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Online 4 SOCIALISTAS UTÓPICOS E ANARQUISMO

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Online 4 SOCIALISTAS UTÓPICOS E ANARQUISMO
Introdução
Socialismo, palavra que acompanhou a história do pensamento contemporâneo e gerou grandes e acalorados debates sobre qual tipo de sistema econômico seria o melhor para as sociedades.
Socialismo, termo que gerou incerteza em capitalistas ante a iminência de seu principal discurso: a divisão da propriedade privada dos meios de produção. Esse embate se estendeu por um longo tempo e colocou as sociedades em constante dúvida sobre qual seria o sistema mais justo, qual seria o melhor ou qual garantiria o maior número de benefícios. Era pensar o todo ou o individual
Em nossa aula, abordaremos um pouco do socialismo utópico, contrapondo com o modelo de socialismo identificado como sendo o mais adequado para a sociedade do século XIX.
Socialismo
Afinal, o que é o socialismo?
Qual a proposta desse modelo econômico e por que alguns afirmam que ele seria um modelo mais justo e igualitário?
Justo e igualitário, mas, aos olhos de quem?
Para compreendermos melhor o socialismo utópico, primeiramente analisaremos o conceito de socialismo.
Ele é entendido como um sistema fundado na organização da sociedade de maneira igualitária e na administração pública como forma de garantir essa igualdade aos membros de uma dada sociedade.
Norberto Bobbio, a partir dos anos 1840, as palavras socialismo e comunismo “passaram, ao menos em parte, a indicar variações diversas do movimento que denunciava as condições dos operários no desenvolvimento da sociedade industrial, se opunha ao liberalismo político e econômico e ao individualismo, apresentava um projeto de uma reconstrução da sociedade em bases comunitárias e promovia formas associativas de vários gêneros para realizar as ideias”. (p.1197)
No Dicionário de Política de Norberto Bobbio (1988), ele é definido historicamente como programa político das classes trabalhadoras que foram se formando durante a Revolução Industrial.
O objetivo de pensar o socialismo era analisar os problemas de forte desigualdade em uma sociedade onde a riqueza começa a evoluir aceleradamente. Pensar como eram díspares (diferentes) as condições de vida e de trabalho em uma sociedade que se mostrava como cada vez mais capaz de produzir riquezas aceleradamente.
Assim, vários teóricos começaram a pensar e a refletir acerca dessa sociedade e de como seria possível fazer transformações nesse ambiente de constantes desigualdades e deram origem ao que ficou conhecido como o socialismo utópico, que analisaremos detalhadamente durante nossa aula.
Socialismo utópico
O socialismo utópico tem esse nome porque muitos de seus pensadores acreditavam ser possível conseguir transformações na sociedade sem ocorrer o confronto entre as classes e disso deriva o termo utópico.
Suas ideias têm inspiração no iluminismo, pois acreditavam no desenvolvimento da razão e do progresso para ao alcance da felicidade e da igualdade dentro das sociedades. A denominação de utópico veio principalmente a partir de escritos de Karl Marx e Friederich Engels, diferenciando esse tipo de socialismo do científico.
Suas ideias têm inspiração no iluminismo, pois acreditavam no desenvolvimento da razão e do progresso para ao alcance da felicidade e da igualdade dentro das sociedades. A denominação de utópico veio principalmente a partir de escritos de Karl Marx e Friederich Engels, diferenciando esse tipo de socialismo do científico. O Socialismo Científico foi desenvolvido no século XIX por Karl Marx e Friedrich Engels. Recebe também, por motivos óbvios, a denominação de Socialismo Marxista. Ele rompe com o Socialismo Utópico por apresentar uma análise crítica da realidade política e econômica, da evolução da história, das sociedades e do capitalismo. Marx e Engels enaltecem os utópicos pelo seu pioneirismo, porém defendem uma ação mais prática e direta contra o capitalismo através da organização da revolucionária classe proletária. Para a formulação de suas teorias Marx sofreu influência de Hegel e dos socialistas utópicos.
Viam no socialismo utópico uma função positiva, especialmente na identificação das contradições da sociedade industrial em formação e na proposta de reordenação da família dentro desse universo de contradições e na limitação da ação estatal, que passaria a ser um simples gestor da produção. Para os críticos, a proposta dos utópicos seria imatura diante de uma sociedade com problemas e contradições cada vez mais acirrados, não enxergando a necessidade de um ordenamento político para esse proletariado.
