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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS DEPARTAMENTO DE ZOOTECNIA Curso: Medicina Veterinária Disciplina: Equideocultura Pré-requisito: Nutrição de monogástricos Crédito: 01.01.00· Carga Horária: 45 horas Professor Me.: Luiz Augusto de Oliveira OBJETIVOS Proporcionar aos alunos conhecimentos práticos e teóricos sobre criação de eqüídeos, visando produção econômica através do aperfeiçoamento deraças. EMENTA Classificação econômica dos eqüídeos. Hipologia. Principais raças. Manejo reprodutivo e alimentar. Instalações. Sanidade. Planejamento racional. Provas equestres. Doma e arreios. CONTEÚDO PROGRAMÁTICO CARGA HORÁRIA 1. Introdução, importância e generalidades da criação de eqüídeos (Teoria) 02 1. Classificação zoológica dos eqüídeos 2. Origem, evolução e domesticação dos eqüídeos 3. Introdução dos eqüídeos nas Américas 4. Origem dos eqüídeos brasileiros e piauienses 5. Censo Agropecuário 6. Classificação por Sanson 2. Hipologia (Teoria, Vídeo e Prática) 13 7. Exterior dos eqüídeos (conceitos zootécnicos) 8. Cronometria dentária 9. Cromotricologia 10. Vícios, belezas e defeitos 11. Identificação de animais (resenha) 12. Andamentos e aprumos 13. Julgamento individual e comparativo 14. Os sentidos 15. Aula prática (visita a haras) 3. Tipos econômicos segundo sua utilização (Teoria) 02 16. Tipos de cavalo de sela 17. Tipos de cavalo de tiro 18. Provas equinas 4. Produção de eqüídeos (Teoria, Vídeo e Prática) 12 19. Escolha da raça 20. Instalações e equipamentos 21. Sistemas e manejo de criação 22. Alimentos e manejo alimentar 23. Manejo de eqüinos e reprodutivo 24. Práticas criatórias: vacinação, castração, aplicação de vermífugos, administração de medicamentos 25. Correção e aparação de cascos 26. Ferrageamento 27. Aula prática (visita a haras) 5. Raças de eqüídeos (Vídeo e Prática) 08 28. Raças nacionais 29. Raças exóticas 30. Raças de jumentos 6. Equitação (Vídeo e Prática) 08 31. Arreios e embocaduras 32. Doma racional 33. Trabalho montado ATIVIDADES E RECURSOS AUXILIARES Todo o conteúdo programático constará de aulas técnicas expositivas, teóricas e práticas, utilizando-se os seguintes recursos: quadro; retroprojetor e transparências; projetor de slides e slides; visitas às instalações do DZO e outras; cursos, seminários e vídeos (watsapp). SISTEMA DE AVALIAÇÃO Serão realizadas 2 avaliações, considerando o conteúdo programático acumulativo. Calendário de Avaliações Forma Data 1a Avaliação 2a Avaliação Após os itens 1, 2 e 3 Após os itens 4, 5 e 6 BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA ANDRADE, Lúcio Sérgio. Fisiologia e Manejo da Reprodução Eqüina.Ed ????????1986. BECK, S.L. Eqüinos: raças, manejo e equitação. Ed. dos Criadores, 1985. BUIDE, R. Manejo de haras. Ed. Hemisfério Sur. 1986. JONES, .Genética e criação de cavalos. Ed. Roca – 1987 CARVALHO, R.T.L. & HADDAD, C.M. A criação e a Nutrição de Cavalo. Publicações Globo Rural, Editora Globo, Rio de Janeiro, 180 p. 1987. CARVALHO & HADDAD. A Criação e a Nutrição do Cavalo. Ed. ESALQ MEYER. Alimentação de cavalos. Liv. Varela. 1995. RIBEIRO, D.B. O cavalo: raças qualidades e defeitos. Globo, 1988. THOMASSIAN, Armen. Enfermidade dos cavalos. Ed. J.M. Varella, 1984. TORRES, A.P.; JARDIM, W.R. A criação de cavalos e outros eqüinos.2.ed. São Paulo: Nobel, 1983. ASSOCIAÇÕES BRASILEIRAS DE RAÇAS DE CAVALOS INTERNET O BALANÇO DA HORSE POWER DO BRASIL S.A. Deparei-me recentemente, num jornal, na seção política, com uma nota que em deixou em estado de alerta. Um político de expressão nacional, num rompante de populismo pós-eleitoral, esbravejava contra a insensibilidade da classe rica, alegando que são um acinte os leilões de cavalos que atingem quantias absurdas de até meio milhão de dólares, enquanto o povo não tem onde morar ou o que comer. Fiquei preocupado, como fica qualquer pessoa ligada à publicidade e marketing, que conhece de perto os enormes prejuízos que campanhas de difamação ou problemas de má imagem podem causar às indústrias, quando políticos ou mesmo a imprensa se insurgem contra um produto ou empresa. Minha primeira providência foi a de mandar uma nota de protesto para a coluna do jornal. A nota foi publicada com destaque (o editor me confidenciou que era simpatizante da nossa causa, pois também tinha cavalos lá no sítio). A segunda providência foi redigir esta matéria em busca das causas dos problemas de imagem que podem estar afligindo os criadores de cavalos em geral. Se pensarmos bem, não precisamos trabalhar no IBOPE para desconfiar de que a imagem pública do criador de cavalos é a de um nabado, sorvedor de Ballantines 12 anos, concentrador de renda, fortemente ligado ao poder e completamente alheio à situação caótica do País e ao infortúnio da população carente. Mas por que é que nós, criadores, temos esta imagem negativa se os capitães de indústrias, banqueiros ou mesmo os plantadores de soja têm um perfil sócio-econômico semelhante? Desconfio de que o problema não está na indústria, no bando ou na plantação de soja que, de uma maneira ou de outra, são ligados a atividades produtivas geradoras de empregos e impostos para o País. O problema não está necessariamente no status social do criador, que eventualmente também pode ser industrial, banqueiro ou fazendeiro. O problema está diretamente ligado ao produto – o cavalo. O cavalo é considerado pelo público em geral como um artigo de luxo inteiramente inútil e completamente dispensável. Não alimenta, não veste, não abriga e hoje em dia nem transporta. O produto não tem um lugar num país semidesenvolvido com problemas sociais com a magnitude dos brasileiros. “É um acinte!” Por que será que a nossa imagem entortou tanto? Fundamentalmente, por problemas de comunicação. As únicas notícias sobre cavalos que ganham espaços nos veículos de massa são os recordes obtidos por animais de elite em leilões de luxo que chegam a ser organizados em locais exclusivos como o Scala, o Caesar Park, o Palace e o Gallery. Eventos que são alardeados pelos criadores da raça leiloada para impressionar os criadores das raças concorrentes, e manter em alta a cotação da sua própria raça. Uma prática correta do ponto de vista de marketing. Prejudicial, do ponto de vista da comunicação social. Agora uma questão no mínimo intrigante: por que não sofrem do mesmo estigma de fausto, ostentação e inutilidade os leilões de arte, por exemplo? Primeiro porque artistas como Di Cavalcanti, Portianri, Heitor dos Prazeres, Scliar, Pancetti e outros pintores consagrados são admiradores por sua arte e genialidade pelo público em geral. Não importa portanto que o Sr. X tenha arrebatado um Portinari por 500 mil dólares. A opinião pública entende perfeitamente que o Sr. X é um admirável e culto milionário, cuja sensibilidade e erudição o faz naturalmente interessar-se pela arte. Mas já a compra do garanhão XPTO pelo Sr. Y, pelos mesmos 500 mil dólares, é considerado pelo público como beirando o imoral – um verdadeiro acinte! O leigo sem tradição eqüestre, simplesmente não aceita o produto cavalo – a começar porque nada sabe sobre cavalos. E nós, os criadores, até hoje nada fizemos para mudar este quadro. Nossa própria atitude é quase sempre a de considerar a atividade como um hobby e não como uma indústria – classificação que o setor, em minha opinião, já merece há muito tempo. A indústria brasileira do cavalo. Qual é o calibre deste negócio? Vamos fazer um exercício da imaginação e avaliar, através dos números, todas as criações de cavalos do Brasil – um critério estritamente empresarial – como se fôssemos uma indústria automobilística, por exemplo. Existem entre as principais raças de cavalos criados no Brasil (Campolina, Hipismo, Mangalarga Marchador, Quarto de Milha, Mangalarga,Árabe e PSI), um número aproximado de 474 mil animais registrados. Se cada animal tiver um valor médio de 3 mil, 287 dólares (valor médio calculado sobre os números fornecidos pelas associações de criadores dos seus últimos leilões) teremos o preço do plantel brasileiro de cavalos de raça valendo cerca de 1,5 milhão de dólares. Se a média de cada instalação (baias, piquetes, pistas, redondéis, ferraria, galpão de rações e casa de empregados) dos 35 mil criadores ativos (dados fornecidos pelas associações) valer 15 mil dólares teremos um acréscimo de 525 mil dólares. Se cada criatório tem, em média, 13 animais (produto da divisão do número de criadores pelo número de animais) criados numa área média de 25 hectares, ao valor médio nacional de 400 dólares o hectare, teremos um acréscimo ao imobilizado ativo da “Horse Power do Brasil” de 350 milhões de dólares que, somados ao total parcial anterior, dá o investimento cavalar de 2,5 bilhões de dólares. Esta cifra é, segundo dados da última edição de melhores e maiores da revista Exame, maior do que os patrimônios líquidos da Volkswagen, Ford, Fiat e Mercedes-Benz (do Brasil) que, somados, dão a quantia de 1,5 bilhões de dólares. E tem mais. Se cada criatório empregar em média 4 pessoas (um tratador, um auxiliar e dois para serviços gerais) estaremos gerando 140 mil empregos; mais do que todos os Scania, Toyota e Volvo juntos que, segundo informações da ANAFAVEA, empregam 138 mil 672 trabalhadores. E nós, além de emprego, damos casa, coisa que os outros setores da economia pouquíssimas vezes dão. Isto sem considerar os empregos indiretos que geramos com zootecnistas, veterinários, técnicos de laboratório, indústrias de ração e suas distribuidoras, fabricantes de equipamentos em geral, ferradores, seleiros, balconistas de lojas de artigos para cavalos e cavaleiros, além de pedreiros, carpinteiros e jardineiros. Criadores de todo o Brasil: sem que ninguém se desse conta, transformamo-nos em uma indústria maior do que a indústria nacional de automóveis. Assumamos o nosso lugar, de direito, na economia do País. Principalmente para que os nossos legisladores, entendam inequivocadamente que a indústria brasileira de cavalos é um setor produtivo, de capital nacional, que gera empregos no campo e impostos em benefício de todos os brasileiros. Bjarke Rink Publicitário e criador de cavalos 1. INTRODUÇÃO, IMPORTÂNCIA E GENERALIDADES. 