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FURB - UNIVERSIDADE REGIONAL DE BLUMENAU Disciplina: Toxicologia Clínica PADRONIZAÇÃO DE FÁRMACOS POR CROMATOGRAFIA EM CAMADA DELGADA Letícia Mueller Landi Beatriz Pansica Santos 13 de Junho de 2018 1 INTRODUÇÃO Um medicamento pode ser definido como produto farmacêutico, obtido ou elaborado com finalidade profilática, curativa, paliativa ou para fins de diagnóstico, porém pode ser um potencial causador de intoxicações ou óbitos (MOTA et al, 2012) Entre 1986-2006, foram registrados no Brasil, pelo Sistema Nacional de Informações Tóxico -Farmacológicas (SINITOX), 1.220.987 casos de intoxicação, com um total de 7.597 (0,6%) óbitos (MOTA et al, 2012). A partir de 199 os medicamentos assumiram a primeira posição no conjunto de agentes tóxicos estudados, respondendo por 24,5% dos casos de intoxicação registrados no país (MOTA et al, 2012). No Brasil as classes de medicamentos que mais causam intoxicação são antigripais, antidepressivos e anti-inflamatórios.(DUTRA, 2000) A toxicologia de medicamentos estuda os efeitos nocivos produzidos por interação dos medicamentos com organismo,decorrente do uso inadequado ou da susceptibilidade individual. Estuda também as reações adversas de doses excessivas por uso inadequado ou acidental.(DUTRA, 2000) As reações adversas na utilização terapêutica de um medicamento podem ocorrer, por exemplo, pela incapacidade do organismo em realizar a biotransformação e eliminação do medicamento. (MORENO; MORENO; SOARES, 1999) 2 ANTIDEPRESSIVOS TRICÍCLICOS Medicamentos desenvolvidos para o tratamento da depressão, mas também utilizados como coadjuvantes do tratamento de dor crônica, na profilaxia da enxaqueca e na abstinência à cocaína.(BITTENCOURT; CAPONI; MALUF, -) 2.1 EFEITOS TÓXICOS Intoxicação bastante séria, de elevada morbi-mortalidade, em razão de uma evolução sombria para parada cardíaca, de difícil recuperação, quando quase 1/4 dos pacientes morrem na intoxicação.(MORENO; MORENO; SOARES, 1999) Também sobrevêm o coma nas primeiras 24 horas, devendo-se monitorar a frequência cardíaca por até 60 horas. O quadro clínico pode variar desde excitação e delírio, depressão respiratória, convulsão e morte súbita por fibrilação ventricular.(MORENO; MORENO; SOARES, 1999) 2.2 MECANISMO DE AÇÃO O mecanismo de ação comum aos antidepressivos tricíclicos em nível pré-sináptico é o bloqueio de recaptura de monoaminas, principalmente norepinefrina (NE) e serotonina (5-HT), em menor proporção dopamina (DA). Aminas terciárias inibem preferencialmente a recaptura de 5-HT e secundárias a de NE. Atualmente se considera não haver diferenças significativas quanto à seletividade do bloqueio de recaptura pré-sináptico.3 A atividade pós-sináptica varia de acordo com o sistema neurotransmissor envolvido e geralmente é responsável pelos efeitos colaterais. Os ADTs bloqueiam receptores muscarínicos (colinérgicos), histaminérgicos de tipo 1, a2 e b-adrenérgicos, serotonérgicos diversos e mais raramente dopaminérgicos. Essas ações não se correlacionam necessariamente com efeito antidepressivo, mas com efeitos colaterais. O bloqueio do receptor 5-HT1 contribuiria para o efeito terapêutico.(MORENO; MORENO; SOARES, 1999) 2.3 TOXICOCINÉTICA Está classe de fármacos possui absorção lenta e irregular quando em altas doses, porém a distribuição no organismo é lenta. O metabolismo desses fármacos é realizado no fígado, portanto as concentrações plasmáticas atingem o pico de 2 a 8 horas, ou em 12 horas, caso sejam retardadas.(MORENO; MORENO; SOARES, 1999) A meia vida dos antidepressivos tricíclicos depende do fármaco, por exemplo, a imipramina tem meia -vida de 18 horas, a amitriptilina de 19 horas, mas compostos como a proptriptilina podem ter meia-vida de 80 horas. A excreção é renal, sendo que, pode aparecer cerca de 2 a 3% da droga inalterada na urina.(MORENO; MORENO; SOARES, 1999) As manifestações clínicas dependem da dose ingerida, essas tem início de 30 a 40 minutos após a ingestão e pode ser uma síndrome muito complexa, porém com manifestações anticolinérgicas evidentes.