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Direito Empresarial para FGV volume 9 9 (final)

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Assuntos da Rodada 
DIREITO EMPRESARIAL: Empresário Individual. Microempresa e empresa de pequeno 
porte (Lei Complementar n. 123, de 2006). Prepostos. Teoria da empresa. Atividades 
econômicas civis: cooperativas e profissional intelectual. Atos do registro de empresa. 
Empresário irregular. Estabelecimento empresarial. Nome empresarial. Teoria Geral do 
Direito Societário: conceito de sociedade empresária. Personalização da sociedade 
empresária. Classificação das sociedades empresárias. Desconsideração da pessoa 
jurídica. Constituição das sociedades contratuais: natureza do ato constitutivo da 
sociedade contratual; requisitos de validade do contrato social; cláusulas contratuais; 
forma do contrato social; alteração do contrato social. Sociedade limitada: 
responsabilidade dos sócios, deliberação dos sócios; administração; conselho fiscal. 
Dissolução da sociedade contratual: espécies e causas de dissolução total e parcial; 
dissolução de fato. Sociedades por ações: características gerais da sociedade anônima; 
classificação, constituição; valores mobiliários; ações; capital social; órgãos sociais; 
administração da sociedade; poder de controle; lucros, reservas e dividendos; 
dissolução e liquidação; transformação, incorporação e fusão; sociedade de economia 
mista; sociedade em comandita por ações. Teoria Geral do Direito Cambiário. Nota 
promissória. Cheque. Duplicata. Cédula de crédito bancário. Recuperação judicial e 
extrajudicial. Falência. 
 
 
Rodada #9 
Direito Empresarial (Comercial) 
 
Professor Carlos Antônio Bandeira 
 
 
 
 DIREITO EMPRESARIAL 
 
 
	
	
	
	
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Abraços e excelentes estudos! 
Carlos Antônio Bandeira 
 
 
 
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a. Teoria 
 
Disposições Gerais dos Títulos de Crédito (Código Civil) 
1. Disposições Gerais dos Títulos de Crédito – Nesta parte da aula, trataremos das 
regras dos títulos de crédito segundo o Código Civil. 
1.1. Código Civil x Legislação Específica de Títulos de Crédito - Antes de mais 
nada, a primeira coisa que devemos chamar a atenção, nesse estudo sobre 
títulos de crédito, é a respeito da existência de outras normas especiais, 
além das previstas no Código Civil, que disciplinam as regras de 
determinados títulos de crédito (exs.: nota promissória, duplicata, cheque, etc.). 
ATENÇÃO: no caso de haver legislação específica sobre determinado título de 
crédito, a legislação específica prevalecerá sobre as regras descritas no 
Código Civil! 
Código Civil: 
“Art. 903. Salvo disposição diversa em lei especial, regem-se os títulos 
de crédito pelo disposto neste Código.” 
 
Princípios Cambiários no Código Civil 
2. Princípio da Cartularidade - Pelo princípio da cartularidade, o título de crédito é o 
documento físico necessário para o exercício nele mencionado. O termo 
“Cártula” advém de “papel”, “documento”. 
2.1. Por isso, o credor deve estar com o título “em mãos”, para ser apto para 
cobrar do devedor o valor nele inscrito. Então, ao ser paga a dívida, o 
devedor deve receber o título em suas mãos, Se por acaso o devedor já 
 
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estiver na posse do título, presume-se que a dívida nele representada já está 
devidamente paga (quitada). 
Código Civil: 
“Art. 887. O título de crédito, documento necessário ao exercício do 
direito literal e autônomo nele contido, somente produz efeito quando 
preencha os requisitos da lei.” 
2.2. Desmaterialização do título: é possível a desmaterialização do título, casos 
em que “O título poderá ser emitido a partir dos caracteres criados em 
computador ou meio técnico equivalente e que constem da escrituração do 
emitente|”, observados os requisitos mínimos previstos no art. 889, do 
Código Civil. 
Código Civil: 
“Art. 889. ..................................................................................... 
...................................... 
§ 3o O título poderá ser emitido a partir dos caracteres criados em 
computador ou meio técnico equivalente e que constem da 
escrituração do emitente, observados os requisitos mínimos previstos 
neste artigo.” 
 
3. Princípio da Literalidade - Por esse princípio, todos os indicativos do título de 
crédito devem estar descritos na própria cártula (documento). 
3.1. Negociabilidade: o objeto econômico dos títulos de crédito e todas as demais 
características cambiais referentes ao título são identificáveis no próprio 
documento. É por isso que eles podem ser negociados com certa facilidade. 
Por isso, basta uma simples leitura do teor do título para saber o seu valor; 
a data de vencimento; se foi endossado ou não (forma de transferência do 
 
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crédito); quem é o avalista, se houver (pessoa que assume a dívida junto com o 
devedor), etc. 
 
4. Autonomia (Abstração e Inopobilidade das Exceções Pessoais) - O título de 
crédito é desvinculado da relação jurídica que lhe deu origem. Dessa forma, quem 
receber um título de crédito em sua mão, não precisa questionar as relações 
jurídicas anteriores. Ex.: 
“A” vende um determinado bem a “B”. Por essa compra, “B” fica 
devendo o valor de R$ 1.000,00, e emite uma nota promissória 
(promessa de pagamento) com esse valor, para vencer em um ano. 
A nota promissória que ficou em poder de “A”, que a endossou 
(transferiu seu crédito) em favor de “C”. 
E vamos supor que a venda seja anulável, por algum defeito 
apresentado no bem! 
Resultado: Ao ser cobrado pelo valor da nota promissória “B” não 
poderá alegar contra “C” a existência do defeito do bem que comprou 
de “A”, pelo princípio da autonomia das relações cambiárias 
(autonomia dos títulos de crédito). 
 Por isso, “B” deverá pagar a nota promissória ao novo credor: “C”. 
Mas, “B” poderá exigir o seu direito, por outras formas, diretamente 
contra “A”. 
Por outro lado, mesmo que o título de crédito venha a ser anulado, por 
qualquer motivo, a relação entre “A” e “B” permanece válida (art. 888, 
do Código Civil)! 
4.1. Princípio da abstração: a doutrina também associa essa característica de 
abstração, que significa a completa desvinculação do título em relação ao 
negócio jurídico que o deu causa, o que possibilita a circulação do título. 
 
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4.2. Inoponibilidade das exceções pessoais: erra regra é um subprincípio 
relacionado com o princípio da autonomia dos títulos de créditos, a qual 
constitui uma verdadeira limitação para o devedor do título em juízo. Por 
essa regra, o devedor não pode discutir com o terceiro que estiver 
portando o título os seguintes temas: 
a) questões relacionadas com o negócio que originou o título; 
b) questões relacionados com portadores anteriores. 
Código Civil: 
“Art. 915. O devedor, além das exceções fundadas nas relações pessoais 
que tiver com o portador,só poderá opor a este as exceções relativas à 
forma do título e ao seu conteúdo literal, à falsidade da própria 
assinatura, a defeito de capacidade ou de representação no 
momento da subscrição, e à falta de requisito necessário ao 
exercício da ação.” 
4.2.1. Explico mais: em consequência dessa característica, o devedor de um 
título de crédito somente poderá discutir as relações que tiver 
unicamente com esse terceiro, que será o portador do título. Por isso, 
ficam muito limitadas as possibilidades de defesa por parte do devedor. 
4.2.2. EXCEÇÃO: se alguém passou a ser portador de um título, estando ciente 
das condições que podiam ser levantadas contra algum portador 
anterior, não poderá ele se beneficiar com esse “escudo legal”, porque a 
lei não beneficia a má-fé. 
Código Civil: 
“Art. 916. As exceções, fundadas em relação do devedor com os 
portadores precedentes, somente poderão ser por ele opostas ao 
portador, se este, ao adquirir o título, tiver agido de má-fé.” 
 
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4.3. Direitos do portador de título representativo de mercadoria: memorize a 
regra do art. 894, do Código Civil, que diz que é direito do portador de título 
representativo de mercadoria, de acordo com as regras que regulam sua 
circulação: 
a) transferir o título; ou 
b) receber a mercadoria, independentemente de formalidades, além 
da entrega do título devidamente quitado! 
Código Civil: 
“Art. 894. O portador de título representativo de mercadoria tem o 
direito de transferi-lo, de conformidade com as normas que regulam a 
sua circulação, ou de receber aquela independentemente de quaisquer 
formalidades, além da entrega do título devidamente quitado.” 
4.4. Garantia: confirmando a autonomia cambiária (a palavra cambiária é 
referente aos títulos de crédito!), prevê o art. 894, do Código Civil, que, 
enquanto o título de crédito estiver em circulação, só ele poderá ser dado 
em garantia, ou ser objeto de medidas judiciais, e não, separadamente, 
os direitos ou mercadorias que representa. 
4.5. Boa-fé de terceiro: o título de crédito não pode ser reivindicado do 
portador que o adquiriu de boa-fé e na conformidade das normas que 
disciplinam a sua circulação (art. 896, do Código Civil)! 
Código Civil: 
“Art. 895. Enquanto o título de crédito estiver em circulação, só ele 
poderá ser dado em garantia, ou ser objeto de medidas judiciais, e 
não, separadamente, os direitos ou mercadorias que representa. 
Art. 896. O título de crédito não pode ser reivindicado do portador que 
o adquiriu de boa-fé e na conformidade das normas que disciplinam a 
sua circulação.” 
 
