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DIREITO PROCESSUAL CIVIL IV Natália Rodrigues da Silva 5- PROCESSO DE EXECUÇÃO DE PRESTAÇÕES DE FAZER, NÃO FAZER E ENTREGAR COISA FUNDADA EM TÍTULOS EXTRAJUDICIAIS. FUNDAMENTO LEGAL: Artigos 806 a 823 C.P.C. 5.3- ASPECTOS GERAIS DA EXECUÇÃO DE OBRIGAÇÕES DE FAZER, NÃO FAZER E ENTREGA DE COISA 5.3.1- Também conhecidas como Execução das prestações não monetárias fundado em título extrajudicial. 5.3.2- Recebimento da petição inicial: Fixação honorários advocatícios e da multa Incialmente deverá fixar de imediato o valor dos honorários advocatícios a serem pagos pelo executado, para o caso de pronto adimplemento da prestação, no valor de dez por cento do valor da causa ( Artigo 827 C.PC) Em segundo lugar, deverá fixar multa periódica, como forma de induzir o devedor ao cumprimento imediato da obrigação, salvo se o exequente, expressamente, tiver formulado pedido na inicial de que a execução se processe de outro modo, sem a multa coercitiva. ( Artigo 806 § 1º e 814 do C.P.C) O Juiz deverá fixar, ao despachar a inicial, o momento a partir do qual a multa é devida (Artigo 814 C.P.C) Todavia, pode acontecer, de a data já estar previamente fixada no título executivo. Neste caso o Juiz deverá respeitar o disposto no título executivo (Artigo 815 C.P.C) Pode acontecer também de o título já contemplar o valor da multa coercitiva devida em caso de mora no adimplemento. Neste caso, o valor fixado pelas partes deverá orientar a determinação do Juiz, que não poderá fixar a pena pecuniária em valor superior ao previsto no título. Entretanto, caso o Juiz entenda que o valor estabelecido pelas partes é excessivo, poderá reduzir o seu montante a um parâmetro adequado. (Artigo 814, parágrafo único do C.P.C). 5.4- EXECUÇÃO AUTÔNOMA DAS OBRIGAÇÕES DE FAZER 5.4.1- Recebimento da petição inicial e citação Recebida a petição inicial será o executado citação para, no prazo designado pelo juiz ou fixado no título, cumprir a obrigação (Artigo 815 C.P.C) 5.4.2- Fixação de multa diária pelo não cumprimento ou cumprimento em atraso A multa é a medida coercitiva por excelência para compelir o executado a cumprir a obrigação. Entretanto, se o Juiz perceber que essa medida coercitiva é inadequada ou insuficiente, poderá aplicar outras medidas executivas. O credor poderá optar por renunciar à aplicação da multa coercitiva como técnica adequada à satisfação de sua obrigação. 5.4.3-Hipótese de não satisfação da prestação devida no prazo estipulado. Tendo o insucesso da multa coercitiva ou o seu não emprego, a pedido do credor, o procedimento prosseguirá, conforme a espécie da prestação de fazer em questão 5.4.3.1- Execução de fazer tratando de prestação infungível: Tratando de prestação de fazer infungível, ou porque o fato efetivamente não pode ser prestado por terceiro, ou porque as partes convencionaram que a prestação poderia ser realizada especificamente pelo requerido, não há como suprir a omissão do devedor. Embora o credor possa insistir no uso da multa coercitiva, esta eventualmente pode não ser capaz de convencer o devedor a adimplir pois o fato só pode ser prestado por ele e a não satisfação voluntária da prestação leva a conversão em perdas e danos (Artigo 816, 821, parágrafo único do C.P.C e artigo 247 do C.C) 5.4.3.2- Execução de fazer tratando de prestação fungível: 5.4.3.2.1- Cumprimento da prestação por terceiro: No caso de prestação de fazer fungível, não cumprida a obrigação no prazo estipulado pelo título ou pelo Juiz, poderá o credor requerer a realização da prestação por terceiro ou a sua conversão em perdas e danos. 5.4.3.2.2- Conversão em perdas e danos: Se o credor pedir a conversão da obrigação em perdas e danos, a prestação será transformada em seu equivalente pecuniário, realizando-se sua liquidação e execução nos mesmos autos da execução inicialmente proposta. Segue-se a partir daí, o regime comum do processo de execução por quantia certa. (Artigo 816, parágrafo único do C.P.C) 5.4.3.2.3- Obrigação cumprida por terceiro à custa do executado: Se o credor preferir que a prestação seja executada por terceiro, determinará o Juiz que assim se proceda à custa do executado (Artigo 817 do C.P.C). Essa opção depende sempre do requerimento expresso do exequente. Pleiteada essa forma de execução, o Juiz entendendo cabível, nomeará terceiro da sua confiança, que apresentará proposta para realização do fato. 5.4.3.2.4- Cumprimento obrigação por terceiro e adiantamento das custas pelo exequente: Ouvida as partes e aprovada a proposta, dará o terceiro início à execução da prestação, cabendo ao credor antecipar as quantias necessárias. (Artigo 817, parágrafo único do C.P.C) Havendo impugnação à proposta por qualquer das partes, deverá o Juiz decidir a questão de plano. 