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ESTRUTURAS DE CONCRETO ARMADO I Prof. Dr. Esperidião Fecury Pinheiro de Lima Dimensionamento no ELU sujeito a solicitações normais – Vigas Continuação 2 Hipóteses básicas de cálculo a flexão pura A NBR – 6118 – 17.2.2 adota as hipóteses abaixo para análise no ELU dos esforços de seções transversais de vigas, pilares ou tirantes, submetidos a momento fletor e força normal, ou seja, solicitações normais. a) As seções transversais permanecem planas após a deformação até a ruptura da peça (hipótese de Bernoulli); b) A deformação em cada barra de aço em tração ou compressão é a mesma do concreto em seu entorno (Aderência); c) No ELU as resistências a tração do concreto são desprezadas; Vigas 3 d) A tensão no aço das armaduras é obtida pelo diagrama tensão- deformação simplificado, já visto, com 𝛾𝑠 = 1,15. 𝜀𝑦𝑘 𝜀𝑦𝑑 𝐷𝑖𝑎𝑔𝑟𝑎𝑚𝑎 𝑐𝑎𝑟𝑎𝑐𝑡𝑒𝑟í𝑠𝑡𝑖𝑐𝑜 𝐷𝑖𝑎𝑔𝑟𝑎𝑚𝑎 𝑑𝑒 𝑐á𝑙𝑐𝑢𝑙𝑜 10 ‰ Vigas 4 e) As tensões de compressão no concreto são distribuídas de acordo com o diagrama parábola-retângulo, já visto, com a tensão máxima de 0,85𝑓𝑐𝑑. Vigas 5 Podemos substituir esta distribuição por um diagrama retangular simplificado Vigas 𝜆 e 𝛼𝑐 definem a altura do diagrama retangular e a tensão máxima no concreto. 𝑧𝑐𝑐 = 𝑑 − 0,5𝑦 6 Seção transversal em perspectiva com diagramas parábola- retângulo e retângulo simplificado (conduz a um equacionamento mais simplificado e resultados bem próximos ao parábola-retângulo) 0,5𝑦 𝑅𝑐𝑐 𝑧𝑐𝑐 = 𝑑 − 0,5𝑦 𝑅𝑠𝑡 𝜆𝑥 Vigas 𝑥 𝑥 7 Onde: 𝑓𝑐𝑘 ≤ 50𝑀𝑃𝑎 ∶ 𝜆 = 0,8 e 𝛼𝑐 = 0,85 𝑓𝑐𝑘 > 50𝑀𝑃𝑎 ∶ 𝜆 = 0,8 - (fck – 50)/400 e 𝛼𝑐 = 0,85[1 − (fck – 50)/200] Vigas 𝑧𝑐𝑐 = 𝑑 − 0,5𝑦 8 A tabela nos fornece os valores de 𝜆 e 𝛼𝑐 para as classes C20 a C90: Vigas 9 A seguir, apresenta-se exemplos de variação da largura da zona comprimida, medida paralelamente a LN. a) Constante ou crescente na zona comprimida 𝜎𝑐𝑑 = 0,85𝑓𝑐𝑑 = 0,85𝑓𝑐𝑘 𝛾𝑐 → para concretos do Grupo I(𝑓𝑐𝑘 ≤ 50MPa) 𝜎𝑐𝑑 = 1 − 𝑓𝑐𝑘 − 50 200 0,85𝑓𝑐𝑑→ para concretos do Grupo II(𝑓𝑐𝑘 > 50MPa) Vigas 10 b) Decrescente na zona comprimida 𝜎𝑐𝑑 = 0,9.0,85𝑓𝑐𝑑 → para concretos do Grupo I(𝑓𝑐𝑘 ≤ 50MPa) 𝜎𝑐𝑑 = 0,9 1 − 𝑓𝑐𝑘 − 50 200 0,85𝑓𝑐𝑑 → para concretos do Grupo II(𝑓𝑐𝑘 > 50MPa) Vigas Vigas Dimensionamento de seções com armadura simples • Quando a seção necessita apenas de uma armadura longitudinal resistente a tração; • São colocadas também barras longitudinais nas regiões comprimidas para amarração de estribos; • Só o concreto resiste a compressão. 