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4.6. Em resumo: o que ocorre, pelo princípio da autonomia, é que ele gera 
algumas consequências práticas e limitações dele derivadas: 
a) Princípio da abstração: por essa regra, há possibilidade de livre 
circulação do título, ou seja, o crédito nele representado não fica 
restrito à relação jurídica que o originou; e 
b) Princípio da inopobilidade das exceções pessoais: acarretam-se 
limitações em juízo para o devedor em relação ao portador do título 
(art. 915 do Código Civil)! 
4.7. MUITO CUIDADO: nem todos os títulos de crédito são abstratos, característica 
exclusiva dos títulos não causais: 
a) Títulos causais (imperfeitos ou impróprios): sua emissão somente 
pode ser feita nas hipóteses estritamente previstas em lei, como é o 
caso da duplicata utilizável na compra e venda mercantil, devendo 
ser comprovada a existência da fatura e a respectiva entrega da 
mercadoria; 
b) Títulos de créditos não causais (abstratos ou perfeitos): sua 
emissão não está vinculada a nenhuma causa preestabelecida em lei, 
como é o caso do cheque e da nota promissória. 
4.8. Causas de extinção da autonomia do título de crédito: 
a) Transferência do título por cessão civil de crédito: a melhor forma 
de transferir um título para outra pessoa é por endosso (falaremos 
sobre o assunto mais à frente), mas o crédito nele previsto também 
pode ser transferido por cessão civil de crédito (que é diferente do 
endosso), casos em que se perderão as características que 
 
 DIREITO EMPRESARIAL 
 
 
	
	
	
	
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mencionamos no tópico anterior (autonomia do título e inopobilidade 
de exceções pessoais); 
b) Endosso com cláusula “não à ordem”: se determinado título de 
crédito for transferido por endosso com a cláusula “não à ordem”, o 
título não poderá ser transferido por novo endosso, somente por 
cessão civil de crédito! Vejamos as consequências do endosso com 
a cláusula “não à ordem”: 
i. Nova transferência apenas por cessão civil: nesse caso, 
se o portador quiser transferir novamente o documento, 
somente poderá fazê-lo por intermédio de nova cessão civil 
do crédito para terceiro (já não pode mais endossar o título); 
ii. Cessionário: esse terceiro que receber passará a ser o novo 
portador do título (cessionário)! 
iii. Se houver a cessão de crédito: o devedor do título já 
poderá levantar questões relacionadas com a origem da 
dívida e as relações jurídicas possíveis com os credores do 
título podem ser excepcionadas contra o cessionário; 
c) Prescrição: se o prazo de prescrição do título de crédito se consumar, 
sem que o portador tenha adotado das medidas cabíveis (cobrança ou 
protesto), a dívida somente poderá ser cobrada como uma dívida 
qualquer, pois o título perderá as suas características cambiais de 
autonomia e inoponibilidade de exceções pessoais. 
 
Requisitos do Título de Crédito 
 
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5. Requisitos do Título de Crédito - Para ser regulamente emitido, o título deve 
conter os seguintes elementos: 
a) data da emissão; 
b) indicação precisa dos direitos que confere; e 
c) assinatura do emitente. 
5.1. Regras de preenchimento que podem ser cobradas em concurso: 
a) Título à vista: será à vista, o título de crédito que não contenha 
indicação de vencimento; 
b) Lugar de pagamento: o domicílio do emitente considera-se lugar de 
emissão e de pagamento, quando não indicado no título o lugar do 
pagamento; 
Código Civil: 
“Art. 889. Deve o título de crédito conter a data da emissão, a 
indicação precisa dos direitos que confere, e a assinatura do 
emitente. 
§ 1o É à vista o título de crédito que não contenha indicação de 
vencimento. 
§ 2o Considera-se lugar de emissão e de pagamento, quando não 
indicado no título, o domicílio do emitente.” 
c) Cláusulas proibidas: não podem ser escritas no título, sob pena de 
serem consideras como não escritas: 
i. cláusula de juros; 
ii. a proibitiva de endosso; 
 
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iii. a excludente de responsabilidade pelo pagamento ou por 
despesas; 
iv. a que dispense a observância de termos e formalidade 
prescritas; e 
v. a que, além dos limites fixados em lei, exclua ou restrinja 
direitos e obrigações. 
Código Civil: 
“Art. 890. Consideram-se não escritas no título a cláusula de juros, a 
proibitiva de endosso, a excludente de responsabilidade pelo 
pagamento ou por despesas, a que dispense a observância de termos e 
formalidade prescritas, e a que, além dos limites fixados em lei, exclua 
ou restrinja direitos e obrigações.” 
d) Preenchimento incompleto: veja bem que, em momento posterior à 
emissão, o título se ache de forma incompleta, poderá ser preenchido, em 
conformidade com os ajustes realizados! 
e) Ajustes preenchidos posteriormente: o descumprimento pelas pessoas 
que participaram dos ajustes não pode ser oposto ao terceiro portador do 
título de boa-fé, salvo a comprovação de má-fé do terceiro,ao adquirir o título; 
Código Civil:` 
“Art. 891. O título de crédito, incompleto ao tempo da emissão, deve 
ser preenchido de conformidade com os ajustes realizados. 
Parágrafo único. O descumprimento dos ajustes previstos neste artigo 
pelos que deles participaram, não constitui motivo de oposição ao 
terceiro portador, salvo se este, ao adquirir o título, tiver agido de má-
fé.” 
f) Emissão por mandatário ou representante sem poderes suficientes: se 
o emissor do título (a pessoa que assina o título ao ser emitido) não possuir 
 
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poderes, ou se ir além dos poderes que tem, lança a sua assinatura em 
título de crédito, como mandatário ou representante de outrem, fica 
pessoalmente obrigado, e, pagando o título, tem ele os mesmos direitos 
que teria o suposto mandante ou representado. Juridicamente, é como se 
próprio subscritor tivesse emitido o título. 
Código Civil: 
“Art. 892. Aquele que, sem ter poderes, ou excedendo os que tem, lança 
a sua assinatura em título de crédito, como mandatário ou 
representante de outrem, fica pessoalmente obrigado, e, pagando o 
título, tem ele os mesmos direitos que teria o suposto mandante ou 
representado.” 
ATENÇÃO: a omissão de requisito legal, que retire a sua validade como 
título de crédito, não retira a validade do negócio jurídico que deu causa. 
Código Civil: 
“Art. 888. A omissão de qualquer requisito legal, que tire ao escrito a 
sua validade como título de crédito, não implica a invalidade do 
negócio jurídico que lhe deu origem.” 
 
Aval 
6. Garantia do Aval - A garantia do aval é o ato pelo qual terceira pessoa se 
responsabiliza pela obrigação de pagamento constante do título. 
6.1. O que você precisa saber a respeito de aval: 
a) Avalista: é quem presta a garantia do aval e se torna responsável da 
mesma forma que o devedor avalizado. 
 
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b) Avalizado: quem recebeu a garantia do aval (obs.: não precisa ser 
necessariamente o emissor do título, pois pode ser avalizado 
alguém tenha recebido o título e transferido para terceiro, pela figura 
do endosso!). 
c) Ação de regresso: alguém paga algo e depois procura se ressarcir de 
outra pessoa que possuía a obrigação de ter feito o pagamento dessa 
dívida. 
d) Aval no anverso (na frente do título): com a mera assinatura; 
e) Aval no verso (atrás do título): assinatura e menção expressa de que 
se trata de um aval (“por aval”); 
DICAS PARA GUARDAR: 
• Aval, Avalista, Anverso e Assinatura, começam com “A”, 
que é a primeira letra do alfabeto de nosso idioma! 
• Regra para o anverso do título: basta a Assinatura do 
Avalista no Anverso! 
• Regra para o verso do título: nesse caso é mais complexo, 
pois deve conter a assinatura e, também, a expressão “por 
aval”, para se comprovar de que se trata de um aval. 
f) Aval “em preto”: em favor de determinada pessoa especificada no 
título (pode ser em favor do devedor originário, ou de algum dos 
endossantes); 
g) Aval “em branco”: presume-se que foi feito em favor do emitente do 
devedor originário; 
h) Aval parcial: não é permitido pelo Código Civil; 
 
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i) Aval cancelado: considera-se não escrito. 
Código Civil: 
“Art. 897. O pagamento de título de crédito, que contenha obrigação de 
pagar soma determinada, pode ser garantido por aval. 
Parágrafo único. É vedado o aval parcial. (vedação) 
Art. 898. O aval deve ser dado no verso ou no anverso do próprio título. 
§ 1o Para a validade do aval, dado no anverso do título, é suficiente a 
simples assinatura do avalista. (aval no anverso) 
§ 2o Considera-se não escrito o aval cancelado. (aval não 
escrito/cancelado) 
Art. 899. O avalista equipara-se àquele cujo nome indicar; na falta de 
indicação, ao emitente ou devedor final. (aval “em preto” ou “em 
branco”) 
j) Avais simultâneos (ou “coaval”): acontecem quando duas ou mais 
pessoas avalizam o mesmo título conjuntamente, garantindo a mesma 
obrigação cambial. Nesse caso, os avalistas serão solidários entre si (se 
um pagar a dívida, pode cobrar do outro a parte proporcionalmente que 
caiba ao outro avalista); 
k) Avais sucessivos (ou “aval de aval”): nesse caso, um avalista avaliza 
outro avalista. P. ex.: um avalista que tiver pago a dívida poderá cobrá-la 
integralmente de seu “avalista avalizado”. Nesse caso, podemos dizer que 
o avalista que pagou possui direito de ação de regresso contra o que não 
pagou. 
l) Aval fora do título (em documento separado): guarde bem essa, 
porque é nulo. 
IMPORTANTE: 
 
