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1 UNIDADE 1 A ARTE NA ANTIGUIDADE OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM PLANO DE ESTUDOS Ao final desta unidade você será capaz de: • compreender que a História da Arte na Antiguidade, por meio de suas expressões artísticas, serviu de exemplo para outros povos na organização sociocultural. • identificar as especificidades das artes de cada civilização, a começar pela produção artística das culturas antigas, partindo da Pré-História até a arte romana. Esta unidade está dividida em quatro tópicos. Em cada um deles, você encontrará atividades que auxiliarão na compreensão dos conteúdos apresentados. TÓPICO 1 – ORIGENS DAS MANIFESTAÇÕES ARTÍSTICAS: ARTE PRÉ- HISTÓRICA TÓPICO 2 – ARTE NO EGITO TÓPICO 3 – A ARTE DO ORIENTE: SUMÉRIOS, ASSÍRIOS E PERSAS TÓPICO 4 – ARTE GREGA E ROMANA 2 3 TÓPICO 1 UNIDADE 1 ORIGENS DAS MANIFESTAÇÕES ARTÍSTICAS: ARTE PRÉ-HISTÓRICA 1 INTRODUÇÃO Em que momento da história se pode compreender o início da arte? De onde vêm a vontade e a necessidade de criar e se manifestar artisticamente? Esses questionamentos permitem entender o contexto histórico artístico que tem início na Pré-História. Durante muito tempo, arqueólogos, historiadores e pesquisadores fizeram pesquisas aprofundadas sobre este período de grandes indagações. Se analisarmos o que hoje torna nossa vida mais fácil, poderíamos citar uma diversidade de criações e as tecnológicas seriam as mais citadas. Mas você já parou para pensar sobre a importância das ferramentas que nos ajudam a superar as limitações físicas? Estamos cercados de objetos que foram criados na Pré-História e aprimorados com outros povos, por exemplo, as machadinhas e martelos desenvolvidos com materiais que provinham da natureza, e hoje são industrializados. Destacamos também que na Pré-História tivemos os primeiros registros pictóricos, que trazem elementos figurativos de animais e o estereótipo de figura humana, além de esculturas, com destaque para o feminino. Mas para que possamos entender a evolução nessa era, vamos estudá-la nas suas divisões em períodos: Paleolítico ou Idade da Pedra Lascada; Neolítico ou Idade da Pedra Polida, e Arte Primitiva. 2 A ARTE PALEOLÍTICA A Era Glacial durou dezenas de milênios e corresponde a um período de tempo em que boa parte do planeta estava coberta de gelo, logo, os homens não existiam. Com as eras glaciais vieram várias mudanças naturais, surgindo assim o primeiro período, denominado de Paleolítico. Foi neste período que começou a história humana e da arte. Nesse sentido, podemos dividir o Paleolítico em três períodos, denominados de: Paleolítico Inferior, Paleolítico Médio e Paleolítico Superior. O primeiro período refere-se ao Paleolítico Inferior, conhecido também como Idade da Pedra Lascada, que corresponde a 200.000 anos a.C. Mas por que este nome? Devido à criação de instrumentos e armas que foram feitos de pedra, mas que tiveram as pontas lascadas e bordas cortantes que auxiliavam nas UNIDADE 1 | A ARTE NA ANTIGUIDADE 4 caçadas e na luta pela sobrevivência, sendo, assim, caracterizados como caçadores e coletores, além de se protegerem dos nômades com estas armas confeccionadas por eles. Estes objetos foram encontrados na África, confeccionados pelo Homo habilis, que utilizou ferramentas rudimentares por aproximadamente um milhão e meio de anos. Depois deste período surgiu o Homo erectus, outra evolução humana, quando o homem se pôs a andar de forma ereta, permitindo tomar espaço do Homo habilis e, assim, ocupando outras regiões da Ásia e da Europa. O segundo período é o Paleolítico Médio, que compreende entre 200.000 a 35.000 a.C., no qual surgiu o Homo neanderthalensis, o Homem de Neandertal. Sua existência está ligada ao homem moderno. Essa espécie se adaptou ao período frio da Europa, mais precisamente no Vale de Neander, na Alemanha, onde os primeiros ossos desses homens foram encontrados. Possuíam ferramentas como machadinhas, facas e lanças para uso alimentício, e como defesa contra outros grupos usavam o corpo para as lutas. Desse período datam as primeiras sepulturas, e isso aconteceu porque o homem, ao perceber que não veria mais seu companheiro, cavou uma fossa onde o sepultou, colocando junto a seu corpo nacos de carne, a fim de que ele pudesse se alimentar em algum momento da sua viagem. Com o passar do tempo, o Homem de Neandertal desapareceu, e surgiu outro tipo humano, semelhante ao homem moderno, e junto a ele vieram novas condições ambientais, onde o homem pôde aproveitar melhor os lugares para sua sobrevivência. O terceiro período cabe ao Paleolítico Superior, que compreende de 35.000 a 8.000 a.C. Este período caracteriza-se pela fabricação de ferramentas rudimentares e outros objetos, além de surgirem as primeiras organizações sociais, onde o grupo se baseava na caça, na pesca e na coleta de folhas e frutos. Enquanto que na arte, os Homo sapiens realizaram as primeiras manifestações artísticas nas paredes de cavernas, como em Altamira (na Espanha). Além da Espanha, foram descobertas ainda pinturas em Lascaux e Chauvet, na França. Essas pinturas que foram encontradas consistiam em traços nas paredes das cavernas. Esses traços foram chamados de rupestres, do latim rupes, que quer dizer “rocha”. Para Proença (2011, p. 10), “[...] as primeiras expressões da arte eram muito simples. Consistiam em traços feitos nas paredes das cavernas ou nas mãos em negativo”, como mostra a imagem a seguir: TÓPICO 1 | ORIGENS DAS MANIFESTAÇÕES ARTÍSTICAS: ARTE PRÉ- HISTÓRICA 5 FIGURA 1 - MÃOS EM NEGATIVO, FEITAS HÁ 13 MIL E 9.500 ANOS, NA COVA DAS MÃOS, NA PATAGÔNIA, ARGENTINA FONTE: Disponível em: <http://lounge.obviousmag.org/psicologia_na_ contemporaneidade/2014/11/as-artes-e-a-evolucao-da-especie-humana. html>. Acesso em: 3 jan. 2017. De acordo com Proença (2011), as mãos impressas nas paredes das cavernas foram produzidas com um pó colorido, por meio de trituração de rochas. Depois, com um osso, como se fosse um canudo, o pó foi soprado sobre a mão encostada na parede. Toda a área em volta da mão ficava colorida, assim foi criada uma silhueta da mão como negativo de uma fotografia. De acordo com estudiosos, referente à arte da pré-história, as impressões em negativo realizadas nas paredes, no solo ou em placas de barro, bem como pinturas de animais, surgiram como possíveis formas de comunicação. Para a realização de tal feito, que vamos chamar de artístico, Proença (2011, p. 10) contribui dizendo que nas pinturas encontradas nas paredes das cavernas eram utilizados “[...] óxidos minerais, ossos carbonizados, carvão, vegetais, suco de ervas e sangue de animais. Os elementos sólidos eram esmagados e dissolvidos na gordura dos animais caçados”. Como pincéis, usavam os dedos ou instrumentos feitos de penas e pelos. Depois de terem os materiais necessários, faziam as representações figurativas das espécies de animais desenhados, como: “os cavalos que são os mais numerosos, seguidos pelo bisão, pelo boi, pelo mamute, pelo cervo, pela camurça, pelas figuras antropomórficas e pelos carnívoros; os peixes são raros e as aves quase desconhecidas” (ZARATE, BRAGA, 2008, p. 12). No entanto, as pinturas deste período podem ser compreendidas por aspectos de naturalismo: o artista do Paleolítico representava seres do modo como os via em uma determinada perspectiva, isto é, reproduzia a natureza tal qual sua visão captava, como podemos visualizar na figura a seguir: UNIDADE 1 | A ARTE NA ANTIGUIDADE 6 FIGURA 2 - PINTURA RUPESTRE DE BISÃO, CAVERNA DE ALTAMIRA – ESPANHA FONTE: Museu arqueológico, Barcelona. Disponível em: <http://oglobo.globo.com/ sociedade/historia/abertura-da-caverna-de-altamira-gera-discussao-sobre- acesso-do-publico-monumentos-15778878>. Acesso em: 3 jan. 2017. Muitas vezespensamos: como o homem pôde realizar pinturas rupestres em locais de difícil acesso? Uma das possíveis explicações seria a de que o homem, que era caçador, realizava pinturas como ritual de magia. A esta magia coube a hipótese de que eles realizavam pinturas de animais transpassados por flechas e lanças como modo de aprisioná-los na imagem, e isto resultaria em maior poder do homem sobre a caça que seria realizada. Janson (2001, p. 41) nos explica que: [...] ao matar o animal na imagem, o homem não conseguirá estabelecer uma distinção nítida entre as imagens e a realidade. Por isso, as imagens mortas perdiam o seu poder uma vez efetuado o rito da matança, e deixavam de servir para uma nova feitiçaria. TÓPICO 1 | ORIGENS DAS MANIFESTAÇÕES ARTÍSTICAS: ARTE PRÉ- HISTÓRICA 7 FIGURA 3 - ARTE DO HOMEM DAS CAVERNAS: BISÃO FERIDO POR FLECHAS (NIAUX, SUL DA FRANÇA) FONTE: Disponível em: <http://www.coladaweb.com/historia/periodo- paleolitico-ou-idade-da-pedra-lascada>. Acesso em: 3 jan. 2017. Os homens pré-históricos, ao realizarem as pinturas de animais, proporcionavam uma determinada força como caçadores e, claro, adquirindo confiança para realizar a caça e matar os animais com as armas primitivas desenvolvidas por eles. No entanto, bisões, aparentemente veados e cavalos foram pintados em forma de movimento. Neste caso coube possivelmente a possibilidade de se usar traços fortes que expressavam a ideia de vitalidade. Como mostra a figura acima, entender esta ação neste período histórico exige muita pesquisa científica para desvelar as pinturas que chegaram até nós nos dias de hoje. Nesse período ainda, esculpir e talhar eram atividades cotidianas do Homo sapiens. A partir da estabilidade de moradia, o homem se apropriou de outros materiais, como a pedra e o marfim, e realizou pequenas esculturas. Conforme Proença (2011, p. 11), “nota-se o predomínio das figuras femininas e a ausência de figuras masculinas”, como uma série de Vênus que se destacam. São figuras femininas nuas, tendo algumas características mais exageradas que outras, como os seios, as nádegas e o estômago, que costumam ser volumosos, enquanto os pés, as mãos e características faciais são omitidos. A Vênus de Willendorf, vista na imagem a seguir, é um exemplo. UNIDADE 1 | A ARTE NA ANTIGUIDADE 8 FIGURA 4 - VÊNUS DE WILLENDORF, ESTATUETA DE 11 CM ENCONTRADA NA ÁUSTRIA EM 1908. MUSEU DE HISTÓRIA NATURAL, VIENA FONTE: Proença (2011, p. 11) Denota-se então que a escultura “Vênus de Willendorf” apresenta desproporção e a falta de partes do corpo humano. No entanto, vale destacar que o material-base da escultura é pedra, que já apresentava volume, e que lembra partes da figura humana. Para Proença (2010, p. 9), a Vênus tem [...] a cabeça como prolongamento do pescoço, a ausência de detalhes do rosto, os seios volumosos, o ventre saltado e as grandes nádegas. Na antiguidade, Vênus para os romanos – ou Afrodite para os gregos – era uma bela deusa que despertava amor nos deuses e nos seres humanos [...]