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UNIVERSIDADE PAULISTA - UNIP
RICHARD ALVES FREITAS
SISTEMA PENITENCIARIO DE BRASILIA – CENTRO DE DENTENÇAO PROVISORIA (CDP)
BRASILIA
2017
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP
RICHARD ALVES FREITAS
SISTEMA PENITENCIARIO DE BRASILIA – CENTRO DE DENTENÇAO PROVISORIA (CDP)
 Monografia apresentada ao Curso de Direito à Universidade Paulista de Brasília, como requisito final à obtenção do grau de bacharel em Direito. 
Orientador: Prof. Dr. Hertz
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho a Deus, que me deu a vida.
Ao meu pai, que tornou essa vida possível.
À minha mãe, que colaborou e colabora sempre para que essa vida continue sendo possível.
Aos professores Grossi, Rafael e Hertz, que muito contribuíram para minha formação.
Especialmente ao professor Mauro Serpa, por mostrar que ser advogado é olhar para o outro com justiça.
AGRADECIMENTO
Ao nosso pai supremo Deus, por conceder-me a graça de hoje puder celebrar essa grande conquista, ao meus pais; João Batista Dias de Freitas e Eloisa Alves dos Santos, por não ter medido esforços para conduzi-me e sustentar-me para que eu pudesse chegar até aqui , aos meus irmãos que indiretamente incentivaram-me, quando pensei ser exemplo e desejar ser orgulhado por eles, a Ingrid pelo companheirismo e fidelidade, aos professores, coordenadores e colegas que direto ou indiretamente contribuíram em minha caminhada acadêmica. . 
Epigrafe: "Lembrai-vos dos encarcerados, como se presos com eles; dos que sofrem maus tratos, como se, com efeito, vós mesmos em pessoa fosseis os maltratados." 
 (Hebreus 13,3)
 Freitas, Richard Alves. Sistema Penitenciário de Brasília -Centro de Detenção Provisória. 41 folhas. Trabalho de Conclusão de Curso de Direito – UNIP - Universidade Paulista de Brasília 2017.
RESUMO 
 Este trabalho visa verificar a aplicabilidade dos Direitos Humanos no Sistema Penitenciário de Brasília, sob a seguinte problemática: O Brasil está cumprindo o seu papel na proteção dos Direitos Humanos em face do Sistema Penitenciário, em especial, na aplicação da pena privativa de liberdade? No entanto, para que se torne possível essa análise, o presente estudo dispõe de conceitos, origens e evoluções dos Direitos Humanos no Brasil e sua repercussão no CPD de Brasília, como também faz um sistemático estudo da pena, estabelecendo também suas origens e evoluções, e por fim estuda o Sistema Penitenciário atualizado e a forma como a pena privativa de liberdade vem sendo executada, para ao final constatar se o Centro de detenção Provisória de Brasília está ou não exercendo seu papel, além de identificar as maiores causas de violações de Direitos Humanos e propor soluções para este devastador problema. Após a realização de inúmeras pesquisas foi possível concluir que o Brasil, infelizmente tem falhado nessa tão importante missão e não tem cumprido seu papel na proteção dos Direitos Humanos no Sistema Penitenciário. 
	
Palavras-chave: Direitos. Humanização. Liberdade. Penitenciário. Violência
Abstract
 This paper aims to verify the applicability of Human Rights in the Penitentiary System of Brasília, under the following problematic: Is Brazil fulfilling its role in the protection of Human Rights in the face of the Penitentiary System, especially in the application of the custodial sentence? However, in order to make this analysis possible, the present study has concepts, origins and evolutions of Human Rights in Brazil and its repercussion in the CPD of Brasilia, as well as a systematic study of the sentence, also establishing its origins and evolutions, and finally studies the updated Penitentiary System and the way in which the custodial sentence has been executed, in order to verify if the Provisional Detention Center of Brasília is or is not performing its role, besides identifying the major causes of violations of Rights And propose solutions to this devastating problem. After conducting numerous researches, it was possible to conclude that Brazil has unfortunately failed in this important mission and has not fulfilled its role in the protection of Human Rights in the Penitentiary System.
Keywords: Rights. Humanization. Freedom. Penitentiary. Violence
SUMÁRIO ( após paginação)
INTRODUÇÃO
O trabalho aqui apresentado sobre o tema: Sistema Penitenciário de Brasília – Centro de Detenção Provisória, para conclusão do curso de direito e obtenção de nota, tem como objetivo discorrer acerca do tema sistema prisional de Brasília e a falta de humanização do agente carcerário com o detento que se encontra no CDP e o não cumprimento da Lei de execução penal (LEP) e dos direitos humanos. A escolha do tema foi motivada a parti do conhecimento da realidade vivenciada por seres humanos em um ambiente regido pelos direitos penais onde os direitos humanos possuem pouca relevância. 
O conhecimento adquirido no sistema penitenciário, estimulou-me aprofundar os estudos nos ramos do direito constitucional, nas áreas de direitos humanos, penal, civil e processual, que concerne ao sistema penitenciário na tentativa de entender o funcionamento e propor solução mais humanizada para os problemas identificados, verifica-se a seguinte problemática; o sistema carcerário não cumpre seu papel na proteção dos direitos humanos e vários artigos da lei de execução penal em especial na aplicação da pena privativa de liberdade. 
A constatação da problemática foi verificada por meio de vivência, que possibilitou-me fazer uma análise específica através de estudos das legislações e a realidade para apresentar informações precisas sobre a atual situação do sistema penitenciário de Brasília em especifico Centro de Detenção Provisório (CDP).
 O trabalho está dividido em 3 capítulos para abordar de forma mais estruturada as especificidades de cada item.
O primeiro capítulo compreende a definição de Direitos Humanos e sua origem, destacando as principais declarações e aborda ainda o Sistema Brasileiro de Proteção aos Direitos Humanos, ou seja, a forma como o Brasil, reconhece, legisla, e protege esses direitos.
O segundo capítulo traz a síntese do sistema penitenciário brasileiro no que se refere: a finalidade e característica da pena, atual situação do sistema penitenciário, a execução penal, a origem do sistema penal no Brasil e um resumo do código penal e da LEP. 
O terceiro capítulo, que recebeu o título da monografia, apresenta uma sistemática análise da aplicação (ou não aplicação) dos Direitos Humanos no Sistema Penitenciário de Brasília – CDP. 
A metodologia que foi utilizada neste trabalho, para dar suporte ao seu desenvolvimento, consiste em pesquisas bibliográficas, complementada por pesquisa de campo, de notícias atuais disponíveis na Internet, bem como por levantamentos e análises comparativas aos direitos penais e civis tendo em vista a violação da lei de execução penal e dos direitos humanos.
 A finalidade deste instrumento de estudos é apresentar e sugerir mudanças no acolhimento e tratamento com os detentos antes do processo ser transitado e julgado.
1 DIREITOS HUMANOS
A realidade das prisões a longa e numeração de direitos a que acontecem na lei gera uma descrença tem vista que a realidade das prisões nos conduz a perplexidade,porque estabelece um sistema de poder e arbitrário.
Segundo Foucault, para realizar uma abordagem sobre prisões, penitenciárias e crimes sempre acaba impondo pelo menos um exercício de reflexão e uma diversidade de interpretações sobre a questão do homem, direitos humanos e políticas públicas afinal as instituições que vigiam e pune, são as mesas que buscam um lado repreensivo e corretivo dos cidadãos que por eles passam. ( FOUCAULT,1998).
 Direitos Humanos é um tema envolvente, dada sua amplitude, porém um tanto complexo de ser abordado em virtude do ambiente de perplexidade e violência vivido nos dias atuais. É bem verdade que os estudiosos e mestres no assunto, têm que conviver com a desagradável desinformação e distorção da maioria das pessoas acerca da natureza e o real sentido dos Direitos Humanos, que erroneamente acreditam que os “Direitos Humanos” se limitam a defender a incolumidade dos “malfeitores” e “criminosos”. Sendo que, sem os Direitos Humanos muitos marcos históricos da civilização humana não teriam ocorrido, por isso devemos muito a essa ciência, pois sua trajetória trouxe grandes avanços e benefícios para toda a humanidade. É partindo desse pressuposto, que antes de chegar-se ao tema central desse trabalho, faz-se necessário conhecer um pouco dessa trajetória percorrida pelos “Direitos Humanos”. 
1.1 DEFINIÇÃO DE DIREITOS HUMANOS 
Os Direitos Humanos também são denominados Direitos do homem e são conceituados como sendo direitos que o homem possui por sua própria natureza humana e pela dignidade a ela inerente. 
Este conceito é resultado de uma evolução dos pensamentos filosófico, jurídico e político da humanidade.
 Importa esclarecer que estes direitos não resultam de mera concessão da sociedade política, ao contrário, são direitos que essa sociedade política tem o dever de consagrar, e, mais, garantir Uma definição bem abrangente e que deixa claro o papel do poder público em face dos Direitos Humanos é a de Fernando Barcellos de Almeida: Direitos Humanos são as ressalvas e restrições ao poder político ou as imposições a este, expressas em Declarações, dispositivos legais e mecanismos privados e públicos, destinados a fazer respeitar e concretizar as condições de vida que possibilitem a todo ser humano manter e desenvolver suas qualidades peculiares de inteligência, dignidade e consciência e permitir a satisfação de suas necessidades materiais e espiritual.