 DIREITO EMPRESARIAL 
 
 
	
	
	
	
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• Pagamento do título pelo avalista: após pagar a dívida, 
possuirá o direito de ajuizar ação de regresso contra o seu 
avalizado e demais coobrigados anteriores; 
• Nulidade formal: subsiste a responsabilidade do avalista, 
ainda que nula a obrigação do avalizado, a menos que a 
nulidade decorra de vício de forma; 
Código Civil: 
“Art. 899. ............................................................................................................ 
.............................. 
§ 1o Pagando o título, tem o avalista ação de regresso contra o seu 
avalizado e demais coobrigados anteriores. 
§ 2o Subsiste a responsabilidade do avalista, ainda que nula a 
obrigação daquele a quem se equipara, a menos que a nulidade 
decorra de vício de forma.” 
k) Aval posterior ao vencimento: é possível, e produz os mesmos 
efeitos do anteriormente conferido. 
Código Civil: 
“Art. 900. O aval posterior ao vencimento produz os mesmos efeitos do 
anteriormente dado.” 
SÚMULA STJ 26: 
“O avalista do título de crédito vinculado a contrato de mútuo também 
responde pelas obrigações pactuadas, quando no contrato figurar 
como devedor solidário.” 
6.1.1. Diferenças entre aval e fiança: 
a) Princípio da autonomia dos títulos de crédito: não podem ser 
discutidas as matérias relacionadas com a origem da dívida: 
 
 DIREITO EMPRESARIAL 
 
 
	
	
	
	
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i. No aval: é uma obrigação cambial autônoma; se a 
obrigação que deu origem a dívida for desfeita, não se anula 
a dívida do avalista, pois o título de crédito é abstrato em 
relação as demais relações jurídicas anteriores à emissão do 
título objeto do aval; 
ii. Na fiança: a nulidade da obrigação principal alcança a 
obrigação do fiador, para desfazê-la também, pois é um 
contrato acessório. 
b) Benefício de ordem: primeiro se cobra do devedor principal, 
somente após verificar que não há bens suficientes para quitação da 
dívida, é que podem ser executados os bens do garantidor: 
i. No aval: essa possibilidade não existe para o aval, POR 
ISSO, o credor pode ir direto em seus bens para executá-los. 
Depois de pagar a dívida, o avalista pode cobrar do devedor 
principal, em ação de regresso; 
ii. Na fiança: essa possibilidade existe, ou seja, primeiro 
executam-se bens do devedor principal). 
 
Título ao Portador 
7. Título ao portador - Para compreender a respeito do título ao portador, 
também disciplinado pelo Código Civil, pense que a sua transferência da “cártula” 
(documento) pode ocorrer mediante a mera tradição, que é a transferência da 
posse física do título de uma pessoa para outra! 
Código Civil: 
 
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“Art. 904. A transferência de título ao portador se faz por simples tradição.” 
ATENÇÃO: é nula a emissão de título de crédito ao portador, sem 
autorização de lei especial! 
Código Civil: 
“Art. 907. É nulo o título ao portador emitido sem autorização de lei 
especial.” 
Lei n. 8.021, de1990: 
“Art. 2o A partir da data de publicação desta lei fica vedada: 
......................................... 
II - a emissão de títulos e a captação de depósitos ou aplicações ao 
portador ou nominativos-endossáveis;” 
 
Código Civil: 
“Art. 907. É nulo o título ao portador emitido sem autorização de lei 
especial.” 
Lei n. 9.069, de 1995: 
“Art. 69. A partir de 1o de julho de 1994, fica vedada a emissão, 
pagamento e compensação de cheque de valor superior a R$ 100,00 
(cem REAIS), sem identificação do beneficiário. 
Parágrafo único. O Conselho Monetário Nacional regulamentará o 
disposto neste artigo.” 
7.1. Características do título ao portador: 
a) Direito do portador de receber o valor do título: o possuidor de 
título ao portador tem direito à prestação nele indicada, mediante a 
sua simples apresentação ao devedor; 
 
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b) Circulação contra a vontade do emitente: a prestação é devida 
ainda que o título tenha entrado em circulação contra a vontade do 
emitente; 
Código Civil: 
“Art. 905. O possuidor de título ao portador tem direito à prestação nele 
indicada, mediante a sua simples apresentação ao devedor. 
Parágrafo único. A prestação é devida ainda que o título tenha entrado 
em circulação contra a vontade do emitente.” 
c) Matéria de defesa do devedor: o devedor só poderá opor ao 
portador exceção fundada em direito pessoal, ou em nulidade de 
sua obrigação; 
Código Civil: 
Art. 906. O devedor só poderá opor ao portador exceção fundada em 
direito pessoal, ou em nulidade de sua obrigação.” 
d) Título dilacerado, porém identificável: seu possuidor tem direito a 
obter do emitente a SUBSTITUIÇÃO DO ANTERIOR, mediante a 
restituição do primeiro e o pagamento das despesas; 
Código Civil: 
“Art. 908. O possuidor de título dilacerado, porém identificável, tem 
direito a obter do emitente a substituição do anterior, mediante a 
restituição do primeiro e o pagamento das despesas.” 
e) Perda, extravio do título ou injustamente desapossado do título: 
seu proprietário poderá obter novo título em juízo, bem como 
impedir sejam pagos a outrem capital e rendimentos. Mas, o 
pagamento, feito antes de ter ciência dessa ação, exonera o devedor, 
salvo for comprovado que ele tinha conhecimento do fato. 
 
 DIREITO EMPRESARIAL 
 
 
	
	
	
	
19 
Código Civil: 
“Art. 909. O proprietário, que perder ou extraviar título, ou for 
injustamente desapossado dele, poderá obter novo título em juízo, 
bem como impedir sejam pagos a outrem capital e rendimentos. 
Parágrafo único. O pagamento, feito antes de ter ciência da ação 
referida neste artigo, exonera o devedor, salvo se se provar que ele 
tinha conhecimento do fato.” 
 
Título à Ordem 
8. Título à Ordem - A expressão título à ordem está ligada à possibilidade ou não 
de endosso do título. 
8.1. Endosso: é o ato pelo qual o credor transfere o título de crédito para outra 
pessoa! Veja bem que, com esse ato, o transferidor para a ser também 
devedor do título. 
8.2. Conceitos relacionados com a figura do endosso: 
a) Endossante: é a pessoa que endossa o título e o transfere para 
outra pessoa. 
b) Endossatário: é o beneficiado pelo endosso, que passa a ser o novo 
credor do título, e vai ficar com a posse da cártula; 
Código Civil: 
“Art. 910. ............................................................................................................ 
.................... 
§ 2o A transferência por endosso completa-se com a tradição do 
título.” 
c) Endosso no verso (atrás do título): com a mera assinatura; 
 
 DIREITO EMPRESARIAL 
 
 
	
	
	
	
20 
d) Endosso no anverso (na frente): necessidade de assinatura e 
menção expressa de que se trata de um endosso (“por endosso”); 
ATENÇÃO: preste bem a atenção que essa regra para o endosso é 
exatamente inversa em relação ao aval. 
Código Civil: 
“Art. 910. O endosso deve ser lançado pelo endossante no verso ou 
anverso do próprio título. 
§ 1o Pode o endossante designar o endossatário, e para validade do 
endosso, dado no verso do título, é suficiente a simples assinatura 
do endossante. 
§ 2o A transferência por endosso completa-se com a tradição do título. 
§ 3o Considera-se não escrito o endosso cancelado, total ou 
parcialmente.” 
e) Endosso em preto: aquele que identifica o seu beneficiário 
(endossatário); 
f) Endosso em branco: aquele que não identifica o seu beneficiário. 
Isso é interessante pois gera três possibilidades ao endossatário: 
i. transformá-lo em “endosso em preto”, inserindo o seu 
nome; 
ii. endossar novamente o título, “em branco” ou “em preto”; ou 
iii. transferir o título sem aplicar novo endosso, com a mera 
entrega (tradição) do título a outra pessoa (art. 913, do 
Código Civil); nessa situação, o transferidor não guardará 
para si nenhuma responsabilidade no título (lembre-se do 
princípio da literalidade!); 
 
 DIREITO EMPRESARIAL 
 
 
	
	
	
	
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Código Civil: 
“Art. 913. O endossatário de endosso em branco pode mudá-lo para 
endosso em preto, completando-o com o seu nome ou de terceiro; 
pode endossar novamente o título, em branco ou em preto; ou pode 
transferi-lo sem novo endosso.” 
g) Série de endossos: é possível! Mas, o que for pagar o título é 
obrigado a verificar a regularidade da série de endossos, mas não a 
autenticidade das assinaturas. 
Código Civil: 
“Art. 911. Considera-se legítimo possuidor o portador do título à ordem 
com série regular e ininterrupta de endossos, ainda que o último 
seja em branco. 
Parágrafo único. Aquele que paga o título está obrigado a verificar a 
regularidade da série de endossos, mas não a autenticidade das 
assinaturas.” 
h) Endosso limitado ou parcial: considera-se não escrita no endosso 
qualquer condição a que o subordine o endossante, bem como é 
nulo o endosso parcial (da mesma forma que é o aval parcial, de 
acordo com o Código Civil!); 
Código Civil: 
“Art. 912. Considera-se não escrita no endosso qualquer condição a 
que o subordine o endossante. 
Parágrafo único. É nulo o endosso parcial.” 
i) Responsabilidade solidária do endossante: pode ou não assumir 
essa responsabilidade ao transmitir o título, mas, sob as regras do 
Código Civil, em caso de ASSUMI-LA, ESSA CONDIÇÃO DEVE FICAR 
 
