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IDPP resumo da aula 8 a 14

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IDPP - RESUMO PARA AP2 – AULAS 8 A 15
AULA 8: 
DIREITO CONSTITUCIONAL: O PODER CONSTITUINTE
Introdução:
A partir do pensamento iluminista, a constituição passaria a atuar como uma norma jurídica 
superior às demais, e superior também ao monarca, e os atos praticados em contradição a ela, não 
teriam valor. Toda e qualquer alteração só poderia ser feita mediante reunião dos Estados Gerais. 
Estes eram uma assembleia das diferentes classes sociais da sociedade francesa, que se dividia em 
clero (1º Estado), nobreza (2º Estado), e o restante da população, 95%, composto de ricos 
comerciantes até camponeses (3º Estado). 
Havia um conflito de interesses na sociedade: enquanto que a nobreza queria manter-se no 
poder, o povo, por sua vez, queria chegar ao poder. Este conflito foi materializado por Siéyès, que 
acreditava que cabia ao 3º Estado, que até o momento tinham mínima participação políica, a 
responsabilidade de escolha de seus representes.
Siéyès defendia três pontos fundamentais: a escolha dos representantes; a proporcionalidade 
dos membros votantes de cada grupo nas assembleias dos estados gerais; e a equivalência do valor 
dos votos. Pregava a participação popular em igualdade de condições, entendia que todo Estado 
deveria ter uma constituição, esta que seria fruto de um poder anterior (o poder constituinte), que 
criaria os poderes do Estado (poderes constituídos – Legislativo, Executivo e Judiciário).
Segundo Siéyès, o poder constituinte é um poder de direito, sem limites no direito positivo 
anterior, limitando-se apenas no direito natural, existente antes da nação e acima dela, sendo, 
portanto, inalienável, permanente, incondicionado e ilimitado. 
A constituição de uma nação deveria ser representada pelo poder constituinte, representado 
na nação e na representação de novos valores para o exercício do poder do Estado.
Poder Constituinte e Constituição:
Era necessário impor ao Estado um mecanismo de contenção do poder, com o objetivo de 
assegurar um mínimo de ação estatal, deixando aos próprios indivíduos a tarefa de promoção de 
seus interesses.
O Estado liberal deveria ser regido por uma constituição, uma espécie de contrato (acordo 
entre todos os membros da sociedade, livremente consentido, não prejudicial a nenhum dos 
homens) entre o povo e o Estado, com o objetivo de registrar a formação e a limitação básica do 
Estado diante do indivíduo.
A constituição é a norma fundamental que tem o poder de criar, organizar e manter a ordem 
política do Estado, a esse poder se dá o nome de poder constituinte, é o poder de elaborar ou 
modificar uma constituição ou ordenamento jurídico do Estado.
Titularidade do Poder Constituinte:
A constituição brasileira, que em seu art.1º, parágrafo único, assim determina: “Todo o poder
emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta 
constituição”. Dessa forma, cada um dos cidadãos tem uma parcela do poder constituinte, que é 
transferida ao seu representante por ocasião da organização da Assembleia Nacional Constituinte 
(ANC), sendo, o povo, detentor legítimo desse poder e outorgando de mocraticamente sua 
titularidade a seus representantes na ANC.
Existem casos em que o poder de estabelecer a constituição pode ser exercido sem a 
participação do povo. Isso ocorre quando o próprio detentor do poder, de forma unilateral, impõe as 
regras constitucionais, um exemplo são os regimes totalitários, como no caso do Iraque na época do 
ditador Sadam Hussein.
Classificação do Poder Constituinte:
O poder constituinte se refere tanto à criação como à reformulação de normas legais. Por 
isso, é preciso que ela seja classificado em duas grandes categorias: a do poder que cria e a do poder
que recria. Essas categorias são nomeadas em: poder originário e poder derivado.
•Poder originário (genuíno, primário ou primeiro grau).
O poder originário é o poder de elaborar uma constituição. Ele não encontra limites no 
Direito Positivo anterior e não deve obediência a nenhuma regra jurídica preexistente, é 
caracterizado como inicial, incondicionado e autônomo.
•Poder derivado (instituído, reformador, secundário, constituído ou de segundo grau)
É estabelecido na constituição pelo poder constituinte originário. Está inserido na própria 
carta, pois decorre de uma regra jurídica constitucional, e está sujeito a limitações expressas e 
implícitas; logo; passível de controle da constitucionalidade (uma forma de impedir que leis e atos 
normativos desrespeitem direitos e garantias individuais previstos constitucionalmente).
Este poder não pode criar uma nova constituição, apenas modificar dispositivos legais no 
texto constitucional. Ele é derivado, subordinado e condicionado.
O poder constituinte derivado pode ser dividido em:
•Reformador: objetiva criar condições permanentes para modificação do texto constitucional,
adaptando-o às novas necessidades sociais, políticas e culturais. É o poder de reformular a 
redação de um artigo (há exceções, como as cláusulas pétreas).
•Revisional: objetiva a reavaliação do texto constitucional, após um determinado período de 
vigência, visando à mudança de seu conteúdo por um procedimento específico, 
expressando-se mediante emendas constitucionais. Esta revisão está prevista na constituição.
