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Fôrmas 
 
Dez opções para moldar concreto 
 
Preço e produtividade não são únicos critérios de escolha do sistema de fôrma: conta também número de 
reutilizações, compatibilidade com escoramentos, peso e despesas extras por danos 
 
 
 
As condições da obra devem pautar a 
escolha das fôrmas. O edifício acima 
exigia grandes seções e peças com 
forma semicircular em um ponto da 
estrutura 
 
 
De tempos para cá, a necessidade de maior controle tecnológico dos materiais e a busca pela redução de 
perdas e prazos fez com que a construção civil prestasse mais atenção às fôrmas e escoramentos, que em 
obras prediais chegam a representar 45% dos custos da estrutura. Hoje, além das soluções tradicionais, 
executadas in loco, o mercado oferece uma série de sistemas industrializados, em sua maioria baseados em 
tecnologia européia, e que empregam aço e alumínio para o arcabouço estrutural e compensado de madeira 
e plástico. Escolher o sistema mais adequado é um desafio para o construtor, afinal as variáveis vão do 
orçamento ao perfil da obra. 
 
À especificação do sistema de fôrma estão atrelados, ainda, aspectos de projeto e de planejamento 
incontáveis. A escolha do melhor modelo pode variar, por exemplo, em função do acabamento do concreto. 
Se a opção for pelo concreto aparente, os painéis metálicos apresentam melhor desempenho, pois garantem 
maior planicidade e oferecem maior garantia de nível e prumo. ?É importante que as construtoras tenham 
consciência de que esses componentes são responsáveis pela geometria, acabamento e qualidade da 
estrutura de concreto e, portanto, são peças de precisão?, destaca o consultor e projetista de fôrmas 
Eduardo Eiji Araki, da Ark Consultoria. ?Se forem bem utilizadas podem trazer muita economia e qualidade 
para a obra.? 
 
A análise de fatores técnicos, como a compatibilidade com o projeto estrutural, também é imprescindível. As 
fôrmas metálicas têm como principal vantagem a maior precisão geométrica e, conseqüentemente, se 
adaptam melhor a peças estruturais com dimensões uniformes. "Por essa razão, esses sistemas são mais 
enrijecidos e exigem uma dose maior de planejamento. Enquanto isso, as soluções que empregam chapas 
de madeira são mais flexíveis e permitem que se façam alguns ajustes em obra", acredita o arquiteto 
Salvador Benevides, diretor da Projeto Engenharia e membro do Comitê de Tecnologia e Qualidade do 
SindusCon-SP. A utilização de cabaças plásticas, por sua vez, não se justifica em lajes não-ortogonais e de 
vãos reduzidos. "O plástico diminui a rigidez da peça, porém exige uniformidade de medidas", explica o 
calculista Sérgio Vieira. 
 
Assim, deve ser observada a existência de interferências como desníveis entre áreas, divisões de cômodos, 
shafts, alturas e larguras das janelas. Da mesma maneira deve ser considerada a existência de embutidos 
(tubulações, ferros de espera, pinos, tirantes) que exigem a abertura de orifícios na fôrma. 
 
Segundo explica o engenheiro Marcelo Correa, diretor técnico da SH Fôrmas, essas interferências 
comprometem, e muito, o desempenho do sistema, sobretudo do ponto de vista econômico. A existência de 
vigas a mais, utilizadas para o enrijecimento da estrutura, combater deformações lentas e até mesmo para 
facilitar o acabamento sobre as esquadrias, chega a representar 30% de todo o gasto efetuado com fôrmas 
em uma obra. "Pilares que recebem vigas exigem uma fôrma convencional e, por isso, precisam de cinco 
vezes mais mão-de-obra, em função das bocas que são abertas em cada uso", conta. "Os sistemas de lajes 
também têm seu uso prejudicado pela interferência de vigas, pois em cada encontro de viga e laje é 
necessário um arremate." Ainda de acordo com o engenheiro, a produtividade dos sistemas de fôrmas de 
lajes em obras totalmente planas chega a ser o dobro do que em lajes com viga de bordo e o quádruplo em 
obras reticuladas com vigas. 
 
Quanto aos escoramentos, a principal interferência diz respeito à base de apoio. Em alguns casos o terreno 
pode ser irregular ou inclinado, o que complica a sua montagem. "Estruturas em balanço também 
apresentam uma dificuldade a mais e pés-direitos muito altos exigem um projeto de escoramento mais 
elaborado", complementa Araki. 
 
 
Logística e custos 
Como a maior parte das fôrmas industrializadas é alugada, e não vendida, o custo das soluções disponíveis 
normalmente é diretamente proporcional ao prazo de utilização. Assim, comparar o preço dos sistemas é 
uma tarefa complexa, que não pode contemplar apenas o custo, mas também o fator tempo e a quantidade 
de reusos. 
 
