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Revista Ampla de Gestão Empresarial, Registro, SP, V. 3, N° 1, art. 11, p 179-194, abril 2014, ISSN 2317-0727 Revista Ampla de Gestão Empresarial www.revistareage.com.br ADEQUAÇÃO DOS CUSTOS NA CULTURA PERMANENTE João Carlos Farber 1 Miguel Ferreira Luz 2 Fleuri Cândido Queiroz 3 Wanderley Adaid Munhoz 4 Indira Coelho de Souza 5 RESUMO O empresário rural hoje está pagando mais pelos insumos necessários para o cultivo e recebendo menos pelo seu produto depois de colhido. Tendo essa base, o empresário rural deve procurar meios para diminuir o custo da produção, evitando os desperdícios e melhorando o planejamento e controle de suas atividades, o que possibilita gerar informações necessárias, exatas e oportunas sobre a situação real da produção e do resultado das culturas de sua propriedade. Através do presente artigo objetiva-se elaborar um estudo sobre o custo de produção aplicado ao agronegócio, especificamente, na cultura da banana com o intuito de apresentar o resultado da cultura em relação ao período analisado. Por meio da pesquisa dessa cultura, verificou-se que a cultura da banana apresenta lucro significativo. Concluiu- se que à utilização de ferramentas de controle e gerenciamento de custos propiciam informações ao usuário que servem para auxiliar no processo decisório da atividade rural. O gerenciamento e planejamento da produção propiciam informações para melhorar o desempenho econômico e financeiro da atividade do agronegócio. Palavras chave: Gestão de Custos, Contabilidade Gerencial, Contabilidade Rural e Contabilidade de Custos. 1 Mestre em Controladoria e Contabilidade Estratégica. Professor da Faculdade Peruíbe. 2 Doutor em Contabilidade e Controladoria. Professor da Faculdade Peruíbe. 3 Especialista em Marketing. Professor da Faculdade Peruíbe. 4 Mestre em Administração. Professor da Faculdade Peruíbe. 5 Mestre em Administração. Coordenadora da Faculdade Peruíbe. Adequação dos Custos na Cultura Permanente Farber, J.C. ; Luz, M.F. ; Queiroz, F.C. ; Munhoz, W.A. ; Souza, I.C. 180 Revista Ampla de Gestão Empresarial, Registro, SP, V. 3, N° 1, art. 11, p 179-194, abril 2014, ISSN 2317-0727 INTRODUÇÃO A contabilidade de custos surgiu a partir da Revolução Industrial, com o surgimento das máquinas e, assim com a importância da produção. Antigamente, a produção era artesanal, familiar e em pequenas quantidades. Nessa época, as empresas apenas compravam e revendiam mercadorias, ou seja, dedicavam-se mais aos produtos que era vendido no comercio. Hoje em dia os agricultores estão pagando cada vez mais pelos insumos necessários para o cultivo e recebendo menos pelo seu produto após a colheita. O empresário rural deve ir à busca de meios para minimizar o custo de sua produção, evitando os desperdícios e melhorando o planejamento e controle das atividades exercidas, buscando gerar informações necessárias e oportunas sobre a situação real da produção. Considerando um mercado de concorrência, qualquer tentativa de aumentar o lucro passando pelo aumento de preço, tem reações imediatas na redução das vendas. Nesse sentido, com o objetivo de aumentar os lucros, as empresas têm-se voltado para melhorar a gestão de custos através de sua atividade. Assim, com o passar do tempo, a contabilidade de custos foi adquirindo novas funções; entre elas duas são as mais significativas: a de controle e a de ferramenta para tomadas de decisões. Atualmente o papel do controle de custos e administração como responsáveis pelo controle econômico das atividades e seus eventos, não têm desempenhado a mesma razão, deixando muitas vezes os administradores dos empreendimentos agrícolas sem ferramentas necessárias para a tomada de decisões seguras. Diante disso se faz necessário que o administrador procure por todos os meios, reduzir os seus custos de produção, os quais são representados pelos custos de utilização dos insumos, mão-de-obra e máquinas. O presente estudo visa