(BITTENCOURT; CAPONI; MALUF, -) 2.4 SÍNDROME ANTICOLINÉRGICA Midríase, taquicardia, rubor facial, pele e boca secas, diminuição das secreções, sede, constipação, retenção urinária, agitação psicomotora, delírio, alucinações, insuficiência respiratória e colapso cardiovascular.(MORENO; MORENO; SOARES, 1999) A causa mais frequente de óbitos por esses medicamentos é sua toxicidade cardíaca, explicada pela diminuição da condução elétrica cardíaca, bloqueio dos receptores muscarínicos, bloqueio dos receptores α-adrenérgicos induzindo vasodilatação, cardiotoxicidade induzida pela acidose metabólica concomitante, efeito depressor direto do miocárdio, entre outros.(BITTENCOURT; CAPONI; MALUF, -) 2.5 INTOXICAÇÃO 1 Fase: aparece no primeiro dia de intoxicação, se caracteriza por manifestações anticolinérgicas como mucosas secas, hipertermia, hiperemia, visão turva, taquicardia, excitação, delírios, alucinações, convulsões e midríase.(MORENO; MORENO; SOARES, 1999) 2 Fase: aparece após o primeiro dia e pode durar até o terceiro dia, com um quadro de depressão dos estímulos neuroquímicos, com o aparecimento de diminuição do nível de consciência até coma , grau variável de depressão respiratória com hipotensão e hipotermia.(MORENO; MORENO; SOARES, 1999) 3 Fase: aparece após 72 horas, tem como característica o retorno do quadro de agitação, delírios e marcada síndrome anticolinérgica.(MORENO; MORENO; SOARES, 1999) Nos casos mais graves, as manifestações cardíacas são arritmias, como fibrilação ventricular, bradiarritmias, condução anormal. A hipotensão é inicialmente por vasodilatação, mas pode evoluir por depressão miocárdica direta com posterior choque cardiogênico, edema agudo do pulmão e óbito.(MORENO; MORENO; SOARES, 1999) 2.6 TRATAMENTO Uma descontaminação gastrintestinal deve ser realizada com lavagem gástrica, indicada até 24 horas após a ingestão. O uso do carvão ativado é estimulado normalmente em dose única, uma vez que doses repetidas não tem eficácia comprovada. Alterações como agitação, delírio e alucinações, decorrentes do efeito anticolinérgico não são tratadas com anticolinesterásicos como a fisostigmina, assim como deve-se evitar o uso de neurolépticos. O uso de benzodiazepínicos, como o diazepam controla bem essas manifestações, assim como as convulsões.(MORENO; MORENO; SOARES, 1999) 2.7 DIAGNÓSTICO LABORATORIAL Estudos mostram que pode ser feito detecção em amostra de sangue total, visto que a concentração de antidepressivos tricíclicos no soro maior ou igual a 0,8mg/L é considerado um dos fatores que predispõem toxicidade, podendo causar convulsões, coma, arritimias, hipotensão e até a morte. A detecção de triagem podeser feito através de cromatografia de fase gasosa com detector de nitrogênio e fósforo (PAULA, 2007) Pode ser coletado em outras amostras além do sangue, porém é importante destacar que estes medicamentos sofrem metabolização no organismo. Segue abaixo alguns dos metabólitos relacionados alguns antidepressivos triciclicos (PAULA, 2007): ● Amitriptilina - metabolizada em dinortriptilina ou didesmetilamitriptilina - podem ser encontrados na urina ● Nortriptilina - sofre hidroxilação e é liberada em forma conjugada e pequena porcentagem é desmetilada e liberada como dinortriptilina ● Imipramina - desmetilado, formação de desipramina, porém o metabólito pode ser hidroxilado e conjugado antes de eliminado - cerca de 20% é eliminado nas fezes ● Desipramina - 2-hidroxidesipramina é o principal metabólito, liberado conjugado com ácido glucurônico na urina 3 ANTI-INFLAMATÓRIOS NÃO ESTEROIDAIS Os anti-inflamatórios não-esteroides (AINEs) são encontrados na classe de medicamentos mais vendidos do mundo. Sua utilização normalmente está relacionada com tratamento de inflamação, dor, edema e podem ainda ser utilizados para tratar osteoartrites, artrite reumatoide e distúrbios músculo-esqueléticos (BATLOUNI, 2010). 