Como é possível observar, Direitos Humanos é um tema amplo e polêmico, contudo de grande repercussão, tendo em vista as diversas culturas existentes. No entanto, apesar das diversidades,
 Segundo Vladmir Oliveira da Silveira e Maria Mendez Rocasolando, “de forma generalizada, a sociedade entende “direitos humanos” como o conjunto dos direitos essenciais da pessoa humana e de sua dignidade” Para Norberto Bobbio, o problema grave de nosso tempo, com relação aos direitos do homem, não é o de fundamentá-los e sim o de protegê-los. De acordo com João Baptista Herkenhoff, desde a antiguidade luta-se pelo reconhecimento de tais direitos, como podem ser assinalados: o Código de Hamurabi (Babilônia, século XVIII a.C - antes de Cristo), o pensamento de Amenófis IV (Egito, século XVI a. C.), a filosofia de Mêncio (China, século IV a. C.), a República de Platão (Grécia, século IV a. C.), o Direito Romano e inúmeras civilizações ancestrais. Ocorre que, na Antiguidade, não se conhecia o fenômeno da limitação do poder do Estado e as leis que o organizavam não atribuíam aos indivíduos direitos frente ao poder estatal.
 Por outro lado, sem garantia legal, esses direitos padeciam de precariedade na estrutura política e o respeito a eles dependia da vontade dos governantes. Partindo desse pressuposto, temos que a proteção desses direitos é a tarefa mais importante. 
 Dessa forma, ao longo da história, foram criados diversos mecanismos de proteção do ser humano contra os abusos de poder. Nessa esteira, é imprescindível demonstrar a evolução histórica desses direitos, classificados como “Direitos Humanos”. 
 ORIGENS DOS DIREITOS HUMANOS
 Alguns historiadores consideram que Atenas foi o berço do pensamento político, contudo não se imaginava, a então possibilidade de um estatuto de direitos oponíveis ao próprio Estado.
 Os Direitos Humanos até o momento conquistados são resultados de incessantes lutas e conflitos enfrentados pelas instituições jurídicas de defesa da dignidade humana e por “heróis anônimos” cansados de contemplar as injustiças sofridas por indivíduos, grupos e povos, ambos na busca de valorização e respeito da pessoa humana.
 O que não se esperava, é que “foram necessários 25 séculos para que a Organização das Nações Unidas proclamasse, na abertura da Declaração Universal dos Direitos Humanos, que todos os homens nascem livres e iguais em dignidade e direitos”. 
 Contudo, até se chegar à mencionada Declaração, os “Direitos Humanos” percorreram um longo caminho na história, fazendo parte de acontecimentos revolucionários.
1.2.1 AS PRINCIPAIS DECLARAÇÕES DE DIREITOS HUMANOS 
Os Direitos Humanos possuem um grande histórico no âmbito de registros e evoluções, oriundos conforme já mencionado, de acontecimentos revolucionários. Dentre estes inúmeros acontecimentos que contribuíram para escrever a história dos Direitos Humanos, entre eles: 
1.2.2 Declaração de Direitos de Virgínia
 A Declaração de Direitos de Virgínia foi criada em 12 de Junho de 1776, o povo da colônia de Virgínia, Estados Unidos da América, cansados da opressão e como forma de manifesto ao dominador governo britânico, divulgou a Declaração de Direitos de Virgínia, contendo 16 artigos cujo preâmbulo dizia: “Dos direito que nos devem pertencer a nós e à nossa posteridade, e que devem ser considerados como o fundamento e a base do governo, feito pelos representantes do bom povo da Virgínia, reunidos em plena e livre convenção”.
 Segundo Fabio Konder Comparato este documento constitui o registro de nascimento dos Direitos Humanos na História. 
 A referida Declaração trouxe o reconhecimento de direitos inatos de toda pessoa humana, os quais não podem ser alienados ou suprimidos por uma decisão política, e também consagrou o princípio de que todo poder emana do povo e em seu nome é exercido.
 Afora isso também afirmar os princípios da igualdade de todos perante a lei, rejeitando privilégios e hereditariedade dos cargos públicos. Conclui-se, portanto, que a proclamação de abertura da Declaração de Direitos de Virgínea, asseverando que todos os seres humanos são, pela própria natureza, igualmente livres e independentes, serve de base para todas as grandes declarações de direito do futuro. 
1.2.3 Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão
 Para falar acerca da Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão é imprescindível descrever o contexto histórico do seu surgimento, para tanto, importa tecer alguns comentários acerca da “famosa” Revolução Francesa que não só precedeu como incentivou a criação da mencionada Declaração.
 A Revolução Francesa foi o maior movimento político e social já ocorrido em todo o mundo, encerrou na Europa a sociedade feudal e inaugurou a Idade Moderna.
 Sob a bandeira “Liberdade, Igualdade e Fraternidade” (Liberté, Egalité, Fraternité), a Revolução ganhou dimensão universal e transformou-se em inspiração para toda a humanidade. 
A situação da França à época da citada Revolução era extremamente grave. Por conta do regime político (monarquia), o rei governava com poderes absolutos, controlando a economia, a justiça, a política e até mesmo a religião dos súditos.
 Havia falta de democracia, pois os trabalhadores não podiam votar, nem mesmo dar opiniões na forma de governo. Os oposicionistas eram presos na Bastilha (prisão política da monarquia) ou condenados à guilhotina. 
A sociedade feudal considerava três estamentos sociais: o clero (os religiosos da época), a nobreza (formada pelo rei, sua família, condes, duques,marqueses e outros nobres que viviam de banquetes e muito luxo na corte) e o povo (trabalhadores, camponeses e burguesia), também chamado de terceiro estado.
 Não bastasse a crítica situação enfrentada, o clero e a nobreza ainda tinham o privilégio de não pagar impostos, e era o terceiro estado que sustentava toda a sociedade com seu trabalho e com o pagamento de altos impostos. 
Pior era a condição de vida dos desempregados que aumentavam em larga escala nas cidades francesas.
 A vida dos trabalhadores e camponeses era de extrema miséria, e o que desejavam eram melhorias na qualidade de vida e de trabalho. A burguesia por sua vez, mesmo tendo uma condição social melhor, desejava uma participação política maior e mais liberdade econômica em seu trabalho. 
Foram esses os motivos que incentivaram os revolucionários a promoverem um conjunto de reformas políticas que melhorassem a condição jurídica e econômica de todos os franceses.
 O povo, “cansado e revoltado”, foi às ruas com o objetivo de tomar o poder e arrancar do governo a monarquia comandada pelo rei Luís XVI. O primeiro alvo dos revolucionários foi a Bastilha. 
A Queda da Bastilha em 14/07/1789 marca o início do processo revolucionário, pois a prisão política era o símbolo da monarquia francesa. “Era o fim do que se convencionou chamar de Ancien Régime (Antigo regime) ”.
 Com a divisão dos poderes, o executivo seria fiscalizado pelo legislativo e arbitrado pelo judiciário, porém todos independentes entre si. Os revolucionários esperavam que o Estado, separado da Igreja, ofereceria educação, saúde, e segurança para a população. E esta se faria representar por representantes eleitos. 
Comparato afirma que “a Revolução Francesa desencadeou, em curto espaço de tempo, a supressão das desigualdades entre indivíduos e grupos sociais, como a humanidade jamais experimentara até então”.
 Após a tomada da Bastilha, no mês de agosto de 1789, a Assembleia Constituinte cancelou todos os direitos feudais que existiam e promulgou a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão.
 	A Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão foi aprovada em 26 de agosto de 1789. Este importante documento trazia significativos avanços sociais, garantindo direitos iguais aos cidadãos, além de maior participação política para o povo.
 Outros avanços merecem destaque, como decorrência do movimento de emancipação social dos franceses. 
Em 1793 foi editada uma revisão do documento com as seguintes alterações: era estendida a concepção de liberdade aos negros; pela primeira vez eram proclamados os direitos econômicos e sociais, que incluíam direito à instrução, ao trabalho e à assistência; o documento também reconhecia o direito à insurreição, em caso de violação dos direitos do povo. 
 A Declaração de Direitos do Homem e do Cidadão foi inspiração para a criação da Declaração Universal dos Direitos Humanos.
 
1.2.4 Declaração Universal dos Direitos Humanos A Declaração Universal dos Direitos Humanos
 
 Foi adotada em 10 de dezembro de 1948, pela aprovação unânime de 48 estados, com 8 abstenções, sendo os países que se abstiveram de votar: Bielo-Rússia, Tchecoslováquia, Polônia, Arábia Saudita, Ucrânia, URSS, África do Sul e Iugoslávia.
 A Declaração foi redigida sob o impacto das atrocidades da Segunda Guerra Mundial, e retomando os ideais da Revolução Francesa, representou a manifestação histórica de que se formara, enfim, em âmbito universal, o reconhecimento dos valores supremos da igualdade, da liberdade e da fraternidade entre os homens.
