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Aula 08 (Curso Estrategia) Direitos Humanos

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POLÍCIA CIVIL DO ESTADO DO TOCANTINS (PC-TO) 
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS – TODOS OS CARGOS 
TEORIA E EXERCÍCIOS 
AULA 08 
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QUADRO SINÓPTICO DA AULA 
 
Caros alunos, 
 
Feita a exposição panorâmica acerca dos sistemas global e regional 
de proteção dos direitos humanos, iremos tratar dos seguintes aspectos 
pertinentes aos direitos humanos no plano internacional: 
3. O Direito Internacional dos Direitos Humanos como 
disciplina jurídica autônoma. 
3.1. A personalidade jurídica internacional do ser humano. 
3.2. A indivisibilidade e a interdependência de todos os 
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direitos humanos. 
3.3. A interpretação de tratados no Direito Internacional e a 
especificidade dos Tratados de Direitos Humanos. 
3.4. A salvaguarda dos direitos humanos nas situações de 
emergência ou estados de exceção. 
3.5. A intangibilidade das garantias judiciais em matéria de 
direitos humanos em quaisquer circunstâncias. 
3.6. A normativa emanada dos órgãos convencionais de 
proteção. 
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1. O Direito Internacional dos Direitos Humanos como 
disciplina jurídica autônoma. 
 
Desde a Antiguidade, os países já celebravam relações entre si que 
podiam resultar em ACORDOS de paz, de comércio e de matrimônio entre 
membros das classes governantes desses países (precursores do que hoje 
chamamos de tratados) ou em GUERRA entre essas nações. 
 
Todavia, a noção de um direito internacional como sistema de 
normas disciplinadoras da conduta humana seria esboçada por alguns 
estudiosos da Idade Moderna (exemplos: o espanhol Francisco de Vitória, o 
holandês Hugo Grócio e o alemão Samuel Pufendorf) e somente um pouco 
depois teríamos no TRATADO DE PAZ DE VESTFÁLIA, assinado pelas nações 
européias em 1648, como o efetivo marco que daria origem ao direito 
internacional. 
 
A origem do direito internacional ocorre com a Paz de Vestfália (1648). 
 
Portanto, no início do direito internacional, o Estado figurava como 
elemento central, pois seria ele o único agente capaz de ser sujeito de direitos 
e deveres na ordem internacional, visto que inexistiam instituições 
internacionais que fossem capazes de impor quaisquer obrigações para 
qualquer Estado ou indivíduo. 
 
Nessa época o próprio ser humano era desconsiderado para o 
direito internacional, pois os Estados eram soberanos para tratarem as pessoas 
que viviam em seu território da maneira como achassem convenientes. 
 
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A situação começou a mudar na 2ª metade do século XIX com a 
assinatura da 1ª CONVENÇÃO DE GENEBRA (1864), tratado internacional 
voltado para melhorar as condições dos militares feridos em batalha e, 
também, com a criação da CRUZ VERMELHA INTERNACIONAL (1876), 
instituição não-governamental que passou a prestar assistência à saúde aos 
feridos em conflitos militares. Estes eventos marcaram o surgimento do 
direito internacional humanitário, antecedente da proteção internacional 
aos direitos humanos. 
 
As décadas seguintes com o surgimento de diversas agressões 
armadas aos indivíduos (ex. genocídios de populações armênias, eslavas, 
ciganas e judias) forçaram que o ser humano passasse a cada vez mais ser um 
sujeito de destaque no cenário internacional. 
 
O mundo presenciou às barbáries praticadas durante as duas 
Guerras Mundiais, sobretudo pelos nazistas durante a 2ª Guerra Mundial. 
Desse modo, houve a necessidade de algo que impedisse a repetição desses 
terríveis acontecimentos. Organizadas e incentivadas pela ONU, 148 países se 
reuniram e redigiram a Declaração Universal dos Direitos Humanos, a qual 
representou um enorme progresso na defesa dos Direitos Humanos, dos 
Direitos dos Povos e das Nações. 
 
Desde então, surgiram diversos instrumentos e órgãos 
internacionais voltados para a proteção dos direitos humanos, de maneira que 
os doutrinadores passaram a conferir um tratamento de estudo específico para 
esses instrumentos e órgãos constituindo uma disciplina especializada do 
direito internacional. 
 
Assim, o Direito Internacional dos Direitos Humanos pode ser 
entendido como um sistema de NORMAS, PROCEDIMENTOS e INSTITUIÇÕES 
internacionais criados para promover o respeito dos direitos humanos em 
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todos os países no âmbito MUNDIAL. 
 
A principal finalidade do Direito Internacional dos Direitos 
Humanos é a promoção e a proteção efetivas da dignidade de toda pessoa 
humana, numa perspectiva internacional/universal, concretizando a plena 
eficácia dos direitos humanos fundamentais, por meio de normas gerais que 
tutelem os BENS DA VIDA primordiais (dignidade, vida, segurança, liberdade, 
honra, moral, entre outros) além dos instrumentos políticos e jurídicos de sua 
implementação. 
 
Logo, o Direito Internacional dos Direitos Humanos estaria 
efetivamente consolidado como DISCIPLINA JURÍDICA AUTÔNOMA, 
universalmente reconhecida, promovendo, com seu surgimento, a 
responsabilização dos Estados por violações de direitos humanos, 
relativizando, pois, a soberania (antes absoluta) dos Estados, e consolidando o 
reconhecimento definitivo de que a PESSOA HUMANA é sujeito de direito em 
âmbito mundial. 
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2. A personalidade jurídica internacional do ser humano. 
 
Os sujeitos de Direito Internacional podem entendidos como 
todas as entidades que possuem direitos e deveres internacionais e têm a 
capacidade de exercê-los. 
 
A doutrina tradicional por muito tempo (séculos mesmo...) 
considerou apenas um ÚNICO sujeito de Direito Internacional: o estado. 
Assim, seriam os estados as únicas pessoas internacionais, pois seriam 
destinatários das normas de Direito Internacionais e também estariam 
legitimados para exercer os direitos e deveres previstos em tais normas. 
 
Na atualidade, não é contestada a personalidade internacional das 
organizações internacionais, já que podem ser titulares de direitos e deveres 
internacionais, sendo que essa relação com as normas internacionais é direta e 
imediata. 
 
Parte da doutrina divide a PERSONALIDADE INTERNACIONAL em 
duas modalidades: 
• originária 
• derivada 
 
O Estado teria personalidade ORIGINÁRIA, pois é uma realidade 
física, tem território determinado e população permanente. A personalidade 
DERIVADA é uma elaboração jurídica criada pela vontade conjugada de certaquantidade de Estados. 
 
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É verdade que há uma grande discussão quando se busca um 
posicionamento da pessoa humana como sujeito de direito internacional. 
Assim, há tanto autores admitindo essa possibilidade, como há, também, os 
que a negam. 
 
Doutrinas que Negam a Personalidade Internacional: 
• Positivismo 
• teoria do homem-objeto. 
 
O POSITIVISMO afirma que o Estado (e apenas ele) é sujeito de 
Direito Internacional porque esse ramo do direito é produto da vontade estatal 
(sendo o indivíduo sujeito de direito interno). Existe o positivismo mais 
moderno que admite, também, as organizações internacionais como sujeitos 
de Direito Internacional porque elas são constituídas pela vontade estatal e 
participam da elaboração das normas internacionais. 
 
A teoria do HOMEM-OBJETO sustenta que no Direito Internacional a 
pessoa humana tem a condição de objeto (como as aeronaves, por exemplo) 
existindo, com isso, uma relação de direito real entre Estado e homem. 
 
Diversos doutrinadores que negam a personalidade internacional 
do indivíduo afirmam que eles não possuem ampla capacidade de reclamar as 
garantias de seus direitos nos foros internacionais (o que não é uma 
unanimidade, vide o uso de petições individuais no sistema interamericano de 
direitos humanos). Porém, a maioria dos doutrinadores afirma que a pessoa 
humana é sujeito de direito internacional público, possuindo, contudo, 
capacidade jurídica de agir mais limitada do que os Estados. 
 
A despeito da evolução do Direito Internacional dos Direitos 
Humanos, podemos afirmar que a capacidade jurídica internacional do 
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indivíduo não é ampla e irrestrita, mas sim dependente das disposições do 
Direito Internacional convencional. 
 
