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Constitucionalidade da flexibilização dos Direitos Trabalhistas

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Constitucionalidade da flexibilização dos Direitos Trabalhistas
Autores
Maria Vitória Lima de Queiroz (2); Bárbara Hellen Dantas Augusto (3).
Orientador: 
PROF.: Me. Breno Góis(1)
 (1) Trabalho executado sob orientação do Prof. Me. Breno Góis (FACEP); Faculdade Evolução Alto Oeste Potiguar; Pau dos ferros/RN. 
 (2) Trabalho executado pela autora acadêmica, Maria Vitória Lima de Queiroz, (FACEP) Faculdade Evolução Alto Oeste Potiguar; Pau dos Ferros/RN; viclimaq@outlook.com.
(3) Trabalho executado pela autora acadêmica, Bárbara Hellen Dantas Augusto, (FACEP) Faculdade Evolução Alto Oeste Potiguar; Pau dos Ferros/RN;
 
Rua José Paulino do Rego, 45| 59.900–000 | Pau dos Ferros/RN |Tel.: (84) 3351 4325-3351 2552 | www.facep.com.br.
RESUMO: A Consolidação das Leis do Trabalho é o diploma legal que se refere ao Direito do Trabalho, criada em 1° de maio de 1943, sendo que, é a mesma que exerce considerável papel de garantir patamares mínimos de dignidade e justiça social, vedando a exploração do trabalho humano, em ultraje aos valores relevantes da liberdade, justiça, solidariedade e bem comum. Como sabemos que o ramo do Direito deve ser modificado constantemente e evoluir juntamente com a sociedade, deve-se buscar sempre a compensação da desigualdade social e econômica do trabalhador, para tanto adaptando-se a todo o momento à evolução social. Por este motivo surge à teoria da flexibilização dos direitos trabalhistas com o propósito de adaptar esse dinamismo a vida laborativa, buscando assegurar um conjunto de regras ao trabalhador e, ao mesmo tempo, a sobrevivência da empresa. 
Termos de indexação: Dignidade. Flexibilização. Laborativa. 
INTRODUÇÃO
O presente trabalho tem o intuito de proporcionar uma visão geral das normas do Direito Trabalhista e sua devida adaptação a nossa sociedade atual, objetivando principalmente a flexibilização que é o nosso instrumento de estudo.
A princípio, deve-se entender que as transformações no direito trabalhista são analisadas através de princípios protetores e normas favoráveis ao empregado, o qual teve início após a promulgação da nossa Constituição Federal de 1988. Desse modo, a chamada flexibilização visa atenuar o rigor e a rigidez de certas normas e princípios jurídicos basilares deste direito.
A conversão das normas jurídicas trabalhistas está concretizada na Constituição de 88, em seu artigo 7°, o qual dispõe que são direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social, a relação de emprego protegida contra despedida arbitrária ou sem justa causa, o seguro-desemprego, o fundo de garantia do tempo de serviço, a possibilidade de modificação de salários e de jornada através de negociação coletiva, dentre vários outros preceitos. 
Destarte, nota-se que esses e vários outros fatores ocasionaram e ainda ocasionam uma repentina mudança no Direito do Trabalho, fazendo-se indispensável uma visão mais efetiva da relação entre empregado e empregador atual. 
Portanto, se faz necessário, moderar a inflexibilidade de algumas leis para permitir maior envolvimento das partes para expandir ou restringir os seus comandos, possibilitando assim, a adaptação de novas tendências. 
MATERIAL E MÉTODOS
O trabalho é resultado de uma vasta pesquisa bibliográfica acerca do tema da constitucionalidade da flexibilização dos direitos trabalhistas.
A aspiração a este assunto partiu em face do mesmo ter ocupado todas as áreas do Direito do Trabalho atual buscando uma solução para o empecilho que é o desemprego. A partir disto, começa-se uma intensa investigação em depoimentos, livros e artigos de opinião relacionados ao referido assunto. 
