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1P 8 2018 Negocios juridicos B

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FACULDADE DE DIREITO DO VALE DO RIO DOCE – FADIVALE
Reconhecida pela Lei 74.922 de 21/11/1974
_____________________________________________________________________
DIREITO CIVIL – PARTE GERAL
1º período Prof. Luciano Souto 2018.1
8º RESUMO - NEGÓCIOS JURÍDICOS – 2ª PARTE
DEFEITOS DO NEGÓCIO JURÍDICO (Art. 138-184, CC)
“Defeitos do negócio jurídico são vícios que maculam a declaração de vontade do agente, deflagrando a anulabilidade do negócio jurídico celebrado.” [1: SCHREIBER, Anderson. Manual de Direito Civil Contemporâneo. São Paulo: Saraiva, 2018, p. 243]
“Defeitos do negócio jurídico são, pois, as imperfeições que nele podem surgir, decorrentes de anomalias na formação da vontade ou na sua declaração.”[2: AMARAL, Francisco. Direito civil: introdução, 4 ed. Rio de janeiro: Renovar, 2002, p. 479-480. ]
 
Os defeitos contemplam:
Vícios de consentimento: dizem respeito à manifestação de vontade do agente. Ocorrem quando a manifestação de vontade externada não corresponde à sua real intenção. A divergência entre a vontade manifestada e o real desejo do agente pode se dar através dos seguintes vícios: erro, dolo, coação, lesão ou estado de perigo 
Vícios sociais: não há mácula na vontade manifestada, mas sim, uma tentativa de burlar a lei na forma de constituição de um negócio jurídico. Trata-se de vício externo, de alcance social, com intuitito de prejudicar terceiros. São os seguintes: fraude contra credores e simulação. 
1-A) ERRO (art. 138, CC)
O erro é uma falsa representação da realidade. A pessoa se engana sozinha. [3: GONÇALVES. Carlos Roberto. Direito Civil brasileiro: parte geral. v.1. 16 ed. São Paulo: Saraiva, 2018, p. 412]
“O erro é um engano fático, uma falsa noção em relação a uma pessoa, ao objeto do negócio ou a um direito.” “é a falsa representação da realidade que influencia a declaração de vontade do agente.”[4: TARTUCE, Flávio. Manual de Direito Civil. Rio de Janeiro: Forense, 2016, p. 254][5: SCHREIBER, Anderson. Manual de Direito Civil Contemporâneo. São Paulo: Saraiva, 2018, p. 244]
“O erro configura uma visão distorcida, inexata e não verdadeira sobre alguma coisa, objeto ou pessoa, que influa, decisivamente, na realização do negócio, ou melhor, na vontade do agente, que o celebra com base numa falsa percepção da realidade.” [6: FIGUEIREDO, Luciano; FIGUEIREDO, Roberto. Direito Civil: parte geral.5 ed. Salvador: Juspodivm, 2015, p. 429]
Caracteriza-se por uma noção não verdadeira sobre algo o que veio a influenciar o autor quando da realização do negócio jurídico. Isso pode ocorrer por total desconhecimento do declarante ou por representação errônea da realidade. No entanto, o erro apenas será causa de anulabilidade do negócio jurídico se for substancial ao ato, ou seja, for essencial, real e efetivo. Essa é a modalidade de vício onde o erra acontece única e exclusivamente por culpa do agente, ou seja, ele engana-se sozinho.
Prevê o art. 138, CC que são anuláveis os negócios jurídicos, quando as declarações de vontade emanarem de erro substancial (erro essencial) que poderia ser percebido por pessoa de diligência normal, em face das circunstâncias do negócio.[7: “Erro substancial ou essencial é o que recai sobre circunstâncias e aspectos relevantes do negócio.” (GONÇALVES. Carlos Roberto. Direito Civil brasileiro: parte geral. v.1. 16 ed. São Paulo: Saraiva, 2018, p. 413). ]
O erro é substancial quando consistir na razão determinante do negócio jurídico. É aquele erro sem o qual o negócio jurídico não teria sido realizado, ou seja, o erro atinge o objeto principal da negociação, tendo papel decisivo quando da determinação de vontade do declarante. O próprio Código Civil tratou de definir o erro substancial, nos seguintes termos: 
Art. 139. O erro é substancial quando:[8: Há também o erro incidental, (que se opõe ao substancial) que recai sobre qualidades secundárias do objeto do negócio jurídico.(ex. arts. 142, 143, CC) ]
I - interessa à natureza do negócio, ao objeto principal da declaração-, ou a alguma das qualidades a ele essenciais;-[9: Trata-se do “error in negotio”, que “é aquele que recai sobre a natureza do negócio jurídico e acontece quando alguém deseja realizar certo negócio mas de rigor, realiza negócio jurídico diverso.” (FIGUEIREDO, Luciano; FIGUEIREDO, Roberto. Direito Civil: parte geral.5 ed. Salvador: Juspodivm, 2015, p. 432) ][10: Ex.: alguém assina um contrato de locação quando, em verdade, pretendia um contrato de comodato (empréstimo gratuito de bem fungível). Ex.: assina escritura de doação quando pretendia assinar venda e compra. ][11: Trata-e do error in corpore, que é o que recai sobre o objeto do negócio jurídico. Quando se adquire algo imaginando que está adquirindo outra coisa. ][12: Exemplo: alguém adquire um imóvel na rua X acreditando estar adquirindo na rua Y. Outro ex.: alguém adquire um pen drive com capacidade de 8gb quando pretendia adquirir um de 16 gb. Outro ex.: alguém adquire um anel de ouro que é apenas uma bijuteria. Outro ex.: aquisição de um quadro famoso que se imagina ser o original, mas na verdade é uma réplica. ]