Óbvio que não se pode negar a importância desse tipo de socialismo até porque ele foi o primeiro a pensar em uma alternativa para as contradições, o que se tornou claro a partir de seus principais pensadores, que analisaremos a seguir.
Socialismo utópico – Conde Saint-Simon
Conde Saint-Simon (1760-1825) – seu nome era Claude-Henry de Rouvroy - um pensador e economista francês considerado um dos precursores do socialismo utópico. Não era favorável às desigualdades sociais que presenciava e sua proposta se baseava no fato de que o Estado deveria gerir os meios de produção, tanto no planejamento quanto na organização, mas essa liderança deveria estar nas mãos dos industriais e dos homens de negócios, estabelecendo as igualdades e contribuindo para uma sociedade mais justa, eliminando alguns elementos do sistema liberal totalmente livre.
Para ele, o individualismo que se acirrava cada vez mais era prejudicial à construção de uma sociedade mais igualitária e a solução seria o progresso econômico, pois isso eliminaria os conflitos de uma sociedade considerada desordenada. A industrialização era vista como benéfica porque traria esse progresso econômico e reduziria os problemas sociais, ou seja, o progresso do mundo acabaria com os conflitos, mas não sob a liderança dos trabalhadores, como afirmou posteriormente Karl Marx. 
Para Simon, os capitalistas deveriam assumir responsabilidades sociais e melhorar as condições de vida de seus trabalhadores.
Barros (2011) afirma que Saint-Simon era considerado um profeta da burguesia e entusiasta da sociedade industrial. Para ele reinava na sociedade a desordem e a anarquia e o pensamento social deveria orientar a indústria e a produção.  Industriais e homens da ciência formariam uma elite capaz de conduzir a sociedade. Os cientistas tomariam o lugar que a religião havia ocupado na sociedade medieval no que diz respeito à conservação social, estabelecendo verdades aceitas por todos os homens e os fabricantes, banqueiros e industriais, seriam os senhores feudais, formando uma nova elite, estabelecendo os objetivos da sociedade, ocupando uma posição de mando diante dos trabalhadores e, assim, mantendo o controle.
Socialismo utópico – Marie Charles Fourier
Outro importante teórico do socialismo utópico foi François Marie Charles Fourier (1772-1837).  Nascido em família rica é considerado um dos pais do cooperativismo, através do qual propunha a formação de comunidades. Era um crítico do capitalismo de sua época, do liberalismo, condenava a industrialização e a exploração de mulheres e crianças, defendendo a igualdade de gênero.
Sua análise das comunidades que propunha denominou-se falanstério, que eram comunidades intencionais com construções comunais e onde cada um exerceria seu ofício de acordo com o seu gosto e sua vontade. Nesse tipo de organização, cada membro ocuparia um espaço específico e isso ajudaria na resolução dos problemas da sociedade.
Para Fourier, a sociedade existente impedia que o homem pudesse desenvolver livremente suas qualidades e, por isso, o trabalho deveria ser associado ao prazer pelo ofício. Foi um forte crítico da moral cristã e burguesa, que para ele impediam o homem de exercitar livremente sua busca pela felicidade e por isso sua doutrina foi denominada por alguns teóricos como sendo uma precursora da Psicanálise e do marxismo.
Socialismo utópico – Robert Owen
Robert Owen (1771-1858) – era um empresário britânico proprietário de uma indústria têxtil que propunha a criação decooperativas de trabalho como forma de equilibrar a sociedade. Sua proposta de cooperativas incluía ainda moradia e escola para os trabalhadores. Dando continuidade ao seu projeto, Owen fundou cooperativas e inseriu nelas moradias considerando-as adequadas para os trabalhadores,  criando ainda escolas, reduzindo jornadas diárias de trabalho em uma busca por humanização do capitalismo sem destruí-lo, pois esse não era o seu objetivo.
Owen,mesmo sendo um burguês buscava melhorias nas condições de vida de seus trabalhadores. Ele tinha consciência da situação crítica que o mundo do trabalho vivia. Sua contribuição com as condições do mundo trabalhista nasceram de sua experiência em uma fábrica de fios de sua propriedade, onde analisou as condições de seus trabalhadores. Foi o primeiro a usar a palavra socialismo para designar sua forma de pensar.
