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CONTABILIDADE GERAL Professor Me. José Manoel da Costa Professora Esp. Evelyn Barrozo Caetano Lima GRADUAÇÃO Unicesumar C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a Distância; COSTA, José Manoel da; LIMA, Evelyn Barrozo Caetano. Contabilidade Geral. José Manoel da Costa; Evelyn Barrozo Caetano Lima. Reimpressão Maringá-Pr.: UniCesumar, 2019. 184 p. “Graduação - EaD”. 1. Contabilidade. 2. Geral. 3.EaD. I. Título. ISBN 978-85-459-0716-9 CDD - 22 ed. 650 CIP - NBR 12899 - AACR/2 Reitor Wilson de Matos Silva Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho Pró-Reitor Executivo de EAD William Victor Kendrick de Matos Silva Pró-Reitor de Ensino de EAD Janes Fidélis Tomelin Presidente da Mantenedora Cláudio Ferdinandi NEAD - Núcleo de Educação a Distância Diretoria Executiva Chrystiano Minco� James Prestes Tiago Stachon Diretoria de Graduação e Pós-graduação Kátia Coelho Diretoria de Permanência Leonardo Spaine Diretoria de Design Educacional Débora Leite Head de Produção de Conteúdos Celso Luiz Braga de Souza Filho Head de Curadoria e Inovação Tania Cristiane Yoshie Fukushima Gerência de Produção de Conteúdo Diogo Ribeiro Garcia Gerência de Projetos Especiais Daniel Fuverki Hey Gerência de Processos Acadêmicos Taessa Penha Shiraishi Vieira Gerência de Curadoria Carolina Abdalla Normann de Freitas Supervisão de Produção de Conteúdo Nádila Toledo Coordenador de Conteúdo José Manoel da Costa Design Educacional Ana Salvadego, Giovana Vieira Cardoso Iconografia Isabela Soares Silva Projeto Gráfico Jaime de Marchi Junior José Jhonny Coelho Arte Capa Arthur Cantareli Silva Editoração Robson Yuiti Saito Matheus Felipe Davi Qualidade Textual Hellyery Agda Pedro Afonso Barth, Alessandra Sardeto Ilustração Robson Yuiti SaitoFicha catalográfica elaborada pelo bibliotecário João Vivaldo de Souza - CRB-8 - 6828 Impresso por: Viver e trabalhar em uma sociedade global é um grande desafio para todos os cidadãos. A busca por tecnologia, informação, conhecimento de qualidade, novas habilidades para liderança e so- lução de problemas com eficiência tornou-se uma questão de sobrevivência no mundo do trabalho. Cada um de nós tem uma grande responsabilida- de: as escolhas que fizermos por nós e pelos nos- sos farão grande diferença no futuro. Com essa visão, o Centro Universitário Cesumar assume o compromisso de democratizar o conhe- cimento por meio de alta tecnologia e contribuir para o futuro dos brasileiros. No cumprimento de sua missão – “promover a educação de qualidade nas diferentes áreas do conhecimento, formando profissionais cidadãos que contribuam para o desenvolvimento de uma sociedade justa e solidária” –, o Centro Universi- tário Cesumar busca a integração do ensino-pes- quisa-extensão com as demandas institucionais e sociais; a realização de uma prática acadêmica que contribua para o desenvolvimento da consci- ência social e política e, por fim, a democratização do conhecimento acadêmico com a articulação e a integração com a sociedade. Diante disso, o Centro Universitário Cesumar al- meja ser reconhecido como uma instituição uni- versitária de referência regional e nacional pela qualidade e compromisso do corpo docente; aquisição de competências institucionais para o desenvolvimento de linhas de pesquisa; con- solidação da extensão universitária; qualidade da oferta dos ensinos presencial e a distância; bem-estar e satisfação da comunidade interna; qualidade da gestão acadêmica e administrati- va; compromisso social de inclusão; processos de cooperação e parceria com o mundo do trabalho, como também pelo compromisso e relaciona- mento permanente com os egressos, incentivan- do a educação continuada. Seja bem-vindo(a), caro(a) acadêmico(a)! Você está iniciando um processo de transformação, pois quando investimos em nossa formação, seja ela pessoal ou profissional, nos transformamos e, consequentemente, transformamos também a sociedade na qual estamos inseridos. De que forma o fazemos? Criando oportu- nidades e/ou estabelecendo mudanças capazes de alcançar um nível de desenvolvimento compatível com os desafios que surgem no mundo contemporâneo. O Centro Universitário Cesumar mediante o Núcleo de Educação a Distância, o(a) acompanhará durante todo este processo, pois conforme Freire (1996): “Os homens se educam juntos, na transformação do mundo”. Os materiais produzidos oferecem linguagem dialógica e encontram-se integrados à proposta pedagógica, con- tribuindo no processo educacional, complementando sua formação profissional, desenvolvendo competên- cias e habilidades, e aplicando conceitos teóricos em situação de realidade, de maneira a inseri-lo no mercado de trabalho. Ou seja, estes materiais têm como principal objetivo “provocar uma aproximação entre você e o conteúdo”, desta forma possibilita o desenvolvimento da autonomia em busca dos conhecimentos necessá- rios para a sua formação pessoal e profissional. Portanto, nossa distância nesse processo de cresci- mento e construção do conhecimento deve ser apenas geográfica. Utilize os diversos recursos pedagógicos que o Centro Universitário Cesumar lhe possibilita. Ou seja, acesse regularmente o AVA – Ambiente Virtual de Aprendizagem, interaja nos fóruns e enquetes, assista às aulas ao vivo e participe das discussões. Além dis- so, lembre-se que existe uma equipe de professores e tutores que se encontra disponível para sanar suas dúvidas e auxiliá-lo(a) em seu processo de aprendiza- gem, possibilitando-lhe trilhar com tranquilidade e segurança sua trajetória acadêmica. A U TO RE S Professor Me. José Manoel da Costa Possui Mestrado em Metodologias para o Ensino de Linguagens e suas Tecnologias (UNOPAR, 2014/2016); Especialização em Contabilidade Geral e Auditoria (UEL, 1994/1995); e graduação em Ciências Contábeis (UEL, 1987/1993). Atuou como coordenador do Curso Bacharelado em Ciências Contábeis na modalidade EaD pela UNOPAR de 2007 a 2014. Atua como coordenador dos cursos de Ciências Contábeis e Gestão Financeira da Unicesumar EaD e como professor de disciplinas nas áreas contábil e financeira. Professora Esp. Evelyn Barrozo Caetano Lima Possui Especialização em Administração Tributária pela Universidade Castelo Branco (RJ-2007), Graduação com Láurea Acadêmica em Ciências Contábeis pela Universidade Estadual de Maringá (UEM - 2006) e experiência na área contábil e ênfase como analista fiscal. Atualmente, é Mediadora do NEAD da Unicesumar - Centro Universitário Cesumar. SEJA BEM-VINDO(A)! Caro(a) aluno(a), seja bem-vindo(a) aos conteúdos de Contabilidade Geral. Este livro didático foi escrito com muito cuidado para que você possa começar os seus estudos na área contábil, sendo estudante de Ciências Contábeis ou outras áreas empresariais. Muitos conteúdos que aqui serão estudados poderão ser aprofundados em outras dis- ciplinas. Neste livro você terá a oportunidade de conhecer a área de Contabilidade em uma abordagem geral: vamos iniciar pelos conceitos fundamentais da contabilidade e do patrimônio, depois vamos tratar da avaliação de bens comercializáveis e não comercia- lizáveis, vindo depois o processo contábil, para ao final, estudarmos as demonstrações contábeis, tão importantes para a gestão empresarial. Na Unidade I estudaremos os fundamentos para o estudo da Contabilidade, e, assim, você verá as diferenças na apuração do resultado empresarial pelo regime de caixa e regime de competência. Para que a teoria acerca da Contabilidade tenha uma funda- mentação sólida e completa, estudaremos o conceito ou definição da contabilidade, co- nheceremos também o seu objeto e objetivo, os atos e fatos administrativos, o método das partidas dobradas e a teoria das contas. Na Unidade II teremos a oportunidade de estudar o patrimônio das entidades e com- preender a sua formação - o que envolve itens positivos e negativos em sua estrutura. Para aprendermos mais sobre a estrutura patrimonial, discorreremossobre os itens do Balanço patrimonial, descrevendo os bens e direitos no ativo e as obrigações no passivo, resultando na equação: Ativos menos Passivos igual ao Patrimônio Líquido ou situação líquida. Dessa forma, estaremos aptos a desenvolver o processo contábil. Para continuar o aprendizado sobre o patrimônio, na Unidade III, vamos estudar os bens de uma empresa sob dois enfoques: os comercializáveis e os não comercializáveis. Pelo enfoque dos bens comercializáveis, vamos aprender sobre a avaliação e controle dos es- toques. Quanto à avaliação, vamos estudar os principais métodos, que são as formas de atribuirmos os custos dos itens baixados por venda ou utilização e, consequentemente, a avaliação dos itens que permanecerem em estoque no final do período, por meio das fichas de controle de estoque. Pelo enfoque dos bens não comercializáveis, o ativo imo- bilizado, veremos os métodos de depreciação para realização parcial periódica do valor dos bens que a empresa utiliza nas atividades operacionais. Na Unidade IV, a partir da simulação de fatos contábeis, faremos a contabilização dos fa- tos mais comuns que ocorrem em uma empresa comercial. Para isso, utilizaremos, como base, fatos de uma empresa pequena com poucas negociações e poucos funcionários, pois o objetivo é didático e a repetição de fatos semelhantes não contribui diretamente para o aprendizado. A contabilização simulada será feita em dois formatos: livro diário e livro razão. APRESENTAÇÃO CONTABILIDADE GERAL Depois disso, na Unidade V, veremos que as demonstrações contábeis são resul- tantes do processo contábil, o qual considera todos os fatos contábeis que ocor- reram no período. As demonstrações são elaboradas com