1. Classificação Zoológica dos Equídeos: Reino: Animal: Animais multicelulares ou com tecidos; corpo com muitas células, geralmente dispostas em camadas ou tecidos. Filo: Chordata: Animais que tem em algum estágio ou durante a vida uma notocorda axial em forma de bastonete para suportar o peso do corpo; um cordão nervoso ímpar dorsal tubular e fendas branquiais para entre a faringe e exterior; cauda atrás do ânus. Classe: Mamalia: Animais com corpo coberto de pêlos; respiração pulmonar; coração com quatro câmaras; endotérmicos; fêmeas com glândulas mamárias. Ordem: Perissodactila: Animais ungulados de dedos ímpares; grandes; pernas longas; pés com número ímpar de artélhos dentro de um casco córneo; o eixo funcional da perna passa através do artélho (3o) médio; estômago simples. Sub-ordem: Hipoídea: Animais perissodáctilos na sub-ordem dos hipomorfos, que engloba os titanotírios, os pôneis, os cavalos, etc... Família: Equidae: Animais com dedo funcional com cascos em cada perna; se alimentam de gramíneas. Gênero: Eqqus: Incluem os eqüinos ou cavalinos (cavalos propriamente dito) e os asininos (asnos e jumentos). Espécie: Equus caballus (64 cromossomos) Eqqus asinus (62 cromossomos) Eqqus burchelli (44 ou 46 cromossomos) Sub-espécie: Eqqus mu (63 cromossomos) 2. Origem, Evolução e Domesticação de Equídeos ESPÉCIE ÉPOCA DESCRIÇÃO Eohipo 50 milhões Eoceno Inferior 4 dedos adiante, com rudimento do 5o; 4 dedos atrás; o mediano mais desenvolvido. Tamanho de uma raposa. Orohipo 42 milhões Eoceno Superior O vestígio do 5o dedo desapareceu; 4 dedos adiante e 3 atrás; tamanho de um tapir. Mesohipo 38 milhões Mioceno Inferior 0 2o e o 4o dedo apenas tocam o solo 3 dedos adiante e 3 dedos atrás. Miohipo 25 Milhões Mioceno Superior 3 dedos quase do mesmo tamanho Protohipo Plioceno Inferior Semelhante ao cavalo; quase do tamanho do jumento. Apenas o dedo central toca o solo, os laterais são muito reduzidos. Pliohipo 5 Milhões Plioceno Médio Muito semelhante ao cavalo, menor. Cascos pequenos, falanges largas. Eqqus fossilis 1 Milhão Não difere do cavalo atual; existiu muito difundido nas Américas, onde se extinguiu antes dos tempos pré- históricos. Cavalo O professor M. E. Esminger da Universidade de Wiscomtim, E.U.A. diz que existem fósseis de uma família de eqüinos da era terciária, ou seja, o cavalo existe a 58 milhões de anos. Históricamente, o cavalo faz parte da vida do homem a 5.000 anos. Quando este o montou pela primeira vez, não havia ninguém para lhe servir de modelo. Deve ter aprendido a partir de suas próprias observações; foi lhe necessário estuda – lo, ou seja, perceber como ele operava física, mental e emocionalmente. Não se sabe ao certo como foi o primeiro encontro. Talvez tenha encontrado um potro cuja mãe tenha sido morta por algum predador e resolveu criá – lo. De qualquer modo, ganhou sua confiança. Em seguida, pensou que pudesse montá – lo e, ao fazê – lo, deve ter se sentido muito mais poderoso, o que certamente lhe provocou uma emoção muito forte – uma vez que poderia saltar mais alto e correr mais rápido do que fazia antes: deve ter se sentido como se o cavalo fosse a sua própria extensão. Nessa interação constatou que o cavalo foi seu primeiro professor, e assim é; o cavalo é o nosso maior professor. O cavalo e o transporte No começo do século XIX grande parte do território brasileiro não podia utilizar o transporte fluvial. Principalmente no Nordeste e nas regiões das minas não havia rios próprios para a navegação, por isso o transporte terrestre é o que predominava. Mas o próprio transporte por terra não era fácil. Os caminhos eram apenas picadas ou veradas estreitas, muito acidentais e cheias de curvas. Com a chuva, esses caminhos tornavam – se intransitáveis. Quase não havia pontes, e os rios deviam ser atravessados nos lugares que eram menos fundos, o que obrigava a dar grandes voltas. Por isso quase não usavam veículos (carroças) no transporte, principalmente quando as distâncias eram grandes. Quase todo o transporte era feito no lombo dos animais. No nordeste e no sul o cavalo era o animal mais utilizado; nas regiões de montanhas, no centro do país como nas regiões das minas, os mais utilizados eram a mula e o burro. Nas cidades, as carruagens importadas da Inglaterra eram puxadas por cavalos, que substituíram as cadeirinhas puxadas por escravos. No Rio de Janeiro, visconde de Mauá introduziu os primeiros bondes puxados por cavalos. Na região Sul até os dias de hoje o cavalo é típico do gaúcho, um animal de importância extraordinária, principalmente para o vaqueiro, o meio de transporte natural. Pensando Cavalo O livro, Horses and Horsemanship, escrito por M.E.Esminger, professor da Universidade Estatal de Wisconsin, E.U.A., diz que existem fósseis de uma família de eqüinos que data da Era Terciária, ou seja, o cavalo existe acerca de 58 milhões de anos. Isso me faz pensar que este animal é um vencedor porque, sendo "predado", teve que desenvolver um sistema de auto-preservação extremamente sofisticado para sobreviver até os nossos dias. Portanto, quando empina, corcoveia, manoteia, empaca, escoiceia, morde, dispara, assusta-se com os mais inusitados objetos, quer apenas salvar sua vida. Muita gente pensa que, pelo fato de ele hoje, na maioria das vezes, ser criado e manejado em haras e fazendas, a partirde técnicas específicas de criação profissional, tenha perdido esse instinto de auto preservação, o que não é verdade; esse instinto é uma demanda arquetípica. Penso que com as pessoas acontece de forma semelhante. Historicamente, o cavalo faz parte da vida do homem há 5000 anos. Quando este o montou pela primeira vez, não havia ninguém para lhe servir de modelo. Deve ter aprendido a partir das suas próprias observações; foi lhe necessário estudá-lo, ou seja, perceber como ele operava física, mental e emocionalmente. Não sei como se deu esse primeiro encontro. Talvez tenha encontrado um potro cuja mãe tenha sido morta por algum predador e resolveu criá-lo. De qualquer modo, ganhou sua confiança. Em seguida, pensou que pudesse montá-lo e, ao fazê-lo, deve ter se sentido muito mais poderoso - o que certamente lhe provocou uma emoção muito forte - uma vez que poderia saltar mais alto e correr mais rápido do que fazia antes; deve ter sentido como se o cavalo fosse a sua própria extensão. Nesta interação constatou que o cavalo foi seu primeiro professor, e assim é; o cavalo é o nosso melhor professor. Xenofontes, um general grego, escreveu há mais de 24 séculos um livro intitulado: "A ARTE DO HORSEMANSHIP". Esta obra consta da maioria das bibliografias sobre estudos a respeito do manejo, maneiras de montar e disciplinar cavalos. Todos os autores que o conhecem são unânimes em dizer que o livro é de uma clareza ímpar no que se refere ao conhecimento sobre cavalo. Sua postura implicava no respeito, na segurança, no conforto e na compreensão do animal, quando em treinamento. Ele diz: - "Nada forçado e sem compreensão pode ser belo". - "Os potros devem ser treinados de tal maneira que não só gostem de seus cavaleiros, mas que também estejam esperando ansiosamente por eles no dia seguinte". Não sei o que aconteceu no curso da história para que essa postura tenha sido abandonada e substituída por aquelas de confronto e intimidação, abusando do chicote e da espora para discipliná-los. Em todos os meus artigos, tenho falado insistentemente que a maioria das pessoas não observa que o cavalo é um animal "predado" e, por isso, a necessidade do instinto de auto- preservação. Portanto, quando se lida com esses animais, não levar em consideração esse fato é trombar de frente com eles. O cavalo não responde àquilo que estamos pedindo, por três razões básicas: por não compreender, por estar confuso ou, ainda, por não ter lhe sido ensinado. Se não levarmos em conta esses fatores, estaremos procurando briga e, com certeza, vamos encontrar, com a agravante de que sempre vamos sair perdendo, pela razão mais óbvia: ele é mais forte que nós. O que devemos fazer é lhe dar tempo para que possa aprender e compreender o que estamos pedindo. Não há atalhos e a única mágica que existe somos nós e o nosso cavalo, ajustando-nos a cada situação que aparece, procurando Sentir o seu Timing a fim de que possamos ter uma relação mais Equilibrada, e com isso conseguirmos uma posição mais adequada de onde ele possa começar melhor. Nos meus 26 anos de atividade, tenho ouvido muitas pessoas dizerem que, se não quebrarmos o Espírito do cavalo, ele vai ficar com o Pulo escondido e que mais dia menos dia esse Pulo vai aparecer. A meu ver, o Espírito talvez seja a parte mais importante do cavalo e o que