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Sociologia Clássica

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CENTRO UNIVERSITÁRIO SERRA DOS ÓRGÃOS 
CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS 
CURSO DE DIREITO 
DISCIPLINA: Sociologia e Antropologia Jurídica 
ATIVIDADE: A relação do Direito e os autores Durkheim, Weber e Marx 
DATA DE ENTREGA: 09/05/2018 
PROFo.: Júlio Offredi 
ALUNA: Rafaela Canto MATRÍCULA: 01022505 
 
O Direito na Sociologia Clássica: 
Durkheim, Weber e Marx. 
 A Sociologia Jurídica surge pelo olhar do desnaturalizador das ciências sociais sobre o direito, vendo como 
construção social e história de uma certa época. Intepretações sociológicas da norma são inúmeras, mas é 
indispensável o papel dos autores clássicos. Esta disciplina se encontra no rol das matérias de cunho de 
formação humanística e é este tipo de formação que busca a verdadeira compreensão do direito, não como 
supremacia da lei, mas como a capacidade de se interpretar as relações humanas. O direito não é apenas um 
conjunto de normas jurídicas, ele está intrinsecamente ligado a várias outras ferramentas e conhecimentos. 
Assim, pensar no fenômeno jurídico apenas como norma é uma postura reducionista pois mostra que o jurista 
desconhece e não compreende a realidade das relações sociais. 
 Na sociedade contemporânea, o operador do direito formado é posto para ser como um técnico, esquecendo, a 
importância da formação humanística que se torna fundamental para humanizar relações entre os sujeitos de 
direito e os aplicadores, como, juízes, advogados, promotores, defensores públicos, doutrinadores, etc. 
Destacando ainda que a resolução 75/2006 do Conselho Nacional de Justiça determinou exigência na formação 
humanística nos editais de concursos públicos com o objetivo de selecionar profissionais que tenham condições 
de fazer uma análise sólida da sociedade em relação as relações humanas. 
 A Sociologia Jurídica tem como objeto de análise a relação entre o direito e a sociedade pois busca avaliar as 
condições materiais de possibilidades e as pretensões de legitimação ideológica do discurso jurídico moderno, 
mais objetivamente, a disciplina procura entender o sentido, o alcance e a estrutura da práxis e da reflexão 
jurídica a partir da dinâmica de mudança das sociedades e dos desafios que a mesma apresenta para o pleno 
funcionamento do sistema jurídico. Assim, conceitos e problemas fundamentais na sociologia, tais como a 
eficácia da norma jurídica, a legitimidade do direito, o descompasso entre mudança social e mudança jurídica, a 
natureza dos vínculos entre forma jurídica e estrutura social, pluralismo jurídico, juridificação e desjuridificação 
das relações sociais, podem ser situadas no âmbito de distintas configurações institucionais e históricas. Quase 
que a totalidade de nossos pensamentos, convicções e valores se inscrevem em grandes visões do mundo já 
elaboradas e estruturadas ao longo da história da humanidade por isso, é necessário compreender para entender 
sua lógica, alcances e implicações. 
 
 
 
 
 A sociologia assim começa a ser aceita como disciplina independente, distinta da filosofia, economia e 
psicologia, a partir de meados do século XIX. Por tanto, exigia que a sociologia. para conquistar um 
reconhecimento no campo de estudo científico, tivesse rigorosos procedimentos de pesquisa e metodologias 
específicas. Nesse sentido, os clássicos nas Ciências Sociais são os autores fundadores da disciplina, eles que 
procuraram modos para o reconhecimento da sociologia como ciência. São importantes, em virtude que, através 
de sua leitura, pode se buscar refletir acerca de questões atuais do mundo contemporâneo. Portanto, entender os 
clássicos é fundamental para entender toda a teoria construída nas ciências humanas, posto que são a partir 
destes que os demais autores contemporâneos formulam suas teorias. Entender o direito não é apenas decorar 
legislações; trata-se de entender sua importância nas relações sociais das pessoas. As obras destes três autores 
servem de modelos tanto para sociólogos como para juristas, além de seus conceitos e definições serem um 
ponto de partida para a construção do Direito e da Sociologia. 
 
Émile Durkheim (1858-1917) 
 
 Nascido em Épinal (França), é considerado um dos clássicos por ser um dos primeiros a tentar mostrar que a 
sociologia seria uma ciência independente. Influenciado por Augusto Comte, dedica-se a elaborar a ciência que 
possibilitasse o entendimento dos comportamentos humanos. 
 A perspectiva do pensamento durkheimiana se coloca na matriz funcionalista, onde o direito é visto como 
instrumento de integração da vida social sendo capaz de se construir para pacificar e harmonizar as instituições. 
Sua análise consiste em observar os fatos sociais, avalia-los e submetê-los ao método positivista de Comte, 
Durkheim focava seus estudos na sociedade como um todo, não se interessava nas motivações e nas ações dos 
indivíduos sociais. 
 