observância das normas brasileiras de contabilidade, sendo também necessário considerar as características qualitativas, tanto as fundamentais (relevância e representação fidedigna) quanto as de melhoria (comparabilidade, verificabilidade, tempestividade e compreensibi- lidade). É com muita satisfação que, nessa longa rodovia do conhecimento contábil, percor- remos juntos pelo trecho da Contabilidade Geral. Vamos em frente! Desejamos a vocês sucesso sempre! APRESENTAÇÃO SUMÁRIO 09 UNIDADE I CONSIDERAÇÕES FUNDAMENTAIS PARA O ESTUDO DA CONTABILIDADE 15 Introdução 16 Apuração do Resultado: Caixa e Competência 19 Conceito, Definição, Objeto e Objetivo da Contabilidade 21 Atos e Fatos Administrativos 26 Método das Partidas Dobradas 29 Teoria Personalista das Contas 31 Considerações Finais UNIDADE II A ESTRUTURA PATRIMONIAL 43 Introdução 44 Patrimônio 48 Estrutura Patrimonial 53 Patrimônio Líquido 55 Considerações Finais SUMÁRIO 10 UNIDADE III BENS COMERCIALIZÁVEIS (Estoques) E BENS NÃO COMERCIALIZÁVEIS (Imobilizado) 65 Introdução 66 Estoques 68 Métodos de Avaliação e Controle dos Estoques 79 Imobilizado 81 Depreciação 89 Considerações Finais UNIDADE IV PROCESSO CONTÁBIL 101 Introdução 102 Fatos Simulados a Contabilizar 108 Formalidades e Preparação para a Escrituração Contábil 110 Registro no Livro Diário 134 Razão Simplificado (Razonetes) 141 Balancete 145 Considerações Finais SUMÁRIO 11 UNIDADE V DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS 155 Introdução 156 Características Qualitativas das Demonstrações 160 Demonstração do Resultado 163 Balanço Patrimonial 168 Outras Demonstrações 173 Considerações Finais 181 CONCLUSÃO U N ID A D E I Professor Me. José Manoel da Costa Professora Esp. Evelyn Barrozo Caetano Lima CONSIDERAÇÕES FUNDAMENTAIS PARA O ESTUDO DA CONTABILIDADE Objetivos de Aprendizagem ■ Diferenciar a apuração do resultado pelo regime de caixa e competência. ■ Aprender o conceito, definição, objeto e objetivo da contabilidade. ■ Diferenciar os atos dos fatos administrativos. ■ Conhecer o método das partidas dobradas. ■ Entender a contabilidade por meio das teorias das contas. Plano de Estudo A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade: ■ Apuração do resultado: caixa e competência ■ Conceito, definição, objeto e objetivo da contabilidade ■ Atos e fatos administrativos ■ Método das partidas dobradas ■ Teoria das contas INTRODUÇÃO Como base para o estudo da contabilidade, veremos algumas considerações iniciais que serão utilizadas como fundamento para o aprendizado sobre a con- tabilidade. Estudaremos, então, a apuração do resultado contábil, diferenciando regime de caixa de regime de competência, evidenciando que o resultado contábil obrigatoriamente deve ser apurado pelo regime de competência em cumpri- mento a normas e princípios contábeis. Abordaremos também o conceito da contabilidade, a sua definição como ciência, mas também como um processo de comunicação de informações. Iremos entender que o patrimônio é o objeto de estudo da contabilidade e o objetivo da contabilidade é o registro e controle do patrimônio. Outras considerações importantes nesta seção: o profissional con- tábil, os usuários da contabilidade e os campos de atuação da profissão. Os atos administrativos são as decisões que a gestão da empresa toma para a condução dos negócios e os fatos administrativos são toda movimentação de recursos que ocorrem decorrentes dessas decisões. Os fatos administrativos devem ser contabilizados, por isso comumente nominamos fatos contábeis. A essência do método das partidas dobradas é determinar que o registro de um fato contábil ocorrido em uma entidade sempre envolverá duas ou mais contas contábeis. Esta é a razão do equilíbrio contábil, o balanço patrimonial sempre terá o mesmo valor dos dois lados porque sempre um registro contábil ou lan- çamento envolverá duas ou mais contas, este é o Método das Partidas Dobradas, por sua característica de registro em dobro, sendo que a soma dos créditos (ori- gem de recursos) sempre será igual a soma dos débitos (aplicação dos recursos). Para explicar melhor esta questão dos débitos e créditos, podemos utilizar a teo- ria personalista das contas. Nesta teoria cada conta é uma pessoa que mantém um relacionamento financeiro com a empresa ou entidade. Vamos em frente, em busca do conhecimento destes conteúdos nesta unidade. Introdução Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 15 CONSIDERAÇÕES FUNDAMENTAIS PARA O ESTUDO DA CONTABILIDADE Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E16 APURAÇÃO DO RESULTADO: CAIXA E COMPETÊNCIA REGIME DE CAIXA O regime de caixa considera como receitas e despesas do exercício aquelas efetiva- mente recebidas e pagas dentro desse período. No regime de caixa somente serão consideradas despesas aquelas que, independentemente do período de utilização dos bens e serviços, forem pagas dentro do período de apuração do resultado. De igual forma, as despesas são consideradas no momento do pagamento, independente das compras serem efetuadas, dos materiais ou serviços serem utilizados na atividade empresarial. Tal procedimento é mais ou menos como fazemos em nossas finanças pessoais, compramos um sapato hoje para pagamento em três parcelas mensais, normalmente consideramos que teremos despesas nos três meses, independente desse sapato nos trazer benefícios por muito mais que três meses. Na sua totalidade, dificilmente se utiliza o regime de caixa, às vezes os ges- tores utilizam parcialmente. A gestão empresarial pode ser feita com base nos fluxos de caixa, utilizando assim o que aqui chamamos de regime de caixa, no entanto o resultado contábil da empresa, por obrigatoriedade das normas con- tábeis, somente pode ser apurado com base no regime de competência. REGIME DE COMPETÊNCIA O regime de competência diz respeito ao reconhecimento das receitas geradas pelas vendas realizadas e as despesas incorridas pela utilização ou consumo de bens e serviços. Também diz respeito aos ganhose perdas no período de sua Apuração do Resultado: Caixa e Competência Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 17 ocorrência, independentemente do recebimento ou do pagamento. No regime de competência, os fatos contábeis são considerados como receitas ou despesas no período em que ocorrem, momento em que são lançados nos registros con- tábeis e apresentados por meio das demonstrações contábeis. Resumindo: no regime de competência o reconhecimento das receitas são aquelas ganhas no período, não importando se foram recebidas ou não, e as despesas incorridas no período, sem importar com o pagamento ou não, serão confrontadas com as receitas para apuração do resultado. Quanto ao reconhecimento da receita, a única diferença é quanto ao recebi- mento; no regime de caixa, será considerada a receita no momento do recebimento do cliente e no regime de competência, no momento da transferência de pro- priedade do bem. Quanto ao lançamento da despesa, ocorre a seguinte divergência: enquanto no regime de caixa a despesa ocorre no momento do pagamento, no regime de competência a despesa ocorre no momento da utilização dos bens ou serviços, não é nem no momento da compra e nem por ocasião do pagamento, mas na efetiva utilização na atividade empresarial. Vamos exemplificar com alguns fatos simulados de uma empresa: ■ Pagamento do consumo de energia elétrica do mês anterior, R$500,00. ■ Compra a prazo de estoques, R$6.000,00. ■ Venda à vista R$5.000,00. ■ Custo das vendas R$3.000,00. ■ Compras à vista de estoques, R$4.000,00. ■ Venda a prazo R$3.000.00. ■ Custo das vendas R$1.500,00. ■ Consumo de água deste mês que será pago no próximo mês, R$200,00. CONSIDERAÇÕES FUNDAMENTAIS PARA O ESTUDO DA CONTABILIDADE Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E18 Tabela 1 - Apuração do resultado FATO REGIME DE CAIXA REGIME DE COMPETÊNCIA Pagamento do consumo de energia elétri- ca do mês anterior -500,00 Compra a prazo de estoques Venda à vista de mercadorias 5.000,00 5.000,00 Custo das vendas -3.000,00 Compra à vista de estoques -4.000,00 Vendas a prazo 3.000,00 Custo das vendas -1.500,00 Consumo de água do mês -200,00 Resultado 500,00 3.300,00 Fonte: os autores. Pelo regime de caixa, apuramos o resultado positivo de R$500,00, pois consi- deramos somente a compra e a venda à vista, além do pagamento da conta de consumo de energia elétrica do mês anterior. Pelo regime de competência, apuramos o resultado positivo de R$3.300,00, pois consideramos para apurar o resultado: a receita das vendas (à vista e a prazo) no valor de R$8.000,00; o custo das unidades vendidas no valor de R$4.500,00; e o reconhecimento da despesa com consumo de água do mês que será pago no mês seguinte. A NBC TG ESTRUTURA CONCEITUAL – Estrutura Conceitual para Elaboração e Divulgação de Relatório Contábil-Financeiro trata no item OB17 sobre a performance financeira refletida pelo regime de competência. Nesse item você saberá da importância do regime de competência. Basta consultar a Resolução CFC (Conselho Federal de Contabilidade) nº 1.374 de 08 de de- zembro de 2011. Para saber mais, acesse: <http://www.cfc.org.br/sisweb/ SRE/docs/RES_1374.doc>. Conceito, Definição, Objeto e Objetivo da Contabilidade Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 19 CONCEITO, DEFINIÇÃO, OBJETO E OBJETIVO DA CONTABILIDADE A contabilidade é uma ciência social, para D’Áuria (apud Padoveze, 2000), pois além de estudar o patrimônio das entidades, a contabilidade orienta, controla e regis- tra os atos e fatos da administração econômica. Temos que lembrar que Francisco D’Áuria é da escola patrimonialista, cujo auge foi na primeira metade do século XX, que