Com folgas, o que permite maior reaproveitamento é o metálico. Enquanto um painel de madeira pode ser 
reutilizado de dez a 15 vezes, o metálico pode ser reutilizado de 50 a 70 vezes, em alguns casos, até 100 
vezes. Não é à toa que o preço desse tipo de solução chega a ser dez vezes superior ao equivalente em 
madeira. Em contrapartida, as fôrmas de madeira são de fácil confecção e de farta mão-de-obra disponível, 
não exigem equipamentos especiais (solda, esmeril etc.) e, dependendo da disponibilidade do material no 
local, podem ser uma opção muito econômica. 
 
Some-se a tudo isso a necessidade de mão-de-obra. Segundo observa o consultor Eduardo Araki, para 
equipamentos industrializados alugados, a incidência efetiva de mão-de-obra, incluindo transporte, carga e 
descarga, estocagem, montagem e desmontagem no campo, gira em torno de 2 a 4 Hh/m². No caso das 
soluções produzidas in loco esse índice sobe para até 20 Hh/m². 
 
Contudo, mesmo entre os sistemas industrializados há diferenças em relação à mão-de-obra, embora os 
índices de produtividade e de incidência de mão-de-obra variem de obra para obra e conforme a experiência 
de cada construtora. 
 
No caso dos conjuntos modulares, a diminuição de procedimentos de corte de madeira reduz o risco 
potencial de acidentes. Já os escoramentos metálicos mais espaçados desobstruem os acessos, permitindo 
melhor fluxo nas áreas de trabalho. 
 
 
Cuidados durante a execução 
Mas para que a economia realmente aconteça não basta apenas investir em uma aprimorada solução. Alguns 
cuidados no manuseio do material são fundamentais, até porque, enquanto os equipamentos fabricados pela 
própria construtora podem ser simplesmente descartados, no caso de fôrmas alugadas, as peças danificadas 
devem ser repostas ao final do contrato, o que representa um custo a mais. 
 
Devem ser observadas, por exemplo, as normas para fixação, escoramento e atirantamento para evitar 
deformações durante a concretagem. Além disso, como a velocidade de lançamento do concreto define a 
pressão lateral sobre a fôrma, a concretagem deve ser muito bem controlada. Da mesma maneira, o uso de 
vibradores deve ser cuidadoso para evitar o contato com o painel e danificá-lo. Também é importante exigir 
do fornecedor um projeto detalhado que facilite o entendimento dos montadores, bem como o treinamento 
da mão-de-obra do canteiro, para que a produtividade do sistema atinja os índices esperados com total 
segurança. 
 
Outro item a ser observado é a disponibilidade do equipamento. "Grandes volumes devem ser contratados 
em empresas que possam garantir o fornecimento para que não haja atraso na execução", salienta Marcelo 
Correa. "A disponibilidade de atendimento técnico próximo à obra, assim como o fornecimento de projetos 
de execução detalhados, pode fazer diferença", continua. 
 
Concreform/SH Fôrmas 
Aplicação: Paredes e pilares 
Componentes: Chassi de aço galvanizado, conformado com perfil 
especial e forrado com compensado de madeira. O painel básico de 75 
cm x 270 cm se modula nas larguras de 0,45 m, 0,60 m e 0,75 m e 
nas alturas de 1,2 m e 2,7 m 
Peso: Menos de 30 kg/m² 
Montagem: A junção é obtida com grampos de alinhamento, que 
unem 
e alinham os painéis simultaneamente, dispensando a operação de 
alinhamento comperfis. Para inserir faixas de até 15 cm de madeira 
são utilizados 
grampos reguláveis 
Produtividade: 0,3 Hh/m² 
Cargas admissíveis: Até 60 t/m² 
Reaproveitamento: 60 vezes 
Transporte: Manual ou mecânico 
Custo/m²: R$ 30/mês (locação) 
 
 
Hand e Form/Rohr 
 
Aplicação: Muros de arrimo, paredes retas, reservatórios circulares, 
fundações, pilares, blocos, barragens, galerias, túneis, poços, adutoras e 
habitações modulares 
Componentes: Painéis estruturados e revestidos em aço, com medidas 
que variam a cada 5 cm, de 15 x 60 a 60 x 240. O sistema é composto, 
ainda, por grapa, mordaça usada com o alinhador, e tensor para 
travamento transversal dos painéis 
Peso: 29 kg/m² (painéis) 
Montagem: Feita pela união dos painéis com as grapas. Colocam-se 
tensores que são fixados em furos existentes nas laterais dos painéis que 
devem ser alinhados com os alinhadores montados na estruturação dos 
painéis com o auxílio das mordaças 
Produtividade: 5 m2/Hh 
Cargas admissíveis: Pressão máxima de 58 kN/m2 
Reaproveitamento: Pode ser reaproveitado por cerca de 100 vezes 
Transporte: Manual 
Custo/m²: Somente sob consulta 
 
