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História Natural das Doenças e Níveis de Aplicação de Medidas Preventivas Universidade Federal do Rio de Janeiro Centro de Ciências da Saúde Faculdade de Medicina / Instituto de Estudos em Saúde Coletiva - IESC Departamento Medicina Preventiva Disciplina de Epidemiologia História Natural das Doenças �é o nome dado ao conjunto de processos interativos compreendendo “as inter-relações do agente, do suscetível e do meio ambiente que afetam o processo global e seu desenvolvimento, desde as primeiras forças que criam o estímulo patológico no meio ambiente, ou qualquer outro lugar, passando pela resposta do homem ao estímulo, até as alterações que levam a um defeito, invalidez, recuperação ou morte” (Leavell & Clark, 1976). � 2 períodos seqüenciados: Período pré-patogênico e Período patogênico Morte defeito, invalidez Horizonte clínico sinais e sintomas alterações dos tecidos interação -->suscetível - estímulo Reação --> RECUPERAÇÃO Inter-relação entre AGENTE, SUSCETÍVEL e AMBIENTE estímulo à doença Pré-patogênese PatogênesePatogênese Tríade epidemiológica das doenças Agente • Biológicos (microrganismos) • Químicos (mercúrio, álcool, medicamentos) • Físicos (trauma, calor, radiação) • Nutricionais (carência, excesso) Hospedeiro • Idade; • Sexo; • Estado civil; • Ocupação; • Escolaridade • Características genéticas • História patológica pregressa • Estado imunológico • Estado emocional Ambiente • Determinantes físico-químicos (temperatura, umidade, poluição, acidentes) • Determinantes biológicos (acidentes, infecções) • Determinantes sociais (comportamentos, organização social) Agente Hospedeiro Vetor Ambiente Gordis,L.2000. Epidemiology Período pré-patogênico Determinantes da doença Coronariana Hipertensão arterialObesidade Menor acesso a comidas saudáveis TabagismoSedentarismo Tobacco adsBaixa HDL-colesterolIdade Disponibilidade de cigarros Alta LDL-colesterolSexo (M>F) Fatores AmbientaisAgentesFatores relacionados ao hospedeiro Szklo, 2004 História Natural e Prevenção de DoençasHistória Natural e Prevenção de Doenças Inter-relação entre AGENTE, SUSCETÍVEL e AMBIENTE estímulo à doença Morte defeito, invalidez Horizonte clínico sinais e sintomas alterações dos tecidos interação -->suscetível - estímulo Reação --> RECUPERAÇÃO Níveis de Aplicação das Medidas PreventivasNíveis de Aplicação das Medidas Preventivas Promoção de saúde Proteção específica Diagnóstico precoce e tratamento imediato Limitação de incapacidade reabilitação Prevenção primária Prevenção secundária Prevenção terciária Período PréPeríodo Pré--patogênesepatogênese Período de patogênesePeríodo de patogênese Morte Detecção precoce (se possível), Início da exposição a fatores de risco Início biológico da enfermidade Detecção baseada em sintomas e sinais, que ocorre com atraso depois do início da fase clínicao u Detecção baseada em sintomas ou sinais que ocorrem no início da fase clínica,o u Ponto mais precoce em que detecção é possível ρρρρ Prevenção da exposição Cessação da exposição PREVENÇÃO SECUNDÁRIA (rastreamento) PREVENÇÃO PRIMÁRIA PREVENÇÃO TERCIÁRIA HISTÓRIA NATURAL DAS DOENÇAS E NÍVEIS DE APLICAÇÃO DE MEDIDAS PREVENTIVAS Szklo, 2004 Níveis de Aplicação de Medidas Preventivas e Estratégias de Prevenção • Prevenção Primária Estratégias para prevenir a exposição ao fator de risco (ex: tabagismo; ingestão de gorduras) ou para promover sua cessação (tratamento para deixar de fumar). • Prevenção Secundária Diagnóstico Precoce� rastreamento (screening) para identificar a doença num estágio inicial e então melhorar o seu prognóstico (aumentar a probabilidade de cura ou prolongar o tempo de sobrevida) Ex: papanicolau para detecção precoce de cãncer de cérvix uterino • Prevenção Terciária Prevenção de incapacidade através de medidas destinadas à reabilitação. Ex: o processo de reeducação e readaptação de pessoas com defeitos após acidentes ou devido a seqüelas de doenças. Taxas de mortalidade ajustada por idade para Câncer de Pulmão* em homens, segundo a história de tabagismo, 1952 0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200 Never sm Smk Stop<1yr Stop1-10 Stop10+ *Exceto adenocarcinoma. Fonte: Hammond & Horn, JAMA 1958;166:1294 Prevenção primária: Outro conceito importante na Prevenção Primária: causas proximais e distais Exemplo: Hipertensão como fator de risco do acidente vascular cerebral Classe Social baixa ⇑ Consumo de sal e calorias obesidade ⇓ Exercício físico ⇑ Stress? Hipertensão arterial Acidente Vascular Cerebral Outras causas componentes (fatores genéticos?) causas distais estratégia populacional Não diagnóstico -ou- Não tratamento -ou- Não controle causas proximais estratégia de alto risco Estratégia de alto risco: identificação e tratamento de pacientes com