destaca o patrimônio como protagonista para atuação da contabilidade. A contabilidade no Brasil teve duas influências fundamentais: escola patrimonia- lista e escola norte-americana. Vamos então buscar um conceito de contabilidade de um pesquisador formado pela escola norte-americana, Hendriksen. Para Hendriksen (apud PADOVEZE, 2000, p. 49), “a contabilidade é um processo de comunicação de informação econômica para propósitos de tomada de decisão tanto pela admi- nistração como por aqueles que necessitam fiar-se nos relatórios externos”. Percebemos que são dois enfoques bem diferentes que na contabilidade brasileira contribuíram de forma harmônica e sinérgica, pois as duas escolas do pensamento contábil são muito importantes para a contabilidade brasileira. A escola italiana, defendida por Francisco D’Áuria, nos faz lembrar o papel social da contabilidade como ciência, registrando e controlando o patrimônio das entidades. A escola norte americana, defendida por Hendriksen, nos mostra uma contabilidade gerencial, com enfoque mais prático, evidenciando-a como um pro- cesso de comunicação de informações. Podemos concatenar estes dois enfoques em uma única definição da contabilidade: a contabilidade é uma ciência que registra e controla o patrimônio das entidades, gerando informações sobre as alterações ocorridas em um determinado período, tanto na estrutura patrimonial quanto na apuração do resultado, é também um processo de comunicação das informações econômicas e financeiras aos usuários internos e externos, no tempo oportuno, contribuindo assim de forma relevante para a tomada de decisões empresariais. Por ser formada por vários setores, a contabilidade pode ser considerada um sistema de informação, mas ao mesmo tempo podemos afirmar que faz parte de um sistema de informações gerenciais dentro da gestão empresarial. Gosto muito e por isso quero compartilhar com vocês a definição da con- tabilidade dada por um administrador, Henri Fayol. Conforme este autor, a CONSIDERAÇÕES FUNDAMENTAIS PARA O ESTUDO DA CONTABILIDADE Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E20 contabilidade “deve revelar, a qualquer momento, a posição e o rumo do negó- cio. Deve dar informações exatas, claras e precisas sobre a situação econômica da empresa” (FAYOL, 1994, p. 25). Destaco nessa a frase a expressão “a qualquer momento”, pois informações fora do tempo é como o motorista que olha pelo retrovisor para ver o tamanho do buraco na estrada que fez com que o carro balan- çasse, mas não vê o buraco que está logo a frente, que fará com que o carro capote. Vamos ampliar um pouco o conceito de contabilidade a partir do que vimos até aqui, da seguinte forma: contabilidade é uma ciência que registra e controla o patrimônio das entidades, demonstrando sua evolução em um determinado período, em seguida comunica as informações aos usuários interno e externo, no tempo oportuno, contribuindo para a tomada de decisões empresariais. A contabilidade deve verificar, a qualquer momento, se a atividade da empresa está produzindo lucros ou prejuízos e de que forma esses resultados estão sendo gerados. A finalidade da contabilidade é fazer o registro e controle do patrimônio e fornecer informações acerca da composição deste e as variações patrimoniais, bem como apurar os resultados das atividades econômicas desenvolvidas para alcançar seus fins, que podem ser lucrativos ou sociais. O objeto da contabilidade é o patrimônio das entidades, pois todo o traba- lho do contador tem como foco tal patrimônio. Todos os elementos patrimoniais são considerados, lembrando que o patri- mônio é formado por bens, direitos e obrigações. Esse patrimônio não é estático, pois se modifica de acordo com as operações diárias da empresa, então pode- mos dizer que o patrimônio de uma entidade é dinâmico, pois se modifica de acordo com as atividades empresariais. Agora que você sabe qual é o objeto da contabilidade, podemos discutir sobreo seu objetivo. Já que o objeto de estudo da contabilidade é o patrimônio das entidades, podemos afirmar que o objetivo principal da contabilidade é o controle desse patrimônio. As informações relacionadas a situação econômica, financeira e patrimonial da empresa devem ser comunicadas em função da necessidade de cada usuá- rio. Enquanto o administrador utiliza informações para a gestão empresarial, os fornecedores e os bancos as utilizam para concessão de crédito, os concorrentes, para analisar o mercado, e o governo, para tributação e estatística. Atos e Fatos Administrativos Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 21 ATOS E FATOS ADMINISTRATIVOS Em uma empresa, pequena, média ou grande, decisões são tomadas rotinei- ramente. Decorrentes dessas decisões, a movimentação de recursos ocorre diariamente, motivada pelas compras, vendas, pagamentos, recebimentos e outras tantas operações econômicas ou financeiras. Os atos administrativos são as decisões que a gestão da empresa toma para a condução dos negócios; os fatos administrativos correspondem a toda movi- mentação de recursos que ocorre decorrente dessas decisões. Os fatos administrativos devem ser contabilizados, por isso, comumente os denominamos como fatos contábeis. Alguns fatos contábeis alteram os sal- dos de duas contas patrimoniais, mas não alteram a situação líquida da empresa. Nesse caso, os recursos somente trocam de lugar, por isso damos o nome de fatos contábeis permutativos. Outros fatos contábeis alteram os saldos de uma conta patrimonial (ativo ou passivo) e de uma conta de resultado (receitas, custos ou despesas), esses são chamados de modificativos, pois alteram a situação líquida da empresa. Há ainda os fatos contábeis que têm as duas características, os quais são chamados de mistos. ATOS ADMINISTRATIVOS As decisões tomadas na empresa, por mais simples que sejam, correspondem a um ato administrativo. Tais atos correspondem a uma ação administrativa que não provoca alteração nos elementos patrimoniais e nem na situação líquida no momento, mas podem vir a provocar posteriormente, portanto, a princípio, não são fatos contábeis, por isso não são considerados nos registros contábeis. Como exemplos de atos administrativos, citamos: a contratação de um empregado, a decisão em comprar de um determinado fornecedor, a contrata- ção de um seguro, a decisão de obter um financiamento para aquisição de uma máquina, a troca de um veículo usado por um novo. Normalmente, ocorrerão fatos contábeis decorrentes desses atos administrativos, mas, no momento em que o ato acontece, não temos um registro contábil a fazer. CONSIDERAÇÕES FUNDAMENTAIS PARA O ESTUDO DA CONTABILIDADE Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E22 FATOS ADMINISTRATIVOS OU CONTÁBEIS Fatos administrativos ou contábeis são os eventos que representam movimenta- ção de recursos na empresa, por isso precisam ser registrados pela contabilidade. A movimentação de recursos que ocorre na empresa não se limita a recebimen- tos e pagamentos, mas a todas as alterações, sejam aquelas que somente trocam valores entre os elementos patrimoniais não afetando a situação líquida ou aque- las que representam recursos que afetarão a apuração do resultado da empresa e consequentemente a situação líquida. Nas atividades empresariais, tanto as financeiras quanto as patrimoniais e econômicas, com frequência ocorrem fatos que provocam modificações qualita- tivas e/ou quantitativas na estrutura patrimonial, modificando ou não a situação líquida. Podemos resumir que, para a contabilidade, os fatos contábeis devem ser registrados, fazendo parte do processo contábil refletindo na elaboração das demonstrações contábeis. Fatos Administrativos Permutativos Os fatos permutativos “apenas trocam os componentes patrimoniais (contas) do Ativo e/ou do Passivo, ou somente no Patrimônio Líquido, sem que ocorra aumento ou diminuição no Patrimônio Líquido” (GRECO, AREND, GARTNER, 2007, p. 144). Esses fatos promovem movimentações de recursos nos elementos patrimoniais sem modificar a situação líquida, promovem a troca de recursos entre as contas de bens, direitos e obrigações. Vamos exemplificar para que você aprenda na prática. Exemplo 1: Recebimento de uma venda a prazo feita anteriormente a um cliente no valor de R$1.000,00. Explicação do registro desse fato: Esse valor de R$1.000,00 estava compondo o saldo da conta contábil Duplicatas a Receber ou Clientes no Ativo Circulante e representava um direito nos Ativos da Empresa. Com o registro desse fato, a conta Duplicatas a Receber ou Clientes terá uma diminuição de R$1.000,00 e a conta Caixa, caso o recebimento seja em dinheiro, terá um aumento de R$1.000,00. Mas o total do Ativo e a situação líquida da empresa não alteraram. Atos e Fatos Administrativos Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 23 No momento em que o cliente faz o pagamento em dinheiro, continuamos com o mesmo patrimônio, mas deixamos de ter um direito e passamos a ter um bem numerário, dinheiro em caixa. Muito embora não seja uma alteração quantitativa de patrimônio, é impor- tante considerar, pois, com o título a receber, dificilmente pagaríamos uma obrigação com um fornecedor. Já com o dinheiro em caixa, é possível utilizá- -lo para pagar qualquer coisa, uma vez que este então será outro fato contábil. O fato exemplificado alterou valores entre contas do ativo, mas existem fatos administrativos permutativos que alteram valores de uma conta do ativo e de outra do passivo, sem alterar a situação líquida ou o patrimônio líquido. Exemplo 2: Compra a prazo de mercadorias para estocagem e posterior revenda, no valor de R$500,00. Explicação do registro desse fato: Esse valor