3.1 MECANISMO DE AÇÃO O mecanismo de ação destes medicamentos atua através da inibição periférica e central da atividade das enzimas ciclooxigenases (COX-1 e COX-2), levando a diminuição da biosíntese e liberação de prostaglandinas, que são mediadoras da inflamação, dor e febre (SCHALLEMBERGER e PLETSCH, 2014). Expressada de forma constitutiva, ou seja, constante, a isoforma COX-1 está presente na maioria dos tecidos, sendo fundamental para manutenção do estado fisiológico normal destes, como proteção da mucosa gastrointestinal, controle do fluxo sanguíneo renal, homeostase, resposta autoimune, funções pulmonares e funções do sistema nervoso central, cardiovasculares e reprodutivas (BATLOUNI, 2010). No entanto, a COX-2 só é induzida/expressa nas inflamações devido a mediação de diversos estímulos, como citocinas, endotoxinas, fatores de crescimento, levará a produção de prostaglandinas indutoras, que participam na manifestação de edema, rubor, febre e hiperalgesia. A COX-2 também se manifesta em células vasculares endoteliais normais, secretoras de prostaciclina como resposta ao estresse de cisalhamento. Quando bloqueada, a COX-2 inibe a síntese de prostaciclina (BATLOUNI, 2010). 3.2 EFEITOS TÓXICOS A inibição das ciclooxigenases são responsáveis pela maioria dos efeitos tóxicos causados por AINEs, visto que quando inibidas, acarretam a redução de prostaglandinas, que atuam na regulação do fluxo sanguíneo renal e na integridade da mucosa gástrica, portanto, a intoxicação por AINEs tende a atingir principalmente rins e estômago (SCHALLEMBERGER e PLETSCH, 2014). Como cada medicamento apresenta padrões diferentes de intoxicação, segue abaixo intoxicação por Ácido Acetilsalicílico e Ibuprofeno. 3.3 ÁCIDO ACETILSALICÍLICO Fármaco pertencente ao grupo de anti-inflamatórios não-esteroides, com função analgésica, antipirética e anti-inflamatória, empregado para alívio sintomático de dores leves a moderadas, com mecanismo de ação baseado na inibição irreversível da enzima ciclooxigenase, envolvida na síntese das prostaglandinas (REZENDE e REZENDE, 2002) 3.3.1 INTOXICAÇÃO POR AAS A intoxicação por salicilatos ocorre normalmente com doses acima de 100 mg/kg/dia por mais de 2 dias consecutivos, podendo causar intoxicação crônica, terapeuticamente adquirida, ou intoxicação aguda (sobredose) com potencial risco de morte, que pode ser causada por ingestão acidental em crianças ou intoxicação acidental, sendo este último o mais frequente (BAYER S.A., 2014). Os sintomas mais comuns de intoxicação são acidose metabólica intensa, coagulopatia, hipoglicemia (redução do glicogênio hepático), agitação, delírio e febre (REZENDE e REZENDE, 2002). 3.3.2 DIAGNÓSTICO PARA INTOXICAÇÃO POR AAS Teste de cloreto férrico a 10% positivo na urina (presença de acetoacetato e fenilpirúvico, ácidos derivados do AAS). (REZENDE e REZENDE, 2002). 3.3.3 TRATAMENTO PARA INTOXICAÇÃO POR AAS - Lavagem gástrica até 12 horas da ingestão (REZENDE e REZENDE, 2002); - Carvão ativado desde que utilizado até duas horas da contaminação (REZENDE e REZENDE, 2002); - A alcalinização do plasma com 1 a 2 mEq/kg de bicarbonato de sódio EV para aumentar a excreção e diminuir a reabsorção tubular (REZENDE e REZENDE, 2002); - Hemodiálise para eliminar o salicilato da circulação. Utilizar em caso de acidose persistente (pH<7,1), salicilemia > 160 mg/dl ou > 130 após seis horas de coma, edema pulmonar, convulsões, IRA, ICC ou progressão rápida do quadro clínico (REZENDE e REZENDE, 2002). 3.4 IBUPROFENO O ibuprofeno é um anti-inflamatório-não-esteróide com ação analgésica, antipirética e antiinflamatória. O seu mecanismo de ação passa pela redução da síntese de prostaglandinas através da inibição da cicloxigenase (SILVA, 2017). 3.4.1 INTOXICAÇÃO POR IBUPROFENO A compra excessiva de forma livre de ibuprofeno uma das principais causas de intoxicação por este medicamento, devido sua ampla utilização sem recomendação médica (automedicação). Apesar disto, a grande maioria das intoxicações por ibuprofeno não causam manifestações clínicas significativas, sendo reações severas ou letais consideradas extremamente raras (SILVA, 2017). Estudos demonstram que a ingestão de doses inferiores a 100mg/kg de ibuprofeno tende a permanecer assintomática. Ingestão de doses superiores a 400mg/kg (aprox. 