Vale ressaltar que, em se tratando da flexibilização, existem várias opiniões de lados distintos. Nesse contexto se faz necessário apreciar todos os lados envolvidos que forem possíveis. 
Dessa forma, parte-se da necessidade de uma investigação de acervo bibliográfico e através de uma apuração em livros, artigos e trabalhos científicos em torno do assunto abordado para se compreender melhor essa temática e averiguar a elaboração de um conhecimento coerente sobre a relevante questão de mudar, buscando chegar ao fim de esclarecer qual teoria é mais apta a trazer benefícios para ambas às partes, empregado e empregador.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
O autor Maurício Godinho discorre em relação à flexibilidade trabalhista, o seguinte:
Por flexibilização trabalhista entende-se a possibilidade jurídica, estipulada por norma estatal ou por norma coletiva negociada, de atenuação da força imperativa das normas componentes do Direito do Trabalho, de modo a mitigar a amplitude de seus comandos e/ou os parâmetros próprios para a sua incidência. Ou seja, trata-se da diminuição da imperatividade das normas justrabalhistas ou da amplitude de seus efeitos, em conformidade com autorização fixada por norma heterônoma estatal ou por norma coletiva negociada. (GODINHO, 2016, p. 67).
Nota-se, assim, que há uma flexibilidade nas normas trabalhistas tornando possível o ajustamento das mesmas nas mudanças que ocorrem em âmbito econômico e social, seja atenuando a imperatividade das leis trabalhistas ou, até mesmo, estendendo os seus efeitos.
Godinho (2016, p. 67, 68) ainda apresenta que caracterizam respectivamente, a flexibilização heterônoma trabalhista e a flexibilização autônoma trabalhista “[...] as situações em que a norma jurídica estatal realiza a própria atenuação da regra legal abstrata em referência ou, ao invés, estipula autorização para que outro agente o faça [...]” e “[...] as situações em que a negociação coletiva sindical é que realiza, na prática, a atenuação da regra legal abstrata em referência.”. 
Em vista disso, para que ocorra essa flexibilização da norma, deve-se haver, segundo Godinho (2016, p. 67) “[...] permissivo estipulado em norma estatal ou integrante de instrumento coletivo negociado [...]”. Ou seja, para ocorrer tal alteração se faz necessária estipulação em norma estatal, a qual deve seguir os ditames da Constituição Federal, ou por meio de acordos ou convenções coletivas de trabalho, os quais, para serem válidos, devem estar de acordo não somente com a CF, como também as normas estatais. 
Inúmeras são as opiniões contra e a favor dessa flexibilização. Há, por exemplo, a opinião dos que definem a flexibilidade de direitos como a apropriação das normas e a facilidade de manuseamentos destas. Por outro lado, há os que são contrários a ela, afirmando que a novel corrente representa a supressão dos direitos sociais aos trabalhistas. Na verdade, ela surge com o intuito de tornar as normas trabalhistas mais flexíveis, sendo possível realizar alterações em prol de ambos os lados da relação empregatícia (empregado e empregador), buscando garantir que os empregadores possam cumprir com todas as suas obrigações trabalhistas, inclusive, assegurando ao empregado todos os seus direitos previstos tanto legalmente como contratualmente. 
Como bem emprega Martins:
Para uns a flexibilização é o anjo, para outros o demônio. Para certas pessoas é a forma de salvar a pátria dos males do desemprego, para outras é uma forma de destruir tudo aquilo que o trabalhador conquistou em séculos de reivindicações, que apenas privilegiam os interesses do capital. (MARTINS, 2004, p. 13).
Ocorre que, o ordenamento que rege o Direito Trabalhista é a CLT, criada em 1943, momento em que havia uma sociedade totalmente dissemelhante da atual. No dia 02, de maio, de 2013, segundo o site do TST, o presidente do Tribunal Superior do Trabalho, o ministro Reis de Paula, ressaltou o quão necessário é a adaptação da CLT às mudanças trazidas pela evolução social, afirmando que se deve ratificar a proteção dos direitos básicos dos laboristas e buscar a efetiva representatividade dos sindicatos. 
