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29/10/2013 1 Metabolismo de carboidratos UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS DISCIPLINA DE BIOQUÍMICA Medicina Veterinária AULA 4 Rotas metabólicas dos carboidratos Glicólise - degradação de carboidratos para a produção de energia (ATP). Gliconeogênese – síntese de glicose pelo organismo. Glicogênese/ Glicogenólise – síntese e degradação do glicogênio. - Sinônimos: sacarídeos, glicídios, hidratos de carbono ou açúcares; - São as moléculas orgânicas mais abundantes na natureza; - A fórmula para muitos carboidratos mais simples é (CH2O)n alguns também podem conter nitrogênio, fósforo e enxofre. 1. Carboidratos - Quimicamente são aldeídos e cetonas que contém um ou mais grupos hidroxila na molécula: - Podem ser classificados em: Oligossacarídeos Monossacarídeos Polissacarídeos Exemplos de Monossacarídeos: 29/10/2013 2 Exemplos de Oligossacarídeos (dissacarídeos) Lactose (glicose + galactose) Maltose (glicose + glicose) Sacarose (glicose + frutose) Exemplos de polissacarídeos: Glicogênio Amido Celulose É uma substância fibrosa, resistente e insolúvel em água encontrada na parede celular dos vegetais, 11 Unidades de glicose na celulose são unidas por ligações β (1-4). A celulose não pode ser usada pela maioria dos animais como fonte de energia porque eles não possuem a enzima que hidrolisa ligações β1,4. 29/10/2013 3 As principais fontes de carboidratos para os ruminantes são celulose e em menor proporção amido e dissacarídeos. O amido é componente importante quando a dieta é a base de grãos. As principais fontes de carboidratos na dieta dos animais monogástricos incluem amido, glicogênio e dissacarídeos como sacarose e lactose. Os polissacarídeos amido e glicogênio precisam ser degradados a monossacarídeos para que possam ser absorvidos Sua digestão começa na boca onde a amilase salivar hidrolisa as ligações glicosídicas (α 1-4) produzindo fragmentos (oligossacarídeos). Tanto a amilopectina quando o glicogênio contém ligações (α 1-6) que a amilase salivar não pode hidrolisar oligossacarídeos ramificados (dextrinas). 14 2. Digestão de carboidratos No estômago a amilase salivar é inativada pelo pH ácido. Quando o conteúdo do estômago atinge o intestino uma amilase pancreática continua o processo de digestão. A ação da amilase pancreática produz maltose e oligossacarídeos menores O processo final da digestão ocorre por enzimas sintetizadas pelas células intestinais. 15 16 17 Os monossacarídeos são transportados para o interior das células epiteliais e a partir delas passam para a corrente sanguínea, sendo transportados até os tecidos. 18 29/10/2013 4 Intolerância a lactose: desaparecimento depois da infância da maior parte ou de toda a atividade de lactase das células intestinais . A lactose não pode ser digerida e absorvida no intestino delgado sendo convertida por bactérias no intestino grosso em produtos tóxicos. 19 20 21 3. Glicólise Degradação de carboidratos (glicose) para a produção de energia (ATP). A glicólise é o centro do metabolismo dos carboidratos. 23 É um excelente combustível e principal fonte de energia metabólica. Precursor de uma infinidade de intermediários metabólicos. 3.1. Glicose 24 Destinos da glicose dentro das células: *ser oxidada a piruvato (GLICÓLISE) *ser armazenada na forma de glicogênio e amido *ser oxidada a pentoses --- via das pentoses fosfato 29/10/2013 5 25 26 Glykys = açúcar lysis = quebra É um dos processos bioquímicos mais antigos na escala evolutiva. Uma das primeiras vias bioquímicas a ser elucidada. Ocorre em todos os organismos vivos. 