150 comprimidos de 200mg de ibuprofeno num adulto normal), pode acarretar em intoxicações severas, porém não significa que doses maiores sejam letais. Os sintomas de intoxicação por ibuprofeno manifestam em cerca de 4 horas após a administração de formulações de libertação imediata, ao mesmo tempo o início dos sintomas pode atrasar em preparações de libertação prolongada (SILVA, 2017). Os sintomas causados por esta intoxicação são normalmente distúrbios gastrointestinais, caracterizam-se por sangramentos ou ativação de úlcera péptica, além de um simples desconforto gastrointestinal; sonolência; confusão; nistagmo; visão turva; diplopia; dor de cabeça e zumbido. Em casos extremamente raros com situações clínicas significativas, podem acontecer insuficiência renal, distúrbios ácido/base e toxicidade do Sistema Nervoso Central (SILVA, 2017). .3.4.2 DIAGNÓSTICO PARA INTOXICAÇÃO POR IBUPROFENO Não foram encontrados estudos mencionando marcadores específicos para detecção de ibuprofeno em casos de intoxicação, porém é importante saber que o Ibuprofeno tem uma semivida plasmática de aproximadamente 2 horas, sendo metabolizado principalmente no fígado, através da CYP2C9. Em seguida é excretado através de metabólito ou de glucurónido-Ibuprofeno 43 conjugado na urina. Apenas 1% de ibuprofeno é eliminado de forma inalterada(SILVA, 2017. É fundamental também o conhecimento da quantidade ingerida, tempo de ingestão e se houve outras ingestões concomitantes, visto a existência de diversos produtos farmacêuticos que incluem outras substâncias como AAS ou paracetamol, que podem agravar toxicidade. O AAS, por exemplo, numa intoxicação por ibuprofeno pode agravar a acidose metabólica (SILVA, 2017). Por isso, é aconselhável a análise de hemostasia, de testes da função renal e hepática, análise do equilíbrio eletrolítico e do estado ácido-base, tanto em pacientes sintomáticos quanto assintomáticos que tenham ingerido grandes quantidades de ibuprofeno. É importante verificar acidose metabólica através de gasometria arterial em pacientes que manifestam sonolência ou outras sintomas neurológicos (SILVA, 2017). .3.4.3 TRATAMENTO - Reidratação oral ou intravenosa - em pacientes que vomitaram e se apresentam desidratados - objetivo: manter perfusão renal e a boa excreção urinária (HUNTER et al., 2011); - Carvão ativado - em pacientes ingeriram grande quantidade de Ibuprofeno e que se apresentarem ao serviço de urgência em menos de uma hora - objetivo: redução da absorção do fármaco (HUNTER et al ., 2011); - Reposição de líquidos - em pacientes desidratados ou com acidose metabólica (HUNTER et al., 2011); - Administração de bicarbonato de sódio intravenoso - em pacientes com acidose metabólica persistente - objetivo: garantir a capacidade respiratória do paciente, de forma a prevenir uma acidose respiratória decorrente de acumulação de dióxido de carbono (HUNTER et al., 2011);. - Administração de benzodiazepínicos intravenoso - pacientes com convulsões ou toxicidade neurológica (HUNTER et al., 2011). 4 ANALGÉSICOS 4.1 PARACETAMOL 4.1.2 EFEITOS TÓXICOS Classificado como Anti-inflamatório não esteróide (AINE), o paracetamol inibe a ciclo-oxigenase tipo 2 (COX-2), assim impede que o ácido araquidônico seja convertido em prostaglandinas, que estão ligadas com o processo inflamatório do organismo.(BARBOSA, 2013) Outro mecanismo que pode suportar o efeito analgésico do paracetamol refere-se à inibição do neurotransmissor NO a nível espinhal. O NO é produzido em resposta à ativação do receptor N-metil-D-aspartato (NMDA) e é responsável pela atividade nociceptiva neuronal, quando a sua síntese é inibida pelo paracetamol a perceção de dor é menor(SILVA, 2017) O paracetamol apresenta absorção no trato gastrointestinal,sendo que 90% da sua metabolização é realizada no fígado, apresentando baixa ligação às proteínas plasmáticas e meia-vida de aproximadamente 2 horas em dose terapêuticas. (SILVA, 2017) Quando há sobredosagem, a capacidade das principais vias de metabolização é excedida, assim, é produzido uma maior proporção de NAPQI. Desta forma, ocorre uma depleção dos reservatórios de GSH hepáticos, pela grande quantidade de NAPQI produzida. O NAPQI acumulado liga-se covalentemente às células hepáticas,numa ligação irreversível, provocando necrose hepatocelular, o que pode conduzir ao transplante hepático ou até mesmo à morte (SILVA, 2017) A excreção é renal, na qual a maior parte dos metabólitos conjugados inativos são eliminados na urina, tal como, menos de 5% do paracetamol é excretado inalterado. Quando o paracetamol ingerido regularmente por um longo período de tempo pode causar lesão renal.