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CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 1 Contabilidade das Organizações Aula 03 Profa. Neusa Higa CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 2 Conversa Inicial Olá! Seja bem-vindo à terceira aula da disciplina Contabilidade das Organizações! Hoje estudaremos as características da informação contábil. Discutiremos nos temas a seguir os elementos que compõem o patrimônio da empresa e o que cada um representa para a organização. É importante sabermos também como eles se comportam diante dos lançamentos contábeis realizados para cada evento. Desse modo iremos revisar alguns conceitos já aprendidos, como do Método das Partidas Dobradas e do Plano Referencial. Ficou curioso? Acompanhe comigo essa história. Mas antes assista, os tópicos que estudaremos neste terceiro encontro no material on-line. Contextualizando As demonstrações contábeis disponibilizam diversas informações, dentre elas sobre o desempenho financeiro, os fluxos de entrada e saída em caixa, e a posição financeira das organizações. Como exemplo dessas vertentes, podemos citar a elaboração da Demonstração do Resultado do Exercício, a Demonstração dos Fluxos de Caixa e o Balanço Patrimonial – lembre-se que na aula anterior aprendemos que essas são algumas das demonstrações obrigatórias para as empresas. As informações apresentadas nas demonstrações tornam-se úteis para a tomada de decisão de uma vasta gama de usuários, mesmo que esses não tenham oportunamente em mãos relatórios feitos sob medida para atender as necessidades particulares de cada um (como ocorre nos relatórios gerenciais). Conforme aprendemos na aula anterior, a informação contábil pode também CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 3 atender alguns pressupostos e princípios. O cumprimento a essas condições garante legitimidade no tratamento da Contabilidade para com as empresas. Além disso, as demonstrações contábeis são capazes de evidenciar aos usuários os resultados da diligência administrativa da organização, ou seja, a performance obtida a partir da administração dos recursos (patrimônio) da empresa. O termo patrimônio é entendido na Contabilidade como os bens direitos e obrigações, e é por meio dele que se verifica a “riqueza” que a empresa possui. No entanto, a mensuração do patrimônio somente é possível a partir do registro das ocorrências (a escrituração). Como aprendemos na primeira aula, as ocorrências que modificam a situação patrimonial (fatos contábeis) são reconhecidas por meio dos lançamentos. Reconhecimento refere-se ao processo de incorporar nas demonstrações contábeis itens que mensurem receitas, despesas, ativos e passivos. Lembre-se os valores para tal mensuração devem ser medidos em bases confiáveis. A partir da escrituração (ou reconhecimento) das ocorrências, as contas contábeis (aquelas do nosso plano de contas) irão apresentar ao final do período saldos que evidenciarão as alterações nos bens, direitos e obrigações da empresa. A partir desses indicativos é possível até mesmo avaliar o quão eficiente está sendo a administração de seus sócios. Para começar a entender sobre estes indicativos, assista à videoaula da professora Neusa no material on-line. Pesquise Até o momento você sabe que a informação contábil deve atender as necessidades dos usuários. E que as informações são obtidas por meio das CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 4 demonstrações contábeis e por meio delas é possível verificar a situação patrimonial da empresa. No entanto, para fins comparativos (entre empresas, entre períodos), você concorda é necessário que exista um padrão de divulgação? Quais elementos você acredita que devem ser apresentados nas demonstrações contábeis? As Normas Brasileiras de Contabilidade (RESOLUÇÃO CFC N.