 
Aluma/Mills 
Aplicação: Pilares, paredes, vigas e lajes 
Componentes: A estrutura da fôrma é composta de vigas de alumínio, 
que são revestidas com compensado dimensionado de acordo com o 
projeto 
Peso: 40 kg/m² (com o compensado) 
Montagem: O sistema é composto por vigas e montantes em alumínio, 
fixados entre si por grampos, placas e sapatas também de alumínio. Os 
tirantes são tronco-cônicos e são utilizadas escoras PP (escoras de 
resistência ao esforço de tração e compressão) para aprumar o sistema 
Produtividade: 0,6 Hh/m² (processo de fôrma, desenforma e limpeza) 
Cargas admissíveis: Usualmente de 60 kN/m² a 80 kN/m² 
Reaproveitamento: A troca do compensado é feita depois de 18 a 24 
usos. A estrutura pode ser utilizada acima de mil vezes 
Transporte: Grua ou guindaste 
Custo/m²: Locação: de R$ 0,75/m² a R$ 0,95/m² (dia)Venda: de R$ 400,00/m² a R$ 520,00/m² (não 
inclui compensado) 
 
 
Locguel 
 
 
 
Aplicação: Paredes, principalmente, e pilares 
Componentes: Painéis de compensado plastificado de 12 mm com 
molduras de aço. As dimensões variam de 0,20 a 0,80 m na largura por 
1,20 m no comprimento 
Peso: Cerca de 35 kg/m² 
Montagem: Os painéis são fixados com clipes metálicos 
Produtividade: 1,2 Hh/m² 
Cargas admissíveis: Até 7 t/m² 
Reaproveitamento: Indeterminado 
Transporte: Manual 
Custo/m²: De acordo com a obra 
 
 
Vario/Peri 
Aplicação: Tanto em edifícios industriais quanto em casas, pontes ou muros 
de contenção, pode ser utilizado para elementos com até 18 m de altura por 
concretagem 
Componentes: O sistema é composto por vigas de madeira GT 24, 
longarinas metálicas SRZ e demais acessórios como chapas de compensado 
plastificado, abraçadeiras e parafusos 
Peso: 5,9 kg/m (viga) 
Montagem: O sistema utiliza somente dois elementos standard de 244 e 122 
cm de largura. As medidas intermediárias são executadas com a régua de 
união e compensação. A união é feita com longarinas metálicas que 
permitem, também, alinhar os painéis 
Produtividade: Variável de acordo com a obra 
Cargas admissíveis: 100 kN/m² (em pilares) e 50 kN/m² (paredes) 
Reaproveitamento: O reaproveitamento do sistema está relacionado à qualidade da chapa de compensado 
utilizada, sendo a ideal de 2,44 x 1,22 m e 18 mm plastificada. Pode durar, segundo o fabricante, até mais 
de 30 anos 
Transporte: Grua ou guindastes 
Custo/m²: Somente sob consulta 
Hh/m²: produtividade do profissional em horas por metro quadrado 
 
 
Dokaflex 1-2-4 
Aplicação: Lajes de até 30 cm de espessura 
Componentes: É composto, principalmente, por painel em armação 
sintética à prova de choque, viga com alma em placa de madeira sintética e 
topos reforçados, além de prumo galvanizado a quente. Trata-se de um 
sistema reticular universal, que se adapta a qualquer forma de laje 
(retangulares, redondas ou oblíquas). Isso porque as vigas principais e 
secundárias podem ser deslocadas umas contra as outras 
Peso: A partir de 22 kg/m² 
Montagem: Depois que as vigas principais e secundárias são inseridas 
no rebordo, os prumos são colocados nos tripés e travados com alavanca 
de aperto. Na seqüência, as vigas principais são colocadas nas cabeças 
rebaixáveis e niveladas. São inseridos os apoios intermediários. Sobre as 
vigas principais são colocadas as vigas secundárias Doka H20, que possuem marcações para auxiliar as 
medições de afastamento entre vigas e prumos 
Produtividade: De 0,15 a 0,20 Hh/m² (em obras européias) 
Cargas admissíveis: Varia conforme necessidade do sistema e espaçamento de escoras 
Reaproveitamento: Indeterminado 
Transporte: Manual ou grua 
Custo/m²: Cerca de R$ 8,00/m² (locação por mês) 
 