5.4.3.2.5- Oitiva das partes para saber se tem algo a mais a requerer: Concluída a prestação, o juiz ouvirá as partes no prazo de dez dias, as quais poderão apontar eventual defeito na realização da prestação. Não havendo qualquer prestação o Juiz dará por cumprida a obrigação. Caso contrário decidirá imediatamente sobre a impugnação (Artigo 818 C.P.C). 5.4.3.2.6-Não tendo o terceiro cumprido a obrigação no prazo ou cumprido com defeito O credor deverá pedir ao Juiz a autorização para reparar a obra às expensas do executado. (Artigo 819 C.P.C). Após oitiva do executado o Juiz decidirá sobre a obrigação. (Artigo 819, parágrafo único C.P.C) 5.4.3.2.7- Ressarcimento ao credor Caberá ao credor cobrar do devedor as despesas que teve com a realização da prestação, realizando a liquidação e requerendo a execução por quantia certa, tudo nos mesmos autos originais. 5.5- EXECUÇÃO AUTÔNOMA DAS OBRIGAÇÕES DE NÃO FAZER 5.5.1- Recebimento da petição inicial e fixação da multa: Ao receber a petição inicial, deverá o Juiz imediatamente fixar a multa coercitiva, salvo se o credor expressamente pretender a conversão da obrigação em execução de obrigação de fazer e de não fazer, fundada em título extrajudicial. O Juiz, ao despachar a petição inicial, fixará a multa por período de atraso no cumprimento da obrigação e a data a partir da qual será devida. 5.5.2- Cumprimento da abstenção: Cumprida a ordem de abstenção, será o feito extinto. 5.5.3- Não cumprimento da abstenção: Não cumprida a ordem de não fazer, a par da incidência da multa, poderá o credor pedir ao Juiz, se for viável, que determine ao executado que desfaça o que não deveria ter realizado. Ainda havendo descumprimento, o Juiz poderá determinar que terceiro desfaça a coisa com às custas devendo ser pagas pelo devedor. Nestas hipóteses são cabíveis perdas e danos a serem pagas pelo devedor. (Artigo 823 c/c 251 C.P.C) 5.6- Caberá ao credor cobrar do devedor as despesas que teve com a realização da prestação, realizando a liquidação e requerendo a execução por quantia certa, tudo nos mesmos autos originais. 5.6- EXECUÇÃO PARA ENTREGA DE COISA 5.6.1- Execução para entrega de coisa certa Tratando de execução para entrega de coisa certa (determinada), o Juiz poderá, ao receber a inicial, fixar multa coercitiva a fim de estimular o executado a cumprir a obrigação assumida. Neste caso, o executado será citado para que promova a entrega do bem no prazo de quinze dias ( artigo 806, § 1º e 2º C.P.C) Se a coisa for facilmente localizada, o Juiz poderá, ao invés de fixar a multa, determinar a imissão na posse ( coisa imóvel) ou busca e apreensão (coisa móvel). 5.6.2- Obrigação de coisa incerta Deverá haver prévia determinação do bem a ser entregue. Esta determinação pode competir ao credor ou ao devedor. Se não houver previsão no título, a escolha caberá ao devedor ( Artigo 244 do CC). 5.6.2.1- Se a escolha couber ao credor, este manifestará sua decisão na petição inicial, seguindo-se o procedimento acima estudado paraentrega de coisa certa. Citado o executado ele terá quinze dias para impugnar a escolha do autor e para promover a entrega do bem. O Juiz poderá decidir de plano ou, antes, ouvir o perito de sua confiança. (Artigo 812 C.P.C) 5.6.2.2- Se a escolha couber ao devedor Ele será citado para entregar o bem individualizado ( Artigo 811 C.PC) Neste caso o credor poderá impugnar a escolha feita pelo devedor, no prazo de quinze dias contado da entrega do bem. O Juiz deverá decidir, porém, caso entenda, poderá solicitar parecer de perito de sua confiança. 5.6.3- Coisa não entregue, perdido ou deteriorado Quando a coisa não for entregue pelo devedor, tiver se deteriorado, desaparecido ou, estando em poder de terceiro adquirente, não for reclamada pelo credor, terá este o direito de receber o valor em dinheiro equivalente ao a coisa, mais perdas e danos ( Artigo 809 C.P.C) REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS •CÂMARA, Alexandre Freitas. O Novo Processo Civil Brasileiro. 2ª ed. São Paulo: Atlas, 2016. •MARINONI, Luiz Guilherme; ARENHART, Sérgio Cruz •MITIDIERO, Daniel . Novo código de processo civil comentado. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2016. •MEDINA, José Miguel Garcia. Novo Código de Processo Civil Comentado. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2016. •WAMBIER, T.A.A; WAMBIER, L.R. Novo Código de Processo Civil Comparado. São Paulo. Revista dos Tribunais, 2016. •THEODORO JÚNIOR, Humberto. Curso de Direito Processual Civil- Execução forçada, Processo nos Tribunais, Recursos e Direito Intertemporal- vol. III, 49ª ed. Rev. Atual e ampl. Rio de Janeiro: Forense, 2016.
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