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PRODUÇÃO DO FERRO GUSA: ALTO-FORNO Professor: Márcio Elias História • Muitos defendem a hipótese de que o homem descobriu o ferro no Período Neolítico (Idade da Pedra Polida), por volta de 6.000 a 4.000 anos a.C. Ele teria surgido por acaso, quando pedras de minério de ferro usadas para proteger uma fogueira, após aquecidas, se transformaram em bolinhas brilhantes. O fenômeno, hoje, é facilmente explicável: o calor da fogueira havia derretido e quebrado as pedras. • No início era extraído dos meteoros e por isso o ferro era considerado uma dádiva dos Deuses. • Aos poucos, o ferro passou a ser usado com mais freqüência, a partir do momento em que descobriu-se como extraí-lo de seu minério. A exploração regular de jazidas começou em torno de 1.500 a.C., provavelmente no Oriente Médio, de onde o metal teria sido importado por assírios e fenícios. Do primeiro milênio da era cristã em diante, o ferro difundiu-se por toda bacia do Mediterrâneo. Em 1554, o padre jesuíta José de Anchieta relatou, em um informe ao rei de Portugal, a existência de depósitos de prata e minério de ferro no interior da capitania de São Vicente (atual estado de São Paulo). Quem primeiro trabalhou na redução desse minério de ferro foi Afonso Sardinha. Em 1587, ele descobriu magnetita na atual região de Sorocaba, no interior de São Paulo, e iniciou a produção de ferro a partir da redução do minério. É a primeira fábrica de ferro que se tem notícia no Brasil. As forjas construídas por Sardinha operaram até a sua morte, em 1629. Após essa data, a siderurgia brasileira entrou em um período de estagnação que durou até o século seguinte. Siderurgia no Brasil Total de exportações brasileiras Participação dos principais produtos exportados Exportações do setor mineral Principais empresas mineradoras brasileiras 8 Exportação de minerais metálicos Exportação de minério de ferro Comparativo das taxas de crescimento PIB vs. Indústria extrativa mineral 11 Minério de ferro Sistema Norte – Minérios de alto teor Esse sistema é composto pelo Complexo Minerador da Serra dos Carajás, no Pará, e pelo Terminal Marítimo de Ponta da Madeira (TMPM), no Maranhão. A essas atividades está integrado o transporte de minério através da EFC (Estrada de Ferro Carajás), atualmente no âmbito da área de negócio da Logística. Sistema Sul – baixo teor (precisam de concentração) O Sistema Sul é composto por quatro complexos mineradores: Itabira, Mariana, Minas Centrais e Minas do Oeste. Esses complexos englobam mais de 15 minas, localizadas no Quadrilátero Ferrífero, em Minas Gerais. Fluxo de Produção • . http://www.ibs.org.br/siderurgia_usos_fluxo.asp Produção de ferro e aço História da utilização: # Cometas – Grandes concentrações de minério de ferro. # Povos antigos – Babilônia, Egito, Pérsia, China, Índia e depois Gregos e Romanos fabricavam armas e inúmeros utensílios de ferro e aço. Fornos Primitivos Tipo poço fechado Tipo de forja catalã Ambos usando carvão vegetal como combustível. Figura: Fornos primitivos usados na redução do minério de ferro, pelo emprego de carvão vegetal como combustível. Estes dois tipos de fornos usavam o processo de redução direta (ferro não era obtido no estado líquido): C + O2 CO2 CO2 + C CO CO + FeXOY Fe + CO2 Obs.: O ferro era obtido no estado pastoso (líquido de alta viscosidade), misturado com as impurezas do minério. O ferro assim obtido apresentava-se em geral relativamente dúctil, mole, maleável e podia ser trabalhado por martelamento a