 DIREITO EMPRESARIAL 
 
 
	
	
	
	
22 
EXPRESSA NO TÍTULO! E, se o endossante pagar o título, pode ajuizar 
AÇÃO DE REGRESSO contra os coobrigados anteriores! 
j) Cláusula de “não garantia”: exclui o endossante da responsabilidade 
pelo pagamento do título (sob as regras do Código Civil, ela é 
presumida no título ao ser endossado); 
ATENÇÃO: lembre-se que as regras do Código Civil não se aplicam 
quando a legislação especial tratar de forma diferente. 
Código Civil: 
“Art. 914. Ressalvada cláusula expressa em contrário, constante do 
endosso, não responde o endossante pelo cumprimento da prestação 
constante do título. 
§ 1o Assumindo responsabilidade pelo pagamento, o endossante se 
torna devedor solidário. 
§ 2o Pagando o título, tem o endossante ação de regresso contra os 
coobrigados anteriores.” 
k) Cláusula “não à ordem”: impede endosso do título, dali para a frente. 
Consequência, o título poderá ser negociado (“passado para a 
frente”), mas apenas sob a forma do instituto da cessão civil de 
crédito, que não gera os mesmos efeitos de um ato cambiário. 
Explico mais: para cobrar um título de crédito em juízo, pode ser 
utilizada a execução, em que não se discute a origem da dívida, via de 
regra. Essa é uma característica cambial. Se houver a cessão de 
crédito, o credor deverá comprovar a origem dadívida para cobrá-la 
em juízo (ou seja, não basta ter a posse do tíitulo!) e estará sujeito a 
discutir com o devedor as suas exceções pessoais (o que não poderia 
ocorrer se o título fosse transferido por endosso!); 
 
 DIREITO EMPRESARIAL 
 
 
	
	
	
	
23 
Código Civil: 
“Art. 919. A aquisição de título à ordem, por meio diverso do endosso, 
tem efeito de cessão civil.” 
l) Endosso-penhor (ou endosso-caução, ou endosso-pignoratício, ou 
endosso-garantia): não transfere os créditos, apenas legitima a posse 
do título (cártula) de outra pessoa. É um dos chamados endossos 
impróprios, que é utilizado para garantia de uma dívida (“valor em 
garantia”, “valor em penhor”). Caso essa dívida não for honrada, o 
possuidor passará a ser pleno titular dos direitos relacionados com o 
título de crédito. O devedor não pode apresentar exceções contra o 
endossante, salvo se o endossante tenha agido de má-fé. 
Código Civil: 
“Art. 918. A cláusula constitutiva de penhor, lançada no endosso, 
confere ao endossatário o exercício dos direitos inerentes ao título. 
§ 1o O endossatário de endosso-penhor só pode endossar novamente 
o título na qualidade de procurador. 
§ 2o Não pode o devedor opor ao endossatário de endosso-penhor as 
exceções que tinha contra o endossante, salvo se aquele tiver agido de 
má-fé.” 
m) Endosso-mandato (ou endosso-procuração): é outro endosso 
impróprio, utilizado para conferir poderes para o possuidor cobrar a 
dívida em nome do endossante (“para cobrança”, “valor a cobrar”, 
“por procuração”). Nessa hipótese, é possível novo endosso, mas com 
os mesmos poderes que recebeu. A morte ou incapacidade do 
endossante não retira a eficácia do endosso-mandato! O devedor 
do título somente pode apresentar as exceções que tiver contra o 
 
 DIREITO EMPRESARIAL 
 
 
	
	
	
	
24 
endossante, já que o endossatário não atua em nome próprio, mas 
em nome do endossante! 
Código Civil: 
“Art. 917. A cláusula constitutiva de mandato, lançada no endosso, 
confere ao endossatário o exercício dos direitos inerentes ao título, 
salvo restrição expressamente estatuída. 
§ 1o O endossatário de endosso-mandato só pode endossar 
novamente o título na qualidade de procurador, com os mesmos 
poderes que recebeu. 
§ 2o Com a morte ou a superveniente incapacidade do endossante, não 
perde eficácia o endosso-mandato. 
§ 3o Pode o devedor opor ao endossatário de endosso-mandato 
somente as exceções que tiver contra o endossante.” 
n) Endosso póstumo ou tardio: é feito após o vencimento do título, e 
produz os efeitos normais do endosso anterior ao vencimento. 
Código Civil: 
“Art. 920. O endosso posterior ao vencimento produz os mesmos 
efeitos do anterior.” 
RECAPITULANDO: 
Ø AVAL: 
• no anverso: basta a assinatura do avalista! 
• no verso: deve ter a indicação expressa de que se 
trata de aval! 
Ø ENDOSSO: 
 
 DIREITO EMPRESARIAL 
 
 
	
	
	
	
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• no anverso: deve ter a indicação expressa de que 
se trata de endosso! 
• no verso: basta a assinatura do endossante! 
Código Civil: 
"Art. 898. O aval deve ser dado no verso ou no anverso do próprio 
título. 
§ 1o Para a validade do aval, dado no anverso do título, é suficiente a 
simples assinatura do avalista. 
§ 2o Considera-se não escrito o aval cancelado. 
.......................... 
Art. 910. O endosso deve ser lançado pelo endossante no verso ou 
anverso do próprio título. 
§ 1o Pode o endossante designar o endossatário, e para validade do 
endosso, dado no verso do título, é suficiente a simples assinatura 
do endossante. 
§ 2o A transferência por endosso completa-se com a tradição do título. 
§ 3o Considera-se não escrito o endosso cancelado, total ou 
parcialmente." 
 
Título Nominativo 
9. Título Nominativo - Como o próprio nome já diz, essa é uma característica dos 
títulos de crédito em que o nome do favorecido pelo título deve estar 
registrado no título. 
Código Civil: 
“Art. 921. É título nominativo o emitido em favor de pessoa cujo nome 
conste no registro do emitente.” 
 
 DIREITO EMPRESARIAL 
 
 
	
	
	
	
26 
9.1. Essa espécie de título, segundo o Código Civil, possui uma característica 
especial, relacionada com as formalidades ligadas à sua TRANSFERÊNCIA. No 
caso, não basta a tradição do documento, mas devem ser observadas as 
seguintes formalidades, nas seguintes modalidades de transferência: 
a) Transferência por termo: em registro do emitente, assinado pelo 
proprietário do título e pelo adquirente; ou 
b) Endosso: deve conter o nome do endossatário, com autenticidade de 
sua assinatura (não se admite endosso “em branco” de títulos 
nominativos), e deve ser averbado no registro do emitente! No caso 
de endosso, ainda há duas particularidades: 
i. Série regular e ininterrupta de endossos: nessas condições, o 
proprietário do título pode obter a averbação depois de 
comprovar a autenticidade das assinaturas de todos os 
endossantes; 
ii. Título com o nome do primitivo proprietário: caso o título 
original contenha o nome do primitivo proprietário, tem direito o 
adquirente a obter do emitente novo título, em seu nome, 
devendo a emissão do novo título constar no registro do 
emitente. 
Código Civil: 
“Art. 922. Transfere-se o título nominativo mediante termo, em registro 
do emitente, assinado pelo proprietário e pelo adquirente. 
Art. 923. O título nominativo também pode ser transferido por endosso 
que contenha o nome do endossatário. 
§ 1o A transferência mediante endosso só tem eficácia perante o 
emitente, uma vez feita a competente averbação em seu registro, 
 
 DIREITO EMPRESARIAL 
 
 
	
	
	
	
27 
podendo o emitente exigir do endossatário que comprove a 
autenticidade da assinatura do endossante. 
§ 2o O endossatário, legitimado por série regular e ininterrupta de 
endossos, tem o direito de obter a averbação no registro do 
emitente, comprovada a autenticidade das assinaturas de todos os 
endossantes. 
§ 3o Caso o título original contenha o nome do primitivo proprietário, 
tem direito o adquirente a obter do emitente novo título, em seu nome, 
devendo a emissão do novo título constar no registro do emitente.” 
9.2. Transformação de título nominativo em à ordem ou ao portador: salvo 
expressa proibição legal, é possível, de acordo com o art. 924, do Código Civil. 
Código Civil: 
“Art. 924. Ressalvada proibição legal, pode o título nominativo ser 
transformado em à ordem ou ao portador, a pedido do proprietário e à 
sua custa.” 
ATENÇÃO: o emitente de título nominativo que o transferir de boa-fé, na 
forma dos arts. 922 e 923, do Código Civil, fica desonerado de 
responsabilidade. 
Código Civil: 
“Art. 925. Fica desonerado de responsabilidade o emitente que de boa-
fé fizer a transferência pelos modos indicados nos artigos 
antecedentes.” 
Importante também é lembrar que os negócios ou medidas judiciais relacionados com 
o título nominativo, para valer contra o emitente ou terceiros, DEVE O TÍTULO SER 
AVERBADO NO REGISTRO DO EMITENTE! 
Código Civil: 
 
 DIREITO EMPRESARIAL 
 
 
	
	
	
	
28 
“Art. 926. Qualquer negócio ou medida judicial, que tenha por objeto o título, só produz 
efeito perante o emitente ou terceiros, uma vez feita a competente averbação no 
registro do emitente.” 
 