Fato social 
 Durkheim defendia que a base do estudo sociológico deveria ser aquilo que era chamado de fatos sociais, que 
determina como objeto de estudo central desta nova disciplina. Pode-se tratar o fato social como coisa. 
 "A coisa se opõe a ideia assim como o que se conhece a partir de fora se opõe ao que se conhece a partir de 
dentro. É coisa todo objeto do conhecimento que não é naturalmente penetrável à inteligência, tudo aquilo de 
que não podemos fazer uma noção adequada por um simples procedimento de análise mental, tudo o que o 
espírito não pode chegar a compreender a menos que saia de si mesmo, por meio de observações e 
experimentações, passando progressivamente dos caracteres mais exteriores e mais imediatamente acessíveis 
aos menos visíveis e aos mais profundos." DURKHEIM, 2007, p. XVII 
 Sendo assim, se percebe que o método de estudo durkheimiana, afasta-se sistematicamente as prenoções: 
definir previamente os fenômenos que são tradados a partir dos caracteres exteriores que lhe são comuns; e 
considerá-los, independentemente de suas manifestações individuais, da maneira mais objetiva possível. 
 O fato social deve ser estudado e não o indivíduo, assim, Durkheim partiu da ideia de que o todo está sobre a 
parte e o indivíduo pode ser desconsiderado do seu ponto de vista. O indivíduo é visto como parte do processo 
social. Para ele, o fato social é uma categoria da sociologia que é capaz de dar objetividade ao comportamento 
humano em grupo, por tanto, é todo fenômeno social coercitivo, exterior aos sujeitos e que apresenta 
generalidade. É coercivo porque todo ser humano é obrigado a seguir um conjunto de normas e regras que o 
grupo social impões (pressão do meio sobre o indivíduo). É exterior porque os valores, regras e normas são 
impostas pelo grupo antes dos homens serem isoladamente considerados. Então, devem ser gerais porque estão 
difundidas na sociedade. Assim, os aspectos da vida social moldam as ações individuais, ou seja, a sociedade 
prevalece sobre as ações dos indivíduos e não os indivíduos que exercem influência sobre a sociedade. É a ideia 
de que a consciência coletiva prevalece acima da consciência individual, portanto, as normas jurídicas são os 
fatos sociais porque impõem ao indivíduo obrigações e modos de comportamento. Sem esquecer que é preciso a 
combinação de consciências individuais para que tenha uma consciência coletiva. 
 
 
 
 
 A sociedade ultrapassa o indivíduo, tendo como motivo que ela está em condições de impor certas maneiras de 
agir e de pensar. A vida geral da sociedade não pode ser ampliada sem vida jurídica que abrange os limites e 
relações, refletindo necessariamente no Direito todas as modalidades essenciais da solidariedade social. 
Durkheim ligava o desenvolvimento da sociedade moderna à industrialização e à divisão do trabalhosocial dela 
advinda. 
 