temperaturas relativamente elevadas. Após ser retirado do forno (uma bola de ferro), o ferro era martelado para a remoção das impurezas. O resultado final era uma barra ou “lupa”, posteriormente reaquecida e trabalhada por martelamento (ferro pudlado). Fornos primitivos Possibilitavam a absorção de uma certa quantidade de carbono (até 1%), o que por rápido resfriamento poderia elevar drasticamente a dureza do material (têmpera). Desenvolvimento dos altos-fornos Começou-se a aumentar, paulatinamente, a altura dos fornos primitivos. (fornos de cuba ou fornos chaminé). Fornos chaminé: Carga introduzida pelo topo Ar soprado pela parte inferior 1500 Inglaterra Alto-forno mais próximo aos modernos 1619 Inglaterra Introdução do coque 1800 Inglaterra Aquecimento do ar Fluxograma Reduzido de uma Usina Siderúrgica integrada Usina Siderúrgica não Integrada Matérias-primas da indústria siderúrgica. As matérias-primas básicas utilizadas na siderurgia são: Minério de ferro (Hematita Fe2O3) Carvão mineral Fundentes à base de calcário (Calcita/carbonato de cálcio/CaCO3) MINÉRIO DE FERRO (Fe2O3 – ferro) CARVÃO MINERAL (Carbono- redutor) CALCÁREO (CaO – fluxante) PELOTIZAÇÃO (homogeneização) COQUERIA (produção Coque) ALTO FORNO (redução do minério de ferro e fusão do metal) FERRO GUSA DESSULFURAÇÃO DESCARBONETAÇÃO (Conversor) DESGASEIFICAÇÃO OU DESOXIDAÇÃO AÇO LÍQUIDO Ar (O2) Escória LINGOTEAMENTO LINGOTEAMENTO LAMINAÇÃO • Processo consiste de 4 etapas principais: – Preparo das matérias primas (Coqueria e sinterização); – Produção de gusa (Alto-forno); – Produção de aço (Aciaria); – Conformação mecânica (Laminação). Matéria prima coqueria sinterização Alto-forno Aciaria lingotamento • Produção do aço: – Matérias-primas: • Minério de ferro + carvão mineral Minério de ferro É a principal matéria-prima do alto-forno, pois é dele que se extrai o ferro. Os minerais que contêm ferro em quantidade apreciável são os óxidos, carbonatos, sulfetos e silicatos. Os mais importantes para a indústria siderúrgica são os óxidos, sendo eles: Magnetita (óxido ferroso-férrico) Fe3O4 (72,4% Fe). Hematita (óxido férrico) Fe2O3 (69,9% Fe). Limonita (óxido hidratado de ferro) 2Fe2O3.3H2O (48,3% Fe). Obs.: O Brasil possui grandes reservas de minério de ferro de alta qualidade (alto teor de ferro). O minério de ferro é composto por três partes a saber: Útil parte que contém o ferro Ganga impurezas sem valor direto Estéril rocha onde o minério é encontrado. O minério de ferro pode ser classificado como: Rico 60 a 70% de Fe Médio 50-60% de Fe Pobre <50% O minério de ferro pode ser aglomerado adequadamente para ser utilizado na indústria siderúrgica, de 4 formas: • Sinterização → (Sínter) • Pelotização → Pelotas (Pellets) • Briquetagem → (Briquetes) • Nodulização → (Nódulos) Beneficiamento do minério de ferro O termo genérico “beneficiamento” compreende uma série de operações que têm como objetivo tornar o minério mais adequado para a utilização nos altos- fornos. Estas operações são britamento, peneiramento, mistura, moagem, concentração, classificação e aglomeração (principal). A aglomeração visa melhorar a permeabilidade da carga do alto-forno, reduzir o consumo de carvão e acelerar o processo de redução. Os processos mais importantes de aglomeração são a sinterização e a pelotização. 