Protesto 
10. Protesto - Juntamente com o aval (que é uma garantia) e o endosso (que é uma 
forma de transferência e circulação do título de crédito), temos a figura do protesto, 
caracterizados como atos cambiários. 
10.1. Protesto: trata-se da formalização de ato que atesta a ocorrência de um fato 
relevante para a relação cambiária.10.2. Motivos para protesto: 
a) Falta de aceite do título: o devedor se nega a aceitar o título (aceite é 
o ato pelo qual o devedor faz um registro na duplicata, p. ex., admitindo 
que deve o valor discriminado no título); 
b) Falta de devolução do título (p. ex., a duplicata é enviada para aceite 
do devedor e não é devolvida ao credor); 
c) Falta de pagamento do título (vencimento do título sem pagamento 
pelo devedor). 
10.3. Protesto necessário: contra o devedor principal, avalistas e endossantes. 
Essa é uma condição necessária para que o credor cobre a dívida 
judicialmente, em processo de execução, contra esses. 
10.4. Protesto facultativo: contra o devedor principal e seu avalista. Contra esses 
é desnecessário o protesto, para a execução judicial. 
 
 DIREITO EMPRESARIAL 
 
 
	
	
	
	
29 
10.5. Interrupção da prescrição: o protesto interrompe a prescrição (art. 202, III, 
do Código Civil). 
 
Nota Promissória 
11. Nota Promissória - É título de crédito considerado como promessa de 
pagamento, regulada pela Lei Uniforme de Genebra, decorrente de acordo 
internacional realizado em Genebra, em 1930, que foi incorporado ao 
ordenamento jurídico brasileiro pelo Decreto n. 57.663, de 24 de janeiro de 1976. 
Aplicam-se às notas promissórias, também, o Decreto n. 2.044, de 31 de 
dezembro de 1908. 
11.1. Sacador (ou emitente): é a pessoa que emite a nota e faz a promessa de 
pagamento a outra pessoa. 
11.2. Tomador: a nota promissória é emitida em favor do tomador, para quem se 
promete pagar. 
11.3. Requisitos essenciais: 
a) Utilização da expressão “nota promissória”; 
b) uma promessa incondicional de pagamento de determinada 
quantia; 
c) nome do tomador; 
d) data do saque (data em que foi emitida); 
e) a assinatura do emitente; 
f) o lugar do saque ou menção de um lugar junto do nome do 
subscritor. 
 
 DIREITO EMPRESARIAL 
 
 
	
	
	
	
30 
11.4. Características 
a) modelo livre: quanto ao modelo, a nota promissória é livre, embora 
deve conter algumas expressões obrigatórias. Logo, as notas 
promissórias podem ser criadas em uma simples folha de papel, 
desde que apresente os requisitos essenciais; 
b) emissão em branco ou incompleta: é possível de ser completada 
pelo credor de boa-fé, antes da cobrança, de acordo com a Súmula 
387 do STF: “A cambial emitida ou aceita com omissões, ou em 
branco, pode ser completada pelo credor de boa-fé antes da cobrança 
ou do protesto”; 
c) cláusula à ordem: é implícita, não precisa vir escrita; 
d) cláusula não à ordem: é possível, deve ser expressa (impede o 
endosso, mas não impede a cessão civil de crédito); 
e) exigência de identificação do devedor principal: deve ser feita com 
menção ao número da identidade, CPF, título de eleitor ou carteira de 
trabalho (impede a emissão ao portador); 
f) promessa incondicional: é inadmissível qualquer tipo de condição 
(suspensiva ou resolutiva); 
g) sem data de pagamento: é possível a ausência de menção de data 
de vencimento, caso em que a nota promissória seja considerada à 
vista; 
h) nota promissória a certo termo da vista: é possível (art. 78, da Lei 
Uniforme), caso em que o emissor possui até 1 ano, contado do 
 
 DIREITO EMPRESARIAL 
 
 
	
	
	
	
31 
saque, para levar ao tomador para obter o visto, a partir do qual 
começará a correr o prazo para pagamento. 
11.5. Prescrição: o prazo de prescrição da nota promissória é uma limitação 
temporal para a execução judicial contra o emitente, avalistas e endossantes: 
a) a prescrição ocorrerá em 3 anos, contados do vencimento, contra 
o devedor principal (sacado) e seus avalistas; 
b) em 1 ano, contado do protesto, ou da data do vencimento (se a 
nota promissória tiver a cláusula “sem despesas”), contra os 
endossantes e seus avalistas; 
c) em 6 meses, contados do dia em que os endossantes ou seus 
avalistas foram judicialmente acionados ou pagaram a dívida, 
uns contra os outros. 
11.6. Vinculação a contrato: no caso de nota promissória vinculada a contrato (na 
emissão, fica previsto que ela é vinculada a um determinado contrato), destacam-
se as seguintes orientações jurisprudenciais: 
a) Nota promissória vinculada a contrato: o STJ entende que “o fato 
de achar-se a nota promissória vinculada a contrato não a desnatura 
como título de executivo extrajudicial” (REsp 259.819-PR); 
b) Nota promissória vinculada a contrato de abertura de crédito é 
diferente: o STJ entende que “a nota promissória vinculada a 
contrato de abertura de crédito não goza de autonomia em razão da 
iliquidez do título que a originou” (REsp 262.623-RS); 
c) Cláusula-mandato: constitui a instituição financeira mandatária para 
emitir nota promissória em nome do devedor, só que em seu próprio 
 
 DIREITO EMPRESARIAL 
 
 
	
	
	
	
32 
favor; pela Súmula 60 do STJ “é nula a obrigação cambial assumida 
por procurador do mutuário vinculado ao mutuante, no exclusivo 
interesse deste”. Nesse caso, o STJ aplicou o art. 51, inciso VIII, do 
Código de Defesa do Consumidor que considera nulas de pleno 
direito as cláusulas contratuais que “imponham representante para 
concluir ou realizar outro negocio jurídico pelo consumidor; 
d) Nota promissória “pro solvendo”: quanto emitidas com essa 
característica, não dão quitação ao negócio principal e dele não se 
desligam. 
Ex.: a vinculação de notas promissórias a uma escritura de 
compra e venda com o caráter “pro solvendo” significa que os 
títulos não se tornam autônomos, não se desligam da 
alienação do bem e o preço só se considera real e 
definitivamente pago depois de saldada a última das 
notas promissórias. Se as notas promissórias não forem 
pagas, o vendedor poderá atacar a própria compra e venda e 
desfazer o contrato. 
e) Nota promissória “pro soluto”: tornam-se autônomas em relação ao 
negócio principal e dão a ele quitação. 
Ex.: notas promissórias no valor de uma compra e venda com 
o caráter “pro soluto” são emitidas como pagamento, a título 
de solução, dando quitação. Esse fato torna a compra e 
venda irrevogável e irretratável, perfeita e acabada, mesmo 
se as notas promissórias não forem pagas. Ou seja, a 
compra e venda não pode ser desfeita pelo vencimento 
das notas promissórias, sem o devido pagamento. Caberá ao 
 
 DIREITO EMPRESARIAL 
 
 
	
	
	
	
33 
vendedor, de posse das notas promissórias, recorrer à 
Justiça, e promover a execução por falta de pagamento. 
 
Cheque 
12. Cheque - É título de crédito considerado como ordem de pagamento à vista, 
regulado pela Lei Uniforme do Cheque (Decreto n. 57.595, de 4 de janeiro de 
1966) e pela Lei n. 7.357, de 1985, de 2 de setembro de 1985 (Lei do Cheque). 
12.1. Sacador (ou emitente): é a pessoa que emite o cheque contra a instituição 
financeira, onde possui fundos em seu nome. 
12.2. Sacado: é a instituição financeira que deve pagar o cheque, havendo fundos. 
12.3. Requisitos essenciais 
a) uso da expressão “cheque”; 
b) deve conter uma ordem incondicional de pagamento de quantia 
determinada, a ser descrita tanto em algarismos como por 
extenso (havendo divergência, prevalecerá o valor redigido por extenso); 
c) o nome do sacado (banco) contra quem o cheque foi emitido; 
d) a data do saque (emissão); 
e) o lugar do saque ou a menção de um lugar junto ao nome do 
emitente; 
f) a assinatura do próprio emitente (sacador), a qual será conferida 
pelo sacado (banco), na hora do pagamento. 
12.4. Características: 
 
 DIREITO EMPRESARIAL 
 
 
	
	
	
	
34 
a) Modelo vinculado: quanto ao modelo, o cheque é um título decrédito vinculado, deve ser emitido pelo banco (sacado) e suas formas 
precisam obedecer às regras do Banco Central. 
b) Cheque ao portador: sem menção ao favorecido (credor), no máximo 
até R$ 100,00; 
c) Cheque nominal: com expressa menção ao favorecido (obrigatória 
acima de R$ 100,00); 
ATENÇÃO: regras sobre a possibilidade ou não de emissão de títulos 
de crédito ao portador. 
• A Lei n. 8.021, de 12 de abril de 1990, proibiu a emissão de títulos 
ao portador; 
• Pelo Código Civil de 2002, lei especial pode autorizar a emissão 
de título ao portador. 
• A Lei n. 9.069, de 29 de junho de 1995 (Lei do Plano Real), admite 
a emissão de cheque ao portador em valor inferior a R$ 
100,00. 
d) Cheque endossado: transferência do cheque pela assinatura do 
favorecido, no verso (pode ser “em branco” ou “em preto”; 
e) Admite a cláusula “não à ordem”: essa cláusula impede o endosso 
(mas o título pode circular por cessão civil do crédito); 
CUIDADO: a circulação de título de crédito ao portador é possível, 
o que ocorre quando há o endosso “em branco”. 
• Com o endosso “em branco”, o título adquire a característica “ao 
portador”. 
 