O Estado soberano não se encontra na posição de único referencial 
no âmbito mundial. O problema se encontra no reconhecimento da condição do 
indivíduo de sujeito ativo de Direito Internacional, podendo defender seus 
direitos pessoalmente perante os organismos internacionais. 
 
O mecanismo mais utilizado para assegurar a proteção dos 
interesses do indivíduo no âmbito mundial ainda é a TUTELA INDIRETA, ou 
seja, os Estados têm obrigação de adotar certos comportamentos relativos aos 
indivíduos sob sua jurisdição. Esse processo, porém, já está mudando, 
havendo a possibilidade de o indivíduo diretamente defender e demandar seus 
direitos. 
 
Argumentos em prol da personalidade internacional dos indivíduos: 
• o fato dos indivíduos serem destinatários diretos de várias 
normas de Direito Internacional, decorrendo, desse fato, 
direitos e obrigações sem a interposição do Estado; 
• a constatação que não só Estados soberanos podem ocupar 
essa posição de sujeito ativo; e 
• de que a existência de um direito de reclamação no âmbito 
internacional não constitui conditio sine qua non ao 
reconhecimento da personalidade internacional. 
 
Teorias que DEFENDEM a personalidade internacional do indivíduo: 
• teoria individualista 
• teoria do sujeito indireto. 
 
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A teoria INDIVIDUALISTA afirma que o homem é sujeito de direito, 
neste ínterim, o próprio Estado se reduz a indivíduo. 
 
A teoria do SUJEITO INDIRETO afirma que o Estado é sujeito 
direito de Direito Internacional e o indivíduo, por sua vez, é sujeito direto. 
 
A teoria que nega a personalidade internacional do indivíduo, 
afirmando que no Direito Internacional a pessoa humana tem a condição de 
objeto não, faz sentido, mostra-se muito fraca, pois aeronaves, fauna, flora e 
navios, por exemplo, não podem ser igualados ao ser humano no Direito 
Internacional, principalmente na seara de proteção internacional dos direitos 
humanos. 
 
O ser humano é uma pessoa internacional tal como o é o Estado. 
Apenas a capacidade jurídica de agir daquele é bem mais limitada que a deste. 
 
É importante mencionar que a capacidade jurídica internacional 
para responder pela prática de crimes internacionais é reconhecida sem muitas 
discussões. 
 
Vários sistemas convencionais e não-convencionais de proteção dos 
diretos humanos aceitam reclamações de indivíduos (como o Tribunal Penal 
Internacional, por exemplo), possibilitando-os exercer a personalidade jurídica 
internacional. 
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3. A indivisibilidade e a interdependência de todos os 
direitos humanos. 
 
A indivisibilidade dos Direitos Humanos significa que eles NÃO 
podem ser analisados separadamente (ISOLADAMENTE). Compõem um único 
conjunto de direitos. 
 
Os direitos humanos são inerentes e emanam da própria natureza 
humana. Conforme estabelecido no parágrafo 1 da Declaração e Programa de 
Ação de Viena (DPAV): “Os direitos humanos e as liberdades fundamentais são 
inatas a todos os seres humanos; a proteção e a promoção desses direitos é 
responsabilidade primordial dos governos”. A indivisibilidade é uma relação 
mútua uma vez que é precisamente o gozo dos direitos humanos que torna 
humana a vida das pessoas 
 
Assim, a indivisibilidade se caracteriza como o fato de que os 
direitos humanos compõem um único conjunto de direitos, uma vez que não 
podem ser analisados de maneira isolada, separada. Afirma-se que o 
desrespeito a um deles constitui a violação de todos ao mesmo tempo, ou 
seja, caso seja descumprido seria com relação a todos. 
 
A interdependência significa que os direitos humanos estão 
VINCULADOS uns aos outros, ou seja, há uma relação de 
complementariedade, de conexão entre eles. 
 
Os direitos humanos, democracia e desenvolvimento são 
interdependentes. Os direitos humanos referem-se às condições dos indivíduos 
e de suas coletividades, e à sua participação nas decisões políticas e nos 
benefícios do desenvolvimento. Essa concepção é, pois, promocional, pois se 
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propõe a remover obstáculos, incentivar indivíduos e comunidades, priorizar 
problemas, integrar ações governamentais e formular critérios de 
acompanhamento pelas instituições multilaterais. 
 
Assim, os direitos humanos são uma unidade complexa que se fixa 
em diversos aspectos da vida social e política, expande-se em sentidos 
variados e manifesta-se de diferentes formas na atividade política e social. 
Nessa diversificação, eles não se manifestam de forma coerente ousem 
atritos, mas é essencial que pretensões conflitantes sejam decididas segundo 
formas democráticas. 
 
Essa concepção coloca interdições absolutas a certos atos e 
padrões de relacionamento social e político, nos quais haja o desrespeito à 
integridade física, aos meios de sobrevivência, à liberdade de expressão, aos 
procedimentos imparciais de justiça. São princípios não negociáveis, cujas 
violações – por governos ou quaisquer indivíduos – são inadmissíveis e 
inações, condenáveis. Esse é um outro aspecto da interdependência dos 
direitos humanos, democracia e desenvolvimento, pois se pode prever que é 
apenas nas condições políticas da democracia que os direitos humanos serão 
não só protegidos, mas tornados cada vez mais amplos e efetivos. 
 
Por fim, podemos entender a interdependência como o fato de que 
os direitos fundamentais estão vinculados uns aos outros, não podendo ser 
vistos como elementos isolados, mas sim como um todo, um bloco que 
apresenta interpenetrações; as várias previsões constitucionais, apesar de 
autônomas, possuem diversas intersecções para atingirem suas principais 
finalidades. No intuito de exemplificarmos a característica relacionada neste 
comando, podemos dizer que a liberdade de locomoção está relacionada à 
garantia do habeas corpus e ao devido processo legal. 
 
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4. A interpretação de tratados no Direito Internacional e a 
especificidade dos Tratados de Direitos Humanos. 
 
Toda aplicação de uma norma jurídica resulta em uma 
interpretação e vice-versa. Na prática, não é possível separar ambas as 
operações. 
 
A interpretação dos tratados internacionais é regulada pela 
Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados, celebrada em 1969. As 
normas que abordam a interpretação estão nos artigos 31 a 33, cujo inteiro 
teor consta no final da aula destinada à legislação. 
 
O princípio geral de interpretação dos tratados é a BOA FÉ. 
 
A boa fé implica nos seguintes valores: 
� Lealdade 
� Honestidade 
� Fidelidade 
� Lisura 
� Ausência de ardis e dissimulações 
 
De acordo com o art. 31 da Convenção de Viena de 1969: 
1. Um tratado deve ser interpretado de boa fé segundo o 
sentido comum atribuível aos termos do tratado em seu 
contexto e à luz de seu objetivo e finalidade. 
 
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De acordo com a Convenção de Viena, um tratado deve ser 
interpretado de boa fé (de forma honesta, leal, fiel, sem dissimulações para 
lesar o próximo) e buscando entender o seu teor utilizando o significado usual 
das palavras que compõem o documento. 
 
Algumas dúvidas surgem: quais as partes do tratado devem ser 
observadas durante a prática da interpretação? Um tratado é interpretado de 
forma isolada? É preciso ver outros textos? 
 
A resposta vai estar na própria Convenção de Viena. Segundo a 
mesma, um tratado internacional é formado pelas seguintes partes: 
� Contexto: 
o Preâmbulo 
o Texto 
o Anexos 
o Acordo relativo ao tratado 
o Instrumento relativo ao tratado 
� Acordos posteriores entre as partes sobre interpretação; 
� Práticas seguidas posteriormente na aplicação do tratado; 
� Regras de Direito Internacional aplicáveis às partes. 
 
De acordo com o segundo e terceiro parágrafos do art. 31 da 
Convenção de Viena de 1969: 
2. Para os fins de interpretação de um tratado, o contexto 
compreenderá, além do texto, seu preâmbulo e anexos: 
a)qualquer acordo relativo ao tratado e feito entre todas as 
partes em conexão com a conclusão do tratado; 
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b)qualquer instrumento estabelecido por uma ou várias 
partes em conexão com a conclusão do tratado e aceito 
pelas outras partes como instrumento relativo ao tratado. 
3. Serão levados em consideração, juntamente com o 
contexto: 
a)qualquer acordo posterior entre as partes relativo à 
interpretação do tratado ou à aplicação de suas 
disposições; 
b)qualquer prática seguida posteriormente na aplicação do 
tratado, pela qual se estabeleça o acordo das partes relativo 
à sua interpretação; 
c)quaisquer regras pertinentes de Direito Internacional 
aplicáveis às relações entre as partes. 
 