º 785/95), comentam um pouco sobre elas. Aproveite o momento e faça uma pesquisa na internet, leia na íntegra esta resolução, para então, dar sequência aos seus estudos. Lançamentos Contábeis de Bens, Direitos e Obrigações Vimos que cabe a Contabilidade o registro da “vida” da empresa. A partir dos fatos contábeis são realizadas as escriturações nas respectivas contas (aquelas do nosso plano de contas) que, posteriormente, irão estruturar os livros e demonstrações contábeis. Por meio das demonstrações contábeis e possível verificar o Patrimônio da organização (conjunto de bens, direito e obrigações vinculadas a entidade). Imagine que seu patrimônio será exatamente tudo aquilo que você possui (bens e direitos) e tudo aquilo que você se comprometeu a honrar (obrigações). Desse modo, enquanto as pessoas físicas possuem um conjunto elementos (veículos, imóveis, roupas, relógios, utensílios, cartões de crédito a pagar), as entidades (de fins lucrativos ou não) os possuem também. Do ponto de vista contábil, o patrimônio é tudo aquilo que pode ser avaliado em moeda, sendo ele representado por: CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 5 1. Os bens da empresa: elementos que a empresa possui e que podem ser empregados para troca, uso ou consumo. Veja alguns exemplos: Percebe-se então que tudo o que está sob seu “controle”, possui valor econômico e que pode ser convertido em dinheiro a fim de gerar benefícios futuros a organização, pode ser considerado um bem (RIBEIRO, 2007). Eles são considerados elementos úteis e capazes de satisfazer as necessidades das pessoas e das empresas. Os bens são classificados em: Bens materiais: são entendidos como corpóreos ou tangíveis, que constituem uma forma física, concreta. São subcategorizados em: Bens móveis: são aqueles objetos palpáveis e passíveis de remoção sem sofrer danos. Exemplos: veículos, móveis, utensílios, máquinas, estoques; Bens imóveis: são elementos que não são capazes de serem retirados de seu local sem que provoque algum tipo de destruição ou danos. Exemplos: edifícios, terrenos, construções, árvores. Bens imateriais: são assim entendidos por não possuírem corpo, forma ou material. Não constituem uma realidade física, ou não são capazes de serem tocados. Exemplos: benfeitorias em imóveis de terceiros, valores implícitos em um ponto comercial (clientela, “fama do local”, tempo de existência), patentes. Exemplos: nome comercial (marca), patente de invenção, ponto comercial, o domínio de internet, etc. Bens para troca Bens para uso Bens para consumo Mercadorias para revenda; Produtos para venda; Veículos, máquinas e utensílios disponíveis para negociação. Maquinários; Computadores; Veículos; Bancadas; Cadeiras. Dinheiro; Materiais de higiene e limpeza. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 6 2. Os direitos da empresa: representa os bens da empresa em posse de terceiros (outras pessoas) que, neste caso, geram o “privilégio” de alguma forma de recebimento. Assim como os bens, os direitos representam recursos (a receber) que gerarão benefícios presentes ou futuros a entidade (RIBEIRO, 2007). Exemplos: o direito de recebimento de vendas a prazo: duplicatas a receber – promissórias a receber; a concessão de locação de um imóvel: aluguéis a receber. Obs.: Nessas situações o que se entende é que já existe o bem em posse de outra pessoa (mercadoria, produto, imóvel), porém ainda há a necessidade de recebimento pela propriedade da empresa. Importante! O elementoprincipal que diferencia BENS de DIREITOS é a posse. 3. As obrigações da empresa: representam os compromissos firmados pela empresa que são pagos a terceiros ou exigidos por terceiros. Em Contabilidade, são denominadas “obrigações a pagar ou exigíveis”, ou seja, acordos que podem ser reclamados ou exigidos na data do vencimento (SÁ, 2010). Exemplos: empréstimos bancários, títulos a pagar, fornecedores a pagar, salários a pagar, impostos a pagar. Obs.: a ideia de obrigatoriedade incide a partir do momento entre se integra o patrimônio, ou seja, a partir do recebimento do bem. Exemplo: a partir de compras de mercadorias a prazo, integra-se a obrigatoriedade de registrar o pagamento devido aos fornecedores a partir do momento em que as já estão em posse (comumente firmado a partir da emissão da nota fiscal). Lembre-se que o valor registrado na compra de produtos (aquisição de um bem), deve ser igual aos valores registrado de obrigações (pagamentos, juros, etc.). CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 7 Importante! Partidas Dobradas que já aprendemos. 