28 Evolução da Carga nos Altos Fornos 0 20 40 60 80 100 1948 1953 1958 1963 1968 1973 1978 1983 1988 1993 1998 C om po si çã o da C ar ga (% ) Granulado SinterPelota Sinterização: – Preparação do minério de ferro para a produção do gusa; – Correta granulometria para proporcionar permeabilidade do ar para a combustão no alto-forno; – Finos de minério: adiciona-se fundentes (calcário, sílica) e o novo composto é britado na granulometria desejada. Sinterização: Consiste em aglomerar-se finos de minério de ferro numa mistura com aproximadamente 5% de um carvão finamente dividido ou coque. A carga é aquecida por intermédio de queimadores e com o auxílio de fluxo de ar. A temperatura que se desenvolve durante o processo atinge 1.300 a 1500oC, suficiente para promover a ligação das partículas finas do minério, resultando num produto uniforme e poroso chamado sínter. Fluxograma da Sinterização Processo de Sinterização Sinteres são aglomerados de forma irregular e esponjosa formados por meio de uma combustão forçada (sinterização) de um combustível previamente adicionado à mistura (finos minério de ferro; fundentes – calcário, areia; combustível – finos de coque; aditivos – corretivo de características para aproveitamento de resíduos de recirculação). Tecnologia criada com o objetivo de aproveitar minérios finos (quantidade crescente no mundo) e resíduos industriais. A sinterização atual visa basicamente elaborar uma carga de altíssima qualidade para o AF. Forno de ignição Alimentador Chaminé Exaustor Caixa de Despoeiramento Tambor de mistura A B C D E F Silos de armazenagem INSUMOS Finos de retorno Finos de minério Coque Calcário Pó de alto forno Fragmentação do bolo de sinter Peneiramento a quente Sinter Peneiramento a frio Finos de retorno Resfriador rotativo Processo de Sinterização Máquina de sinterização Processo de Sinterização Mistura úmida Camada de Forramento Gás Forno de ignição Succção Sinter Zona de Combustão Mistura Seca e Calcinada Ar Gás Succção Antes da queima Durante a queima Forno de ignição Ar Antes da queima Durante a queima Processo de Sinterização – cont. Forno de ignição e evolução do processo Corte longitudinal do leito de uma máquina de sinterização contínua Pelotização: Este é o mais novo processo de aglomeração e talvez o de maior êxito. Neste processo, produzem-se inicialmente “bolas” ou “pelotas” cruas de finos de minério de alto teor ou de minério concentrado. Adiciona-se cerca de 10% de água e, geralmente, um aglomerante de natureza inorgânica. Uma vez obtidas as pelotas cruas, estas são secas, pré-aquecidas e então queimadas. Processo de Pelotização Pelotas são aglomerados de forma esférica formados pela pelotização de minérios finos com o auxílio de aditivos seguido por um endurecimento a frio ou a quente. Os aditivos geralmente utilizados são: fundentes (calcário, dolomita), aglomerantes (bentonita, cal hidratada) e combustível sólido (antracito) Existem basicamente dois tipos de pelotas: PAF: Pelotas para Alto Forno PRD: Pelotas para Redução Direta Processo de Pelotização Processo de Pelotização O carvão é o combustível utilizado no alto forno – na forma de coque ou de madeira. O processo de destilação do carvão mineral sob ausência de oxigênio é chamado de coqueificação. Carvões: Coque Vegetal Coqueria: Carvão mineral deve fornecer energia térmica e química para o desenvolvimento do processo de redução (produção de gusa); Coqueificação: Eliminação de impurezas; Destilação do carvão em ausência de ar; T=1300º por 18 horas; Resulta o coque metalúrgico, composto basicamente de carbono, com elevada resistência mecânica e alto ponto de fusão, o qual é encaminhado ao alto-forno. 