Socialismo utópico – Conclusão
Vimos alguns dos mais importantes teóricos do socialismo utópico e que foram muito importantes para consolidar a ideia do socialismo. 
Um ponto comum a todos foi a exploração do trabalhador e, a seu modo, cada um deles propôs formas de diminuir ou mesmo eliminar essa exploração, que para eles acabava por gerar uma sociedade cada vez mais desigual. 
É interessante pensar que desta forma, todos propunham mudanças, mas não passavam pela eliminação do capital ou mesmo dos industriais e, sim, por uma reorganização desse mundo do trabalho e de todos os que dele faziam parte.
Anarquismo
Ao pensarmos ainda a estruturação da sociedade que se desenvolveu no período da Revolução Industrial, tivemos a formação do anarquismo, uma palavra de origem grega que significa “sem governo”, ou seja, seria um Estado constituído sem uma liderança constituída que tivesse peso de autoridade, defendendo uma organização baseada na cooperação entre todos os indivíduos, que seriam então livres e autônomos, sendo abolidas todas as formas de poder por serem consideradas opressoras.
Pôster de propaganda mostrando um anjo protegendo pessoas contra um ativista bolchevista com uma bomba e uma faca nas mãos: a propaganda pelo ato foi amplamente vista negativamente
Então, compreendemos que a recusa do anarquismo, no que diz respeito ao Estado, está na sua associação com o autoritarismo e por ser um órgão repressivo por excelência, privando o indivíduo de sua liberdade e impondo regras e comportamentos limitadores, tendo uma imensa capacidade de intervir na vida dos indivíduos de acordo com essas próprias regras.
Assim, os cidadãos se autogovernariam e conseguiriam garantir a igualdade para todos os membros de uma dada comunidade e todos teriam as mesmas capacidades de decisão, sendo contrários às ordens hierárquicas e limitadoras das ações individuais, onde o homem se afirmaria através de suas ações e permitiria que ele usufruísse de sua liberdade no sentido pleno.
A ideia básica do anarquismo é a concepção de auxílio mútuo e sua doutrina pode ser resumida na palavra “liberdade”, sendo o uso da violência algo extremamente atacado pelos anarquistas.
William Godwin, "o primeiro a formular as concepções políticas e econômicas do anarquismo, mesmo que ele não tenha dado nome às ideias desenvolvidas em seu trabalho"
Anarquismo – Características
O socialismo libertário, o humanismo, a ausência de governo limitador, a realização da liberdade plena, o internacionalismo, o antiautoritarismo e o apoio mútuo. 
Anarquismo  – Crítica e apoio
Alguns críticos do anarquismo tendem a afirmar que ele é uma utopia, pois o homem vive em constante disputa por poder e dinheiro, e para frear esses instintos, a ação do Estado se faz necessária, caso contrário, viveríamos em constante disputa. O homem por si não seria capaz de harmonizar-se com seu semelhante.
APOIO: Entre os principais teóricos do anarquismo, destacam-se: Pierre-Joseph Proudhon (18909-1865), um dos mais influentes expositores do anarquismo, questionando a ideia de propriedade e a posse da terra e sendo contrário aos ganhos através da exploração do outro.
Mikhail Aleksandrovitch Bakunin (1814-1876), um dos principais teóricos do anarquismo em meados do século XIX.
William Godwin (1756-1835), considerado um dos proponentes modernos do anarquismo. Em suas obras, ataca as instituições políticas e os privilégios da aristocracia.
Anarquismo  – Crítica e apoio
No Brasil, o anarquismo ganhou força com a vinda de imigrantes europeus a partir da segunda metade do século XIX e início do século XX, desdobrando-se no movimento conhecido como anarcossindicalismo. 
Ocorreu principalmente dentro dos sindicatos que então se formavam e ganhou destaque durante grande parte do período conhecido como República Velha, predominando principalmente no movimento operário de estados como São Paulo, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul.
Teve participação ativa nas greves de 1917 em São Paulo, de 1918 no Rio de Janeiro e de 1919 tanto em São Paulo como no Rio de Janeiro. Em 1919, foi instituído o Partido Comunista Anarquista, mas perdeu força com a criação do Partido Comunista do Brasil no ano de 1922.