desenvolver em estudo racional das particularidades dos custos componentes do processo de produção agrícola com a utilização adequada dos métodos de custeamento, fornecendo ao administrador agrícola das pequenas e médias empresas, subsídios necessários e simplificados de apropriação adequada dos custos na produção agrícola na cultura permanente. Através do estudo pode se identificar que a Cultura Permanente é aquela cultura que proporciona mais de uma colheita ou produção, do ponto de vista da Adequação dos Custos na Cultura Permanente Farber, J.C. ; Luz, M.F. ; Queiroz, F.C. ; Munhoz, W.A. ; Souza, I.C. 181 Revista Ampla de Gestão Empresarial, Registro, SP, V. 3, N° 1, art. 11, p 179-194, abril 2014, ISSN 2317-0727 pesquisa basta à cultura durar mais de um ano e propiciar mais de uma colheita para se classificar Cultura Permanente. Diante dessa perspectiva, a presente pesquisa tem por objetivo elaborar o custo da produção da Banana, analisando os custos fixos e variáveis referentes à produção da cultura presente citada. Por meio do presente estudo, busca-se evidenciar ao produtor sua real situação, tanto econômica, quanto financeira. A questão chave que se busca responder na presente pesquisa é a seguinte: quais são os custos fixos e variáveis da produção que envolve a cultura permanente da Banana, em um período correspondente o 1º Semetre de 2010, 2º Semestre de 2010 e 1º Semestre de 2011, na propriedade em estudo no Vale do Ribeira? Metodologia A presente pesquisa é de caráter documental já que se utiliza como fonte de pesquisa documentos oficiais retirados de dados verdadeiros das empresas. Segundo Lakatos e Marconi (2001, p.43): A característica da pesquisa documental é a fonte de coleta de dados restrita a documentos, escrito ou não, constituindo o que se denomina de fontes primárias. Podem ser feitas no momento em que o fato ou fenômeno ocorre, ou depois. O objetivo da pesquisa documental é recolher, analisar e interpretar as contribuições teóricas já existentes sobre determinado fato, assunto ou idéia. A pesquisa Bibliográfica é elaborada com base em material já publicado. Nesse tipo de pesquisa se utiliza material impresso, como livros, revistas, jornais entre outros Conforme Lakatos e Marconi (2010, P.166). A característica da pesquisa é quantitativa, que, segundo o exposto Richardson et al (1999:70), “caracteriza-se pelo emprego da quantificação tanto nas modalidades de coleta de informações quanto no tratamento delas por meio de técnicas estatísticas, desde as mais simples como percentual, média, desvio-padrão, à mais complexas como coeficiente de correlação, análise de regressão etc A pesquisa utiliza dados tirados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (CEPEA – USP/ESALQ) “Hortifruti”. A presente pesquisa mostrará a forma de Custeio em uma produção rural de banana apurando os custos fixos e variáveis desta Cultura Permanente. Adequação dos Custos na Cultura Permanente Farber, J.C. ; Luz, M.F. ; Queiroz, F.C. ; Munhoz, W.A. ; Souza, I.C. 182 Revista Ampla de Gestão Empresarial, Registro, SP, V. 3, N° 1, art. 11, p 179-194, abril 2014, ISSN 2317-0727 2 EMBASAMENTO TEÓRICO O presente estudo busca mostrar a importância da contabilidade para a tomada de decisão dos produtores rurais A Contabilidade Rural existe há muitos anos e é um dos principais sistemas de controle de informações das empresas rurais, mas apesar disto, é bem pouco utilizada como ferramenta de gerenciamento pelos produtores para auxiliar em suas atividades. Por ser um importante instrumento gerencial eladeve ser mais valorizada pois, através de suas informações, ajuda no planejamento e controle, assim acarretará numa melhor tomada de decisão, sendo que, financeiramente, controla custos, ajuda a decidir por diversificação de culturas e comparação de resultados. Segundo Crepaldi (2006, p. 85): “a Contabilidade Rural também fornece informações sobre condições de expandir-se, sobre necessidades de reduzir custos ou despesas, necessidade de buscar recursos, etc”. Contabilidade irá auxiliar o produtor nas horas certas de investir o que pode ser investido, no que investir, quanto, sempre com um bom planejamento, para que a decisão tomada agora não vá influenciar mal os resultados futuros. 