1. Os bens e direitos constituem o ATIVO da organização. 2. As obrigações constituem o PASSIVO da organização. Discutimos muitas vezes que o direito e a obrigação são gerados a partir da posse. Mas qual a diferença? Vejamos um exemplo: Ao final do mês você apura que em sua conta poupança há um saldo de R$ 150.000,00. No entanto, você sabe que desse valor R$ 100.000,00 são de sua mãe, que depositou para que o valor tivesse algum rendimento. É importante que você entenda que, embora esse dinheiro esteja em sua POSSE (sua conta e manuseio) ela não é de sua PROPRIEDADE (pertence a sua mãe que o depositou). Observe que, a posse dos R$ 100.000,00 a mais na sua conta gerou a obrigação de reembolsa-lo quando sua mãe precisar, e consequentemente gerou o direito de sua mãe sacá-lo quando quiser. Veja que, o pagamento dos R$ 100.000,00 a sua mãe e o recebimento neste mesmo valor irá anular os saldos, correto? Isso acontece, pois, a contabilidade adota o método das partidas dobradas para tais lançamentos. A mesma ideia deve ocorrer caso juros/remunerações incidam sobre o valor depositado na poupança (ela terá o direito de recebe-lo e você a obrigação de pagá-lo). Agora, assista à videoaula da professora Neusa Higa sobre esse assunto no material on-line. Lançamentos Contábeis envolvendo Patrimônio Líquido A palavra patrimônio tem origem latina (patrimonium) que significa “pai” ou “pai da família”, desde o século XIII. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 8 Nessa época, cada pessoa ou família criava sua própria riqueza, seja pelo cultivo de alimentos ou criação de animais. Ao morrer, os responsáveis pela riqueza a deixavam como herança aos filhos ou parentes. A herança, recebida dos pais (pater, patris), foi então conhecida como patrimônio e até hoje representa valores, ainda que não sejam advindos de heranças. O patrimônio está associado à paternidade de uma entidade (NIYAMA; SILVA, 2013). Quando se discute o Patrimônio Líquido da empresa, estamos falando em um grupo de contas que mensura o valor contábil relativo a própria empresa (derivada de suas operações) e dos seus “responsáveis” (sócios, acionistas, quotistas). Ele é capaz de mensurar a riqueza efetiva da entidade, ou ainda, o que lhe resta após arcar com as obrigações/dívidas assumidas em curto ou longo prazo. De forma simplificada e matemática, o Patrimônio Líquido de uma empresa é definido como a diferença entre o valor do ativo (bens e direitos) e do passivo (obrigações – representadas pelas dívidas). Ou seja, o Patrimônio Líquido representa o direito residual sobre os ativos de uma organização após serem deduzidos seus valores no passivo (IUDÍCIBUS, 2010). No Balanço Patrimonial (demonstração contábil obrigatória), o Patrimônio Líquido compreende também o grupo de PASSIVO (obrigações) da organização. Entende-se que ele faz parte dos compromissos que a entidade precisa honrar para com seus sócios/administradores/acionistas acerca do capital investidos e das reservas a serem distribuídas, uma vez que foram eles que realizaram os investimentos iniciais para que a empresa mantenha suas operações. O Patrimônio Líquido é também entendido como “Direitos de propriedade” que um indivíduo possui na empresa (HENDRIKSEN; VAN BREDA, 2010). CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 9 Os direitos de participação na distribuição de caixa ou ativos das empresas; em casos em que a empresa liquide (finde as operações), são distribuições os direitos residuais dos ativos; os direitos de vender ou transferir os direitos que possuam que possuem sobre a empresa em operação – cotas, ações, participações. Exemplificando fica bem mais fácil. Confira! Patrimônio Empresa Ativo R$100.000,00 Passivo R$40.000,00 Patrimônio Líquido R$60.000,00 Total do Ativo R$100.000,00 Total do Passivo R$ 100.000,00 Sendo assim: Ativo = Passivo + Patrimônio Líquido À adequada evidenciação do Patrimônio Líquido da