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Fichamento SPQR cap. 4 História Antiga 2

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Fichamento - História do Brasil 2
BEARD, Mary. SPQR: uma história da Roma Antiga. Lisboa: Bertrand Editora, 2016.
Capítulo 4 – O maior salto em frente de Roma
1. Biografia do autor e obras:
2. Resumo:
3. Identificar os objetivos principais: listá-los em forma de citação.
4. Identificação do tema: o tema não é o problema ou o objetivo do texto, mas o assunto que está sendo tratado. Por isso é só listar os temas principais abordados pelo (s) autor/es.
5. Tese (s) do autor (es): nem sempre a tese está explicita, nem mesmo no início do texto; ela pode estar nas entrelinhas ou no final do texto.
Dois séculos de mudança: dos Tarquínios a Cipião
a)- Os historiadores romanos da antiguidade eram especialistas em transformar o caos histórico numa narrativa arrumada e sempre gostaram de imaginar que as instituições que lhes eram familiares seriam muito mais antigas do que realmente eram – Pg. 143.
b)- A “República” nasceu lentamente, que longo de um período de décadas, senão mesmo de séculos. Além disso foi reinventada muitas vezes – Pg. 143.
O mundo externo: Veios e Roma
1)- A expansão do poder romano através da Itália foi dramática. É fácil ficar-se deslumbrado, ou horrorizado, pelo império ultramarino no posterior de Roma, o qual deve ter acabado por atingir mais de 3,2 milhões de quilômetros quadrados, ao mesmo tempo que se toma como dado adquirido a ideia de que a Itália romana 
 
6. Ideias
Dois séculos de mudança: dos Tarquínios a Cipião
1)- Tito Lívio avançou com um palpite de que o representante mais alto do estado e aquele cuja função era martelar o prego no Templo de Júpiter a cada ano que passava, era originalmente chamado pretor-chefe, embora a palavra “pretor” tenha sido utilizada posteriormente para um representante adjunto abaixo dos cônsules – Pg. 143.
2)- Nestes incluem “ditador”, normalmente descrito como posição temporária para lidar com uma emergência militar e sem as conotações modernas decididamente negativas da palavra; e “tribunas militares com poder consular”, uma mão-cheia de palavras convenientemente traduzida por um historiador moderno como “coronéis” – Pg. 144.
3)- Existe ainda um grande ponto de interrogação sobre quando foi criado exatamente o cargo decisivo da República ou quando e porquê um outro cargo foi rebatizado como “cônsul”, ou até princípio fundamental republicano de que o poder devia sempre ser partilhado foi definido pela primeira vez – Pg. 144.
4)- Também aqui existe um ponto de interrogação acerca do quão violenta terá sido a queda da monarquia. Os romanos imaginaram uma mudança de regime praticamente sem derramamento de sangue. Lucrécia teria sido a baixa mais proeminente e trágica, mas, embora se seguisse a guerra, foi permitido a Tarquínio escapar ileso. Os indícios arqueológicos sugerem que o processo de mudança dentro da cidade não terá sido assim tão pacífico. Pelo menos, foram escavadas no Fórum e noutras paragens camadas de destroços queimados que podem ser plausivelmente datadas de 500 a.C. Podem ser não mais do que os vestígios de uma séria infeliz de incêndios acidentais – Pg. 144.
5)- A primeira utilização conhecida da palavra “cônsul” data, efetivamente, de duzentos anos depois. Surge no primeiro exemplo que chegou até nós daqueles milhares e milhares de epitáfios romanos eloquentes, cuidadosamente gravados em túmulos dispersos por todo o império, tanto extravagantes como humildes, os quais nos dizem acerca das vidas dos mortos: os cargos detiveram, as profissões que tiveram, os seus objetivos, aspirações e ansiedades. Este celebra um homem chamado Lúcio Cornélio Cipião Barbato (o último nome significa “barba”, “barba longa” ou, talvez, “barbudo” e foi exibido na fachada de seu sarcófago exageradamente grande, que se encontrara outrora no jazigo dos Cipiões às portas de Roma, pois, os enterros não eram, de fato, permitidos dentro da própria cidade. Barbato foi cônsul em 298 a.C., morreu por volta de 280 a.C. e fundou quase certamente este mausoléu faustoso, uma promoção desavergonhada de poder e prestígio da sua família, uma das mais proeminentes da República. O seu parece ter sido o primeiro de mais de trinta enterros no mausoléu e o seu caixão/memorial foi colocado na posição mais proeminente, mesmo em frente da porta – Pg. 146.
