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O TOYOTISMO Coriat (1994) caracteriza o espírito do toyotismo como sendo o avesso da experiência industrial ocidental, uma vez que opera com baixos níveis de estoque, sem economias de escala e com séries restritas de produtos diferenciados e variados. A obtenção de ganhos de produtividade se faz pela produção a custos sempre cada vez mais baixos. Para esse autor, os dois pilares do modelo japonês são: a automação (que provoca por um lado, a desespecialização e a polivalência operária, e de outro a intensificação do trabalho, entendidos como duas faces de um mesmo movimento) e o just in time e o método kanban. Antunes (1995, p.26) apresenta da seguinte forma os traços constitutivos do toyotismo: (...) ao contrário do fordismo, a produção sob o toyotismo é voltada e conduzida diretamente pela demanda. A produção é variada, diversificada e pronta para suprir o consumo. É este quem determina o que será produzido, e não ao contrário, como se procede na produção em série e de massa do fordismo. Desse modo a produção sustenta-se na existência do estoque mínimo. O melhor aproveitamento possível do tempo de produção (incluindo-se também o transporte, o controle de produção e o estoque), é garantido pelo just in time. O kanban, placas que são utilizadas para reposição de peças, é fundamental, à medida que se inverte o processo: é do fim, após a venda, que se inicia a reposição de estoques, e o kanban é a senha que alude à necessidade de reposição de peças/produtos. Daí o fato de, em sua origem, o kanban estar associado ao modelo de funcionamento dos supermercados, que repõem os produtos nas prateleiras, depois da venda. A polivalência do trabalhador japonês está relacionada ao fato de ele operar com várias máquinas, rompendo com a relação homem-máquina do fordismo. Isto ocorre na medida em que a produção se sustenta num processo produtivo flexível, capaz de atender às exigências mais individualizadas do mercado. Mais do que um aumento de qualificação do trabalhador, a operação de várias máquinas corresponde ao desempenho combinado de várias tarefas simples, a multifuncionalidade. (DUARTE, 2008). Verifica-se ainda que: O trabalho passa a ser realizado em equipe, rompendo como caráter parcelar típico do fordismo. Uma equipe de trabalhadores opera frente a um sistema de máquinas automatizadas. Além da flexibilidade do aparato produtivo, é preciso também a flexibilização da organização do trabalho. Deve haver agilidade na adaptação do maquinário e dos instrumentos para que novos produtos sejam elaborados. (...) Ao contrário da verticalização fordista (...), no toyotismo tem-se uma horizontalização, reduzindo-se o âmbito de produção da montadora e estendendo-se às subcontratadas, às terceiras, a produção de elementos básicos, que no fordismo, são atributos das montadoras. Essa horizontalização acarreta (...) a expansão desses métodos e procedimentos para toda a rede de fornecedores. Desse modo, kanban, just in time, flexibilização, terceirização, subcontratação, CCQ, controle de qualidade total, eliminação do desperdício, gerência participativa, sindicalismo de empresa, entre tantos outros propagam-se intensamente. (ANTUNES, 1995, p.27). O sistema toyotista, com a multifuncionalidade dos operários e o sistema de luzes (que indicam o ritmo a ser desenvolvido na produção), diminui a porosidade do trabalho e assegura uma intensificação do ritmo produtivo do trabalho. Além da intensificação da exploração do trabalho, este sistema supõe a flexibilização dos trabalhadores, de modo a dispor da força de trabalho de acordo com as necessidades do mercado consumidor. “O toyotismo estrutura-se a partir de um número mínimo de trabalhadores, ampliando-os através de horas extras, trabalhadores temporários ou subcontratação, dependendo das condições do mercado”. (ANTUNES, 1995, p.28). Em síntese, é possível elencar as seguintes características do toyotismo: Estoques mínimos, sem economias de escala, séries restritas; produção variada; produção orientada pela demanda; just-in-time (diminuição dos estoques de matéria-prima e dos diferentes componentes); kanban – placas luminosas para reposição de peças. Sistema visual de informação para administrar o just in time, a reposição de peças. O kanban elimina a porosidade e dita o ritmo do trabalho produtivo. Intensifica o ritmo; automação; polivalência – homem opera várias máquinas (rompe com a relação homem máquina do fordismo); trabalho em equipe; horizontalização; número mínimo de trabalhadores (ampliado com horas extras, com os trabalhadores subcontratados e os temporários). O toyotismo inaugurou uma forma de organizar a produção e o trabalho que valoriza: o trabalho em ilhas ou células de produção, a qualidade, a inovação, a produção com estoques mínimos, a diluição dos contornos entre concepção e execução do processo de trabalho, colocando em questão o fordismo e introduzindo mudanças fundamentais na forma de produzir no mundo inteiro.
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