mais quero é construir esse Espírito, porque só assim vou poder utilizá-lo. O cavalo tem uma psicologia própria que controla seu corpo, ou seja, suas pernas e seus pés. Observo as pessoas lidando com eles, não levando em conta que essa necessidade básica de auto- preservação faz parte de seu mundo, portanto, pensam, são sensíveis e tomam decisões, assim como nós. Sinto que o problema todo reside na necessidade de reconhecermos o antagonismo entre as duas naturezas. Sendo o homem predador e o cavalo "predado", fica evidente que somos biologicamente antagônicos. Nosso trabalho é garantir a ele que pode conservar seu instinto de auto preservação e ainda responder ao que lhe estamos pedindo. Isto será muito útil, tanto para nós como para o cavalo. Minha maior preocupação, quando estou iniciando um potro, é lhe deixar o mais claro possível que não precisa ter medo nem se proteger. Gosto de dar-lhe tempo para compreender o que quero dele. Às vezes, ir devagar é o jeito mais rápido de se chegar a algum lugar. Não quero, de maneira nenhuma, assustá-lo. Se ele ficar com medo de mim, na próxima sessão estará também com medo, pois estará esperando por isso, assim que me vir. Aplicar uma pressão inadequada, quer dizer, apressar o programa de treinamento por qualquer razão, obrigá-lo a trabalhar até o cansaço extremo, não lhe dando o Tempo necessário para que possa compreender o que espero dele vai despertar seu instinto de autopreservação, o que ele tem de mais forte, gerando confusão e, conseqüentemente, rebeldia. O cavalo é um ser naturalmente liderado, portanto, nosso trabalho é liderá-lo da mesma forma que um cavalo faz para controlar outro. Pensar que com açúcar e cenoura vamos conseguir lhe colocar sela e fazê-lo trabalhar para nós é pura ilusão Waltdisneyana. Ele vai nos testar em nível de nossa capacidade de liderança, muitas vezes em situações realmente difíceis. Temos que provar que não somos predadores, mas sim líderes, preparando-nos para as situações que ele vai nos criar, antecipando-as, sem lhe causar susto, medo ou dor, situações que lhe permitam tomar decisões corretas em relação a nós. Por exemplo, no trabalho de redondel, a atitude é incorreta é quando ele pára com a cara virada para a cerca, o que significa que vai trabalhar (galopar) mais. A atitude correta é quando pára com a cara virada para o seu treinador; então, a pressão deve ser aliviada imediatamente, permitindo que descanse e perceba que é isso que se espera dele. Assim, estaremos trabalhando através da sua mente. Quando aprendemos a fazer uma leitura do cavalo através da observação de suas expressões, crescem nossas possibilidades de comunicação. O que dizem suas orelhas, seus olhos, sua boca? Suas ações também vão nos dizer o que está acontecendo: quando está compreendendo ou quando não está, quando está com medo ou quando está agressivo. Interpretar o nível de aceitação representado por essas atitudes é o nosso Gol. Aprender a ler o cavalo é aprender uma linguagem nova é a comunicação através da sensibilidade, e isso só se consegue com a mente aberta. De nada adianta uma atitude arbitrária, opressiva, como se fôssemos superior a ele. Temos de permitir que ele aprenda. Por exemplo: quando quero ensinar meu cavalo a virar a cabeça para a direita, encurto a rédea direita; assim que percebo a menor tentativa de ele me dar a cabeça, alivio a pressão. Rapidamente ele compreenderá, porque estará procurando por aquele ponto (alívio da pressão), e assim estarei dando-lhe uma razão, um significado para fazer aquilo. Existem pessoas que chamam esse procedimento de Doma Racional. Prefiro chamá-lo "Doma" "Dinâmica Organizada movimento adestrado". Tenho que ter muita Doma para que possa pôr Doma no meu cavalo; a atitude "Doma" é responsabilidade mútua. Nunca sei o que vou fazer quando chego perto de um cavalo pela primeira vez. É ele que vai me dizer o que fazer e como fazer. Quero estar conectado com ele e poder dar-lhe o Tempo que precisar para que me compreenda. Procuro um entendimento de parceria, não estou interessado em escravidão. Quero a interação mais profunda possível naquilo que eu e ele estamos nos propondo a fazer juntos. O CAVALO - Origem e Evolução Origem e Evolução A partir da época de Linnaeus (século XVIII) até o início do século XIX, a História Natural, como ciência, tornara-se quase que exclusivamente descritiva. Tratava de executar um verdadeiro inventário dos gêneros da Natureza. As leis fundamentais da Biologia eram praticamente desconhecidas. Nas primeiras décadas do séculoXIX, a conceituação tipológica de espécie defronta-se com algumas dificuldades, tais como a interpretação, pelos geólogos, de fósseis encontrados, como sendo a de restos ou vestígios de espécies não mais existentes. Ao mesmo tempo, e pelos anos seguintes, o interesse pelas grandes viagens de exploração e a volúpia pelas navegações a plagas antes ignoradas, assim como uma melhoria nas comunicações, criaram dificuldades: o mesmo animal portava diferentes nomes em diversas regiões; veio à luz grande diversidade de formas de vida novas, exóticas, coligadas naquelas explorações; abarrotam-se os museus europeus de material o mais diversificado possível; avolumam-se as descrições de novas espécies – enfim, o reconhecimento dos animais torna-se muito difícil.Charles Darwin, componente de uma das referidas expedições científicas, já influenciado pelos estudos de Malthus – ensaios sobre população humana -, atribui à seleção natural uma das causas fundamentais da transformação das espécies. Ao publicar a “Origem das Espécies“ (1859), coloca o mundo científico da época face à questão: seriam todos os organismos descendentes de ancestrais comuns? Essa dúvida estimula o interesse científico para o estudo das relações filogenéticas entre os grupos de animais e, para se demonstrar tais relações, lançou-se mão da Anatomia e Embriologia comparadas, bem como da Paleontologia, buscando-se assim vestígios morfológicos e de compostos orgânicos fósseis em rochas de diferentes épocas geológicas da Terra. A ORIGEM DO CAVALO – O encontro de fósseis de cavalos serviu de suporte para a compreensão da teoria de Darwin. Em 1840, o paleontologista inglês Sir Richard Owen tornou-se o primeiro a descrever um fóssil desse mamífero, ao qual conferiu o nome genérico de Hyracotherium, devido à semelhança com os hiracóides – pequeno grupo de ungulados, com três ou quatro dedos nas patas, originários da África e do Oriente Médio. Esse fóssil foi encontrado nas vizinhanças de Londres, em depósitos argilosos datando do início da era Cenozóica (cerca de 64-50 milhões de anos atrás). Mas, na Segunda metade do século XIX, com a criação de diversos museus de História Natural nos Estados Unidos, o foco da ciência volta-se para o continente norte-americano, desenvolvendo-se muito a Paleontologia. Desde então, numerosas expedições, organizadas por esses museus, foram enviadas para exploração e colheita do rico material fóssil encontrado no Oeste norte-americano. Como resultado, inúmeros fósseis de cavalos foram encontrados e enviados à museus, fornecendo estudo e suporte científico incontestável para a aceitação definitiva da teoria evolutiva de Darwin. Em 1876, Othniel Charles Marsh, professor de Paleontologia da Universidade de Yale e um dos grandes incentivadores de tais expedições, ao estudar fósseis de cavalos encontrados no Novo México, datando do início da época Eocênica (cerca de 54 milhões de anos atrás), cria um novo gênero para incluir esses fósseis, aos quais denomina de Eohippus (cavalo da alvorada). Posteriormente, paleontologistas ingleses e norte-americanos compararam as coleções de Hyracotherium provenientes do continente europeu com aquelas de Eohippus oriundas do Oeste norte-americano, concluindo tratar- se do mesmo animal. Pelas leis da prioridade do Código de Nomenclatura Zoológica, o nome genérico Hyracotherium prevalece sobre Eohippus, apesar do uso generalizado da última designação. Os verdadeiros ancestrais do moderno cavalo – do Hyracotherium ao Equus – puderam ser estudados e determinados com precisão, em suas sucessivas etapas evolutivas, apenas no continente norte-americano, levando-nos a aceitar a América do Norte como sendo o ponto de partida da origem dos eqüídeos. OS PRIMITIVOS UNGULADOS – Apesar de não se conhecer o imediato ancestral do Hyracotherium, credita-se à ordem Condylarthra como sendo a precursora não somente dos cavalos, mas também dos demais ungulados e dos carnívoros em geral. Os mais primitivos Condylarthra aparecem como fósseis em sedimentos do início da época Paleocênica (cerca de 64-60 milhões de anos atrás), sendo o gênero Phenacodus, durante o Eoceno, um contemporâneo do Hyracotherium, seu membro mais conhecido e portador de características morfológicas sugestivas tanto de carnívoros quanto de ungulados herbívoros. PERISSODÁCTILOS – Já no início do Eoceno encontramos os ungulados distribuídos nas duas ordens aceitas atualmente: Perissodáctila e Artiodáctila. Os perissodáctilos (perissos = ímpar) constituem os ungulados que persistem até nossa época, tendo como representantes os eqüideos, os tapirídeos e os rinocerontídeos, quase todos usualmente com número ímpar de dedos. Em todos os perissodáctilos modernos observamos ausência do primeiro metacarpiano e do primeiro e do quinto metatarsianos. Na maioria deles (excetuando o tapir), o quinto metacarpiano também está ausente. Deste modo, nos