. No século XIX, em escavações na França, foram descobertas esculturas de figuras femininas pré-históricas. Os arqueólogos chamaram de Vênus também a figura de Willendorf. Nesse sentido (JANSON, 2001, p. 45), destaca que a Vênus de Willendorf apresenta “[...] o umbigo, que marca o centro do desenho, é uma cavidade natural da pedra [...] como as pinturas efetuadas nas paredes das cavernas, algumas foram contornadas, pois as rochas proporcionavam o desenho natural e a imagem então foi concebida”. Compreendemos então que essas esculturas de pedra, na sua maioria, foram moldadas pelo próprio meio natural. TÓPICO 1 | ORIGENS DAS MANIFESTAÇÕES ARTÍSTICAS: ARTE PRÉ- HISTÓRICA 9 UNI Uma mãe de 25 mil anos A cabeça dela era indefinível, uma bola escamada, sem narinas, sem olhos, boca ou orelhas, mas os seus seios e o seu abdômen eram imensos, inflados, colossais. Tratava-se de uma pequena estátua (11.1 cm de altura) encontrada nas proximidades de Willendorf, na Áustria, em 1908. Visivelmente era de uma mulher prestes a dar à luz, uma estatueta de uma futura mãe. Chamaram-na ironicamente de Vênus de Willendorf. Posteriormente, o pequeno objeto, submetido às perícias do carbono 14, um quase exato método científico que apura a idade dos achados, revelou que aquela senhora esculpida com as primitivas ferramentas do Paleolítico Superior datava de 24 ou 25.000 anos atrás! Não havia nela nem um só traço de beleza. Nenhuma exaltação à feminilidade ou à graça da mulher. Aquele que a modelou, talvez um xamã, um sacerdote-artista, viu-a apenas na sua função mais natural, a mais primitiva da mulher: gerar filhos. Terem- na cinzelado naquele estado pré-natal, sem nenhuma preocupação estética, segundo os antropólogos, revelava que a exclusiva preocupação daquela remotíssima sociedade era com a reprodução da espécie. A estátua era um pleito às forças mágicas ou divinas. Desenharam- na redonda, em formas abundantes, porque esperavam que as mulheres dessem filhos e mais filhos à tribo. A mulher era a usina da vida, de cujo ventre saltavam os guerreiros e os caçadores do clã. FONTE: Disponível em: <http://educaterra.terra.com.br/ voltaire/artigos/matriarcado.htm>. Acesso em: 3 jan. 2017. A "Vênus" do Paleolítico, um ícone da maternidade Você sabia que existiram outras vênus além da Willendorf? A maior parte delas é naturalista, ou seja, o meio natural moldou – apresentando formas exageradas, que fazem parte dos pedaços naturais das pedras. Mas existiram esculturas que foram desenvolvidas de forma simplificada, tendo então ação humana. Acredita-se que muitas delas foram desenvolvidas para garantir abundância de alguma forma, em vez de serem símbolos eróticos, pois, no contexto onde foram encontradas, denotam uma importância doméstica, do cuidado, da atenção para com o lugar e o outro. Vejamos algumas das vênus que foram encontradas pelo mundo e, claro, onde algumas apresentam um refinamento realizado pela ação do homem, que varia de acordo com o país. UNIDADE 1 | A ARTE NA ANTIGUIDADE 10 FIGURA 5 - VÊNUS NO PALEOLÍTICO SUPERIOR Vênus de Lespugne (França), Museu de Paris. Vênus de Laussel (França), segurando um chifre de bisão. Vênus de Vestonice (República Tcheca). Foi desenvolvida de forma naturalista, como a de Willendorf, tendo partes mais exageradas do que outras. Foi esculpida em baixo relevo, apresenta traços desalinhados. Foi desenvolvida de forma naturalista. Apresentando um corpo mais equilibrado do que a Vênus de Lespugne. FONTE: Adaptado de Gowing (2008) No período paleolítico superior, podemos observar que se anunciava uma vida em grupos, onde de certa forma caminhavam para divisões de tarefas. Desse modo, entende-se que os povos começaram a se fixar em determinado lugar e a tirar seu sustento do meio ambiente, além de levar a sua arte, fazendo surgir, assim, um novo homem e uma nova vida cultural, pertencente ao período Neolítico. 3 A ARTE NEOLÍTICA O período Neolítico ou Idade da Pedra Polida compreende entre 6.000 até 4.000 a.C, onde o homem passou a construir as primeiras moradias, domesticar os animais e realizar o plantio. Essas ações ocasionaram aumento da população, surgindo as primeiras famílias, bem como a divisão de atividades, por exemplo, o homem voltado à responsabilidade da caça e a mulher ocupada com o plantio. Nesse período descobriu-se como produzir o fogo através do atrito das pedras, permitindo ao homem trabalhar com metais. Também se descobriu que o calor do fogo endurecia o barro, o que possibilitou o surgimento da cerâmica, e por meio dela, o homem passou a fazer potes onde armazenava água e alimentos. TÓPICO 1 | ORIGENS DAS MANIFESTAÇÕES ARTÍSTICAS: ARTE PRÉ- HISTÓRICA 11 Foram criados ainda, novosvalores culturais relacionados às suas crenças, pois o homem começou a enterrar os mortos. Nesse período, deixou-se para trás o estilo naturalista do Paleolítico, surgindo o estilo geometrizante. As pinturas das cerâmicas foram realizadas com o uso de linhas múltiplas e estreitas. Com o tempo, as linhas deram lugar às pinturas em grandes áreas dos blocos, com linhas curvas orgânicas e equilibradas. Posteriormente apareceram círculos, quadrados e formas espirais, distribuídos de forma proporcional nos vasilhames, muitas vezes formando rostos. UNI Pertencentes às linguagens visuais, as linhas curvas orgânicas eram realizadas de forma livre, fluida, que não permitiram em nenhum momento que se convertessem em linhas retas. Vejamos, a seguir, vasos que tiveram a arte da geometrização como marco artístico. FIGURA 6 - JARRO ANTROPOMÓRFICO ENCONTRADO NO NORTE DA BULGÁRIA – 6.000 a.C FIGURA 7 - VASOS BICÔNICOS DO GRUPO DE TRÍLOPE, ENCONTRADOS NA UCRÂNIA FONTE: Zarate; Braga (2008, p. 24) FONTE: Zarate; Braga (2008, p. 23 UNIDADE 1 | A ARTE NA ANTIGUIDADE 12 As pinturas apresentaram mudanças temáticas nas cavernas, onde começaram a aparecer pinturas com temas de vida coletiva, por exemplo, a dança, mostrando movimento nos braços e nas pernas das figuras humanas estereotipadas. Segundo Proença (2011, p. 13), “[...] a preocupação com o movimento levou à criação de figuras cada vez mais leves, ágeis, pequenas, com poucas cores. Com o tempo, tais figuras reduziram-se a traços e linhas muito simples, mas capazes de transmitir sentido a quem as via”. FIGURA 8 - PINTURA RUPESTRE NAS CAVERNAS DE TASSILI N’AJJER, NA ARGÉLIA FONTE: Proença (2011, p. 12) Ainda conforme Proença (2011), pinturas com cenas de dança em grupo possivelmente estavam ligadas ao trabalho de plantação e colheita. Foi um período de mudanças em relação à moradia. Começaram a sair de suas cavernas para fazer as primeiras esculturas monumentais. Surgiu uma colossal arquitetura de pedras erguidas em duas formas básicas: o dólmen e o cromeleque. O dólmen que consiste em enormes pedras verticais cobertas por uma laje, parecendo uma mesa gigante. Alguns destes dolmens eram túmulos ou casas de mortos e cromeleques (monumento pré-histórico, composto de menires que formam um ou vários círculos ou elipses), quando são várias pedras dispostas em círculos. O cromeleque, como mostra a figura a seguir, é o “Stonehenge”, que está localizado na Inglaterra, com pedras medindo até quatro metros e pesando até 50 toneladas. Alguns estudiosos acreditam que essas construções estão ligadas ao culto ao Sol. TÓPICO 1 | ORIGENS DAS MANIFESTAÇÕES ARTÍSTICAS: ARTE PRÉ- HISTÓRICA 13 FIGURA 9 – STONEHENGE, INGLATERRA FONTE: Disponível em: <http://brasil.visitbritainblog.com/2015/09/alem-de-stonehenge/>. Acesso em: 3 jan. 2017. DICAS Filme para complementação de estudos acadêmicos: A GUERRA DO FOGO aborda o momento em que o homem descobre o fogo, e toda mudança suscetível após. Este filme vem como forma de complementar seus estudos com uma fundamentação histórica. Já OS CROODS traz de forma leve a vivência de um grupo familiar que desbrava o habitat natural, onde descobriram formas de se relacionar, fazer arte e se adaptar a cada momento vivido. Podemos compreender que para haver os períodos da pré-história, o homem precisou ser nômade, desbravando lugares e, aos poucos, centralizando-se em um só, onde se firmou para cultivar, caçar e viver em grupos familiares. Nesses períodos fez várias descobertas, seja de utensílios, ferramentas, que auxiliaram na realização artística. Mas há outro povo que procurou viver mais isolado, descobrindo e aprendendo entre eles, chamado de povo primitivo, que viveu na África. 