II - concerne à identidade ou à qualidade essencial da pessoa- a quem se refira a declaração de vontade, desde que tenha influído nesta de modo relevante;[13: Trata-se do “error in persona”, que incide sobre o sujeito em face de quem se celebra o negócio jurídico. ][14: Exemplos: o sujeito é enganado quanto ao nome, identidade, honra ou boa fama de alguém, principalmente com que se pretende casar. Ex.: alguém deixa em testamento um bem para quem julga ser seu filho natural que não o é. ]
III - sendo de direito- e não implicando recusa à aplicação da lei, for o motivo único ou principal do negócio jurídico.[15: Trata-se do “erro de direito”, que ocorre diante de verdadeiro equivoco sobre a existência ou alcance de uma norma. ][16: Exemplo: Alguém adquire um terreno com o objetivo específico de edificar uma determinada área, e depois descobre que naquela área o poder público proíbe edificações. ]
Consequência da comprovação do erro: negócio jurídico anulável (arts. 138 e 171, II, CC)[17: Art. 171. Além dos casos expressamente declarados na lei, é anulável o negócio jurídico:I - por incapacidade relativa do agente;II - por vício resultante de erro, dolo, coação, estado de perigo, lesão ou fraude contra credores.]
Ação cabível: ação anulatória do negócio jurídico.
Prazo para ajuizamento da ação: 4 anos, contado do dia em que se realizou o negócio jurídico (art. 178, II, CC) 
Peculiaridades:
O falso motivo só vicia a declaração de vontade quando expresso como razão determinante (art. 140, CC).[18: Motivo é a intenção, o impulso subjetivo que leva o agente a celebrar o negócio. Ex.: necessidade financeira, desinteresse me permanecer com o bem, existência de problema com os vizinhos, etc. O erro sobre motivo, em regra, não gera a nulidade. Ex.: quem adquire um livro para presentear alguém acreditando ser seu aniversário, quando não é. ][19: Exemplo: Se for feita uma doação a alguém que teria salvado sua vida e no instrumento constar tal justificativa, se posteriormente se descobrir que não foi aquela que salvou a vida do doador, o negócio pode ser anulado. ]
A transmissão errônea da vontade por meios interpostos é anulável nos mesmos casos em que o é a declaração direta. (art. 141, CC)[20: Ex.: por meio de whats app, e-mail, telefone. etc. ]
O erro de indicação da pessoa ou da coisa, a que se referir a declaração de vontade, não viciará o negócio quando, por seu contexto e pelas circunstâncias, se puder identificar a coisa ou pessoa cogitada (art. 142, CC)[21: Trata-se do intitulado erro incidental. A situação é passível de correção, sem prejuízo aos interessados. ]
O erro de cálculo apenas autoriza a retificação da declaração de vontade (art. 143, CC).
O erro não prejudica a validade do negócio jurídico quando a pessoa, a quem a manifestaçãode vontade se dirige, se oferecer para executá-la na conformidade da vontade real do manifestante (art. 144, CC). [22: Busca-se a conservação do negócio jurídico. ]
1-B) DOLO (art. 145, CC)
Dolo consiste na “conduta positiva ou omissiva-- de alguém que, maliciosamente, induz outrem a praticar negócio jurídico que lhe é prejudicial e que certamente não seria praticado acaso o dolo inexistisse.” [23: Exemplo de dolo por omissão: alguém celebra contrato de seguro pessoal de saúde e omite enfermidade grave à seguradora, não declarando a existência de determinada doença. ][24: Dolo por omissão: quando o silencia de uma das partes num negócio jurídico bilateral a respeito de fato ou qualidade que a outra parte haja ignorado. Ex.: na compra e venda de automóvel, na qual não se informam as verdadeiras condições do veículo, e a intenção do vendedor é passa-lo adiante. ][25: Art. 147, CC. Nos negócios jurídicos bilaterais, o silêncio intencional de uma das partes a respeito de fato ou qualidade que a outra parte haja ignorado, constitui omissão dolosa, provando-se que sem ela o negócio não se teria celebrado.][26: FIGUEIREDO, Luciano; FIGUEIREDO, Roberto. Direito Civil: parte geral.5 ed. Salvador: Juspodivm, 2015, p. 438]
Dolo é “o artifício ou expediente astucioso, empregado para induzir alguém à prática de um ato jurídico que o prejudica, aproveitando ao autor do dolo ou a terceiro.” “O dolo é a arma do estelionatário.”[27: BEVILÁQUA, Clóvis. Teoria geral do direito civil. 7 ed. Rio de Janeiro: Paulo de Azevedo Ltda, 1955, p. 204][28: TARTUCE, Flávio. Manual de Direito Civil. Rio de Janeiro: Forense, 2016, p. 258. ]
Dolo é “o artifício ou expediente astucioso, empregado para induzir alguém à prática de um ato que o prejudica, e aproveita ao autor do dolo ou a terceiro.” [29: BEVILAQUA, Clóvis, apud GONÇALVES. Carlos Roberto. Direito Civil brasileiro: parte geral. v.1. 16 ed. São Paulo: Saraiva, 2018, p. 427]
Consequência da comprovação do dolo: negócio jurídico anulável (arts. 145 e 171, II, CC)
Dolo acidental não é anulável: O dolo acidental só obriga à satisfação das perdas e danos. O dolo é acidental quando, a seu despeito, o negócio seria realizado, embora por outro modo. (Art. 146, CC). Ex.: alguém adquire um imóvel por R$ 100.000,00 quando vale apenas R$ 50.000,00. 