As partes que celebram um tratado internacional podem 
estabelecer um sentido especial (específico) para determinada palavra X que 
componha o contexto do citado tratado desde que expressem que fizeram essa 
escolha de sentido da palavra X de forma intencional. 
 
Assim, está previsto na Convenção de Viena: 
4. Um termo será entendido em sentido especial se estiver 
estabelecido que essa era a intenção das partes. 
 
Além dos métodos (ou meios) de interpretação acima 
mencionados, há os meios (ou métodos) suplementares definidos como: 
circunstâncias de conclusão do acordo e os trabalhos 
preparatórios do tratado, que podem ser estudados, por 
exemplo, pelos registros das rodadas de negociação e de 
comunicações diplomáticas trocadas entre as partes. 
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Os meios suplementares visam: 
� Confirmar o sentido das normas internacionais 
� Elucidar as normas quando o sentido obtido é ambíguo, 
obscuro, manifestamente absurdo ou desarrazoado. 
 
Além dessas regras aplicáveis a todos os tratados internacionais, 
existem alguns princípios vetores da interpretação que a jurisprudência 
internacional criou para ser aplicado especificamente para os tratados sobre 
direitos humanos. 
� Princípio pro homine 
� Princípio da efetividade (effet utile) 
� Proporcionalidade 
 
O princípio pro homine prevê que os tratados de direitos 
humanos devem ser interpretados sempre no sentido da máxima proteção ao 
ser humano. 
 
O princípio pro homine é também conhecido como primazia da 
norma mais favorável ao indivíduo, apesar de alguns autores (ex. André de 
Carvalho Ramos) sustentarem ser, ambos, princípios distintos, pois o primeiro 
trataria da interpretação jurídica, enquanto o segundo envolveria a aplicação 
de uma norma. 
 
O princípio da efetividade (effet utile) prevê que deve ser 
assegurados os efeitos pretendidos pelas disposições contidas nos tratados, ou 
como diz a tradução literal desse princípio como ele é concebido na doutrina 
internacionalista: o efeito útil. 
 
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O princípio da proporcionalidade consiste na aferição da 
idoneidade, necessidade e equilíbrio da intervenção estatal em determinado 
direito humano fundamental. É uma técnicade controle do poder estatal, 
mas também um controle indireto sobre o conteúdo do próprio direito humano 
analisado pelo intérprete. 
 
Outro aspecto que merece um estudo é a teoria da margem de 
apreciação. De acordo com a citada teoria, os órgãos de interpretação do 
Direito Internacional dos Direitos Humanos, em determinados casos polêmicos, 
devem aceitar a POSIÇÃO NACIONAL sobre o tema, evitando impor soluções 
interpretativas às comunidades nacionais, ou seja, um Estado. 
 
A teoria da margem de apreciação (margin of appreciation) foi uma 
construção jurisprudencial da Corte Européia de Direitos Humanos que 
teve origem no caso Handyside. 
 
O caso Handyside envolvia a liberdade de expressão no Reino 
Unido da Grã-Bretanha e Irlanda. Tratava-se do confisco pelo Governo do 
Reino Unido de exemplares e proibição da comercialização de livro considerado 
obsceno editado pelo sr. Richard Handyside. 
 
Neste caso, a Corte Européia de Direitos Humanos utilizou a teoria 
da margem de apreciação para decidir que cabia à sociedade britânica, com 
fundamento em seus valores morais, decidir sobre se deveria ou não aceitar 
tais restrições à liberdade de expressão, negando assim quaisquer violações 
às normas internacionais de direitos humanos vigentes, em especial, a 
Convenção Européia de Direitos Humanos. 
Observação: Alguns autores, como Antônio Cançado Trindade, 
criticam a teoria da margem de apreciação pois podem vir a estimular um 
relativismo exagerado que pode resultar em violações aos direitos humanos a 
pretexto de protegê-los. 
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5. A salvaguarda dos direitos humanos nas situações de 
emergência ou estados de exceção. 
 
A questão da SALVAGUARDA DOS DIREITOS HUMANOS traz o 
debate acerca dos limites dos direitos humanos na ordem internacional. Essa 
problemática faz com que a proteção dos direitos humanos somente possam 
ser restringidos desde que se observem o princípio da proporcionalidade, a 
teoria do abuso de direito e o estado de emergência ou de exceção. 
 
O princípio da proporcionalidade surge com o fortalecimento do 
Direito Administrativo (e consequentemente da ação estatal) no Estado Liberal 
quando foi preciso criar técnicas de aferição da legitimidade das restrições 
estatais às liberdades individuais, principalmente no âmbito do exercício do 
poder de polícia administrativa. 
 
Definição de princípio da proporcionalidade, de acordo com André 
de Carvalho Ramos: 
 
(...) consiste na aferição da idoneidade, necessidade e 
equilíbrio da intervenção estatal em determinado direito 
fundamental (ou humano). 
 
Esse princípio é composto por três elementos: 
� Adequação 
� Necessidade 
� Proporcionalidade em sentido estrito 
 
A adequação é o exame que se refere a uma relação entre meio e 
fim, ou seja, a compatibilização entre as medidas estatais e a realização dos 
fins propostos. 
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A necessidade é o exame da real importância/utilidade da medida 
estatal escolhida, verificando se não existem medidas alternativas que possam 
atender ao mesmo objetivo e não representem uma violação a um direito 
humano. 
Por fim, o exame da proporcionalidade em sentido estrito se refere 
à ponderação (ou equilíbrio) entre a finalidade perseguida e os meios adotados 
para o seu alcance. 
 
Feita esta exposição sobre o princípio da proporcionalidade de 
forma geral, passemos a estudar a sua aplicação no contexto internacional. 
 
A aplicação do princípio da proporcionalidade como um limite para 
os direitos humanos na ordem internacional NÃO é resultado de uma previsão 
em um dispositivo de qualquer tratado internacional ou declaração de direitos, 
mas é fruto de constantes decisões proferidas por tribunais internacionais que 
formam a jurisprudência internacional. 
 
Os maiores desenvolvimentos jurisprudenciais tem ocorrido no 
âmbito dos sistemas regionais de direitos humanos, especialmente, em 
julgamentos da Corte Européia de Direitos Humanos que desenvolveu três 
fundamentos: 
• A restrição de direitos humanos realizada por lei baseada no 
interesse público (ex. restringir a liberdade religiosa com 
fundamento em normas de ordem pública, ou então 
restringir a liberdade de expressão em normas de segurança 
nacional). 
• As medidas restritivas a direitos humanos devem ser apenas 
aquelas necessárias a uma sociedade democrática. 
• A inexistência de direitos humanos absolutos. 
 
Inclusive, como fruto de décadas de decisões proferidas pela 
jurisprudência europeia, a Carta de Direitos Fundamentais da União Européia, 
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adotada em 2000, prevê no art. 52 que: 
 
1. Qualquer restrição ao exercício dos direitos e liberdades 
reconhecidos pela presente Carta deve ser prevista por lei e 
respeitar o conteúdo essencial desses direitos e liberdades. 
Na observância do princípio da proporcionalidade, essas 
restrições só podem ser introduzidas se forem necessárias e 
corresponderem efectivamente a objectivos de interesse 
geral reconhecidos pela União, ou à necessidade de 
proteção dos direitos e liberdades de terceiros. 
 
Todavia, ainda faltam instrumentos do sistema global de direitos 
humanos que prevejam dispositivos com teor semelhante. 
 
O outro caso de limite dos direitos humanos na ordem 
internacional é a teoria do abuso de direito. 
Essa teoria, originária do direito privado, teria respaldo no art. 30 
da Declaração Universal dos Direitos Humanos que possui o seguinte teor: 
Artigo XXX 
Nenhuma disposição da presente Declaração pode ser 
interpretada como o reconhecimento a qualquer Estado, 
grupo ou pessoa, do direito de exercer qualquer atividade 
ou praticar qualquer ato destinado à destruição de 
quaisquer dos direitos e liberdades aqui estabelecidos. 
 
A adoção dessa teoria tem despertado polêmica entre os 
doutrinadores do direito internacional. 
 
Essa teoria busca evitar que certos direitos humanos (ex. liberdade 
de expressão de um grupo fundamentalista) sejam invocados para justificar a 
destruição de outros direitos humanos (ex. as expressões de discurso de ódio 
contra minorias sociais). 
 