4 A ARTE PRIMITIVA Após o período paleolítico, surge outro modo de vida, que é a Arte Primitiva, onde os homens viviam na África e não tinham a intenção de se expandirem territorialmente. Com isso, os saberes artísticos e culturais provêm dos seus costumes diários. Há pouca informação da sua arte, mas muitas tribos desenvolveram uma arte voltada à cestaria, talhas ou mesmo ao trabalho com metais, que de certa forma serviam para protegê-los. Para Gombrich (1999, p. 44), “os artistas tribais podem produzir obras tão corretas na representação e interpretação da natureza quanto o mais hábil trabalho de um mestre ocidental”. UNIDADE 1 | A ARTE NA ANTIGUIDADE 14 Um dos trabalhos artísticos realizados por este povo se refere à criação de máscaras, que auxiliavam nos rituais de dança, para atrair os espíritos. Essas máscaras eram produzidas em diversos modelos, como animais, humanos e figuras híbridas, tornando-as muitas vezes assustadoras, com o propósito de assustar e afastar o inimigo. Nesse sentido, cada máscara apresentava uma peculiaridade para a função que iria exercer. FIGURA 10 - MÁSCARA EGBO EKOI – NIGÉRIA FONTE: Disponível em: <https://commons.wikimedia.org/wiki/ File:M%C3%A1scara_Egbo_Ekoi_-_Nig%C3%A9rie- Camar%C3%B5es.jpg>. Acesso em: 3 jan. 2017. Outro ponto a destacar se refere à construção. Os povos primitivos expandiram suas casas, que eram de madeira, pois gostavam de representar cenas lendárias. Eles também cultuavam os antepassados. Na Ilha de Páscoa encontram- se alinhadas figuras gigantes talhadas em rocha vulcânica. De acordo com Janson (2001, p. 58), “havia o costume de acumular as caveiras dos antepassados em grandes depósitos, como cemitérios de espíritos [...]”. TÓPICO 1 | ORIGENS DAS MANIFESTAÇÕES ARTÍSTICAS: ARTE PRÉ- HISTÓRICA 15 FIGURA 11 - GUARDIÕES NA ILHA DE PÁSCOA (RAPA NUI). FEITOS DE PEDRA. MEDEM ENTRE 6 A 10 METROS DE ALTURA FONTE: Disponível em: <http://cazamitos.com/wp-content/uploads/2011/06/Los- 7-Moais-de-la-Isla-de-Pascua..jpg>. Acesso em: 3 jan. 2017. No campo da expressão da arte, algumas tribos desenvolveram a técnica da pintura em areia. Segundo Janson (2001, p. 70), “a técnica, que exige considerável perícia, consiste em lançar pó de pedra ou de terra de várias cores sobre um leito plano de areia”. Essa pintura em areia era um ritual de grande intensidade emocional, tanto para o médico como para o paciente, que estava adoecido. Portanto, os povos primitivos viviam isolados e a troca de saberes e fazeres estava em torno da cultura deles. Restaram poucos registros documentados sobre eles. 16 • A Pré-História divide-se em três períodos: Paleolítico ou Idade da Pedra Lascada, Neolítico ou Idade da Pedra Polida e Arte Primitiva. • A Arte Paleolítica divide-se em três linhas: Período Inferior, quando os homens eram caçadores e coletores. No Paleolítico Médio começaram a construir seus instrumentos para caça e também lutavam utilizando seu próprio corpo. Já no Paleolítico Superior os homens começaram a fazer as primeiras impressões nas paredes das cavernas, como também pequenas esculturas com formas desproporcionais. • Na Arte Neolítica, o homem começou a fazer potes de cerâmica, que serviam para armazenar água e alimentos. Também fizeram pinturas com temáticas grupais nas paredes e construções grandes que serviam como proteção. • Na Arte Primitiva, o povo produzia a cestaria e máscaras. As máscaras tinham intencionalidade de afastar seus inimigos, como também usavam para os momentos de danças e espanto de espíritos. Cultuavam esculturas que foram talhadas em rochas vulcânicas. RESUMO DO TÓPICO 1 17 1 Várias Vênus foram criadas ao longo da história da arte. Vejamos algumas: AUTOATIVIDADE F I G U R A 1 - Vê n u s d e Willendorf. Altura: 11 cm. Museu de História Natural, Viena. FIGURA 2 - Vênus de Milo (séc. II a.C). Altura: 2,02m. Museu do Louvre, Paris. Sabemos que essas versões foram feitas em momentos diferentes, compreendendo o momento histórico e os preceitosestéticos que também se diferenciam no contexto artístico. Desta forma, analise as seguintes sentenças: I- A Vênus de Willendorf é uma pequena escultura pré-histórica. O seu corpo apresenta características femininas. II- A Vênus de Milo é uma estátua da Grécia Antiga pertencente ao acervo do Museu do Louvre, situado em Paris, França. Segundo a história, esta escultura foi descoberta no ano 2000 na ilha de Milo. III- A Vênus de Willendorf pertence ao período Neolítico, quando o homem não era mais nômade, firmando-se em algum lugar onde, na troca de aprenderes entre os homens, pôde aprender técnicas para esculpir. IV- A Vênus de Milo apresenta-se como uma escultura mais real que a Vênus pré-histórica, pois foi realizada na Grécia séculos mais tarde, quando o homem apresentava domínio sobre técnicas e materiais. De acordo com as sentenças, assinale a alternativa correta: ( ) As alternativas I e IV estão corretas. ( ) As alternativas I, II e IV estão corretas. ( ) Apenas a alternativa II está correta. ( ) As alternativas I, II e III estão corretas. 18 2 A arte pré-histórica surge a partir da necessidade do ser humano de se comunicar. Neste sentido, ela é manifestada por meio do desenho, da gravura, da escultura e da pintura. Com relação à pintura da arte paleolítica é CORRETO afirmar que: ( ) A pintura busca as formas reais da natureza. ( ) A pintura busca as perfeições em formas geométricas. ( ) A pintura busca retratar homens, animais e aves de forma estilizada. ( ) A pintura busca a idealização das formas humanas. 19 TÓPICO 2 ARTE NO EGITO UNIDADE 1 1 INTRODUÇÃO Este tópico tem como propósito compreender a arte no Egito, considerando aspectos artísticos que revelam a cultura desse povo. A essência cultural fica em torno da arquitetura e seus mistérios internos; esculturas rígidas, pinturas murais chapadas e que contam a realidade diária do povo. Iniciamos a arte egípcia com as construções, onde os templos eram preparados para receber o rei (intitulado como faraó) e seus respectivos acessórios, pois acreditavam em uma vida após a morte. A preservação da aparência do rei constituiria uma garantia a mais da continuidade de sua existência por toda eternidade. "Assim, mandavam talhar a cabeça do monarca em granito, duro e imperecível, e a depositavam na tumba, longe dos olhares de todos, para lá operar sua magia e assim ajudar sua alma a manter-se viva na imagem e por intermédio dela" (GOMBRICH, 2013, p. 50). Para realizar tal feito, havia a crença de manter vivo aquele que foi uma pessoa importante para o povo egípcio. Aos poucos, pessoas nobres também requisitaram túmulos para abrigar seus pertences junto ao corpo. Você, acadêmico, conhece na cultura de algum povo esse ritual, ou mesmo a ideia de eternizar junto ao corpo um objeto que esteve presente com a pessoa durante a vida toda, e que levará junto a si para a eternidade? Reflita! Para os egípcios, a expressão da pintura estava presente nas paredes dos túmulos e as miniaturas de esculturas iam junto com o morto. Antes das miniaturas serem enterradas junto com o corpo, havia o costume de enterrar os servos e escravos, sacrificados para acompanhar o rei ao outro mundo. Mas essa barbárie foi extinta, vindo a serem introduzidas as esculturas em miniatura, “[...] com a ideia de fornecer à alma ajudantes para a outra vida – uma crença muito comum a diversas culturas antigas” (GOMBRICH, 2013, p. 51). Podemos compreender, então, que a pintura e a escultura não estavam ligadas à beleza, mas sim à obrigação de preservar tudo por meio do registro da arte. Desenhavam o que fosse significativo e que aparecesse de forma clara, sem seguir regras, por isso você verá, mais adiante, a forma de representação do corpo, os elementos que faziam parte, sendo simplificados com a intenção de contar por meio da arte o cotidiano de um homem ou mesmo a história de um povo. UNIDADE 1 | A ARTE NA ANTIGUIDADE 20 Portanto, as expressões artísticas, sejam elas pintura, escultura ou arquitetura, apresentavam leis rígidas. As pinturas dos homens tinham o tom de pele mais escuro que o das mulheres; as esculturas, muitas delas, eram representações de pessoas sentadas e com as mãos sobre os joelhos e a arquitetura apresenta mistérios que até hoje muitos procuram desvendar. Para conhecer um pouco mais sobre o legado artístico desse povo, convidamos você a desfrutar o texto a seguir. 2 ESTRUTURA DA ARTE EGÍPCIA A organização social do Egito parecia militar, centrada na riqueza que era produzida por várias mãos, principalmente de escravos. Uma das riquezas coube ao desenvolvimento da escrita, ao destaque na matemática, ciência e medicina. Este povo que teve determinados destaques se desenvolveu nas margens do Rio Nilo, com as primeiras civilizações divididas em dinastias. A primeira foi a Monarquia Antiga, que teve como destaque a pintura, a escultura e a arquitetura. 