2.1 Cultura temporária e Cultura permanente Existem, basicamente, dois tipos de culturas que devemos considerar tendo em vista a Contabilidade Agrícola, culturas temporárias e permanentes. Segundo Marion (1999, p.36): “culturas temporárias são aquelas sujeitas ao replantio após a colheita. Normalmente o período de vida é curto. Após a colheita, são arrancadas do solo para que seja realizado novo plantio.” As culturas temporárias, também conhecidas como anuais, possuem um período de vida muito curto entre o plantio e a colheita. São exemplos os plantios de feijão, arroz, trigo, soja, entre outros. Durante o ciclo produtivo, os custos serão acumulados em uma conta com nome de cultura temporária em formação que, após a colheita, deverá ser baixada pelo seu valor de custo e com a qual será criada uma nova conta denominada produtos agrícolas, sempre especificando o tipo de produto. Adequação dos Custos na Cultura Permanente Farber, J.C. ; Luz, M.F. ; Queiroz, F.C. ; Munhoz, W.A. ; Souza, I.C. 183 Revista Ampla de Gestão Empresarial, Registro, SP, V. 3, N° 1, art. 11, p 179-194, abril 2014, ISSN 2317-0727 Para Marion (1999, p.39): “culturas permanentes são aquelas que permanecem vinculadas ao solo e proporcionam mais de uma colheita ou produção. Normalmente atribui-se às culturas permanentes uma duração mínima de quatro anos.” As culturas permanentes são aquelas que não têm necessidade de replantio. Como exemplo tem as culturas de banana, laranja, maçãs, uvas, etc. Durante sua formação os gastos são acumulados na conta cultura permanentes em formação, e quando atingir a sua maturidade e estiver em condições de produzir, o saldo da conta da cultura em formação será transferido para a conta cultura permanente formada, especificando o tipo de cultura. O conhecimento do custo da produção rural classificada distintamente nos dois tipos de cultura, e ainda por operações dentro dessas culturas é importante principalmente devido a controle e decisão do produtor agrícola. Para que os custos sejam perfeitamente atribuíveis a produção se faz necessário um estudo dos custos e a identificação destes com a mesma. Para isso é importante que a pessoa responsável pelo departamento de produção conheça conceitos básicos utilizado na contabilidade de custos. A apuração dos custos em uma empresa é a contabilidade de custos, que no entender de LOPES DE SÁ (1993, p. 93), “é a parte da contabilidade que estuda os fenômenos dos custos, ou seja, dos investimentos feitos para que se consiga produzir ou adquirir um bem de venda ou um serviço.” Portanto, podemos dizer que os custos são os gastos relacionados aos produtos, que só pode ser reconhecido como tal, no momento que os fatores de produção ( bens e serviços ) forem efetivamente utilizados na produção , gerando um novo bem ou executando um novo serviço. 2.2 Custo da produção O empresário agrícola é, antes de tudo, um tomador de decisão. O que ele faz, muitas vezes intuitivamente, é alvo de estudo da teoria microeconômica, que procura entre os diversos processos e recursos produtivos selecionar a melhor alocação de insumos, uma vez que o que, quanto e como produzir é pontos chaves em qualquer processo produtivo. Adequação dos Custos na Cultura Permanente Farber, J.C. ; Luz, M.F. ; Queiroz, F.C. ; Munhoz, W.A. ; Souza, I.C. 184 Revista Ampla de Gestão Empresarial, Registro, SP, V. 3, N° 1, art. 11, p 179-194, abril 2014, ISSN 2317-0727 No momento em que o produtor decide as variáveis acima, ele está também definindo seu custo, ou melhor, o custo de sua produção. Para os economistas, custo econômico pode ser definido como o valor de mercado de todos os insumos usados na produção. (Binger E. Hoffman, 1998). Para