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Um último caso de limite dos direitos humanos é o estado de 
emergência, ou seja, as restrições excepcionais e temporárias de defesa do 
próprio Estado de Direito. 
 
O art. 4º do Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos prevê a 
hipótese de restrição aos direitos humanos em caso de estado de emergência: 
ARTIGO 4 
1. Quando situações excepcionais ameacem a existência da 
nação e sejam proclamadas oficialmente, os Estados Partes 
do presente Pacto podem adotar, na estrita medida exigida 
pela situação, medidasque suspendam as obrigações 
decorrentes do presente Pacto, desde que tais medidas não 
sejam incompatíveis com as demais obrigações que lhes 
sejam impostas pelo Direito Internacional e não acarretem 
discriminação alguma apenas por motivo de raça, cor, sexo, 
língua, religião ou origem social. 
2. A disposição precedente não autoriza qualquer suspensão 
dos artigos 6, 7, 8 (parágrafos 1 e 2) 11, 15, 16, e 18. 
 
Em que pese essa possibilidade, o próprio Pacto prevê uma série 
de direitos humanos que são inderrogáveis, ou seja, não podem ser 
restringidos: 
� Direito à vida 
� Direito à integridade pessoal 
� Proibição da escravidão 
� Direito a não ser preso por inadimplemento contratual 
� Direito à irretroatividade da lei penal 
� Direito ao reconhecimento da personalidade jurídica 
� Direito à liberdade de pensamento, de consciência e de 
religião 
 
A aplicação das medidas de emergência deve ser combinada com 
um juízo de proporcionalidade. 
Rafael Verol
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6. A intangibilidade das garantias judiciais em matéria de 
direitos humanos em quaisquer circunstâncias. 
 
Outro assunto importante em termos de proteção dos direitos 
humanos é sobre a intangibilidade das garantias judiciais em matéria de 
direitos humanos em quaisquer circunstâncias. 
 
Essas transformações decorrentes do movimento de internacio-
nalização dos direitos humanos contribuiram ainda para o processo de de-
mocratização do próprio cenário internacional, já que, além do Estado, novos 
sujeitos de direito passam a participar da arena internacional, como os 
indivíduose as organizações não-governamentais. 
 
Os indivíduos convertem-se em sujeitos de direito internacional — 
tradicionalmente, uma arena em que só os Estados podiam participar. Com 
efeito, na medida em que guardam relação direta com os instrumentos 
internacionais de direitos humanos, os indivíduos passam a ser concebidos 
como sujeitos de direito internacional. Na condição de sujeitos de direito 
internacional, cabe aos indivíduos o acionamento direto de mecanismos 
internacionais, como é o caso da petição ou comunicação individual, mediante 
a qual um indivíduo, grupos de indivíduos ou, por vezes, entidades não-
governamentais, podem submeter aos órgãos internacionais competentes 
denúncia de violação de direito enunciado em tratados internacionais. É 
correto afirmar, no entanto, que ainda se faz necessário democratizar 
determinados instrumentos e instituições internacionais, de modo a que 
possam prover um espaço participativo mais eficaz, que permita maior atuação 
de indivíduos e de entidades não-governamentais, mediante legitimação 
ampliada nos procedimentos e instâncias internacionais. 
 
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Antônio Cançado Trindade menciona que o assunto foi tratado pela 
Corte Interamericana de Direitos Humanos em 1987 e basicamente proíbe a 
suspensão das garantias judiciais dos direitos humanos exceto em situações de 
emergência, em caráter excepcional, previstas no art. 27(1) da Convenção 
Americana de Direitos Humanos. 
 
A Convenção Americana inclui, dentre os direitos que não se pode 
suspender, as garantias judiciais essenciais para a proteção de tais direitos, 
em uma clara indicação de que, mesmo em situações de emergência, a 
suspensão de certas garantias não comporta a suspensão temporária do 
Estado de Direito e seu vínculo inseparável como princípio da legalidade e as 
instituições democráticas. 
 
Concluiu a Corte que, como os recursos de habeas corpus e 
amparo se encontram entre os recursos judiciais essenciais para a proteção 
dos direitos inderrogáveis e para a preservação da legalidade em uma 
sociedade democrática, “os ordenamentos constitucionais e legais dos Estados 
Partes que autorizem, explícita ou implicitamente, a suspensão dos 
procedimentos de habeas corpus ou de amparo em situações de emergência 
devem ser considerados incompatíveis com as obrigações internacionais que a 
estes Estados impõe a Convenção. 
 
Na realidade o que a Convenção Americana quer é reduzir qualquer 
possibilidade de retrocesso no tocante às proteções judiciais contra a violação 
de direitos humanos. E ela cita dois instrumentos importantes, como é o caso 
do habeas corpus. 
 
A defesa dos direitos humanos pelos diversos instrumentos 
judiciais disponíveis para o referido fim em regra somente protege 
individualmente o impetrante. Entretanto, para muitos casos, a violação de 
determinado direito humano abrange um grande número de pessoas, sendo 
Rafael Verol
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que seriam necessárias várias ações ou pelo menos o uso do instituto 
processual do litisconsórcio, que nem sempre é viável. 
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7. A normativa emanada dos órgãos convencionais de 
proteção. 
 
Esse tópico trata dos atos normativos que regem o direito 
internacional dos direitos humanos criados pelos ÓRGÃOS CONVENCIONAIS. 
Sobre esse assunto, importa recordar a distinção entre mecanismos 
convencionais e não-convencionais de proteção dos direitos humanos. 
 
OS DIREITOS HUMANOS NA ONU 
 
Os direitos humanos estiveram na base da criação da ONU e 
constituem um dos seus objetivos (cf. artigo 1º, nº 3 da Carta da ONU). A 
elaboração de instrumentos de direitos humanos e a promoção do gozo destes 
direitos foram, aliás, uma das primeiras tarefas que as Nações Unidas se 
dedicaram, desde a sua fundação. 
 
A própria Carta da ONU (também conhecida como “de São 
Francisco”) foi pioneira ao estabelecer que o Estado é obrigado a garantir 
direitos básicos a todos sob sua jurisdição, nacionais ou estrangeiros. 
 
Podemos observar no quadro abaixo a interação entre diferentes 
órgãos internacionais quando o assunto em questão é direitos humanos: 
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Estudamos vários desses órgãos nas aulas anteriores (ACNUR, 
Conselho de Direitos Humanos, TPI, os Comitês constantes nos diversos Pactos 
e Convenções Internacionais – Treaty Bodies). 
Constatamos que alguns deles como o Tribunal Internacional de 
Justiça (TIJ), também conhecido como Corte Internacional de Justiça, não é 
um órgão de direitos humanos, mas um órgão judicial de natureza geral, pois 
lida com qualquer matéria do direito internacional público. 
Outra particularidade é o Tribunal Penal Internacional, organismo 
que não está diretamente ligado à estrutura administrativa da ONU, contudo, 
possui a natureza de organismo internacional criado pelo Estatuto de Roma 
(um tratado internacional) com a competência para cuidar de alguns crimes 
específicos e NÃO qualquer crime de repercussão internacional, mesmoque 
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envolva organizações criminosas internacionais. 
O TPI é um órgão judicial de abrangência internacional, 
instituído pelo Estatuto de Roma, que, em vigor desde 2002, 
responsabiliza criminalmente pessoas e não Estados em 
relação a quatro tipos de crimes: 
- Genocídios 
- Crimes de guerra 
- Crimes contra a humanidade 
- Crimes de agressão 
 
Enfim, observa-se que aulas anteriores estudamos esses órgãos de 
maneira pormenorizada. Assim, vamos agora nos ater a alguns aspectos dos 
mecanismos convencional e extraconvencional da ONU. 
No sistema das Nações Unidas, a responsabilização dos Estados 
em matéria de direitos humanos está dividida em duas formas: 
• convencional 
• extraconvencional 
Vamos ver cada um deles de forma detalhada. 
 