Divisão do Trabalho, Solidariedade e seus 
tipos 
 No livro "A divisão do Trabalho social", Durkheim tem o direito como símbolo que permite observar e 
mensurar um fenômeno que não é passível de observação direta: a solidariedade social. 
 A solidariedade social é uma estrutura de relações e de vínculos recíprocos que cria entre homens um sistema 
de direitos e deveres que os liga uns aos outros de maneira durável. Tendo o Direito nesse sentido, Direito é um 
símbolo visível da solidariedade social. A consciência coletiva é o conjunto das maneiras de agir, pensar e sentir 
que faz parte dessa herança comum de uma sociedade e tem como causas condições em que encontram o corpo 
social, o indivíduo se encontra subordinado a essa consciência coletiva que emerge da sociedade. Então, de certa 
maneira, o Direito exprime e fortalece esta consciência coletiva ao estabelecer normas que serve de guia/modelo 
para ação social. 
 Para Durkheim, o que diferencia a sociedade moderna das tradicionais, é a mudança fundamental no modo de 
coesão social. Por exemplo, nas sociedades simples/primitivas, os indivíduos faziam quase que o mesmo 
trabalho e apesar de cada um poder ser autossuficiente, a sociedade era mantida unida por um certo sentimento 
de propósito, experiências, valores e crenças comuns, ou seja, a base dessas sociedades era a consciência 
coletiva, nestas sociedades, prevalece a solidariedade mecânica. Mas, a sociedade cresceu de tamanho e 
complexidade, e as pessoas começaram a desenvolver habilidades cada vez mais especializadas, substituindo 
sua independência, pela interdependência. A solidariedade mecânica foi substituída pela solidariedade orgânica 
sendo baseada não na semelhança de seus membros, mas sim em suas diferenças complementares. A divisão do 
trabalho alcançou seu pico com a industrialização, quando a sociedade se tornou um organismo complexo no 
qual os indivíduos desempenham funções especializadas, mas cada uma delas essencial para o bem-estar da 
coletividade. Para ele, o direito moderno é tido como o produto da divisão social do trabalho, passagem da 
solidariedade mecânica (pouca divisão do trabalho/sociedades tradicionais) à solidariedade orgânica (intensa 
divisão do trabalho/sociedades industriais). 
 Durkheim observa que existe dois tipos de direito: o direito repressivo e o restitutivo. O direito repressivo é o 
próprio das sociedades em que predomina a solidariedade mecânica, se baseando na punição a qual é uma 
reação acontece de forma natural quando os atos são contra a consciência coletiva. É a própria coletividade que 
reage, razão por não haver necessidade de regras escritas ou órgãos especializados. O direito praticamente se 
reduz ao direito penal. No caso do direito restitutivo, ele é próprio de sociedades em que predomina a 
solidariedade orgânica se caracterizando pelo retorno das coisas ao estado em que já estavam. É detalhado, 
técnico, exigindo órgãos especializados para sua aplicação e nele inclui-se o direito civil, processual, 
administrativo, comercial e constitucional. 
 Com a passagem da solidariedade mecânica para orgânica, as sociedades se conduziram à realização dos ideais 
da igualdade, de liberdade e de fraternidade. Tendo assim, com a transformação da solidariedade mecânica, pela 
divisão do trabalho, em solidariedade orgânica, o Direito vai abandonando o caráter repressivo assumindo a 
sanção restitutiva, característica do Direito Civil e Comercial. 
 
Anomia 
 Tendo a divisão do trabalho nas sociedades modernas, a interdependência orgânica dos indivíduos é a base 
para a coesão social mesmo assim Durkheim notou que a rápida industrialização forçou a divisão do trabalho tão 
rapidamente na sociedade que a interação social não se desenvolveu o suficiente para se tornar um substituto da 
consciência coletiva. Por ser construída sobre as diferenças complementares entre os indivíduos, a solidariedade 
orgânica muda a visão da comunidade para o indivíduo, substituindo a consciência coletiva da sociedade. 
 
 
 
 
Perante as ausências de normas de comportamento, os indivíduos ficam desorientados e a sociedade torna-se 
instável. Este foi o problema classificado como anomia que é a perda dos padrões e dos valores coletivos e seu 
enfraquecimento da moral individual, significa a ausência de regras de organização, as que garantem a coesão 
social. 
 
Max Weber (1864-1920) 
 Nascido em Efurt (Alemanha) contribuiu para a construção da sociologia. A sociologia weberiana ajuda a 
entender o mundo social baseado nas ações dos indivíduos inseridos no contexto. A perspectiva de pensamento 
weberiana se encaixa na matriz compreensiva, porque o objetivo é compreender a ação humana e os sentidos 
sociais. 
 "Deve-se entender por Sociologia (no sentido aqui aceito desta palavra empregada com tantos significados): 
uma ciência que pretende entender a ação social, interpretando-a, para, dessa maneira, explica-la casualmente 
no seu desenvolvimento e efeitos. Por “ação” entende-se uma conduta humana (um fazer externo ou interno, 
seja em omitir ou permitir) sempre que o sujeito ou os sujeitos da ação deem a ela um sentido subjetivo. A 
“ação social”, portanto, é uma ação na qual o sentido pensado por um sujeito ou sujeitos toma por referência a 
conduta de outros (...)" (WEBER, 2004, p.5) 
 Assim, temos como objeto de estudo weberiana a ação social. 
 