Lopes De Sá (1993, p. 109), “custos é o investimento para que se consiga um bem de uso ou de venda”. No entender de Marion (1994), custo rural agrícola é o relativo às atividades das lavouras, que compreende todos os gastos feitos desde a preparação da terra até o ponto da colheita. A classificação dos custos depende de fatores tais como identificação com a produção ou relação com o volume dessa produção e classificam-se em: Custos Diretos: Para Marion (1996, p. 61), “são os identificados com precisão no produto acabado, através de um sistema e um método de medição, e cujo valor é relevante, como horas de mão-de-obra, quilos de sementes ou rações; gastos com funcionamento e manutenção de tratores”. Custos Indiretos: Conforme Marion (1996, p. 61), “são aqueles necessários à produção, geralmente de mais de um produto, mas alocáveis arbitrariamente, através de um sistema de rateio, estimativas e outros meios. Exemplo salários dos técnicos e das chefias, materiais e produtos de alimentação, higiene e limpeza ( pessoal e instalações ). Custo Fixo: Para Marion (1996, p. 61), são aqueles que permanecem inalterados em termos físicos e de valor, independente do volume de produção e dentro de um intervalo de tempo relevante. Geralmente são oriundos da posse de ativos e de capacidade ou estado de prontidão para produzir. “Exemplo depreciação de instalações, benfeitorias e máquinas agrícolas, seguro de bens, salários de técnicos rurais e chefias”. Custo variável: No Entender de Marion (1996, p. 61), “são aqueles que variam em proporção direta com o volume de produção ou área de plantio. Exemplo mão de- obra direta, materiais diretos ( fertilizantes, sementes, rações ), horas máquinas.” Numa empresa agrícola é fundamental um bom sistema de controle interno que permita ao produtor o acompanhamento do desenvolvimento de cada etapa do Adequação dos Custos na Cultura Permanente Farber, J.C. ; Luz, M.F. ; Queiroz, F.C. ; Munhoz, W.A. ; Souza, I.C. 185 Revista Ampla de Gestão Empresarial, Registro, SP, V. 3, N° 1, art. 11, p 179-194, abril 2014, ISSN 2317-0727 desenvolvimento da cultura, bem como a verificação das alocações dos diversos insumos que compõem essas culturas através da contabilidade de custos. 2.3 Custeio Para Lopes de Sá (1993, p. 108), trata custeio como o “ato de apropriar despesas, controlar custos ou registrar gastos feitos para manter alguma coisa”. Devido ao custo do produto ser composto de vários elementos e nem todos estes serem diretamente imputáveis ao produto, como vistos acima é que existem os sistemas de custeio. Baseado em matéria publicada na IOB - (Informações Objetivas) (1996), utiliza-se os sistemas de custeio com a finalidade de atribuir custos aos diversos bens ou serviços produzidos pela empresa. Esta atribuição se faz pela computação direta ou por alocação, sendo aquela quando o custo é identificável diretamente ao produto e esta quando os gastos não são atribuíveis de forma direta ao produto, devendo seguir critérios de rateio. Os rateios são técnicas usadas para distribuir os custos que não conseguem ser vistos com objetividade e segurança a quais produtos se referem. Tais técnicas envolvemum elevado componente de risco, devido ao grau de arbitramento, sendo que qualquer imprecisão, por menor que seja, na seleção do critério utilizado pode causar desvios significativos no resultado final obtido. A melhor técnica de rateio para determinado custo é aquela em que o custo indireto guarde estreita correlação com os dados escolhidos como base de rateio. A escolha das bases deve ser considerada em função dos fatores mais relevantes do produto. Conforme Martins (1993) apresenta algumas maneiras de se efetuar o rateio dos custos indiretos em uma empresa: a) rateio com base em horas máquina - onde a base é o número de horas em que as máquinas são utilizadas na produção. b) rateio com base na matéria-prima aplicada - onde a base é a matéria-prima aplicada na produção, que guarda estreita