Observa-se, assim, que todo o ordenamento jurídico deve adaptar-se as constantes mudanças que sofre a sociedade, sendo possível isso no âmbito do Direito do Trabalho por meio da flexibilizaçãodas suas leis, permitindo uma livre negociação entre empregador e empregado. 
Contudo, há outro ponto a ser destacado que causa argumentos contra a flexibilização, que é a posição inferior do empregado face ao seu empregador, por este motivo consagra-se no ordenamento o princípio de proteção ao trabalhador. É importante ressaltar que essa inferioridade não decorre de questões econômicas ou técnicas, sendo que ocorrem casos de empregadores com condições financeiras melhores que o seu empregador, e ainda, estando o empregado, na maioria das vezes, em posição superior no que tange ao conhecimento técnico. Essa inferioridade, na verdade, decorre de subordinação jurídica, ou seja, a obrigação que tem o empregado de prestar serviços sob as ordens do empregador, em virtude de contrato firmado. Além disso, o Estado busca total proteção aos trabalhadores, não somente por leis sempre mais benéficas aos mesmos, mas também por meio de dois institutos, sendo eles, o Ministério do Trabalho e Emprego e o Ministério Público do Trabalho. 
Por fim, é fundamental ressaltar que a Constituição Federal Brasileira de 88 prevê, em seu texto normativo, a possibilidade da flexibilização autônoma trabalhista por meio de acordos e convenções coletivas de trabalho, como disposto em seu art. 7° que trata dos direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, nos seguintes incisos: “VI – irredutibilidade do salário, salvo o disposto em convenção ou acordo coletivo; XIII – duração do trabalho normal não superior a oito horas diárias e quarenta e quatro semanais, facultada a compensação de horários e a redução da jornada, mediante acordo ou convenção coletiva de trabalho; XXVI – reconhecimento das convenções e acordos coletivos de trabalho”.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Flexibilizar não significa desrespeitar ou não aplicar a lei, pelo contrário, como foi visto, a própria legislação brasileira já estabelece a forma que essa teoria da flexibilização deve ser aplicada, justamente para impedir que ela seja empregada de maneira inadequada, beneficiando apenas uma das partes da relação empregatícia. 
Flexibilizar, na verdade, significa tornar as normas menos rígidas, de forma que seja possível molda-las por meio dos dispositivos assegurados em lei, normas heterônomas ou autônomas trabalhistas, com a finalidade de acarretar uma melhoria no âmbito laboral, garantindo proteção mínima ao trabalhador conjuntamente com a limitação do poder de ambas as partes no momento da negociação, havendo, desse modo, um acordo justo solucionando os problemas existentes em decorrências das constantes mutações trazidas pela evolução da sociedade, seja de desemprego ou demanda.
Diante de todo o exposto, vê-se que tornar as leis trabalhistas menos imperativas não quer dizer diminuir ou retirar os direitos dos trabalhadores, apenas busca-se regular, de modo diverso, algo que já está legalmente previsto em lei, porém, de forma que se adeque as frequentes exigências que a sociedade atual carece. 
REFERÊNCIAS:
a. Livro:
DELGADO, Maurício Godinho. Curso de direito do trabalho. São Paulo, LTr, 2016.
MARTINS, Sergio Pinto. Flexibilização das condições de trabalho. São Paulo: Editora Atlas, 2004.
BRASIL. Constituição Federal de 1988. Promulgada em 5 de outubro de 1988. 
b. Internet:
https://jus.com.br/artigos/12200/flexibilizacao-das-normas-trabalhistas-e-sua-constitucionalidade
http://www.avm.edu.br/monopdf/36/ROSANE%20FONSECA%20DA%20ROCHA.pdf
http://www.jurisway.org.br/v2/dhall.asp?id_dh=13158
http://periodicos.ufpb.br/ojs/index.php/primafacie/article/view/4455/3360
http://www.tst.jus.br/noticias/-/asset_publisher/89Dk/content/clt-deve-se-adaptar-as-mudancas-sociais-diz-presidente-do-tst

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