membros anteriores e posteriores de muitos perissodáctilos geralmente ocorre a presença de três dedos funcionais ou, como nos eqüideos, um só dedo. Provavelmente, a partir de um tipo ancestral comum, os perissodáctilos evoluíram em várias direções (irradiação adaptativa), dando origem às subordens Hippomorpha e Ceratomorpha, que atingiram seu apogeu em meados da época Oligocênica (cerca de 30 milhões de anos atrás). Entre os Hippomorpha, além dos eqüideos, podemos citar, como exemplo, os extintos titanotheres (Brontotherium spp), que surgiram no início do Eoceno como animais semelhantes ao Hyracotherium, e que no Olígoceno se constituíram em gigantescos mamíferos com aproximadamente três metros de altura. O desaparecimento desses espécimes, assim como de outros perissodáctilos, possivelmente esteve ligado, entre outros motivos, à sua incapacidade de competir com outros mamíferos contemporâneos mais evoluídos – em alguns casos, seus próprios descendentes. EVOLUÇÃO DOS EQÜIDEOS - Se imaginarmos o Hyracotherium como ancestral do Equus caballus – e na realidade ele foi tão primitivo como qualquer um dos primeiros perissodáctilos, podendo ser referido como protótipo dessa ordem de mamíferos -, verificamos que basicamente possuía quatro dedos nos membros anteriores e três dedos nos membros posteriores, conferindo-lhe uma sustentação melhor adaptada ao solo macio das florestas, seu biótipo natural. A arcada dentária, embora primitiva, era portadora de incisivos já ajustados para o corte de folhas, sementes tenras e pequenos frutos, que principalmente lhe garantiam a subsistência. Certamente escapava de seus inimigos escondendo-se, graças ao seu pequeno porte, por entre as folhagens, ao invés de fugir, empregando a velocidade que ainda não possuía, como o fazem a maioria dos habitantes das planícies. O que aconteceu nos milhões de anos que separam o Hyracotherium de seus descendentes modernos? O encontro de fósseis de Hyracotherium na América do Norte e na Inglaterra demonstra que houve a possibilidade de dispersão geográfica e, durante o Paleoceno e a maior parte da época eocênica, uma das prováveis rotas migratórias foi através da ligação entre o continente norte-americano e o europeu; posteriormente, tal possibilidade tornou-se inviável em conseqüência da derivação dos continentes. No final no Eoceno (cerca de 49-38 milhões de anos atrás), a única passagem possível em direção ao continente asiático-europeu era através da limitada faixa de terra que hoje constituí o Estreito de Bering. A separação entre os dois continentes levou ao isolamento geográfico do Hyracotherium, permitindo sua evolução de maneira distinta no continente norte-americano e no europeu. Enquanto na Europa, durante o Eoceno, seus descendentes desenvolveram-se em sucessivas linhas evolutivas divergentes que se extinguiram no início do Olígoceno (cerca de 38-30 milhões de anos atrás), na América do Norte o Hyracotherium deu origem a formas evolutivas – Orohippus e Epihippus– que, embora ainda conservativas sob muitos aspectos anatômicos, já apresentavam tendência progressiva à transformação dos dentes pré-molares em estruturas de molares (molarização) – sem dúvida alguma um dos principais fatores responsáveis pela sobrevivência dos eqüideos através da era Cenozóica. No início do Olígoceno surgem os eqüideos tridáctilos – os Mesohippus. Assim, com a perda do quinto metacarpiano, tanto as patas anteriores quanto as posteriores ficaram com três dedos, havendo predominância dos terceiros metacarpianos e metatarsianos. Notavelmente, ocorre uma quase completa molarização dos pré-molares (do segundo ao quarto) – agora, o conjunto de dentes com funções mastigadoras e trituradoras são seis, três pré-molares, conduzindo o Mesohippus à gradual diversificação de seus hábitos alimentares, havendo, portanto, adaptação dos dentes à ingestão de gramíneas com alto teor de minerais abrasivos, alimentação predominante disponível no início da época Oligocênica. Provavelmente mudanças também ocorreram na estrutura do cérebro, havendo aumento do seu tamanho e do número de circunvoluções dos hemisférios cerebrais. Como seria interessante conhecer as mudanças de comportamento e de inteligência que acompanharam essas transformações! Os cavalos mais progressivos de meados do Oligoceno e todos aqueles encontrados no final dessa época (cerca de 26 milhões de anos atrás) são colocados, por convenção, em gênero separado – Miohippus – diferenciando-se de seu ancestral Mesohippus quase que exclusivamente pelo tamanho – o Miohippus era um pouco maior do que um carneiro. Se na metade final do Oligoceno o Miohippus esteve confinado à América do Norte, seu descendente Anchiterium, no início do Mioceno (cerca de 20 milhões de anos atrás), logo migrou, via Estreito de Bering, para o continente asiático-europeu, aí estando presente até meados dessa época (cerca de 12 milhões de anos atrás). Aqueles espécimes de Anchiterium que permaneceram no continente norte-americano deram origem ao Hypohippus, anatomicamente ainda bastante conservativo, sobressaindo-se de seus ancestrais da linhagem Mesohippus – Miohippus – Anchiterium principalmente pelo maior porte. Alguns Hypohippus migraram para o Velho Mundo, onde seus fósseis, datando da época Pliocênica (cerca de 7-2 milhões de anos atrás), foram encontrados na China. Paralelamente, na América do Norte, alguns descendentes do grupo Hypohippus originaram formas evolutivas muito avantajadas para a época (início do Plioceno), consequentemente recebendo o nome de Megahippus. A época Miocênica foi muito importante na história evolutiva do cavalo. Aquelas formas arcaicas e conservativas de eqüideos – do Anchiterium ao Megahippus – não puderam sobreviver ao novo tipo de alimento disponível em abundância na época, constituído basicamente de gramíneas com alto conteúdo de sílica, mineral altamente abrasivo – seus dentes, desprovidos de sulcos e com coroas baixas, logo se desgastavam, impedindo-os de se alimentar de forma adequada. O problema foi resolvido, no Mioceno, a partir de determinada linha evolutiva proveniente do Miohippus, que deu origem aos sucessivos gêneros Parahippus e Merychippus. Nesses gêneros, particularmente no Merychippus, o conjunto triturador, composto pelos dentes pré-molares e molares, adaptou-se muito bem para a mastigação de gramídeas portadoras de sílicas. Esse material alimentar abrasivo provocava grande desgaste dentário, havendo, além do mais, necessidade de sua ingestão em grande quantidade para perfeito desenvolvimento dos animais. Houve evolução dos pré-molares e molares em estruturas trituradoras com coroas altas, complexo padrão de linhas de esmalte duro na sua superfície e com crescimento contínuo à medida que se desgastavam – o esmalte dentário agora assentava-se em uma matriz de dentina e de cemento que se desgastava mais depressa do que o próprio esmalte, resultando na manutenção da superfície dos dentes em estado áspero, com as arestas de esmalte duro projetando-se acima da dentina e do cemento. Dessa maneira, o Merychippus tornou-se portador de um mecanismo triturador altamente eficiente na utilização do material áspero formador de sua dieta – surgia o pastejador de gramíneas, de tal modo bem adaptado às condições de sua época, que de pronto deu origem a pelo menos seis distintas linhas evolutivas. Entre essas formas evolutivas, ainda tridáctilas, podemos citar os grupos Hipparion, Neohipparion e Nannippus. Enquanto Neohipparion e Nannippus permaneciam exclusivamente na América do Norte – Nannippus sendo inclusive considerado, na transição do Plioceno para o Pleistoceno (cerca de 2 milhões de anos atrás), como a última forma tridáctila de eqüideos presente no continente norte-americano -, Hipparion caracterizava-se por ser um migrante por excelência. Ao atravessar o Estreito de Bering, disseminou-se da China à Europa Ocidental, atingindo inclusive a África, onde se registra, pela primeira vez, a presença de eqüideos – aí no continente africano, seus descendentes deram origem, no Plioceno, ao grupo dos Stylohipparion. Esses animais sobreviveram até o final da época Pleistocênica, convivendo com os ancestrais imediatos das zebras. São considerados os últimos eqüideos tridáctilos. Mas, sem dúvida alguma, dos grupos originários de Merychippus no final do Mioceno, o mais importante deles foi Pliohippus. Entre os oito ou mais gêneros que existiram no início do Piloceno, foi somente no gênero Pliohippus que a redução do segundo e do quarto dígitos atinge seu grau máximo, a ponto de não mais neles haver estojo córneo – surge o cavalo monodáctilo. Tal condição anatômica foi retida através dos seus descendentes, aí incluso o gênero Equus. As espécies mais avançadas de Pliohippus assemelhavam-se de tal forma ao cavalo moderno, que sua posterior evolução foi muito mais uma questão de refinamento de detalhes anatômicos do que qualquer outra mudança essencial. O gênero Equus, no seu sensu latu, surgiu no final do Plioceno (cerca de 3-2 milhões de anos atrás), a partir do subgênero Pliohippus (Astrohippus). As primeiras espécies norte-americanas de Equus são colocadas em subgênero separado – Equus (Plesippus) -, que, ainda no seu estágio mais primitivo, logo migraram para o Velho Mundo. Acredita-se que as formas mais avançadas de cavalos – Equus (Equus)- também tiveram sua origem no continente norte-americano a partir de Equus (Plesippus), daí migrando