organização auxilia no discernimento dos interesses dos usuários e na reflexão sobre a capacidade de distribuir ou aplicar recursos. O mesmo é constituído por elementos das naturezas: interesses residuais em casos de liquidação, na distribuição de dividendos, fluxos de caixa e os direitos de participação no patrimônio líquido da organização e a formação de reservas (IUDÍCIBUS, 2010). Patrimônio Líquido Capital Capital Social Reservas Reservas de capital Reservas de Lucros Ajustes de avaliação patrimonial Ações em tesouraria Prejuízos acumulados CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 10 O Patrimônio Líquido diferencia-se das obrigações em alguns critérios, veja alguns deles: • Grau de prioridade na liquidação: as obrigações têm prioridade de recebimento se comparado aos acionistas. Exemplo: fornecedores. • Grau de certeza quanto a valor: os credores (obrigações) possuem prioridade sobre os acionistas para o recebimento de juros e amortização do principal. • Grau de certeza quanto a data: A data de vencimento de obrigações é geralmente fixa e com direito a cobrança. Quanto aos dividendos, a distribuição torna-se uma exigibilidade apenas após serem declaradas em assembleia. Antes de continuar, preste atenção ao que a professora Neusa tem a dizer sobre esse assunto! Confira no material on-line. Lançamentos Contábeis envolvendo Accruals A decisão sobre investir é normalmente antecipada pela análise de informações que garantam que os valores desembolsados irão garantir rentabilidade. Uma das principais fontes empresariais que suprem essas carências informacionais de investidores são as demonstrações contábeis. Por meio delas é possível acompanhar a distribuição das riquezas, avaliação dos ativos e as oscilações de resultados. As demonstrações contábeis, se relatadas de forma imparcial, atendem de forma eficiente as necessidades informacionais de investidores, administradores, gerentes, colaboradores/funcionários. No entanto, conforme o perfil das demonstrações contábeis, ora a evidenciação é direcionada para aspectos patrimoniais (como ocorre com o Balanço Patrimonial), ora econômicos CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 11 (Demonstração do Resultado Exercício), ou ainda para vertente financeira (Demonstração do Fluxo de Caixa). O principal paradigma nesse cenário está no sentido de que, a fim maximizar os investimentos,algumas “manobras” de registro são realizadas utilizando como respaldo o reconhecimento de eventos por meio dos regimes de competência e de caixa. E qual o problema nisso? Bem, como aprendemos, esses métodos tratam de forma diferente a data de escrituração dos fatos contábeis. A longo prazo os registros podem gerar informações tendenciosas que podem levar os usuários externos a julgamentos enviesados. Essa estratégia na escrituração de valores ocorre, pois, o lucro é frequentemente utilizado como informação para várias decisões, desde financiamentos e investimentos a estratégias administrativas. Maiores lucros tendem a atrair grande parte de investidores, porém devemos pensar em uma proposta amplamente divulgada nos dias atuais: a qualidade do lucro. Vejamos a seguir como os accruals são empregados: Termo em inglês accruals determina o registro de algumas transações financeiras em que a receita ou despesa é reconhecida antes do desembolso ou recebimento efetivo dos valores envolvidos, ou seja, pelo fato gerador (conforme os princípios de regime de competência). Nos últimos tempos eles passam a receber uma atenção especial como um indicador da qualidade do lucro, pois interferem nas diferenças existentes entre o capital circulante líquido e os recursos financeiros gerados pelas atividades operacionais. Eles representam a diferença entre o lucro contábil e o fluxo de caixa da empresa, sendo assim possível identificar os componentes que o alteram, porém não influenciam imediatamente o caixa do período (CHAN et al., 2001). Além disso, por meio deles é possível gerenciar lucros, estimulando investidores a empregar seu capital na organização (quando o lucro é