relação com a produção. c) rateio com base na mão-de-obra - onde a base é a mão-de-obra utilizada na produção. d) rateio com base nas unidades produzidas - onde a base é as unidades produzidas. Adequação dos Custos na Cultura Permanente Farber, J.C. ; Luz, M.F. ; Queiroz, F.C. ; Munhoz, W.A. ; Souza, I.C. 186 Revista Ampla de Gestão Empresarial, Registro, SP, V. 3, N° 1, art. 11, p 179-194, abril 2014, ISSN 2317-0727 Atualmente existem vários sistemas de custeamento usados com vantagens e desvantagens, os quais não devem ser confundidos com os métodos de avaliação de estoques que englobam exclusivamente, procedimentos necessários ao registro da movimentação dos estoques. Custeio Direto Para Lopes de Sá (1993, p. 108) “define custeio direto como sendo o processo de apuração de custo que exclui os custos fixos”, apenas os custos variáveis serão atribuídos aos produtos elaborados. Alguns autores também o chamam de custeio variável em razão da exclusão dos custos fixos. Custeio por absorção Conforme Lopes de Sá (1993, p.109), trata o custeio por absorção como sendo “o processo de apuração de custos que se baseia em ‘dividir‘ ou ‘ratear’ todos os elementos do custo de modo que cada ‘centro’ ou ‘núcleo‘ absorva ou receba aquilo que lhe cabe por ‘cálculo‘ ou ‘atribuição’ ”. O custo de produção inclui os gastos com administração de produção, departamento de programação e controle, almoxarifado de matérias-primas e demais materiais, além do pessoal aplicado na produção, as depreciações dos equipamentos e outras amortizações de investimentos. Para Crepaldi (1998 p. 203) trata o custeio por absorção como “a apropriação de todos os custos (sejam eles fixos ou variáveis) à produção agropecuária do período. Os gastos não produtivos (despesas) são excluídos. A distinção principal no custeio por absorção é entre custos e despesas. A separação é importante porque as despesas são jogadas imediatamente contra o resultado do período, enquanto somente os custos relativos aos produtos vendidos terão idêntico tratamento”. O mesmo autor relata os seguintes passos que devem ser seguidos no custeio por absorção: a) separação dos gastos o período em custos e despesas; b) classificação dos custos em diretos e indiretos; c) apropriação dos custos diretos aos produtos agropecuários; d) apropriação, através de rateio, dos custos indiretos de produção. Adequação dos Custos na Cultura Permanente Farber, J.C. ; Luz, M.F. ; Queiroz, F.C. ; Munhoz, W.A. ; Souza, I.C. 187 Revista Ampla de Gestão Empresarial, Registro, SP, V. 3, N° 1, art. 11, p 179-194, abril 2014, ISSN 2317-0727 No custo por absorção todos os custos de produção são alocados aos bens ou serviços produzidos, o que compreende todos os custos variáveis, fixos, diretos e indiretos, por meio da apropriação direta, enquanto que, os custos indiretos, por meio sua atribuição com base nos critérios de rateio. 3 ANÁLISE DOS DADOS Aplicação Pratica em uma Empresa Agrícola que Explora a Atividade da Bananicultura A produção brasileira de banana está distribuída por todo o Território Nacional, participando com significativa importância na economia de diversos Estados. A banana é cultivada em todas as regiões quentes do mundo, produz durante quase todo o ano, e é consumida em todos os países. Para Fioravanço (2003) comenta que para muitos países, além de ser elemento complementar da dieta da população, a banana tem grande relevância social e econômica, servindo como fonte de renda para muitas famílias de agricultores, gerando postos de trabalho no campo e na cidade, contribuindo para o desenvolvimento das regiões envolvidas em sua produção. No Estado de São Paulo, a produção está concentrada na Divisão Regional Agrícola (DIRA) de Registro, que compreende a área abrangida pelo Vale do Ribeira e o litoral sul do Estado. Nessas regiões, a banana é a principal atividade econômica do complexo rural, sendo responsável por mais de 70% do valor da produção agrícola regional e é, também, a maior