 Antes da Segunda Guerra Mundial e mesmo em seu curso, acreditava-se que as questões de Direitos Humanos eram questões exclusivas da jurisdição interna dos Estados, e em o sendo, cabia ao Estado resolvê-las e caso não obtivesse êxito o problema permaneceria sem solução. 
 Depois do balanço da Segunda Guerra Mundial, com a morte de 6 milhões de pessoas e o aniquilamento moral e físico de milhares de outras, sem mencionar a destruição da identidade de uma raça (os judeus), não se poderia mais permitir que as questões de Direitos Humanos continuassem a dizer respeito somente à determinado Estado.
 Por conta deste triste quadro, após a Guerra, esta importante questão, “Direitos Humanos”, deixou de ser limitada à jurisdição interna de um determinado Estado, passando a ser interesse de toda a coletividade, ou mais, de toda a humanidade. Marcelo Guimarães da Rocha e Silva, fazendo uso das palavras de Bobbio, diz em seu livro que “a Declaração Universal representa a consciência histórica que a humanidade tem dos próprios valores fundamentais na segunda metade do século XX. 
 É uma síntese do passado e uma inspiração para o futuro. Diz ainda que a Declaração abriu as portas para que surgissem novos instrumentos internacionais que visaram a proteção dos mais diversos direitos, todos inalienáveis, da pessoa humana, e que resultaram dos mais diversos cenários históricos políticos.
 
 Para Bernardo Pereira: A Declaração Universal dos Direitos Humanos foi o primeiro documento a estabelecer internacionalmente os direitos inerentes a todos os homens e mulheres, independentemente das situações particulares de cada um, que devem ser observados em todo o mundo.
 Segundo Flávia Piovesan, a Declaração tem duas características principais: Caracteriza-se primeiramente por sua amplitude, uma vez que compreende um conjunto de direitos e faculdades sem as quais um ser humano não pode desenvolver sua personalidade física, moral e intelectual e a universalidade, por ser aplicável a todas as pessoas de todos os países, raças, religiões e sexos, seja qual for o regime político dos territórios nos quais incide.
 Em resumo, nas palavras de Carlos Eduardo de Abreu Boucault, “a Declaração Universal dos Direitos Humanos, foi o instrumento responsável pela formulação jurídica da noção de direitos inerentes à pessoa humana, no plano internacional”.
 Dessa forma, pode-se concluir que os Direitos Humanos, especialmente a partir da Declaração acima mencionada, são um exemplo de obrigações assumidas pelos Estados no plano interno e externo para que possam ser respeitados e assegurados os direitos ali elencados, dando-lhes uma proteção erga omnes. 
OS DIREITOS HUMANOS E O SISTEMA BRASILEIRO DE PROTEÇÃO
 A Constituição Federal de 1988 reconhece os limites e condições ao conceito de soberania nacional, estabelecendo que sobre qualquer lei nacional prevalecem os Direitos Humanos.
 Essa previsão está expressa no seu artigo 4º, inciso II: Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações internacionais pelos seguintes princípios: [...] II – prevalência dos direitos humanos; [...]. A carta magna também registra claramente, no §2º do artigo 5º, a intenção brasileira de considerar tratados como hierarquicamente equivalentes às legislações internas: “os direitos e garantias expressos nesta Constituição não excluem outros decorrentes do regime e dos princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a República Federativa do Brasil seja parte”.
 A Emenda Constitucional n. 45 de 2004 acrescentou ao art. 5º, os §§ 3º e 4º, que vieram reforçar algumas questões relacionadas a Direitos Humanos. O § 3º, cuidou de regras para aprovação de tratados e convenções internacionais sobre Direitos Humanos e o § 4º, refere-se à submissão do Brasil à jurisdição de Tribunal Penal Internacional.
 Contudo, no Brasil, o Sistema de proteção aos Direitos Humanos foi oficializado na Constituição Federal de 1988, mas ganhou contornos a partir da redemocratização do País, com a realização de eleições diretas em 1985, depois de 21 anos de ditadura militar. 
 Ricardo Castilho, utilizando estudos realizados por Flávia Piovesan, compilou em seu livro uma relação dos mais importantes instrumentos de proteção aos Direitos Humanos ratificados pelo Brasil a partir da promulgação da Constituição Federal de 1988, segundoele, a partir da Carta de 1988 foram ratificados pelo Brasil:
a - A Convenção Interamericana para Prevenir e Punir a Tortura, em 20.07.1989;
b - A Convenção contra a Tortura e outros Tratamentos Cruéis, Desumanos ou Degradantes em 28.09.1989; 
c - a Convenção sobre os Direitos da Criança, em 24.09.1990;
d - O Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos, em 24.01.1992;
e - o Pacto Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais, em 24.01.1992;
f - A Convenção Americana de Direitos Humanos, em 25.09.1992; g) a Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher, em 27.11.1995;
h - o Protocolo à Convenção Americana referente à Abolição da Pena de Morte, em 13.08.1996;
i - O Protocolo à Convenção Americana referente aos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais (Protocolo de San Salvador), em 21.08.1996;
j - O Estatuto de Roma, que cria o Tribunal Penal Internacional, em 20.06.2002;
k- O Protocolo Facultativo à Convenção sobre a Eliminação de todas as formas de Discriminação contra a Mulher, em 28.06.2002; 
l- os dois Protocolos Facultativos à Convenção sobre os Direitos da Criança, referentes ao envolvimento de crianças em conflitos armados e à venda de crianças e prostituição e pornografia infantis, em 24.01.2004.
 Conclui o autor que “a estes avanços, soma-se o reconhecimento da jurisdição da Corte Interamericana de Direitos Humanos, em dezembro de 1988”. Dessa forma, podemos dizer que os Direitos Humanos estão amplamente protegidos no Brasil, seja pelo texto da própria carta magna, seja pelos tratados ratificados.
 Para tanto justifica-se a Constituição Brasileira de 1988, ser conhecida como a “Constituição Cidadã”.
 Contudo, ainda que a Constituição Federal revele proteção aos Direitos Humanos, em outro viés, ela limita a aplicação destes direitos em face de prisão decretada pelo Estado, pois a pena de prisão não se enquadra no Estado Social e Democrático de Direito, nem no objetivo ressocializador da pena, cujo elemento nuclear é o desenvolvimento da personalidade e dignidade da pessoa. 
 Ao contrário, a pena de prisão determina a perda da liberdade e da igualdade, que derivam da dignidade humana. 
 A perda destes direitos fundamentais representa a degradação da pessoa humana, o que é expressamente proibido pela Constituição e que será objeto de estudo no próximo capítulo.
2.1 VIOLAÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS NAS CADEIAS BRASILEIRAS
 Há inúmeras garantias legais as quais asseguram aos presos os seus direitos humanos durante a execução da pena, tanto em nível mundial como em nível nacional. 
 A Constituição Federal reserva 32 incisos, do art. 5º, à proteção das garantias do homem preso. Podemos citar, ainda, a Lei de Execução Penal, que nos incisos I a XV do art. 41, dispõe sobre os direitos infraconstitucionais garantidos ao sentenciado no decorrer na execução penal. 
 Todas essas garantias visam a observância do princípio da humanidade. Todavia, a realidade é bem diferente do que está escrito, observando que, na prática, é comum a violação e inobservâncias dessas garantias legais no momento da execução da pena. 
 No momento de sua prisão, o condenado além de ter sua liberdade tolhida, também perde suas garantias fundamentais, passando a ter um tratamento desumano e degradante. Temos então a incidência de abusos e agressões, muitas vezes cometidas pelos próprios presos. São diversas essas agressões, desde a ocorrência de homicídios, abusos sexuais, espancamentos e extorsões, sendo estas as práticas comuns por parte dos detentos que dentro do ambiente carcerário detêm um poder paralelo, que em função disso exercem um domínio sobre os demais presos, os quais acabam ficando subordinados a essa hierarquia interna, fazendo com que surja, assim a “lei do mais forte” e a “lei do silêncio” 
 Do outro lado também temos as agressões feitas pelos agentes penitenciários e por policiais, principalmente após a ocorrência de rebeliões ou tentativas de fuga.
 Após serem dominados, os amotinados sofrem uma correção, que consiste no espancamento como forma de castigo.
 Contudo, vemos necessária uma reprimenda, com o intuito de evitar esse tipo de comportamento, porém isso não deve extrapolar a dignidade desses apenados.
 Um exemplo histórico dessa inobservância é o conhecido “massacre do Carandiru”, ocorrido em São Paulo, no ano de 1992, onde foram executados 111 presos, conforme noticiado nas mídias e confirmado pelas autoridades judiciarias.
 Convém destacar que estes fatos ocorrem devido à desqualificação e à falta de preparo desses agentes, que só conseguem se impor por meio de violência, buscando a disciplina dos detentos. Infelizmente, na maioria das vezes, esses agentes não são penalizados por seus atos excessivos, gerando assim a impunidade.
 Temos também uma violação gritante no tocante à concessão de benefícios aos detentos, que têm o direito à progressão de regime ou até mesmo os que já cumpriram a pena, mas continuam privados de sua liberdade.
 Esta situação decorre do próprio descuido e da ineficiência dos responsáveis pela execução penal, que pode gerar uma responsabilidade civil por parte de Estado pelo fato de manter um sujeito encarcerado de forma ilegal e excessiva.