Dolo de terceiro-e dolo do representante legal: também podem conduzir à anulação do negócio jurídico. [30: Art. 148, CC. Pode também ser anulado o negócio jurídico por dolo de terceiro, se a parte a quem aproveite dele tivesse ou devesse ter conhecimento; em caso contrário, ainda que subsista o negócio jurídico, o terceiro responderá por todas as perdas e danos da parte a quem ludibriou. ][31: Exemplo de dolo de terceiro: o adquirente de um bem é convencido , maldosamente, por um terceiro de que ao relógio que está adquirindo é de ouro, sem que tal afirmação tenha sido feita pelo vendedor e este ouve as palavras de induzimento do terceiro e não alerta ao comprador. ][32: Art. 149, CC. O dolo do representante legal de uma das partes só obriga o representado a responder civilmente até a importância do proveito que teve; se, porém, o dolo for do representante convencional, o representado responderá solidariamente com ele por perdas e danos.]
 Dolo bilateral: Se ambas as partes procederem com dolo, nenhuma pode alegá-lo para anular o negócio, ou reclamar indenização (art. 150, CC) 
Ação cabível: ação anulatória do negócio jurídico.
Prazo para ajuizamento da ação: 4 anos, contado do dia em que se realizou o negócio jurídico (art. 178, II, CC) 
1-B) COAÇÃO MORAL (art. 151, CC)
Coação “é toda ameaça ou pressão, física ou psicológica, exercida sobre um indivíduo para forçá-lo, contra a sua vontade, a praticar um ato ou realizar um negócio, tornando o ato defeituoso.” [33: A coação física não representa hipótese de anulabilidade do negócio jurídico mas sim, de inexistência, pela ausência da manifestação de vontade livre do agente. ][34: FIGUEIREDO, Luciano; FIGUEIREDO, Roberto. Direito Civil: parte geral.5 ed. Salvador: Juspodivm, 2015, p. 443]
Consequência do reconhecimento da coação moral: anulação do negócio jurídico (art. 171, II, CC)
Características da coação que conduz à anulabilidade do negócio jurídico: A coação, para viciar a declaração da vontade, há de ser tal que incuta ao paciente fundado temor de dano iminente e considerável à sua pessoa, à sua família, ou aos seus bens (art. 151, CC). [35: Paciente é o coagido, o coato, o que sofre o ato do coator. ][36: Se disser respeito a pessoa não pertencente à família do paciente, o juiz, com base nas circunstâncias, decidirá se houve coação. (Art. 151, parágrafo único, CC)]
Aspectos relevantes na coação: No apreciar a coação, ter-se-ão em conta o sexo, a idade, a condição, a saúde, o temperamento do paciente e todas as demais circunstâncias que possam influir na gravidade dela (art. 152, CC).
Não se considera coação: (art. 153, CC)
a ameaça do exercício normal de um direito (ex: ameaçar protestar a dívida, ajuizar ação de cobrança na justiça)
 
o simples temor reverencial (o receio de desapontar alguém, como os pais ou a quem se deve obediência e respeito) (ex.: fazer algo contra sua vontade, com medo de desapontar alguém, como se casar com alguém). 
Ação cabível: ação anulatória do negócio jurídico.
Prazo para ajuizamento da ação: 4 anos, contado do dia em que cessar a coação (art. 178, I, CC) 
1-C) LESÃO (art. 157, CC)
Definição normativa: “Ocorre a lesão quando uma pessoa, sob premente necessidade, ou por inexperiência-, se obriga a prestação manifestamente desproporcional ao valor da prestação oposta.” (Art. 157, CC)[37: A inexperiência pode ser contratual ou técnica. ][38: Enunciado nº 410, da Jornada de Direito Civil do Conselho da Justiça Federal: “A inexperiência a que se refere o art. 157 não deve necessariamente significar imaturidade ou desconhecimento em relação à prática de negócios jurídicos em geral, podendo ocorrer também quando o lesado, ainda que estipule contratos costumeiramente, não tenha conhecimento específico sobre o negócio em causa.”][39: Aprecia-se a desproporção das prestações segundo os valores vigentes ao tempo em que foi celebrado o negócio jurídico. (Art. 157 § 1o , CC)]
“Lesão é, assim, o prejuízo resultante da enorme desproporção existente entre as prestações de um contrato, no momento de sua celebração, determinada pela premente necessidade ou inexperiência de uma das partes.” [40: GONÇALVES. Carlos Roberto. Direito Civil brasileiro: parte geral. v.1. 16 ed. São Paulo: Saraiva, 2018, p. 455]
Ex: induzir o idoso a contrair empréstimo ou seguro cobrando juros abusivos. 