11 Ferros guias As 12 Armadura longitudinal resistente a tração (causadas pela flexão); Só o concreto resiste a compressão; Armadura transversal para resistir ao cortante (estribos); São colocadas também barras longitudinais nas regiões comprimidas para amarração de estribos. Vigas P P Vigas Futuramente será estudada a armadura dupla 13 As As’ As’ → armadura que resiste a compressão junto ao concreto As → armadura tracionada 14 Foi Visto: a) Para dimensionar uma peça a flexão deve-se: Dimensões da seção (𝑏𝜔x h) Armaduras (As) Vigas 15 b) Verificar os ELS adequados (flechas e fissurações) para os valores característicos (ou de serviço) das resistências dos materiais e do momento fletor 𝑀𝑘. Vigas Assegura-se margem pré-estabelecida de segurança ao ELU : 𝑀𝑑 = 𝛾𝑓𝑀𝑘 Momento Fletor de Cálculo, último ou ruptura. Momento Característico ou de Serviço Vigas Equações de Equilíbrio A formulação dos esforços internos resistentes de uma viga sob flexão simples é obtida com base nas equações de equilíbrio. 16 𝑁 = 0 e 𝑀 = 0 Seja a seção transversal de uma viga (𝑏𝜔 × ℎ) sob flexão simples M → Momento positivo solicitante; As → Armadura tracionada; A’c → Área de concreto comprimido; 𝑥 → Distância da LN a fibra superior. d → Distância da fibra superior ao CG de As. LN 𝑥 𝑥 Vigas Diagrama de deformação ao longo da altura 17 𝜖𝑐𝑑→ Máxima deformação de encurtamento do concreto comprimido; 𝜖𝑠𝑑→ Deformação de alongamento na armadura tracionada. 𝑥 d−𝑥 Vigas 18 O diagrama retangular simplificado de distribuição de tensões de compressão (Grupo I, fck ≤ 50 Mpa) possui: Altura: 𝑦 = 0,8𝑥 Tensão de compressão no concreto: 𝜎𝑐𝑑 = 0,85𝑓𝑐𝑑 𝑥 𝑥 d−𝑥 𝑦 = 0,8𝑥 Vigas Diagrama retangular simplificado de distribuição de tensões de compressão (Grupo I, fck ≤ 50MPa) 19 Como resultantes de tensões, têm-se: 𝑅𝑐𝑐→ Resultante de tensões de compressão no concreto; 𝑅𝑠𝑡→ Resultante de tensões de tração no aço. 