 DIREITO EMPRESARIAL 
 
 
	
	
	
	
35 
f) Cheque cruzado “em branco”: aposição de dois traços paralelos no 
anverso do título (impede o desconto na “boca do caixa”, podendo ser 
apenas creditado em conta); 
g) Cheque cruzado “em preto”: aposição dos dois traços e do nome do 
banco onde poderá ser depositado, entre as linhas paralelas; 
h) Cheque visado: o título recebe a confirmação de fundos pelo banco 
sacado, por aposição de afirmação nesse sentido no título (só pode 
ser visado pelo banco o cheque que ainda não estiver endossado); 
nesse caso, o banco assegura o pagamento durante o prazo de 
apresentação do cheque; 
i) Cheque administrativo: é o cheque emitido pelo próprio banco, para 
ser liquidado (pago) em uma de suas agências (nesse caso, o banco é 
o emitente e o sacado, ao mesmo tempo!), gerando uma certeza 
muito maior de que haverá pagamento; 
j) Cheque para ser creditado em conta: somente pode ser creditado 
em conta, mediante a expressão “para ser creditado em conta” (como 
determina a lei) ou a menção do número da conta do beneficiário 
entre os traços do cruzamento (como é feito na prática); 
k) Sustação do cheque: 
i. por revogação ou contraordem (art. 35, da Lei do 
Cheque): é feita pelo emissor do cheque (por carta, via 
judicial ou extrajudicial), e só pode produzir efeitos após o 
prazo de apresentação; 
ii. por oposição (art. 36, da Lei do Cheque): pode ser feita 
durante o prazo de apresentação do cheque, pelo emitente 
 
 DIREITO EMPRESARIAL 
 
 
	
	
	
	
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ou pelo portador legitimado, manifestando ao banco 
(sacado), oposição fundada em relevante razão de direito 
(nesse caso, não cabe ao banco julgar as razões da 
oposição, deve simplesmente acatar o pedido de sustação, 
mesmo sem o boletim de ocorrência, conforme 
interpretação do art. 36, § 2o, da Lei do Cheque). 
12.5. Prazo de apresentação: é o prazo que possui o portador para apresentar o 
cheque perante a instituição financeira para liquidação (pagamento), o qual é 
regido pelas seguintes regras: 
a) na mesma praça (cheque emitido na mesma praça que o banco): 
30 dias, contados da emissão; 
b) em praças diferentes: 60 dias, contados da emissão; 
c) utilidade do prazo de apresentação: se o cheque for apresentado 
fora do prazo, o portador perde o direito de cobrar o cheque dos 
endossatários (essa regra não alcança os avalistas nem o emitente!); 
d) Súmula 600 do STF: “cabe ação executiva contra o emitente do 
cheque e seus avalistas, ainda que não apresentado o cheque ao 
sacado no prazo legal, desde que não prescrita a ação cambiária”; 
e) situação excepcional (art. 47, § 3o, da Lei do Cheque): o portador 
que não apresentar o cheque em tempo hábil, ou não comprovar a 
recusa de pagamento, perde o direito de execução contra o emitente, 
se este tinha fundos disponíveis durante o prazo de apresentação e os 
deixou de ter, em razão de fato que não lhe seja imputável; 
12.6. Prescrição: trata-se de limitação temporal para a execução judicial contra o 
emitente, avalista e endossante: 
 
 DIREITO EMPRESARIAL 
 
 
	
	
	
	
37 
a) a prescrição ocorrerá 6 meses após o vencimento do prazo de 
apresentação: a prescrição ocorre nesse prazo, independentemente 
de quando o cheque for apresentado, se no primeiro ou no último do 
prazo de apresentação; 
b) situação especial: se um cheque pré-datado for apresentado antes 
da “data do vencimento”, computam-se 30 (mesma praça) ou 60 dias 
(praça diferentes), e mais 6 meses, para a contagem da prescrição; 
c) cheque prescrito: o cheque perde sua executividade, prevista no art. 
585, inciso I, do Código de Processo Civil, devendo ser cobrado apenas 
pelas chamadas vias ordinárias. 
ATENÇÃO: os títulos de crédito são títulos executivos (art. 585, I, 
do CPC), os quais podem ser objeto de execução judicial, que é um 
processo no qual somente se discute o valor da dívida constante do 
título, sem precisar recorrer às razões que deram origem à dívida. 
12.7. Cheque “pré-datado” ou “pós-datado”: o cheque é uma ordem de 
pagamento à vista. De acordo com o art. 32 da Lei do Cheque, qualquer 
disposição em contrário deve ser considerada não escrita. No entanto, 
sabemos que, na prática, é diferente, pois é aceita emissão de cheque com 
data futura de vencimento. Destaco as seguintes entendimentos do STJ a 
respeito: 
“(...). a emissão do cheque pós-datado, popularmente conhecido como 
cheque pré-datado, não o desnatura como título de crédito, e traz 
como consequência a ampliação do prazo de apresentação’’ (REsp, 
612.423-DF). 
“A apresentação do cheque pré-datado antes do prazo estipulado 
gera o dever de indenizar, presente, como no caso, a devolução do 
título por ausência de provisão de fundos” (REsp 707.272-PB). 
 
 DIREITO EMPRESARIAL 
 
 
	
	
	
	
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12.8. Autonomia relativa do cheque: como título de crédito, o cheque é 
autônomo em relação à obrigação que lhe deu origem, salvo se for emitido 
em garantia. 
12.8.1. Todavia, o STJ entende que a autonomia se perde quando o cheque 
foi dado em garantia de cumprimento de uma obrigação, casos em 
que podem ser investigados os motivos da emissão do cheque e, se 
não estiverem de acordo com a legislação, o pagamento do título poderá 
ser evitado: “se o cheque for dado em garantia, deve ser admitida a 
investigação da causa debendi” (REsp 659.327-MG); 
12.8.2. Esclareço: nos demais casos, não se investiga a causa da emissão do 
cheque, basta que o credor utilize a execução judicial, em caso de falta 
de pagamento, sem que seja necessário justificar a origem da dívida. 
 
Duplicata 
13. Duplicata – Esse título de crédito é considerada como ordem de pagamento, e é 
regulada pela Lei n. 5.474, de 1968, de 18 de julho de 1968 (Lei da Duplicata) e 
pelo Decreto-Lei n. 436, de 27 de janeiro de 1969. 
13.1. Sacador (ou emitente): é a pessoa que emite a duplicata e faz a ordem de 
pagamento que deve ser cumprida pelo sacado. 
13.2. Sacado: adquirente de mercadoria ou serviço que originou a emissão da 
duplicata. 
13.3. Requisitos essenciais: 
a) deve conter a expressão “duplicata”; 
b) cláusula “à ordem”: autoriza a circulação por endosso; 
 
 DIREITO EMPRESARIAL 
 
 
	
	
	
	
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c) data da emissão, coincidente com a data da fatura; 
d) data do vencimento, quando não for à vista; 
e) nome e domicílio do vendedor (sacador); 
f) nome, domicílio e inscrição no cadastro de contribuintes do 
comprador (sacado);g) o valor a ser pago, por extenso e em algarismos; 
h) o local do pagamento; 
i) o local para aceite do sacado (comprador); 
j) a assinatura do sacador. 
13.4. Características 
a) Modelo vinculado: quanto ao modelo, a duplicata é um título de 
crédito vinculada, que deve obedecer ao padrão do Conselho 
Monetário Nacional (CMN). 
b) Título de crédito causal: somente pode ser emitido nas hipóteses 
fáticas autorizadas por lei, que são: 
i. duplicata em razão de compra e venda mercantil, e 
ii. duplicata em razão de contrato de prestação de serviços; 
STJ: 
 “Ainda que a duplicata mercantil tenha por característica o 
vínculo à compra e venda mercantil ou prestação de serviços 
realizada, ocorrendo o aceite (...), desaparece a causalidade, 
passando o título a ostentar autonomia bastante para obrigar 
a recorrida ao pagamento da quantia devida 
 
 DIREITO EMPRESARIAL 
 
 
	
	
	
	
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independentemente do negócio jurídico que lhe tenha dado 
causa” (STJ, REsp 668.682-MG); 
c) Aceite: é obrigatório para o sacado aceitar a duplicata, que assumirá 
as obrigações nela constantes, ainda que não assine o título; 
b) Prazo para remessa da duplicata: em até 30 dias contados da 
emissão, o sacador deverá enviar a duplicata ao sacado para aceite, e 
se for feita por intermédio de instituições financeiras, procuradores 
ou correspondentes, deverão apresentar o título ao sacado em 10 
dias, contados do recebimento na praça de pagamento; 
c) Prazo para devolução da duplicata: o sacado deverá restituir a 
duplicata com o aceite em 10 dias, contados da data de sua 
apresentação, ou juntar declaração com os motivos para a falta de 
aceite; 
d) Motivos possíveis para a recusa do aceite: 
i. avaria ou não recebimento das mercadorias, quando não 
expedidas ou não entregues por conta e risco do sacado 
(comprador); 
ii. vícios, defeitos e diferenças na qualidade ou na quantidade 
das mercadorias, devidamente comprovados; 
iii. divergência nos prazos ou nos preços ajustados; 
e) Aceite expresso (ordinário): é o aceite representado pela assinatura 
do sacado no título, que se torna um título perfeito e acabado com o 
aceite; 
 