43 Coqueria O coque é o produto sólido da destilação de uma mistura de carvões realizada a em torno de 1100oC em fornos chamados coquerias. A destilação dá origem aos produtos carbo- químicos (gases, vapores condensáveis, benzol, alcatrão, etc) que são comercializados pelas siderúrgicas. O gás de coqueria e´um importante insumo para a própria usina. O processo de coqueificação consiste no aquecimento do carvão mineral na ausência da ar. 44 Fornecer o calor necessário às necessidades térmicas do processo; Produzir e "regenerar" os gases redutores; Carburar o ferro gusa; Fornecer o meio permeável nas regiões inferiores do forno onde o restante da carga está fundida ou em fusão. O Papel do Coque no Alto Forno Coqueria 45 Seqüência de operação Coqueria 46 • Detalhes do processo Típica Bateria de coqueificação Coque incandescente pronto para ser descarregado Coqueria Carvão ou coque O combustível utilizado no alto-forno é o carvão, coque ou carvão de madeira, cujas funções são: •fornecedor de calor •fornecedor do carbono para a redução de óxido de ferro •fornecedor de carbono como principal elemento de liga do ferro gusa. Coque O coque é obtido pelo processo de “coqueificação”, que consiste, em princípio, no aquecimento a altas temperaturas, em câmaras hermeticamente (exceto para saída de gases) fechadas, do carvão mineral. No aquecimento às temperaturas de coqueificação e na ausência de ar, as moléculas orgânicas complexas que constituem o carvão mineral se dividem, produzindo gases e compostos orgânicos sólidos e líquidos de baixo peso molecular e um resíduo carbonáceo relativamente não volátil. Este resíduo resultante é o “coque”, que se apresenta como uma substância porosa, celular, homogênea, sob os pontos de vista químico e físico. A qualidade do coque depende muito do carvão mineral do qual se origina, principalmente do seu teor de impurezas. Esquema do processo de coqueificação CARVÃO GÁS IMPURO 25% COQUE 75% ALCATRÃO 5,3% Para a usina de destilação de alcatrão MISTURA DE PICHE CREOSOTO SULFATO DE PIRIDINA NAFTALENO FENOL CRESOL XILENOL ÁCIDO CRESÍLICO SULFATO DE AMÔNIO 1,2% PIRIDINA 0,01% ÓLEOS LEVES 1,2% Para a usina de Benzol BENZOL PARA MOTOR BENZOL PURO NAFTA TOLUOL XILOL RESÍDUOS GÁS COMBUSTÍVEL 17% Carvão vegetal O carvão vegetal ou de “madeira” é fabricado mediante pirólise da madeira, isto é, quebra das moléculas complexas que constituem a madeira, em moléculas mais simples, mediante calor. O aquecimento para a carbonização da madeira é feito em fornos de certo modo rudimentares e pouco eficientes, sobretudo no Brasil, pois os subprodutos gasosos e líquidos são perdidos durante o processo. O calor é aplicado à madeira, com ausência de oxigênio, resultando em gases (CO2, CO, H2, etc...), líquidos (alcatrões, ácido acético, álcool metílico) e o resíduo sólido que é o carvão vegetal. Fundente A função do fundente é combinar-se com as impurezas (ganga) do minério e com as cinzas do carvão, formando as chamadas “escórias”. O principal fundente é o calcário, de fórmula CaCO3. CaCO3 + Calor CaO + CO2 Outras matérias-primas da indústria siderúrgica Entre elas, a mais importante é o minério de manganês. Outras matérias-primas incluem as “ferro-ligas” de silício, cromo, vanádio, molibdênio, níquel, tungstênio, titânio, etc...Finalmente, deve- se ainda mencionar como importante matéria- prima a sucata de aço, ouseja, subprodutos da fabricação de aço e itens ou componentes de aço desgastados, quebrados ou descartados. Construção do Alto Forno. O Alto Forno consiste de uma estrutura cilíndrica, de elevada altura, que compreende essencialmente uma fundação e o forno. O