𝑥 d−𝑥 𝑦 = 0,8𝑥 Vigas Equilíbrio das forças normais 20 Como: • Na flexão simples não ocorrem forças normais solicitantes; • A resultante das tensões de compressão no concreto (𝑹𝒄𝒄) deve estar em equilíbrio com a força resultante das tensões de tração na armadura As (𝑹𝒔𝒕); 𝑹𝒄𝒄 = 𝑹𝒔𝒕 𝑥 d−𝑥 𝑦 = 0,8𝑥 Vigas Da Resmat, 𝜎 = 𝑅 𝐴 Então, 𝑅𝑐𝑐 = 𝜎𝑐𝑑𝐴′𝑐 A’c corresponde ao diagrama retangular simplificado com altura 0,8𝑥 𝑅𝑐𝑐 = 0,85𝑓𝑐𝑑 . 0,8𝑥𝑏𝜔 Então, 𝑅𝑐𝑐 = 0,68𝑏𝜔𝑥𝑓𝑐𝑑 Analogamente: 𝑅𝑠𝑡 = 𝜎𝑠𝑑 . 𝐴𝑠 21 Tensão de cálculo da armadura tracionada Área de aço 0,4𝑥 𝑥 0,8𝑥 0,4𝑥 𝑥 0,8𝑥 Vigas Equilíbrio de Momentos Fletores na Seção Considerando o equilíbrio dos momentos fletores na seção, temos: 𝑀𝑠𝑜𝑙𝑖𝑐. = 𝑀𝑟𝑒𝑠𝑖𝑠𝑡. 𝑐𝑜𝑛𝑐𝑟𝑒𝑡𝑜 𝑒 𝑎ç𝑜 = 𝑀𝑑 𝑀𝑜𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 𝑑𝑒 𝑐á𝑙𝑐𝑢𝑙𝑜 22 As forças resistentes internas formam um binário oposto ao momento 𝑀𝑠𝑜𝑙𝑖𝑐. 𝑀𝑑 = 𝑅𝑐𝑐 . 𝑍𝑐𝑐 𝑀𝑑 = 𝑅𝑠𝑡 . 𝑍𝑐𝑐 Como 𝑍𝑐𝑐 = 𝑑 − 0,4𝑥 e 𝑅𝑐𝑐 = 0,68𝑏𝜔𝑥𝑓𝑐𝑑 𝑀𝑑 = 0,68𝑏𝜔𝑥𝑓𝑐𝑑(𝑑 − 0,4𝑥) Valor absoluto = 0,68𝑏𝜔𝑥𝑓𝑐𝑑 = 𝑑 − 0,4𝑥 = 𝜎𝑠𝑑 . 𝐴𝑠 Vigas Como foi visto: 𝑀𝑑 = 𝑅𝑠𝑡 . 𝑍𝑐𝑐 e 𝑅𝑠𝑡 = 𝜎𝑠𝑑 . 𝐴𝑠 Então, 𝑀𝑑 = 𝜎𝑠𝑑 . 𝐴𝑠. 𝑑 − 0,4𝑥 Logo: 𝐴𝑠 = 𝑀𝑑 𝜎𝑠𝑑(𝑑 − 0,4𝑥) 23 Vigas Então, para dimensionar seções retangulares com armadura simples, usamos: 𝑀𝑑 = 0,68𝑏𝜔𝑥𝑓𝑐𝑑 𝑑 − 0,4𝑥 𝐴𝑠 = 𝑀𝑑 𝜎𝑠𝑑(𝑑 − 0,4𝑥) Como existem 7 variáveis, temos que adotar 5 valores. 24 Vigas Na prática fixam-se: • Os materiais (concreto e aço); • Seção transversal; • Momento solicitante (geralmente conhecido). Incógnitas: • Posição da linha neutra (𝑥); • Área da armadura tracionada (𝐴𝑠) Com: 𝑀𝑑 = 0,68𝑏𝜔𝑥𝑓𝑐𝑑 𝑑 − 0,4𝑥 determina-se 𝑥. 25 Vigas Comparando-se 𝑥 com 𝑥2𝑙𝑖𝑚 e 𝑥3𝑙𝑖𝑚 define-se qual o domínio que a viga se encontra(2, 3 ou 4). 26 Nos domínios 2 ou 3 a tensão na armadura tracionada(𝜎𝑠𝑑) é igual a máxima tensão possível, isto é, 𝑓𝑦𝑑. Vigas 27 Definidos 𝑥 e 𝜎𝑠𝑑 calcula-se: 𝐴𝑠 = 𝑀𝑑 𝜎𝑠𝑑(𝑑 − 0,4𝑥) Vigas Caso o resultado for o domínio 4, temos que fazer alguma alteração parax ≤ 𝑥3𝑙𝑖𝑚, objetivando ir para o domínio 2 ou 3. 𝑀𝑑 = 0,68𝑏𝜔𝑥𝑓𝑐𝑑 𝑑 − 0,4𝑥 Para diminuir 𝑥, pode-se: • Diminuir o valor do momento solicitante(𝑀𝑑); • Aumentar a largura da viga ou altura da viga; • Aumentar a resistência do concreto. Na prática a mais viável é aumentar a altura da viga (Caso o projeto arquitetônico o permita); Se nenhuma alteração for adotada utiliza-se viga com armadura dupla (próximo assunto). 28 Vigas A NBR 6118 – 14.6.4.3 impõe limites entre a posição da LN e a altura útil: “A capacidade de rotação dos elementos estruturais é função da posição da linha neutra no ELU. Quanto menor for 𝑥/d, tanto maior será essa capacidade.” 