SISTEMA CONVENCIONAL DA ONU: 
 
O Sistema convencional da ONU se divide em três mecanismos: 
� não-contencioso 
� quase-judicial 
� judicial 
O mecanismo não-contencioso possui raízes em antigas técnicas e 
práticas de diplomacia internacional como os bons ofícios e a conciliação. No 
Rafael Verol
Rafael Verol
Rafael Verol
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mecanismo não-contencioso contemporâneo, o principal instrumento é o do 
sistema de relatórios periódicos. Mas o principal não significa o único, pois 
existe também as observações gerais. 
No sistema de relatórios periódicos, os Estados se comprometem a 
enviar informes, nos quais devem constar, ou seja, relatar, as ações que 
realizaram para respeitar e garantir os direitos mencionados nesses tratados. 
Os informes são analisados por especialistas independentes 
pertencentes a um organismo internacional (normalmente um comitê), sendo 
que o princípio orientador desse sistema é o da cooperação internacional e 
busca de evolução na proteção aos direitos humanos. 
O sistema de relatórios além de ser um mecanismo convencional é 
também uma forma de supervisão, visto que ele é desenvolvido por 
organismos internacionais, logo, é um mecanismo coletivo ou institucional. 
A entrega de relatórios é obrigação internacional assumida em 
nove importantes tratados internacionais de direitos humanos (chamados no 
jargão diplomático de “big nine”). 
Os nove principais tratados de direitos humanos: 
• Convenção internacional sobre eliminação de todas as formas 
de discriminação racial (1965) 
• Pacto internacional dos direitos civis e políticos (1966) 
• Pacto internacional dos direitos econômicos, sociais e 
culturais (1966) 
• Convenção internacional sobre eliminação de todas as formas 
de discriminação contra a mulher (1979) 
• Convenção internacional contra a tortura (1984) 
• Convenção internacional sobre os direitos da criança (1989) 
• Convenção internacional para a proteção dos trabalhadores 
migrantes e suas famílias (ainda NÃO recepcionada pelo 
brasil) 
• Convenção sobre os direitos das Pessoas com Deficiência 
Rafael Verol
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(recepcionada no Brasil como Emenda à Constituição). 
• Convenção para proteção de todas as pessoas contra o 
desaparecimentos forçados (ainda NÃO recepcionada pelo 
brasil). 
 
Cada Convenção listada acima: 
� Estabeleceu um Comitê específico para supervisionar os 
relatórios periódicos (por isso esses órgãos são chamados de 
“treaty bodies”, ou seja, “órgãos de tratado”) 
� Indicou o órgão responsável pela análise dos informes e pelo 
posterior diálogo com o Estado. 
Os Comitês contam com o apoio administrativo do Alto 
Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos para 
desempenharem suas tarefas. 
A periodicidade da apresentação dos relatórios varia de acordo com 
cada tratado internacional: 
 
Tratado internacional Prazos do relatório 
Convenção internacional sobre eliminação de todas 
as formas de discriminação racial 
- 1 ano (apresentação 
do 1º relatório) 
- 2 anos (após o 1º) 
ou sempre que o 
Comitê solicitar. 
Pacto internacional dos direitos civis e políticos - 1 ano (apresentação 
do 1º relatório) 
- sempre que o Comitê 
solicitar (após o 1º) 
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Pacto dos direitos econômicos, sociais e culturais - A ser definido pelo 
ECOSOC1 da ONU. 
Convenção internacional sobre eliminação de todas 
as formas de discriminação contra a mulher 
- 1 ano (apresentação 
do 1º relatório) 
- 4 anos (após o 1º) 
ou sempre que o 
Comitê solicitar. 
Convenção internacional contra a tortura - 1 ano (apresentação 
do 1º relatório) 
- 4 anos (após o 1º). 
Convenção sobre os direitos da criança - 2 anos (apresentação 
do 1º relatório) 
- 5 anos (após o 1º). 
Convenção internacional para a proteção dos 
trabalhadores migrantes e suas famílias 
- 1 ano (apresentação 
do 1º relatório) 
- 5 anos (após o 1º) 
ou sempre que o 
Comitê solicitar. 
 
As recomendações emitidas pelos Comitês relacionadas aos 
relatórios periódicos e às observações gerais NÃO possuem força vinculante. 
As principais críticas ao sistema de relatórios são: 
• Pouca flexibilidade para combater situações de emergência 
de violações de direitos humanos 
• Concentração das informações nas mãos do Estado 
• Diversidade de Comitês produz práticas díspares e uma 
sobrecarga de trabalho nos Estados, quando não há 
redundâncias nos relatórios enviados. 
• Nada impede recomendações contraditórias emitidas pelos 
diferentes Comitês. 
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• Porém, a PRINCIPAL de todas é: a ausência de um sistema 
mais efetivo de responsabilização internacional do Estado. 
 
No mecanismo QUASE-JUDICIAL refere-se aos meios, instituídos no 
seio das convenções internacionais da ONU, que permitem a responsabilidade 
internacional dos Estados em caso de constatação de violação aos direitos 
humanos. 
Esses mecanismos são geridos por comitês que, por não serem 
órgãos judiciais propriamente ditos, manifestam-se por meio de 
recomendações. 
Existem dois tipos de mecanismos quase-judiciais: 
� Comunicações interestatais (petições de Estados) 
� Petições individuais (de particulares) 
 
As comunicações interestatais são petições formuladas por um 
Estado contra outro Estado denunciando-o por uma conduta violadora de 
norma internacional de proteção dos direitos humanos. 
 
Os TRATADOS INTERNACIONAIS que preveem esse mecanismo: 
• Convenção internacional sobre eliminação de todas as formas 
de discriminação racial (Adesão obrigatória) 
• Pacto internacional dos direitos civis e políticos (adesão 
facultativa) 
• Convenção internacional contra a tortura (adesão facultativa) 
• Convençãopara proteção de trabalhadores migrantes e suas 
famílias (adesão facultativa) 
Dos tratados mencionados acima, apenas um previa a aplicação 
 
1 Conselho Econômico e Social da ONU. 
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desse mecanismo de forma obrigatória a todas as partes que assinam o 
tratado (Convenção sobre discriminação racial), enquanto que nos demais 
tratados o direito à petição é uma cláusula facultativa que o Estado-Parte do 
tratado pode decidir se irá se submeter ou não à referida norma. 
As petições individuais são petições formuladas por particulares 
(cidadãos atuando de forma individual ou coletiva) que denunciam um Estado 
alegando que o mesmo pratica uma conduta violadora de norma internacional 
de proteção dos direitos humanos. 
Os tratados internacionais que preveem esse mecanismo: 
• Convenção sobre discriminação racial (adesão facultativa) 
• Pacto dos direitos civis e políticos (Protocolo de adesão 
facultativa) 
• Pacto dos direitos econômicos, sociais e culturais (Protocolo 
de adesão facultativa) 
• Convenção sobre discriminação contra a mulher (Protocolo de 
adesão facultativa) 
• Convenção contra a tortura (adesão facultativa) 
• Convenção sobre os direitos da criança (Protocolo de adesão 
facultativa) 
• Convenção para proteção de trabalhadores migrantes e suas 
famílias (adesão facultativa) 
Assim, não bastava o Estado ser parte do tratado para que uma 
vítima de violação de qualquer direito humano por esse Estado pudesse efetuar 
uma denúncia contra o mesmo, pois o Estado necessitaria consentir em ser 
submetido ao referido sistema de petições individuais. 
No mecanismo JUDICIAL de plano universal temos o Tribunal 
Internacional de Justiça (TIJ), também conhecida como Corte Internacional de 
Justiça (CIJ) que apesar de não ser um órgão exclusivamente de direitos 
humanos, pois ele detém uma abrangência que engloba todo o Direito 
Internacional Público, ainda assim possui um papel restrito em termos de 
Rafael Verol
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responsabilização do Estado como violador de direitos humanos, em razão de 
dois limitadores de ordem processual: 
• Jus standi 
• Caráter facultativo da jurisdição da CIJ 
O jus standi se refere à legitimidade ativa e passiva nos processos 
submetidos à CIJ, os quais somente podem ser exercidos por Estados. 
A submissão à jurisdição da CIJ é de caráter facultativo, ou seja, é 
preciso que o Estado se manifeste pela adesão à citada jurisdição pela Corte 
Internacional de Justiça. 
Ainda assim, é preciso que, antes de iniciar o processamento 
judicial em questão, sejam efetuadas tentativas de conciliação e da 
arbitragem, sendo o recurso à CIJ uma medida subsidiária e ultima ratio, ou 
seja, a última medida a ser tomada para resolver o problema. 
 
Uma dica: o aluno deverá observar os dispositivos contidos nos 
tratados internacionais que constam no final das aulas 7 e 8 deste curso. Neles 
há diversos detalhes relacionados ao funcionamento dos mecanismos 
convencionais. 
 