demandadora de insumos e serviços de comercialização em toda a região. A região do Vale do Ribeira, no Estado de São Paulo, apresenta-se como a principal produtora de banana do País, participando ativamente no abastecimento das capitais e dos grandes centros consumidores, principalmente, do CEASA/CEAGESP, além do mercado internacional, exportando para o Mercosul, sobretudo Argentina e Uruguai e para países da União Européia. Adequação dos Custos na Cultura Permanente Farber, J.C. ; Luz, M.F. ; Queiroz, F.C. ; Munhoz, W.A. ; Souza, I.C. 188 Revista Ampla de Gestão Empresarial, Registro, SP, V. 3, N° 1, art. 11, p 179-194, abril 2014, ISSN 2317-0727 Após uma breve introdução referente à cultura da banana, serão identificados os custos fixos e variáveis semestralmente no ano de 2010 ao 1ª semestre de 2011 de um produtor de bananas, onde o mesmo poderá fazer uma comparação dos seus gastos de um semestre para outro e projeções de economia e rentabilidade para os semestres futuros. Na Tabela 1 estão reunidos dados que evidenciam os custos fixos e variáveis da cultura da Banana por Semestres. TABELA 1- Custos Fixos e Variáveis 2010/2011. TABELA 1- Custos Fixos e Variáveis 2010/2011 CUSTOS CUSTOS CUSTOS 1º SEMESTRE/2010 2º SEMESTRE/2010 1º SEMESTRE/2011 FIXOS VARIAVEIS FIXOS VARIAVEIS FIXOS VARIAVEIS A) MÃO DE OBRA - 19.061,00 - 23.492,00 - 19.004,00 B) SERVIÇOS CONTRATADOS - 7.527,00 - 13.481,00 - 17.352,00 FUNCIONARIOS DA SEDE 28.592,00 - 35.239,00 - 28.506,00 - AGUA/LUZ/TELEFONE 3.653,00 - 3.109,00 - 2.903,00 - MATERIAIS DE ESCRITORIO - 4.352,00 - 3.622,00 - 276,00 D) MUDAS E SEMENTES 53,00 - 405,00 - - - CONS/MANUT- TRAT/VEIC/MAQS - 5.960,00 - 8.265,00 - 3.261,00 CONS/MANUT- SEDE 1.913,00 - 444,00 - 248,00 - C) SEGUROS 101,00 - 200,00 - 95,00 - C) DESPESAS BANCÁRIAS - 10,00 - 10,00 - 8,00 D) FERTILIZANTES - 33.384,00 - 22.187,00 - - D) DEFENSIVOS - 11.806,00 - 13.850,00 - 10.376,00 D) CORRETIVOS - 2.547,00 - 750,00 - - D) OLEO PARA PULVERIZAÇÃO - 2.743,00 - 5.522,00 - 9.119,00 ALUGUEIS E ARRENDAMENTOS 3.316,00 - 9.948,00 - 7.656,00 - E) EMBALAGENS E - 721,00 - - - - Adequação dos Custos na Cultura Permanente Farber, J.C. ; Luz, M.F. ; Queiroz, F.C. ; Munhoz, W.A. ; Souza, I.C. 189 Revista Ampla de Gestão Empresarial, Registro, SP, V. 3, N° 1, art. 11, p 179-194, abril 2014, ISSN 2317-0727 ETIQUETAS D) FERRAMENTAS - 72,00 - 295,00 - - E) COMBUSTIVEIS E LUBRIFICANTES - 2.893,00 - 3.526,00 - 3.956,00 37.628,00 91.076,00 49.345,00 95.000,00 39.408,00 63.352,00 CUSTO TOTAL POR SEMESTRE 128.704,00 144.345,00 102.760,00 VENDAS DAS BANANAS 253.978,00 301.219,00 283.520,00 Fonte: Dados da Pesquisa. Na tabela 1, podem-se observar os custos separadospor semestre, se o produtor possuir esses dados em mãos facilmente ele pode projetar o custo do próximo semestre com base no semestre passado, gerando maiores resultado para a sua empresa. Conforme Codificação em alguns itens da tabela pode observar o conceito dos mesmos referentes aos custos do período apurado. A) Mão de obra designa o trabalho manual empregado diretamente na produção. Para efeito de apuração de custos, distingue-se a mão de obra direta (o trabalho diretamente empregado na fabricação de um bem ou serviço), e a mão de obra indireta (o trabalho realizado em atividades freqüentemente indivisíveis, de supervisão ou apoio à produção, tais como a manutenção de máquinas e equipamentos, limpeza ou vigilância). B) A prestação de serviços é uma atividade onde, em geral, o comprador não obtém a posse exclusiva da coisa adquirida (salvo o caso em que exista contrato de exclusividade). Os benefícios do serviço prestado, caso lhe seja atribuído um preço, devem ser evidentes para o comprador, ao ponto de este estar disposto a pagar para o obter. C) Seguro é todo contrato pelo qual uma das partes, segurador, se obriga a indenizar a outra, segurado, em caso da ocorrência de determinados sinistro, em troca do recebimento de um prêmio de seguro e Despesas bancárias são