6)- Cornélio Lúcio Cipião Barbato, descendente de seu pai Cneu, um homem corajoso e sábio, cuja aparência correspondia à sua virtus. Ele foi cônsul e censo e edil entre vós. Conquistou Taurásia e Cisauna de Sâmnio. Dominou toda a Lucânia e fez reféns – Pg. 146.
7)- Estes feito sublinham a importância da guerra na imagem pública dos principais romanos, mas também apontam para a expansão militar de Roma no início do século III a.C., estendendo-se agora por uma longa extensão das traseiras da cidade – Pg. 147.
8)- Igualmente reveladoras são as outras características que o epitáfio destaca como dignas de elogio: a coragem e sabedoria de Barbato e o fato de a sua aparência exterior ser igual à sua virtus. Isso pode significar “virtude” no sentido moderno, mas era frequentemente utilizado no sentido mais literal, para se referir ao conjunto de qualidades que definiam um homem (vir), sendo virtude, em termos romanos, o equivalente de “virilidade” – Pg. 147.
9)- A Roma de Barabto era muito diferente da Roma do início da República, duzentos anos antes e tinha deixado de ser vulgar. Enorme pelos padrões da época, a cidade era o lar de, segundo uma estimativa razoável, entre 60 a 90 mil pessoas. Isso coloca-a sensivelmente dentro do mesmo grupo que uma mão cheia dos maiores centros urbanos do mundo do Mediterrâneo: Atenas, nesta altura, tinha uma população de consideravelmente menos da metade deste valor e nunca na sua história teve mais de 40 mil pessoas dentro da própria cidade – Pg. 148.
10)- Havia outros aspectos familiares. Esses aspectos incluíam um exército organizado em legiões, o início de um sistema oficial de cunhagem e sinais de uma infraestrutura que correspondia à dimensão e influência da cidade. O primeiro aqueduto a levar água até à crescente conurbação foi construído em 312 a.C., um curso de água que corria, sobretudo, subterraneamente, ao longo de mais de 16 quilômetros a partir dos montes ali próximos, não uma dessas extraordinárias construções que atualmente denominados “aqueduto” [...] o enérgio Ápio Cláudio Cego, o qual, no mesmo ano, também deu início à primeira estrada principal romana, a Via Ápia (a Via Ápia foi batizada com o seu nome), que seguia para o sul, ligando Roma a Cápua – Pg. 149.
11)- Não era coincidência que, para o seu grande jazigo de família, Barbato tenha escolhido uma posição de destaque ao lado desta, nos limites da cidade, para que os viajantes que entravam ou saíam de Roma o admirassem – Pg. 149.
12)- Foi algures neste período crucial, entre 500 a.C. e 300 a.C., entre o final dos Tarquínios e o tempo de vida de Cipião “Barba Longa”, que muitas das instituições características de Roma ganharam forma – Pg. 149.
13)- A cronologia continua a ser sombria e é absolutamente impossível reconstruir uma narrativa histórica fiável. Mas podemos vislumbrar algumas mudanças fundamentais, tanto internamente como nas relações de Roma com o mundo exterior – Pg. 150.