SISTEMA EXTRACONVENCIONAL DA ONU: 
 
Esse sistema é composto por procedimentos especiais perante 
os órgãos das Nações Unidas, com base no dever de cooperação dos Estados, 
estabelecido no art. 55, letra “c”, da Carta das Nações Unidas que possui o 
seguinte teor: 
 Artigo 55º 
Com o fim de criar condições de estabilidade e bem-estar, 
necessárias às relações pacíficas e amistosas entre as 
Nações, baseadas no respeito do princípio da igualdade de 
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direitos e da autodeterminação dos povos, as Nações Unidas 
promoverão: 
a. A elevação dos níveis de vida, o pleno emprego e 
condições de progresso e desenvolvimento econômico e 
social; 
b. A solução dos problemas internacionais econômicos, 
sociais, de saúde e conexos, bem como a cooperação 
internacional, de caráter cultural e educacional; 
c. O respeito universal e efetivo dos direitos do 
homem e das liberdades fundamentais para todos, 
sem distinção de raça, sexo, língua ou religião. 
 
O nome extraconvencional deriva do fato desse instrumento não 
se originar de uma convenção internacional específica (ex. Convenção 
internacional sobre a discriminação racial, discriminação da mulher, tortura, 
etc.), mas do documento fundador do sistema ONU. 
O Conselho de Direitos Humanos (assumindo a tarefa 
anteriormente atribuída à Comissão de Direitos Humanos), órgão que recebe 
petições individuais referentes à violação de direitos humanos, com base em 
certos requisitos previstos nos Procedimentos especiais 1235 e 1503. 
O Conselho de Direitos Humanos prevê um procedimento específico 
para apuração de violações aos direitos humanos chamado de mecanismo de 
Revisão Periódica Universal (RPU). 
O RPU é aplicado da seguinte forma: 
• Um Estado apresenta um relatório nacional sobre a situação 
geral de direitos humanos em seu território. 
• Esse Estado tem a sua situação de direitos humanos 
submetida à avaliação dos demais membros do Conselho de 
Direitos Humanos (e também qualquer Estado interessado). 
• Esse processo é relatado por três outros Estados (troika). 
Rafael Verol
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Rafael Verol
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• Relatório final (outcome report) feito pela troika é submetido 
à aprovação pelo plenário (colegiados de membros 
integrantes) do Conselho de Direitos Humanos. 
O mecanismo de Revisão Periódica Universal foi criado para 
substituir outros procedimentos especiais com o mesmo fim como o 
Procedimento 1235 (oriundo de membros da antiga Comissão de Direitos 
Humanos) e o Procedimento 1503 (oriundo de particulares). 
Sucede que como não foram revogados os citados procedimentos 
especiais (o 1235 e o 1503) eles continuam em vigor paralelamente ao 
mecanismo de RPU. 
O RPU se encontra disciplinado pela Resolução 5/1, de 18 de junho 
de 2007, do Conselho de Direitos Humanos da ONU. 
De acordo com a Carta da ONU, o Conselho de Segurança não 
possuiria um papel ativo na proteção dos direitos humanos, sendo esse papel 
relegado ao Conselho Econômico e Social, à Assembléia Geral e ao extinto 
Conselho de Tutela. 
Na atualidade, porém, o Conselho de Segurança vem 
desempenhado algumas funções nessa matéria ao editar várias resoluções em 
face de situações de direitos humanos, considerando-as como ameaças à paz, 
nos termos do art. 39 da Carta das Nações Unidas. 
Além dessas resoluções, existem duas medidas adotadas pelo 
Conselho de Segurança, supostamentepara proteger os direitos humanos, que 
ainda são consideradas polêmicas: 
• Criação de tribunais internacionais penais ad hoc 
• Criação de “listas sujas” de pessoas e entes de apoio ao 
terrorismo internacional. 
 
O principal questionamento a essas medidas estaria no fato de elas 
constituírem eventuais abusos por parte desse órgão da ONU. 
 
Rafael Verol
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Os órgãos convencionais são as instituições das NAÇÕES 
UNIDAS que controlam a aplicação dos principais instrumentos internacionais 
relativos aos direitos humanos. Estão previstos em nas diversas Convenções 
Internacionais de Direitos Humanos (PICP, PIDESC, etc). 
 
Existem sete órgãos convencionais: 
• Comitê dos Direitos Humanos (HCR) 
• Comitê de Direitos Econômicos, Sociais e Culturais 
(CESCR) 
• Comitê pela Eliminação da Discriminação Racial (CERD) 
• Comitê pela Eliminação da Discriminação das Mulheres 
(CEDAW) 
• Comitê Contra a Tortura (CAT) 
• Comitê dos Direitos da Criança (CRC) 
• Comitê dos Trabalhadores Migrantes (CMW) 
 
Na próxima Aula daremos continuidade ao nosso estudo de Direitos 
Humanos. 
De todo modo, curtam alguns exercícios!!!! 
Abaixo 2 listas de Exercícios: a 1ª com comentários e a 2ª apenas 
com gabarito. 
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Rafael Verol
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EXERCÍCIOS COMENTADOS 
 
QUESTÃO 139 (PC/TO - Ponto dos Concursos - Ricardo Gomes): Julgue 
o item a seguir, relativo ao tema Globalização e Direitos Humanos, marcando C 
(certo) ou E (errado): 
Os crimes de competência do Tribunal Penal Internacional prescrevem com o 
decurso do tempo. 
 
COMENTÁRIOS: 
É o contrário. Os crimes de competência do TPI não prescrevem, 
conforme dispõe o Estatuto de Roma. 
 
RESPOSTA CERTA: E 
 
QUESTÃO 140 (SENADO - Advogado – 2008 - Adaptada): Julgue o item a 
seguir, marcando C (certo) ou E (errado): 
O Tribunal Penal Internacional é jurisdição recepcionada pela Constituição 
Brasileira, a despeito de seu art. 5º, inciso XXXVIII, que não admite juízo ou 
tribunal de exceção. 
 
COMENTÁRIOS: 
A despeito do art. 5º, inciso XXXVIII, da Constituição de 1988, 
prever essa norma contida no enunciado da questão, o mesmo é falso, pois o 
TPI se encontra previsto expressamente no art. 5º, § 4º, da mesma 
Constituição de 1988. 
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RESPOSTA CERTA: C 
 
QUESTÃO 141 (PC/TO - Ponto dos Concursos - Ricardo Gomes): Julgue 
o item a seguir, marcando C (certo) ou E (errado): 
 
O TPI se orienta pelo princípio da primazia de jurisdição, segundo o qual ele 
deve agir em todas as situações em que houver crimes contra a humanidade, 
cabendo aos Estados atuar subsidiariamente, mesmo que queira ou tenha 
condições de fazer esse julgamento. 
 
COMENTÁRIOS: 
O TPI foi instituído por meio de um tratado internacional chamado 
Estatuto de Roma que entrou em vigor em 2002. Um Estado para ser 
submetido à jurisdição do TPI precisa fazer parte do Estatuto de Roma. 
Todavia, deve ser recordado que o TPI se orienta pelo princípio da 
subsidiariedade, isto significa que o TPI somente pode agir, caso o Estado: 
� Não queira julgar os crimes; ou 
� Não tenha condições de fazer esse julgamento. 
 
Logo, o enunciado da questão está errado. 
 
RESPOSTA CERTA: E 
 
QUESTÃO 142 (DPE/MA- CESPE – Defensor Público - 2011): Julgue o 
item a seguir, Julgue o(s) item(ns) que se segue(m), referente(s) ao direito 
internacional dos direitos humanos, marcando C (certo) ou E (errado): 
A Carta de São Francisco é pioneira ao estabelecer que o Estado é obrigado a 
garantir direitos básicos a todos sob sua jurisdição, nacionais ou estrangeiros. 
 
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COMENTÁRIOS: 
Os direitos humanos estiveram na base da criação da ONU e 
constituem um dos seus objetivos (cf. artigo 1º, nº 3 da Carta da ONU). A 
elaboração de instrumentos de direitos humanos e a promoção do gozo destes 
direitos foram, aliás, uma das primeiras tarefas que as Nações Unidas se 
dedicaram, desde a sua fundação. 
A própria Carta da ONU (também conhecida como “de São Francisco”) foi 
pioneira ao estabelecer que o Estado é obrigado a garantir direitos básicos a 
todos sob sua jurisdição, nacionais ou estrangeiros. 
 