taxas diversas cobradas ao cliente pelos seus serviços, tais como a gestão de um depósito a prazo e de títulos de investimentos e o envio de extratos de conta. Adequação dos Custos na Cultura Permanente Farber, J.C. ; Luz, M.F. ; Queiroz, F.C. ; Munhoz, W.A. ; Souza, I.C. 190 Revista Ampla de Gestão Empresarial, Registro, SP, V. 3, N° 1, art. 11, p 179-194, abril 2014, ISSN 2317-0727 D) Despesas relativas ao cultivo da Banana. E) São Custos referente a colheita desde o transporte ate o consumidor final. TABELA 2 – Resultado. TABELA 2 - Resultado 1° SEMESTRE 2010 2° SEMESTRE 2010 1° SEMESTRE 2011 RECEITA TOTAL 253.978,00 301.219,00 283.520,00 (-) CUSTOS VARIÁVEIS 79.187,00 77.887,00 45.716,00 1ª MARGEM DE CONTRIBUIÇÃO 174.791,00 223.332,00 237.804,00 (-) CUSTOS FIXOS 3.706,00 3.514,00 2.903,00 2ª MARGEM DE CONTRIBUIÇÃO 171.085,00 219.818,00 234.901,00 (-) DESP. ADM 45.811,00 62.944,00 54.141,00 LUCRO 125.274,00 156.874,00 180.760,00 Fonte: Dados da Pesquisa. Na tabela 2, pode-se observar a receita total do período deduzido dos custos variáveis resultando na margem de contribuição da produção. A margem de contribuição é a quantia que irá garantir a cobertura dos custos e das despesas fixas. Ela representa uma margem de cada produto vendido que contribuirá para a empresa cobrir todos seus custos e despesas fixas, chamados de custo de estrutura/suporte. Após o resultado da margem de contribuição é deduzidos os custos e as despesas resultado no lucro líquido do período. TABELA 3 - Análise Horizontal (%). Adequação dos Custos na Cultura Permanente Farber, J.C. ; Luz, M.F. ; Queiroz, F.C. ; Munhoz, W.A. ; Souza, I.C. 191 Revista Ampla de Gestão Empresarial, Registro, SP, V. 3, N° 1, art. 11, p 179-194, abril 2014, ISSN 2317-0727 TABELA 3 - Análise Horizontal (%) % % % AH 2010/2011 1°S AH 2010/2010 1°/2° S AH 2010/2011 2°/1°S RECEITA TOTAL 11,63 18,60 -5,88 (-) CUSTOS VARIÁVEIS -42,27 -1,64 -41,30 MARGEM DE CONTRIBUIÇÃO 36,05 27,77 6,48 (-) CUSTOS FIXOS -21,67 -5,18 -17,39 LUCRO BRUTO 37,30 28,48 6,86 (-) DESP. ADM 18,18 37,40 -13,99 LUCRO 44,29 25,22 15,23 Fonte: Dados da Pesquisa. Na tabela 3, pode-se observar uma análise horizontal da DRE. A análise horizontal consiste em estabelecer comparativos entre um exercício e outro, ou seja, estabelecer comparações entre os valores de uma mesma conta ou grupo de contas, em diferentes períodos. Sua finalidade é elucidar as variações de cada conta ou grupo de conta do Balanço Patrimonial e Demonstrações de Resultados, bem como de outros demonstrativos, através dos exercícios sociais, com o objetivo de verificar tendências e evoluções futuras. Na analise horizontal apresentada, inicialmente foi feito um comparativo do 1° semestre 2011 ao 1° semestre de 2010 e constatou-se que no 1° semestre de 2011 com relação ao de 2010 as receitas de vendas tiveram um aumento de 11,63%, os custos variáveis uma redução de 42,27%, os custos fixos também diminuíram em 21,67%, gerando um lucro de 44,29% maior de um período para o outro. Em seguida foi feito um comparativo entre o 1° e o 2° semestre de 2010, houve um crescimento das vendas do 2° para o 1° semestre em 18,60%, os custos variáveis e fixos reduziram em 1,64% e 5,18% respectivamente e aumento nos lucros de 25,22% nesse período. Na ultima análise foi feito um comparativo do 1° semestre de 2011 ao 2° semestre de 2010, nesse período analisado houve uma queda nas vendas em 5,88%, redução nos custos varáveis e fixos em 41,30% e 17,39%, gerando um lucro de 15,23%. Nesse comparativo pode-se concluir que apesar da queda nas vendas, o Adequação dos Custos na Cultura Permanente Farber, J.C. ; Luz, M.F. ; Queiroz, F.C. ; Munhoz, W.A. ; Souza, I.C. 192 Revista Ampla de Gestão Empresarial, Registro, SP, V. 3, N° 1, art. 11, p 179-194, abril 2014, ISSN 2317-0727 lucro teve um aumento significativo de um semestre para o outro devido o bom gerenciamento dos custos. Gráfico - 1: Análise Horizontal - Lucro % 52% 30% 18% AH 2010/ 2011 1ºS AH 