Consequência do reconhecimento da lesão: anulação do negócio jurídico (art. 171, II, CC), porém, não se decretará a anulação do negócio, se for oferecido suplemento suficiente, ou se a parte favorecida concordar com a redução do proveito. (art. 157 § 2o , CC) 
Ação cabível: ação anulatória do negócio jurídico.
Prazo para ajuizamento da ação: 4 anos, contado do dia em que se realizou o negócio jurídico (art. 178, II, CC) 
1-D) ESTADO DE PERIGO (art. 156, CC)
Definição normativa: Configura-se o estado de perigo quando alguém, premido da necessidade de salvar-se, ou a pessoa de sua família, de grave dano conhecido pela outra parte, assume obrigação excessivamente onerosa. (Art. 156, CC)[41: Tratando-se de pessoa não pertencente à família do declarante, o juiz decidirá segundo as circunstâncias. (Art. 156, parágrafo único, CC)]
Requisitos: 
Objetivo: assunção de uma prestação excessivamente onerosa
Subjetivo: o desejo de alguém de salvar a si, a pessoa da família ou a terceiro, e ainda ao conhecimento por parte daquele que se aproveita da situação. [42: O conhecimento por parte daquele que se aproveita da situação é o chamado dolo de aproveitamento.]
Exemplos de estado de perigo: 
Uma embarcação está naufragandoquando outra aparece e oferece ajuda somente se houver uma contraprestação consistente em vultuosa quantia em dinheiro.
Cheque caução vedado pela ANS e eventualmente exigido em hospitais como condição para internação de alguém que corre risco de morte. 
Vitima de acidente grave de automóvel que assume obrigações excessivamente onerosas para que não morra no local do acidente. 
Diante do pedido de resgate de R$ 50.000,00 por um sequestro, alguém se oferece para comprar uma joia que vale R$ 200.000,00 por R$ 50.000,00 para permitir o pagamento. 
Consequência do reconhecimento do estado de perigo: anulação do negócio jurídico (art. 171, II, CC)
Ação cabível: ação anulatória do negócio jurídico.
Prazo para ajuizamento da ação: 4 anos, contado do dia em que se realizou o negócio jurídico (art. 178, II, CC) 
2-A) FRAUDE CONTRA CREDORES (art. 158, CC) 
Ocorrerá a fraude contra credores quando o devedor desfalcar maliciosamente seu patrimônio a ponto de anão mais garantir o pagamento de todas as suas dívidas. 
Fraude contra credores é “todo ato suscetível de diminuir ou onerar seu patrimônio, reduzindo ou eliminando a garantia que este representa para pagamento de suas dívidas, praticado por devedor insolvente, ou por ele reduzido à insolvência.” [43: GONÇALVES. Carlos Roberto. Direito Civil brasileiro: parte geral. v.1. 16 ed. São Paulo: Saraiva, 2018, p. 464]
“Configura-se a fraude contra credores quando o devedor insolvente, ou na iminência de se tornar insolvente, celebra negócios jurídicos que desfalcam seu patrimônio em detrimento da garantia que tal patrimônio representa para os credores.”[44: SCHREIBER, Anderson. Manual de Direito Civil Contemporâneo. São Paulo: Saraiva, 2018, p. 264]
Também restará configurada a fraude quando o devedor insolvente proceder à transmissão gratuita de bens (doação) ou remissão de dívida de algum credor seu, o que permitirá aos demais credores questionar os referidos negócios jurídicos. (art. 158, CC) 
A fraude contra credores depende de dois requisitos:
Elemento objetivo (eventus damni): consiste na diminuição do patrimônio do devedor, capaz de gerar a insolvência.
Elemento subjetivo (consilium fraudis): conluio fraudulento, ou seja, a má-fé dos envolvidos, no sentido de evidenciar que devedor e adquirente do bem do devedor tinham conhecimento de que a transferência seria lesiva a credores. 
Ação cabível: ação pauliana ou revocatória. 
Prazo para ajuizamento da ação: 4 anos, contado do dia em que se realizou o negócio jurídico (art. 178, II, CC) 
Consequência do reconhecimento da fraude: anulação do negócio jurídico (art. 171, II, CC)[45: Art. 171. Além dos casos expressamente declarados na lei, é anulável o negócio jurídico:I - por incapacidade relativa do agente;II - por vício resultante de erro, dolo, coação, estado de perigo, lesão ou fraude contra credores.]
Legitimidade ativa na ação pauliana: a) os credores quirografários, ou seja, aqueles que não possuem garantia especial do recebimento de seus créditos (art. 158, CC); b) os credores que já o eram ao tempo da alienação fraudulenta (art. 158, § 2º, CC) 
Legitimidade passiva na ação pauliana: o devedor insolvente, a pessoa que com ele celebrou a estipulação considerada fraudulenta, ou terceiros adquirentes que hajam procedido de má-fé. (art. 161, CC)
2-B) SIMULAÇÃO (art. 167, CC) 
A simulação ocorre quando alguém realiza um negócio jurídico aparentemente normal pretendendo, na verdade, obter outro efeito jurídico. 