2.1 MONARQUIA ANTIGA – DINASTIAS III A X (2778 – 2040 a.C.) Esta monarquia evidencia a representação pictórica, onde a clareza da pintura estava em torno da lei da frontalidade, um marco da pintura durante 2.500 anos. Arquitetura Um dos maiores destaques arquitetônicos coube às pirâmides, ainda um mistério para os engenheiros, devido à sua técnica de construção. As de maior relevância são as três pirâmides de Gizé: Quéops, Quéfren e Miquerinos. Para Seidel e Schulz (2006), a Queóps, que é a maior de todas, tem 146,5 m de altura e 230m de lado, e seu maior destaque é a forma de construção, que se resume a uma parede de blocos, sem nenhum material entre elas para firmar melhor. Já a pirâmide de Quéfren, construída décadas mais tarde, tem 143,5m de altura e é a segunda maior pirâmide do Egito. Apresenta revestimento original de calcário fino e polido, completando o conjunto das pirâmides com a de Miquerinos. Esse conjunto de pirâmides servia, provavelmente, para abrigar os restos mortais dos faraós. TÓPICO 2 | ARTE NO EGITO 21 FIGURA 12 - PIRÂMIDES DE MIQUERINOS, QUÉFREN E QUÉOPS, EM GIZÉ FONTE: Disponível em: <https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/d/d7/ Pir%C3%A2mides_Qu%C3%A9ops%2C_Qu%C3%A9fren_e_Miquerinos.jpg?uselang=pt- br>. Acesso em: 3 jan. 2017. UNI Como foram construídas as pirâmides? Para erguer uma delas, era necessário o trabalho de milhares de homens ao longo de mais ou menos 25 anos. As estimativas variam, mas as pesquisas mais recentes falam de 10 mil a 40 mil trabalhadores (bem menos que as mais antigas, que mencionavam até 100 mil). Ao construí- las, era necessário investir praticamente todos os recursos do Estado. Blocos de calcário eram extraídos com martelos e outras ferramentas e transportados de barco pelo rio Nilo. Depois, eram arrastados até uma rampa em torno da primeira camada de pedras da pirâmide. Para isso, usavam-se trenós e rolos feitos de troncos. Hoje, investir em obras que tivessem comparativamente a mesma magnitude levaria qualquer país à falência. A expressão "obras faraônicas" é utilizada para indicar coisas construídas com dinheiro público por políticos, que gostam de se promover gastando muito mais do que podem. FONTE: <http://educacao.uol.com.br/historia/egito-antigo-verdades-e-mentiras-sobre-a- civilizacao-multimilenar.jhtm>. Acesso em: 3 jan. 2017. Junto a estas pirâmides se encontra a Esfinge, considerada a maior escultura do antigo Egito. Esta obra foi esculpida a partir de uma rocha e apresenta feições miscigenadas. Contudo, para Seidel e Schulz (2006), a cabeça da escultura provém de uma unificação entre parte humana e parte animal, sendo o corpo de um leão e a cabeça de um faraó, como podemos ver na imagem a seguir: UNIDADE 1 | A ARTE NA ANTIGUIDADE 22 FIGURA 13 - ESFINGE – IV DINASTIA, C. 2530 a.C. FONTE: Disponível em: <http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/9/93/Monumento_Esfinge.JPG?uselang=pt-br>. Acesso em: 3 jan. 2017. Escultura Além da riqueza arquitetônica, houve outras expressões artísticas que se destacaram, como estátuas-retratos provenientes de sepulcros e templos funerários. A posição que era acoplada à escultura do Faraó, a arquitetura, como no caso, no templo, enfatizava a relação e a sua importância que tinha com aquele lugar. Para assim ter relações com o mundo, mesmo se o túmulo viesse a ser violado. Na figura a seguir podemos observar esculturas no templo funerário. FIGURA 14 - MIQUERINOS – MENKAURÉ E KHAMERERNEBTI II FONTE: Disponível em: <http://upload.wikimedia.org/wikipedia/ commons/9/98/Menkaure_and_Chamerernebti_ II.jpg?uselang=pt-br>. Acesso em: 3 jan. 2017. TÓPICO 2 | ARTE NO EGITO 23 A figura acima demonstra o poder que uma escultura em pé ou sentada pode exercer, através da rigidez e da simetria. Para Janson (2001), as estatuárias deste período, mesmo por serem um enigma, eram desenhadas sobre três faces (aspectos frontais e laterais) e esculpidas por todos os lados do bloco de pedra. O resultado consistia em uma escultura sólida e rígida. Além das esculturas, produziram vasos de várias formas, dimensões e materiais, como o alabastro, que é uma pedra branca parecida com o mármore. Pintura No que concerne à pintura, Seidel e Schulz (2006) destacam que o corpo feminino era representado de amarelo claro ou rosa, enquanto o masculino era coberto por branco para o fundo e depois colorido por castanho avermelhado. Mas, antes da pintura, primeiramente eram traçadas com todo cuidado as inscrições (desenhos) nas paredes, para em seguida selecionar as cores e fazer a pintura, conforme podemos ver a seguir: FIGURA 15 - CULTIVO DE TRIGO FONTE: Disponível em: <http://reino-de-clio.blogspot.com.br/2015/04/egito- economia.html>. Acesso em: 3 jan. 2017. Os saberes artísticos e culturais desta monarquia foram preservados, mas aos poucos começou a haver alternâncias, pois tiveram início as lutas civis, gerando o enfraquecimento do poder do faraó e resultando na abertura de outra monarquia. Esses saberes tomaram novas formas, que veremos a seguir. UNIDADE 1 | A ARTE NA ANTIGUIDADE 24 2.2 MONARQUIA MÉDIA – DINASTIAS XI A XVII (2040 – 1580) O Egito passou por conturbadas questões políticas durante 700 anos, quando várias foram as dinastias que surgiram, mas com curta duração. Nesse sentido, envolveram aspectos sociais, religiosos e políticos, e na arte também houve reflexos. O reflexo foi em não seguir regras com base em um realismo físico, mas dar ênfase à cor, vivacidade e expressões mais melancólicas. Enquanto as construções arquitetônicas voltaram-se aos templos em honra aos deuses, como forma de reflexo das alterações religiosas e da situação política no momento. Nesse período ocorreu o desenvolvimento dos teares e da cerâmica, bem como novos instrumentos e estilos de música. Dentre as diversas linguagens artísticas, a escultura teve maior destaque, como podemos ver na imagem a seguir, representada pela escultura acoplada na arquitetura. Na figura a seguir denota-se que as esculturas dos faraós que estavam na porta de entrada do templo, além de serem enormes, tinham a intenção de mostrar o poder deles. FIGURA 16 - O TEMPLO DE ABU-SIMBELL NA BAIXA NÚBIA - SÉCULO XII a.C. FONTE: Disponível em: <http://www.infoescola.com/wp-content/ uploads/2010/03/templo-abu-simbel.jpg>. Acesso em: 3 jan. 2017. Escultura A escultura desta monarquia, ao contrário da Monarquia Antiga, que marcou o período com esculturas grandes à frente dos templos, ou menores que estavam nos templos funerários, trouxeram como características, a definição corporal, pois elas são: TÓPICO 2 | ARTE NO EGITO 25 [...] menores, em madeira pintada (figuras de animais e humanos), que apresentavam cenas do cotidiano (barcos de pescadores, artesãos, tecelões e até pelotões de escravos). Algumas esculturas eram colocadas próximas ao túmulo e serviam para acompanhar o faraó na vida após a morte. Como foram feitas em madeira, poucas restaram (LISE, 1992, p. 154). FIGURA 17 - SOLDADOS EM MARCHA PARA A GUERRA. MUSEU EGÍPCIO, CAIRO FONTE: Zarate; Braga (2008, p. 105) Essas peças, como mostra a figura acima, foram produzidas como acessórios funerários, para beneficiar os reis – os objetos eram colocados junto ao túmulo, como forma de mostrar o que em vida eles dominavam. Pintura A pintura apresenta temas como os afazeres do cotidiano dos egípcios, além de figuras com posições e alturas diferentes, realizadas em pedra, onde faziam sulcos contornando a imagem, e quanto mais profundos eram feitos esses sulcos, mais a imagem se destacava. Podemos observar na figura a seguir, em uma arte realizada em pedra. UNIDADE 1 | A ARTE NA ANTIGUIDADE 26 FIGURA 18 - ACKENATON, NEFERTITE E SEUS FILHOS FONTE: Disponível em: <http://amantesdehistoriadaarte.blogspot.com. br/2011_06_01_archive.html>. Acesso em: 3 jan. 2017. Devido a muitos conflitos políticos e sociais, este período entrou em declínio, abrindo espaço para uma nova monarquia, como veremos a seguir. 2.3 MONARQUIA NOVA – DINASTIAS DE XVIII A XX (1580- 1000) a.C. Durante essa monarquia, reis poderosos comandaram o Estado e construíram grandes projetos arquitetônicos, a arte teve maior qualidade e era muito rica em detalhes. Arquitetura Foram construídos vários templos, mas na atualidade um dos poucos templos funerários intactos é o da rainha Hatshepsut. Para se construir estes templos na Monarquia foram empregados adobes cozidos ao sol, material que seria mais econômico, além de algumas construções terem desenhos em que a burguesia ornamentava as paredes feitas de blocos, como no templo de Luxor, conforme mostra a figura a seguir. TÓPICO 2 | ARTE NO EGITO 27 FIGURA 19 - TEMPLO DE LUXOR – TEBAS FONTE: Disponível em: <https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/b/b0/ Entrada_al_templo-luxor-2007.JPG?uselang=pt-br>. Acesso em: 4. Jan. 2017. Escultura Período onde a escultura começou a apresentar rigidez e revelar informações sociais, étnicas e profissionais. Sendo um dos maiores túmulos o de Tutancâmon, onde se encontram vasos, trono, carruagens e várias peças escultóricas. Dentre as peças escultóricas encontram-se duas que representam o faraó em ouro, além da máscara sobre seu rosto. Segundo Proença (2011, p. 23): A múmia imperial estava protegida por três sarcófagos, um dentro do outro: um de madeira dourada, outro também de madeira, mas com incrustações preciosas e, finalmente, o terceiro, em ouro maciço com aplicações de lápis-lazúli, coralinas e turquesas e que guardava o corpo do faraó. UNIDADE 1 | A ARTE NA ANTIGUIDADE 28 FIGURA 20 - SARCÓFAGO DE OURO DE TUTANCÂMON FONTE: Disponível em: <https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Tutankhamon_ sarcofago.tif?uselang=pt-br>. Acesso em: 4 jan. 2017. Os sarcófagos apresentavam detalhes que exaltavam o poder do faraó, como entalhes e pinturas. Além do faraó, a escultura da rainha Nefertite foi feita em pedra, e devido ao material usado, proporciona maior rigidez à estrutura. Já na pintura e nos traços, quebra o vigor rígido, dando mais suavidade e feminilidade à escultura, como se pode ver na figura a seguir. FIGURA 21 - ESCULTURA DA RAINHA NEFERTITI FONTE: Disponível em: <https://upload.wikimedia.org/wikipedia/ commons/9/94/Nefertiti_altes_Museum2.jpg?uselang=pt-br>. Acesso em: 4 jan. 2017. TÓPICO 2 | ARTE NO EGITO 29 Para Janson (2001), neste período, a beleza esculpida mostra que houve alternâncias sociais, políticas e religiosas, e a liberdade artística pôde ser refletida na beleza com que eram realizadas as esculturas. Pintura A escultura foi marcada pela elegância e leveza, enquanto a pintura, pela “lei da frontalidade”, na