forno é constituído de três partes principais: Cadinho Rampa Cuba Em relação ao cadinho. -São acumulados o metal fundido e a escória; -É construído em chapas grossas de aço, com formato cilíndrico e, revestido com tijolos refratários de grafite ou material silico-aluminoso. -Entre a carcaça de aço e os tijolos refratários, colocadas placas de ferro fundido com tubos de cobre (resfriador suporte), por onde passa água para refrigeração. Em relação à rampa: •Tem formato tronco-cônico, com dimensões que variam desde o diâmetro do cadinho até 10,5 m ou mais, pode superar 4 m de altura. •É a zona mais quente do alto forno, com espessura de refratário inferior ao do cadinho, exigindo o resfriamento externo por conta das placas metálicas por onde circula água. Em relação à cuba: •Tem formato tronco cônica, com a seção menor voltada para cima no topo ou goela; •Sua altura a partir da rampa pode superar 25 m. •É constituída de tijolos refratários de grande espessura, devido ao desgaste, essa espessura é maior na parte inferior e vai diminuindo progressivamente até perto do topo. Sistema de carregamento do alto forno: O sistema de carregamento mais comum, é localizado no topo do alto forno e é denominado “Copo e Cone”. É constituído de: •Tremonha de recebimento de carga; •Silo ou tremonha superior rotativa com o sino ou cone pequeno (movimentado por sistema de alavancas); •Tremonha inferior com silo ou cone grande. Sino ou cone pequeno Tremonha de recebimento Sino ou cone grande Tremonha inferior Silo ou tremonha superior rotativa Sistema de Copo e Cone. INICIO DA OPERAÇÃO DO ALTO FORNO. Para o alto forno começar a operar, é necessário que seja feita a secagem por completo do seu interior, por uma das seguintes formas: Sopro de ar quente, vindo dos regeneradores através das ventaneiras, durante 10 a 15 dias, até temperatura ao redor de 600 °C. Queima de carvão de madeira ou coque. A primeira carga de matéria-prima apresenta uma proporção maior de coque para acelerar o aquecimento do revestimento refratário e formar uma quantidade maior do que o normal de escória. À medida que a combustão do carvão progride, a proporção dos vários elementos constituintes da carga é modificada até o final. A figura seguinte apresenta uma carga normal de alto forno e os produtos resultantes para a produção de 1000 ton. de ferro gusa. Alto-forno: Cuba com 50 a 100 m de altura; Minério de ferro em gusa: coque metalúrgico e fundentes; Princípio básico: retirada do oxigênio do minério que se reduz a ferro; Redução: combinação do carbono presente no coque com o oxigênio do minério; Combustão do carvão com o oxigênio do ar fornece calor para fundir o metal . Alto-forno: – Minério de ferro (sínter) + coque + fundentes; – Ar quente entra pela parte inferior (ventaneiras); – Coque + ar quente = combustão; – Resultado: ferro gusa e escória (fabricação de cimento). Alto-forno: – Carro torpedo: » Revestido internamente com material refratário; » Dessulfuração: redução do teor de enxofre a níveis aceitáveis; » Análise química: composição da liga (carbono, silício, enxofre e manganês); » Próxima etapa: aciaria. O alto-forno constitui ainda o principal aparelho utilizado na metalurgia do ferro. A metalurgia do ferro consiste, essencialmente, na redução dos óxidos dos minérios de ferro, mediante o emprego de um redutor, que é um material a base de carbono (carvão). A Figura 2 mostra a seção transversal de uma instalação de alto-forno, incluindo todo o equipamento acessório e auxiliar. Como se vê, trata-se de