(SILVA, 2017) 4.1.3 FASES DA INTOXICAÇÃO 1 Fase: vai dos primeiros minutos após a ingestão do medicamento e pode durar entre 12 a 24h, onde o paciente normalmente refer manifestações de irritabilidade gastro-intestinal como náuseas e vômitos, anorexia e diaforese.(SILVA, 2000) 2 Fase: apresenta o paciente com toxicidade hepática clínica e laboratorial e pode apresentar sintomatologia mais evidente: Com frequência os pacientes apresentam dor, elevação de enzimas hepáticas, trombocitopenia e a função renal começa a alterar, podem apresentar manifestações cardíacas e ocorrer morte súbita sem motivo aparente.(SILVA, 2000) 3 Fase: O desenvolvimento de necrose hepática com manifestações clínicas de hepatotoxicidade aguda. Podemos ter alterações da coagulação sanguínea com manifestação de sangramentos, icterícia, náusea e vômitos, insuficiência renal, alterações urinárias principalmente com anúria, evolução com diminuição do nível de consciência até coma e finalmente óbito. (SILVA, 2000) 4 Fase: evolui com a completa resolução do quadro de disfunção hepática que ocorre entre 4 dias e 2 semanas aproximadamente.(SILVA, 2000) 4.1.4 TRATAMENTO O tratamento de intoxicações por paracetamol consiste na administração por via oral ou intravenosa de N-acetilcisteína (NAC), antídoto que é capaz de restabelecer os níveis de glutationa hepática, através do fornecimento de cisteína.(SILVA, 2017) Este tem a capacidade de prevenir lesões hepáticas quando é administrado numa dose baseada no peso corporal, logo após uma sobredosagem de paracetamol.(SILVA, 2017) 4.1.5 DIAGNÓSTICO LABORATORIAL Na avaliação laboratorial há elevação das enzimas hepáticas ATL e AST, dentro de 24 a 36 horas após a ingestão. O tempo de Protrombina International Normalized Radio também pode ser usado como parâmetro para medida de distúrbios na coagulação.(BARBOSA, 2013) Para avaliações de casos de intoxicações agudas por Paracetamol, se utiliza o nomograma de Rumack-Mathews, utilizados para avaliar o risco de hepatotoxicidade.(BARBOSA, 2013) No nomograma há a linha 200, na qual a linha entre 200mg/ml em 4 horas após a ingestão e 25mg/ml em 16 horas, é classificada como linha de risco. E a linha 150, uma linha de 150mg/ml em 4 horas indica a necessidade de tratamento com N-Acetilcisteína.(BARBOSA, 2013) 5. CONCLUSÃO A prática de automedicação é algo constante no Brasil, fazendo com que a população fique cada vez mais exposta à consequências causadas pela utilização inadequada de medicamentos, podendo levar a intoxicação ou piora nos quadros de saúde, conforme exposto no trabalho aqui realizado (SCHALLEMBERGER e PLETSCH, 2014). É importante, portanto, que medidas sejam tomadas cada vez mais para controle na venda de medicamentos, isso deve ser feito frente a uma conscientização da população por meio de campanhas e palestras, além de extrema fiscalização sobre a venda dos medicamentos. REFERÊNCIAS BATLOUNI, Michel. Anti-inflamatórios não esteroides: Efeitos cardiovasculares, cérebro-vasculares e renais. Arq. Bras. Cardiol., São Paulo , v. 94, n. 4, p. 556-563, Apr. 2010 . Disponivel em <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0066-782X2010000400019 &lng=en&nrm=iso>. Acesso em 10/06/2018. BAYER S.A. ASPIRINA, Ácido acetilsalicílico. Responsável Técnica Dra. DirceEiko Mimura. São Paulo, SP. 2014. Disponível em < http://www.anvisa.gov.br/datavisa/fila_bula/frmVisualizarBula.asp?pNuTransacao=2 3283922016&pIdAnexo=3915276> Acesso em 10/06/2018. BORTOLETTO M.E., BOCHNER R. Impacto dos medicamentos nas intoxicações humanas no Brasil. Rio de Janeiro, RJ. 1999. 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