo estudo dos seguintes conteúdos, todos eles também resumidos em textos anteriores: Estado de Direito e Estado Democrático de Direito (e um pequeno glossário do Estado contemporâneo); Estado Constitucional (e algumas noções sobre controle concentrado de constitucionalidade); Constitucionalidade Formal e Constitucionalidade Material; Princípios e Regras. 2 de 4 Mas nós aqui não vamos nos preocupar com essa disputa interminável em torno de conceitos, porque a expressão tem sim, o seu valor didático, e é isso que nos interessa aqui. 3. Característica central – preocupação com a efetividade dos direitos fundamentais (introdução do controle da inconstitucionalidade por omissão): Passemos, então, à característica central desse estágio do desenvolvimento do Estado que alguns chamam de Neoconstitucionalismo. Essa característica é a preocupação com a verdadeira concretização dos direitos fundamentais. Pegando emprestada uma expressão de Ronald Dworkin, trata-se de “levar os direitos fundamentais a sério.” Isso faz com que o Poder Judiciário comece a realizar o controle da inconstitucionalidade por omissão. Mas o que significa isso? No estágio anterior, que englobaria o Constitucionalismo e o Estado Constitucional, nós chegamos até o controle da constitucionalidade da ação legislativa. Quer dizer que para haver o controle da constitucionalidade era necessário que o Poder Legislativo agisse. Ele edita uma lei, e aí nós vamos verificar se ela é formalmente ou materialmente inconstitucional. O controle da inconstitucionalidade por omissão é o controle da falta de lei. Então, a situação é um direito fundamental que não está sendo atendido por falta de lei. Agora nós admitimos que o Poder Judiciário controle a falta de lei. Mas é necessário tomar muito cuidado: a margem de liberdade do Poder Judiciário para tutelar um direito fundamental é menor do que a do Poder Legislativo, questão a ser aprofundada no resumo sobre a inconstitucionalidade por omissão. 3 de 4 4. Relembrando dois conceitos – Constitucionalismo e Estado Constitucional: Mas para avançarmos na compreensão do conceito, precisamos, efetivamente, dar um passo atrás na História, lembrando o significado das expressões “Constitucionalismo”2 e “Estado Constitucional.”3 A expressão “Constitucionalismo” trata de um período que abrange desde a Revolução Francesa, quando começa o Estado Legislativo, até o pós II Guerra na Europa, quando nós temos o Estado Constitucional. Aqui, temos, primeiro, supremacia da lei (Estado Legislativo) e, depois, supremacia da Constituição (Estado Constitucional). Precisamos lembrar que, na Europa continental, somente vamos verificar o controle do conteúdo da decisão do legislador, das escolhas feitas pelo Poder Legislativo, após a II Guerra, quando os princípios passam a ser considerados verdadeiramente como normas jurídicas.4 Somente a partir desse momento é que nós temos o que podemos chamar de “Estado Constitucional.” Mas, por favor, não confunda as expressões Constitucionalismo e Estado Constitucional. O Constitucionalismo abrange um período histórico mais amplo, que vem desde a Revolução Francesa, quando começa o “Estado Legislativo” até o Estado Constitucional. 5. Transição para o Neoconstitucinalismo (Estado Neoconstitucional): Colocando nosso referencial no “Constitucionalismo” e no “Estado Constitucional”, é possível fazermos então a transição para o que chamamos agora de Neoconstitucionalismo ou de Estado Neoconstitucional. Quando começamos a admitir o controle da inconstitucionalidade da omissão, então falamos em Neoconstitucionalismo para contrapor à ideia de Constitucionalismo, e em Estado Neoconstitucional para contrapor à ideia de Estado Constitucional. 2 Recomenda-se o vídeo Breve Glossário do Estado Contemporâneo. 3 Recomenda-se o vídeo Estado Constitucional. 4 Recomenda-se o vídeo Princípios e Regras. 4 de 4 6. Principais ideias introduzidas pelo Neoconstitucionalismo: E, para encerrar, podemos reunir as principais ideias que são introduzidas pelo Estado neoconstitucional: já tratamos da efetividade dos direitos fundamentais e o controle da omissão inconstitucional. Podemos apresentar ainda outras duas, ligadas a essas: do ponto de vista político, a ideia de “ativismo judicial” (o juiz não é mais somente um aplicador passivo da lei) e, do ponto de vista da teoria do Direito e da hermenêutica, a “ideologia dinâmica da interpretação.” Mas esses são assuntos para os próximos resumos. 7. Resumindo: NEOCONSTITUCIONALISMO Expressão tipicamente ibero-americana Apesar da controvérsia que gira em torno do seu emprego, tem valor didático para descrever a forma como o Estado é compreendido PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DO NEOCONSTITUCIONALISMO (OU DO “ESTADO NEOCONSTITUCIONAL”) Preocupação com a efetividade (concretização) dos direitos fundamentais Controle da inconstitucionalidade por omissão Ativismo judicial (o Poder Judiciário não é mais um simples aplicador da lei, mas tem uma postura ativa na criação do Direito) Ideologia dinâmica da interpretação (cisão entre texto e norma) 8. Indicações bibliográficas: Curso de Direito Constitucional. Sarlet, Marinoni e Mitidiero. Curso de Direito Constitucional. Gilmar Mendes e Paulo Branco. Teoria do Processo Civil. Marinoni, Arenhart e Mitidiero. O que significa Neoconstitucionalismo? André Trindade.
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