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ESCOLA ESTADUAL 15 DE OUTUBRO Curso: Técnico em Zootecnia /Proeja Noturno Professor: Paulo Zumaeta Modulo III Disciplina: Equídeos Equídeos 1.1 Introdução a Equinocultura e equideocultura A equinocultura é definida como a parte da Zootecnia Especial que trata da criação de equinos. É a parte que estuda, desenvolve e aperfeiçoa a criação de equinos. Embora não tenha como finalidade a produção de alimentos, esse ramo também pode ser explorado. A equideocultura, por sua vez é uma atividade que abrange: • criação de asininos (asnos, jumentos e jegues): mesmo animal que recebe diferentes nomes em função da região; • criação de muares (burros e bardotos): são originados do cruzamento entre equinos e asininos. Além da criação de equinos, a equideocultura também envolve o estudo das criações de asininos e de muares (híbridos). O cavalo (macho) e a égua (fêmea) pertencem à espécie Equus caballus, e os asininos, à Equus asininus. As duas espécies podem ser incluídas no mesmo gênero: o grupo dos equídeos. Assim, entende-se que a equinocultura é diferente da equideocultura. Os asininos são animais conhecidos por sua resistência, servindo tanto para tração como para carga e sela; portanto, são muito úteis no campo. Podem ser encontrados em diversos climas, exceto em regiões muito frias. Quanto aos muares, a mula é o indivíduo fêmea resultante do cruzamento de um jumento com uma égua, sendo obrigatoriamente estéril. O burro é o indivíduo macho desse cruzamento, também estéril. Os burros são capazes de transportar, docilmente, até 30% de seu peso. Outro muar conhecido é o bardoto, resultante do cruzamento da jumenta (Equus asininus) com o cavalo (Equus caballus). Esse animal também é estéril. Todos esses são animais de grande importância rural, devido a sua resistência e docilidade. De um modo geral, todos se parecem com os cavalos, mas têm as orelhas mais compridas. Origem e Evolução dos Equídeos Os equinos atuais descendem de animais que habitavam a Terra aproximadamente há 50.000.000 anos, no período geológico conhecido como Eoceno. Estes mamíferos, pouco parecidos com o cavalo atual, possuía 25 a 50 cm de altura (tamanho de uma raposa), dorso ligeiramente arqueado e apoiava-se sobre 4 dedos nos membros anteriores e posteriores. O maior número de dedos capacitava os animais a correrem de maneira segura e eficiente nos campos pantanosos das florestas tropicais, buscando alimento ou escapando dos predadores, saltando e escondendo-se entre os arbustos. Possuía dentes com estruturas simples mais apropriados ao consumo de folhas tenras, brotos e porções carnosas das plantas. Um fóssil desse pequeno animal foi classificado na Inglaterra em 1838 como um roedor, recebendo o nome de Hyracotherium. Mais tarde, em 1876, o Hyracotherium foi comparado a outro fóssil encontrado na América do Norte, denominado Eohippus, quando foi consta-tado que se tratavam de animais de mesmo gênero. Eohippus Pelas leis de prioridade do Código de Nomenclatura Zoológica, o nome Hyracotherium prevalece sobre o Eohippus, apesar de que o último nome é amplamente utilizado. Outros fósseis da época Oligoceno encontrados na América do Norte constituíram a segunda peça da evolução dos equinos, entre eles dois tipos distintos. OMesohippus, com aproximadamente 60 cm de altura, três dedos e dentes semelhantes ao seu ancestral que não correspondiam a animais consumidores de pasto. Outro tipo foi o Miohippus, que era muito semelhante ao Mesohippus, mas com maior estatura, o qual acredita-se que tenha migrado para a Europa e, posteriormente, desaparecido. O estudo da origem dos equinos no periodo Mioceno, mostra que estes viviam em três ambientes distintos: terras baixas (Pliohippus), terras altas (Parahippus) e terras desertas (Merychippus) comprovando as notáveis adaptações evolutivas em relação ao tamanho, estrutura esquelética e dentição. No periodo Mioceno, as gramíneas tornaram-se mais abundantes e os herbívoros deixaram de ser consumidores de arbustos para consumirem pastos, havendo necessidade de adaptação dos dentes a este alimento mais fibroso, que promovia maior desgaste dentário. Para escapar dos predadores estes indivíduos sofreram transformações anatômicas para adquirir