RESPOSTA CERTA: C 
 
QUESTÃO 143 (DPE/MA- CESPE – Defensor Público - 2011): Julgue o 
item a seguir, referente ao direito internacional dos direitos humanos, 
marcando C (certo) ou E (errado): 
O Tribunal Penal Internacional visa reprimir a conduta de qualquer pessoa que, 
conhecendo a finalidade e a atividade criminosa geral de um grupo criminoso 
organizado ou a sua intenção de cometer infrações, dele participe ativamente. 
 
COMENTÁRIOS: 
Outra particularidade é o Tribunal Penal Internacional, organismo 
que não está diretamente ligado à estrutura administrativa da ONU, contudo, 
possui a natureza de organismo internacional criado pelo Estatuto de Roma 
(um tratado internacional) com a competência para cuidar de alguns crimes 
específicos e NÃO qualquer crime de repercussão internacional, mesmo que 
envolva organizações criminosas internacionais. 
O TPI é um órgão judicial de abrangência internacional, 
instituído pelo Estatuto de Roma, que, em vigor desde 2002, 
responsabiliza criminalmente pessoas e não Estados em 
relação a quatro tipos de crimes: 
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- Genocídios 
- Crimes de guerra 
- Crimes contra a humanidade 
- Crimes de agressão 
 
RESPOSTA CERTA: E 
 
QUESTÃO 144 (PC/TO - Ponto dos Concursos - Ricardo Gomes): Julgue 
o item a seguir, referentes aos mecanismos convencionais e 
extraconvencionais da ONU, marcando C (certo) ou E (errado): 
A Corte Internacional de Justiça possui um papel restrito em termos de 
responsabilização do Estado como violador de direitos humanos. 
 
COMENTÁRIOS: 
No mecanismo JUDICIAL de plano universal temos o Tribunal 
Internacional de Justiça (TIJ), também conhecida como Corte Internacional de 
Justiça (CIJ) que apesar de não ser um órgão exclusivamente de direitos 
humanos, pois ele detém uma abrangência que engloba todo o Direito 
Internacional Público, ainda assim possui um papel restrito em termos de 
responsabilização do Estado como violador de direitos humanos, em razão de 
dois limitadores de ordem processual: 
• Jus standi 
• Caráter facultativo da jurisdição da CIJ 
O jus standi se refere à legitimidade ativa e passiva nos processos 
submetidos à CIJ, os quais somente podem ser exercidos por Estados. 
A submissão à jurisdição da CIJ é de caráter facultativo, ou seja, é 
preciso que o Estado se manifeste pela adesão à citada jurisdição pela Corte 
Internacionalde Justiça. 
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Ainda assim, é preciso que, antes de iniciar o processamento 
judicial em questão, sejam efetuadas tentativas de conciliação e da 
arbitragem, sendo o recurso à CIJ uma medida subsidiária e ultima ratio, ou 
seja, a última medida a ser tomada para resolver o problema. 
 
RESPOSTA CERTA: C 
 
QUESTÃO 145 (PC/TO - Ponto dos Concursos - Ricardo Gomes): Julgue 
o item a seguir, referentes aos mecanismos convencionais e 
extraconvencionais da ONU, marcando C (certo) ou E (errado): 
Entre os mecanismos convencionais da ONU, há o mecanismo judicial, que tem 
no Tribunal Penal Internacional o principal órgão de implementação desse 
mecanismo. 
 
COMENTÁRIOS: 
Como foi mencionado na questão anterior, no mecanismo JUDICIAL 
de plano universal temos o Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), também 
conhecida como Corte Internacional de Justiça (CIJ) que apesar de não ser um 
órgão exclusivamente de direitos humanos, pois ele detém uma abrangência 
que engloba todo o Direito Internacional Público, ainda assim possui um papel 
restrito em termos de responsabilização do Estado como violador de direitos 
humanos, em razão de dois limitadores de ordem processual: 
• Jus standi 
• Caráter facultativo da jurisdição da CIJ 
O jus standi se refere à legitimidade ativa e passiva nos processos 
submetidos à CIJ, os quais somente podem ser exercidos por Estados. 
A submissão à jurisdição da CIJ é de caráter facultativo, ou seja, é 
preciso que o Estado se manifeste pela adesão à citada jurisdição pela Corte 
Internacional de Justiça. 
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Ainda assim, é preciso que, antes de iniciar o processamento 
judicial em questão, sejam efetuadas tentativas de conciliação e da 
arbitragem, sendo o recurso à CIJ uma medida subsidiária e ultima ratio, ou 
seja, a última medida a ser tomada para resolver o problema. 
 
RESPOSTA CERTA: E 
 
QUESTÃO 146 (DPE/MA- CESPE – Defensor Público - 2011): No que se 
refere à proteção internacional dos direitos humanos, que é constituída por 
mecanismos unilaterais e coletivos da responsabilidade internacional do 
Estado, marque C (certo) ou E (errado): 
No sistema extraconvencional, a responsabilização do Estado por violação de 
direitos humanos inicia-se por petições de Estados e por petições de 
particulares. 
 
COMENTÁRIOS: 
Esse sistema é composto por procedimentos especiais perante 
os órgãos das Nações Unidas, com base no dever de cooperação dos Estados, 
estabelecido no art. 55, letra “c”, da Carta das Nações Unidas que possui o 
seguinte teor: 
 Artigo 55º 
Com o fim de criar condições de estabilidade e bem-estar, 
necessárias às relações pacíficas e amistosas entre as 
Nações, baseadas no respeito do princípio da igualdade de 
direitos e da autodeterminação dos povos, as Nações Unidas 
promoverão: 
d. A elevação dos níveis de vida, o pleno emprego e 
condições de progresso e desenvolvimento econômico e 
social; 
e. A solução dos problemas internacionais econômicos, 
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sociais, de saúde e conexos, bem como a cooperação 
internacional, de caráter cultural e educacional; 
f. O respeito universal e efetivo dos direitos do 
homem e das liberdades fundamentais para todos, 
sem distinção de raça, sexo, língua ou religião. 
O Conselho de Direitos Humanos prevê um procedimento específico 
para apuração de violações aos direitos humanos chamado de mecanismo de 
Revisão Periódica Universal (RPU). 
O RPU é aplicado da seguinte forma: 
• Um Estado apresenta um relatório nacional sobre a situação 
geral de direitos humanos em seu território. 
• Esse Estado tem a sua situação de direitos humanos 
submetida à avaliação dos demais membros do Conselho de 
Direitos Humanos (e também qualquer Estado interessado). 
• Esse processo é relatado por três outros Estados (troika). 
• Relatório final (outcome report) feito pela troika é submetido 
à aprovação pelo plenário (colegiados de membros 
integrantes) do Conselho de Direitos Humanos. 
O mecanismo de Revisão Periódica Universal foi criado para 
substituir outros procedimentos especiais com o mesmo fim como o 
Procedimento 1235 (oriundo de membros da antiga Comissão de Direitos 
Humanos) e o Procedimento 1503 (oriundo de particulares). 
Sucede que como não foram revogados os citados procedimentos 
especiais (o 1235 e o 1503) eles continuam em vigor paralelamente ao 
mecanismo de RPU. 
O RPU se encontra disciplinado pela Resolução 5/1, de 18 de junho 
de 2007, do Conselho de Direitos Humanos da ONU. 
De acordo com a Carta da ONU, o Conselho de Segurança não 
possuiria um papel ativo na proteção dos direitos humanos, sendo esse papel 
relegado ao Conselho Econômico e Social, à Assembléia Geral e ao extinto 
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Conselho de Tutela. 
Na atualidade, porém, o Conselho de Segurança vem 
desempenhado algumas funções nessa matéria ao editar várias resoluções em 
face de situações de direitos humanos, considerando-as como ameaças à paz, 
nos termos do art. 39 da Carta das Nações Unidas. 
 
RESPOSTA CERTA: E 
 
QUESTÃO 147 (DPE/MA- CESPE – Defensor Público - 2011): No que se 
refere à proteção internacional dos direitos humanos, que é constituída por 
mecanismos unilaterais e coletivos da responsabilidade internacional do 
Estado, marque C (certo) ou E (errado): 
O princípio informador do sistema de relatórios, principal mecanismo não 
contencioso, é o da reciprocidade, pelo qual se atribui obrigação internacional 
de respeito aos direitos humanos. 
 