Simulação é “um ato fictício, que encobre e disfarça uma declaração real de vontade, ou que simula a existência de uma declaração que não se fez.” [46: BEVILAQUA, Clóvis. Teoria geral do direito civil, 7 ed. Rio de janeiro: Paulo de Azevedo Ltda, 1955, p. 209]
“Simulação é o ato de alguém que, conscientemente e com a conivência de outra pessoa, a quem a sua declaração é dirigida, faz conter nesta, como vontade declarada, uma coisa que nenhuma dela quer, ou coisa diversa daquela que ambas querem.” [47: MONCADA, Luís Cabral de. Lições de direito civil: parte geral, 4 ed., Coimbra: Almedina, 1995, p. 600. ]
A simulação “configura-se mediante uma declaração ardilosa, enganosa. Nela, a parte sabe exatamente o que deseja: ludibriar a vítima através do ardil, mediante uma declaração enganosa. Na declaração se acaba por obter um efeito diverso daquele declarado pela parte.”[48: FIGUEIREDO, Luciano; FIGUEIREDO, Roberto. Direito Civil: parte geral.5 ed. Salvador: Juspodivm, 2015, p. 462]
Ocorre a simulação “quando um sujeito exterioriza uma falsa declaração de vontade visando a aparentar negócio diverso do efetivamente desejado.” [49: FARIAS, Cristiano Chaves de; et. al. Código Civil para Concursos. 3 ed. Salvador: Editora Juspodivm, 2015, p. 237]
Ex.: alguém forja a venda de um bem para terceiro (laranja) para evitar a partilha com o cônjuge. 
Ex.: o homem casado simula a venda de um bem a um terceiro para posterior transferência a uma concubina.
A simulação pode ser:
Absoluta: quando, na aparência, se tem determinado negócio mas, na essência, não desejam negócio algum. Quando as partes não desejam produzir qualquer tipo de efeito no negócio jurídico, celebrando-o apenas de forma aparente, com o objetivo de prejudicar terceiros. Ou seja, as partes fingem que realizaram um negócio jurídico. 
Ex.: um marido prestes a se divorciar, que subscreve com um amigo uma confissão de dívida, visando, com isso, reduzir o patrimônio partilhável, com o pagamento ao suposto credor. 
Ex.: fingir a venda do imóvel para facilitar o despejo do locatário. 
Ex.: alguém transfere para um “laranja” diversos bens do seu patrimônio para evitar a comprovação de sua condição de pagar pensão alimentícia, porém, o vendedor continua na posse dos bens. 
 
 Relativa (dissimulação): quando, na aparência, se tem determinado negócio mas, na essência, desejam outro negócio. Os contratantes elaboram um negócio jurídico (simulado) que serve para esconder outro negócio jurídico (dissimulado), cujos efeitos não encontram respaldo legal. Ou seja, na dissimulação, as partes fingem realizar um negócio jurídico quando, na verdade, pretendem outro, subjacente, de fins e conteúdos diversos. [50: Apesar da nulidade da simulação, subsistirá o negócio jurídico que se dissimulou, se válido for na substância e na forma (art. 167, CC).]
Ex.: confissão de dívida com posterior doação. 
Ex.: o proprietário cede um imóvel a alguém na forma divulgada de comodato (cessão gratuita), porém, cobra aluguel, configurando locação. 
Haverá simulação nos negócios jurídicos quando (art. 167 § 1o , CC): 
I - aparentarem conferir ou transmitir direitos a pessoas diversas daquelas às quais realmente se conferem, ou transmitem; (simulação subjetiva) 
II - contiverem declaração, confissão, condição ou cláusula não verdadeira; (simulação objetiva) 
III - os instrumentos particulares forem antedatados, ou pós-datados. (simulação objetiva) 
Ação cabível: ação declaratória de nulidade. 
Consequência do reconhecimento da simulação: nulidade do negócio jurídico (art. 167, II, CC)[51: Art. 167, CC. É nulo o negócio jurídico simulado, mas subsistirá o que se dissimulou, se válido for na substância e na forma.]
INVALIDADE DO NEGÓCIO JURÍDICO (ART. 166, CC)
A invalidade divide-se e duas espécies: nulidade (nulidade absoluta – negócio nulo) e anulabilidade (nulidade relativa – negócio anulável) 
“Nulidade é a sanção imposta pela lei aos atos e negócios jurídicos realizados se observância dos requisitos essenciais, impedindo-os de produzir os efeitos que lhes são próprios.”[52: GONÇALVES. Carlos Roberto. Direito Civil brasileiro: parte geral. v.1. 16 ed. São Paulo: Saraiva, 2018, p. 488]
Consequências da anulação de um negócio jurídico: anulado o negócio jurídico, restituir-se-ão as partes ao estado em que antes dele se achavam, e, não sendo possível restituí-las, serão indenizadascom o equivalente (art. 182, CC).
Hipóteses de nulidade do negócio jurídico (nulidade absoluta) (arts. 166 e 167, CC): 
Haverá nulidade absoluta quando ocorrer ofensa a regramentos ou normas de ordem pública. 
I - celebrado por pessoa absolutamente incapaz;
II - for ilícito, impossível ou indeterminável o seu objeto;
III - o motivo determinante, comum a ambas as partes, for ilícito;
IV - não revestir a forma prescrita em lei;
V - for preterida alguma solenidade que a lei considere essencial para a sua validade;
VI - tiver por objetivo fraudar lei imperativa;
VII - a lei taxativamente o declarar nulo, ou proibir-lhe a prática, sem cominar sanção.-[53: Ex.: art. 548, CC: “É nula a doação de todos os bens sem reserva de parte, ou renda suficiente para a subsistência do doador.” ][54: Ex: art. 426, CC: “Não pode ser objeto de contrato a herança de pessoa viva.”]