de R$500,00 vai representar um ativo para a empresa, um bem cujo objetivo é a venda. Se a compra fosse à vista, teríamos uma diminuição no saldo do caixa, mas como foi a prazo, temos uma dívida, uma obrigação, ou seja, temos um passivo de R$500,00. Fatos Administrativos Modificativos São os fatos contábeis que fazem a situação líquida da empresa aumentar ou dimi- nuir. Ocorrem nos fatos que movimentam recursos do ativo e passivo em virtude de receitas, custos e despesas. Promovem variações quantitativas no patrimônio, pois alteram o valor do Patrimônio Líquido da entidade. Podemos classificar os fatos contábeis modificativos em aumentativos e diminutivos. Os fatos contábeis modificativos aumentativos representam iso- ladamente aumento do Patrimônio Líquido, pois um aumento de receitas nas contas de resultado, no momento da apuração do resultado, estará contribuindo com o aumento do Patrimônio Líquido. CONSIDERAÇÕES FUNDAMENTAIS PARA O ESTUDO DA CONTABILIDADE Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E24 Fatos Administrativos Modificativos Aumentativos Uma venda à vista pode ser utilizada como exemplo, pois a origem do lançamento está na conta de receitas com vendas e a aplicação dos recursos na conta caixa, por- tanto, aumento de um ativo (entrada de recursos no caixa) e aumento de uma receita. Exemplo: Venda à vista da metade dos nossos estoques de mercadorias por R$400,00. Explicação do registro desse fato: Esse valor de R$400,00 vai represen- tar uma entrada de recursos, vai aumentar o ativo da empresa, pois será uma entrada de dinheiro no caixa, por outro lado, representa uma receita, visto que é o registro de uma venda. Com o registro dessa venda, temos um aumento na conta caixa de R$400,00, sendo, agora, um saldo de R$1.400,00 e a situação líquida sobe para R$1.400,00, aumentando, então, R$400,00. É bom lembrar que o lançamento contábil é feito na conta caixa e na conta receita com vendas ou receitaoperacional bruta, mas se somente existisse esse fato contábil no período, teríamos então um aumento no Patrimônio Líquido na apuração do resultado de R$400,00. Fatos Administrativos Modificativos Diminutivos Os fatos contábeis modificativos diminutivos representam isoladamente diminui- ção do patrimônio líquido, pois um aumento de custos ou despesas nas contas de resultado, no momento da apuração do resultado, estará contribuindo com a diminuição do Patrimônio Líquido. O registro do custo das vendas, que representa a saída dos itens do estoque, é um exemplo desse fato, pois ao mesmo tempo estamos diminuindo o saldo de uma conta do ativo e aumentando uma conta de resultado, nesse caso, os custos das mer- cadorias vendidas, que, na apuração do resultado, irão representar uma diminuição. Exemplo: Baixa da metade dos nossos estoques de mercadorias porque foram vendidos e não podem mais contar nos nossos ativos. Como o saldo do estoque é de R$500,00 e foi vendido metade, então temos que baixar R$250,00, veja que o valor das vendas foi de R$400,00, mas a baixa nos estoques será de R$250,00, pois este é o custo das vendas. Atos e Fatos Administrativos Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 25 Explicação do registro desse fato: Esse valor de R$250,00 vai representar uma diminuição no ativo da empresa, pois será uma saída de mercadorias do estoque, porque foram vendidas, por outro lado, representa um custo, pois é o registro da baixa das mercadorias vendidas. Com o registro desse custo, temos uma diminuição do saldo da conta estoques de mercadorias de R$250,00, passando de R$500,00 para R$250,00 e a situação líquida diminui em R$250,00, passando agora para R$1.150,00. Novamente, é bom lembrar que o lançamento contábil é feito na conta custo das mercadorias vendidas e na conta estoques de mercadorias, mas se somente existisse esse fato contábil no período, teríamos então uma diminuição no Patrimônio Líquido na apuração do resultado de R$250,00, passando de R$1.400,00 para R$1.150,00. Fatos Administrativos Mistos Os fatos contábeis supracitados como permutativos e modificativos podem ser considerados simples, você não acha? É, realmente são, pois envolvem recur- sos em duas contas. Podem, no entanto, ocorrer fatos que embora seja somente um fato contábil, sua contabilização deve ser feita em duas etapas, por ter um efeito permutativo e outro modificativo da situação líquida ou Patrimônio Líquido. Os fatos contábeis mistos, então, representam um mix dos permutativos e modificativos, pois ao mesmo tempo em que causam variações qualitativas tam- bém causam variações quantitativas. Exemplo: Vamos considerar que o valor a pagar a fornecedores referente a compra a prazo que fizemos no valor de R$500,00 já venceu há 30 dias e que vamos quitá-lo hoje com juros de 10%. Então temos um fato administrativo misto, pois o valor de R$500,00 é permutativo, temos uma dívida que será qui- tada com o dinheiro do caixa, mas o valor de R$50,00, que são os juros de 10%, é modificativo diminutivo, pois contribuirá para reduzir o valor da situação líquida ou patrimônio líquido. Explicação do registro desse fato: O pagamento que foi feito no valor de R$550,00 vai representar uma diminuição no ativo da empresa, pois será uma saída de recursos CONSIDERAÇÕES FUNDAMENTAIS PARA O ESTUDO DA CONTABILIDADE Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E26 do caixa, portanto o saldo do caixa, de R$1.400,00, será reduzido em R$550,00, por outro lado, teremos uma diminuição de R$500,00 no passivo na conta fornecedores e uma diminuição no patrimônio líquido de R$50,00, por termos uma despesa com juros. Com o registro desse pagamento, temos uma diminuição de saldo nas contas: caixa, diminuímos R$550,00, ficando com R$850,00; Fornecedores, diminuí- mos R$500,00, ficando com saldo ZERO; e Patrimônio Líquido, diminuímos em R$50,00, ficando com R$1.100,00. MÉTODO DAS PARTIDAS DOBRADAS A essência desse método é determinar que o registro de um fato contábil ocor- rido em uma entidade sempre envolverá duas ou mais contas contábeis. Essa é a razão do equilíbrio contábil, o balanço patrimonial sempre terá o mesmo valor dos dois lados porque sempre um registro contábil ou lançamento envolverá duas ou mais contas, esse é o Método das Partidas Dobradas, por sua caracterís- tica de registro em dobro, sendo que a soma dos créditos (origem de recursos) sempre será igual a soma dos débitos (aplicação dos recursos). A saída de recur- sos de um elemento patrimonial consequentemente motivará uma entrada de recursos de igual valor em outro elemento patrimonial, pois todo valor movi- mentado com origem em um elemento patrimonial motivará a aplicação em outro elemento patrimonial. Apesar de registros evidenciarem esse método desde o século XIII, a pri- meira vez que foi demonstrado de forma escrita foi em 1494, quando apareceu o Tratactus de Computis et Scripturis (Contabilidade por Partidas Dobradas) de Frei Luca Pacioli, enfatizando que a teoria contábil do débito e do crédito cor- responde à teoria dos números positivos e negativos, obra que contribuiu para inserir a contabilidade entre os ramos do conhecimento humano. Método das Partidas Dobradas Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 27 DÉBITOS E CRÉDITOS Antes de estudar contabilidade, talvez você considere o débito uma coisa nega- tiva e o crédito uma coisa positiva. Em contabilidade, é preciso entender esses termos de forma mais completa, pois nem sempre débito será algo negativo e crédito positivo. Os débitos em uma conta representam a situação de responsabilidade desta, como se a conta fosse uma pessoa devedora em relação à empresa. As contas do ativo, que são os bens e direitos, e as contas de resultado − despesas e custos − têm como característica saldo devedor. Por outro lado, os créditos em uma conta representam a situação de direito de haveres da conta, como se ela fosse uma credora em relação à empresa. As contas do passivo, patrimônio líquido e receitas têm como característica saldo credor. O conceito do método das partidas dobradas é de que: § Para cada causa existe um efeito § Para cada origem existe uma aplicação § Para cada crédito existe um débito FÓRMULAS DE LANÇAMENTO Podemos realizar os lançamentos pelo Método das Partidas Dobradas no livro diário, utilizando quatro fórmulas ou quatro formatos diferentes: Primeira fórmula (simples) Quando utilizamos uma conta para registrar o valor a débito e uma conta para registrar o valor a crédito. Exemplo: Compra à vista de materiais de escritório para utilização imediata, no valor de R$100,00: D − Despesas com Material de Expediente, R$100,00. C – Caixa, R$100,00. CONSIDERAÇÕES FUNDAMENTAIS PARA O ESTUDO DA CONTABILIDADE Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E28 Segunda fórmula (composta) Quando utilizamos uma conta para registrar o valor a débito e duas ou mais contas para registrar o valor a crédito. Exemplo: Compra à vista de materiais de escritório para utilização imediata, no valor de R$100,00, sendo R$50,00 pagos em dinheiro e R$50,00 pagos em cheque: D − Despesas com Material de Expediente, R$100,00. C – Caixa, R$50,00. C – Bancos conta Movimento, R$50,00. Terceira fórmula (composta) Quando utilizamos duas ou mais contas para registrar o valor a débito e uma conta para registrar o valor a crédito. Exemplo: Pagamento de uma compra a prazo feita no mês anterior, no valor de R$200,00, com juros de R$10,00 em dinheiro. D – Juros Passivos, R$10,00. D – Fornecedores, R$200,00; C – Caixa, R$210,00. Quarta fórmula (complexa) Quando utilizamos duas ou mais contas para registrar o valor a débito e duasou mais contas para registrar o valor a crédito. Exemplo: Recebimento de