14)- Os escritos romanos posteriores apresentaram um história clara e dramática dos séculos V e IV a.C. Por um lado, relataram uma séria de conflitos sociais violentos dentro da própria cidade de Roma: entre um grupo de famílias “patrícias” hereditário, o qual monopolizava todo o poder, tanto político como religioso, na cidade e a massa de cidadãos ou “plebeus”, que se encontrava completamente excluída. Gradualmente – num conto intenso que envolve ataques, motins e mais uma (tentativa de) violação – os plebeus ganharam o direito ou, como os próprios diriam, a liberdade para partilharem o poder em termos, mais ou menos, iguais aos dos patrícios. Por outro lado, realçaram uma séria de vitórias importantes no campo de batalha que colocaram a maior parte da penínsulaitaliana sob o controle romano – Pg. 150.
15)- Mas segundo Tito Lívio, os efeitos não foram tão devastadores que a cidade teve de ser refundada (uma vez mais), sob a liderança de Marco Fúrio Camilo – comandante de guerra, ditador, “coronel”, exilado durante algum tempo e “segundo Rômulo” – Pg. 151.
16)- Dois mil anos depois, podemos ler Tito Lívio, que lera Pictor, que falara com pessoas que se lembravam do mundo real tal como ele era por volta de 300 a.C. – uma frágil cadeia de ligações até às profundezas da Antiguidade – Pg. 151.
17)- É verdade que o epitáfio de Barbato pode ter ampliado os seus feitos, e a elite romana poderá ter preferido apresentar como “submetido” um povo com quem fez uma “aliança”; mas a inscrição ajuda, provavelmente, a corrigir o relato posterior de Tito Lívio, ligeiramente truncado. Existem vários outros fragmentos semelhantes, incluindo algumas pinturas chocantes que abordam a mesma época, as quais representam cenas de guerras em que Barbato combateu – Pg. 152.
18)- A coleção é conhecida como Lei das Doze Tábuas, doze tabuinhas de bronze nas quais se encontravam originalmente gravadas e exibidas. Fornecem uma visão sobre algumas das preocupações dos primeiros romanos republicanos, de preocupações dos primeiros romanos republicanos, de preocupações quanto ao uso da magia e de ataques, a questões mais complexas como se era permitido enterrar um cadáver com os seus dentes de ouro na boca – um indício suplementar da habilidade da cirurgia dentária que a arqueologia confirma – Pg. 152.
19)- Reconstruir a história deste período é um processo intrigante e, por vezes, tentador e parte do divertimento provém das dúvidas em relação a como algunas das peças do puzzle incompleto encaixam e a como identificar a diferença entre fato e fantasia. Mas existem peças suficientes em seu lugar para ter confiança de que a mudança decisiva em Roma chegou no século IV a.C., na geração de Barbato e de Ápio Cláudio Cego e dos seus antecessores imediatos, e o que acontece então, por muito difícil que seja de identificar, estabeleceu um padrão da política romana, interna e externamente, que durou século – Pg. 153.
O mundo das doze tábuas
1)- O regime republicano começou com um lamento e não um estrondo. Há todo o tipo de fábulas sensacionais contadas por historiadores romanos acerca da nova ordem política, da guerra em grande escala ao longo das primeiras décadas do século V a.C. e de heróis e de vilões maiores do que a própria vida que também se transformaram em lendas modernas – Pg. 153.
2)- Qualquer que fosse a organização política da cidade quando os Tarquínios foram depostos, a arqueologia torna claro que, na maior parte do século V a.C., Roma não estava a prosperar de todo – Pg. 153.
3)- Um templo do século VI a.C. que é, muitas vezes, relacionado com o nome de Sérvio Túlio foi um dos edifícios que ardeu por completo nos incêndios de cerca de 500 a.C., e não foi reconstruído durante décadas – Pg. 154.
4)- Quanto a todas as guerras heroicas que surgem em grane número nos relatos romanos, podem ter desempenhado um papel significativo na imaginação romana, mas foram sempre locais, batalhas travadas dentro de um raio de alguns quilômetros de distância da cidade – Pg. 154.