VIII - negócio jurídico simulado 
Legitimidade para arguição de nulidades: (art. 168, CC) As nulidades (arts. 166 e 167, CC) podem ser alegadas por qualquer interessado, ou pelo Ministério Público. Também devem ser pronunciadas pelo juiz, quando conhecer do negócio jurídico ou dos seus efeitos e as encontrar provadas. 
Hipóteses de anulabilidade do negócio jurídico (nulidade relativa) (art. 171 CC)
A nulidade relativa envolve preceitos de ordem privada, de interesse das partes.
I - por incapacidade relativa do agente;
II - por vício resultante de erro, dolo, coação, estado de perigo, lesão ou fraude contra credores.
III- outros casos expressamente declarados na lei.-[55: Ex.: arts 1.647 e 1.649, CC: Art. 1.647. Ressalvado o disposto no art. 1.648, nenhum dos cônjuges pode, sem autorização do outro, exceto no regime da separação absoluta:I - alienar ou gravar de ônus real os bens imóveis;II - pleitear, como autor ou réu, acerca desses bens ou direitos;III - prestar fiança ou aval;IV - fazer doação, não sendo remuneratória, de bens comuns, ou dos que possam integrar futura meação.Art. 1.649. A falta de autorização, não suprida pelo juiz, quando necessária (art. 1.647), tornará anulável o ato praticado, podendo o outro cônjuge pleitear-lhe a anulação, até dois anos depois de terminada a sociedade conjugal.][56: Ex.: art. 496, CC: “É anulável a venda de ascendente a descendente, salvo se os outros descendentes e o cônjuge do alienante expressamente houverem consentido.” ]
	Nulidade absoluta 
	Nulidade relativa 
	Hipóteses previstas nos arts. 166 e 167, CC
	Hipóteses previstas no art. 171, CC
	Atinge o interesse público 
	Atinge interesses particulares 
	Não admite convalidação 
	Admite convalidação, ratificação, saneamento 
	Pode ser arguida pelas partes, por terceiro interessado, pelo MP (art. 168, CC)
	Somente pode ser arguida pelos interessados (art. 177, CC)
	Admite ação declaratória de nulidade
	Admite ação anulatória 
	Sentença na ação declaratória tem efeito ex tunc (efeito declaratório da nulidade retroage à realização do negócio jurídico) 
	Sentença na ação anulatória tem efeito ex nunc (efeito declaratório da nulidade não retroage, ocorrendo após a sentença)
	A nulidade pode ser arguida a qualquer tempo, em qualquer grau de jurisdição. [57: Art. 169, CC. O negócio jurídico nulo não é suscetível de confirmação, nem convalesce pelo decurso do tempo.]
	A anulabilidade tem prazo decadencial de 4 anos, em regra, e de 2 anos, excepcionalmente. (art. 178 e 179, CC) 
	Pode ser declarada, de ofício, pelo juiz 
	Não pode ser declarada, de ofício, pelo juiz (art. 177, CC) 
Dispositivos legais correspondentes: 
Dos Defeitos do Negócio Jurídico
Do Erro ou Ignorância
Art. 138. São anuláveis os negócios jurídicos, quando as declarações de vontade emanarem de erro substancial que poderia ser percebido por pessoa de diligência normal, em face das circunstâncias do negócio.
Art. 139. O erro é substancial quando:
I - interessa à natureza do negócio, ao objeto principal da declaração, ou a alguma das qualidades a ele essenciais;
II - concerne à identidade ou à qualidade essencial da pessoa a quem se refira a declaração de vontade, desde que tenha influído nesta de modo relevante;
III - sendo de direito e não implicando recusa à aplicação da lei, for o motivo único ou principal do negócio jurídico.
Art. 140. O falso motivo só vicia a declaração de vontade quando expresso como razão determinante.
Art. 141. A transmissão errônea da vontade por meios interpostos é anulável nos mesmos casos em que o é a declaração direta.
Art. 142. O erro de indicação da pessoa ou da coisa, a que se referir a declaração de vontade, não viciará o negócio quando, por seu contexto e pelas circunstâncias, se puder identificar a coisa ou pessoa cogitada.
Art. 143. O erro de cálculo apenas autoriza a retificação da declaração de vontade.
Art. 144. O erro não prejudica a validade do negócio jurídico quando a pessoa, a quem a manifestação de vontade se dirige, se oferecer para executá-la na conformidade da vontade real do manifestante.
Do Dolo
Art. 145. São os negócios jurídicos anuláveis por dolo, quando este for a sua causa.
Art. 146. O dolo acidental só obriga à satisfação das perdas e danos, e é acidental quando, a seu despeito, o negócio seria realizado, embora por outro modo.
Art. 147. Nos negócios jurídicos bilaterais, o silêncio intencional de uma das partes a respeito de fato ou qualidade que a outra parte haja ignorado, constitui omissão dolosa, provando-se que sem ela o negócio não se teria celebrado.
Art. 148. Pode também ser anulado o negócio jurídico por dolo de terceiro, se a parte a quem aproveite dele tivesse ou devesse ter conhecimento; em caso contrário, ainda que subsista o negócio jurídico, o terceiro responderá por todas as perdas e danos da parte a quem ludibriou.