velocidade. No estudo da Osteologia observa-se que as articulações dos cavalos começaram a trabalhar num só plano, para frente e para trás, o que permitiu aumento na velocidade quando comparado a outras espécies. O dedo médio tornou-se maior e mais robusto, sendo capaz de suportar o próprio peso, os laterais apesar de apresentarem pequenos cascos não entravam em contato com o solo quando em estação, ainda que isto poderia acontecer quando corria. Os gêneros dessa época possuíam aproximadamente um metro de altura, eram mais esbeltos, mais ativos, inteligentes e atléticos. Restos fossilizados destes animais foram encontrados em praticamente toda a América do Norte. Muito semelhante ao cavalo moderno o Pliohippus (Época Plioceno), foi o primeiro gênero a apresentar um só dedo, embora os ossos estilóides (metacarpianos e metatarsianos acessórios) fossem maiores que no cavalo moderno. O Pliohippus mesmo sem apresentar significativas mudanças evolutivas é considerado o antecessor do gênero Equus. O Pleistoceno foi a época do surgimento do homem e simultaneamente do gênero Equus, que difundiram-se por todo o mundo. Fósseis desse gênero foram encontrados na Ásia, Europa, África, América do Norte e América do Sul. O gênero Equus (Época Pleistoceno) difere pouco dos seus antepassados próximos (Pliohippus) e a estrutura dentária é a principal diferença, mais especializada na trituração de pasto por apresentar dentes pré-molares e molares com mesas dentárias mais desenvolvidas. Acredita-se que o berço da evolução do cavalo até o gênero Equus foi a América do Norte, pelos inúmeros fósseis dos diferentes gêneros encontrados em diversas regiões como os estados da Flórida, Texas, Montana, Califórnia e Óregon. Apesar desta teoria, quando o Hemisfério Ocidental foi descoberto pelos europeus não existiam cavalos nas Américas, o motivo ainda representa um dos mistérios da história. Após a difusão do Equus por todo o mundo, a partir da América do Norte, desenvolveram-se formas distintas desse gênero em diferentes regiões e em diferentes épocas, provavelmente influenciadas pelas grandes variações de altitude, clima, solo e alimentos. Os primeiros equídeos selvagens adaptaram-se bem a vários ambientes como estepes, bosques, desertos e tundras. O Equus caballus (cavalos domésticos) foi encontrado no norte da Ásia e em toda a Europa, o Equus hemionus(Onagro e o Kiang) no centro e sul da Ásia, o Equus asinus (jumentos) no norte da África e as diferentes espécies de zebras, entre elas, Equus zebra, também encontradas na África. OS CAVALOS SELVAGENS A história recente dos cavalos selvagens é mais obscura que a sua própria origem, pois baseia-se em desenhos encontrados nas cavernas do sul da França. Estes mostram cavalos com características distintas, como o de tipo pesado que representa os animais de Tração (ou tiro) e os de Sela que é representado por um tipo menor e refinado. Os verdadeiros cavalos selvagens habitavam a Europa e a Ásia, já que haviam desaparecido completamente das Américas no fim do período Terciário. A classificação inicial dos cavalos é baseada nos tipos sela e tração, classificados em cavalos orientais e ocidentais. Os orientais, chamados também de "sangue quente" (temperamento ativo), eram cavalos pequenos bem proporcionados, esguios, de membros altos e finos, cabeça pequena com fronte ampla, chanfro curto e estreito, pele fina e perfil cefálico quase sempre reto, poucas vezes subconvexo ou subcôncavo. Denominados Equus caballus orientalis (Tarpã), provavelmente originaram os animais de sela da regiãodo Mediterrâneo. Os cavalos ocidentais ou Equus caballus occidentalis, também chamados de "sangue frio" (temperamento calmo), eram grandes, pesados, com abundantes crina e cauda, pelos longos, pele grossa, linhas notadamente convexas e de grande potência, provavelmente originaram os animais de traçãona Europa Central. Outro tipo selvagem existente até o final dos anos 80, era o Equus caballus przewalskii, que habitava, em estado puro, o leste asiático próximo à fronteira da Mongólia. Eram animais compactos e pequenos, com 1,30m de altura, com cabeça comprida e larga, crinas curtas e eretas, cor do corpo variando do castanho ao baio, com crina e cauda negras. Contribuiu para formação das raças locais, os