uma estrutura cilíndrica, de grande altura, que compreende essencialmente uma fundação e o forno propriamente dito. Este, por sua vez, é constituído de três partes essenciais, isto é, cadinho, rampa e cuba. O equipamento acessório e auxiliar do tem como objetivo limpar os gases que saem do alto-forno, bem como pré-aquecer o ar que é introduzido no forno através das ventaneiras. Produção do ferro Gusa: Alto-forno Seção transversal de uma instalação de alto-forno, incluindo o equipamento auxiliar principal. Seção transversal de um alto-forno moderno. Operação do alto-forno Num alto-forno, existem duas correntes de materiais responsáveis pelas reações que se verificam, isto é, uma corrente sólida, representada pela carga que desce paulatinamente e uma corrente gasosa que se origina pela reação do carbono do carvão com o oxigênio do ar soprado pelas ventaneiras, que sobe em contracorrente. Reações químicas: As temperaturas mais elevadas ocorrem nas proximidades das ventaneiras: da ordem de 1.800 a 2000oC. Nesta região, verifica-se a reação: C + O2 CO2 Originando-se grande quantidade de calor. Este CO2, ao entrar em contato com o coque incandescente, decompõe-se: CO2 + C 2CO O CO originado é o agente redutor. A carga introduzida pelo topo, ao entrar em contato com a corrente gasosa ascendente sofre uma secagem. A decomposição dos carbonatos, contidos no calcário dá-se a aproximadamente 800oC, conforme as seguintes reações: CaCO3 CaO + CO2 MgCO3 MgO + CO2 Além do CO como agente redutor, o próprio carbono do carvão atua nesse sentido. Reações químicas de redução do minério de ferro: 3Fe2O3 + CO 2Fe3O4 + CO2 Fe3O4 + CO 3FeO + CO2 ou Fe2O3 + 3C 2Fe + 3CO Na região que corresponde ao topo da rampa (região acima do cadinho onde o ferro líquido e a escória são depositados), inicia-se a formação da escória, pela combinação da cal (CaO) com a ganga (impurezas do minério de ferro) e uma certa quantidade de óxido de ferro e manganês. Essa escória formada, juntamente com o ferro, começa a gotejar através dos interstícios (espaços vazios) da carga ainda sólida, para depositar-se no cadinho. Outras reações: Mn3O4 + C 3MnO + CO MnO + C Mn + CO SiO2 + 2C Si + 2CO P2O5 + 5C 2P + 5CO FeS + CaO + C CaS + Fe + CO Finalmente, as últimas reações fundamentais são representadas pelas equações: 3Fe + C Fe3C 3Fe + 2CO Fe3C + CO2 Todas estas reações produzem, então, o ferro gusa, que além de ferro e carbono também incorpora os elementos manganês (Mn), silício (Si), fósforo (P) e enxofre (S). Reações químicas do Alto-forno Processo Temperatura (°C) H (kJ/Kmol) Evaporação da umidade 100 + 6,490 Remoção da água de hidratação 120 - 300 + 7,955 Remoção do CO2: 3 MnCO3 Mn3O4+CO2+CO 3 FeCO3 Fe3O4+CO2+CO FeCO3 FeO+CO2 > 525 380 - 570 > 570 + 363,791 + 236,973 + 112,206 Redução do Fe2O3 a Fe3O4: 3Fe2O3+CO Fe3O4+CO2 400 - 550 - 52,854 Remoçãodo CO2: MgCO3 MgO+CO2 MgCO3 . CaCO3 MgO . CaO+CO2 400 - 500 400 - 750 + 114,718 + 304,380 Decomposição do CO: 2CO CO2+C 450 - 600 - 172,467 Redução do Fe3O4 a FeO: Fe3O4+CO 3FeO+CO2 570 - 800 + 36,463 Remoção do CO2: CaCO3 CaO+CO2 850 - 950 + 177,939 Redução do FeO a Fe: FeO+CO Fe+CO2 650 - Ts - 17,128 Reação de Boudouard: CO2+C 2CO > 900 + 172,467 Fusão da escória primária 1100 + 921,1 (kg slag) Dissolução do CaO na escória primária 1250 + 1046,7 (kg Fe) Combustão do Ccoque: Ccoque+O2 CO 2Ccoque+CO2 2CO Ccoque+0.5O2 CO 1800 - 2000 2000 - 1450 1550 - 406,120 + 172,467 - 116,83 Reações de redução Minério Coque Zona Granular Zona de Amolecimento e Fusão Zona de Coque Ativa