Art. 149. O dolo do representante legal de uma das partes só obriga o representado a responder civilmente até a importância do proveito que teve; se, porém, o dolo for do representante convencional, o representado responderá solidariamente com ele por perdas e danos.
Art. 150. Se ambas as partes procederem com dolo, nenhuma pode alegá-lo para anular o negócio, ou reclamar indenização.
Da Coação
Art. 151. A coação, para viciar a declaração da vontade, há de ser tal que incuta ao paciente fundado temor de dano iminente e considerável à sua pessoa, à sua família, ou aos seus bens.
Parágrafo único. Se disser respeito a pessoa não pertencente à família do paciente, o juiz, com base nas circunstâncias, decidirá se houve coação.
Art. 152. No apreciar a coação, ter-se-ão em conta o sexo, a idade, a condição, a saúde, o temperamento do paciente e todas as demais circunstâncias que possam influir na gravidade dela.
Art. 153. Não se considera coação a ameaça do exercício normal de um direito, nem o simples temor reverencial.
Art. 154. Vicia o negócio jurídico a coação exercida por terceiro, se dela tivesse ou devesse ter conhecimento a parte a que aproveite, e esta responderá solidariamente com aquele por perdas e danos.
Art. 155. Subsistirá o negócio jurídico, se a coação decorrer de terceiro, sem que a parte a que aproveite dela tivesse ou devesse ter conhecimento; mas o autor da coação responderá por todas as perdas e danos que houver causado ao coacto.
Do Estado de Perigo
Art. 156. Configura-se o estado de perigo quando alguém, premido da necessidade de salvar-se, ou a pessoa de sua família, de grave dano conhecido pela outra parte, assume obrigação excessivamente onerosa.
Parágrafo único. Tratando-se de pessoa não pertencente à família do declarante, o juiz decidirá segundo as circunstâncias.
Da Lesão
Art. 157. Ocorre a lesão quando uma pessoa, sob premente necessidade, ou por inexperiência, se obriga a prestação manifestamente desproporcional ao valor da prestação oposta.
§ 1o Aprecia-se a desproporção das prestações segundo os valores vigentes ao tempo em que foi celebrado o negócio jurídico.
§ 2o Não se decretará a anulação do negócio, se for oferecidosuplemento suficiente, ou se a parte favorecida concordar com a redução do proveito.
Da Fraude Contra Credores
Art. 158. Os negócios de transmissão gratuita de bens ou remissão de dívida, se os praticar o devedor já insolvente, ou por eles reduzido à insolvência, ainda quando o ignore, poderão ser anulados pelos credores quirografários, como lesivos dos seus direitos.
§ 1o Igual direito assiste aos credores cuja garantia se tornar insuficiente.
§ 2o Só os credores que já o eram ao tempo daqueles atos podem pleitear a anulação deles.
Art. 159. Serão igualmente anuláveis os contratos onerosos do devedor insolvente, quando a insolvência for notória, ou houver motivo para ser conhecida do outro contratante.
Art. 160. Se o adquirente dos bens do devedor insolvente ainda não tiver pago o preço e este for, aproximadamente, o corrente, desobrigar-se-á depositando-o em juízo, com a citação de todos os interessados.
Parágrafo único. Se inferior, o adquirente, para conservar os bens, poderá depositar o preço que lhes corresponda ao valor real.
Art. 161. A ação, nos casos dos arts. 158 e 159, poderá ser intentada contra o devedor insolvente, a pessoa que com ele celebrou a estipulação considerada fraudulenta, ou terceiros adquirentes que hajam procedido de má-fé.
Art. 162. O credor quirografário, que receber do devedor insolvente o pagamento da dívida ainda não vencida, ficará obrigado a repor, em proveito do acervo sobre que se tenha de efetuar o concurso de credores, aquilo que recebeu.
Art. 163. Presumem-se fraudatórias dos direitos dos outros credores as garantias de dívidas que o devedor insolvente tiver dado a algum credor.
Art. 164. Presumem-se, porém, de boa-fé e valem os negócios ordinários indispensáveis à manutenção de estabelecimento mercantil, rural, ou industrial, ou à subsistência do devedor e de sua família.
Art. 165. Anulados os negócios fraudulentos, a vantagem resultante reverterá em proveito do acervo sobre que se tenha de efetuar o concurso de credores.
Parágrafo único. Se esses negócios tinham por único objeto atribuir direitos preferenciais, mediante hipoteca, penhor ou anticrese, sua invalidade importará somente na anulação da preferência ajustada.
Da Invalidade do Negócio Jurídico
Art. 166. É nulo o negócio jurídico quando:
I - celebrado por pessoa absolutamente incapaz;
II - for ilícito, impossível ou indeterminável o seu objeto;
III - o motivo determinante, comum a ambas as partes, for ilícito;
IV - não revestir a forma prescrita em lei;
V - for preterida alguma solenidade que a lei considere essencial para a sua validade;
VI - tiver por objetivo fraudar lei imperativa;
VII - a lei taxativamente o declarar nulo, ou proibir-lhe a prática, sem cominar sanção.
Art. 167. É nulo o negócio jurídico simulado, mas subsistirá o que se dissimulou, se válido for na substância e na forma.