cavalos do sul da Rússia e da Mongólia. A HISTÓRIA do HOMEM eo CAVALO A primeira relação entre o homem primitivo e os equinos foi alimentar, pois os cavalos sempre foram fonte de alimento para diferentes espécies, inclusive para o ser humano. Mais tarde, o homem descobriu outras virtudes nos cavalos além de proporcionar alimento, o que com certeza contribuiu para sua domesticação. A época e o local exato desta domesticação ainda é uma dúvida entre os historiadores, citam a China e a Mesopotâmia, entre os anos 4.500 a 2.500 a.C., como dois desses locais. No ano 1.000 a.C., o cavalo já havia sido domesticado e difundido em quase toda a Europa, Ásia e norte da África. Logo após a sua domesticação, o cavalo foi utilizado como poderoso instrumento de conquista, transporte, carga, tração, diversão e de competições esportivas. São incontestáveis os benefícios que a domesticação dessa espécie trouxe para a humanidade, pois todas as grandes conquistas dos diferentes povos, desde as mais antigas civilizações até a idade moderna deram-se no dorso dos equídeos. Muitas são as provas desta estreita relação, onde a mitologia e a própria história mostram cavalos imortalizados como Bucéfalo, Roan Barbary, Incitatus e Marengo. Nas conquistas intercontinentais, como por exemplo a colonização das Américas, os cavalos também tiveram presença marcante. Quando os primeiros europeus desembarcaram no "Novo Mundo" trouxeram muitos equídeos que foram os principais recursos desses conquistadores. A FORMAÇÃO DAS RAÇAS BRASILEIRAS No Brasil, cita-se que no ano de 1535 Duarte Coelho desembarcou em Pernambuco os primeiros cavalos trazidos da Europa, naturalmente a este seguiram-se outras introduções nos tempos de Brasil colônia, todas oriundas da península Ibérica (Portugal e Espanha). Os cavalos ibéricos representados pela raça Andaluz, junto com a raça Árabe, foram as principais raças formadoras dos cavalos brasileiros. O Brasil, por ser um país de dimensões continentais, com diferentes ecossistemas, permitiu a seleção natural de animais em diferentes regiões, como o pampa gaúcho, o planalto catarinense, o pantanal do Mato Grosso, nas regiões Sudeste, Nordeste e Norte. A utilização do cavalo no desenvolvimento das referidas regiões promoveu a seleção de tipos de acordo com as funções exercidas pelos cavalos. A formação de associações de criadores de cavalos raça padronizou as características de conformação e função de acordo com o tipo de cavalo utilizado. Assim, surgiram as Associações de Criadores de cavalos das raças: Crioulo, Campeiro, Pantaneiro, Campolina, Mangalarga Marchador, Mangalarga Paulista, Nordestino, Marajoara e mais recente do Brasileiro de Hipismo e do Cavalo Pônei. Nordestino Mangalarga Marchador Campolina Cavalo Marajoara Cavalo Pantaneiro Brasileiro de Hipismo CLASSIFICAÇÃO ZOOLÓGICA DOS EQUIDEOS A posição dos equinos e espécies próximas na classificação zoológica é a seguinte: Reino:Animália Filo: Chordata Classe: Mammalia Ordem: Perissodáctilos (Perissodactyla - dedos ímpares). Família: Equidae Gênero: Equus Espécie: Equus caballus(do cavalo); Os produtos dos cruzamentos entre estas espécies são híbridos inférteis. O mais comum é o descendente do cruzamento entre Equus asinus (jumento) e Equus caballus (égua), denominado burro (macho) ou mula (fêmea), mas pode ocorrer o cruzamento entre mais espécies como, por exemplo, entre jumento e zebra. EFETIVO DO REBANHO EQUINO NO BRASIL E NO MUNDO O efetivo mundial de equídeos, segundo a Food and Agriculture Organization (FAO) das Nações Unidas, está estável nas últimas décadas, sendo estimado em 113.473.522 cabeças, assim distribuído: Tabela 1 – Rebanho equídeo mundial (cabeças) Continente Equinos Asininos Muares Equídeos CONTINENTE Equinos Asininos Muares Equídeos AMERICA 33.594.119 (57,2%) 7.161.527 6.318.150 47.073.796 ÁSIA 13.870.140 (23,6%) 17.129.456 3.604.713 34.604.309 EUROPA 6.374.740 (10,8%) 637.557 222.898 7.235.195 ÁFRICA 4.519.216 (7,7%) 18.559.137 1.060.913 24.139.266 OCEANIA 411.956 (0,7% 9.000 ____ 420.956 No período de 2000 a 2008, tanto a distribuição mundial dos equinos como a dos asininos e muares refletiram aspectos produtivos, sanitários, legais e culturais. Nesse período, deve ser destacada a redução do efetivo equino na