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Resenha A revolução de 1930 Historiografia e História

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS
FACULDADE DE HISTÓRIA – FH
HISTÓRIA DO BRASIL 3
SEGUNDO ANO – 2018/1
Resenha – A Revolução de 1930
OBRA – FAUSTO, Boris. A Revolução de 1930: Historiografia e História. São Paulo: Companhia das Letras, 1997.
POR
DYEENMES PROCÓPIO DE CARVALHO
GOIÂNIA-GO, 16 de julho de 2018.
1)- TÍTULO DA OBRA
FAUSTO, Boris. A Revolução de 1930: Historiografia e História. São Paulo: Companhia das Letras, 1997
2)- Credenciais do autor
Boris Fausto nasceu em 08 de dezembro de 1930 na cidade de São Paulo. Em 1953 graduou-se em Direito pela Faculdade do Largo de São Francisco da Universidade de São Paulo. Em 1962 concluiu o curso de Direito na Universidade de São Paulo, em seguida passa a exercer o cargo de Consultor Jurídico da mesma até 1988. No ano de 1966 entrou para a área de História graduando-se pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP. Em 1967 fez um estudo pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo intitulado “Os anos vinte na Velha República”. Em 1968 realizou sua pós-graduação em Metodologia da História pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP, termina seu doutorado em História na mesma instituição com a seguinte proposição: “A Revolução de 1930 – Historiografia e História”. Em 1970 edita o livro “A Revolução de 1930 – Historiografia e História” pela Editora Brasiliense, até hoje considerado um clássico das Ciências Sociais brasileiras. O livro discorda das versões que saem em defesa de São Paulo no período da Revolução de 1930 e da Revolução Constitucionalista de 1932. Em 1971 participou do “Comitê de Assessoria para Ciência Sociais” da Ford Founation até o ano de 1980. Entre 1973 e 1974 realiza um estudo sobre a imigração e a classe operária brasileira, encomendado pelo Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap). Em 1975 tornou-se Livre Docente na área de Ciência Política na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP defendendo a proposição “Trabalho urbano e conflito social na República oligárquica”. Em 1976 lançou o livro “Trabalho Urbano e Conflito Social” pela Difusão Européia do Livro; em 1977 ganhou ma Bolsa da John Simon Guggenheim Memorial Foudation USA e realiza uma pesquisa intitulada “Society and politics in Brazil”; em 1978 elabora um estudo sobre a criminalidade no Brasil financiado pela Social Science Research Council, USA. Em 1984 publicou o livro “Crime e quotidiano – A criminalidade em São Paulo 1880-1924 pela Editora Brasiliense; em 1994 lançou um novo livro intitulado “História do Brasil” editado pela EDUSP; em 1997 edita o livro “Negócios e ócios – Histórias da imigração” lançado pela Companhia das Letras. Em 1999 é agraciado com o prêmio “Annual América’s Award”, concedido pelo The Cime, Law and Deviance Section of the American Sociological Association” (USA). Em 2001 editou “História Concisa do Brasil” pela Editora da Universidade de São Paulo (EDUSP).
3)- Resumo da Obra esenha
Boris Fausto se propõe na obra em análise em reavaliar as percepções da historiografia corrente à época da formulação do livro (1969) com respeito à Primeira República, especialmente no que tange à afirmação de uma contradição intrínseca na formação social do Brasil entre o setor agrário exportador e os interesses da burguesia focada no mercado interno. A abordagem de Fausto demonstra como uma de suas teses é que a existência de fricções ou fissuras dentro do grupo cafeeiro, opções da política financeira e importadores aponta para o equívoco de apreensões generalistas que ensejam uma perspectiva de cada de um desses grupos componentes do contexto da Primeira República como se fossem um bloco monolítico homogêneo.
A obra intenciona uma releitura das teses fundantes de Andrew Gunder Frank, Caio Prado Júnior, Rodolfo Stavenhagen que forjaram uma perspectiva historiográfica sobre a Primeira República que primava pela luta entre classes dominantes como um modelo consagrado de abordagem das sociedades latino-americanas. Boris Fausto faz emergir fatores fulcrais para a abertura de uma compreensão da Primeira República que não oblitera contradições antagônicas entre o setor exportador e o mercado interno, a composição do Exército como transcendendo indivíduos pertencentes à classe média e que o setor agrário não era tão imperialista como se pensava. É através do movimento “tenentista” que o livro em tela procura demonstrar que é preciso transcender as teses economicistas e dualistas na explicação de eventos da Primeira República.