 
Orma/Ulma 
 
 
 
 
Aplicação: Paredes, muros, grades, pilares, caixa d'água, 
reservatórios, tanques, grandes blocos de fundação, barragens, entre 
outras 
Componentes: O sistema conta com estrutura metálica em aço AE 
275 B, acabamento com pintura eletrostática a pó amarela em epóxi, 
com contato em chapa compensada plastificada de 18 mm.É composto 
por painéis de diversas dimensões, com alturas básicas de 2,70 m e 
1,20 m, além de grapas de união, chapas de compensado, escoras 
metálicas de aprumo, tirantes de travamentos, entre outros 
Peso: 55 kg/m² 
Montagem: A montagem efetua-se em forma de vela de moinho que 
diminui, conforme aumenta a dimensão das faces dos pilares, até 
completar a dimensão máxima que oferecem os painéis. A grapa 
regulável é o principal elemento de união, utilizado para a formação de conjuntos de painéis, garantindo a 
estanqueidade entre eles. A grapa também é o elemento de alinhamento 
Produtividade: Entre 4 m²/Hh e 9 m²/Hh 
Cargas admissíveis: De 60 kN/m² a 80 kN/m² 
Reaproveitamento: Até 100 vezes, sem troca do contato 
Transporte: Mecanizado: gruas ou guindastes 
Custo/m²: Normalmente os contratos de locação variam entre R$ 0,85/ m² x dia 
e R$ 1,80/m² x dia 
 
 
SL 2000/Mills 
Aplicação: Pilares, paredes, vigas, blocos, baldrames e estruturas em 
geral 
Componentes: Painéis com estrutura metálica e chapa de compensado 
de madeira plastificado de 12 mm. 
Módulos: 25, 50 e 75 cm de largura e 75 e 150 cm de altura 
Peso: 33 kg/m² 
Montagem: Os painéis são fixados através de pinos-trava de engate 
rápido, garantindo alinhamento, prumo e estanqueidade, sem 
vazamento de nata 
Produtividade: 0,37 Hh/m² (montagem) e 0,20 Hh/m² 
(desmontagem) 
Cargas admissíveis: Até 55 kN/m² 
Reaproveitamento: de 60 a 70 vezes (compensado) e mais de 500 
vezes (estrutura metálica) 
Transporte: O sistema foi concebido para transporte manual, mas pode ser preparado em módulos maiores 
para transporte mecanizado 
Custo/m²: Locação: de R$ 0,70 a R$ 0,90/m² x dia Venda: de R$ 350/m² a R$ 450/m² (compensado 
incluso nos preços) 
 
 
Pashal 
Aplicação: Paredes, pilares, blocos de fundações, cortinas, estações de 
tratamento de água e esgoto, reservatórios, piscinas e peças pré-moldadas 
Componentes: Painel metálico modular com revestimento fenólico. Painéis 
de 1,025 m e 1,250 m de altura, e largura de 0,10 m a 1,10 m (com 
variações a cada 50 mm) 
Peso: 50 kg/m² (completo com acessórios) 
Montagem: Os painéis são acoplados manualmente com chaves especiais, 
perfis de alinhamento e travamento com barras de ancoragem 
Produtividade: 1,50 Hh/m² 
Cargas admissíveis: Capacidade de carga por empuxo de 60 kN 
Reaproveitamento: Mais de 100 utilizações 
Transporte: Manual ou grua 
Custo/m²: Somente sob consulta, conforme o tipo de estrutura 
 
 
Topec/SH Fôrmas 
 
 
 
Aplicação: Lajes 
Componentes: Painéis de 1,0 m x 2,0 m de chassi de alumínio forrado 
com compensado plastificado e escoras 
Peso: 12 kg/m² 
Montagem: Um dos lados do painel é apoiado sobre a escora que 
funciona comouma dobradiça, permitindo sua colocação no nível da laje. 
A outra extremidade é conduzida por um bastão até atingir o mesmo nível 
do lado oposto, complementando a montagem da fôrma. Roscas nas 
escoras possibilitam o seu nivelamento milimétrico. O sistema prevê, 
ainda, um perfil no final da laje para a emenda da viga com as fôrmas, na 
modulação necessária 
Produtividade: 0,3 Hh/m² 
Cargas admissíveis: 0,725 t/m² 
Reaproveitamento: 50 vezes 
Transporte: Manual ou mecânico 
Custo/m²: R$ 17/mês (locação) 
 
 
Leia mais: 
 
Moldura para concreto ? Revista Téchne nº 50 
Molde fácil - Revista Téchne nº 58 
 
 
Texto original de Juliana Nakamura 
Téchne 79 - outubro de 2003

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