uma venda feita no mês anterior, no valor de R$200,00, com juros de R$10,00, sendo R$100,00 em dinheiro e R$110,00 em cheque para ser depositado em 20 dias: D − Caixa, R$100,00. D – Cheques a Receber, R$110,00. C – Duplicatas a Receber, R$200,00. C – Juros Ativos, R$10,00. Teoria Personalista das Contas Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 29 TEORIA PERSONALISTA DAS CONTAS Para explicar melhor essa questão dos débitos e créditos, podemos utilizar a teo- ria personalista das contas. Nessa teoria, cada conta é uma pessoa que mantém um relacionamento financeiro com a empresa ou entidade. Tal teoria classifica as contas em três grupos de pessoas ou agentes: AGENTES CONSIGNATÁRIOS São as pessoas que representam valores materiais e imateriais, portanto são os bens da sociedade. AGENTES CORRESPONDENTES São as pessoas que representam os valores a receber (direitos) e os valores a pagar (obrigações). PROPRIETÁRIO São as contas que representam os sócios da empresa, portanto, são as contas de interesse da sociedade, em que ocorrem as variações na situação líquida, forma- das pelo grupo Patrimônio Líquido no Balanço Patrimonial e pelas contas de resultado: receitas, custos e despesas. Exemplo 1: Quando os sócios começam a empresa, constituem a sociedade e transferem os recursos das suas contas pessoais para a empresa. Vamos regis- trar uma sociedade com o capital de R$10.000,00. Nesse fato, estão envolvidos conta “Proprietário” e conta “Agentes Consignatários”. Utilizando o Método das Partidas Dobradas, vamos dizer que a origem, causa ou crédito está na conta Capital Social − uma conta Proprietário − e a aplicação, efeito ou débito está na conta Caixa − uma conta Agentes Consignatários. CONSIDERAÇÕES FUNDAMENTAIS PARA O ESTUDO DA CONTABILIDADE Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E30 Então a conta caixa terá um débito em relação à empresa, pois foi confiada a essa “pessoa” a guarda de um valor de R$10.000,00, já a conta Capital Social, por ser uma conta proprietário, é credora desse valor. Exemplo 2: Quando a empresa compra, à vista, móveis para uso nas ativi- dades da empresa, no valor de R$2.000,00. Podemos dizer que, nesse caso, estão envolvidos dois agentes consignatá- rios, pois a movimentação dos recursos é entre bens ou entre pessoas que, pela teoria personalista das contas, representam bens. Nesse caso, a origem, causa ou crédito, está na pessoa/conta Caixa e a aplicação, efeito ou débito, está na pes- soa/conta Móveis. Então a conta caixa, que tinha um débito de R$10.000,00 em relação à empresa, repassou R$2.000,00 para a conta móveis, agora deve somente o valor de R$8.000,00 e a conta móveis, a qual não devia nada, passou a dever R$2.000,00. Nesse momento, temos dois agentes consignatários: ■ Caixa devendo R$8.000,00. ■ Móveis devendo R$2.000,00. E um agente proprietário: ■ Capital Social com R$10.000,00 a receber. Após conhecer alguns dos conceitos base para entender a contabilidade, você já é capaz de compreendê-la melhor. Investigue, descubra, questione e tenha suas próprias conclusões. Seja um bom profissional e traga sucesso para nossa profissão. Considerações Finais Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 31 CONSIDERAÇÕES FINAIS As operações econômicas, financeiras e patrimoniais que ocorrem em uma empresa podem ser classificadas em atos e fatos administrativos. Enquanto os atos administrativos não representam entradas ou saídas de recursos no momento que ocorrem, os fatos administrativos representam movimentação de recursos e, por isso, são objetos de contabilização, sendo chamados de fatos contábeis. Para registrar contabilmente esses fatos durante o processo contábil, utili- zamos o método das partidas dobradas que, em sua essência, obriga que uma movimentação de recursos da empresa seja sempre registrada em duas contas contábeis, pois uma movimentação de recursos sempre representa modificação (qualitativa, quantitativa ou ambas) na composição patrimonial ou na situação líquida. Sempre que um determinado valor é movimentado, podemos dizer que este saiu de um lugar e foi para outro, quando ocorre um fato contábil permuta- tivo, se altera a qualidade do patrimônio, pois o valor que tinha uma qualidade patrimonial passa a ter outra; isso ocorre quando compramos à vista uma mer- cadoria para revenda, pois deixamos de ter um valor no caixa e passamos a ter o mesmo valor em estoques para revenda, sendo assim, o patrimônio da empresa continua o mesmo, mas houve uma modificação em sua qualidade. Para registrar os fatos contábeis permutativos, modificativos ou mistos, uti- lizamos dois livros contábeis: diário e razão. Esses livros têm suas formalidades intrínsecas e extrínsecas e se diferenciam em seus objetivos, pois enquanto o diário mostra o registro dos fatos contábeis na ordem cronológica que ocorre, o razão organiza os lançamentos, priorizando as contas contábeis, registrando todos os fatos de uma conta, depois de outra, mantendo dentro da conta a ordem cronológica somente para os fatos dela. 32 O ENSINO DA DISCIPLINA DE CONTROLADORIA NOS PROGRAMAS DE PÓS-GRADU- AÇÃO EM NÍVEL DE ESPECIALIZAÇÃO EM CIÊNCIAS CONTÁBEIS E O PROFISSIONAL ATUANTE NO MERCADO DE TRABALHO Atualmente as empresas estão inseridas em um contexto de mudanças como: competi- ção, tecnologia, qualidade, baixo custo, flexibilidade entre outros, é neste ambiente que as mesmas buscam cada vez mais métodos e técnicas que otimizem seu desempenho econômico através de uso mais intenso do conhecimento de controle e planejamento. Esses fatores constituem oportunidades ou ameaças à sobrevivência das mesmas exi- gindo respostas eficazes que as conduzem ao alcance de seus propósitos. Neste sentido, surge a Controladoria, como órgão administrativo e como ramo do co- nhecimento, ganhando destaque por entender a dinâmica dos fatos, planejar alternati- vas de ação e sinergizar resultados das áreas, pois é a Controladoria o órgão dentro da empresa responsável pelo processo de gestão. [...] A Controladoria como ciência consiste num conjunto de princípios, métodos e proce- dimentos originários das ciências da administração, economia, psicologia, estatística e, principalmente, da contabilidade que se ocupa da gestão econômica das empresas, com a finalidade de orientá-las para a eficácia. Conforme Catelli (1999, p. 370): A Controladoria não pode ser vista como um método, volta- do ao como fazer. Para uma correta compreensão do tudo, a mesma está dividida em dois vértices: o primeiro como ramo do conhecimento responsável pelo estabelecimento de toda base conceitual, e o segundo como órgão adminis- trativo respondendo pela disseminação de conhecimento, modelagem e implantação de sistemas de informações. A Controladoria, portanto, é responsável pelo estabelecimento das bases teóricas e con- ceituais necessárias para construção e manutenção de sistemas de informação e mode- lo de Gestão Econômica que atendam adequadamente às necessidades de informação dos gestores e, ao mesmo tempo, possam auxiliar o processo de gestão quando da to- mada de decisões. [...] Se as atividades empresariais não forem capazes de gerar um resultado suficiente para assegurar a reposição do capital investido na empresa, elas estariam consumindo seu próprio potencial de geração de benefício. Sem dúvida, a manutenção dessa situação ao longo do tempo acabaria por afetar a continuidade da organização. 33 O sistema de gestão econômica considera a premissa de o valor do patrimônio líquido ter que expressar o efetivo valor da empresa. A informação do resultado gerado pelas transações, eventos e atividades permite a identificaçãoda formação do lucro, ou seja, quais as atividades que contribuem mais ou menos para a formação do resultado global da empresa. Destacam-se as interações entre o modelo de gestão, o processo de gestão e os sistemas de informação da empresa como elementos que desempenham papel fundamental para assegurar a eficácia dos gestores e, consequentemente, da empresa. Compete a Controladoria lidar com os aspectos da gestão econômica, atuando em to- das as fases do processo de gestão. É através deste processo que ela revela uma de suas maiores contribuições na busca da missão da empresa, quando na condução do proces- so de planejamento a ser desenvolvido, e na geração de informações. A Controladoria, na execução de suas atividades, utiliza-se destes dois instrumentos fun- damentais: Processo de gestão e Sistemas de informações. O modelo de gestão ideal possui um processo de gestão (planejamento, execução e controle) dinâmico, flexível e oportuno, isto é, adaptável às mudanças, com estilo participativo, voltado para a eficácia empresarial. Na gestão das diversas atividades, os gestores devem planejar cuidadosamente suas ações implementando planos e avaliações sistemáticas do desempenho realizado ante os planos idealizados. Cabe a Controladoria coordenar e participar da escolha da me- lhor alternativa, observando os aspectos econômicos, de modo a garantir a eficácia da empresa. O processo eletrônico de todos os dados empresariais representa um papel importante porque facilita a automatização de rotinas produzindo informações exatas e em tempo hábil. Estas informações destinam-se, principalmente, a direcionar a tomada de decisão. O sistema de informação possui limitações quanto às crenças dos gestores, quanto à quantidade de informações geradas e quanto à confiabilidade. Em relação à quantida- de, o volume pode não significar a tomada de decisão, pois o que os gestores precisam, é cada vez mais de informações relevantes, pois assim o processo de decisão irá melho- rar, visto que quantidade não significa qualidade. Quanto à confiabilidade, o sistema precisa ser corretamente interpretado. A empresa deve ser vista como um sistema aber- to e essencialmente dinâmico, ou seja, um conjunto de elementos interdependentes que interagem na consecução de um fim comum, que sofre permanentes influências do seu ambiente externo e interno. Fonte: Bacicheti; Rodrigues (2006). 