COMENTÁRIOS: 
O Sistema convencional da ONU se divide em três mecanismos: 
� não-contencioso 
� quase-judicial 
� judicial 
O mecanismo não-contencioso possui raízes em antigas técnicas e 
práticas de diplomacia internacional como os bons ofícios e a conciliação. No 
mecanismo não-contencioso contemporâneo, o principal instrumento é o do 
sistema de relatórios periódicos. Mas o principal não significa o único, pois 
existe também as observações gerais. 
No sistema de relatórios periódicos, os Estados se comprometem a 
enviar informes, nos quais devem constar, ou seja, relatar, as ações que 
realizaram para respeitar e garantir os direitos mencionados nesses tratados. 
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Os informes são analisados por especialistas independentes 
pertencentes a um organismo internacional (normalmente um comitê), sendo 
que o princípio orientador desse sistema é o da cooperação internacional e 
busca de evolução na proteção aos direitos humanos. 
 
RESPOSTA CERTA: E 
 
QUESTÃO 148 (DPE/MA- CESPE – Defensor Público – 2011 - 
adaptada): No que se refere à proteção internacionaldos direitos humanos, 
que é constituída por mecanismos unilaterais e coletivos da responsabilidade 
internacional do Estado, marque C (certo) ou E (errado): 
Compete à Assembleia Geral das Nações Unidas apresentar relatórios 
periódicos para a apuração da responsabilidade dos Estados-membros em 
relação aos direitos previstos no Pacto Internacional de Direitos Civis e 
Políticos. 
 
COMENTÁRIOS: 
Essa atribuição é conferida ao Comitê de Direitos Humanos, órgão 
que desempenha a supervisão, mecanismo convencional previsto no citado 
Pacto. 
 
RESPOSTA CERTA: E 
 
QUESTÃO 149 (PC/TO - Ponto dos Concursos - Ricardo Gomes): Julgue 
o item a seguir, referentes aos mecanismos convencionais e 
extraconvencionais da ONU, marcando C (certo) ou E (errado): 
A Convenção sobre os Direitos da Criança, por meio do Protocolo Facultativo, 
possibilita que indivíduos possam apresentar petições perante o Comitê do 
mencionado tratado. 
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COMENTÁRIOS: 
As petições individuais são petições formuladas por particulares 
(cidadãos atuando de forma individual ou coletiva) que denunciam um Estado 
alegando que o mesmo pratica uma conduta violadora de norma internacional 
de proteção dos direitos humanos. 
Os tratados internacionais que preveem esse mecanismo: 
• Convenção sobre discriminação racial (adesão facultativa) 
• Pacto dos direitos civis e políticos (Protocolo de adesão 
facultativa) 
• Pacto dos direitos econômicos, sociais e culturais (Protocolo 
de adesão facultativa) 
• Convenção sobre discriminação contra a mulher (Protocolo de 
adesão facultativa) 
• Convenção contra a tortura (adesão facultativa) 
• Convenção sobre os direitos da criança (Protocolo de 
adesão facultativa) 
• Convenção para proteção de trabalhadores migrantes e suas 
famílias (adesão facultativa) 
Assim, não bastava o Estado ser parte do tratado para que uma 
vítima de violação de qualquer direito humano por esse Estado pudesse efetuar 
uma denúncia contra o mesmo, pois o Estado necessitaria consentir em ser 
submetido ao referido sistema de petições individuais. 
 
RESPOSTA CERTA: C 
 
QUESTÃO 150 (PC/TO - Ponto dos Concursos - Ricardo Gomes): No que 
se refere à proteção internacional dos direitos humanos, que é constituída por 
mecanismos unilaterais e coletivos da responsabilidade internacional do 
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Estado, marque C (certo) ou E (errado): 
O Conselho de Segurança da ONU vem atuando paulatinamente em defesa dos 
direitos humanos, respaldando no dever de garantir a paz e segurança 
internacional prevista na Carta de São Francisco. 
 
COMENTÁRIOS: 
De acordo com a Carta da ONU, o Conselho de Segurança não 
possuiria um papel ativo na proteção dos direitos humanos, sendo esse papel 
relegado ao Conselho Econômico e Social, à Assembléia Geral e ao extinto 
Conselho de Tutela. 
Na atualidade, porém, o Conselho de Segurança vem 
desempenhado algumas funções nessa matéria ao editar várias resoluções em 
face de situações de direitos humanos, considerando-as como ameaças à paz, 
nos termos do art. 39 da Carta das Nações Unidas. 
Além dessas resoluções, existem duas medidas adotadas pelo 
Conselho de Segurança, supostamente para proteger os direitos humanos, que 
ainda são consideradas polêmicas: 
• Criação de tribunais internacionais penais ad hoc 
• Criação de “listas sujas” de pessoas e entes de apoio ao terrorismo 
internacional. 
 
RESPOSTA CERTA: C 
 
GABARITOS OFICIAIS 
139 140 141 142 143 144 145 146 147 148 
E C E C E C E E E E 
149 150 
C C 
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EXERCÍCIOS COM GABARITO 
 
QUESTÃO 139 (PC/TO - Ponto dos Concursos - Ricardo Gomes): Julgue 
o item a seguir, relativo ao tema Globalização e Direitos Humanos, marcando C 
(certo) ou E (errado): 
Os crimes de competência do Tribunal Penal Internacional prescrevem com o 
decurso do tempo. 
 
QUESTÃO 140 (SENADO - Advogado – 2008 - Adaptada): Julgue o item a 
seguir, marcando C (certo) ou E (errado): 
O Tribunal Penal Internacional é jurisdição recepcionada pela Constituição 
Brasileira, a despeito de seu art. 5º, inciso XXXVIII, que não admite juízo ou 
tribunal de exceção. 
 
QUESTÃO 141 (PC/TO - Ponto dos Concursos - Ricardo Gomes): Julgue 
o item a seguir, marcando C (certo) ou E (errado): 
 
O TPI se orienta pelo princípio da primazia de jurisdição, segundo o qual ele 
deve agir em todas as situações em que houver crimes contra a humanidade, 
cabendo aos Estados atuar subsidiariamente, mesmo que queira ou tenha 
condições de fazer esse julgamento. 
 
QUESTÃO 142 (DPE/MA- CESPE – Defensor Público - 2011): Julgue o 
item a seguir, Julgue o(s) item(ns) que se segue(m), referente(s) ao direito 
internacional dos direitos humanos, marcando C (certo) ou E (errado): 
A Carta de São Francisco é pioneira ao estabelecer que o Estado é obrigado a 
garantir direitos básicos a todos sob sua jurisdição, nacionais ou estrangeiros. 
 
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QUESTÃO 143 (DPE/MA- CESPE – Defensor Público - 2011): Julgue o 
item a seguir, referente ao direito internacional dos direitos humanos, 
marcando C (certo) ou E (errado): 
O Tribunal Penal Internacional visa reprimir a conduta de qualquer pessoa que, 
conhecendo a finalidade e a atividade criminosa geral de um grupo criminoso 
organizado ou a sua intenção de cometer infrações, dele participe ativamente. 
 
QUESTÃO 144 (PC/TO - Ponto dos Concursos - Ricardo Gomes): Julgue 
o item a seguir, referentes aos mecanismos convencionais e 
extraconvencionais da ONU, marcando C (certo) ou E (errado): 
A Corte Internacional de Justiça possui um papel restrito em termos de 
responsabilização do Estado como violador de direitos humanos. 
 
QUESTÃO 145 (PC/TO - Ponto dos Concursos - Ricardo Gomes): Julgue 
o item a seguir, referentes aos mecanismos convencionais e 
extraconvencionais da ONU, marcando C (certo) ou E (errado): 
Entre os mecanismos convencionais da ONU, há o mecanismo judicial, que tem 
no Tribunal Penal Internacional o principal órgão de implementação desse 
mecanismo. 
 
QUESTÃO 146 (DPE/MA- CESPE – Defensor Público - 2011): No que se 
refere à proteção internacional dos direitos humanos, que é constituída por 
mecanismos unilaterais e coletivos da responsabilidade internacional do 
Estado, marque C (certo) ou E (errado): 
No sistema extraconvencional, a responsabilização do Estado por violação de 
direitos humanos inicia-se por petições de Estados e por petições de 
particulares. 
 
QUESTÃO 147 (DPE/MA- CESPE – Defensor Público - 2011): No que se 
refere à proteção internacional dos direitos humanos, que é constituída por 
POLÍCIA CIVIL DO ESTADO DO TOCANTINS (PC-TO) 
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