Ásia, principalmente na China, que decresceu de 8.916.154 cabeças,em 2000, para 6.823.465 cabeças em 2008 (FAO, 2008). Essa queda do efetivo está associada à migraçãoMinterna da população humana, com menor utilização dos equídeos no transporte e na agricultura, e ao maior consumo de carne equina. Por outro lado, nesse mesmo período, nos Estados Unidos, houve um aumento expressivo do efetivo de equinos, que cresceu de 5.240.000 cabeças, em 2000, para 9.500.000 cabeças em 2008 (FAO, 2008), em parte devido a restrições legais internas relacionadas ao abate e à exportação de carne de equídeos.Considerando estatística da FAO das Nações Unidas, o efetivo mundial de equinos está estimado em 59.043.839 cabeças, sendo que os cinco maiores países criadores apresentavam 54% desse total (tabela 2). Tabela 2 – Principais rebanhos equinos do mundo PAÍS EFETIVO EQUINO (CABEÇAS) Estados Unidos 9.500.000 China 6.823.360 México 6.350.000 Brasil 5.496.817 Argentina 3.680.000 No Brasil, de acordo com o IBGE (2014), o efetivo de equídeos está estimado em 7.986.023 cabeças, estando assim distribuído: • equinos: 5.450.601 de cabeças; • asininos: 1.130.795 de cabeças; • muares: 1.313.526 de cabeças. O rebanho nacional de equinos é o quarto maior do mundo, com cerca de 5.600.000 animais, e tem se mantido estável na última década (IBGE, 2008). Na América do Sul, além do Brasil, que tem o maior rebanho, a produção de equinos tem destaque na Argentina, com efetivo estimado em 3.680.000 animais, e na Colômbia, com 2.520.000 animais. Segundo estatística do IBGE, os cinco estados brasileiros que apresentam o maior efetivo equino são mostrados na tabela 3, os quais mantêm 48% do rebanho nacional. Tabela 3 – Principais rebanhos equinos do Brasil Estado Efetivo equino (cabeças) Minas Geraisl Goiás São Paulo 9.500.000 Bahia 6.823.360 Rio Grande do Sul 6.350.000 Goiás 5.496.817 São Paulo 3.680.000 Importância econômica e social da equinocultura no Brasil 04/04/18 Os negócios envolvidos com a criação e a utilização do cavalo ocupam uma posição destacada tanto nos países desenvolvidos como nos que estão em desenvolvimento, inclusive no Brasil. Apesar disso, a configuração do agronegócio do cavalo é pouco conhecida quanto à sua contribuição para gerar renda e postos de trabalho. E, muitas vezes, ocorre situação ainda mais grave: o setor tem uma imagem distorcida e carregada de preconceitos, poismuitos enxergam a indústria do cavalo relacionada ao interesse restrito de uma classe social elitizada e distante da realidade do brasileiro de classe média. Outro aspecto é que, no Brasil, esse ramo vem mostrando que ainda não há muitas informações conclusivas, apesar de sua grande relevância. Nessa atividade podem ser identificadas e analisadas as relações e as inte-rações de quase 30 diferentes agentes e/ou segmentos envolvidos, revelando sua importância econômica, responsável por uma movimentação de 7,3 bilhões de reais por ano. Quanto à sua importância social, a atividade responde pelo emprego direto de cerca de 640 mil pessoas, podendo atingir por volta de 3,2 milhões de pessoas se forem também considerados os empregos indiretos. Segmento Movimentação econômica (R$) Empregos diretos Segmento consumidor 1.654.400.000,00 91.429 Jockey 359.500.000,00 4.000 Militar 176.000.000,00 6.286 Selaria 174.600.000,00 12.000 Vaquejada 164.000.000,00 1.430 Exposições e eventos 146.100.000,00 Não calculado Casqueamento e ferrageamento 143.640.000,00 2.100 Transporte de equinos 86.400.000,00 85 Carne 80.000.000,00 1000 Escolas de equitação 78.000.000,00 9000 Esportes (hipismo) 57.600.000,00 2000 Medicamentos veterinários 54.142.630,20 300 Rações 53.440.000,00 Não calculado Equoterapia 43.200.000,00 2.500 Turismo equestre 21.000.000,00 1.500 Veterinários 20.000.000,00 500 Leilões 19.100.000,00 200 Curtume 15.000.000,00 160 Mídia 10.000.000,00 Não calculado Exportação e importação de cavalos vivos 8.833.623,68 Não calculado Lida 3.954.275,00 505.050 Seguro 2.500,000,00 Não calculado Polo 1.684.400,00 1.500 Trote 1.000.000,00 150 SENAR 976.000,00 300 TOTAL 7.325.391.653,88 641.220 ATIVIDADES ANTES, DENTRO E DEPOIS DA PORTEIRA E ATIVIDA-DES DE APOIO As atividades do Complexo do Agronegócio Cavalo, no Brasil, podem ser divididas em quatro grupos. • Atividades