inflado), CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 12 ou evitando que uma grande distribuição das riquezas seja realizada (quando o lucro é reduzido). Podemos citar alguns exemplos que eventos que, embora ocorram e são registrados contabilmente, não apresentam efetivamente o desembolso de valores (não alteram o fluxo de caixa da empresa): 1) Provisões para passivos com quantia ou data de vencimento incerta; 2) Provisões para contingências que será confirmada somente ao longo de períodos; 3) Provisões realizadas para o pagamento de férias, 13º salários e os respectivos encargos sociais; 4) Proposta para a distribuição dos dividendos mínimos obrigatórios; 5) Proposta para gratificações e participações devidas aos empregados, administradores e partes beneficiárias; 6) Reconhecimento de receitas ou despesas de juros, independentemente de serem recebidas ou pagas. Conforme você já deve ter percebido, os accruals são provisões derivadas de apropriações por competência, que ficam “entendidas” como obrigações já existentes (passivos genuínos), porém não desembolsadas ou recebidas. Accruals seriam todas aquelas contas de resultado que influenciaram na apuração do lucro, mas que não significam necessariamente que houve a movimentação de disponibilidades (STICKNEY; WEIL, 2001). Entenda que não é ilegal registrar accruals, afinal eles derivam do regime de competência adotado pela contabilidade, e por meio dele que se pode mensurar o lucro no seu sentido econômico, aquele que acrescenta a riqueza patrimonial sem necessariamente provocar alterações de movimentação financeira. No entanto, o que deve ser observado é a sua discricionariedade quando o real fim é manipulá-lo para influenciar o lucro (para mais ou para menos). CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 13 Considerando que eventualmente um aumento ou redução de accruals podem ser empregados com motivos alheios à realidade dos negócios, sugere- se que eles sejam categorizados em: • Accruals discricionários: reconhecimentos artificiais empregados com o propósito “gerenciar” o resultado contábil. Eles acabam inflando os lucros em valores bem acima dos fluxos de caixa. Exemplos: registro de vendas antecipadamente, redução das disponibilidades por meio de despesas com garantias • Accruals não discricionários: reconhecimentos condizentes e exigidos conforme a realidade do negócio. Um conceito simplificado e atrelado a esse termo é reflexão sobre a distinção entre o recebimento efetivo de caixa e o direito de seu recebimento em caixa, e o pagamento efetivo de caixa e a obrigação para pagamento de caixa. Entre essas diferenciações existe um ato principal que deve ser vinculado, a realização das provisões. Qual a importância de saber sobre accruals? Eles são capazes de impactar diretamente sobre as contas do balanço patrimonial, o que altera consideravelmente os indicadores de avaliação das empresas no Mercado de Capitais. A manipulação do reconhecimento de eventos, por sua vez, altera os resultados (conforme interesses e ambições) e fornecendo informações contábeis tendenciosas. No entanto, a não apresentação de accruals, pode também aumentar consideravelmente o lucro contábil da empresa, atraindo investidores que visem a distribuição de dividendos sobre os altos lucros apurados, que por outro podem camuflam empresas endividadas. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 14 Importante! A manipulação ou gerenciamento de resultados é diferente de fraude contábil. A fraude burla os princípios contábeis, demonstrando intenção de enganar, como ocorreram em casos como da Eron, Parmalat e Petrobrás onde foram criados ativos fictícios. Por outro lado, o gerenciamento de resultados envolve a apropriação de receitas ou despesas em períodos oportunos a fim de apresentar as condições econômicas favoráveis às financeiras. Agora é a vez da professora Neusa fazer alguns comentários sobre o assunto. Confira no material on-line. Lançamentos Contábeis a Débito e Crédito Vimos nas aulas anteriores que, os lançamentos contábeis seguem as orientações difundidas por Luca Pacioli, onde os valores a crédito