5)- A Lei das Doze Tábuas é o melhor antídoto para aquelas narrativas posteriores que faziam heróis. As tabuinhas de bronze originais já não existem. Mas algum do seu conteúdo foi preservado porque os romanos posteriores olharam para esta coleção variada de regulamentos como o início de sua distinta tradição da lei. O que fora inscrito em bronze foi rapidamente passado para panfleto e ainda era aprendido de cor, diz-nos então Cícero, por alunos da escola do século I a.C. – Pg. 155.
6)- Todo o processo em sido ferozmente técnico e ainda vigoram debates intrincados acerca do exato significado das cláusulas, do quão grande e do quão representativas de uma seleção do original das citações – Pg. 155.
7)- Ainda assim, estas citações oferecem o caminho mais direto para a sociedade de meados do século V a.C. para os seus lares e famílias, preocupações e horizontes intelectuais – Pg. 156.
8)- É uma sociedade bastante mais simples e os seus horizontes são muito mais restritos do que os relatos de Tito Lívio dão a entender. É claro pela linguagem e pelas formas de expressão assim como pelo conteúdo. Embora a tradução moderna faça o seu melhor para que tudo pareça razoavelmente lúcido, as palavras em latim original estão, muitas das vezes, longe disso – Pg. 156.
9)- Citação – “Se ele invocar a lei, ele tem de ir. Se ele não partir, terá de chamar testemunhas, depois tem de apanhar” – presumivelmente significa, como é normalmente traduzido, “Se um queixoso intima um réu à lei, o réu tem de ir. Se ele não for, o queixoso tem de chamar alguém para testemunhar, depois tem de apanhar o réu” – Pg. 156.
10)- O que elas implicam é um compromisso de concordarem, partilharem e publicamente reconhecerem procedimentos para a resolução de disputas e alguns pensamentos acerca de como lidar com os obstáculos práticos e teóricos – Pg. 157.
11)- Os temas das regulamentações apontam para um mundo de múltiplas desigualdades. Havia vários tipos de escravos, desde os incumpridores dos seus empréstimos que tinham caído numa servidão por dívidas àqueles que eram completamente escravizados, presumivelmente (embora se trate apenas de um palpite) capturados em assaltos ou na guerra – Pg. 157.
12)- Também havia hierarquias no seio da população de cidadãos. Uma cláusula traça a distinção entre patrícios e plebeus, outra entre assidui (homens de posses) e proletarii (aqueles sem propriedade – cuja contribuição para a cidade era a produção de descendência, proles). Outra refere-se a “mecenas” e a “clientes” e a uma relação de dependência e obrigação mútua entre cidadãos mais ricos e cidadãos mais pobres que continuará a ser importante ao longo da história romana. O princípio básico era o de que o cliente dependia do seu mecenas apenas para proteção e assistência, financeira e outras, em troca de uma variedade de serviços prestados, incluindo votos em eleições – Pg. 158.
13)- Na sua maioria, a Lei das Doze Tábuas confronta problemas domésticos com pesada incidência na vida familiar, vizinhos problemáticos, propriedade privada e morte. Expõe procedimentos para lidar com o abandono ou morte de bebês deformados (uma prática comum ao longo da Antiguidade, eufemisticamente conhecida pelos acadêmicos moderna como “expostos”, para a herança e para a conduta adequada nos funerais – Pg. 158.
14)- Tratava-se de um mundo no qual as pessoas se preocupavam sobre como lidar com a árvore do vizinho que se encostasse sobre a sua própria propriedade (solução: tinha de ser cortada até uma altura específica) ou com os animais problemáticos dos seus vizinhos (solução: o dano tinha de ser compensado ou o animal entregue) – Pg. 158.
15)- A julgar pela Lei das Doze Tábuas, Roma em meados do século V a.C. era uma cidade agrícola, suficientemente complexa para reconhecer divisões básicas entre escravos e homens livres e entre diferentes classes de cidadão, e suficientemente sofisticada para ter alguns procedimentos cívicos formais divididos de modo a lidar consistentemente com disputas, regular as relações sociais e familiares e impor algumas regras básicas em determinadas atividades humanas, como o que fazer com os mortos – Pg. 159.