 Devemos considerar também que a maioria das pessoas que se encontra encarceradas ou no meio da criminalidade, é oriunda da classe dos marginalizados da sociedade, ou seja, pobres, desempregados, pessoas sem oportunidades, com históricos de familiares que já transgrediram, de alguma forma, a Lei. Pessoas estas que cedo ou tarde retornaram ao meio social e muitas vezes voltaram de forma pior do que entraram, e mais uma vez a vítima dessa falha será a sociedade.
 É sabido que ao dar efetividade à lei, assegurando assim aos presos as garantias que lhes são atinentes, busca-se criar um ambiente digno, visando sempre à ressocialização desse preso para que ele possa ser reinserido na sociedade de forma menos dolorosa.
 Entretanto, enquanto a sociedade e o Estado continuarem fechando os olhos para a realidade a situação vai continuar se agravando cada vez mais.
O SISTEMA PENITENCIÁRIO NO BRASIL 
 O Sistema punitivo do Estado constitui o mais rigoroso instrumento de controle social, e o Sistema Penitenciário Brasileiro nos moldes atuais representa uma realidade violenta, expressão de um sistema de justiça desigual e opressivo, que funciona como realimantador da criminalidade. Servindo apenas para reforçar valores negativos, proporcionando proteção ilusória e uma grande probabilidade de reincidência.
 Para César Barros Leal, “a prisão somente serve como depósito e contenção de seres humanos, e aquilo que ensinam as leis vem a ser excelente, porém só no papel” (Leal, 2010).
2.3 Execução Penal – O Histórico da Crueldade 
 A história do sistema penitenciário no Brasil revela que, desde o início, a prisão foi local de exclusão social e questão relegada a segundo plano pelas políticas públicas, importando, consequentemente, a falta de construção ou a edificação inadequada dos edifícios penitenciários, na maioria das vezes improvisados. 
 Estabelecia o Livro V das Ordenações Filipinas do Reino, Código de leis portuguesas que foi implantado no Brasil durante o período Colonial que “decretava a Colônia como presídio de degredados”.
 A pena era aplicada aos alcoviteiros, culpados de ferimentos por arma de fogo, duelo, entrada violenta ou tentativa de entrada em casa alheia, resistência a ordens judiciais, falsificação de documentos, contrabando de pedras e metais preciosos.
 A utilização do território colonial como local de cumprimento das penas se estende até 1808, ano marcado por mudanças significativas rumo à autonomia legal e aos anseios de modernidade, tão em voga naqueles tempos, segundo assinala Pedroso.
 A instalação da primeiraprisão brasileira é mencionada na Carta Régia de 1769, que manda estabelecer uma Casa A de Correção no Rio de Janeiro. Registra-se, também, a Cadeia construída na cidade de São Paulo entre 1784 e 1788, conhecida simplesmente como Cadeia e estava localizado no então Largo de São Gonçalo, hoje Praça João Mendes.
 Era um grande casarão assobrado, onde funcionava também a Câmara Municipal. Na parte inferior, existiam as salas destinadas à prisão e, no piso superior, os espaços para as atividades da Câmara. Para lá eram recolhidos todos os indivíduos que cometiam infrações, inclusive escravos, e era onde aguardavam a determinação de penas como o açoite, a multa e o degredo; uma vez que não existia, ainda, a pena de prisão.
 A Constituição de 1824 estabelecia, no art. 179, que as prisões deveriam ser seguras, limpas, arejadas, havendo a separação dos réus conforme a natureza de seus crimes.
 O Código Criminal de 1830 estabeleceu a pena de prisão com trabalho para vários crimes, implicando a construção de Casas de Correção com celas individuais e oficinas de trabalho e uma arquitetura própria para a pena de prisão. 
 O café e a industrialização proporcionavam um estímulo cada vez maior para o crescimento populacional e também econômico do país, mas as casas de recolhimento de presos do início do século XIX mostravam condições deprimentes para o cumprimento da pena por parte do detento, inclusive local onde se recolhiam escravos, menores e loucos.
 O Código Penal de 1890 estabeleceu novas modalidades de penas: prisão celular, banimento, reclusão, prisão com trabalho obrigatório, prisão disciplinar, interdição, suspeição e perda do emprego público e multa. O artigo 44 do Código considerava que não haveria penas perpétuas e coletivas. As penas restritivas de liberdade individual eram temporárias e não deveriam exceder trinta anos, eram elas: prisão celular, reclusão, prisão com trabalho obrigatório e prisão disciplinar.
 A prisão celular, inspirada no modelo pensilvânico e de Roquete foi a grande novidade da revisão penal de 1890 e foi considerada punição moderna, base arquitetural de todas as penitenciárias.
2.4 O Sistema Penitenciário Brasileiro Atualizado 
 O sistema penitenciário, tal como ele existe na sociedade capitalista, principalmente aqui no Brasil, é extremamente cruel, não só porque confina fisicamente o homem, sem que esse homem possa compreender o problema da liberdade, senão em relação à sua locomoção física, mas ele destrói a subjetividade do homem, no sentido de não lhe oferecer nenhuma possibilidade de racionalização da situação em que se encontra.
 No entanto, o aumento gradativo e constante da população carcerária confrontou-se com as limitações de espaço das prisões, inviabilizando o direito à cela individual.
 A população carcerária brasileira atingiu a marca de 711.463 presos. Os números apresentados pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) a representantes dos tribunais de Justiça brasileiros levam em conta as 147.937 pessoas em prisão domiciliar, colocam o Brasil entre os três países com a maior população carcerária em números absolutos, segundo dados do ICPS, sigla em inglês para Centro Internacional de Estudos Prisionais, do King’s College, de Londres. As prisões domiciliares fizeram o Brasil ultrapassar a Rússia, que tem 676.400 presos.
 As causas das superlotações dos presídios brasileiros têm as principais causas, os efeitos da lei antidrogas, o excesso de prisões provisórias, o uso de regime fechado mesmo quando há penas alternativas e as prisões não cumprem papel de ressocialização e fortalecem o crime.
 O corrente ano (2017), começou com o novo capítulo de uma antiga história. A morte de mais de 100 detentos chamou atenção para a guerra de facções criminosas dentro de presídios brasileiros e expôs a fragilidade do sistema penitenciário nacional.
 Três episódios que aconteceram em 2017 denotam a crise nos presídios brasileiros. No dia 1º de janeiro, pelo menos 60 presos que cumpriam em Manaus (AM) foram mortos durante a rebelião que durou 17 horas. Na mesma semana, houve um tumulto em uma penitenciária em Roraima, onde 33 presos foram mortos. No dia 14, Rio Grande do Norte, pelo menos 26 presos foram mortos em rebelião na Penitenciária Estadual de Alcaçuz.
 Após o ocorrido, cerca de 220 presos foram transferidos para outras penitenciárias. Estados como Minas Gerais, Santa Catarina e Paraná também enfrentaram esse tipo de problema. No dia 24 de janeiro, mais de 200 detentos fugiram do Instituto Penal Agrícola em Bauru (SP).
 O Brasil é o quarto país do mundo em número de presos e o único desses quatro em que o número só aumenta, tendo um aumento na população carcerária de 267,32% nos últimos quatorze anos, segundo dados divulgados pelo Ministério da Justiça e o Departamento Penitenciário Nacional (Depen), no relatório do Levantamento Nacional de Informações Penitenciárias (Infopen).
 Além disso, o país excede a média mundial no que diz respeito ao número de presos por habitantes. Atualmente, temos 306 pessoas presas para cada 100 mil habitantes, enquanto no mundo a média é de 144 para cada 100 mil.
 Essa deterioração do sistema prisional, segundo o Depen, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e entidades da sociedade civil, tem relação com diversos fatores, que não se resumem apenas ao aumento da criminalidade. Várias ações do Estado brasileiro nos últimos anos explicariam em grande parte os problemas que estamos vivenciando hoje. Uma observação importante: estes não são os únicos fatores que levaram à crise atual; por si só, eles não explicam totalmente o problema.
 O Poder Judiciário também possui parcela de responsabilidade na superlotação das cadeias. Além do grande contingente de presos provisórios, existe o problema das condenações a regime fechado sem necessidade.
 Em casos de condenações a menos de oito anos de reclusão, o condenado pode cumprir pena no regime semiaberto ou aberto desde o início, segundo o Código Penal. Enquanto 53% dos presos foram condenados nesses termos, apenas 18% cumprem pena em regimes mais brandos – a maior parte cumpre regime fechado, apesar das possibilidades dadas em lei. 
 Também há milhares de casos de presos que continuam no regime fechado mesmo quando poderiam passar para o semiaberto, segundo dados do Depen.
 Com cadeias precárias e superlotadas, é praticamente impossível pensar em políticas de ressocialização de presos no Brasil. 
 Nesses ambientes insalubres, o crime organizado encontra espaço para se fortalecer e desenvolver suas atividades. É das cadeias que facções têm planejado e executado a venda e distribuição de drogas. As prisões também são oportunidades de aliciamento de novos traficantes. 
 Para garantir sua própria sobrevivência, outros presos, menos perigosos, acabam se submetendo à hierarquia das gangues presentes nos presídios. Quando tais pessoas deixam o cárcere, voltam ainda piores para o convívio social. Esse diagnóstico é trazido por diferentes especialistas.