figura humana.Assim, o tronco era representado sempre de frente, enquanto a cabeça, pernas e pés eram retratados de perfil, e pintados dessa forma em seus afazeres diários, em obras que decoravam murais ou túmulos. Ao ver uma figura representada dessa forma, Proença (2010) ressalta que o espectador pode associá-la a uma pintura egípcia. Além da pintura, os egípcios começaram a empregar vasos, objetos e hieróglifos como elementos estéticos. Muitos papiros com hieróglifos eram colocados junto ao morto para confortá-lo em sua passagem, como podemos ver na figura a seguir. FIGURA 22 - UM PAPIRO MOSTRANDO O "DIA SEGUINTE APÓS A MORTE", DE ACORDO COM CRENÇAS RELIGIOSAS EGÍPCIAS FONTE: Disponível em: <https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/f/f5/ Egyptbookdead3.jpg?uselang=pt-br>. Acesso em: 4 jan. 2017. UNIDADE 1 | A ARTE NA ANTIGUIDADE 30 UNI O papiro (papel fino, feito de uma planta da família das ciperáceas cujo nome científico é Cyperuspapyrus) foi instituído em rolo. Era ilustrado com cenas muito vivas, que eram acompanhadas de textos. Podemos destacar o Livro dos mortos, que era posto no sarcófago com os cadáveres, e que podia ajudar na sua viagem eterna. Ainda hoje existem muitos mistérios que rondam a história do Egito, principalmente com relação à organização e à estrutura empregadas na construção de pirâmides e seus labirintos. Graças a pesquisas semióticas sobre as pinturas e objetos encontrados, por meio da utilização de instrumentos tecnológicos foi possível aprofundar os estudos, contribuindo com um maior conhecimento sobre esta civilização. 31 RESUMO DO TÓPICO 2 Neste tópico você viu que: • O Egito dividiu-se em monarquias: Antiga, Média e Nova. • Na Monarquia Antiga destacam-se as pirâmides do Egito. As esculturas eram acopladas principalmente nas portas dos templos e apresentavam uma pintura com cenas do seu cotidiano. • Na Monarquia Média, diferentemente da Monarquia Antiga, as esculturas tiveram maior destaque, pois acompanhavam o faraó após sua morte. Neste período surgiu a pintura sobre o sarcófago. • Na Monarquia Nova, os sarcófagos eram esculturas, que apresentavam uma verdadeira obra de arte, pois era usado ouro para mostrar o poder que o faraó exercia sobre seu povo. As pinturas ficaram mais ricas, sendo usados em outros elementos como vasos, objetos e também com hieróglifos. 32 1 Complete as lacunas do texto a seguir que descreve a arte egípcia: No Egito antigo, a arte era representada por meio da ____________________, da escultura e da arquitetura, ligadas à temática ___________________________. Assinale a sequência que corresponde ao texto acima: ( ) pintura; religiosa. ( ) decoração; política. ( ) decoração; social. ( ) pintura; tecnológica. 2 A pirâmide no Egito precisava ser grandiosa, pois quanto maior ela era, maior seu poder e glória. Por este motivo, os faraós se preocupavam com a grandeza destas construções. De acordo com as construções de pirâmides no Egito, assinale V para verdadeiro e F para falso: ( ) A pirâmide tinha a função de abrigar e proteger a múmia do faraó e toda a sua fortuna e pertences em joias, objetos pessoais e materiais, da ação dos saqueadores de túmulos. ( ) As pirâmides eram construídas rapidamente, sem muito planejamento, em lugares de fácil acesso. ( ) As pirâmides foram construídas de acordo com fórmulas que eram fruto de longos estudos e pesquisas de diferentes áreas do conhecimento, como: matemática, geometria e demais técnicas ainda desconhecidas. ( ) As pirâmides eram construções que exerciam uma função de proteção e de realizações de momentos festivos do povo egípcio. Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta: a) ( ) V – F – V – F. b) ( ) F – V – F – V. c) ( ) V – F – F – V. d) ( ) F – V – V – F. 3 As pirâmides são monumentos arquitetônicos conhecidos mundialmente por sua beleza e grandiosidade. No entanto, a sua construção teve um significado aos egípcios, pois tinham a função de: ( ) Enterrar peças sagradas junto ao corpo, seja do escravo ou do faraó, pois em se tratando de cultura do povo egípcio, cabe a todas as classes sociais. ( ) Abrigar e proteger o corpo do faraó mumificado e seus pertences dos saqueadores de túmulos. AUTOATIVIDADE 33 ( ) Ser centros de referência onde aconteciam os rituais de mumificação para elevar o espírito do corpo. ( ) Proteger e conservar o corpo mumificado, principalmente do faraó, para que fique intacto para toda a eternidade. 34 35 TÓPICO 3 ARTE DO ORIENTE: SUMÉRIOS, ASSÍRIOS E PERSAS UNIDADE 1 1 INTRODUÇÃO Nesse tópico será analisada a arte no Oriente, observando as especificidades artísticas criadas pelos povos sumérios, assírios e pelos persas. Abordaremos o contexto artístico desenvolvido na região da Mesopotâmia, que está rodeada pelos rios Tigre e Eufrates e povoada por diferentes povos. Nessa geografia vamos olhar o legado da arte dos sumérios, assírios e persas. Segundo Baumgart (1999), em meio a esta diversidade, as formas artísticas conservam certa hegemonia devido à herança dos sumérios, que foram os primeiros a habitar a região e que, através de suas descobertas, deixaram um legado aos que vieram depois. 2 ARTE DOS SUMÉRIOS O povo sumério se desenvolveu ao sul da Mesopotâmia, no atual Iraque. Seu registro está centrado nas construções arquitetônicas, sendo que as imagens concretizadas em estátuas presentes nas edificações atuavam de forma significativa na produção artística desse povo. Representavam seus deuses e, às vezes, faziam uma fusão com figuras de animais, destacando os olhos. Um dos grandes legados dos sumérios foi a escrita cuneiforme, representada com símbolos específicos. Conseguiam transmitir suas ideias e representavam objetos variados, sempre ligados aos fenômenos de seu cotidiano, contemplando assuntos administrativos, políticos e econômicos. Foi por meio dos registros realizados em placas de argila que foi possível conhecer um pouco da vida dos sumérios. Janson (2001, p. 103) esclarece que “o que sabemos dessa civilização provém, na maior parte, de restos trazidos à luz por acaso das escavações, incluindo inúmeros textos gravados em placas de argila”. UNI A escrita cuneiforme é um sistema que provavelmente teve origem na Suméria. Consta de 600 caracteres, cada um dos quais representa palavras ou sílabas escritas em tábuas de argila ou de pedra. 36 UNIDADE 1 | A ARTE NA ANTIGUIDADE Espalhados em cidades-estados, a arquitetura suméria foi desenvolvida em prol da religião, realizando a construção de grandes templos dedicados a seus deuses e, também como espaço de armazenamento dos grãos necessários à sua alimentação. Nestas construções destacam-se os zigurates, que são torres em degraus que completavam as construções gigantescas, assemelhando-se à construção das pirâmides egípcias. Pode-se afirmar que a arte dos sumérios era fundamentada em suas crenças religiosas, por isso foram construídos grandes templos destinados ao louvor de seus deuses. UNI Zigurates eram grandes escadarias que completavam as construções em formato de pirâmides e serviam como locais de armazenagem de produtos agrícolas e também como templos religiosos. Um famoso zigurate é a Torre de Babel, referenciada na Bíblia Sagrada. FIGURA 23 - ZIGURATE FONTE: Disponível em: <https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/9/99/Choqa_ Zanbil_4.jpg?uselang=pt-br>. Acesso em: 4 jan. 2017. Infelizmente, o tempo não poupou as construções dos sumérios. Construídas com tijolos, foram destruídas, e o que restou foram ruínas ou parte das construções. Na organização de suas cidades, a força da religião é representada pela organização de suas construções, de modo que as casas eram construídas ao redor dos templos gigantescos. Para Janson(2001, p. 103), o povo sumério apresenta uma explicação para as construções, baseada em uma crença na qual TÓPICO 3 | A ARTE DO ORIENTE: SUMÉRIOS, ASSÍRIOS E PERSAS 37 “nas planícies da Suméria, o homem sentiu que só estes montes erguidos por suas mãos eram residência própria para as divindades”. Na escultura dos sumérios, os materiais utilizados eram a pedra e a madeira, associando alguns elementos essenciais coloridos, conferindo um resultado surpreendente. Além disso, agregavam materiais como o ouro, o cobre e a prata. Segundo Janson (2001, p. 104), “os olhos e as sobrancelhas eram inicialmente de materiais coloridos incrustados, e a cabeça coberta por uma cabeleira de ouro e cobre. O resto da figura, que devia ter quase o tamanho natural, era, provavelmente, de madeira”. Os olhos eram considerados a parte mais importante da representação escultórica, chamados de “janelas da alma”. O restante da escultura, inclusive os traços do rosto, não tinha grande semelhança, apenas representação sucinta, onde formas geométricas foram utilizadas, como cone e cilindro na representação do corpo, como podemos ver na figura a seguir. FIGURA 24 - CABEÇA FEMININA, URUK. MÁRMORE, ALT. 0,20M. 3500-3000 A.C. MUSEU DO IRAQUE, BAGDÁ FONTE: Disponível em: <https://upload.wikimedia.org/ wikipedia/commons/6/6e/UrukHead.jpg?uselang=pt- br>. Acesso em: 4 jan. 2017. Em resumo, as esculturas dos sumérios eram rígidas, como se estivessem em pose de oração e pouco realistas. Além da sua marca, que são os olhos, havia diferença nos trajes. As figuras masculinas vestiam saias com franjas, enquanto as mulheres tinham vestimenta ao longo de todo o corpo, como mostra a figura a seguir: 38 UNIDADE 1 | A ARTE NA ANTIGUIDADE FIGURA 25 - FIGURAS MASCULINA E FEMININA DO TEMPLO DE ABU FONTE: Disponível em: <https://piramidal.net/category/ tecnologia-antiga/page/2/>. Acesso em: 4 jan. 2017. O legado dos sumérios revelou ainda descobertas arqueológicas das placas de argila gravadas por meio da escrita cuneiforme, onde seu cotidiano, suas crenças e realizações foram registrados. A arquitetura grandiosa era destinada aos deuses e as esculturas os representavam. Essas manifestações artísticas influenciaram também os demais povos, que reconheceram na arte suméria importante fonte de inspiração, como foi o caso dos povos assírios. 