2010/ 2010 1º/2ºS AH 2010/ 2011 2ºS Fonte: Dados da Pesquisa. No gráfico 1, esta elucidada a variação do lucro dos períodos analisados na análise horizontal da DRE. No comparativo do 1° semestre de 2010 com o 1° semestre de 2011 o lucro foi de 52% de um ano para o outro. No comparativo semestral de 2010, mostrou que o 2° semestre teve um lucro de 30% com relação ao primeiro daquele. No comparativo do 2° semestre de 2010 para o 1° semestre de 2011, houve um crescimento nos lucros 18%. Esses dados são bastante importantes, pois a partir deles se tem uma projeção de perspectivas de crescimentos futuros. Discussões Os números apresentados nas tabelas e gráficos demonstram uma grande expectativa que o ano de 2011 terá um resultado melhor que 2010. Porém, a obtenção de um resultado econômico através da cultura depende de uma série de fatores que afetam o seu desempenho e o retorno financeiro. A variedade plantada, o espaço, o clima, o solo, os tratos culturais, o grau de incidência de pragas e doenças, o rendimento, o preço do produto e os preços dos fatores de produção merecem especial atenção no planejamento de uma produção. Adequação dos Custos na Cultura Permanente Farber, J.C. ; Luz, M.F. ; Queiroz, F.C. ; Munhoz, W.A. ; Souza, I.C. 193 Revista Ampla de Gestão Empresarial, Registro, SP, V. 3, N° 1, art. 11, p 179-194, abril 2014, ISSN 2317-0727 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS Este trabalho, de natureza exploratória, tem por objetivo contribuir para demonstrar a importância da Contabilidade Rural para o pequeno, médio e grande produtor rural, como uma ferramenta gerencial que permite, por meio da informação contábil, o planejamento e o controle orçamentário para a tomada de decisões. A contabilidade Rural é uma é ferramenta administrativa de grande importância, mas pouco utilizada pelos produtores rurais do Vale do Ribeira e a maioria que as utiliza visa seus fins tributários, falta interesse na aplicação gerencial. Cabe aos contabilistas destacar que a contabilidade deve assegurar aos produtores rurais uma ferramenta para que eles possam planejar um orçamento, teremmaiores controles de seus custos, organizar e orientar a gestão do patrimônio familiar. Diante disso, o presente estudo objetivou apresentar um comparativo dos custos da produção de banana. Para tanto, foram utilizados dados reais relativos à safra 2010 e 1º semestre 2011, de uma propriedade do Vale do Ribeiro A partir destes dados e da metodologia de custo de produção, foram elaboradas as planilhas que permitiram analisar a utilização dos insumos no processo produtivo, fazer comparativos dos percentuais de custos de um semestre para o outro bem como a avaliação econômica. Analisado os números da propriedade em estudo, pode-se concluir que o primeiro semestre de 2011 comparado com o primeiro de 2010, houve maior controle dos gastos pelo produtor e conseqüentemente maiores lucros. Através dos números apresentados o produtor poderá projetar o seu segundo semestre com perspectiva de que o ano de 2011 terá um resultado melhor que 2010. É bom esclarecer que para a obtenção dos resultados precisos depende, principalmente, que o empresário passe todas as informações reais de sua propriedade ao contador, para que este as analise e devolva essas informações de uma forma que o produtor possa tomar a melhor decisão ou a menos arriscada para a sua propriedade rural. 6 REFERENCIAIS Adequação dos Custos na Cultura Permanente Farber, J.C. ; Luz, M.F. ; Queiroz, F.C. ; Munhoz, W.A. ; Souza, I.C. 194 Revista Ampla de Gestão Empresarial, Registro, SP, V. 3, N° 1, art. 11, p 179-194, abril 2014, ISSN 2317-0727 BINGER, B. R.; HOFFMAN, E. Microeconomics with calculus. 2° edition. New York: Addison-Wesley Educational Publishers Inc., 1998. CEPEA – ESALQ/USP. Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada. Disponível em <http://www.cepea.esalq.usp.br>. Acesso em Setembro de 2011. 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