34 1. Podemos usar na apuração dos resultados dois tipos de regimes: o regime de caixa e o regime de competência. Acerca do regime de caixa, assinale a alterna- tiva correta: a. Considera como receita os recebimentos e como despesa se o fato traz bene- fícios futuros. b. Uma receita é considerada independente do seu recebimento. c. As despesas são consideradas no momento em que ocorrem. d. Considera como receita os pagamentos realizados e como despesa o dinheiro recebido. e. As despesas são consideradas no momento do pagamento. 2. A respeito do regime de competência, assinale a alternativa correta: a. Caracteriza-se pelo reconhecimento de receitas e despesas no período que ocorrem independente do pagamento ou recebimento. b. Considera como receita os recebimentos e como despesa se o fato traz bene- fícios futuros. c. Uma receita se caracteriza pelo seu recebimento no período que ocorre inde- pendente do seu reconhecimento. d. É o único regime proibido para apurar o resultado contábil de acordo com a lei. e. Considera como receita os pagamentos realizados e como despesa o dinheiro recebido. 3. A Contabilidade é considerada uma ciência. Nela temos um objeto, um objetivo bem como uma finalidade. Analise as afirmativas e assinale a correta: a. A finalidade da contabilidade é o patrimônio das entidades. b. O objeto da contabilidade é o patrimônio das entidades. c. Já que o objeto de estudo da contabilidade é o patrimônio das entidades, podemos afirmar que a única finalidade da contabilidade é o controle desse patrimônio. d. O objetivo da contabilidade é o patrimônio das entidades. e. Já que o objetivo do estudo da contabilidade é o patrimônio das entidades, podemos afirmar que o objeto da contabilidade é o controle desse patrimô- nio. 35 4. Vimos nesta unidade que “os atos administrativos são as decisões que a gestão da empresa toma para a condução dos negócios; os fatos administrativos cor- respondem a toda movimentação de recursos que ocorre decorrente dessas de- cisões”. Sobre o tema atos e fatos administrativos, assinale a alternativa correta: a. Atos correspondem a uma ação administrativa que provoca alteração nos ele- mentos patrimoniais. b. São exemplos de atos administrativos: a contratação de um empregado, a de- cisão em comprar de um determinado fornecedor. c. Os fatos permutativos trocam os componentes patrimoniais (contas) do Ativo e/ou do Passivo, ou somente no Patrimônio Líquido, ocasionando aumento ou diminuição no Patrimônio Líquido. d. Os fatos contábeis modificativos aumentativos representam isoladamente di- minuição do Patrimônio Líquido. e. Os fatos contábeis modificativos diminutivos representam isoladamente au- mento do patrimônio líquido. 5. Nesta unidade vimos que a essência do Método das Partidas Dobradas é de- terminar que o registro de um fato contábil ocorrido em uma entidade sempre envolverá duas ou mais contas contábeis. Com base nessa informação, assinale a alternativa correta: a. Por esse método a soma dos créditos nem sempre será igual à soma dos dé- bitos. b. Por esse método o total dos ativos sempre será igual às contas a receber. c. Por esse método o total dos créditos sempre será igual ao total dos débitos. d. Por esse método o total do passivo sempre terá o mesmo valor do patrimônio líquido. e. Por esse método a soma das origens de recursos às vezes é a mesma que da aplicação de recursos. 36 6. Considere o seguinte lançamento contábil: compra à vista de mercadorias, no valor de R$1.848,00: D – Estoque de mercadorias C – Caixa R$1.848,00. A contabilização representa qual tipo de fórmula de lançamento? Assinale a al- ternativa correta: a. Lançamento composto. b. Lançamento de primeira fórmula. c. Lançamento misto. d. Lançamento de terceira fórmula. e. Lançamento de complexo. 7. Na teoria personalista das contas, cada conta é uma pessoa que mantém um re- lacionamento financeiro com a empresa ou entidade. Tal teoria classifica as con- tas em três grupos de pessoas ou agentes. Sobre esses três grupos de agentes, assinale a alternativa correta: a. Agentes correspondentes são as pessoas que representam os bens da socie- dade. b. Agentes consignatários são as pessoas que representam os valores a receber (direitos) e os valores a pagar (obrigações). c. O proprietário representam os sócios da empresa, portanto, são as contas de interesse da sociedade. d. As contas caixa e duplicatas a receber são exemplos de proprietário. e. As contas patrimônio líquido e imobilizado são exemplos de agentes corres- pondentes. Material Complementar MATERIAL COMPLEMENTAR Contabilidade Básica José Carlos Marion Editora: Atlas Sinopse: A matéria exposta neste livro procura ir além da existente em livros destinados ao ensino de iniciação à Contabilidade. Apresenta uma metodologia moderna, testada em algumas escolas e com resultados considerados satisfatórios, através de uma linguagem simples e acessível ao iniciante em contabilidade. Desenvolvido com base em autores da moderna escola de Contabilidade, apresenta a mecânica de escrituração dos lançamentos contábeis a partir de uma visão conjunta dos relatórios Contábeis, com especial ênfase no Balanço Final e na demonstração de resultado do Exercício. A matéria é apresentada em uma sequência de exploração gradativa do assunto para despertar o interesse do estudante na aprendizagem da disciplina. Procurou-se também dar um embasamento legal e tributário, possibilitando ao leitor situar-se na realidade em que a empresa atua. No final de cada capítulo são sugeridas tarefas práticasa serem desenvolvidas, proporcionando uma aprendizagem fora da sala de aula. Esta nova edição apresenta algumas atualizações necessárias conforme o Novo Código Civil (NCC). REFERÊNCIAS BACICHETI, M. S. A.; RODRIGUES, M. S. O ensino da disciplina de controladoria nos programas de pós graduação em nivel de especialização em ciências contábeis e o profissional controller atuante no mercado de trabalho. Enfoque: Reflexão Contábil (Impresso), v. 25, p. 17-28, 2006. BRASIL. Resolução nº 1.374, de 08 de dezembro de 2011. Dá nova redação à NBC TG ESTRUTURA CONCEITUAL – Estrutura Conceitual para Elaboração e Divulgação de Relatório Contábil-Financeiro. Disponível em: <http://www.cfc.org.br/sisweb/SRE/ docs/RES_1374.doc>. Acesso em: 13 maio 2016. FAYOL, H. Administração industrial e geral: previsão, organização, comando, coor- denação, controle. 10 ed. São Paulo: Atlas, 1994. GRECO, A. L.; AREND, L.; GARTNER, G. Contabilidade prática: teoria e prática bási- cas. São Paulo: Saraiva, 2007. PADOVEZE, C. L. Manual de contabilidade básica. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2000. GABARITO 39 1. e) As despesas são consideradas no momento do pagamento. 2. a) Caracteriza-se pelo reconhecimento de receitas e despesas no período que ocorrem independente do pagamento ou recebimento. 3. b) O objeto da contabilidade é o patrimônio das entidades. 4. b) São exemplos de atos administrativos: a contratação de um empregado, a de- cisão em comprar de um determinado fornecedor. 5. c) Por esse método o total dos créditos sempre será igual ao total dos débitos. 6. b) Lançamento de primeira fórmula. 7. c) O proprietário representam os sócios da empresa, portanto são as contas de interesse da sociedade. U N ID A D E II Professor Me. José Manoel da Costa Professora Esp. Evelyn Barrozo Caetano Lima A ESTRUTURA PATRIMONIAL Objetivos de Aprendizagem ■ Compreender a composição do patrimônio. ■ Conhecer a estrutura patrimonial. ■ Entender o patrimônio líquido ou situação líquida. Plano de Estudo A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade: ■ Patrimônio ■ Estrutura Patrimonial ■ Patrimônio Líquido INTRODUÇÃO Nesta unidade você aprenderá sobre o patrimônio. Serão abordados os concei- tos, a composição, a equação do patrimônio líquido e a estrutura patrimonial. É importante que você absorva plenamente essas noções básicas sobre patrimô- nio, pois como visto anteriormente, a contabilidade está pautada no patrimônio das entidades. A estrutura patrimonial evidencia visualmente o patrimônio da empresa e deve ser entendida como a demonstração dos componentes do patri- mônio da entidade. Você poderá responder ao final desta unidade qualquer pergunta sobre patrimônio no que envolve o conceito, composição e estrutura. Você terá algumas definições importantes para o estudo contábil envolvendo o patrimônio, patrimônio líquido e estrutura de forma prática. Será evidenciada também a importância do patrimônio das entidades como objeto de estudo da contabilidade. Inicialmente estudaremos o patrimônio e sua composição abordando os con- ceitos e classificações de bens, direitos e obrigações. O estudo do patrimônio nos levará ao patrimônio líquido na realidade muito mais lembrado do que o próprio patrimônio devido a sua importância na análise das demonstrações contábeis. A estrutura patrimonial é importante para a interpretação posterior do Balanço Patrimonial e na análise econômico-financeira. Veremos aqui que na estrutura patrimonial os bens e direitos representam a utilização dos recursos da entidade que foram obtidos das fontes próprias e externas. O que chamamos fontes próprias são os recursos dos investidores da empresa e as fontes externas são os recursos de terceiros que são partes indiretamente ligadas à empresa, pois juridicamente não possui nenhuma influência na organização. A modificação da situação líquida, ou patrimônio líquido, ocorre a partir do registro de fatos modificativos, pois alteram o resultado e consequentemente o saldo do patrimônio líquido. Introdução Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 43 A ESTRUTURA PATRIMONIAL Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IIU N I D A D E44 PATRIMÔNIO O Patrimônio é formado por bens materiais e imateriais, com possibilidade de avaliação em dinheiro, vinculados à entidade pela aquisição ou por recebi- mento por doação ou outro título. É formado também pelo direito jurídico de receber dinheiro de terceiros e pela obrigação de liquidação das suas dívidas. O dicionário Aurélio define patrimônio como “Herança paterna. Bens de famí- lia. Complexo de bens, materiais ou não, direito, ações, posse e tudo o mais que pertença a uma pessoa ou empresa e seja suscetível de apreciação econômica”. Padoveze (2000, p. 36) considerando de maneira mais técnica diz que o patrimô- nio “é o conjunto de riquezas de propriedade de alguém [...]”