FINALIDADES E CARACTERÍSTICAS DA PENA 
 Muito se tem discutido acerca das finalidades que devam ser atribuídas às penas. O nosso Código Penal prevê no artigo 59 que as penas devem ser necessárias e suficientes a reprovação e prevenção do crime.
 Assim, de acordo com a nossa legislação penal, entendemos que a pena deve reprovar o mal produzido pela conduta praticada pelo agente, bem como prevenir futuras infrações penais.
 Portanto, as finalidades da pena se classificam em: Retribuição, Prevenção e Readaptação Social. A Retribuição consiste na aplicação do (mal justo pelo mal injusto): impõe-se ao descumpridor da norma penal um gravame de privação de bem jurídico (pena privativa de liberdade, restritivas de direito ou multa).
 A sociedade, em geral, se contenta com esta finalidade, porque tende a se satisfazer com essa espécie de “pagamento”ou compensação feita pelo condenado, desde que a pena seja de privativa de liberdade. Se ao condenado for aplicada uma pena restritiva de direitos ou mesmo de multa, a sensação, para a sociedade, é de impunidade, pois o homem infelizmente, ainda se regozija com o sofrimento causado pelo aprisionamento do infrator.
 A Prevenção por sua vez, pode ser classificada em especial e geral: prevenção especial, por servir como exemplo ao apenado, e geral, por servir de
Intimidação aos que cogitarem praticar conduta similar, evitando, dessa forma, a prática de crimes. 
 Se para a retribuição o ponto de referência é a culpabilidade, para a prevenção é a periculosidade. E, por último, a Readaptação Social (regeneração ou ressocialização): esta é uma característica muito importante da pena – corrigir o caráter do delinquente para que no egresso não volte a delinquir. 
 As finalidades da pena são explicadas por três teorias: Teoria absoluta ou da retribuição, teoria relativa, finalista, utilitária, ou da prevenção e teoria mista, eclética, intermediária ou conciliatória.
 Segundo Jason Albergaria, a Teoria absoluta ou da retribuição, consiste no fato de a pena ser consequência necessária do crime praticado, entendida como uma necessidade ética (imperativo categórico), segundo Kant, ou necessidade lógica (negação do crime e afirmação da pena), segundo Hegel
 O Estado se vale da pena por ele aplicada a fim de demonstrar à população, que ainda não delinqüiu, que, se não forem observadas as normas editadas, esse também será o seu fim.
 Já na prevenção geral positiva, ou prevenção integradora, a pena presta-se não à prevenção negativa de delitos, vai, além disso, infundir, na consciência geral a necessidade de respeito a determinados valores, exercitando a fidelidade ao direito e promovendo em última análise, a integração social.
 
3 O Centro de Detenção Provisória de Brasília - CDP
 Considerando a pesquisa de campo pude comprovar que a prisão provisória em Brasília tem sido usada mais como regra do que exceção e que ela se tornou uma forma de antecipar a execução da pena.
 As prisões que surgiram como forma de humanização das penas na verdade acabaram por se tornar um depósito de lixo humano. 
 A pena continua a ser ações dos encarcerados. Os objetivos que, pressupõe-se, deveriam ser inerentes às atividades, seja de educação, cultura, esportes, profissionalização ou terapêuticas, são declinados em favor dessa busca. 
 Tomar medidas para alterar esse quadro pode melhorar a situação do sistema, pois uma parte desses presos poderiam ser liberados. Uma forma de atenuar o problema é a audiência de custódia, em que o preso em flagrante tem acesso a um juiz em até 48 horas após a prisão, tive a oportunidade de constatar que nessa audiência é considerado, na maioria das vezes, somente a natureza do crime onde o acusado, sequer é ouvido e nesta circunstância, a prisão em flagrante é transformada em prisão preventiva, o que é feita em momentos conturbados pelo excesso de casos a serem analisados por um único Magistrado.
 O crescimento vertiginoso da população prisional e do déficit de vagas, a despeito dos esforços dos governos dos estados e da federação para a geração de novas delas, é por seu turno um elemento revelador de que a construção de novas unidades não pode mais ser o componente fundamental das políticas penitenciárias, senão que apenas mais um componente, dentro de um mosaico bem mais amplo.
 É bem verdade que entre a superlotação de estabelecimentos penitenciários e a qualidade desses serviços subsiste uma relação de mútua implicação. Mas ainda assim, restam ainda outros fatores que devem ser trabalhados junto à gestão dos sistemas penitenciários estaduais, como estratégias para torná-los melhores.
 As superlotações, os envolvimentos de presos em organizações criminosas e a falha de pessoal, são os principais problemas enfrentados pelas penitenciárias brasileiras.
 Outro fator que estamos acostumados a ver nos noticiários é a questão das rebeliões em presídios, sempre com resultados lastimáveis de sentenciados que são mortos por seus próprios companheiros, funcionários e familiares de detentos transformados em reféns, resgates e fugas audaciosas e espetaculares realizadas por criminosos, e por fim, a incapacidade das autoridades em face de organizações de criminosos, cada vez mais presente nos Estados brasileiros.
 Assistência ao Preso, ao Internado, ao Egresso e aos seus Dependentes faz referência a um movimento de promoção dos direitos dos apenados, internados, egressos, dependentes e familiares, criando condições para que estes possam exercer a sua autonomia. 
 Esse processo deve ser mediado pela inclusão dos beneficiários na agenda das políticas públicas de governo e pelo apoio a ações de instituições públicas e privadas, de caráter permanente, que tenham como objetivo prestar atendimento aos beneficiários, na forma e nos limites da lei: material, jurídica, educacional, social, religiosa e principalmente à saúde ao egresso, após a edição do Plano Nacional de Saúde no Sistema Penitenciário.
 É preciso destacar que o Estado também falha em fornecer estrutura adequada nas penitenciárias, de forma que em muitos casos não ocorre separação adequada dos presidiários, nem atividades que visem à ressocialização do preso, como educação e cursos profissionalizantes.
 Pensava-se que somente a detenção proporcionaria transformação aos indivíduos enclausurados. A ideia era que estes refizessem suas existências dentro da prisão para depois serem levados de volta à sociedade. Entretanto, percebeu-se o fracasso desse objetivo.
 Os índices de criminalidade e reincidência dos crimes não diminuíram e os presos em sua maioria não se transformavam. A prisão mostrou-se em sua realidade e em seus efeitos visíveis denunciadas como “grande fracasso da justiça penal”. (Foucault, 1987).
 Nos últimos anos, observa-se em escala mundial a perda do ideal reabilitador das prisões, concomitante a um recrudescimento das políticas de segurança pública, o que resulta em ampliação da população presa e no abandono das medidas ditas ressocializadoras no interior dos sistemas penitenciários.
 Afora a perda da liberdade física (ou do direito de ir e vir), a prisão subjuga o detento ao comando de uma estrutura autoritária e de uma rígida rotina autocrática que opera como uma grande máquina impessoal.
 O controle sobre os indivíduos é exercido de forma ininterrupta, regulando-se de modo minucioso todos os momentos de sua vida. Com a nítida orientação de preservar a ordem, a disciplina, evitar fugas e motins, a organização penitenciária elege como forma eficaz submeter o recluso, cercear quaisquer possibilidades do exercício de sua autonomia (Thompson, 1976).
As prisões que surgiram como forma de humanização das penas na verdade acabaram por se tornar um depósito de lixo humano. A pena continua a ser ações dos encarcerados. 
 Os objetivos que, pressupõe-se, deveriam ser inerentes às atividades, seja de educação, cultura, esportes, profissionalização ou terapêuticas, são declinados em favor dessa busca.
3.1 O SISTEMA PUNITIVO E A ESCOLA DO CRIME 
O sistema punitivo necessita de uma reorganização. Tem que se mudar os métodos arcaicos de tentativa de ressocialização, as penas alternativas têm que sair da ideia para prática, o corpo penal tem de fazer uma reciclagem, a realidade fática que se nos apresenta é diversa da pretendida na Lei Maior Brasileira (Constituição) e pela Legislação Penitenciária.
 O modelo de sociedade em que hoje vivemos não valoriza a condição humana e por esse motivo acaba tornando-se também fato gerador de violência. A falta de percepção deste fenômeno social é campo fértil às ideias fáceis e bem acolhidas pela sociedade. Há os que defendem o endurecimento da lei e que colocam as ideologias humanistas e os defensores dos direitos humanoscomo elementos contrários ao combate da criminalidade.
 Acusam os organismos humanitários de desconsiderarem o lado da vítima, porém somente apresentam como proposta para atenuar o sofrimento dos vitimados a subjugação do ofensor.
 Encarada por todos como mero ato de vingança. Muitos até entendem que a situação ideal seria torná-la até mais rigorosa.
 Verificamos, assim, que a estrutura do sistema carcerário está voltada unicamente para o castigo, quanto aos direitos do preso descritos na Lei de Execuções Penais, de 1.984, e normativos como a Constituição Federal e demais tratados sobre direitos humanos são reiteradamente descumpridos.