16)- Além disso, quase não faz inferência ao mundo fora de Roma – além de algumas referências acerca de como as regras se aplicam a um hostis (um “estrangeiro” ou um “inimigo”; a mesma palavra em latim pode significar ambos, o que não é despiciendo) e uma possível referência à venda para a escravatura “em países estrangeiros do outro lado do rio Tibre”, como pena de último recursos em caso de dívida – Pg. 159.
O conflito das ordens
1)- Uma das vitórias plebeias mais badaladas chegou em 326 a.C., quando o sistema de escravatura por dívidas foi abolido, estabelecendo o princípio de que a liberdadede um cidadão romano era um direito inalienável – Pg. 162.
2)- Os acontecimentos mais dramáticos do conflito ocorreram em torno da criação da Lei das Doze Tábuas, em meados do século V a.C. As cláusulas que se mantêm preservadas podem ser breves, alusivas e até ligeiramente secas, mas, tal como os romanos o recordam, foram compiladas numa atmosfera que envolvia uma mistura altamente pitoresca de engano trágico, alegações de tirania, tentativa de violação e assassinato. A história conta que, durante vários anos, os plebeus exigiram que as “leis” da cidade fossem tornadas públicas e não apenas um recurso secreto dos patrícios; e, cedendo à pressão, os cargos políticos normais foram suspensos em 451 a.C. e dez homens (decemviri) foram nomeados para compilar, conceber e publicar a lei. Ao longo do primeiro ano, os decemviri concluíram com sucesso dez tábuas, mas a tarefa ainda não se encontrava concluída. Por isso, ao longo do ano seguinte foi nomeado outro grupo, o qual se mostrou ser muito diferente e de caráter muito mais conservador. Este segundo elaborou as últimas duas tábuas, incluindo uma cláusula mal afamada que bania o casamento entre patrícios e plebeus. Embora a iniciativa por detrás da concessão fosse originalmente reformista, transformou-se na tentativa mais extrema de manter os dois grupos ulteriormente separados: “a lei mais desumana”, foi o que Cícero lhe chamou, absolutamente contra o espírito de abertura romano – Pg. 163.
3)- A história de Virgínia tem sido ainda mais perturbadora do que a de Lucrécia. Não só conjuga homicídio doméstico com a brutalidade do conflito de classes, mas, inevitavelmente, levanta a questão do preço a pagar pela castidade. Que tipo de modelo de paternidade é este? Precisariam os elevados princípios de atingir um custo tão terrível? Mas uma vez mais, a (tentativa) de violação acabou por revelar um catalisador para uma mudança política. A exibição do corpo de Virgínia e um discurso apaixonado que Virgínio proferiu ao exército, conduziu a tumultos, motins, à abolição do grupo tirano de decemviri e, nas palavras de Tito Lívio, à recuperação da liberdade. Apesar da mancha da tirania, a Lei das Doze Tábuas permaneceu. Foram rapidamente vistas como o antecessor honrado da lei romana, excluindo a proibição dos casamentos entre classes, ainda que esta tenha sido rapidamente revogada – Pg. 164.
4)- Provavelmente, Virgínia não uma construção menos fictícia do que Lucrécia. Existe uma estranha dissonância entre as cláusulas que sobreviveram da Lei das Doze Tábuas e a história elaborada dos decemviri – Pg. 165.
5)- Além disso, apesar da certeza romana de que a exclusão dos plebeus do poder no estado remontava à queda da monarquia, existem indícios de que se desenvolveu apenas ao longo do século V. A.C. A lista padrão de cônsules, por exemplo, por mais fictícia possa ser, inclui no início do século V. A. imensos nomes plebeus reconhecíveis (incluindo o do primeiro cônsul, o próprio Lúcio Júnio Bruto), que desapareceu por completo na segunda metade do século – Pg. 165, 166.