3.2. Glicólise - características gerais 27 Ocorre no citoplasma das células. Em certos tecidos e tipos celulares a glicose por meio da glicólise é a única fonte de energia: 28 Processo onde uma molécula de glicose é degradada por uma série de reações catalisadas por enzimas para liberar duas moléculas de piruvato. Durante as reações seqüenciais parte da energia é armazenada na forma de ATP e NADH. 29 30 Fase preparatória – 5 passos Consumo de ATP Fase de pagamento – 5 passos Síntese de ATP A glicólise pode ser dividida em duas fases: 3.3. Reações da glicólise 29/10/2013 6 31 32 Fase preparatória (5 passos): A energia do ATP é investida e os intermediários são convertidos em um produto comum: o gliceraldeído - 3- fosfato. 33 34 Fase de pagamento (5 reações finais): A energia livre da glicose é conservada na forma de ATP e NADH tendo como produto final duas moléculas de piruvato. 1 molécula de glicose gera: duas moléculas de piruvato, duas de ATP e duas de NADH. 35 ATP ADP Glicose-6-fosfato Hexoquinase a-D-Glicose Mg++ 6 5 1 2 3 4 6 5 2 1 3 4 1ª) Fosforilação da glicose 36 A glicose é fosforilada sendo o ATP o doador de grupos fosfato. É uma reação irreversível catalisada pela enzima hexoquinase. 29/10/2013 7 37 2ª) Conversão da glicose-6-fosfato em frutose-6-fosfato: A enzima fosfoexose isomerase catalisa a isomerização da glicose-6-fosfato em frutose-6- fosfato: 38 3ª) Fosforilação da frutose - 6 - fosfato em frutose -1,6- bifosfato: A enzima fosfofrutoquinase 1 catalisa a transferência de um grupo fosfato do ATP para a frutose-6-fosfato. 39 4ª) Clivagem da frutose-1,6-bifosfato: A frutose 1,6 bifosfato é quebrada para liberar gliceraldeído - 3- fosfato e diidroxiacetona fosfato. A reação é catalisada pela enzima aldolase. 40 5ª) Interconversão das trioses fosfato: Usado nos passos posteriores A diidroxiacetona fosfato é convertida em gliceraldeído - 3- fosfato numa reação catalisada pela triose fosfato isomerase. 41 Fase preparatória 42 6ª) Oxidação do gliceraldeído-3-fosfato em 1,3- bifosfoglicerato A enzima gliceraldeído - 3- fosfato desidrogenase transforma o gliceraldeído 3- fosfato em 1.3 bifosfoglicerato: 29/10/2013 8 43 7ª) Transferência do fosfato do 1,3-bifosfoglicerato para o ADP: A enzima fosfoglicerato quinase transfere um grupo fosfato do 1,3 bifosfoglicerato para o ADP formando 3-fosfoglicerato e ATP: 44 8ª) Conversão do 3-fosfoglicerato em 2-fosfoglicerato: A enzima fosfoglicerato mutase catalisa a transferência do grupo fosforil entre C2 e C3 do glicerato. 45 9ª) Desidratação do 2-fosfoglicerato a fosfoenolpiruvato: A enzima enolase remove uma molécula de água para liberar fosfoenolpiruvato: 46 10ª) Transferência do grupo fosfato do fosfoenolpiruvato para o ADP: A enzima piruvato quinase catalisa a transferência do grupo fosforil do fosfoenolpiruvato para o ADP. 47 Fase pagamento 48 1 molécula de glicose gera: duas moléculas de piruvato, duas de ATP e duasde NADH. 29/10/2013 9 49 Muitos carboidratos podem entrar na via glicolítica após sofrerem transformação e tornar-se um dos intermediários da glicólise: Glicogênio Amido Maltose Lactose Trealose Sacarose Frutose Manose Galactose 50 4.3- Entrada de outros carboidratos na via glicolítica 51 Enzimas alostéricas são reguladas por moduladores que se ligam a outro sítio que não o sítio ativo. Os moduladores podem alterar a afinidade de uma enzima pelo substrato ou modificar a atividade catalítica. 52 4.4 Regulação da glicólise 1. Hexoquinase: Catalisa a reação de entrada da glicose na via glicolítica. Inibida pelo produto da sua reação: glicose-6-fosfato. 53 54 Fígado: Hexoquinase D ou glicoquinase Km maior: mais glicose para atingir a saturação. Vmáx alta: o fígado remove eficientemente o excesso de glicose. Inibida por frutose - 6 - fosfato 29/10/2013 10 2. Fosfofrutoquinase I 55 3. Piruvato quinase Altas concentrações de ATP inibem alostericamente a piruvato quinase, diminuindo a afinidade da enzima por seu substrato: fosfoenolpiruvato. Inibida pelo acetil CoA (produzido pelo catabolismo de ácidos graxos, aminoácidos e glicose). 