para o continente asiático-europeu. Mas sua história, entretanto, pode ser mais complicada do que parece. O que se sabe, com certeza, é que fósseis de gênero Equus foram encontrados em quase todos os continentes, excetuando-se, por motivos óbvios, o australiano. Do início do Paleoceno até o final do Plioceno – portanto durante aproximadamente 60 milhões de anos – a América do Sul esteve isolada do resto do mundo. Quando o Hyracotherium surgiu na América do Norte, havia um estreito e não um istmo entre os continentes norte e sul-americanos, impedindo que os eqüideos migrassem para a América do Sul. No final do Plioceno, com o restabelecimento de ligação entre esses continentes através do Istmo do Panamá, houve migração de formas evolutivas avançadas de Pliohuppus em direção ao continente sul-americano, onde deram origem a três distintas linhas evolutivas: Hippidion, Onohippidion e Parahipparion (ou Hyperhippidion). Esses gêneros caracterizavam-se, entre outros detalhes anatômicos, por apresentarem as patas reduzidas. No entanto, tais grupos extinguiram-se no decorrer da época Pleistocênica (cerca de 2 milhões – 12 mil anos atrás). Porém, antes que ocorresse sua extinção, a América do Sul assistiu a uma nova invasão de eqüideos, agora representados através dos modernos cavalos, os Equus (Equus), que gradativamente substituíram os antigos imigrantes, ocupando biótipos tão distintos como as planícies tropicais aolongo do Equador ou então as linhas costeiras geladas do Estreito de Magalhães. Assim como os congêneres norte-americanos, sobreviveram aos sucessivos períodos glaciários e interglaciários do Pleistoceno e, quando os primeiros homens se estabeleceram no continente americano, certamente defrontaram-se ainda com extenso rebanhos de cavalos. Todavia, em espaço de tempo relativamente curto (alguns milhares de anos), Equus (Equus) extinguiu-se tanto na América do Norte quanto na América do Sul, resistindo, como espécie (Equus caballus), apenas no continente euro-asiático. Por que os eqüideos não sobreviveram no continente americano? Sua extinção provavelmente se constitua num dos episódios mais enigmáticos da história animal. Algumas pretensas explicações podem ser definitivamente descartadas, tais como: 1. Influência da Idade do Gelo – muitos cavalos habitavam regiões não atingidas significativamente pelas glaciações, sabendo-se que sua extinção ocorreu apenas após o último período glaciário; 2. Desaparecimento de suas fontes alimentícias – outros pastejadores, como os bisões-americanos (Bison bison), que com os cavalos dividiram o mesmo biótipo na América do Norte, sobreviveram em grandes rebanhos até a chegada dos colonizadores europeus; por outro lado, quando os cavalos foram por eles reintroduzidos nas Américas, rapidamente formaram grandes e prósperos rebanhos, tanto nas planícies dos Estados Unidos quanto nos pampas argentinos, o que demonstra serem essas regiões geográficas altamente favoráveis à colonização dos eqüídeos – não havendo também comprovação de que, por ocasião da extinção dos cavalos, o clima nessas localidades fosse muito diferente em relação ao dos dias atuais; 3. Predatismo por outras espécies de animais – supõe-se que nenhum potencial inimigo natural dos eqüideos surgiu no continente americano por ocasião de sua extinção; ao contrário, prováveis predadores ou não, tais como o tigre dente-de-Sabre, o mamute e o rinoceronte, também desapareceram conjuntamente com os cavalos. Resta-nos, como hipótese, aventarmos a possibilidade da ocorrência de algum agente etiológico, em caráter epidêmico, com alto coeficiente de letalidade e alta especificidade de hospedeiro – vírus, bactéria ou protozoário – transmitido ou não por artrópodes. E, se tal fato foi a expressão da verdade, infelizmente não pode ser comprovado através de remanescentes fósseis dos cavalos; os desafios aos quais os eqüinos não puderam enfrentar permanecem como um dos grandes mistérios e um dos capítulos mais impressivos da história do Reino Animal. Evolução eqüina Para entendermos uma determinada espécie, torna-se necessário conhecermos sua evolução e escala zoológica. É nos eqüinos que encontramos uma escala evolutiva notavelmente completa, através da descoberta de registros fósseis da evolução eqüina. Ao contrário da maioria dos animais, nos eqüinos foi possível reconstituir toda a sua evolução. Este fato teve grande importância no estudo da espécie, pois podemos entendê-la, acompanhando as mudanças que o meio ambiente determinou à espécie, ou seja, as adaptações que foram impostas pela natureza à medida que as dificuldades de sobrevivência foram surgindo. O aparecimento do cavalo primitivo é da era terciária do período Eoceno (mais ou menos 55 milhões de anos), sendo que o primeiro ancestral a surgir foi o Hyracotherion, mamífero de pelo liso, que vivia nas florestas e se alimentava de tenros brotos de folhas. Seus dentes eram próprios para a trituração destes vegetais, possuíam quatro dedos em cada membro anterior (dianteiros) e três dedos nos posteriores (traseiros), de porte pequeno, medindo aproximadamente 25 centímetros. Era encontrado por toda América do Norte Eurásia, contudo sua evolução continuou somente no continente norte americano, vindo a extinguir-se no velho mundo, sendo que todas as espécies subseqüentes que surgiram nos outros continentes, derivam da América do Norte. No período glacial fortemente marcado por cataclismos e epizootia, tomou-se extinto na América do Norte, retomando àquela região somente com a presença dos conquistadores espanhóis que lá chegaram no século XVI. No decurso de milhões de anos de evolução, seu dorso tomou-se mais reto, sues dedos foram igualmente atrofiando e seu porte aproximadamente o de um cachorro grande; crescendo sempre, através dos tempos, o cavalo foi sofrendo várias modificações no formato do crânio, na distribuição dos dentes e no comprimento dos membros. Este processo continuou durante outros milhões de anos, chegando ao Hipparion, de porte mais elevado, longos membros, que agora possui um só dedo central coberto por uma camada córnea chamada casco, sendo um cavalo selvagem e da altura de um pônei. Os cavalos selvagens que ainda hoje são encontrados na Ásia, embora em pequeno número - aproximadamente 60 indivíduos - são os Equus Przewalsyis, descobertos em 1879 no deserto próximo as fronteiras russo-chinesas; percorriam em manadas a Ásia, a Europa (mais precisamente a França) e também parte da África. Eram perseguidos pelo homem como caça e mais tarde passaram também a ser capturados e domesticados, isso há aproximadamente 3.000 anos a.C., prestando a partir de então, múltiplos serviços ao homem. O cavalo moderno é um ponto culminante de uma só, dentre muitas linhas de evolução. Chegou, porém as dimensões e características gerais que hoje apresenta, ainda no período pré-histórico. 3. Introdução dos Equídeos na América Os estudos de Paleontologia revelaram que o Cavalo teve origem nas Américas. É um fato incontestável que existiram eqüinos em abundância, desde a Patagônia até a América do Norte, pois foram encontrados esqueletos representativos de todas as formas de sua evolução. Esses esqueletos acham-se expostos em diversos museus. Através de migrações ou de qualquer outro fator, ocorreu o desaparecimento da espécie antes da pré-história. Estudos revelam que os cavalos reapareceram na Europa e parece certo que pelo menos três espécies primitivas, originados em locais diversos, tenham contribuído para a formação dos cavalos atuais. Foram eles: Eqqus przewalski – Cavalos das Estepes ou da Mongólia. Eqqus gemelini – Cavalos dos Desertos ou Tarpã. Ex.: Árabe. Eqqus fossillis – Cavalos das Florestas. Ex.: Shire. Atribui-se a domesticação dos cavalos aos árias ou protomongóis, 3.000 a.C., só se tornando conhecido no ocidente na Idade do Bronze. Foi nas guerras – nas invasões da Grécia (2.000 a.C.), do Egito (1.600 a.C.) que os ocidentais ficaram conhecendo o cavalo. O aperfeiçoamento do cavalo de sela e aumento do seu tamanho se verificou nas civilizações que se desenvolveram na Pérsia e Mesopotâmia, empregando o animal a princípio como animal de tiro leve. Como montaria só foi usado a partir de 750 a.C. Até o advento de Cristo, os Árabes não conheciam o cavalo ou pelo menos não o utilizavam. Foram eles porém que mais tarde conseguiram, graças ao um convívio íntimo e cotidiano com este animal e o espírito de observação, formar a primeira raça aperfeiçoada de animal doméstico – o cavalo Árabe, ainda hoje usada para comunicar energia, nobreza, inteligência, boa conformação a outras raças, particularmente as de sela. O Jumento era conhecido e utilizado no Egito e Ásia Menor antes do cavalo. Representações artísticas do Egito datando de 2.000 a.C., nos mostram várias fases de sua captura, amansamento e utilização. O Jumento foi encontrado em muitas ilhas do Mediterrâneo e no litoral Norte da África, região que parece Ter sido seu habitat inicial. A introdução do cavalo na América é atribuída a Colombo em sua Segunda viagem realizada em 1943 à ilha de São Domingos. Outras introduções foram feitas, em 1535 por Ojeda, no Chile; em 1541 por Cabeça de Vaca, que atravessando o Paraná chegou a Bolívia. Naturalmente, a estas se seguiram outrasintroduções nos primeiros tempos coloniais, de eqüinos provenientes da península Ibérica (Espanha e Portugal), culminando com a vinda da cavalhada da Coudelaria de Alter Real, desempenhando um papel saliente na formação dos nossos cavalos. 