6)- Dito isto, não há dúvidas de que longos períodos dos séculos V e IV A.C. foram fraturados por confrontos sociais e políticos entre uma minoria hereditária privilegiada e os restantes. Mais de meio milênio depois, a distinção foram entre famílias patrícias e plebeias ainda se mantinha, como uma daqueles “fósseis” que abordei anteriormente (p. 87), com uma lufada de pretensionismo e não muito mais – Pg. 166.
7)- Isso sim, encaixaria noutras duas pistas significativas. Primeiro, mesmo nos registros romanos tradicionais, as entradas para a maioria dos anos entre 20 a.C. do século e os anos 60 do século IV A.C. nomearam os misteriosos “coronéis” como representantes máximos do Estado. Isso mudou de uma por todas em 367 a.C. quando os cônsules se tornaram na norma para o resto da história romana. Em segundo lugar, é bem possível que tenha sido dada ao senado a sua forma definitiva nesta altura. Os escritores romanos tendem a ter como certo que as origens do Senado remontam a Rômulo, enquanto conselho de “homens velhos (senes)” e que, por volta do século V a.C., era já uma instituição madura que operava do mesmo modo que em 63 a.C. – Pg. 167.
8)- Quaisquer que tenham sido os precursores, quaisquer que tenham sido os elementos, assembleias ou censos que tenham estado em funcionamento, Romana não teve uma aparência distintamente “romana” por mais de um século depois de 509 a.C. – Pg. 167.
O mundo externo: Veios e Roma
1)- As relações de Roma com mundo exterior eram banais, tanto quanto podemos afirmar, até por volta de 400 a.C. As suas relações comerciais com o Mediterrâneo mais alargado não eram mais do que as típicas de uma cidade italiana – Pg. 168.
2)- O máximo que pode ser dito é que perto do final do século VI a.C. os romanos tinham, provavelmente, algum tipo de controle sobre os outros latinos. Tanto Cícero como o historiador Políbio (um astuto observador grego de Roma, que figura de modo proeminente no próximo capítulo) afirma ter viso documentos, ou “tratados”, desse período, sugerindo que Roma era então o principal interveniente neste mundo latino, pequeno e local – Pg. 168.
3)- O momento de mudança ocorreu perto do início do século IV a.C., com dois acontecimentos que desempenharam um papel principal e enormemente interpretado como mito em todos os relatos da Antiguidade da expansão de Roma: a destruição romana da cidade vizinha de Veio às mãos do heroico Camilo em 396 a.C. e a destruição de Roma pelos gauleses em 390 a.C. – Pg. 168.
4)- Embora possa ter havido um saque violento, escravatura no momento da vitória romana e uma entrada de novos colonizadores, a maior parte dos santuários locais prosseguiu com sua ação como antes, a cidade permaneceu ocupada, mesmo que a uma escala inferior, e os indícios que temos das quintas rurais apontam para uma continuidade em vez de ruptura – Pg. 169.
5)- Tito Lívio afirma que foi na corrida ao cerco de Veio que os soldados romanos foram pagos pela primeira vez, através dos impostos romanos. Quer tenha sido literalmente verdade ou não (e se tiverem sido pagos, ainda não terá sido em dinheiro), pode muito bem ser indicação do avanço na direção de uma organização mais centralizada dos exércitos romanos e o declínio da guerra privada – Pg. 170.
6)- Este é um outro caso do exagero romano. As várias vitórias, que se tornaram lugares-comuns da memória cultura romana, ofereciam lições patrióticas importantes: ao porem os pais acima da família, no apresentarem sinais de coragem face à derrota segura e perante os perigos de avaliarem o valor da cidade em termos do ouro. A catástrofe entrou de tal forma na imaginação popular romana que alguns conservadores a usaram no ano de 48 d.C. como argumento (ou manobra desesperada) contra as propostas do imperador Cláudio para admitir gauleses no Senado – Pg. 172.
7)- A única marca clara que sobreviveu ao “saque” na paisagem romana é a enorme muralha defensiva, e da qual ainda se encontram visíveis algumas secções impressionantes, erigida após a partida dos gauleses e construída por algumas pedras particularmente duradouras que era um dos produtos do novo território de Roma em torno de Veios – Pg. 172.