hipertensão grave PA moderada: a força de associação entre HA e AVC é mais baixa (RR baixo) Entretanto, existem muito mais pessoas sob esse risco, PA moderada(RA alto) Pressão arterial sistólica (mmHg) N ú m e r o d e i n d i v í d u o s Hi p e r te ns ã o m o d er ad a Hi pe rte ns ã o gra ve Mais baixa Mais elevada Hipertensão arterial Acidente Vascular Cerebral Causa proximal Szklo, 2004 PA grave: a força de associação entre HA e AVC é mais alta (RR alta) Entretanto, existem muito menos pessoas sob esse risco, PA grave (RA baixo) Pressão arterial sistólica N ú m e r o d e i n d i v í d u o s Hi pe rte ns ã o gra ve Hi p e r te ns ã o m o d er ad a Estratégia Populacional: baixa de pressão arterial em toda a população N ú m e r o d e i n d i v í d u o s Hi pe rte ns ã o gra ve Hi p e r te ns ã o m o d er ad a ⇓ Consumo de sal e calorias ⇓ obesidade ⇑ Exercício físico ⇓ Stress? ⇓⇓⇓⇓ Hipertensão arterial ⇓ Classe Social ⇓⇓⇓⇓ AVC Szklo, 2004 PA moderada: a força de associação entre HA e AVC é mais baixa (RR baixo) Entretanto, existem muito mais pessoas sob esse risco, PA moderada(RA alto) O deslocamento da curva de PA para esquerda beneficiaria não só aqueles com HA moderada mas também os indivíduos com HA grave Causas distais Pressão arterial sistólica N ú m e r o d e i n d i v í d u o s Mais baixa Mais elevada . Hipert. moderada e severa Pressão arterial sistólica Mais baixa Mais elevada Hipert. moderada e severa ANTES DEPOIS ESTRATEGIA POPULACIONAL Szklo, 2004 Prevenção secundária: Programas de Rastreamento Importante para a prática clínica e saúde pública; objetivo: beneficiar os indivíduos com a detecção precoce da doença; • a doença pode ser detectada precocemente? • especificidade e sensibilidade e valor preditivo do teste • qual a gravidade do problema para os falsos positivos? • qual o custo (financeiro e emocional) da detecção precoce? • Os pacientes foram “lesados” pelo teste de rastreamento? • os indivíduos com doença detectada precocemente se beneficiaram dessa detecção precoce e existe um benfício global para aqueles que foram rastreados? Morte Tempo de antecipação Detecção precoce (se possível), Início da exposição a fatores de risco Início biológico da enfermidade Detecção baseada em sintomas e sinais, que ocorre com atraso depois do início da fase clínicao u Detecção baseada em sintomas ou sinais que ocorrem no início da fase clínica,o u Ponto mais precoce em que detecçãoé possível Período pré-clínico detectável HISTÓRIA NATURAL DAS DOENÇAS ρρρρ Ponto biológico ρ = quando o tratamento é mais efetivo; ponto após o qual o diagnóstico resulta em pior prognóstico Szklo, 2004 Tempo de antecipação (lead time)- intervalo pelo qual o tempo do diagnóstico é antecipado pelo rastreamento. Tempo de Antecipação Diagnóstico usual óbito atrasado óbito não óbito Diagnóstico precoce A B C D Rastreamento beneficou? adiou evitou Início biológico D i a g n ó s t i c o p r e c o c e Morte Diagnóstico baseado em sinais e sintomas|nício biológico Morte Tempo de “antecipação”= 3 anos Sobrevida= 2 anos Sobrevida= 5 anos Duração total da enfermidade= 6 anos Paciente A Paciente B Sobrevida do paciente A (5 anos) – tempo de antecipação (3 anos) = Sobrevida do paciente B (2 anos) A fim de se inferir que a sobrevida do paciente A é melhor do que a do paciente B, seria necessário que a sobrevida do paciente A – tempo de antecipação > sobrevida do paciente B Szklo, 2004 Efetividade do rastreamento: 1) Voluntários ao rastreamento - pessoas mais preocupadas com a saúde, talvez tenham menor probabilidade de ter a doença; 2)seleção prognóstica (length- biased sampling) HND - contínua - duração da fase pré-clínica é diretamente proporcional a fase clínica: maior a fase clínica --> maior a probabilidade de ser rastreada melhor prognóstico Melhor efetividade do rastreamento? 3) tempo de antecipação 4) Overdiagnosis Bias - missclassification no rastreamento - técnicas de rastreamento mais sensíveis aumentam a probabilidade dos indivíduos serem classificados como doentes erroneamente (falsos positivos) - se não são verdadeiramente doentes, provavelmente terão uma maior sobrevida. Prevenção terciária 1. Reabilitação (impedir a incapacidade total); 2. fisioterapia; 3. terapia ocupacional; 4. emprego para o reabilitado. Ex: Prevenção das Toxicodependências refere-se à interrupção da toxicodependência com o cuidado de que não se verifique uma perda de capacidades, total ou parcial, impeditivas da sua reintegração social, assim como às intervenções orientadas para essa mesma reintegração social necessária para que se minimize as possibilidades de reinstalação da toxicodependência nos indivíduos. Este nível da prevenção é também designado por reabilitação ou reinserção.
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