𝑥/d ≤ 0,45 (𝑓𝑐𝑘 ≤ 50𝑀𝑃𝑎) 𝑥/d ≤ 0,35 (50M𝑃𝑎 ≤ 𝑓𝑐𝑘 ≤ 90𝑀𝑃𝑎) 29 Vigas Do diagrama de deformação (seção plana) 30 𝜖𝑐𝑑 𝜖𝑠𝑑 = 𝑥 𝑑 − 𝑥 Fazendo: 𝛽𝑥 = 𝑥 𝑑 ∴ 𝑥 = 𝛽𝑥. 𝑑 Logo, 𝛽𝑥 = 𝜖𝑐𝑑 𝜖𝑐𝑑+𝜖𝑠𝑑 𝑥 d−𝑥 Vigas Cálculo das Equações com Coeficientes K 31 Para diferentes posições da LN ( 𝛽𝑥 = 𝑥 𝑑 ) , são tabelados os coeficientes: 𝐾𝐶 → 𝑅𝑒𝑙𝑎𝑡𝑖𝑣𝑜 𝑎 𝑟𝑒𝑠𝑖𝑠𝑡ê𝑛𝑐𝑖𝑎 𝑑𝑜 𝑐𝑜𝑛𝑐𝑟𝑒𝑡𝑜 𝐾𝑆 → 𝑅𝑒𝑙𝑎𝑡𝑖𝑣𝑜 𝑎 𝑡𝑒𝑛𝑠ã𝑜 𝑛𝑎 𝑎𝑟𝑚𝑎𝑑𝑢𝑟𝑎 𝑡𝑟𝑎𝑐𝑖𝑜𝑛𝑎𝑑𝑎 A tabelas A-1 para o aço CA50; A tabelas A-2 para todos os tipos de aço. Obs.: As tabelas são válidas apenas para concretos do Grupo I (𝑓𝑐𝑘 ≤ 50𝑀𝑃𝑎) Vigas Tab. A-1 – Domínio 2 32 Vigas Tab. A-1 – Domínio 3 33 Vigas Tab. A-2 – Domínio 2 34 Vigas Tab. A-2 – Domínio 3 e 4 35 Vigas Seja a equação: 𝑀𝑑 = 0,68𝑏𝜔𝑥𝑓𝑐𝑑 𝑑 − 0,4𝑥 Como 𝑥 = 𝛽𝑥 . 𝑑 𝑀𝑑 = 0,68𝑏𝜔𝛽𝑥. 𝑑. 𝑓𝑐𝑑 𝑑 − 0,4𝑥 𝑀𝑑 = 0,68𝑏𝜔𝛽𝑥. 𝑑 2. 𝑓𝑐𝑑 1 − 0,4𝛽𝑥 Fazendo 1 𝐾𝐶 = 0,68𝑏𝜔𝛽𝑥. 𝑓𝑐𝑑 1 − 0,4𝛽𝑥 𝑀𝑑 = 𝑏𝜔𝑑 2 𝐾𝐶 Então: 𝐾𝐶 = 𝑏𝜔𝑑 2 𝑀𝑑 36 Vigas Como: 𝐴𝑠 = 𝑀𝑑 𝜎𝑠𝑑 𝑑 − 0,4𝑥 Devido a 𝑥 = 𝛽𝑥𝑑 𝐴𝑠 = 𝑀𝑑 𝜎𝑠𝑑 1 − 0,4𝛽𝑥 𝑑 Fazendo 𝐾𝑠 = 1 𝜎𝑠𝑑 1−0,4𝛽𝑥 𝐴𝑠 = 𝐾𝑠 𝑀𝑑 𝑑 37 Vigas Observe que os coeficientes K foram calculados em KN e cm, então nas equações: 𝐾𝐶 = 𝑏𝜔𝑑 2 𝑀𝑑 e 𝐴𝑠 = 𝐾𝑠 𝑀𝑑 𝑑 𝑏𝜔, d e Md devem ter estas unidades 38 Vigas As vigas têm dois tipos de problemas para serem resolvidos: Dimensionamento e Verificação. Dimensionamento: • Consiste em determinar qual a armadura necessária para a estabilidade de uma viga. • O calculo é feito durante a fase de projeto das estruturas. • São conhecidos os materiais, seção transversal e o 𝑀𝑠𝑜𝑙𝑖𝑐. 39 Vigas Verificação: • Quando se deseja conhecer a capacidade de carga de uma viga em uma construção já executada e em utilização • Incógnitas: Momento máximo que a seção pode resistir; • São conhecidos os materiais, fck, tipo de aço, quantidade de armadura e posicionamento da mesma na seção transversal, dimensões da seção transversal, etc. 40 Vigas Observa-se que após o dimensionamento necessita-se efetuar o detalhamento da peça. “Essas três etapas devem estar sempre apoiadas em uma visão global da estrutura, mesmo quando se detalha um único nó(região de ligação entre dois elementos estruturais).” NBR 6118 – 16.2.2 41 *
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