O que é Socialismo:
Socialismo é uma doutrina política e econômicaque surgiu no final do século XVIII e se caracteriza pela ideia de transformação da sociedade através da distribuição equilibrada de riquezas e propriedades, diminuindo a distância entre ricos e pobres.
Noël Babeuf foi o primeiro pensador que apresentou propostas socialistas sem fundamentação teológica e utópica como alternativa política.
Karl Marx, um dos principais filósofos do movimento, afirmava que o socialismo seria alcançado a partir de uma reforma social, com luta de classes e revolução do proletariado, pois no sistema socialista não deveria haver classes sociais nem propriedade privada.
Todos os bens e propriedades particulares seriam de todas as pessoas e haveria repartição do trabalho comum e dos objetos de consumo, eliminando as diferenças econômicas entre os indivíduos.
O sistema socialista é oposto ao capitalismo, cujo sistema se baseia na propriedade privada dos meios de produção e no mercado liberal, concentrando a riqueza em poucos.
A origem do socialismo tem raízes intelectuais e surgiu como resposta aos movimentos políticos da classe trabalhadora e às críticas aos efeitos da Revolução Industrial (capitalismo industrial). Na teoria marxista, o socialismo representava a fase intermediária entre o fim do capitalismo e a implantação do comunismo.O socialismo sugeria uma reforma gradual da sociedade capitalista, demarcando-se do comunismo, que era mais radical e defendia o fim do sistema capitalista e queda da burguesia através de uma revolução armada.
Socialismo Utópico
O socialismo utópico foi uma corrente de pensamento criada por Robert Owen, Saint-Simon e Charles Fourier. De acordo com os socialistas utópicos, o sistema socialista se instalaria de forma branda e gradativa.
O nome socialismo utópico surgiu graças à obra "Utopia" de Thomas More, sendo que a utopia é referente a algo que não existe ou não pode ser alcançado. Os primeiros socialistas, que foram os utópicos, tinham em mente a construção de uma sociedade ideal, através de meios pacíficos e da boa vontade da burguesia.
Karl Marx se distanciou do conceito de socialismo utópico, visto que de acordo com essa corrente a fórmula para alcançar a igualdade na sociedade não era discutida. O oposto do socialismo utópico é o socialismo científico, que criticava o utópico porque este não tinha em conta as raízes do capitalismo. Karl Marx classificava os métodos dos utópicos de "burgueses", porque eles se baseavam na transformação súbita na consciência dos indivíduos das classes dominantes, acreditando que só assim se alcançaria o objetivo do socialismo.
Socialismo científico
O socialismo científico, criado por Karl Marx e Friedrich Engels, era um sistema ou teoria que tinha como base a análise crítica e científica do capitalismo.
O socialismo científico, também conhecido como marxismo, se opunha ao socialismo utópico, porque não tinha a intenção decriar uma sociedade ideal. Tinha sim o propósito de entender o capitalismo e suas origens, o acumular prévio de capital, a consolidação da produção capitalista e as contradições existentes no capitalismo. Os marxistas anunciaram que o capitalismo eventualmente seria ultrapassado e chegaria ao fim.
O socialismo marxista tinha como fundamento teórico a luta de classes, a revolução proletária, o materialismo dialético e histórico, a teoria da evolução socialista e a doutrina da mais-valia. Ao contrário do socialismo utópico e sua pacificidade, o socialismo científico previa melhores condições de trabalho e de vida para os trabalhadores através de uma revolução proletária e da luta armada.
De acordo com o marxismo, uma sociedade baseada no capitalismo era dividida em duas classes sociais: os exploradores (donos dos meios de produção, das fábricas, das terras), pertencentes à burguesia, ou seja, os burgueses; e os explorados (aqueles que não tinham posses e tinha que se sujeitar aos outros). Esse duelo entre as classes, é aquilo que transforma e propele a história.
Socialismo real
Socialismo real é uma expressão que designa os países socialistas que preconizam a titularidade pública dos meios de produção.
No século XX, as ideias socialistas foram adotadas por alguns países, como: União Soviética (atual Rússia), China, Cuba e Alemanha Oriental. Porém, em alguns casos, revelou-se um sistema comunista constituído por regimes autoritários e extremamente violentos. Esse socialismo é também conhecido como socialismo real - um socialismo colocado em prática, que causou uma deturpação semântica do "socialismo", levando assim a esses regimes que demonstraram desrespeito pela vida humana.

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