Os romanos contra Alexandre, o Grande
1)- É verdade que o padrão básico de guerra mais ou menos anual continuou. Os escritores da Antiguidade, entusiasmados com uma longa lista de batalhas romanas travadas no século IV a.C., celebravam, e sem dúvida exageravam, as vitórias heroicas, ao mesmo tempo que lamentavam uma mão cheia de derrotas vergonhas e retiradas humilhantes. A Batalha das Forcas Caudinas, em 321 a.C., na qual os samnitas do sul da Itália infligiram uma pesada derrota aos romanos, tornou-se quase tão memorável quanto a Invasão Gaulesa de Roma ou o saque de Roma setenta anos antes – apesar de não ser verdadeiramente uma batalha. Os romanos ficaram encurralados sem água numa estreita ravina na montanha, nas Forcas, e renderam-se simplesmente – Pg. 173.
2)- O impactomilitar de Roma por volta do final do século IV a.C. era tão grande que Lívio achou que valeria a pena comparar o heroísmo romano ao do conquistador mundial Alexandre, o Grande, o qual, entre 334 e 323 a.C., liedou o seu exército macedônico numa fúria de conquista, desde a Grécia até a Índia. Lívio interroga-se acerca de quem teria vencido, os romanos ou os macedônios, se se tivessem enfrentado, uma questão militar difícil que os generais da secretária ainda ponderam – Pg. 173.
3)- Isto porque deram cidadania romana a inúmeros membros dos derrotados, em inúmeras cidades ao longo do centro da Itália, a uma escala que ultrapassava em muito o precedente estabelecido em Veios. Quer este tenha sido um gesto de generosidade, como muitos escritores romanos interpretaram, quer tenha sido um mecanismo de opressão, como vem pareceu àqueles a quem foi imposta a cidadania romana, foi uma etapa essencial na mudança de definição do que significava ser “romano”. E trouxe, como veremos dentro em breve, enormes mudança à estrutura do poder romano – Pg. 174.
4)- Contudo, uma coisa é certa: este era um mundo militar diferente das pequenas escaramuças do século V a.C. – Pg. 175.
5)- Se assim for, esta é a primeira pintura que chega até nós no Ocidente para mostrar uma campanha militar identificável e verídica – a menos que uma cena menos genérica de combate pintada no túmulo no sul da Itália seja, realmente, como alguns arqueólogos imaginaram com otimismo, uma descrição orgulhosa da vitória samnita nas Forcas Caudinas – Pg. 175.
6)- Um destes, possivelmente ambos, chama-se “Q Fabius”, possivelmente Quinto Fábio Máximo Ruliano, que era o comandante supremo em Sentino e que deu a Barbato o seu único papel de ator convidado em batalha, ordenando-lhe que “trouxesse as reservas de retaguarda” – Pg. 176.
7)- Na época de Lívio, os generais romanos sentiam-se ávidos de imitar Alexandre. Tinham imitado o seu penteado distinto, tinham-se chamado a si mesmos “o Grande” e tanto Júlio César como o primeiro imperador Augusto, tinha feito uma peregrinação ao túmulo de Alexandre no Egito, Augusto – diz-se – terá partido o nariz do cadáver enquanto lhe prestava homenagem – Pg. 176.
Expansão, soldados e cidadãos
1)- No seu modo indireto, Lívio – que por vezes parece ser lento na sua análise – oferece uma resposta eficaz às questões do que se tornou os exércitos romanos desse período tão bons a vencerem e como é que Roma alcançou tão rapidamente um controle tão duradouro de tão grande parte da Itália – Pg. 177.
2)- Primeiro, os romanos não eram, por natureza, mais beligerantes do que os seus vizinhos e contemporâneos, tal como não eram melhores a construírem estradas e pontes. É verdade que a cultura romana atribuiu um valor extraordinariamente elevado – para nós, desconfortável – ao sucesso dos confrontos – Pg. 178.