 DIREITO EMPRESARIAL 
 
 
	
	
	
	
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f) Aceite presumido (por presunção): ocorre com a devolução da 
duplicata sem expressa recusa do sacado (comprador); nesse caso, o 
sacado se obriga ao pagamento da duplicata, mesmo que não tenha 
aceitado expressamente; para ser executada judicialmente uma 
duplicata nessas condições, é preciso fazer o protesto e a 
apresentação do comprovante da entrega das mercadorias; 
STJ: 
“A cobrança de duplicata não aceita e protestada só torna 
necessária a comprovação da entrega e recebimento de entrega da 
mercadoria em relação ao sacado, devedor do vendedor, e não 
quanto ao sacador, endossantes e respectivos avalistas” (REsp 
250.568-MS); 
g) motivos de protesto de duplicata: 
i. por falta de aceite; 
ii. por falta de devolução; 
iii. por falta de pagamento; 
h) prazo para protesto por falta de pagamento: 30 dias contados da 
data do vencimento, sob pena de perder o direito de executar os 
endossantes e avalistas; 
i) protesto por indicações: quando o sacado não restitui a duplicata, o 
sacador pode efetuar o protesto por indicações retiradas da fatura e 
do Livro de Registro de Duplicatas (é um livro obrigatório!); 
j) triplicata: pode ser emitida quando houver extravio da duplicata. 
13.5. Prescrição: a prescrição da duplicata obedece às seguintes normas: 
 
 DIREITO EMPRESARIAL 
 
 
	
	
	
	
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a. a prescrição ocorrerá em 3 anos, contados do vencimento, contra 
o devedor principal (sacado) e seus avalistas; 
b. em 1 ano, contado do protesto, contra o endossante e seus 
avalistas; 
c. em 1 ano, contado do pagamento, para qualquer dos endossantes 
e avalistas, uns contra os outros. 
 
Cédula de Crédito Bancário 
14. Cédula de Crédito Bancário – Trata-se de espécie de título de crédito definida na 
Lei n. 10.931, de 2004. 
14.1. Características: 
a) Hipótese de emissão: é título de crédito emitido, que representa 
promessa de pagamento em dinheiro, decorrente de operação de 
crédito, de qualquer modalidade; 
b) Quem pode emitir: a Cédula de crédito bancário pode ser emitida 
por pessoa física ou jurídica, em favor de instituição financeira ou 
de entidade a esta equiparada; 
c) Quem pode ser credora: a instituição credora deve integrar o 
Sistema Financeiro Nacional, sendo admitida a emissão da Cédula 
de crédito bancário em favor de instituição domiciliada no exterior, 
desde que a obrigação esteja sujeita exclusivamente à lei e ao 
foro brasileiros; 
 
 DIREITO EMPRESARIAL 
 
 
	
	
	
	
43 
d) Emissão em moeda estrangeira: o título emitido em favor de 
instituição domiciliada no exterior poderá ser emitida em moeda 
estrangeira; 
e) Garantia: pode ser emitida, com ou sem garantia, real ou 
fidejussória, cedularmente constituída. A garantia será especificada 
no título, observadas as disposições da Lei n. 10.931, de 2004, e, no 
que não forem com elas conflitantes, as da legislação comum ou 
especial aplicável; 
f) Título de crédito extrajudicial: a Cédula de crédito bancário é título 
executivo extrajudicial e representa dívida em dinheiro, certa, 
líquida e exigível, seja pela soma nela indicada, seja pelo saldo 
devedor demonstrado em planilha de cálculo, ou nos extratos da 
conta corrente, elaborados conforme previsto no § 2o. 
g) Obrigações do título: na Cédula de crédito bancário poderão ser 
pactuadas as seguintes obrigações: 
i. Juros e outros encargos: os juros sobre a dívida, capitalizados 
ou não, os critérios de sua incidência e, se for o caso, a 
periodicidade de sua capitalização, bem como as despesas e os 
demais encargos decorrentes da obrigação; 
ii. Atualização monetária e variação cambial: os critérios de 
atualização monetária ou de variação cambial como permitido 
em lei; 
iii. Configuração e consequências da mora: os casos de 
ocorrência de mora e de incidência das multas e penalidades 
 
 DIREITO EMPRESARIAL 
 
 
	
	
	
	
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contratuais, bem como as hipóteses de vencimento antecipado 
da dívida; 
iv. Ressarcimento com custos de cobrança: os critérios de 
apuração e de ressarcimento, pelo emitente ou por terceiro 
garantidor, das despesas de cobrança da dívida e dos 
honorários advocatícios, judiciais ou extrajudiciais, sendo que 
os honorários advocatícios extrajudiciais não poderão 
superar o limite de dez por cento do valor total devido; 
v. Condições da garantia: quando for o caso, a modalidade de 
garantia da dívida, sua extensão e as hipóteses de substituição 
de tal garantia; 
vi. Obrigações do credor: as obrigações a serem cumpridas pelo 
credor, inclusive as de emitir extratos da conta corrente ou 
planilhas de cálculo da dívida, ou de seu saldo devedor, de 
acordo com os critérios estabelecidos na própria Cédula de 
crédito bancário; e 
vii. Outras condições de concessão do crédito: suas garantias ou 
liquidação, obrigações adicionais do emitente ou do terceiro 
garantidor da obrigação, desde que não contrariem a lei. 
h) Apuração do valor da obrigação e do saldo devedor: sempre que 
necessário, a apuração do valor exato da obrigação, ou de seu saldo 
devedor, representado pela Cédula de crédito bancário, será feita 
pelo credor, por meio de planilha de cálculo e, quando for o caso, de 
extrato emitido pela instituição financeira, em favor da qual a 
Cédula de crédito bancário foi originalmente emitida, documentos 
esses que integrarão a Cédula, observadas as seguintes regras:DIREITO EMPRESARIAL 
 
 
	
	
	
	
45 
i. Clareza e discriminações: os cálculos realizados deverão 
evidenciar de modo claro, preciso e de fácil entendimento e 
compreensão, o valor principal da dívida, seus encargos e 
despesas contratuais devidos, a parcela de juros e os critérios de 
sua incidência, a parcela de atualização monetária ou cambial, a 
parcela correspondente a multas e demais penalidades 
contratuais, as despesas de cobrança e de honorários 
advocatícios devidos até a data do cálculo e, por fim, o valor total 
da dívida; e 
ii. Valor total, parcelas e histórico da dívida: a Cédula de crédito 
bancário representativa de dívida oriunda de contrato de 
abertura de crédito bancário em conta corrente será emitida 
pelo valor total do crédito posto à disposição do emitente, 
competindo ao credor, discriminar nos extratos da conta 
corrente ou nas planilhas de cálculo, que serão anexados à 
Cédula, as parcelas utilizadas do crédito aberto, os aumentos do 
limite do crédito inicialmente concedido, as eventuais 
amortizações da dívida e a incidência dos encargos nos vários 
períodos de utilização do crédito aberto. 
i) Cobrança indevida: a lei previu que credor que, em ação judicial, 
cobrar o valor do crédito exequendo em desacordo com o expresso 
na cédula de crédito bancário, fica obrigado a pagar ao devedor o 
dobro do cobrado a maior, que poderá ser compensado na própria 
ação, sem prejuízo da responsabilidade por perdas e danos; 
j) Requisitos essenciais da cédula de crédito bancário: a cédula de 
crédito bancário deve conter os seguintes requisitos essenciais: 
 
 DIREITO EMPRESARIAL 
 
 
	
	
	
	
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i. Denominação: "Cédula de Crédito Bancário"; 
ii. Promessa de pagamento: a promessa do emitente de pagar a 
dívida em dinheiro, certa, líquida e exigível no seu vencimento ou, no 
caso de dívida oriunda de contrato de abertura de crédito bancário, 
a promessa do emitente de pagar a dívida em dinheiro, certa, líquida 
e exigível, correspondente ao crédito utilizado; 
iii. Condições de pagamento: a data e o lugar do pagamento da dívida 
e, no caso de pagamento parcelado, as datas e os valores de cada 
prestação, ou os critérios para essa determinação; 
iv. Identificação da instituição financeira credora: o nome da 
instituição credora, podendo conter cláusula à ordem; 
v. Dados da emissão: a data e o lugar de sua emissão; e 
vi. Assinaturas: 
• do emitente, ou de seu respectivo mandatário; 
• do terceiro garantidor da obrigação (se for o caso), ou de 
seu respectivo mandatário; 
k) Cláusula à ordem (possibilidade de endosso em preto): a cédula de 
crédito bancário será transferível mediante endosso em preto, ao 
qual se aplicarão, no que couberem, as normas do direito 
cambiário; 
ATENÇÃO: mesmo que o endossatário não seja instituição 
financeira ou entidade a ela equiparada, poderá exercer 
todos os direitos por ela conferidos, inclusive cobrar os 
 