Camada em Amolecimento e Fusão Zona de Combustão Cadinho Zona de Gotejamento Zona de Coque Estagnado Zona de Preparação A zona de preparação se localiza em temperaturas inferiores àquela mínima para que a reação de “Solution Loss” ocorra. Dessa maneira, na zona de preparação não existe reação dos gases com o carbono da carga. Se o carbono da carga não reage nesta zona, ela pode ser tratada como um reator no qual a carga é secada, pré- aquecida e pré-reduzida pelos gases ascendentes. Zona de Preparação Zona de elaboração A zona de elaboração do alto-forno está situada abaixo da zona de preparação, englobando parte da zona granular, a zona de amolecimento e fusão e a zona de gotejamento (homem morto e a zona de combustão). A principal característica da zona de elaboração é que o carbono da carga reage nesta zona, e, portanto, todo o encargo térmico (reações endotérmicas) para aí transferido é traduzido num aumento de consumo de carbono. Zona de elaboração Zona de preparação e zona de elaboração Então, na prática se tivermos: MAIOR eficiência de redução da carga metálica na zona de preparação (elevação da relação CO2/CO no topo) MENOR Consumo de carbono (kg/t gusa) O problema é: Redução Direta do FeO pelo C (temperaturas acima de 950ºC): FeO + CO Fe +CO2 (exo) CO2 + C 2CO (endo) “Solution Loss” FeO + C Fe + CO (endo) consumindo calor para ocorrer!!! Zona de preparação e zona de elaboração Podemos aumentar a eficiência de redução controlando 3 fatores: 1. Contato gás-sólido na ZP: Um bom contato gás-sólido está associado à distribuição de carga, à granulometria da carga e à própria qualidade da carga metálica com relação à degradação (RDI e crepitação). 2. Qualidade da carga metálica: A carga metálica deverá ter uma boa redutibilidade para facilitar as reações de redução. 3. Tempo de residência maior da carga metálica na ZP: Um tempo de residência maior da carga metálica na ZP também contribui para uma maior eficiência de redução nessa zona. Uma menor produtividade do alto-forno, na maioria das vezes, não é o desejado (caso do AF de KUKIOKA – perfil W). Pode-se conseguir isto trabalhando com um coque mais denso, por exemplo. Zona de preparação e zona de elaboração As condições termodinâmicas existentes no interior do reator promovem a incorporação de algumas impurezas ao gusa líquido e separa outras na fase escória e gás. COQUE MINÉRIO Fe2O3 MnO2 P2O5 K2O SiO2 CaO Al2O3 ESCÓRIA GUSA Fe3O4 FeO FeO Fe (99%) Si (10%) SiO2 CaO Al2O3 P2O5 P (95%) G Á S K2O G Á S C C (12%) G Á S Mn (70%) MnO G Á S Mn3O4 MnO A ESCÓRIA •É composta de elementos do calcário (CaCO3), ganga do minério e cinzas do carvão. Sua composição varia entre os seguintes limites: SiO2 → 29 a 38 % Al2O3→ 10 a 22 % CaO + MgO→ 44 a 48% FeO + MnO→ 1 a 3 % CaS→ 3 a 4% A formação da escória compreende reações bem mais complexas. Essa escória resulta da combinação do CaO e do MgO do calcário (fundente) com a ganga (impurezas) do minério e as cinzas do carvão. A escória caracteriza-se por sua grande fluidez e seu baixo peso específico. Assim, no cadinho (reservatório), a escória e o gusa líquido separam-se por gravidade, formando duas camadas, isto é, a inferior (metálica) e a superior (escória), facilitando o vazamento de ambos os produtos. APLICAÇÕES DA ESCÓRIA. Lastro para ferrovias Lã para isolamento térmico e acústico em construção civil Cimento Escória de Alto-forno Características de uma boa escória: 1. Líquida 2. Fluida (baixa viscosidade) 3. Tolerância 4. Reter Álcalis (K2O e Na2O) – escórias ácidas 5. Reter