4. Origem dos Eqüídeos Brasileiros e Piauienses Os cavalos e asininos foram introduzidos no Brasil, sucessivamente em 1535 em Pernambuco, 1543 em São Paulo e 1549 na Bahia, pelos donatários Duarte Coelho, Martim Afonso e Tomé de Sousa. Naturalmente outras introduções se lhe seguiram, efetuadas não só pelos colonizadores como pelos invasores. O Brasil recebeu os primeiros cavalos vindos com outras espécies domésticas das ilhas da Madeira e das Canárias, em 1534, por iniciativa da esposa de Martin Afonso de Souza, Dona Ana Pimentel, posteriormente em 1535 Duarte Coelho inicia a sua criação em Pernambuco, mas a notícia concreta,através de documentos, da primeira introdução desta espécie em nosso País é dada por Tomé de Souza em 1549 recebendo cavalos de Cabo Verde e coube a Garcia D'Ávila, senhor da Casa da Torre (Tatuapara), no litoral na Bahia, o trunfo de disseminar bovinos e equínos por todo interior do nordeste principalmente através do Rio São Francisco (Rio dos Currais) enfrentando condições difíceis de sobrevivência com escassez de água e alimentos, sendo esses de péssima qualidade, sem falar nos terrenos quentes e pedregosos, tocados sem ferradura, assim foi sendo forjado a única raça no mundo que mais possui característicasidênticas ao do tipo mais comum, o Bérbere, que os mouros levaram do Norte da África para a Península Ibérica, ao lado do Árabe, sendo o que influiu mais na formação do cavalo Nordestino. A influência de outras raças europeias só se fez sentir a partir do segundo império, com a chegada da Coudelaria de Alter do Chão em 1808, com D. João VI, e que foi criada em 1748 por D. João V, porém e até hoje muito pequena e não chegou a ser profunda exceto em pequenas áreas. No Piauí, o cavalo chegou em 1544, vindo de Pernambuco, trazidos pelos jesuítas na região sul e por ciganos na região central. Hoje já existem diversas raças introduzidas em nosso Estado. Para se ter uma ideia da situação atual faremos um retrospecto. Em 1973, o Brasil detinha o 1o lugar em número de cavalos. Éramos então o maior produtor de eqüinos, com 14,38% do efetivo mundial. Perdemos esta posição para a China, EUA, México. A partir de então eclodiu a crise energética mundial e o nosso rebanho começou a declinar, chegando a apenas 4.853.000 cabeças em 1978, segundo Anuário Estatístico do IBGE. Decrescemos 48% em 5 anos. Este fato, embora com algumas contradições pode ser explicado pela expansão da agricultura e pela crescente substituição do cavalo pela máquina motorizada, quer nos serviços agropecuários, quer nos diversos tipos de transporte, sem contar contudo com o abate indiscriminado e criminoso. CURIOSIDADES DO MUNDO EQUINO Maior salto em altura O maior salto em altura efetuado, foi pelo cavalo Huaso, montado por Alberto Larraguibel, em 1949 em Santiago no Chile, que atingiu 2,47 m. Na seqüência tem-se ainda, o cavalo Osoppo com 2,44 m na Itália, e o cavalo, Vol au Vent com 2,38 mem Paris. Maior salto em largura O maior salto em distância foi efetuado em 1975 pelo cavaleiro André Ferreira, com 8,40 m, atual recorde mundial; seguindo-se, o cavalo Amado Mio com 8,30 m e Balcamo com 8,20 m. Cavalos mais velhos O cavalo mais velho, foi um Pônei Galês que morreu com 66 anos de idade, em 1970, ao sul do Pais de Gales. Na França, em 1919 outro Pônei atingiu a idade de 54 anos e em 1969 no Missouri-EUA a égua Nellie morreu aos 53 anos de ataque cardíaco. Cavalo mais alto (A altura do cavalo se mede pela cernelha) O cavalo mais alto, Firpon (Percheron) media 2,16m, castanho, nasceu em 1959 e morreu com 1.350 kg no Rancho Olavarria (Argentina) em 1972. Cavalo mais baixo O cavalo mais baixo, Pônei da raça Shetland, chamado Meia Noite, media 36 cm e nasceu a meia noite de 1969 na Austrália. Cavalo mais pesado O cavalomais pesado, Brooklyn Supreme, um garanhão Puro Sangue Belga, com 1.440 Kg, nasceu Em 1928 e morreu em 1948 em Iowa-Eua. As fezes dos cavalos Os cavalos adultos eliminam fezes de 5 a 12 vezes por dia, e urinam de 7 a 8 vezes no mesmo período. O sono dos cavalos Os cavalos requerem longos períodos de sono, em media de 7 horas por dia, e devido a conformação de seus ligamentos e tendões, podem dormir também, em pé. A carne de cavalo A carne de cavalo era comida comum em muitos países da Europa na época pré - cristã, mas não em países islâmicos ou judeus. Neste período, a carne de cavalo era ingerida no Norte da Europa principalmente em cerimônias religiosas teutônicas, associadas com a adoração do deus Odin. No ano 732 o Papa Gregory III começou um esforço para parar esta prática pagã, e acredita-se que tal fato, especialmente na Islândia, tenha contribuído para que muitas pessoas relutassem em abraçar o Cristianismo. Cortes de varejo de Carne de Cavalo Cortes de varejo de cavalo são semelhantes aos de carne de boi. A carne é mais magra, ligeiramente mais doce em gosto, com um sabor entre a de boi e de veado. É muito tenra, mas pode ser ligeiramente mais dura que cortes comparáveis de carne de boi. Possui mais proteína e menos gordura. A carne de animais além de três anos de idade tem sabor melhor. Os cortes mais populares de carne de cavalo são: lombo, bife de filete, bife de anca e costela. Os cortes menos tenros são moídos. Onde Carne de Cavalo é Consumida? Nos Estados Unidos, embora a maioria da população rejeite comer, a indústria de carne de cavalo está rivalizando as indústrias de carne bovina e suína, principalmente nas quantias de carne fresca exportadas. Em 1994, foram transportadas 109,353 libras de carne de cavalo para o estrangeiro. Na Suécia a carne de cavalo vende mais que a de cordeiro. Também é consumida comumente na Espanha, Itália, Suíça, Alemanha, Áustria, e Países Baixos, embora seja mais popular na Bélgica e França. Comparação entre os principais componentes da carne de Cavalo e de outras espécies (%) Componente Cavalo Boi Veado Suíno Carneiro Água 73-75 53-72 68-73 52-60 58-64 Proteína 21-23 15-19 10-20 14-17 15-18 Gordura 1-3 13-28 9-12 23-32 17-26 N Livre de gordura 2,4 0,7-2 - 0,2-0,8 - Nasce o primeiro burro clonado do mundo Uma equipe de cientistas norte-americanos conseguiu pela primeira vez clonar um eqüino: um burro, conforme divulgado na revista “Science". O animal, batizado de Idaho Gem ("jóia de Idaho"), nasceu no dia 4 de maio. Esse é também o primeiro clone de um animal híbrido (resultado do cruzamento de espécies diferentes) e estéril (que não pode se reproduzir). Os equinos são especialmente difíceis de serem clonados. Cada espécie tem características únicas de desenvolvimento celular, por isso alguns animais --como ovelhas e porcos-- são mais fáceis de serem copiados que outros --como os primatas. No processo, os norte-americanos, liderados pelo professor Gordon Woods, da Universidade de Idaho, substituíram o núcleo do oócito de uma égua pelo núcleo de células "adultas" de um burro --nesse caso, células jovens, retiradas da pele de um feto de 45 dias concebido naturalmente. Eles também inovaram ao elevar os níveis de cálcio no meio de cultura dos embriões. Com isso, a taxa de gravidez subiu sete vezes. Ainda assim, o método não produziu muitos embriões: foram necessárias 305 tentativas para que Idaho Gem nascesse. Outras duas éguas ainda estão gestando clones. Cálcio e câncer Para Woods, o conhecimento adquirido na divisão embrionária dos equinos pode ajudar a conter a metástase do câncer em humanos. Equinos com câncer apresentam taxas mais baixas de mortalidade em comparação com os humanos. Segundo o cientista, 8% dos cavalos que desenvolvemmetástase morrem --em casos de câncer de próstata, a taxa é nula. No caso dos homens, a taxa de mortalidade é de aproximadamente 24% de todos os casos de metástase --13% a 14% no câncer de próstata. Woods acredita que a diferença dos níveis de cálcio presente dentro e fora das células em humanos e cavalos poderia explicar a disparidade entre as taxas de mortalidade. Para o professor, drogas que interfiram nesses níveis ajudariam a conter a difusão do câncer em humanos, ao fazer as células se comportarem como as dos cavalos. Ele abriu uma empresa, a Cancer2, para pesquisar a relação. University of Idaho-Phil Schofield © 2003 O primeiro equino clonado, Idaho Gem, nasceu no dia 04/05/2003 nos Estados Unidos CENSO AGROPECUÁRIO – BRASIL EQÜINOS O Brasil possui terceiro maior rebanho mundial de cavalos A criação e comercialização de cavalos não é atividade de lazer de poucos, mas um negócio de muitos. O Brasil tem, atualmente, o terceiro maior rebanho eqüino do mundo, com 5,9 milhões de cabeças, segundo números da FAO (Food and Agriculture Organization), de 2002, perdendo apenas para México e China. Com tais números, seria impossível imaginar que somente os ricos desenvolvam essa atividade produtiva. Estima-se que o uso do cavalo ocupe diretamente mais de 500 mil pessoas no País. Não se pensa mais no cavalo apenas como instrumento de batalha ou de tração, nem mesmo como alimento, o que nunca foi de nosso costume. Porém, o desbravamento de novas áreas produtivas, além do seu uso ainda como meio de transporte e serviços, dão importante dimensão econômica à criação de cavalos no Brasil. Surgiram novos espaços neste mercado promissor, com o emprego do cavalo como equipamento esportivo, de lazer e manutenção de nossas raízes culturais mais interioranas, de inigualável apelo ecológico. Até animais de raças