e a débito devem ser iguais. Lembre-se que, diferentemente do que aplicamos em nosso cotidiano, esses termos não se relacionam diretamente ao aumento ou redução de recursos financeiros, mas a origem e aplicação deles. Nos lançamentos contábeis, contas creditadas referem-se a origem de recursos, enquanto as creditadas a sua aplicação. Então: DÉBITO representa os bens e direitos que a empresa adquiriu; CRÉDITO representa os esforços realizados para se adquirir bens ou direitos. Logo, ao se adquirir mercadorias para pagamentos a prazo, entende-se que foi necessário realizar a compromisso de pagamento com fornecedores CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 15 (lançamento credor) para que fosse possível obter sua mercadoria em estoque (bens adquiridos por meio da aplicação dos recursos – lançamento devedor). Tente seguir esta linha de raciocínio para situações como: (1) depósito de dinheiro no banco; (2) compra de máquinas a prazo; (3) pagamento de impostos em dinheiro; (4) pagamento de salários a empregados. Neste momento vamos revisar a natureza dos grupos de contas do plano referencial e as alterações ocasionadas nos seus saldos ao realizarmos lançamentos a débito ou a crédito. Importante! Caso os lançamentos sejam por algum motivo realizados erroneamente (inversão das contas, lançamentos em duplicidade, omissão de lançamentos, erro no valor), o estorno é realizado. Este procedimento consiste em debitar valores equivocadamente creditados, e creditar os debitados e possui a finalidade de retificar, complementar ou estornar valores. Ao realizar lançamentos contábeis, siga quatropassos (RIBEIRO, 2007): 1) Identifique as contas envolvidas no fato; Classificação das contas Grupo Natureza Aumento dos saldos Redução dos saldos Patrimonial Ativo Devedora Debitar (D) Creditar (C) Patrimonial Passivo Credora Creditar (C) Debitar (D) Patrimonial Patrimônio Líquido Credora Creditar (C) Debitar (D) De Resultado Receita Credora Creditar (C) Debitar (D) De Resultado Despesa Devedora Debitar (D) Creditar (C) De Resultado Custos Devedora Debitar (D) Creditar (C) CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 16 2) Identifique a classificação das contas (a que grupos pertencem); 3) Identifique o que o fato provocará no saldo das contas (aumentará ou reduzirá); 4) Efetue o lançamento contábil conforme o Método das Partidas Dobradas. Na linguagem contábil, além da forma padrão (D e C) apresentada anteriormente para os lançamentos de primeira à quarta fórmula, a escrituração das contas pode também ser realizada da seguinte forma: Lançamento anteriormente apresentado: Lançamento opcional também aceito Observe algumas questões até então apresentadas: Os lançamentos a débito são compostos pelos quatro elementos: Data/local, contas (patrimoniais ou de resultado), saldos e histórico. Além disso, o lançamento somente foi realizado a partir da posse do veículo, ou seja, após a emissão do documento comprobatório – NOTA FISCAL CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 17 – que confirmasse a aquisição. Neste caso, é importante lembrarmos que a origem da compra é de responsabilidade bancária (origem do recurso financeiro), sendo os valores aplicados na conta veículos. Não deixe de acompanhar a videoaula da professora Neusa, complementando seu conhecimento. Não deixe de acompanhar no material on-line a videoaula da professora Neusa, complementando seu conhecimento. TROCANDO IDEIAS Conforme discutimos nessa aula, o patrimônio da entidade é formado por bens, direitos e obrigações. Além disso, embora represente a riqueza da organização, o Patrimônio Líquido é também considerado uma obrigação da empresa para com seus sócios, administradores, acionistas. Um bom contador deve se manter atualizado a fim de interpretar corretamente os fatos contábeis e, como consequência a forma como se refletem no dia a dia empresarial. Mantenha-se atualizado por meio de blogs, sites, redes sociais ou qualquer canal que você julgar necessário. Leve adiante os conhecimentos que você alcançou até aqui! Lembre-se: ao socializar o que aprendeu você pode enriquecer o conhecimento do outro e aprender mais. NA PRÁTICA Utilize o que você aprendeu sobre as contas contábeis e sua classificação (bens, direitos, obrigações) para escriturar os seguintes fatos contábeis e indicar sua classificação no patrimônio da empresa: CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 18 1) 02/03/2016 - Aplicação de recursos próprios dos sócios em dinheiro (no banco) para a integralização do Capital Social no valor de R$50.000,00. 