 Há de se convir, entretanto, que não é nada inteligente manter uma pessoa presa por longo período, submetendo-a a toda espécie de desrespeito ao ser humano que é, para depois “libertá-la”, fazendo com que a sociedade experimente o resultado de sua criação. Algo deve ser feito, ainda no curso do cumprimento da pena, para tentar devolver a pessoa ao convívio social munida de valores que não a façam enveredar pelo caminho da reincidência.
 Ao reiterar sistematicamente que os Direitos Humanos só servem para proteger bandidos, acaba por ser aceito como verdadeiro, quando, na realidade, é fruto de profunda ignorância e acarreta, em nosso meio, a fragilização de conquistas democráticas que a humanidade levou séculos para firmar.
 Na verdade, os Direitos Humanos existem para quem deles precisa, e, por não serem excludentes, acabam alcançando também àqueles que um dia os violaram. Os presos em nosso país são vítimas de incessantes afrontas aos Direitos Humanos. As condições de nossas cadeias e penitenciárias, já de todos conhecidas, transformam as penas privativas de liberdade em medidas de extrema crueldade.
 O grau de violência contra acusados de praticar um crime parece ser aceito socialmente ou mesmo encorajado. O conceito de Direitos Humanos é tido como forma de proteção a criminosos e a necessidade de acalmar a sensação generalizada de insegurança pública alimenta o desejo da população por medidas mais fortes e mais repressivas contra suspeitos de terem cometido crimes.
 As regras mínimas da ONU sobre tratamento de presos soam como piada para nós. Os Tratados Internacionais de Direitos Humanos, dos quais nosso País é signatário, são solenemente ignorados.
 Descumprimos, reiteradamente, a Lei de Execuções Penais em inúmeros dispositivos, com destaque, é óbvio, para os que dispõem sobre os direitos do preso.
 Se acreditássemos que os rigores positivados da pena e da execução fossem instrumentos eficazes no combate à violência e à criminalidade, teríamos resolvido alguns de nossos mais terríveis problemas. Na verdade, a violência e a criminalidade são, na realidade, filhas das injustiças sociais.
 É remota a ideia de que os presos não têm direito algum. O condenado é amaldiçoado e, sofrendo a pena, é objeto da máxima censura da coletividade, que o priva de toda a proteção do ordenamento jurídico que ousou violar. 
 O criminoso é desprezível e vil, servo da pena, perde a paz e está fora do direito. É necessário entender que, por força da nossa ordem jurídica positivada, o encarcerado não perde a cidadania, é sujeito de direitos na execução.
 Ele é titular, ainda, de todo o rol de direitos fundamentais previstos na Constituição que sejam compatíveis com a situação em que se encontra. Qualquer medida restritiva de sua liberdade deve vir prevista em lei, ser proporcional à pena atribuída ou virtualmente projetada, preservando-se sempre a liberdade jurídica residual que não foi tocada pela sentença condenatória.
 Verificamos, assim, que a estrutura do sistema carcerário está voltada unicamente para o castigo, quanto aos direitos do preso descritos na Lei de Execuções Penais, de 1.984, e normativos como a Constituição Federal e demais tratados sobre direitos humanos são reiteradamente descumpridos.
 Há de se convir, entretanto, que não é nada inteligente manter uma pessoa presa por longo período, submetendo-a a toda espécie de desrespeito ao ser humano que é, para depois “libertá-la”, fazendo com que a sociedade experimente o resultado de sua criação. Algo deve ser feito, ainda no curso do cumprimento da pena, para tentar devolver a pessoa ao convívio social munida de valores que não a façam enveredar pelo caminho da reincidência.
 Ao reiterar sistematicamente que os Direitos Humanos só servem para proteger bandidos, acaba por ser aceito como verdadeiro, quando, na realidade, é fruto de profunda ignorância e acarreta, em nosso meio, a fragilização de conquistas democráticas que a humanidade levou séculos para firmar. 
 Na verdade, os Direitos Humanos existem para quem deles precisa, e, por não serem excludentes, acabam alcançando também àqueles que um dia os violaram. Os presos em nosso país são vítimas de incessantes afrontas aos Direitos Humanos. As condições de nossas cadeias e penitenciárias, já de todos conhecidas, transformam as penas privativas de liberdade em medidas de extrema crueldade.
 O grau de violência contra os acusados de praticar um crime parece ser aceito socialmente ou mesmo encorajado. O conceito de Direitos Humanos é tido como forma de proteção a criminosos e a necessidade de acalmar a sensação generalizada de insegurança pública alimenta o desejo da população por medidas mais fortes e mais repressivas contra suspeitos de terem cometido crimes.
 As regras mínimas da ONU sobre tratamento de presos soam como piada para nós. Os Tratados Internacionais de Direitos Humanos, dos quais nosso País é signatário, são solenemente ignorados. Descumprimos, reiteradamente, a Lei de Execucoes Penais em inúmeros dispositivos, com destaque, é óbvio, para os que dispõem sobre os direitos do preso.
 Se acreditássemos que os rigores positivados da pena e da execução fossem instrumentos eficazes no combate à violência e à criminalidade, teríamos resolvido alguns de nossos mais terríveis problemas. Na verdade, a violência e a criminalidade são, na realidade, filhas das injustiças sociais.
 É remota a ideia de que os presos não têm direito algum. O condenado é amaldiçoado e, sofrendo a pena, é objeto da máxima censura da coletividade, que o priva de toda a proteção do ordenamento jurídico que ousou violar. O criminoso é desprezível e vil, servo da pena, perde a paz e está fora do direito.
 É necessário entender que, por força da nossa ordem jurídica positivada, o encarcerado não perde a cidadania, é sujeito de direitos na execução. Ele é titular, ainda, de todo o rol de direitos fundamentais previstos na Constituição que sejam compatíveis com a situação em que se encontra.
 Qualquer medida restritiva de sua liberdade deve vir prevista em lei, ser proporcional à pena atribuída ou virtualmente projetada, preservando-se sempre a liberdade jurídica residual que não foi tocada pela sentença condenatória.
 A perda ou restrição provisória da liberdade não acarretam a supressão de direitos fundamentais. O crime não retira do homem sua dignidade. O indivíduo, por mais vil que possa parecer, é sempre sujeito de direitos.
 Apesar de a Constituição Federal prever no seu artigo 5º, inciso XLIX, do Capítulo dos Direitos e Garantias Fundamentais, que "é assegurado aos presos o respeito à integridade física e moral", o Estado continua fracassando nas prerrogativas mínimas de custódia. À incapacidade de gerenciamento do Estado some-se a incompetência do modelo prisional vigente para a recuperação dos presos. 
 O resultado desta mistura é um local onde não existem as mínimas condições de respeito aos direitos humanos. E sem respeito à pessoa humana, como a garantia da dignidade e da integridade física, o que se produz a cada dia são pessoas desprovidas de humanidade.
 O preso não só tem deveres a cumprir, mas é sujeito de direitos, que devem ser reconhecidos e amparados pelo Estado.
 O recluso não estáfora do direito, pois se encontra numa relação jurídica em face do Estado, e, exceto os direitos perdidos e limitados a sua condenação, sua condição jurídica é igual à das pessoas não condenadas.
 Denota-se que muito embora tenhamos em nosso ordenamento pátrio dispositivo legal que visa garantir a integridade física do condenado e o respeito à sua dignidade humana, infelizmente parecem estarem esquecidos.
 Falta na realidade, vontade política e seriedade na administração pública com atitudes sérias, a fim de mudar a situação caótica que chegou hoje nosso sistema prisional, porém, há que se ter em mente que somente teremos solução quando nossos planos de segurança forem planejados com serenidade e não no calor de crises visando apenas saciar os anseios da sociedade.
 A verdade é que apenas se tem procurado oferecer soluções para os efeitos, esquecendo-se que o problema está a exigir remédios heroicos para as causas. Se atacarmos os efeitos, as causas persistirão e as consequências crescerão numa razão geométrica.
 Tendo a pena privativa de liberdade o objetivo não apenas de afastar o criminoso da sociedade, mas, sobretudo, de excluí-lo com a finalidade de ressocializá-lo, note-se que a pena de prisão atinge o objetivo exatamente inverso: ao adentrar no presídio, o apenado assume o seu papel social de um ser marginalizado, adquirindo as atitudes de um preso habitual e desenvolvendo cada vez mais a tendência criminosa, ao invés de anulá-la.
 É preciso a transformação do sistema para que a reforma do condenado seja propiciada por instrumentos como a educação e o trabalho, de modo a dar-lhe condições de levar uma vida digna quando sair do estabelecimento prisional, e evitar que o cárcere seja mais penoso do que deve ser.
 A intenção, então, é buscar alternativas para sancionar os criminosos, que não os isolar socialmente. Isto porque a pena de prisão determina a perda da liberdade e da igualdade, que derivam da dignidade humana.
 E a perda dos direitos fundamentais de liberdade e igualdade representa a degradação da pessoa humana, assim como a tortura e o tratamento desumano, que hoje são expressamente proibidos pela Constituição Federal.