. Contabilmente o patrimônio tem dois aspectos: o qualitativo e o quantitativo. O Conselho Federal de Contabilidade descreve esses dois aspectos da seguinte forma: Por aspecto qualitativo do patrimônio entende-se a natureza dos ele- mentos que o compõem como dinheiro, valores a receber ou a pagar expressos em moeda, máquinas, estoques de materiais ou de merca- dorias etc. A delimitação qualitativa desce, em verdade, até o grau de particularização que permita a perfeita compreensão do componente patrimonial. Assim, quando falamos em “máquinas”, ainda estamos a empregar um substantivo coletivo, cuja expressão poderá ser de mui- ta utilidade, em determinadas análises. Mas a Contabilidade, quando aplicada a um patrimônio particular, não se limitará às “máquinas” como categoria, mas, dependendo das necessidades de controle poderá descer a cada máquina em particular e, mais ainda, aos seus porme- nores de forma que sua caracterização evite a confusão com quaisquer outras máquinas, mesmo de tipo idêntico. O atributo quantitativo re- fere-se à expressão dos componentes patrimoniais em valores, o que demanda que a Contabilidade assuma posição sobre o que seja “Valor”, porquanto os conceitos sobre a matéria são extremamente variados. (CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE, 2008, p. 18) BENS Toda coisa material existente não é nada se não for útil para alguém, quando algo é útil para alguém, passa a ser cabível a mensuração econômica, então, passa a Patrimônio Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 45 ser um bem. Tendo utilidade, podemos dizer que é um bem e sendo um bem, podemos precificar e realizar transações comerciais. Portanto, bens são as coisas que são úteis para satisfazer as necessidades das pes- soas, e por isso são suscetíveis de avaliação econômica. Para exemplificar vamos pensar em uma loja de roupas e calçados, quando você entra percebe que naquele ambiente comercial temos: gôndolas, balcões, araras, cabides, armários, prova- dores, prateleiras, mesas, caixa, dinheiro na gaveta, sacolas, frigobar, telefone, máquina de cartão, roupas para venda, calçados para venda, acessórios para venda, além do prédio no qual a loja está instalada. Todos estes itens mencionados são bens, alguns deles são bens para utiliza- ção na atividade da loja (denominamos imobilizado), outros são bens para venda (denominamos estoques). Dentre estes bens podemos ter alguns que não são de propriedade da empresa, como a sala comercial, que para utilizar precisamos pagar aluguel, nesta situação continua sendo um bem, mas de propriedade de outra pessoa física ou jurídica. Temos várias maneiras de classificar os bens, depende do enfoque da classi- ficação. Para o estudo contábil a principal classificação é quanto à materialidade: bens materiais e bens imateriais. Os bens materiais são aqueles que possuem corpo,matéria. Os bens mate- riais podem ser divididos em: ■ Bens móveis: que podem ser deslocados, que tenham mobilidade, levados de um lugar para outro sem avarias. Exemplo: estoques (roupas, calçados etc.), telefones, balcões, mesas etc. ■ Bens imóveis: que não podem ser removidos do lugar. Exemplo: prédio, sala comercial, terrenos, etc. Os bens imateriais são aqueles que não possuem corpo, matéria. A empresa adquire os bens imateriais e os integra ao seu patrimônio, mas não tem corpo, não são materiais. Os exemplos são quase sempre os mesmos, pois não tem muita variedade: ■ Fundo de comércio ou ponto ocorre quando uma empresa adquire o direito de se instalar em um determinado endereço. Para isso, precisa que a empresa anterior desocupe o imóvel e pague um valor. A ESTRUTURA PATRIMONIAL Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IIU N I D A D E46 ■ Marcas e patentes são todos os gastos que a empresa tem para registrar e manter o registro da sua marca e/ou dos produtos desenvolvidos. Bens tangíveis e intangíveis são sinônimos de bens materiais e imateriais respectivamente. DIREITOS Direitos são os valores que a empresa tem a receber de outra empresa e de pes- soas físicas. É o poder jurídico que uma empresa tem de exigir valores de outra empresa, pessoas físicas ou órgãos públicos. Os direitos ocorrem por diversos atos empresariais, dentre eles, podemos citar alguns exemplos: ■ Valores a receber de clientes - são decorrentes de vendas realizadas a prazo, como os clientes levaram os produtos ou mercadorias e não pagaram no ato da compra a empresa tem o direito de receber no prazo combinado. ■ Valores a receber do poder público - são decorrentes de créditos por impostos não cumulativos que legalmente serão utilizados para reduzir o valor dos impostos a pagar nos períodos seguintes. ■ Valores a receber de empregados – são decorrentes de adiantamentos de salários ou empréstimos feitos a alguns empregados, enquanto estes valo- res não forem descontados dos rendimentos, a empresa tem o direito de recebê-los. OBRIGAÇÕES As obrigações são valores que a empresa tem a pagar para outras empresas, pes- soas físicas, instituições financeiras, poder público, empregados etc., é o inverso dos direitos. As obrigações são dívidas contraídas por diversos motivos, dentre eles, as compras a prazo, a obtenção de empréstimos e financiamentos. Podemos classificar as obrigações, para fins didáticos, da seguinte forma: Patrimônio Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 47 ■ Obrigações por funcionamento – são as dívidas decorrentes de operações da empresa como compras a prazo de materiais e mercadorias e bens para a utilização na empresa. ■ Obrigações por financiamento – são as dívidas decorrentes de financia- mento de bens ou de obtenção de recursos em instituições financeiras. ■ Obrigações trabalhistas e sociais – normalmente não consideramos dívi- das os valores a pagar aos empregados e os encargos que deverão ser recolhidos ao governo, mas como a apuração da folha de pagamento deve ser feita dentro do mês trabalhado e o pagamento do salário poderá ser feito até o quinto dia útil e dos encargos nos vencimentos definidos em lei, durante o período que decorre do último dia do mês até o pagamento a empresa está devendo a empregados e governo. ■ Obrigações fiscais – são as dívidas com o órgão fiscal, seja ele federal, estadual ou municipal, como a apuração dos impostos e contribuições sociais é feita em um mês e o pagamento em períodos seguintes, durante este período a empresa tem uma dívida referente aos impostos e contri- buições sociais ainda não pagos. ■ Provisões – são as dívidas decorrentes da operação da empresa que não tem claramente data correta de pagamento ou valor correto da dívida. Os principais exemplos são as provisões trabalhistas com décimo terceiro salário e férias, que devem ser reconhecidas como despesas mensalmente, mas a sua exigibilidade será em data futura. Normalmente, não deixamos muito dinheiro no caixa da empresa, pois fica no banco. Considerando que o dinheiro em caixa é um bem, como podemos classificar o dinheiro no banco? Bem ou direito? Por quê? A ESTRUTURA PATRIMONIAL Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IIU N I D A D E48 ESTRUTURA PATRIMONIAL Aqui você terá contato com o conteúdo que te levará ao aprendizado da estrutura patrimonial de uma forma diferente, teórica. Cada um dos grupos de contas que compõem a estrutura patrimonial e também as contas de resultado será expli- cado detalhadamente, para que você aprenda a estrutura patrimonial por um enfoque conceitual e exemplificativo. Podemos representar a estrutura do patrimônio da seguinte forma: Figura 1: Estrutura Patrimonial ESTRUTURA PATRIMONIAL ATIVO PASSIVO+PL Bens Obrigações Direitos Patrimônio Líquido Fonte: o autor. A parte positiva do patrimônio, por convenção, será sempre demonstrada do lado esquerdo e a parte negativa, do direito. Segundo Saldini (2002, p. 17), “podemos dizer que os bens e os direitos são positivos porque seus recursos estão disponíveis para operacionalizar a empresa, e as obrigações, por se tratarem de dívidas, fazem com que esses recursos diminuam”. Assim, os elementos positivos do patrimônio são chamados de Ativos e os elementos negativos de Passivos. O Patrimônio Líquido aparece do lado direito, juntamente com os elementos negativos, por representar a diferença entre a parte positiva e negativa, dando assim o equilíbrio na estrutura patrimonial. O relatório contábil que demonstra a estrutura patrimonial apurada em um determinado momento de forma estática é o Balanço Patrimonial. ATIVO (BENS E DIREITOS) De acordo com o Comite de Pronunciamento Contábil (2008, p. 16), “ativo é um