3 ARTE ASSÍRIA Em comum com os sumérios, o povo assírio também tinha como pano de fundo de sua sobrevivência, e de sua arte, a região geográfica da Mesopotâmia, bem como os rios Tigre e Eufrates. No entanto, os assírios são conhecidos pela sua ativa participação em guerras, voltados à conquista de territórios de outros povos. Os deuses eram fonte de inspiração da arte assíria, com a inovação de esculpir em pequenos suportes, resultando em miniaturas. A representação de animais é bastante significativa, e o marfim foi um elemento bastante utilizado. Deuses e animais foram os temas esculpidos por esse povo da guerra, configurando assim a representação de temas religiosos de forma severa compartilhando a representação realista. Para Janson (2001, p. 114), na arquitetura: TÓPICO 3 | A ARTE DO ORIENTE: SUMÉRIOS, ASSÍRIOS E PERSAS 39 Os assírios apresentaram clara influência dos sumérios. Diz-se que os assírios foram em relação aos sumérios o mesmo que os romanos em relação aos gregos. A civilização assíria inspirou-se nas realizações do sul, mas reinterpretando-as e dando-lhes caráter próprio. Assim, construíram templos e zigurates inspirados em modelos sumerianos e os palácios atingiram dimensões e magnificência sem precedentes. Essas construções em reverência aos seus reis e suas batalhas estão exemplificadas em gigantescos painéis que, em baixo relevo, representavam cenas de caça e cenas militares. UNI Você sabe o que significa baixo e alto relevo? No alto relevo as figuras sobressaem sobre o plano de fundo, e são nítidas aos nossos olhos, pois o volume é significativo e faz com que a figura se destaque em relação à base. Já no baixo relevo, as figuras se sobressaem muito pouco sobre sua base, pois o pouco volume se torna quase imperceptível aos olhos, causando a impressão de um desenho, apenas. Esses painéis assumiram a função de narração das atividades desenvolvidas pelos assírios, atuando também de forma didática, como podemos ver a seguir: FIGURAS 26 - ARTE GUERREIRA DOS ASSÍRIOS FIGURA 27 - ARTE GUERREIRA DOS ASSÍRIOS FONTE: Disponível em: <http://historiadomundo.uol.com.br/assiria/origens-assirios.htm>. Acesso em: 4 jan. 2017. Os animais mitológicos e as aventuras da caça eram temas eleitos nos baixos relevos do povo assírio. Janson (2001, p. 116) descreve que [...] “de magnífica força e coragem, o animal ferido parece encarnar toda a emoção dramática que falta às descrições picturais da guerra”. Podemos observar uma figura de baixo relevo, a seguir: 40 UNIDADE 1 | A ARTE NA ANTIGUIDADE FIGURA 28 - RELEVO DE UM LEÃO SENDO FERIDO FONTE: Disponível em: <https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/3/32/ Assyrian_royal_lion_hunt.jpg?uselang=pt-br>. Acesso em: 4 jan. 2017. O legado dos assírios, através de sua arte, confere importante registro de um povo que teve a sobrevivência e a conquista de territórios como fonte principal de sua atuação. A influência da arte suméria é visível, no entanto, os assírios conferem sua identidade na apropriação das formas de representação artística como a escultura, e principalmente a arquitetura. Sua herança foi assumida pelo Império dos Persas. 4 ARTE PERSA A arte persa foi percebida na pintura e na escultura, mas foi na arquitetura que teve maior destaque, com obras mais significativas. Na escultura, a representação de animais e homens em seres mitológicos, ordenava a crença em sua força guerreira de conquistar territórios. Utilizavam argila e mármore para esculpir suas figuras. TÓPICO 3 | A ARTE DO ORIENTE: SUMÉRIOS, ASSÍRIOS E PERSAS 41 FIGURA 29 - ARTE PERSA FONTE: Disponível em: <http://www.revistazunai.com/traducoes/ poesia_persa_introducao.htm>. Acesso em: 4 jan. 2017. Foi na civilização persa que surgiram as famosas tapeçarias, que cobriram as paredes dos palácios, tendo como tema animais, vegetais e cenas de caça. Foi neste momento que também surgiu o uso da seda. Atualmente, a tapeçaria é valorizada como representativa da arte persa. Os tapetes persas eram fabricados com lã de carneiro, cabras e camelos, que eram os animais que faziam parte da vida deles. Eles são um legado importante, além de decorarem paredes em ocasiões especiais. Vejamos um tapete persa, na figura a seguir: 42 UNIDADE 1 | A ARTE NA ANTIGUIDADE FIGURA 30 - TAPETES QUE MOSTRAM A REPRODUÇÃO DE FIGURAS HUMANAS. LEGADO DA ARTE PERSA FONTE: Disponível em: <http://www.lusotufo.pt/index.php?id=64>. Acesso em: 4 jan. 2017. Na tentativa de conhecer as particularidades da arte persa, podemos citar as características peculiares que são valorizadas até os dias atuais. Para Janson (2001): • A figura humana vai ser representada de forma significativa na tapeçaria e na pintura. • Abundância na pintura de afrescos e uso dos manuscritos com miniatura. • O retrato será importante forma de representação da figura humana. • A arte têxtil tem importância até hoje. • O metal é um elemento importante nas artes decorativas. Como já foi dito anteriormente, de todas as manifestações artísticas do povo persa, a arquitetura foi a de maior representatividade, pois sofreu modificações representadas em pequenas construções de tijolos e argamassa, enquanto os palácios vão conservar a grandiosidade da estrutura monumental, que foi uma criação dos reis para mostrar o seu poder de forma material. A escultura e a pintura complementam a arquitetura persa, como podemos observar na escultura em baixorelevo na figura a seguir: TÓPICO 3 | A ARTE DO ORIENTE: SUMÉRIOS, ASSÍRIOS E PERSAS 43 FIGURA 31 - CIDADE DE PERSÉPOLIS FONTE: Disponível em: <https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/c/ce/ Persepolis_24.11.2009_11-45-28.jpg?Uselang=pt-br>. Acesso em: 4 jan. 2017. A civilização da Mesopotâmia tem a arquitetura como legado maior deste povo. Apesar da ação do tempo sobre suas construções, ainda assim os registros revelam parte da sua produção artística, uma arte simbólica de registros de crenças e valores, demonstrando a grandeza desta civilização. 44 RESUMO DO TÓPICO 3 • A arte do Oriente foi representada pelos sumérios, assírios e persas. Em suas particularidades, cada civilização nos deixou sua marca por meio da sua arte. • Os sumérios se destacaram na arquitetura e as esculturas eram inspiradas em seus deuses. Outro legado importante dos sumérios foi a escrita cuneiforme. • Os assírios eram uma civilização guerreira, conquistando vasto território. Suas esculturas eram em miniaturas representando seus deuses, utilizando também esculturas em baixo relevo. Na arquitetura dos assírios houve a presença dos zigurates. • A civilização persa foi marcada também pelas requintadas tapeçarias. Na arquitetura e na escultura ocorreu o uso de argila e mármore, sendo a arquitetura a manifestação de maior representação para este povo. 45 1 A Arte do Oriente, por meio dos povos sumérios, assírios e persas, representou conhecimento para as civilizações atuais. Suas manifestações artísticas foram consagradas na pintura, na escultura e na arquitetura, e por meio da arte e de seus registros é possível perceber como estes povos viviam. Neste sentido, leia as afirmativas a seguir: I – Na arte suméria o aspecto dominante da arquitetura das grandes cidades era o templo-torre, identificado como zigurate. II – Na arte persa, as sedas e tapeçarias foram idealizadas como cultura popular. III – Os assírios foram um povo guerreiro e na arte se dedicaram a glorificar seus reis e exércitos. IV – O povo sumério criou a escrita mais primitiva da humanidade, conhecida como cuneiforme. De acordo com as alternativas, é CORRETO afirmar que: ( ) Apenas a alternativa I está correta. ( ) As alternativas I, III e IV estão corretas. ( ) As alternativas II e III estão corretas. ( ) Apenas a alternativa II está correta. 2 Na história da arte persa, as manifestações artísticas de maior representatividade se deram por meio da: ( ) Pintura. ( ) Escultura. ( ) Arquitetura. ( ) Gravura. AUTOATIVIDADE 46 47 TÓPICO 4 ARTE GREGA E ROMANA UNIDADE 1 1 INTRODUÇÃO Neste tópico será estudado a arte grega, que teve um delineamento para a escultura esbelta e a arquitetura com marco das colunas, enquanto a arte romana buscou focar a arquitetura com fim utilitário. A marca na arte grega coube às esculturas, que foram evoluindo do período arcaico até o helenístico. Os gregos, ao iniciarem a execução das esculturas, “[...] estudaram e copiaram os modelos do Egito – com os quais aprenderam a representar a figura de um homem em pé, marcar as divisões do corpo e músculos que lhe dão unidade” (GOMBRICH, 2013, p. 65). Compreende-se que os gregos se espelharam na arte dos egípcios, mas não se propuseram a uma cópia, e sim, a descobrir como representar corpos de outras formas. De acordo com a passagem dos períodos, você, acadêmico, verá a evolução das esculturas, em que a forma de representar se torna cada vez mais real ao corpo humano, trazendo elementos míticos no que se refere à face. Já a pintura grega não teve tanto destaque, apenas sua representação estava marcada nas cerâmicas. Esses recipientes eram conhecidos por vasos, sendo registradas as cenas das atividades diárias, ideia próxima ao povo egípcio. No entanto, a pintura teve uma evolução na técnica, tentando trazer questões voltadas à perspectiva, por exemplo, um pé na frente do outro, o que se desconhece na arte do Egito. Mas a perspectiva de fato vem a ser aprofundada apenas na Idade Média, conforme estudo que será realizado na próxima unidade. Outra grande expressão da arte grega coube à arquitetura. Ao folhear uma revista, ou ver na TV uma construção com base triangular e colunas com capitéis diferentes, logo remetemos o pensar para a Grécia. Correto! Eles foram os idealizadores dessa arte, que foi levada para Roma juntamente com alguns arquitetos gregos. O desafio seria não trazer requinte arquitetônico, mas utilidade, porém muitas das construções trazem elementos gregos, como colunas e os arcos, pouco usados pelos gregos para a arte romana. Uma das mais famosas construções romanas é o Coliseu, que foi utilitária e hoje esse patrimônio desperta a admiração de quem o visita. Convidamos você, acadêmico, a estudar esse legado artístico e cultural de um povo intelectual que respirava arte, filosofia e cultura. Bons estudos! 