Para tal, o livro divide-se em três capítulos. No primeiro capítulo intitulado “Burguesia e revolução de 1930”, Boris Fausto procura demonstrar a insuficiência das teorias dualistas que viam a sociedade brasileira como composta de dois setores (o pré-capitalista e o latifúndio). Assim, as abordagens dualistas asseveram a Revolução de 1930 como um fruto das contradições imperialistas reminiscentes de tensões entre o setor exportador e o agrário advindas do período da Proclamação da República. Uma contribuição digna de nota de Fausto é a maneira como ele demonstra que os setores agrários e industriais anteriormente entendidos em termos de antagonismo essencial, em alguns momentos na década de 20 e 30, convergiram em alguns interesses em comum na ideologia do Partido Democrático, Partido Republicano Paulista etc. Além disso, ao tratar das cisões gaúcha e mineira no tratamento da Revolução de 1930 e a burguesia industrial de São Paulo é que não havia esse confronto tão acirrado entre agrários e indústrias.
Ao mesmo tempo, Fausto é equilibrado ao pontuar que existiam disputas entre o setor agrário e industrial na Primeira República, bem como uma construção ideológica dos grupos agrários que forjaram uma imagem do setor industrial como se fosse parasitário. O que a tese de Fausto acrescenta ao quadro historiográfico do século XX sobre a Primeira República é a amenização da apreensão dessas disputas como se fossem generalizadas, estanques, inextrincáveis. O quadro político, ideológico, sócio-econômico do Brasil aponta, na verdade, para uma complementariedade básica nos núcleos dominantes do país, encabeçados pela burguesia do café.
Já no segundo capítulo intitulado “A Revolução de 1930 e Classes Médias” Fausto aponta uma dificuldade inicial que é a de conceituar com precisão os limites do que era a “classe média” na década de 1920. A conclusão que se chega é de que as classes médias do recorte temporal da Primeira República devem ser entendidas como compostas da população civil urbana, que trabalha por conta própria, abrangendo pequenos empresários, comerciantes, funcionários públicos, empregados no comércio, profissionais liberais. No segundo capítulo, ao tratar do movimento “tenentista”, Boris apresenta que a ideologia tenentista havia a acepção dos “tenentes” como responsáveis pela salvação nacional, guardiões da pureza das instituições republicanas e de um papel ativo diante de uma população inerte. O movimento tenentista ensejava uma áurea reformista autoritária incipiente que, em sua primeira fase, voltava-se para um ataque jurídico-político das oligarquias centralizadoras, elitistas e pouco nacionalistas. A relação do tenentismo com a população urbana, em termos gerais, contém elementos dos tenentes contando com a simpatia da população. Assim, a passividade e impossibilidade da sociedade civil destronar as antigas oligarquias precipita a iniciativa tenentista que visa derrubar as forças elitistas oligárquicas e, ao mesmo tempo, prevenir excessos.
Por isso, para Boris Fausto é problemático imputar às classes médias brasileiras da década de 1920 uma tendência elitista e centralizadora, pelo contrário, uma preocupação premente do movimento tenentista era impedir a intervenção das classes populares.
No terceiro capítulo “A ‘Derrubada’ das Oligaquias” Fausto descontrói a ideia do mito “feudalista” como definidor do modo de produção agrário predominante no Brasil no período da Primeira República recolocando as questões em outra perspectiva.Tratar a produção agrária brasileira como se fosse “feudal” significa importar um conceito de outra época para definir um contexto de produção muito imbricado com a exportação, mercado financeiro e sistema político brasileiro. Além disso, segundo ele, já havia uma antecipação revolucionária do “tenentismo” que apontava para uma crise instalado no Estado. Parte dessa crise é porque a burguesia cafeeira conferiu ao Exército um papel secundário. O sistema apresenta sinais inquietantes no inconformismo das classes médias e nas revoltas tenentistas. Nesse ponto, a Revolução de 1930 representa um processo fulcral de sinalização do fim da hegemonia da burguesia do café que, durante o período da Primeira República, se postava como a única capaz de articular os diversos aparatos do Estado em um movimento centrípeto aos seus interesses. Por isso, o “tenentismo” representa o centro de ataque de predomínio da burguesia cafeeira cujos traços característicos não podem ser reduzidos a meros protestos das classes médias.

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