•Decorrente: refere-se aos estados-membros da Federação, respeitando os princípios 
constitucionais. Em suma, determina a autonomia das federações na forma de sua 
constituição. O art.25 da CF assim determina (Cap. III, Dos Estados Federados): “Os 
estados organizam-se e regem-se pelas constituições e leis que adotarem, observados os 
princípios desta Constituição”
Principais diferenças entre o poder de emenda e o revisional:
•Reforma:
I. Aprovação exige 3/5 dos votos dos respectivos membros da Câmara dos Deputados e 
Senado Federal (art. 60, §2º);
II. Aprovação em dois turnos, em cada casa legislativa;
III. Permanente;
IV. Sofre restrições do art. 60.
•Revisão:
I. Aprovação por maioria absoluta dos membros do Congresso (Ato das Disposições 
Constitucionais Transitórias, ADCT);
II. Aprovação em um só turno, em sessão unicameral;
III. Exercido uma única vez;
IV. Para uns, ele é irrestrito; para outros, só pode referir-se aos assuntos que foram objeto do 
ADCT.
O poder constituinte pode exercer-se por: 
a. assembleia constituinte: reunião dos representantes do povo; 
b. aclamação: manifestação unânime através da qual os membros componentes de um determinado 
órgão aprovam uma proposição (bastante incomum em nosso país); 
c. referendum constituinte: instrumento de consulta popular, que no Brasil se dá por votação 
semelhante à escolha de representantes em época de eleição;
d. aprovação dos estados-membros, nos Estados federais. Esse aspecto tem a ver com o sistema de 
governo. Os senadores, indiretamente, representam os seus estados respectivos; logo, há uma 
participação indireta dos interesses dos estados federados;
e. revolução: revolta generalizada que derruba o poder instituído, como nas Revoluções Francesa, 
Americana, Cubana etc., e que normalmente gera uma nova constituição. 
Conclusão
Nesta aula, retomamos inicialmente alguns momentos (e movimentos) históricos que 
culminaram na efetiva participação do povo no poder. Esta reflexão teve por objetivo estabelecer 
um “marco inicial” da participação popular nas decisões políticas que regem uma nação, com o 
intuito de mostrar o poder popular e sua relação com o Estado. Esse poder é denominado poder 
constituinte, e ele é de fundamental importância para a elaboração, reforma e revisão de uma 
constituição, atuando como expressão máxima de uma democracia.
AULA 9:
DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS
Introdução
Os direitos e garantias fundamentais surgem em decorrência da própria condição humana, 
garantidos constitucionalmente a todo e qualquer cidadão.
Direitos fundamentais e organização do poder estatal são a essência do constitucionalismo. 
Aorganização do poder estatal é um meio para atingir as liberdades estabelecidas pelos direitos 
fundamentais. A lém de serem limites ou metas indispensáveis ao exercício do poder, os direitos 
fundamentais são verdadeiros critérios de legitimação do poder estatal e da ordem constitucional 
como um todo. Não basta ao Estado respeitá-los; é preciso promovê-los. Já as garantias individuais 
são os meios oferecidos para a legitimação desses mesmos direitos.
É importante perceber que a própria noção de Estado de Direito traz consigo a ideia de que a
atuação dos poderes públicos é limitada pela proteção a certos direitos dos cidadãos. As declarações
de direitos constituem a base fundamental e irredutível do Direito.
A maioria das doutrinas distingue “direitos fundamentais” e “direitos humanos”, conferindo 
maior abrangência aos direitos humanos englobando o plano internacional, enquanto os direitos 
fundamentais referem-se aos direitos humanos constitucionalizados, àqueles constantes do texto 
constitucional do Estado.
O que caracteriza os direitos do homem?
O conjunto institucionalizado de direitos e garantias do ser humano apresenta algumas 
características: a imprescritibilidade; a inalienabilidade; a irrenunciabilidade e a universalidade.
A imprescritibilidade desses direitos significa que eles não prescrevem (não têm prazo de 
validade).
A inalienabilidade significa a impossibilidade de transferência dos direitos a outra pessoa, 
significa que uma pessoa não pode doar ou vender seus direitos a outra.
Por irrenunciabilidade entende-se que não se pode renunciar a nenhum desses direitos. 
Levando em conta temas como eutanásia, aborto e suicídio, vemos claramente que os direitos à vida
e o direito à liberdade, ambos fundamentais, muito colidem entre si.
 A universalidade reflete a abrangência desses direitos, englobando todos os indivíduos, 
independentemente de seu sexo, cor, credo ou nacionalidade.
Gerações de Direitos
A doutrina, baseada na ordem histórica cronológica em que os direitos humanos passaram a 
ser constitucionalmente reconhecidos, construiu uma classificação: os de 1ª geração, os de 2ª 
geração e os de 3ª geração.
Os direitos de primeira geração correspondem aos direitos e garantias individuais e políticos 
clássicos (liberdades públicas), surgidos institucionalmente a partir da Magna Charta (o direito à 
vida, o direito à liberdade, o direito à honra, o direito à dignidade).

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