recurso controlado pela entidade como resultado de eventos passados e do qual se espera que resultem futuros benefícios econômicos para a entidade”. Estrutura Patrimonial Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 49 A principal característica que se pode visualizar em um Ativo é o benefício futuro que pode advir desse bem. De forma simples, costumeiramente atribui- -se a bens e direitos da empresa o conceito de Ativo, sendo assim, todos os bens e direitos que a empresa detém são seus ativos, como veículos, dinheiro, móveis, imóveis, máquinas etc. Poderão ocorrer casos em que a empresa possua em seu imobilizado uma máquina sem vida útil, sem capacidade instalada, não podendo gerar qualquer benefício presente ou futuro para essa entidade, nesse caso, não será conside- rado este bem um Ativo, devendo, portanto, ser retirado do Ativo. Ativo Circulante (Bens e Direitos com expectativa de realização até o final do exercício seguinte) Representa todos os bens e direitos considerados como Ativo da empresa e que podem vir a se transformar em dinheiro no chamado curto prazo, ou seja, até o término do exercício social seguinte. Esse grupo também é conhecido como “Capital de Giro” da entidade e, como o próprio nome expressa, contribuirá para o giro, a realização das atividades necessárias da entidade. Compõem o Ativo Circulante: ■ Disponível: são expressões monetárias equivalentes a bens, são valores disponíveis de forma mais imediata para a empresa, valores que estão à disposição das operações que a empresa precisa realizar. ■ Créditos: são direitos que representam valores que a empresa tem expectativa de receber até o final do exercício social seguinte. ■ Estoques: são bens que representam os valores que a empresa possui de estoques para consumo, para uso no processo produtivo, para revenda, em processo e produtos prontos para a venda. ■ Outros ativos circulantes: são bens e direitos de menor expressão querepresentam os valores que a empresa possui com realização prevista no curto prazo, por exemplo: impostos a recuperar, adiantamento a forne- cedores, adiantamento a empregados etc. A ESTRUTURA PATRIMONIAL Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IIU N I D A D E50 Ativo Não Circulante (Bens e Direitos com expectativa de real- ização após o final do exercício seguinte) São os bens ou direitos que serão realizados (convertidos em dinheiro) após o final do exercício seguinte (realizável a longo prazo), compostos também pelos Investimentos, Imobilizados e Intangíveis da empresa que os utiliza no desen- volvimento de sua atividade principal. Dentro desse grupo, somente o subgrupo realizável a longo prazo é considerado ativo realizável, pois os investimentos, imobilizados e ativos intangíveis são necessários para a atividade da empresa, são estratégicos, e como são de propriedade da empresa, poderão ser vendidos, mas não existe expectativa para isso, pois a atividade da empresa depende deles. Compõem o Ativo Não Circulante: ■ Ativo Realizável a Longo Prazo: são bens e direitos de propriedade da empresa que irão se realizar, mas a expectativa de prazo para essa realização (transformação em dinheiro) é após o final do exercício social seguinte. Valores a receber com data prevista para o longo prazo. ■ Investimentos: são participações permanentes que a empresa realiza em outras companhias, valores desembolsados na compra de parte de empresas e que não possui a intenção de vender. Também são considerados investimentos nesse grupo quaisquer valores que a empresa destina como forma de “especulação financeira” e que possuem caráter permanente. ■ Imobilizado: são os bens destinados a manutenção de todas as ativi- dades da empresa, aqueles que irão contribuir para a empresa atingir a conclusão de suas atividades principais. Esses bens NÃO serão destina- dos à venda e permanecerão por período indeterminado como ativos da empresa, sua realização é parcial em forma de depreciação. ■ Intangível: Marion (2009, p. 360) relata que “a legislação diz que devem ser classificados no grupo Intangível os direitos que tenham por objeto bens incorpóreos destinados à manutenção da companhia ou exercido com esta finalidade”. Estrutura Patrimonial Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 51 PASSIVO (DÍVIDAS) O Passivo é uma obrigação presente da entidade, derivada de eventos passados, cuja liquidação se espera que resulte na saída de recursos da entidade capa- zes de gerar benefícios econômicos. Representa todas as obrigações que uma empresa possui com terceiros. Também é conhecido como Capital de Terceiros ou Obrigações Exigíveis. No Passivo, as contas serão dispostas em ordem crescente de exigibilidades, registradas nos grupos que trataremos a partir de agora. Passivo Circulante (dívidas com vencimento até o final do exercício social seguinte) No Passivo Circulante são classificadas as dívidas a pagar em curto prazo, isso quer dizer, vencíveis ou exigíveis até o final do exercício social seguinte. Como visto na constituição da sociedade, é determinado qual será o dia de encerra- mento do exercício social, que normalmente é 31/12, para haver compatibilidade com o encerramento do exercício fiscal. De modo diferente do Ativo Circulante, a lei não explicita quais são os sub- grupos do Passivo Circulante. Na pretensão de organizar melhor as contas, sugerem-se os seguintes subgrupos: empréstimos e financiamentos; fornecedo- res; obrigações trabalhistas; obrigações sociais; obrigações fiscais; outras contas a pagar e provisões. Compõem o Passivo Circulante: ■ Empréstimos e financiamentos: são os credores por financiamento. A expressão empréstimos é utilizada para operações de obtenção de recursos de instituições financeiras para cobrir necessidades de capital de giro, normalmente com prazos curtos. Tanto os empréstimos e financiamentos com vencimentos previstos até o final do exercício social seguinte quanto as parcelas vencíveis nesse prazo dos empréstimos e financiamentos em longo prazo deverão figurar nesse subgrupo. ■ Fornecedores: os fornecedores ou credores por fornecimento represen- tam as compras de mercadorias ou materiais adquiridos a prazo. A ESTRUTURA PATRIMONIAL Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IIU N I D A D E52 ■ Obrigações trabalhistas: as obrigações a pagar aos empregados ficam por um período muito curto compondo o Passivo, pois, conforme as leis tra- balhistas, eles devem ser pagos até o quinto dia útil do mês subsequente ao trabalhado. Por não fazer parte do esforço para a obtenção de receitas no mês em que são pagas, as obrigações trabalhistas devem ser provi- sionadas no mês em que incorreram, por isso são dívidas da empresa enquanto não forem pagas. ■ Obrigações sociais: as obrigações sociais ocorrem em função dos salários, mas representam recursos diferentes dos salários, pois serão pagas a cre- dores diferentes. Essas obrigações são decorrentes das provisões, devido ao regime de competência, devem ser lançadas no mês que aconteceram, mas serão pagas no mês seguinte, por isso aparecem no balanço como dívidas. ■ Obrigações fiscais: as obrigações fiscais ocorrem em decorrência de impos- tos apurados dentro do período com exigibilidade em períodos seguintes. ■ Outras contas a pagar: nesse grupo, podemos considerar as contas que representam dívidas e não têm gênero específico nos subgrupos anteriores. ■ Provisões: provisões representam obrigações diferentes das demais por serem determinadas com base em estimativas, não tendo o valor exato a ser pago, ou por não ter uma data certa de exigibilidade. As provisões mais comuns são as trabalhistas: 13º salário e férias. Passivo Não Circulante (dívidas com vencimento após o final do exercício social seguinte) Nesse grupo de contas são registradas as obrigações que serão exigidas a partir do final do exercício social seguinte, assim sendo, o subgrupo que normalmente tem uma participação maior nesse grupo é o dos empréstimos e financiamen- tos, por ser a principal fonte de recurso em longo prazo. A cada período, uma parte da dívida em longo prazo vai sendo transferida para o Passivo Circulante, por passar a ser de curto prazo, portanto, os pagamen- tos são feitos no circulante, salvo se houver uma liquidação antecipada. Da mesma forma que ocorre com o Ativo Realizável em longo prazo (sub- grupo do Ativo Não Circulante), como exceção a data de pagamento, sempre serão considerados como exigível a longo prazo as dívidas que a empresa têm a pagar. Patrimônio Líquido Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 53 PATRIMÔNIO LÍQUIDO O Patrimônio Líquido ou Situação Líquida é a diferença matemática entre ativos (bens e direitos) e passivos (obrigações). As fontes do patrimônio líquido de uma entidade são os investimentos dos sócios ou acionistas e os lucros provenientes da própria ati- vidade empresarial. O patrimônio líquido pode se apresentar positivo, quando os ativos da entidade forem maiores que os passivos, mas pode também se apresentar negativo, quando os passivos da entidade forem maiores que os ativos. Somente a título de possibilidade matemática, podemos dizer que o patrimônio líquido pode se apresentar nulo, quando os ativos forem exatamente iguais aos passivos. O patrimônio está sempre ligado a uma ou mais pessoas, sejam elas físicas ou jurídicas, todos os componentes do patrimônio (bens direitos e obrigações) devem ser mensurados para que seja possível apurar o Patrimônio Líquido ou a Situação Líquida do patrimônio, por meio da equação: bens mais direitos menos obrigações. Podemos afirmar que o Patrimônio Líquido é resultante da diferença entre
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