2) 03/03/2016 - Venda a vista de um automóvel Ford Ka, ao Sr. José da Silva, no valor de R$ 27.000,00 conforme recibo de venda de veículos R.9875-1. 3) 03/03/2016 - Compra de mercadorias a prazo, conforme nota fiscal NF 9999, no valor de R$ 12.500,00. O ato foi formalizado via emissão de duplicata com vencimento em 30 dias. Para responder a situação-problema você precisa: 1 – Aplicação das contas pertencentes ao plano referencial. 2 – Ter noção de bens, direitos e obrigações. 3 – Compreender sobre origem e aplicação de recursos. Veja a resolução completa na videoaula no material on-line. SÍNTESE Estamos no fim desta aula. Vamos relembrar os tópicos vistos hoje? 1) Lançamentos Contábeis envolvendo bens, direitos e obrigações: São considerados como bens para lançamentos contábeis os elementos disponíveis no patrimônio da empresa que podem ser empregados para troca, uso ou consumo (são divididos em bens materiais – móveis e imóveis – e bens imateriais. São considerados como direitos os privilégios de recebimento (em valores monetários) dos bens da empresa que estão atualmente em posse de CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 19 terceiros. Os lançamentos contábeis relativos a obrigações representam os compromissos firmados pela empresa com terceiros, como obrigações a pagar. 2) Lançamentos Contábeis envolvendo Patrimônio Líquido: os lançamentos realizados no Patrimônio Líquido representam a riqueza efetiva da entidade a partir do pagamento de todas com obrigações com os recursos que possui. O mesmo é entendido como a diferença entre os valores do ativo (bens e direitos) e do passivo (obrigações), ou seja, o direito residual sobre os ativos de uma organização após serem deduzidos seus valores no passivo. 3) Lançamentos Contábeis envolvendo Accruals: compreendem o registro de transações financeiras em que a receita ou despesa é reconhecida antes do recebimento ou desembolso efetivo dos valores envolvidos. Os accruals representam a diferença entre o lucro contábil e o fluxo de caixa da empresa, evidenciando que eles apresentam os componentes que alteram o resultado da empresa, porém não influenciam imediatamente seu caixa do período. Eles são classificados em accruals discricionários e accruals não discricionários e seu conceito está diretamente relacionado ao gerenciamento de resultados. 4) Lançamentos a débito e crédito: a principal síntese ao realizar os lançamentos é: DÉBITO representa a aplicação dos recursos no fato contábil; CRÉDITO representa a origem dos recursos, ou seja, os esforços realizados para se adquirir os bens ou direitos. Veja o resumo de tudo que foi abordado nesta aula, na síntese elaborada pela professora Neusa Higa disponível no material on-line. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 20 Referências CHAN, Konan; CHAN, Louis K. C.; JEGADEESH, Narasimhan; LAKONISHOK, Josef. Earnings quality and stock returns: the evidence from accruals. Jan. 2001. Disponível em: http://papers.ssrn.com/sol3/papers.cfm?abstract_id=259691. Acesso em: 06 março 2016. HENDRIKSEN, E. S.; VAN BREDA, M. F. Teoria da contabilidade. São Paulo: Atlas, 2010 IUDÍCIBUS, S. Teoria da Contabilidade. 10. ed. São Paulo: Atlas, 2010. NIYAMA, J. K.; SILVA, C. A. T. Teoria da contabilidade. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2013. RIBEIRO, O. M. Contabilidade básica fácil. 23. ed. São Paulo: Saraiva, 2007. SÁ, A. L. Teoria da Contabilidade. 5. ed. São Paulo, 2010. STICKNEY, C. P.; WEIL, R. L. Contabilidade financeira: uma introdução aos conceitos, métodos e usos. São Paulo: Atlas, 2001.
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