Ação social e relação social 
 Com pontos de vistas diferentes de Durkheim, Weber traz o conceito de ação social. Ação social seria o 
comportamento individual orientado pela expectativa do outro indivíduo sobre ele, assim, são recíprocas, pois os 
indivíduos dão a elas um significado/sentido levando em conta o comportamento de outros. Ação social pode ser 
entendida como qualquer ação realizada por um sujeito em um meio social que possua um sentido determinado 
por seu autor. O indivíduo age de acordo com as expectativas do outro sobre ele, se duas ou mais pessoas fazem 
isso existe uma relação social. Weber classificou as ações dos agentes em tipos característicos, os tipos ideias 
que observou são: Ação social do tipo tradicional; Ação Social do tipo emocional; ação social do tipo racional 
com relação a Valores e ação social do tipo racional com relação a fins. 
 Rocha explica que os dois primeiros tipos de ação social não são comportamentos racionais pois quem age pela 
tradição, leva em conta costumes de sua personalidade com os valores de seu grupo. Já a ação social do tipo 
emocional, deriva dos sentimentos humanos. Nos dois últimos tipos, é levado em conta o comportamento 
racional, no tipo racional com relação aos valores, o foco do indivíduo são os meios. No tipo racional com 
relação a fins a importância está no resultado. 
 Ressaltamos que o comportamento humano não é de apenas um tipo, assim, na maioria das vezes, os 
indivíduos transitam por vários tipos de ações sociais. Algum tipo ideial não é algo que seja do agente, mas uma 
constatação da realidade social. 
 
Subjetividade do Direito e direito garantido 
 Weber procura entender até qual ponto as regras do Direito podem ser observadas e como os indivíduos se 
orientam de acordo a sua conduta. O conceito de subjetividade do Direito é o ponto de partida para uma visão da 
sociologia jurídica que procura mostrar um certo relativismo e se rebela contra o dogmatismo normativo da 
sociologia positivista. Dentro do Direito Subjetivo, o centro do sistema é o agente social com atividade 
suficiente para compreender ou não o texto legal e principalmente, aceitá-lo ou não para emitir respostas 
concretas que podem ou não agradar ao sistema. O direito subjetivo é um ícone à liberdade e à igualdade, à 
democratização do sistema jurídico. 
 "Do ponto de vistajurídico, um direito moderno compõe-se de disposições jurídicas, isto é, normas abstratas 
com o conteúdo de que determinada situação, de fato, deva ter determinadas conseqüências jurídicas. A divisão 
 
 
 
 
mais corrente das "disposições jurídicas", como em todas as ordens, é a em normas "imperativas", "proibitivas" 
e "permissivas", das quais nascem os direitos subjetivos dos indivíduos de ordenar, proibir ou permitir às 
outras determinadas ações. A este poder juridicamente garantido e limitado sobre as ações dos outros 
correspondem sociologicamente as seguintes expectativas: 1) que outras pessoas façam determinada coisa ou 
2) que deixem de fazer determinada coisa - as duas formas de "pretensões" - ou 3) que uma pessoa pode fazer 
ou, se quiser, deixar de fazer determinada coisa sem intervenção de terceiros: "autorizações". Todo direito 
subjetivo é uma fonte de poder que, no caso concreto, devido à existência da respectiva disposição jurídica, 
pode também ser concedida a alguém que sem esta disposição seria totalmente impotente. Já por isso, a 
disposição jurídica é uma fonte de situações inteiramente novas no interior da ação social." (WEBER, 2004, 
p.14-15). 
 Então, para Weber, o direito é garantido, porque o cidadão só se submete a um tipo de “medo controlado” que 
o sistema lhe inculca e é com base nesta projeção que se legitima uma norma e o conjunto do ordenamento 
jurídico, como algo que está lá para lhe favorecer de algum modo. A coerção física é convertida em coerção 
jurídica. O comando do estado sobre os cidadãos, de forma contida em troca de favores e interesses reais e 
futuros, Weber denominou Dominação Racional Legal. 
 
Dominação e seus tipos 
 É a possibilidade de ter obediência dentro de um grupo determinado para feitos específicos classificado em três 
tipos de dominação: legal, carismático e tradicional. A dominação sobre uma sociedade precisa de um quadro 
administrativo e a crença na legitimidade. A legitimidade tem por fundamento o caráter racional que repousa 
sobre a crença na legalidade de ordenações instituídas e dos direitos, de caráter tradicional, que se legitima a 
crença da santidade das tradições que vigoram há muito tempo e na legitimidade dos que são designados a essa 
tradição para exercer tal autoridade e de caráter carismático que se legitima sobre a santidade, ao heroísmo ou à 
exemplificação de uma pessoa, às ordenações por ela criadas ou reveladas. No Estado moderno, prevalece a 
autoridade legal ou dominação racional. 
 Sendo assim, Weber acreditava que o direito é a parte do processo de racionalização da sociedade ocidental e 
do predomínio de dominação racional legal e vigente na sociedade e seu método compreensivo guia toda 
interpretação de instituições sociais. No Estado Moderno, é necessário e inevitável a burocracia governamental 
pois o poder é exercido pela rotina da administração, o Estado se consumou a organização burocrática racional 
funcional e especializada de todas as formas. Prevalece então o Direito Racional de onde surge com mais 
evidência os aspectos formais, racionais de processo e da criação do pensamento jurídico/formal exigindo um 
Direito formalista e que seja calculável. Os servidores da justiça devem ser formados segundo o espírito deste 
Direito, como técnicos burocráticos. Sendo assim, a racionalização do Direito vem acompanhada da 
racionalização da vida em geral, nas sociedades industriais como resultado do crescimento empresarial 
econômico capitalista e da burocracia. 
 