importadas foram incorporados definitivamente a tradicionais festas e circuitos esportivos nacionais, como vaquejadas, cavalhadas e provas funcionais, entre outras, sem contar usos mais sofisticados, como pólo, turfe, hipismo e, mais recentemente, adestramento olímpico e enduros. Com toda sua beleza e versatilidade, o cavalo vem se ajustando às necessidades do usuário com grande rapidez. Hoje, somente entre os animais registrados, são 300 mil mangalargas marchador, 278 mil quartos-de-milha, 197 mil crioulos, 186 mil mangalargas, 88 mil campolinas, 80 mil árabes, 30 mil puros sangue ingleses (PSI) e 25 mil appaloosas, entre outros. Este é o tamanho da eqüinocultura, que forma hoje, no Brasil, uma importante cadeia do agronegócio, com forte interrelação com setores ligados ao lazer, cultura e turismo. A perspectiva de crescimento desse negócio passa pela capacidade dos criadores se organizarem e produzirem animais de qualidade, com visão mercadológica. Recentemente, a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) instalou a sua Comissão Nacional do Cavalo, com o objetivo de reunir as associações de criadores de todo o País, para trabalhar uma política de valorização deste segmento produtivo. Atualmente, existem em funcionamento mais de 20 associações nacionais de raças puras. SENSO DE 1985 Informantes Total 1.738.928 670.333 655.861 5.693.041 1.121.011 1.269.279 Eqüinos Asininos Muares PESQUISA DA PECUÁRIA MUNICIPAL – BRASIL, 1990 Eqüinos ........................................................................... 6.121.515 cabeças Asininos .......................................................................... 1.342.866 cabeças Muares ............................................................................ 2.032.924 cabeças UNIDADES DA FEDERAÇÃO 1o Minas Gerais ............................................................. 971.952 cabeças 2o Bahia ......................................................................... 659.330 cabeças 3o São Paulo ................................................................... 611.563 cabeças 4o Rio Grande do Sul ..................................................... 593.555 cabeças 5o Goiás ......................................................................... 452.330 cabeças 6o Paraná ........................................................................ 448.567 cabeças 7o Maranhão ................................................................... 286.923 cabeças 8o Mato Grosso do Sul ................................................... 286.181 cabeças 9o Pará ............................................................................ 252.220 cabeças 10o Rio Grande do Norte ................................................. 231.894 cabeças 11o Piauí ........................................................................... 171.920 cabeças ESTATÍSTICA MUNDIAL Ano Milhões de Cabeças 1910 .................................................................................................. 94 1920 .................................................................................................. 80 1930 .................................................................................................. 115 1940 .................................................................................................. 95 1950 .................................................................................................. 60 1972 .................................................................................................. 65 EFETIVO POR ESTADO Efetivo dos rebanhos (Cabeças) Tipo de rebanho = Eqüino Unidade da Federação Ano 1995 1994 1993 1992 1991 1990 Acre 16.992 16.649 16.487 14.238 13.978 10.518 Alagoas 53.455 53.136 53.054 59.056 59.194 58.408 Amapá 4.239 4.128 3.671 2.829 3.742 3.757 Amazonas 14.482 13.333 12.228 11.196 11.212 11.199 Bahia 659.202 652.755 658.240 706.494 680.260 659.330 Ceará 223.984 222.700 220.869 230.514 230.740 231.894 Distrito Federal 9.300 9.350 8.500 8.500 8.320 8.350 Espírito Santo 80.695 84.342 88.813 88.408 87.499 84.823 Goiás 464.899 462.714 464.271 459.885 470.552 452.330 Maranhão 265.217 269.770 272.682 271.398 276.482 286.923 Mato Grosso 219.057 205.153 199.115 184.100 181.452 169.622 Mato Grosso do Sul 367.841 357.668 347.420 301.839 292.800 286.181 Minas Gerais 962.428 977.098 984.066 981.204 981.573 971.952 Pará 301.384 287.103 269.859 255.111 251.093 252.220 Paraíba 66.605 63.059 63.224 73.802 72.799 74.911 Paraná 430.214 438.939 439.980 442.249 449.316 448.567 Pernambuco 119.266 117.529 115.134 135.353 140.017 135.332 Piauí 185.204 181.130 176.823 175.375 175.236 171.920 Rio de Janeiro 152.857 149.431 149.631 142.937 109.712 107.300 Rio Grande do Norte 36.997 35.059 33.507 38.059 39.070 39.103 Rio Grande do Sul 603.671 614.669 618.145 608.971 596.195 593.555 Rondônia 104.046 99.802 93.437 65.286 56.573 52.263 Roraima 16.103 - - 36.483 36.316 - Santa Catarina 152.153 155.456 152.136 157.032 157.952 164.418 São Paulo 615.141 621.459 614.822 624.281 609.406 611.563 Sergipe 87.133 86.758 87.461 90.228 87.338 82.646 Tocantins 181.580 176.535 170.555 164.385 157.780 152.430 Fonte: IBGE - Pesquisa Pecuária Municipal Efetivo dos rebanhos (Cabeças) Tipo de rebanho = Asinino Unidade da Federação Ano 1995 1994 1993 1992 1991 1990 Acre 429 408 370 346 317 395 Alagoas 8.670 8.576 8.685 9.755 9.969 9.562 Amapá 292 255 194 153 164 146 Amazonas 432 402 356 218 245 292 Bahia 409.377 401.709 408.182 453.793 446.699 437.092 Ceará 189.524 185.463 181.421 189.342190.670 191.529 Distrito Federal 80 88 80 80 80 85 Espírito Santo 3.252 3.494 3.746 3.936 3.867 3.526 Goiás 5.241 5.089 4.934 5.234 5.333 4.883 Maranhão 181.280 181.646 182.672 192.443 185.761 185.541 Mato Grosso 4.041 3.893 3.771 3.391 3.138 2.853 Mato Grosso do Sul 4.142 3.959 3.733 3.502 3.507 3.259 Minas Gerais 34.013 33.822 35.006 35.267 36.583 36.937 Pará 25.039 21.911 22.646 19.975 19.344 18.789 Paraíba 54.924 51.189 47.335 54.204 54.228 53.191 Paraná 2.126 1.767 1.867 1.926 1.924 1.942 Pernambuco 84.396 80.252 75.155 84.179 80.515 79.382 Piauí 236.398 230.579 225.087 225.133 224.573 219.138 Rio de Janeiro 2.852 2.770 2.661 2.441 2.358 2.334 Rio Grande do Norte 48.502 45.740 42.959 47.416 48.111 48.277 Rio Grande do Sul 2.255 2.248 2.225 2.184 2.120 2.148 Rondônia 4.106 6.326 7.408 6.750 6.111 5.902 Roraima - - - 596 543 - Santa Catarina 446 472 520 374 273 295 São Paulo 8.596 7.615 8.640 6.970 7.035 5.739 Sergipe 10.957 11.300 12.075 12.748 12.766 12.289 Tocantins 22.785 21.725 20.646 19.045 17.965 17.300 Fonte: IBGE - Pesquisa Pecuária Municipal Efetivo dos rebanhos (Cabeças) Tipo de rebanho = Muar Unidade da Federação Ano 1995 1994 1993 1992 1991 1990 Acre 4.614 5.356 4.833 4.202 4.244 3.780 Alagoas 31.448 31.380 31.385 32.076 32.849 31.824 Amapá 390 346 221 198 252 233 Amazonas 1.404 1.353 1.190 1.141 1.046 1.085 Bahia 374.805 369.476 370.607 384.381 372.830 366.198 Ceará 121.629 120.298 118.002 121.028 121.237 121.038 Distrito Federal 380 390 360 360 360 380 Espírito Santo 37.376 37.906 39.578 39.816 38.820 38.546 Goiás 55.069 53.633 53.457 53.048 52.090 51.289 Maranhão 129.820 128.823 127.171 123.578 122.315 121.234 Mato Grosso 52.540 49.958 43.724 42.590 45.003 42.540 Mato Grosso do Sul 45.859 44.454 43.057 40.515 40.687 39.909 Minas Gerais 356.711 361.215 366.734 377.581 379.905 379.510 Pará 88.522 83.825 82.244 88.381 84.249 81.908 Paraíba 46.874 46.040 41.175 47.268 46.620 46.451 Paraná 105.298 109.580 111.985 114.019 115.743 118.043 Pernambuco 76.417 77.594 77.495 86.511 86.967 87.518 Piauí 57.313 55.859 54.478 54.488 53.816 52.473 Rio de Janeiro 27.690 29.195 30.506 30.733 31.021 31.904 Rio Grande do Norte 25.034 23.786 22.448 25.339 26.113 26.197 Rio Grande do Sul 14.978 17.704 18.581 19.673 21.439 22.676 Rondônia 52.471 49.869 53.273 47.119 41.930 37.794 Roraima - - - 995 951 - Santa Catarina 6.937 7.604 8.107 9.361 9.596 11.650 São Paulo 163.267 170.385 183.229 195.548 203.415 220.805 Sergipe 36.950 37.711 38.679 39.963 39.286 38.199 Tocantins 76.312 73.479 70.415 66.455 62.255 59.740 Fonte: IBGE - Pesquisa Pecuária Municipal Tabela 3 - Efetivo dos rebanhos, segundo as Grandes Regiões e Unidades da Federação - Brasil – 2003 Grandes Regiões e Unidades da Federação Efetivo dos rebanhos Eqüinos Asininos Muares Brasil 5 828 376 1 208 660 1 345 389 Norte 633 976 42 050 173 952 Rondônia 144 204 1 901 21 105 Acre 29 771 503 5 423 Amazonas 11 468 358 884 Roraima 26 020 - - Pará 260 058 23 223 88 365 Amapá 3 462 278 543 Tocantins 158 993 15 787 57 632 Nordeste 1 405 484 1 106 510 671 039 Maranhão 173 484 135 151 100 516 Piauí 150 602 205 465 38 276 Ceará 138 314 201 951 77 823 Rio Grande do Norte 39 614 63 341 20 868 Paraíba 52.335 56 917 24 688 Pernambuco 119 061 95 458 58 496 Alagoas 51 127 8 870 21 886 Sergipe 67 448 9 632 15 905 Bahia 613 499 329 725 312 581 Sudeste 1 580 147 41 463 282 284 Minas Gerais 891 035 30 500 172 775 Espírito Santo 72 549 1 783 15 064 Rio de Janeiro 100 991 1 988 14 907 São Paulo 515 572 7 192 79 538 Sul 1 088 927 5 440 65 897 Paraná 459 294 3 148 56 461 Santa Catarina 130 275 507 2 646 Rio Grande do Sul 499 358 1 785 6 790 Centro-Oeste 1 119 842 13 197 152 217 Mato Grosso do Sul 362 894 3 881 45 289 Mato Grosso 306 845 3 875 64 899 Goiás 443 903 5 351 41 829 Distrito Federal 6 200 90 200 EFETIVO POR REGIÃO Efetivo dos rebanhos (Cabeças) Tipo de rebanho = Eqüino Região Geográfica