§ 1o Haverá simulação nos negócios jurídicos quando:
I - aparentarem conferir ou transmitir direitos a pessoas diversas daquelas às quais realmente se conferem, ou transmitem;
II - contiverem declaração, confissão, condição ou cláusula não verdadeira;
III - os instrumentos particulares forem antedatados, ou pós-datados.
§ 2o Ressalvam-se os direitos de terceiros de boa-fé em face dos contraentes do negócio jurídico simulado.
Art. 168. As nulidades dos artigos antecedentes podem ser alegadas por qualquer interessado, ou pelo Ministério Público, quando lhe couber intervir.
Parágrafo único. As nulidades devem ser pronunciadas pelo juiz, quando conhecer do negócio jurídico ou dos seus efeitos e as encontrar provadas, não lhe sendo permitido supri-las, ainda que a requerimento das partes.
Art. 169. O negócio jurídico nulo não é suscetível de confirmação, nem convalesce pelo decurso do tempo.
Art. 170. Se, porém, o negócio jurídico nulo contiver os requisitos de outro, subsistirá este quando o fim a que visavam as partes permitir supor que o teriam querido, se houvessem previsto a nulidade.
Art. 171. Além dos casos expressamente declarados na lei, é anulável o negócio jurídico:
I - por incapacidade relativa do agente;
II - por vício resultante de erro, dolo, coação, estado de perigo, lesão ou fraude contra credores.
Art. 172. O negócio anulável pode ser confirmado pelas partes, salvo direito de terceiro.
Art. 173. O ato de confirmação deve conter a substância do negócio celebrado e a vontade expressa de mantê-lo.
Art. 174. É escusada a confirmação expressa, quando o negócio já foi cumprido em parte pelo devedor, ciente do vício que o inquinava.
Art. 175. A confirmação expressa, ou a execução voluntária de negócio anulável, nos termos dos arts. 172 a 174, importa a extinção de todas as ações, ou exceções, de que contra ele dispusesse o devedor.
Art. 176. Quando a anulabilidade do ato resultar da falta de autorização de terceiro, será validado se este a der posteriormente.
Art. 177. A anulabilidade não tem efeito antes de julgada por sentença, nem se pronuncia de ofício; só os interessados a podem alegar, e aproveita exclusivamente aos que a alegarem, salvo o caso de solidariedade ou indivisibilidade.
Art. 178. É de quatro anos o prazo de decadência para pleitear-se a anulação do negócio jurídico, contado:
I - no caso de coação, do dia em que ela cessar;
II - no de erro, dolo, fraude contra credores, estado de perigo ou lesão, do dia em que se realizou o negócio jurídico;
III - no de atos de incapazes, do dia em que cessar a incapacidade.
Art. 179. Quando a lei dispuser que determinado ato é anulável, sem estabelecer prazo para pleitear-se a anulação, será este de dois anos, a contar da data da conclusão do ato.
Art. 180. O menor, entre dezesseis e dezoito anos, não pode, para eximir-se de uma obrigação, invocar a sua idade se dolosamente a ocultou quando inquirido pela outra parte, ou se, no ato de obrigar-se, declarou-se maior.
Art. 181. Ninguém pode reclamar o que, por uma obrigação anulada, pagou a um incapaz, se não provar que reverteu em proveito dele a importância paga.
Art. 182. Anulado o negócio jurídico, restituir-se-ão as partes ao estado em que antes dele se achavam, e, não sendo possível restituí-las, serão indenizadas com o equivalente.
Art. 183. A invalidade do instrumento não induz a do negócio jurídico sempre que este puder provar-se por outro meio.
Art. 184. Respeitada a intenção das partes, a invalidade parcial de um negócio jurídico não o prejudicará na parte válida, se esta for separável; a invalidade da obrigação principal implica a das obrigações acessórias, mas a destas não induz a da obrigação principal.
6.Temendo a desaprovação moral de seu pai, por quem nutre profundo respeito, Pedro matriculou-se no curso superior de Direito, mesmo não sendo esta sua vontade verdadeira. De acordo com o Código Civil, tal ato é:
A) anulável, pois foi praticado mediante coação, que pode ser física ou moral
B) nulo, pois foi praticado mediante coação, que pode ser física ou moral
C) insuscetível de anulação, pois o mero temor reverencial não vicia a declaração da vontade
D) anulável, pois o temor reverencial, embora não configure coação, também constitui vício do negócio jurídico
7. Quando alguém obtém lucro exagerado, desproporcional, aproveitando-se da situação de necessidade real e notória do outro contratante, configura-se o vício do negócio jurídico denominado:
A) abuso de direito
B) lesão
C) coação
D) estado de perigo
9. Pedro, recém-chegado a Rio Branco, adquiriu de Ana um apartamento na cidade e, posteriormente, descobriu que havia pagado, pelo imóvel, valor equivalente ao dobro da média constatada no mercado, uma vez que desconhecia a real situação imobiliária local e tinha pressa em adquirir um apartamento para abrigar sua família. Nessa situação hipotética, o negócio poderá ser anulado, uma vez que apresenta o vício de consentimento denominado:
A) dolo
B) lesão
C) coação 
D) fraude contra credores 
10. É nulo o negócio jurídico resultante de:
A) erro
B) dolo
C) lesão 
D) simulação 
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