antes da porteira − mercado de medicamentos veterinários; mercado de rações, feno, selaria e acessórios; casqueamento e ferrageamento; transporte de equinos; educação e pesquisa; mídia e publicações. Outras atividades são: serviços de medicina veterinária; insumos e acessórios para pastagens; equipamentos e acessórios para equitação; acessórios para esportes equestres, construções para manejo animal e prática de esportes; tecnologias e produtos para estábulos; equipamentos e serviços para eventos, entre outras. • Atividades dentro da porteira − cavalo militar; cavalo para lida, equoterapia, esportes (polo Equestre, vaquejada, rodeio); turismo equestre (cavalhada); escolas de equitação; jockey; trote; exposições e eventos; segmento consumidor. • Atividades depois da porteira − leilões; exportações e importações de cavalos vivos; carne (curtume). • Atividades de apoio − seguro; instituições financeiras; médico veterinário. Atividades Diretas e Indiretas A importância econômica e social da equinocultura brasileira também pode ser dividida em duas classes: atividades diretas e atividades indiretas. a) Atividades diretas − têm ligação intrínseca com a produção e a criação de cavalos, como apontado a seguir: • produção de animais puros e mestiços para uso de sela ou tração em propriedades agropecuárias; • produção de animais para atividades esportivas: sela, polo, corridas em geral, salto, adestramento, enduro, hipismo rural, rodeio, apartação, vaquejada, rédeas, laço, tambor, baliza, maneabilidade e demais modalidades específicas para cada raça; • produção de animais para atividades de lazer: cavalgada, trilha e passeios ecológicos; • produção de animais puros para reprodução: machos, fêmeas, cobrições, sêmen refrigerado, sêmen congelado e embrião. b) Atividades indiretas − dependem da produção/criação do cavalo, ou seja, derivam das atividades diretas, representando um setor de primordial contribuição para o sucesso do agronegócio cavalo tanto no Brasil como em todo o mundo. Dentre as inúmeras atividades, podem ser destacadas as seguintes: • indústria de rações e suplementos minerais/vitamínicos; • indústria de medicamentos e cosméticos; • indústria de equipamentos para equitação; • indústria de suplementos nutracêuticos, ergogênicos e aditivos; • indústria da moda equestre. • mercado de trabalho para Zootecnistas e e demais profissionais de Ciências Agrárias, além de mão de obra especializada e não especializada; • indústria de equipamentos para transporte e treinamento; • cursos de treinamentos; • centros de treinamento, reprodução e preparo de animais; • centros de hipismo (escolas de equitação, preparo e treinamento); • produção de volumosos; • indústria de infraestrutura e equipamentos para instalações e pistas; • indústria de artefatos para decoração; • indústria do turismo rural; • produção de vacinas e soros REPRODUÇÃO 11/04/2018 A organização do sistema sócio-reprodutivo natural dos cavalos é considerada estável quando um macho adulto é o reprodutor permanente de um grupo de éguas em número variado, denominado harém. Em comparação com outras espécies, as éguas têm um período de estro (cio) ou receptividade sexual, associado com a ovulação, relativamente longo. Em outras espécies de ungulados (que possuem casco) as fêmeas são sexualmente receptivas por somente por um ou dois dias. O estro prolongado das éguas pode estar relacionado com a formação e manutenção dos vínculos entre os machos e as fêmeas do grupo. Esta organização sócio-reprodutiva é alterada na maioria dos sistemas atuais de criação, em que o reprodutor é separado das fêmeas, o que exige o envolvimento do homem no controle do plantel, consequentemente, um planejamento reprodutivo responsável. O planejamento reprodutivo de uma criação de cavalos exige o conhecimento da anatomia do aparelho reprodutivo das éguas, dos garanhões e a compreensão das interações entre a fisiologia reprodutiva e o ambiente, principalmente clima e disponibilidade de alimento e nutrientes. CICLOS ESTRAIS As éguas são classificadas como Poliéstricas Estacionais, apresentam vários ciclos estrais em resposta ao aumento da luminosidade, da temperatura e da precipitação pluviométrica, o que acontece na estação da primavera para o verão (dias mais