Enxofre – escórias básicas 6. Baixo volume Escória de Alto-forno A formação da escória inicia-se na região do topo da rampa (acima do cadinho), quando ocorre combinação da cal (Cao) com a ganga (impurezas do minério de ferro) e certa quantidade de óxido de ferro e manganês. É importante ressaltar que essa composição vai depender das matérias primas e do tipo de gusa fabricado. A composição química é de extrema importância e vai determinar as características físico- químicas das Escórias de Alto-Forno. O GÁS DE ALTO FORNO. É um subproduto muito importante devido ao seu alto poder calorífico. Sua composição é a seguinte: •CO2→ 13 % •CO→ 27 % •H2→ 3 % •N2→ 57 % Limpeza do gás de alto forno. É utilizado na própria usina siderúrgica nos regeneradores, aquecimento de panelas e caldeiras. Alto-Forno Produtividade É necessário ter controle do desempenho do alto- forno para atender as especificações do aço (composição química, atributos físicos, beneficiamento, etc.) Vale ressaltar a produtividade e a estabilidade em todo o processo do alto-forno. Percebe-se a importância do conhecimento das zonas de preparação e elaboração, além das reações de redução, formação da escória e incorporação de inclusões. Técnicas para aumentar a produção do Alto Forno. Além da utilização de 90 % da carga metálica do alto forno, no formato de sínter ou pelotas e, considerável redução de carvão utilizado e consequente aumento de produtividade do alto forno, pela redução do consumo de combustível, outras técnicas são empregadas •Elevação da temperatura do ar soprado a patamares de 760 a 1000 °C e controle da sua umidade •Injeção de combustível através das ventaneiras •Adição de O2 ao ar, (processo com restrições devido ao alto custo do O2). •Operação a alta pressão. PRODUTOS DO ALTO FORNO. O ferro gusa •É utilizado na aciaria para posterior redução do teor de carbono, sendo transformado em aço; •É uma liga ferro-carbono com alto teor de carbono e, teores variáveis de silício, manganês, fósforo e enxofre; •Em geral sua composição é a seguinte: - Carbono – 3 a 4,5%; - Silício – 0,5 a 4,0% - Manganês – 0,5 a 2,5% - Fósforo – 0,05 a 2,0% - Enxofre – 0,20 5 máx. Influência dos elementos de liga • Carbono (C): – Melhora a resistência mecânica; – Prejudica a ductilidade (dobramento)e tenacidade; – A cada 0,01% de aumento do teor de carbono o limite de escoamento aumenta em ~ 0,35MPa. • Manganês (Mn): – Melhora a resistência mecânica; – Prejudica a soldabilidade (menos que o ‘C’); • Silício (Si): – Aumenta a resistência mecânica e à corrosão; – Diminui a soldabilidade; • Enxofre (S): – Muito prejudicial; – Desfavorece a ductilidade e diminui a soldabilidade; – Teor limitado a 0,05%. Fósforo (P): › Melhora a resistência mecânica e à corrosão; › Prejudica a ductilidade (dobramento) e soldabilidade; › Pode tornar o aço quebradiço. Cobre (Cu): › Aumenta a resistência À corrosão. Níquel (Ni): › Aumenta a resistência a abrasão e à corrosão; › Diminui a soldabilidade. Cromo (Cr): › Aumenta a resistência a abrasão e à corrosão; › Diminui a soldabilidade; › Melhora o desempenho a temperaturas elevadas. Nióbio (Nb): › Consegue-se boa resistência mecânica com boa soldabilidade. Titânio (Ti): › Aumenta resistência mecânica e à abrasão; › Bom desempenho sob temperatura elevada. Para cada tonelada de ferro produzida, são usadas cerca de: 2 ton de minério, 0,5 ton de calcário, 1 ton de coque e 4 ton de ar. E, como subprodutos, cerca de 0,5 ton de escória e 6 ton de gás.
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