Karl Marx (1818-1883) 
 Nascido em Trevas (Alemanha), produziu uma obra de caráter sistêmico que até hoje é indispensável estudar 
sua teoria se quiser entender a sociedade contemporânea e suas formações sócio-econômicas. 
 Na Europa, o capitalismo industrial estava se fixando, pois, a industrialização estava em tendência com a ideia 
da linha de produção, conforma relatou Charles Chaplin em seu filme Tempos Modernos. No capitalismo, o 
trabalho é livre, o trabalhador vende a sua força de trabalho e o capitalista a compra. A sociedade então é 
sustentada pela propriedade privada dos meios de produção, o trabalhador não possui esse meio de produção, 
apenas sua força de trabalho. Desta forma, o capitalismo é um sistema específico, implantado historicamente 
pelos homens na guerra pela sobrevivência, ou seja, o capitalismo é uma etapa da progressão histórica da 
humanidade. Da mesma forma que aconteceu com a transição do feudalismo para o capitalismo, teria uma 
transição do capitalismo para uma sociedade sem classes. 
 
 
 
 
 O Direito ganha estímulo a partir da gênese do capitalismo e seu método de interpretação por superioridade das 
formas jurídicas é o materialismo histórico-dialético onde as circunstâncias materiais determinam a posição de 
classe dos seres humanos. A dialética revelará que tudo se encontra relacionado e há mudanças contínuas na 
realidade social, é através da dialética que a análise marxista mostra os conflitos e contradições da sociedade. 
 O Direito e o Estado moderno são dispositivos a serviço da manutenção da exploração das classes e do 
domínio da burguesia sobre o proletariado, ajuizado pelo controle ideológico e pela manutenção de 
desigualdades advindas da exploração consequente da luta de classes, o domínio da burguesia sobre o 
proletariado é realizado no sistema capitalista de um modo sútil através das normas jurídicas. No Estado, impera 
o poder organizado por uma classe dominante que detém a propriedade privada dos meios, o fundamento do 
modo capitalista, é a reprodução e a existência de indivíduos como mercadoria. Seu caráter essencial sistemático 
é inovar as formas de exploração do trabalho para que os homens sejam colocados a servido do lucro. O direito 
então é uma instituição que utiliza tanto a repressão como a persuasão, tendo assim, como seu objetivo, 
legitimar e garantir as relações centrais do capitalismo. 
 A esfera jurídica é o lugar de uma dupla ilusão. A primeira é a ilusão legalista pois o poder legislativo está 
longe de criar a lei, descobrindo e limitando-se a exprimi-la: a lei não serve para a libertação dos homens. A 
segunda, na ilusão da igualdade dos direitos e da liberdade dos cidadãos: a proclamação da lei em nada modifica 
a realidade objetiva da maioria. Conhecer a economia capitalista é importante para entender o direito pois há 
relações profundas entre os dois fenômenos. A plenitude do fenômeno jurídico é revelada pelo capitalismo, 
assim como o mercado livre de concorrência. 
 A sociedade além de ser dinâmica, é formada por um complexo de relações que se estabeleceram entre os 
membros e os grupos. Estas relações de produção implicam relações de dominação e relações de dominação de 
uma classe por outra e é a partir dessas relações, geralmente tensas que nasce a superestrutura cuja função é 
explicar, legitimar, reproduzir e controlar as relações em domínio. As superestruturas materializadas são as 
instituições que são divididas em aparelhos repressivos porque usam a coerção para legitimar e reproduzir as 
relações de domínio. Essa subjugação social à lógica da mercantilização fundamentou-se em três príncipos de 
base: 
1. Propriedade privada dos meios e formas de produção; 
2. Exploração da força de trabalho dos trabalhadores; 
3. Dominação jurídica no nível formal; 
 O ser humano é resultado de um conjunto das relações sociais concretamente determinadas pela história. Marx 
não está interessado somente em interpretar o mundo, mas sim em transformá-lo. 
 
 
Bibliografia 
https://cepein.femanet.com.br/BDigital/arqPics/1211401410P663.pdf

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