48 UNIDADE 1 | A ARTE NA ANTIGUIDADE 2 PERÍODOS ARTÍSTICOS DA ARTE GREGA A produção cultural grega foi admirada por eles, pois procuravam chegar ao ideal de beleza nos feitos artísticos (JANSON, 2001). Para isso a sensibilidade era essencial para construir uma arte mais expressiva com valores como o equilíbrio, a harmonia, ordem e medida. Nesse sentido, a arte grega antiga se destacou em três períodos, sendo eles: • Arcaico: do século VII à primeira metade do século V a.C. • Clássico: do século V até metade do século IV a.C. • Helenístico: do final do século IV até a metade do século I a.C. 2.1 PERÍODO ARCAICO Durante muitos séculos, a arte expressava-se por meio da cerâmica, apresentando alternância na decoração. Por vezes, os vasos de cerâmica eram feitos com linhas geométricas retilíneas, contínuas ou quebradas, frisando-se que era o estilo mais antigo nas artes plásticas. Mais tarde vieram os vasos de cerâmica com figuras bastante estilizadas, as quais apresentavam figuras negras e vermelhas. Inicialmente foi utilizada a técnica da figura negra sobre fundo vermelho. O artista riscava os detalhes com agulha ou algo que apresentava uma ponta fina. O maior pintor de figuras negras foi Exéquias, mais conhecido por suas cenas de batalha. FIGURA 32 - FIGURA NEGRA SOBRE FUNDO VERMELHO FONTE: Disponível em: <http://2.bp.blogspot.com/__ d2B9sUpUVU/SS2Ri-RLNnI/AAAAAAAAB_8/M4e14LzhjPw/ s1600-h/Figura14.jpg>. Acesso em: 4 jan. 2017. TÓPICO 4 | ARTE GREGA E ROMANA 49 Mais tarde, o artista Eutímedes inverteu o esquema de cores, deixando as figuras na cor natural e pintando o fundo de negro, dando início às figuras vermelhas, como destacamos na imagem a seguir: FIGURA 33 - CERÂMICA GREGA DE FIGURAS VERMELHAS, ACERVO DO MUSEU DE ARQUEOLOGIA E ETNOLOGIA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FONTE: Disponível em: <https://upload.wikimedia.org/wikipedia/ commons/5/52/Cer%C3%A2mica_grega_de_figuras_ vermelhas%2C_MAE-USP.JPG?uselang=pt-br>. Acesso em: 4 jan. 2017. Segundo Proença (2010), as pinturas nos vasos representavam cenas da mitologia grega e os afazeres do cotidiano. Já a escultura desenvolveu-se de forma lenta, mas evoluída, trazendo o corpo em forma de movimento, com uma perna mais adiantada que a outra, olhos grandes, ombros largos, mas a face sem realçar expressão. Nesse sentido, as esculturas masculinas e femininas tinham diferença. A escultura masculina foi denominada de Kouroi – homem jovem. Para Proença (2010, p. 25): O escultor grego apreciava a simetria natural do corpo humano. Para deixar clara essa simetria, o artista esculpia figuras masculinas nuas, eretas, em rigorosa posição frontal e com o peso do corpo igualmente distribuído sobre as duas pernas. 50 UNIDADE 1 | A ARTE NA ANTIGUIDADE FIGURA 34 - KOUROI FONTE: Disponível em: <https://upload.wikimedia.org/wikipedia/ commons/1/1a/Kleobis_and_Biton_statue.jpg?uselang=pt-br>.Acesso em: 4 jan. 2017. As esculturas femininas foram denominadas de Korai, que quer dizer mulher jovem. Para Proença (2011), as esculturas dessas mulheres eram produzidas em mármore e o tamanho acima do normal com vestes, como mostra a figura a seguir. TÓPICO 4 | ARTE GREGA E ROMANA 51 FIGURA 35 - KORAI FONTE: Disponível em: <https://upload.wikimedia.org/wikipedia/ commons/1/13/Korai_01.JPG?uselang=pt-br>. Acesso em: 4 jan. 2017. Os gregos, quando construíram os templos, produziram esculturas que faziam parte deles, como podemos relembrar do período arcaico no Egito, onde as esculturas dos faraós estavam acopladas aos templos. Entretanto, os gregos esculpiram grandes figuras femininas, que no período clássico vieram a substituir por outras colunas, as jônicas. Vejamos então, na figura a seguir, colunas femininas que serviram de suporte para o teto triangular, que também é uma característica da arquitetura grega. FIGURA 36 - COLUNAS FEMININAS ERAM ESCULTURAS QUE SEGURAVAM O TETO FONTE: Disponível em: <http://www.coladaweb.com/artes/arte-na-grecia>. Acesso em: 4 jan. 2017. 52 UNIDADE 1 | A ARTE NA ANTIGUIDADE Segundo Proença (2011), a arte grega teve evolução principalmente na arquitetura, substituindo as esculturas na base triangular (teto) por colunas dóricas, jônicas e coríntias, que vieram com propósitos sociais, assunto que será estudado no período seguinte. 2.2 PERÍODO CLÁSSICO É chamado de momento clássico, pois alcançou a clareza absoluta da visão, em que a perfeição artística teve o seu apogeu. A pintura teve marco nos vasos, que serviam como oferendas funerárias. Nas esculturas, os corpos pareciam ter movimento, enquanto a arquitetura teve caráter social com o surgimento do teatro, e destaque para as colunas com três capitéis (o dórico representa simplicidade nas formas, o jônico com suas curvas representa elegância, enquanto o coríntio representa abundância, com as suas folhas cheias de detalhes), que podemos ver na figura a seguir: FIGURA 37 - CAPITÉIS DAS COLUNAS GREGAS FONTE: Disponível em: <http://www.estilosarquitetonicos.com.br/arquitetura-classica.php>. Acesso em: 4 jan. 2017. TÓPICO 4 | ARTE GREGA E ROMANA 53 Na arquitetura grega, os templos com as colunas, sua altura e o espaço entre elas, destacaram-se esteticamente, seguindo uma planta retangular e horizontal, onde as colunas suportavam a estrutura. Como lembra Proença (2011, p. 34): A ordem dórica era simples e maciça. Os fustes das colunas eram grossos e afirmavam-se diretamente no estilóbata. Os capitéis, que ficavam no alto dos fustes, eram muito simples. A arquitrave era lisa e sobre ela ficava o friso que era dividido em tríglifos - retângulos com sulcos verticais – e métopas – retângulos que podiam ser lisos, pintados ou esculpidos em relevo. A ordem dórica pode ser vista no Partenon, templo que foi uma homenagem à deusa Atena. O templo consistia essencialmente em arquitetura exterior. Conforme Robertson (1982), esta construção tinha um friso de 159 metros de comprimento, esculturas nos dois frontões e nas 92 métopas, como na figura a seguir. FIGURA 38 - TEMPLO DE PARTENON FONTE: Disponível em: <https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/b/ba/ Parthenon.jpg>. Acesso em: 4 jan. 2017. A ordem jônica parecia dar mais leveza e era mais ornamentada que a dórica, pois seu capitel curvado proporcionava mais delicadeza e feminilidade. Nesse sentido, para Proença (2011, p. 34): “Os capitéis eram ornamentados e a arquitrave, dividida em três faixas horizontais. O friso também era dividido em partes ou então decorado por uma faixa esculpida em relevo. A cornija era mais ornamentada e podia apresentar trabalhos de escultura”. Exemplo de ordem jônica é o Templo de Atena Nike, construído em mármore e enobrecido com colunas jônicas, como mostra a imagem a seguir: 54 UNIDADE 1 | A ARTE NA ANTIGUIDADE FIGURA 39 - TEMPLO DE ATENA NIKE FONTE: Disponível em: <https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/f/ f3/ATENAS_-_TEMPLO_DE_ATHENA_NIKE_-_ACR%C3%93POLE. JPG?Uselang=pt-br>. Acesso em: 4 jan. 2017. Depois do capitel jônico, surgiu a coluna com capitel coríntio, que acaba sendo uma derivação do jônico, no entanto, mais adornado e elevado de proporções. Parece um sino invertido, coberto de folhas de acanto, como podemos visualizar na figura a seguir: FIGURA 40 - COLUNAS CORÍNTIAS DO TEMPLO DE ZEUS FONTE: Disponível em: <http://2.bp.blogspot.com/-aKWr06igk5M/ UeneeNieqwI/AAAAAAAABtE/mokneGOq_FU/s1600/800px-Tempio_ di_Zeus_Olimpo_apr2005_03.jpg>. Acesso em: 4 jan. 2017. Além dos destaques arquitetônicos das colunas, outra construção prevaleceu nesse período, que foi o “teatro”, sendo esse um espaço aberto que desfrutava da inclinação natural do terreno. TÓPICO 4 | ARTE GREGA E ROMANA 55 O teatro divide-se em três partes: • Orquestra – local para danças, coro e representação de atores. • Arquibancada – local para o público. • Palco – lugar onde os atores se preparavam para entrar em cena. O teatro mais famoso é o “Epidauro”, notável por sua acústica perfeita e podia acomodar até 14 mil pessoas. FIGURA 41 - TEATRO DE EPIDAURO (SÉCULO IV a.C.). COMPOSTO DE 55 DEGRAUS DIVIDIDOS EM DUAS ORDENS E CALCULADOS DE ACORDO COM UMA INCLINAÇÃO PERFEITA FONTE: Proença (2011, p. 40) A arquitetura no período clássico ficou marcada pelo seu conjunto de colunas, que posteriormente foi inspiração em outros momentos históricos, como no classicismo. Já a escultura nesse período libertou a figura humana do bloco de pedra, onde ela era revelada por meio das pernas e braços que ficaram soltos, com maior naturalidade nas posturas e rostos. As estátuas tendiam para o realismo, abandonando o idealismo. Os escultores mais consagrados e suas execuções com maior destaque foram: • Fídias: Pártenon. • Míron: Discóbodo. • Policleto: Doríforo. • Praxíteles: Afrodite de Cnido, Hermes e Dionísio. • Leócares: Apolo de Belvedere. • Lisipo: Apoxiômeno. 