longos e noites mais curtas), porque os nascimentos deverão ocorrer nesta estação, a qual apresenta maior disponibilidade de alimento e nutrientes, bem como possibilitará novos ciclos estrais para a futura gestação. Esta resposta fisiológica ao ambiente é denominada Estação de Monta Natural dos Equinos. Nos trópicos, apesar de não haver alteração significativa da luminosidade entre as estações, esta estacionalidade ocorre devido às estações seca e chuvosa, pois estas interferem na disponibilidade de alimento e nutrientes no ambiente. Os ciclos estrais nas éguas são de 20 a 23 dias, com média de 21 dias. As fases são o PROESTRO (preparação para o estro), Estro ou Cio (5-7 dias – influência do estrógeno e nesta fase, por influências hormonais, a égua aceita a monta do garanhão), Metaestro (fase de transição) e DIESTRO (15-17 dias – influência da progesterona não aceita a monta do garanhão. ). Fora da estação de monta, a maioria das éguas entra em ANESTRO. As éguas são classificadas como Poliéstricas Estacionais, apresentam vários ciclos estrais. Cio ou Estro O período de cio das éguas é identificado com o comportamento típico de aceitação da monta. Os sinais de estro são a vulva edemaciada e vermelha, abertura e fechamento sucessivos dos lábios vulvares (estrelamento vulvar), micção frequente, cauda elevada e pode haver secreção vulvar. Estes sinais são normalmente observados quando da aproximação de um garanhão e mantêm-sepor 5 a 7 dias até ocorrer a ovulação, quando desaparecem em 24 a 48 horas. Nas criações onde o garanhão é mantido separado do lote de éguas, o cio pode ser identificado por meio de um rufião, que é um cavalo (não castrado) com libido, mas não é permitida a monta, por barreira física. O manejo da rufiação permite identificar a égua em cio, para posterior condução à monta com o garanhão escolhido. "Cio do Potro" De cinco a nove dias após o parto ocorre o primeíro ciclo estral denominado "cio do potro". A finalidade deste ciclo é promover alterações fisiológicas de regressão e "limpeza" uterina. O hormônio estrogênio produzido no cio, aumenta a irrigação sanguínea no útero e potencializa a ação das células de defesa, preparando assim, o útero para o próximo ciclo estral. Porém, nos atuais centros destinados a criação de cavalos, este cio é utilizado na tentativa de uma nova gestação precoce, pois algumas raças valorizam comercialmente os potros nascidos no início da estação de nascimentos (ex. P.S.I.). O correto manejo do "cio do potro" é fazer um exame ginecológico em cada égua o qual permitirá identificar a situação sanitária do indivíduo e, assim, indicar ou não a monta. Se não for possível realizar este exame, recomenda-se aguardar o próximo cio que ocorrerá, aproximadamente, 30 dias após o parto. MONTA DIRIGIDA Após a identificação do primeiro dia de cio, como o período de estro é longo, recomenda-se alguns cuidados para este manejo. Se não há controle do crescimento folicular, recomenda-se que a primeira monta seja realizada no terceiro dia do início do cio e repetida no quinto e sétimo dia, se ainda estiver com comportamento de estro. Nos preparativos para a monta, a égua deve ser conduzida ao piquete (baia piquete) do reprodutor, deve ser contida com peia por segurança prórpia, do reprodutor e das pessoas que realizam o manejo, deve ser higienizada ao redor da vulva e a cauda enfaixada, a fim de diminuir as contaminação, enquanto o reprodutor deve ser mantido na baia. O garanhão é conduzido por cabresto e guia ao recinto para a Monta Dirigida após a égua estar preparada. Após a monta e introdução do pênis é imprescindível identificar a ejaculação, a qual pode ser confirmada pelo movimento oscilatório da cauda do garanhão. Além da monta dirigida, existe também a Monta a Campo, quando um garanhão é mantido com um grupo de éguas, normalmente de 10 a 15, durante a estação de cobertura. Esse sistema é utilizado principalmente para raças criadas em regime extensivo. Normalmente este modelo apresenta altos índices de fertilidade, mas será difícil saber a data exata de cobertura, a fim de comunicar à Associação para se obter o registro dos potros. Atualmente, poucas raças estão adaptadas a este tipo de manejo reprodutivo.
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