Ano 1995 1994 1993 1992 1991 1990 Centro-Oeste 1.061.097 1.034.885 1.019.306 954.324 953.124 916.483 Nordeste 1.697.063 1.681.896 1.680.994 1.780.279 1.761.136 1.740.467 Norte 638.826 597.550 566.237 549.528 530.694 482.387 Sudeste 1.811.121 1.832.330 1.837.332 1.836.830 1.788.190 1.775.638 Sul 1.186.038 1.209.064 1.210.261 1.208.252 1.203.463 1.206.540 Efetivo dos rebanhos (Cabeças) Tipo de rebanho = Asinino Região Geográfica Ano 1995 1994 1993 1992 1991 1990 Centro-Oeste 13.504 13.029 12.518 12.207 12.058 11.080 Nordeste 1.224.028 1.196.454 1.183.571 1.269.013 1.253.292 1.236.001 Norte 53.083 51.027 51.620 47.083 44.689 42.824 Sudeste 48.713 47.701 50.053 48.614 49.843 48.536 Sul 4.827 4.487 4.612 4.484 4.317 4.385 Efetivo dos rebanhos (Cabeças) Tipo de rebanho = Muar Região Geográfica Ano 1995 1994 1993 1992 1991 1990 Centro-Oeste 153.848 148.435 140.598 136.513 138.140 134.118 Nordeste 900.290 890.967 881.440 914.632 902.033 891.132 Norte 223.713 214.228 212.176 208.491 194.927 184.540 Sudeste 585.044 598.701 620.047 643.678 653.161 670.765 Sul 127.213 134.888 138.673 143.053 146.778 152.369 Fonte: IBGE - Pesquisa Pecuária Municipal 1.6 CLASSIFICAÇÃO POR SANSON Proporções Carnais: Raças braquicéfalas: ou crânio largo, no qual a distância que une as bases internas das orelhas é maior que aquela que liga a orelha ao canto externo da pálpebra. (ex.: Árabe). Raças dolicocéfalas: ou de crânio longo, no qual a distância entre a base das orelhas é menor que aquelas que liga a orelha ao canto externo do olho. Neste caso estas linhas laterais são divergentes. (ex.: Shire). Raças mesocéfalas: cujocrânio é intermediário, ou nos quais encontramos tanto animais braquicéfalos como dolicocéfalos. (ex.: Mestiços). 1.7 CLASSIFICAÇÃO DE ACORDO COM O PERFIL Concavilíneos ( – ) Retilíneos ( 0 ) Convexilíneos ( + ) 1.8 CLASSIFICAÇÃO DE ACORDO COM O PESO Elipométricas: Menos de 350 Kg. Eumétricas: de 350 a500 Kg. Hipermétricas: Mais de 500 Kg. 1.9 CLASSIFICAÇÃO DE ACORDO COM O COMPRIMENTO Longelíneos: Dolicomorfos ou compridos – > 0,90 Mediolíneos: Mesomorfos ou proporcionais – 0,86 a 0,90 Brevelíneos: Braquimorfos ou retacos – < 0,85. Obs.: Divide-se o comprimento do corpo pelo perímetro torácico. AS CARACTERÍSTICAS DOS CAVALOS Normalmente ao se descrever os cavalos, utilizam-se os termos aparência ou desempenho ou uma combinação de ambos. Em quaisquer dos casos fala-se em características, podendo ser observáveis ou mensuráveis em um eqüino. Os caracteres observáveis geralmente estão ligados a aparência do animal, pelagem, harmonia corporal, musculatura, forma do pescoço ou cabeça, etc., enquanto os mensuráveis, normalmente, referem-se a aspectos de desempenho e incluem tempo de corrida a determinada distância, habilidades de salto e adestramento, peso ao nascer, altura ao ano, etc. As características de interesse na equideocultura podem ser divididas em dois grandes grupamentos: qualitativas e quantitativas. Características Qualitativas Um caráter qualitativo é aquele em que os fenótipos são expressos em categorias (Bourdon, 1997). Nas expressões destes fenótipos discretos normalmenteestão envolvidos um ou poucos pares de genes, ou seja, há herança simples, e a influência do meio ambiente é relativamente pequena. Particularidades da pelagem, susceptibilidade ao HYPP, imunodeficiência combinada, doença hemolítica, e várias outras condições letais ou semiletais são exemplos de características de herança simples (veja tabela). Manifestação Herança Exostose Múltipla Hereditária Dominância Imunodeficiência Combinada Recessividade Luxação Patelar Lateral Recessividade Doença Cerebelar Recessividade Letal Diluído Recessividade Síndrome do Branco Letal Dominância Epiteliogênese Imperfeita Recessividade Cegueira Noturna Recessividade Colágeno defeituoso Recessividade HYPP dominância incompleta Em caracteres de herança simples, embora algumas vezes o genótipo possa não ser exatamente conhecido, há uma probabilidade de se identificá-lo. Considere a pelagem Pampa (Tobiano) em eqüinos. O genótipo de um animal com esta pelagem pode ser tanto TOTO (homozigoto) quanto Toto (heterozigoto), já que há dominância completa no caráter. O acasalamento de indivíduos heterozigotos para Pampa (Tobiano) será: Fêmeas Machos TO To TO TOTO (tobiano) TOto (tobiano) To TOto (tobiano) toto (não tobiano) Assim, embora não se saiba exatamente se os pampas (tobianos) nascidos são homo ou heterozigotos, há probabilidade maior de serem TOto (proporção 2:1). Se se desejar conhecer mais detalhadamente quais pampas (tobianos) são homozigotos e quais heterozigotos, pode-se conduzir "testes de acasalamento", ou seja, acasalamentos direcionados no sentido de revelarem genótipos de um indivíduo para um pequeno número de loci (veja tabela a seguir). Tabela - Número de progênies necessário nos testes de acasalamentos para se detectar a presença do gene recessivo (to). Acasalamento do futuro pai TO__ com: Probabilidade de que um portador permaneça sem detecção com "n" descendentes Número de descendentes necessário para reduzir a probabilidade de não detectar a: 5% 1% 0,1% Fêmeas homozigotas recessivas (toto) (0,5)n 5 7 10 Fêmeas portadoras conhecidas (TOto) (0,75)n 11 16 24 Progênie do futuro pai (0,875)n 23 35 52 Assim, ao se acasalar um garanhão pampa (tobiano) com fêmeas não pampas (tobiaas)o necessita-se de 5 filhos pampas (tobianos) para se chegar a uma probabilidade de 95% do pai ser homozigoto para este caráter, 7 para 99% e 10 para 99,9%. Um único filho não pampo (tobiano) significa heterozigose (animal portador). Outras maneiras de se evidenciar o pampa (tobiano) homozigoto incluem análise de marcadores genéticos (diagnóstico de genes marcados ligados - ALB e GC - e delineação da herança do cromossomo tobiano em "pedigrees", a partir da análise de registros de pais e filhos) e testes de DNA (demonstração da presença de duas cópias da seqüência de DNA tobiano em um animal). Características Quantitativas Um caráter quantitativo é aquele em que os fenótipos (desempenhos) apresentam expressão contínua. Ao contrário das qualitativas, as quantitativas geralmente são governadas por muitos pares de genes (herança poligênica), sendo que o efeito de nenhum deles se sobressai. A maioria das características de importância econômica em eqüinos é de natureza quantitativa, com relevante influência do meio ambiente. De modo geral, pode-se dividir as características quantitativas dos animais em 4 grupos. 1. Reprodutivas: número de serviços por concepção, intervalo entre partos, porcentagem de natalidade, período de gestação, etc. 2. Produtivas: tempo de corrida, habilidade de salto, habilidade de tração, lida com gado, andamentos, habilidade de adestramento, etc. 3. Qualidade:em eqüinos as características de qualidade são normalmente aplicadas para animais de abate - escore para carcaça, porcentagem e gordura na carne, etc. 4. Estética ou gosto pessoal: escore para conformação, forma da cabeça, altura, etc. O termo “produtiva” utilizado para descrever um dos grupos de características quantitativas dos animais, embora próprio, em eqüinos talvez pudesse ser melhor compreendido se substituído por “desempenho”. Embora corretas, as expressões produção de velocidade ou produção de tração são menos freqüentes que desempenho em corrida, salto ou tração. A importância relativa entre estes grupos depende da situação. Por exemplo, dentro da raça Quarto de Milha destacam-se 3 linhagens - conformação, trabalho e corrida. Assim, no primeiro caso as características de estética maior terão destaque, enquanto nos dois últimos casos as produtivas. A medida em que o número de genes afetando um caráter aumenta, mais difícil torna-se observar os efeitos individuais e, portanto, menos se sabe sobre a expressão de cada um deles. Nesse sentido, em um caráter de herança poligênica é impossível identificar precisamente em um indivíduo, um genótipo de vários loci. Como descrever o genótipo de um cavalo para velocidade, habilidade de salto ou apartação? A alternativa é se trabalhar com aquilo que foi chamado de "net effect" dos vários genes do animal que influenciam o caráter, ou seja, quantificar o desempenho e o valor genético do indivíduo para a característica. É oportuno ressaltar que nem todas as características quantitativas têm herança poligênica, e que existem caracteres qualitativos com este tipo de herança. Por exemplo, quando se considera o peso ou altura do corpo de animais afetados pelo gene "nanismo", onde os fenótipos são mensurados com números que variam de maneira aproximadamente contínua dentro de certos extremos. O caráter é mensurado em kg, cm, mas a herança é simples. Por outro lado, a característica "dificuldade de parto" (distocia), a qual normalmente abrange somente duas categorias (assistido e não assistido), apresenta herança poligênica, uma vez que vários genes influem no tamanho do feto(s), no controle de níveis hormonais, etc. Assim, simples ou poligênica refere-se ao modo de herança da característica, ao passo que qualitativa e quantitativa à maneira de como o caráter se expressa. A distocia é exemplo de uma categoria especial de característica chamada "Limiar", ou seja caracteres de herança poligênica que expressam fenótipo em categorias. Outros exemplos em cavalos são a fertilidade (considerando concepção ou não concepção) e andamento natural (passo
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