3)- A palavra latim para “aríetes”, rostra, tornou-se nome da plataforma e deu nome ao inglês moderno a sua palavra “rostrum” – Pg. 178.
4)- A ambivalência da palavra latim hostis capta perfeitamente a imprecisão do limite entre o “estrangeiro” e o “inimigo”. Portanto, também a frase comum em latim para “dentro e fora de casa” – domi militiaeque – na qual “fora” (militiae) é indistinguível de “em campanha militar”. A maior parte dos povos da península partilham, sem dúvida, essa imprecisão. Partir para o território de alguém era estar (potencialmente) sempre em guerra – Pg. 178.
5)- Estes romanos viam a sua expansão mais em termos de mudanças de relações do que em termos de controle de território. Claro que o poder crescente de Roma transformou drasticamente a paisagem da Itália. Havia pouco que fosse mais obviamente transformador do que uma estrada romana novinha em folha que abrisse o caminho através de campos vazios, ou terra anexadas e divididas entre novos colonizadores. Continua a ser conveniente avaliar o poder romano em Itália em termos de área geográfica. No entanto, o domínio romano era, em primeiro lugar, sobre o povo, não sobre locais. Tal como Lívio o entendia, as relações que os romanos formaram com esses povos eram a chave para dinâmica da expansão romana inicial – Pg. 179.
6)- Isto porque este sistema de alianças transformou-se num mecanismo eficaz para converter inimigos derrotados de Roma em parte sua máquina militar crescente; e, ao mesmo tempo, concedia a esses aliados uma parte do empreendimento romano, graças ao saque e à glória que eram partilhados, na eventualidade da vitória – Pg. 180.
7)- Era quantos homens se conseguiam colocar no campo de batalha. Por volta do final do século IV a.C., os romanos tinham, provavelmente, não muito menos de meio milhão de tropas disponíveis (compare os 50 mil e tal soldados sob Alexandre nas suas campanhas a oriente, ou talvez os 100 mil quando os persas invadiram a Grécia em 481 a.C.) – Pg. 180.
8)- Contudo, houve outras implicações de longo alcance de modo como os romanos definiam as suas relações com outros povos em Itália. Os “aliados”, que se encontravam empenhados a não fornecer mais do que elementos militares, eram os mais numerosos, mas eram apenas uma das categorias implicadas. Para algumas comunidades ao longo de amplas áreas do centro da Itália, os romanos estenderam a cidadania romana – Pg. 181.
9)- É inconcebível que os homens do século IV a.C., se sentassem a debater as implicações exatas de civitas sine suffragio ou os privilégios exatos que eram atribuídos a quem pertencia uma colônia latina. Muito mais provável seria que estivessem a improvisar suas novas relações com os diferentes povos no mundo exterior usando, e ajustando, as suas categorias, existentes e rudimentares, de cidadania e etnicidade – Pg. 182.
Causas e explicações
1)- Nenhum escritor da Antiguidade arrisca uma resposta, além da ideia improvável de que a semente do domínio mundial tinha sido, de uma maneira qualquer, semeada. Talvez a invasão dos gauleses tenha criado nos romanos a determinação de não voltarem a ser apanhados daquela maneira, de assumirem a iniciativa em vez de serem obrigados a defender-se. Talvez tenham bastado algumas vitórias afortunadas nos confrontes endêmicos da região, seguidas de algumas alianças, com os efetivos militares suplementares que essas alianças trouxeram, para dar início ao processo de expansão. Qualquer que tenha sido o caso, parece provável que as alterações drásticas na política interna terão desempenhado um papel – Pg. 183.
2)- De modo geral, se tivéssemos que perguntar o que transformou o mundo relativamente simples da Lei das Doze Tábuas no mundo relativamente complexo do ano de 300 a.C., o fator mais influente seria, seguramente, a simples dimensão do domínio de Roma e das exigências de organização de confrontos de larga escala – Pg. 184.
7. Problematizações principais
8. Listar as fontes e os principais autores (historiografia) mencionados no texto
9. Síntese crítica do texto:

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