 Por mais que se pretenda que a pena privativa de liberdade deva preparar o sujeito para a vida livre, o certo é que propicia a formação de uma sociedade antinatural, na qual o sujeito carece das motivações da sociedade livre, adquirindo características rudes e primitivas, que costumam persistir após a recuperação da liberdade, e, que ao entrar em conflito com a sociedade livre, têm a oportunidade de manifestar-se.
 A ideia dos direitos do preso tem origem bem recente. Decorre da consequência lógica de se considerar a privação de liberdade como uma medida extremada, cujos limites devem ser estabelecidos, e que, em definitivo, é reforçado pela comprovação de que é um mal, para o qual ainda não se encontrou substituto, e, nem mesmo parece existirem esforços sérios para reduzi-lo, pelo menos em nosso país.
 Nossa Lei de Execução Penal não passa de uma "carta de intenção".
A falta de infraestrutura e o total descaso dos nossos governantes tem contribuído de forma significativa para a transformação das penitenciárias brasileiras em verdadeiras "escolas do crime". Se por um lado, os maus tratos, as celas lotadas, as condições precárias, a falta de alimentação adequada e o meio insalubre trazem o arrependimento do preso pelo crime cometido, por outro, também trazem a revolta.
 Além disso, a falta de um acompanhamento psiquiátrico e a não utilização de atividades intelectuais e esportivas acabam por arruinar a integridade física e moral do apenado, propiciando dessa forma ao cultivo de pensamentos perversos e banais, não contribuindo de forma alguma a sua reabilitação, pelo contrário, prejudicando-o ainda mais.
 Como se não bastasse, quando o delinquente readquire a liberdade, depara-se com os obstáculos impostos por uma sociedade preconceituosa e excludente que não consegue enxergá-lo como um indivíduo normal (isso no caso de ele ter sido realmente recuperado), aplicando-lhe outras sanções igualmente severas, que é a falta de oportunidade no mercado de trabalho, o desemprego, a falta de cidadania básica, etc. 
 Diante do exposto, a única alternativa é voltar a cometer os mesmos crimes, a fim de que possa sobreviver.
 Em 1991, O Instituto da UNESCO para a Educação (IUE), lançou um projeto para investigar e promover a educação nas prisões tendo como público alvo os adultos sentenciados e encarcerados.
 Umas das metas do projeto consistia em contribuir para o desenvolvimento do potencial humano que se restringia devido às desvantagens sociais. Os objetivos principais do projeto eram identificar estratégias bem-sucedidas da educação básica nos contextos prisionais, de modo a dar a elas visibilidade, condições de refinamento e replicabilidade.
 O relatório da UNESCO (1993: p. 60) indica que os prisioneiros são geralmente jovens, entre 18 a 25 anos. A maioria é constituída por homens, e a presença feminina nas prisões varia entre 2% e 7% da população total prisional.
 A mulher é uma minoria na prisão, tanto em número quanto em visibilidade. As recomendações de estudos prisionais indicam a necessidade de não continuar ignorando s necessidades de perfil prisional das mulheres apenadas. Em muitos momentos, as dificuldades das mulheres são as mesmas dos homens (o ambiente, o sistema, a superpopulação, etc.), entretanto existem questões específicas que precisam ser observadas (a situação dos filhos, a gravidez, o emocional, as necessidades, as habilidades, etc.).
3.2 DIREITOS DOS PRESOS
 Conforme já demonstrado no tópico Sistema Brasileiro de Proteção aos Direitos Humanos a Constituição Federal consagra no seu artigo 4º, inciso II, a prevalência dos Direitos Humanos.
 Nesse sentido, como também mencionado no tópico Finalidades e Características da Pena, foi citada como uma de suas características a “Humanidade”, bem como foram listados alguns direitos garantidos pela Constituição Federal que preservam essa humanidade dos apenados. Dentre eles, dois se destacam: 1) O direito de que ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante, ou seja, nenhuma pena deve ser cumprida de forma desumana (art. 5º, III, da CF); e 2) a previsão de que o Estado indenizará o condenado por erro judiciário, assim como o que ficar preso além do tempo fixado na sentença (art. 5º, LXXV). 
 Contudo, além dos direitos consagrados pela carta magna, importa trazer à baila, direitos dos presos previstos no Código Penal e em legislação própria, qual seja, a Lei de Execução Penal – LEP, Lei nº 7.210/84, publicada em 13/07/84, uma vez que esta última, disciplina direitos e deveres/obrigações, tanto do apenado quanto das autoridades envolvidas no processo de execução da pena. 
 O preso conserva todos os direitos não atingidos pela condenação, impondo-se a todas as autoridades o respeito a sua integridade física e moral, conforme está expresso no art. 38 do CP, artigos 3º e 40 da LEP e no art. 5º, XLIX, da CF. 
 Ademais, integram o rol de direitos dos presos os estabelecidos no art. 41 da LEP77: 
Art. 41 – Constituem direitos do preso: 
I – Alimentação suficiente e vestuário; 
II – Atribuição de trabalho e sua remuneração; 
III – previdência social; 
IV – Constituição de pecúlio; 
V – Proporcionalidade na distribuição do tempo para o trabalho, descanso e a recreação; VI – exercício das atividades profissionais, intelectuais, artísticas e desportivas anteriores, desde que compatíveis com a execução da pena;
VII – assistência material, à saúde, jurídica, educacional, social e religiosa;
 VIII – proteção contra qualquer forma de sensacionalismo; 
IX – Entrevista pessoal e reservada com advogado; 
X – Visita do cônjuge, da companheira, de parentes e amigos em dias determinados;
 XI – chamamento nominal;
 XII – igualdade de tratamento salvoquanto às exigências da individualização da pena; XIII – audiência especial com o diretor do estabelecimento; 
XIV – representação e petição a qualquer autoridade, em defesa de direito;
 XV – Contato com o mundo exterior por meio de correspondência escrita, da leitura e de outros meios de informação que não comprometam a moral e os bons costumes; 
XVI – atestado de pena a cumprir, emitido anualmente, sob pena da responsabilidade da autoridade judiciária competente. [...]. 
 3.3 A PRORIFERAÇÃO DA VIOLÊNCIA NO SISTEMA PENITENCIÁRIAO
 Não obstante os presos dispuserem dos direitos até aqui mencionados, é necessário observar que são fixadas algumas condições que o sistema prisional deve obter para o cumprimento da pena privativa de liberdade, que por sua vez será cumprida em penitenciária.
 Apesar de todos os direitos previstos não se tem a garantia de sua aplicação, pois o que se pôde observar que aqui no Distrito Federal a rotina é: primeiro o preso é levado ao DPE, onde começa o “inferno”. Lá o preso divide uma cela de 3m x 2m com 12 a 15 pessoas, sem nenhuma cama, dormindo no chão aguardando a audiência de custódia. Esta ocorre de maneira conturbada devido ao grande número de presos e ser realizada por apenas uma autoridade judiciária a qual leva em consideração apenas a natureza do crime.
 Após esse procedimento o preso é encaminhado ao CDP quando recebe um kit higiene (escova de dente, sabonete, papel higiênico, pasta dental) e uma coberta. Encerrado esse procedimento, o preso é encaminhado a um pátio para divisão em grupos seguindo alguns critérios: quem tem problema com outros internos são separados: maiores de 45 anos vão para celas específicas para tais idades. Quem possui nível superior vai para uma cela onde ficam menos presos. Quem responde por estupro ou outro crime dessa gravidade é encaminhado a uma cela onde ficam apenas quem cometeu esse tipo de delito, em fim é separado o interno que não se dá bem com outros. Essa última separação é feita mediante A declarações dos detentos. Logo após os internos vão para um novo “lava jato” onde corta-se o cabelo, a barba e aplicam-se 3 tipos de vacinas (antitetânica, hepatite e uma na coxa). E o preso é encaminhado para uma cela com cerca de 30 a 50 pessoas em um espaço que cabe, no máximo, 18 a 20).
 A superlotação, a humilhação realizada pelos agentes penitenciários, fazendo com que todos os presos, dentro de uma cela, se virem de costas, com as mãos na cabeça e coloquem a bunda no chão, cospe neles e gritando xingamentos; assim é o primeiro contato com o sistema.
Grande parte, por não ter camas suficientes dormem no chão, usando apenas uma espécie de cobertor fino o qual é estendido no chão da cela e quando surge uma vaga, com a soltura de algum detento, é necessário comprar tal espaço, por cerca de duzentos e cinquenta reais e ainda dividi-lo com outro e os presos mais recentes submetem-se a códigos de conduta impostos pelos que ali já se encontravam demonstrando, assim, que a influência do código do recluso é tão grande que propicia aos internos mais controle sobre a comunidade penitenciária que as próprias autoridades.
A alimentação fornecida dentro das prisões também é precária, em muitos desses locais, são os próprios presos que fazem sua comida, com os alimentos trazidos pelos seus familiares e em outras, a alimentação é feita em cozinhas sem condições mínimas de higiene.
 Quanto ao vestuário, se a família ou advogado (quando há) não o levar, o preso acaba ficando nu junto dos outros detentos porque o presidio não disponibiliza nem uma peça sequer.