56 UNIDADE 1 | A ARTE NA ANTIGUIDADE FIGURA 42 - MÍRON: DISCÓBOLO FONTE: Disponível em: <https://upload.wikimedia.org/wikipedia/ commons/9/97/SFEC_BritMus_Roman_021-2.jpg?uselang=pt- br>. Acesso em: 4 jan. 2017. A obra “Discóbolo” possui cunho esportivo, devido à posição em que se encontra o objeto, nas mãos do atleta, e o movimento do corpo. Ela foi destaque nas Olimpíadas de Atenas no ano de 2004. Segundo Gombrich (1999, p. 90): O jovem atleta é representado no instante em que está prestes a lançar o pesado disco. Ele dobra o corpo para adiante e projeta o braço para trás de modo a poder lançá-lo com mais força. No momento seguinte, vai girar e soltar o disco, sustentando o lançamento com uma rotação do corpo. A obra é tão convincente que os atletas modernos adotaram como modelo a posição do lançamento do disco para exercer tal prática esportiva, sendo atualmente uma modalidade olímpica. Para os gregos, as atividades físicas eram tão importantes quanto as atividades intelectuais, e no final todos recebiam como recompensa bens materiais. No entanto, todo esse envolvimento dos gregos com o esporte fez com que aos poucos construíssem ginásios de esporte, abrindo as portas para o desenvolvimento urbano, onde os romanos se destacaram. TÓPICO 4 | ARTE GREGA E ROMANA 57 2.3 PERÍODO HELENÍSTICO Neste período, modificou-se o caráter da arte grega, sem abandonar as referências do passado. As esculturas começam a ter expressões de sentimentos coletivos, além de apresentarem formas humanas diversas (crianças, idosos etc). Nesse sentido, Proença (2010, p. 31) afirma que: A escultura apresenta características bem diferentes dos períodos anteriores. Uma delas é a tendência de expressar, sob forma humana, ideias e sentimentos, como paz, amor, liberdade, vitória, etc. Outra é o iníciodo nu feminino, pois no período arcaico e clássico as figuras de mulheres eram esculpidas sempre vestidas. Os escultores queriam dar a impressão de movimento, fazendo com que o observador olhasse em torno da obra para ver seus ricos detalhes. De acordo com Proença (2010), na escultura “Vênus de Milo” se vê uma nudez parcial e alternância de membros tensos e relaxados. A perna esquerda inclinada para frente e o tronco inclinado dão a impressão do corpo estar em movimento. A veste que cobria parte do seu corpo, esculpida de forma fina, dá a impressão de que era tecido leve, fino e drapeado, contornando sua silhueta e mostrando sua sensualidade de forma discreta, como podemos ver na figura a seguir: FIGURA 43 - VÊNUS DE MILO. DATADA DA SEGUNDA METADE DO SÉCULO II a.C. ALTURA: 2,04 CM. MUSEU DO LOUVRE, PARIS FONTE: Proença (2011, p. 39) 58 UNIDADE 1 | A ARTE NA ANTIGUIDADE Além do nu feminino, outra novidade neste período foi a representação de grupos ao invés de apenas uma pessoa. O grande desafio era formar um conjunto de figuras que sugerissem mobilidade e fossem belas de todos os ângulos. FIGURA 44 - AGESANDRO, ATENODORO, POLIDORO. LAOCOONTE E SEUS FILHOS, MÁRMORE, APROX. 40 a.C. FONTE: Disponível em: <https://upload.wikimedia.org/wikipedia/ commons/4/42/Gruppo_del_laocoonte%2C_04.JPG?uselang=pt-br>. Acesso em: 4 jan. 2017. A obra “Laocoonte e seus dois filhos” apresenta movimento de força pelo pai para se libertar das temidas e grandiosas cobras, e seus filhos com um ar de serenidade, sentindo-se protegidos pelo seu herói. Mesmo assim, procuraram se contorcer para se livrar da força do animal, que prendia seus braços e pernas. Para Janson (2001), o período helenístico impressiona, pois começaram a surgir projetos de urbanização nas ruas e nas construções. Vale destacar, ainda, o uso das colunas, e as esculturas começam a embelezar partes arquitetônicas, como as fachadas. As construções arquitetônicas eram verdadeiras obras de arte, pois cada detalhe da coluna, da escada ou da escultura fazia delas peças únicas. Mas pouco restou das construções e esculturas gregas. Alguns sítios, templos e esculturas hoje fazem parte do Patrimônio Mundial da Unesco. TÓPICO 4 | ARTE GREGA E ROMANA 59 DICAS Assista o filme Percy Jackson e os olimpianos: o ladrão de raios (Estados Unidos), 2010. É um filme que apresenta o mundo atual e o mundo mitológico, em que 12 deuses do Olimpo estão vivos e criando uma nova raça de jovens heróis mitológicos que são semideuses – metade mortais, metade imortais. 3 ARTE ROMANA A civilização romana (753 a.C) demonstra caráter prático em todos os setores. Para Janson (2001, p. 187), foram “realizadas estradas, pontes, aquedutos em arco, construções para a massa popular, como circos e teatros. Não podendo deixar de destacar que boa parte da Arte Romana teve herança grega, pois muitos escultores foram gregos”. A arquitetura romana consiste em conciliar os espaços às necessidades urbanas, com um olhar voltado à funcionalidade e não ao efeito arquitetônico. Um exemplo de espaço de amplitude e funcionalidade foi o Panteão. FIGURA 45 - PANTEÃO - PARTE FRONTAL FONTE: Disponível em: <https://upload.wikimedia.org/wikipedia/ commons/3/30/Piazza_della_Rotonda%2C_obelisco_macuteo%2C_e_ Pantheon_%28Roma_2006%29.jpg?uselang=pt-br>. Acesso em: 4 jan. 2017. 60 UNIDADE 1 | A ARTE NA ANTIGUIDADE UNI O Panteão apresenta uma planta circular fechada por uma cúpula. Lá o povo se reunia para o culto. O chão e as paredes são feitos em mármore. Ali foram depositados os restos mortais do artista Rafael Sanzio (1483-1520). Outro monumento histórico e artístico foi o Coliseu, que teve a combinação entre arco e colunas (que foi destaque na Grécia). Chamado de anfiteatro, o Coliseu se destacou pelo fato de que abrigava muitas pessoas. Foi muito popular para as lutas dos gladiadores e para diversos espetáculos. FIGURA 46 - COLISEU EXTERIOR – ROMA FONTE: Disponível em: <https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/d/d8/ Colosseum_in_Rome-April_2007-1-_copie_2B.jpg?uselang=pt-br>. Acesso em: 4 jan. 2017. Destaca-se ainda que as grandes conquistas romanas favoreceram a “[...] construção de prédios públicos, privados e obras viárias de toda natureza. Tudo isso requeria materiais diversos e favoreceu a criação de novas técnicas de construção” (BETING, 2009, p. 34). Com isso, teve como propósito auxiliar nas necessidades da população urbana, fazendo das cidades verdadeiros centros de produção de tecidos, cerâmica, fabricação de ferramentas, armas e outros objetos da vida cotidiana. TÓPICO 4 | ARTE GREGA E ROMANA 61 4 MODA NA ARTE/ARTE NA MODA: ENTRE O POVO GREGO E ROMANO A moda não se desvincula da arte, pois notam-se nas passarelas roupas com estampas artísticas, sejam de movimentos artísticos ou criação de algum artista contemporâneo. Porém, a moda propicia uma leitura de uma determinada classe social, como ocorre nos dias atuais, mas já ocorreu na Idade Antiga, como na Grécia e em Roma. Na Grécia, a vestimenta constituía-se em peças de tecido enroladas no corpo, sendo fixadas por broches ou joias que eram verdadeiras obras de arte, pois eram desenvolvidas à mão. Muitos dos tecidos eram enriquecidos com bordados, apliques, detalhes geométricos ou figurativos presentes em vasos e/ou tapeçarias. Esses tecidos viraram túnica para as mulheres, chamadas de quíton, visto que se usavam dentro de casa e outra para sair (NERY, 2004). Os quítons aparecem nas esculturas arcaicas, já estudadas anteriormente, onde se percebe a diferença social. As esculturas mais elaboradas apresentavam um manto plissado que passava sobre os ombros, cobrindo todo o tórax, enquanto as servas tinham uma única túnica com mangas, como na figura a seguir: FIGURA 47 - MODA GREGA - MULHERES FONTE: Beting (2009, p. 27) 62 UNIDADE 1 | A ARTE NA ANTIGUIDADE Já os homens usavam um quíton curto, somente as túnicas longas eram para os mais velhos, sacerdotes ou músicos (Beting, 2009), como mostra a figura a seguir: FONTE: Beting (2009, p. 27) FIGURA 48 - MODA GREGA – HOMENS As esculturas romanas traziam como vestimenta um ar militar, com armadura sobre o corpo e uma túnica próximos à cintura. Diferenciam-se das gregas, por serem mais reais e mostrarem ares de autoridade. As túnicas são a vestimenta oficial dos nobres romanos e esse misto de vestimenta pode-se encontrar na escultura do imperador Augusto de Prima Porta, como mostra a figura a seguir: TÓPICO 4 | ARTE GREGA E ROMANA 63 FIGURA 49 - AUGUSTO DE PRIMA PORTA FONTE: Disponível em: <http://mv.vatican.va/3_EN/pages/ x-Schede/MBNs/MBNs_Sala01_01.html>. Acesso em: 5 jan. 2017. Muitas vezes nos perguntamos como diferenciar uma escultura grega de uma romana. Contemplar uma imagem e buscar identificar o período no qual pertence por suas feições, forma pela qual foi esculpida, são caminhos. Acadêmico, para finalizar esta unidade, trago um exercício. Procure identificar na imagem a seguir se a escultura feminina pertence à arte grega ou romana. Vale como um desafio! FIGURA 50 - CÓPIA DA ESTÁTUA DA AMAZONA FERIDA POR POLICLETO FONTE: Durando (2005, p. 135) 64 UNIDADE 1 | A ARTE NA ANTIGUIDADE Portanto, a arte grega e a romana têm proximidades na arquitetura, pois muitos gregos foram convidados em Roma a realizarem algumas construções, e levaram algumas características da sua cultura. Já na escultura denotam similaridades, mas a vestimenta, os objetos esculpidos, a face e os movimentos podem dizer muito do período ao qual pertencem. Convidamos você, acadêmico, a realizar as autoatividades, fazer anotações de cada tópico, que auxiliarão nos seus estudos e avaliações. LEITURA COMPLEMENTAR EGÍPCIOS O povo egípcio desenvolveu uma cultura avançada em matemática, medicina
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