56 57 Regulação hormonal da glicólise 1. Em condições aeróbicas: o piruvato é transformado em acetil CoA o qual entra no ciclo de krebs. O NADH formado na glicólise é reoxidado a NAD+ pela passagem de elétrons pela cadeia transportadora até o oxigênio. 2. Em condições anaeróbicas: O NADH gerado pela glicólise não pode mais ser reoxidado pelo oxigênio, deixando a célula sem aceptor de elétrons. O NAD + precisa ser regenerado por outras reações, ou seja, o NADH transfere seus elétrons para formar um produto final reduzido: lactato e etanol. 58 4.5 Destinos do piruvato 59 60 29/10/2013 11 4.5.1 Destino do piruvato em condições aeróbicas: 61 62 Complexo da piruvato desidrogenase é composto por 3 enzimas e cinco coenzimas: tiamina pirofosfato, flavina adenina dinucleotídeo, coenzima A, nicotinamida adenina dinucleotideo e lipoato. Quatro vitaminas são requeridas na alimentação: tiamina (tiamina pirofos.), riboflavina (no FAD), niacina (NAD) e pantotenato (coenzima A) 63 Complexo da piruvato desidrogenase 64 Deficiência de tiamina: Em humanos causa uma doença conhecida como beribéri que é caracterizada pela perda parcial de funções neurais. Não conseguem oxidar o piruvato, isso é de importância para o cérebro pois este usa a glicose como fonte de energia. Outros animais: polineurite 65 Rendimento de ATP na degradação aeróbica do piruvato: Fermentação do ácido lático: O NAD+ é regenerado a partir do NADH pela redução do piruvato a lactato catalisada pela enzima lactato desidrogenase. 66 4.5.2 Destino do piruvato em condições anaeróbicas: 29/10/2013 12 67 Ocorre em músculos em contração vigorosa intensa (trabalham em condições de hipóxia). A quantidade de oxigênio que as células musculares recebem para a respiração aeróbia é insuficiente para a liberação da energia necessária para a atividade muscular intensa. 68 Nas hemáceas: mesmo na presença de oxigênio o lactato também pode ser formado. 69 Em microorganismos e bactérias: também transformam piruvato em lactato. Fermentação da lactose do leite leva a produção de lactato que faz baixar o pH e desnatura as proteínas do leite provocando sua precipitação. Fermentação láctea ( iogurtes). Fermentação alcóolica: A levedura e outros microorganismos convertem o piruvato em etanol e gás carbônico: 70 A piruvato descarboxilase está presente nas leveduras de cervejarias e padarias. O CO2 produzido na descarboxilação do piruvato é responsável pela carbonatação característica do champanhe. Na panificação quando leveduras são misturadas com um açúcar o CO2 liberado pela piruvato descarboxilase provoca o aumento do volume da massa. A álcool desidrogenase está presente em muitos organismos que metabolizam o álcool. 71 b) Glicólise e as células tumorais: As células tumorais podem sofrer condições de hipóxia porque o tumor sofre a falta de uma rede capilar sanguínea suficiente capaz de supri-lo com oxigênio. Células tumorais mais distantes dos capilares dependem da glicólise como fonte de energia. Células tumorais captam mais glicose que as normais e as convertem em lactato para reoxidar o NADH. Muitas células tumorais também apresentam uma superprodução de várias enzimas glicoliticas. 72 Correlações clínicas 29/10/2013 13 b) Diabetes mellitus O Diabetes mellitus é uma doença metabólica caracterizada pelo aumento de glicose no sangue. Essa hiperglicemia é resultante de defeitos na ação da insulina, na secreção de insulina ou ambos. 73
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