Quando o preso é chamado para um atendimento médico ou para assistência jurídica, tem que sair da cela seminu (de cueca) quando não é obrigado a sair nu de costas para o agente, pois caso ele saia de frente o agente pode se sentir ameaçado e lhe agredir verbal e até fisicamente
O art. 41 da LEP (lei de execução penal) o qual assegura que o preso tem direito a uma alimentação suficiente e vestuário é completamente esquecido haja vista que a alimentação oferecida pelo sistema é um almoço o qual é servido às 10h da manhã, a janta servida às 15h. Dois pães e três sucos são entregues todos os dias mostrando que, o que ocorre no CDP não é diferente das realidades mostradas nas reportagens e documentários realizados dentro de penitenciárias e cadeias públicas as quais mostram a falta de higiene encontrada dentro das celas, corredores e até mesmo nas cozinhas desses estabelecimentos.
Necessitando, o preso, de atendimento médico ele precisa mandar uma carta ao atendimento e, se acharem conveniente, vão atendê-lo, se não, deixam-no morrer de dor ou de quaisquer outros sintomas de anormalidade em sua saúde, o que contradiz o pensamento o qual afirma que tanto a saúde física como a psíquica é essencial a todo ser humano, estando ela intimamente ligada a qualidade de vida quanto o disposto jurídico, pois o art. 12 da LEP prevê: “A assistência material ao preso e ao internado consistirá no fornecimento de alimentação, vestuário e instalações higiênicas”. E no CDP existem condições que podem exercer efeitos nefastos sobre a saúde dos internos. 
As deficiências de alojamentos e de alimentação facilitam o desenvolvimento de enfermidade por excelência das prisões. Contribuem igualmente para deteriorar a saúde dos reclusos as más condições de higiene dos locais, originadas na falta de ar, na umidade e nos odores nauseabundos.
Os reclusos aprendem, dentro da prisão, que a adaptação às expectativas de comportamento do preso é tão importante para seu bem-estar quanto a obediência às regras de controle impostas pelas autoridades. Situação que vem ao encontro de pesquisas realizadas as quais apontam que a superlotação carcerária está presente não somente nas penitenciarias e cadeias públicas, mas sim em todo o sistema. 
 Em média hoje no Brasil, em uma cela onde caberiam cerca de dez presos, são encontrados dezessete. Essa superlotação está associada a vários fatores tais como, o aumento da quantidade de prisões efetuadas durante os últimos anos, o atraso do judiciário no julgamento dos processos, e o descaso do Estado na implantação de medidas que auxiliem a reintegração do preso na sociedade.
Além das doenças do corpo, esses locais auxiliam ainda mais para o desenvolvimento de doenças psicológicas, tais como depressão, demência e esquizofrenias, levando os detentos até mesmo ao suicídio.
Em relação a trabalho, no CDP, o preso recém encarcerado não tem a oportunidade de exercer, pois é oferecido somente para presos antigos com bons antecedentes e sem castigo e àquele que não teve nenhuma advertência por mau comportamento ali dentro, o que deveria ser revisto.
Pois conforme afirma Maurício Kuehne (2013, p. 32): o trabalho, sem dúvida, além de outros tantos fatores apresenta um instrumento de relevante importância para o objetivo maior da Lei de Execução Penal, que é devolver à Sociedade uma pessoa em condições de ser útil. 
Além disso o trabalho faz parte de um direito social atribuído a todos os cidadãos e está expressamente previsto na Constituição Federal em seu art. 6º.
Com o intuito de não deixar que esse direito seja esquecido dentro das prisões, a Lei de Execução Penal em seu artigo 41, inciso II, também elencou o trabalho como sendo direito do preso, porém, infelizmente, são poucos os estabelecimentos que fornecem vagas de trabalho aos reclusos.
O trabalho prisional além de ser um importante mecanismo ressocializador, evita os efeitos corruptores do ócio, contribui para a formação da personalidade do indivíduo, permite ao recluso dispor de algum dinheiro para ajudar na sobrevivência de sua família e de suas necessidades, e dá ao detento uma maior oportunidade de ganhar sua vida de forma digna após adquirir liberdade. E isso deveria começar já no Centro de Detenção Provisória.
Outro fator de grande constrangimento ao interno é quando da expedição de um alvará de soltura em favor do preso no CDP: O detento é retirado da cela e colocadoem condições ainda piores, caso o Centro receba tal ordem durante o período noturno, quando chegada a hora da liberdade ele é colocado em um veículo e abandonado fora da área do presidio, com suas vestimentas e sandálias brancas, sem nenhuma condição para retornar ao seu lar, sendo obrigado, caso os familiares não vá ao seu encontro, a mostrar o alvará de soltura aos motoristas dos transportes públicos, na tentativa de encontrar , ali, a misericórdia dele ou conseguirem caronas, o que é muito difícil devido à visão da sociedade de que aquela pessoa é bandido e, assim sendo, irá lhe causar algum prejuízo material ou até mesmo fazer-lhe algum mal físico e diante dessa leitura , frente a situação de violência que vive nos dias atuais, o sujeito continua sofrendo o dissabor da rejeição, humilhação, preconceito e tortura psicológica , além do cansaço físico de tanto andar e correr motivado pelo desejo de retomar sua vida anterior.
Para Leite, um bom ambiente, no qual se respeitem os direitos do ser humano e onde o tratamento humanitário seja exemplar é dever constitucional do Estado. É assegurá-lo a todos que estejam sob sua custódia, mesmo privados de liberdade de ir e vir . “Cadeia não dever ser concebida como um hotel cinco estrela [...] Preconizo-a como local onde a pena será cumprida, e deve ser cumprida com o rigor que a própria condenação à pena privativa de liberdade determina “ (LEITE,2001,p.06) 
 CONSIDERAÇÕES FINAIS
 O Sistema Penitenciário brasileiro, num panorama geral, sofre uma grande deficiência em vários aspectos, o que acarreta prejuízos irreparável à população carcerária.
 No que se refere ao CDP/DF, pude constatar que o funcionamento da Instituição está organizado no uso abusivo de poder, onde os internos são tratados como animais desprezíveis, sentindo o peso da severidade dos agentes, uma vez que a ênfase desse órgão está voltada para ordem e disciplina, violando, portanto, os deveres legalmente lhes concedidos. 
 As dependências do CDP/DF apresentam um ambiente com instalações inadequadas, afetadas diretamente pela superlotação e práticas de vários tipos de violências, ente elas: física, psíquica e moral. Trata-se de um lugar onde a ociosidade e a promiscuidade produzem um ambiente violento, que não oferece assistência básica adequada nas áreas de higiene, saúde, jurídica, trabalhista e social e o interno não possui acesso a qualquer atividade educativa. Os presos permanecem sob total vigilância de pessoas corrompidas e sádicas.
 Nesta Unidade Prisional o encarcerado é obrigado a conviver, permanentemente, com outros indivíduos cujos crimes vão do mais simples ao hediondo. Nem sempre há cordialidade, e a animosidade é algo comum, gerando um constante clima de medo e preocupação constantes, pois o preso nunca sabe se “o seu dia vai chegar”. 
 Grande parte desta angústia vivida pelo presidiário advém da falta de ocupação, de uma atividade que ocupe seu tempo, distraia sua atenção e que o motive a esperar um amanhã melhor. 
A existência de um amparo psicológico seria fundamental, pois nenhum ser humano vive sem motivação. Presídio sem ocupação se torna uma escola “às avessas”: uma formadora de criminosos mais perigosos
 A grande maioria dos indivíduos presos não teve melhores oportunidades ao longo de suas vidas, principalmente a chance de estudar para garantir um futuro melhor. 
 A solução para o quadro lastimável do sistema carcerárias deve vir de iniciativas com projetos para aplicabilidade de políticas públicas como a melhoria da educação básica e o desmantelamento do crime organizado e nas prisões, o tempo que despenderá atrás das grades pode e deve ser utilizado para lhe garantir a oportunidades que nunca teve, por meio de estudo e, paralelamente, de trabalho profissionalizante só assim o Estado cumpriria o que a Lei de Execução Penal trata doem seus artigos 17 a 21 e no art. 41, inciso VII.
 A educação nas prisões tem como principal finalidade qualificar o indivíduo para que ele possa buscar um futuro melhor ao sair da prisão, já que o estudo é considerado hoje um requisito fundamental para entrar no mercado de trabalho, e a maioria dos detentos não possuem nem ensino fundamental completo.
 A exemplo do que ocorre com o trabalho, foi criada também a remissão por estudo, prevista no art. 126, parágrafo 1º, inciso I da LEP.
 Com isso, a educação prisional além de incentivar o detento a buscar novos rumos ao adquirir liberdade, também é uma forma de diminuir os dias que devem ser cumpridos atrás das grades.
 Para tanto é indispensável o fomento do Poder Público para atender às necessidades estruturais dos presídios, tais como local para que os presos possam praticar atividades físicas, estudar, trabalhar, fazer suas refeições e por fim uma cela que atenda às características previstas na Lei de Execução Penal.
 Sendo assim chega-se à conclusão que ainda existem alternativas para o sistema carcerário brasileiro, sendo muitas delas previstas na própria legislação. O que falta na realidade é o comprometimento de todos, para que sejam postas em prática ações que procurem reduzir os níveis de violência e auxiliem na recuperação do detento, afinal a finalidade da pena não é somente punir o condenado, mas também ressocializá-lo.
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