 DIREITO EMPRESARIAL 
 
 
	
	
	
	
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juros e demais encargos na forma pactuada na Cédula de 
crédito bancário. 
l) Forma de emissão: a Cédula de crédito bancário será emitida por 
escrito, em tantas vias quantas forem as partes que nela intervierem, 
assinadas pelo emitente e pelo terceiro garantidor, se houver, ou por 
seus respectivos mandatários, devendo cada parte receber uma via; 
m) Via negociável: somente a via do credor será negociável, devendo 
constar nas demais vias a expressão "não negociável"; 
n) Aditamento, retificação e ratificação: a cédula de crédito bancário 
pode ser aditada, retificada e ratificada mediante documento 
escrito, datado, passando esse documento a integrar a Cédula para 
todos os fins. 
14.2. Garantia: a constituição de garantia da obrigação representada pela cédula 
de crédito bancário é regida pela Lei n. 10.931, de 2004, sendo aplicáveis as 
disposições da legislação comum ou especial que não forem com ela 
conflitantes. 
14.2.1. Espécies de garantia: 
a) Fidejussória; ou 
b) Real: nesse caso, a garantia será constituída por bem patrimonial de 
qualquer espécie, disponível e alienável, móvel ou imóvel, material ou 
imaterial, presente ou futuro, fungível ou infungível, consumível ou não, 
cuja titularidade pertença: 
i. ao próprio emitente; ou 
ii. a terceiro garantidor da obrigação principal. 
 
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14.2.2. Forma de constituição: a constituição da garantia poderá ser feita na 
própria cédula de crédito bancário ou em documento separado, 
neste caso fazendo-se, na cédula, menção a tal circunstância. 
14.2.3. Descrição do bem: o bem constitutivo da garantia deverá ser descrito e 
individualizado de modo que permita sua fácil identificação. Essa 
descrição e a individualização do bem constitutivo da garantia poderá 
ser substituída pela remissão a documento ou certidão expedida por 
entidade competente, que integrará a Cédula de crédito bancário para 
todos os fins. 
14.2.4. Objeto da garantia: a garantia da obrigação abrangerá: 
a) o bem principal constitutivo da garantia; e 
b) todos os seus acessórios, benfeitorias de qualquer espécie, 
valorizações a qualquer título, frutos e qualquer bem 
vinculado ao bem principal por acessão física, intelectual, 
industrial ou natural; 
14.2.5. Averbação: o credor poderá averbar, no órgão competente para o 
registro do bem constitutivo da garantia, a existência de qualquer 
outro bem por ela abrangido; 
14.2.6. Proteção legal da garantia: até a efetiva liquidação da obrigação 
garantida, os bens abrangidos pela garantia não poderão, sem prévia 
autorização escrita do credor, ser alterados, retirados, deslocados ou 
destruídos, nem poderão ter sua destinação modificada, exceto quando 
a garantia for constituída por semoventes ou por veículos, automotores 
ou não, e a remoção ou o deslocamento desses bens for inerente à 
 
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atividade do emitente da Cédula de crédito bancário, ou do terceiro 
prestador da garantia; 
14.2.7. Posse do bem constitutivo da garantia: os bens constitutivos de 
garantia pignoratícia ou objeto de alienação fiduciária poderão, a 
critério do credor, permanecer sob a posse direta (cláusula constituto 
possessório): 
a) do emitente; ou 
b) do terceiro prestador da garantia; 
14.2.8. Constituto possessório: nesse caso, as partes deverão especificar o 
local em que o bem será guardado e conservado até a efetiva 
liquidação da obrigação garantida. 
14.2.9. Solidariedade: o emitente e, se for o caso, o terceiro prestador da 
garantia responderão solidariamente pela guarda e conservação do 
bem constitutivo da garantia. 
14.2.10. Representante de pessoa jurídica: quando a garantia for prestada 
por pessoa jurídica, esta indicará representante pela guarda e 
conservação da garantia. 
14.2.11. Seguro: o credor poderá exigir que o bem constitutivo da garantia seja 
coberto por seguro até a efetiva liquidação da obrigação garantida, 
em que o credor será indicado como exclusivo beneficiário da 
apólice securitária e estará autorizado a receber a indenização 
para liquidar ou amortizar a obrigação garantida; 
14.2.12. Desapropriação, danificação ou perecimento do bem constitutivo 
da garantia: se o bem constitutivo da garantia for desapropriado, ou 
 
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se for danificado ou perecer por fato imputável a terceiro, o 
CREDOR SUB-ROGAR-SE-Á NO DIREITO À INDENIZAÇÃO DEVIDA pelo 
expropriante ou pelo terceiro causador do dano, até o montante 
necessário para liquidar ou amortizar a obrigação garantida; 
14.2.13. Substituiçãoou reforço de garantia: o credor poderá exigir a 
substituição ou o reforço da garantia, em caso de: 
a) perda; 
b) deterioração; ou 
c) diminuição de seu valor. 
Obs.: o credor notificará por escrito o emitente e, se for o 
caso, o terceiro garantidor, para que substituam ou reforcem a 
garantia no prazo de quinze dias, sob pena de vencimento 
antecipado da dívida garantida. 
14.2.14. Renúncia à indenização: é facultado ao credor exigir a substituição da 
garantia, ou o seu reforço, renunciando ao direito à percepção do 
valor relativo à indenização. 
14.3. Limite de crédito: nas operações de crédito rotativo, o limite de crédito 
concedido será recomposto, automaticamente e durante o prazo de vigência 
da Cédula de crédito bancário, sempre que o devedor, não estando em mora 
ou inadimplente, amortizar ou liquidar a dívida. 
14.4. Protesto por indicação: a cédula de crédito bancário poderá ser protestada 
por indicação, desde que o credor apresente declaração de posse da sua 
única via negociável, inclusive no caso de protesto parcial. 
 
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14.5. Validade e eficácia: a validade e eficácia da cédula de crédito bancário não 
dependem de registro, mas as garantias reais, por ela constituídas, ficam 
sujeitas, para valer contra terceiros, aos registros ou averbações previstos 
na legislação aplicável, com as alterações introduzidas pela Lei n. 10.931, de 
2004. 
14.6. Título representativo de cédula de crédito bancário: as instituições 
financeiras, nas condições estabelecidas pelo Conselho Monetário Nacional 
(CMN), podem emitir título representativo das cédula de crédito bancário 
por elas mantidas em depósito. 
14.6.1. Elementos do depósito: dele constarão: 
i. o local e a data da emissão; 
ii. o nome e a qualificação do depositante das Cédula de 
crédito bancário; 
iii. a denominação "Certificado de Cédulas de Crédito 
Bancário"; 
iv. a especificação das cédulas depositadas, o nome dos seus 
emitentes e o valor, o lugar e a data do pagamento do 
crédito por elas incorporado; 
v. o nome da instituição emitente; 
vi. a declaração de que a instituição financeira, na qualidade e 
com as responsabilidades de depositária e mandatária do 
titular do certificado, promoverá a cobrança das Cédula de 
crédito bancário, e de que as cédulas depositadas, assim 
como o produto da cobrança do seu principal e encargos, 
 
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somente serão entregues ao titular do certificado, contra 
apresentação deste; 
vii. o lugar da entrega do objeto do depósito; e 
viii. a remuneração devida à instituição financeira pelo depósito 
das cédulas objeto da emissão do certificado, se 
convencionada. 
14.6.2. Responsabilidade da instituição financeira: no caso, a instituição 
financeira responde pela origem e autenticidade das cédula de crédito 
bancário depositadas. 
14.6.3. Certificado: vejamos as seguintes regras: 
a) Emitido o certificado: após a emissão do certificado, as cédulas de 
crédito bancário e as importâncias recebidas pela instituição 
financeira a título de pagamento do principal e de encargos não 
poderão ser objeto de penhora, arresto, sequestro, busca e 
apreensão, ou qualquer outro embaraço que impeça a sua entrega 
ao titular do certificado, mas este poderá ser objeto de penhora, 
ou de qualquer medida cautelar por obrigação do seu titular; 
b) Forma de emissão: o certificado poderá ser emitido sob a forma 
escritural, sendo regido, no que for aplicável, pelos arts. 34 e 35 da 
Lei n. 6.404, de 1976 (Lei de Sociedade por Ações); 
c) Transferência do certificado: o certificado poderá ser transferido 
mediante endosso ou termo de transferência (nesse caso, o 
certificado deve ser escritural), devendo, em qualquer caso, a 
transferência ser datada e assinada pelo seu titular ou mandatário 
 
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com poderes especiais e averbada junto à instituição financeira 
emitente, no prazo máximo de dois dias; 
d) Despesas e encargos: as despesas e os encargos decorrentes da 
transferência e averbação do certificado serão suportados pelo 
endossatário ou cessionário, salvo convenção em contrário. 
14.7. Legislação cambial e dispensa de protesto: aplica-se às cédulas de crédito 
bancário, no que não contrariar o disposto na Lei n. 10.931, de 2004, a 
legislação cambial. Está prevista, outrossim, a dispensa do protesto para 
garantir o direito de cobrança contra endossantes, seus avalistas e terceiros 
garantidores. 
14.8. Desconto e redesconto: os títulos de crédito e direitos creditórios, 
representados sob a forma escritural ou física, que tenham sido objeto de 
desconto, poderão ser admitidos a redesconto junto ao Banco Central do 
Brasil (BACEN), observando-se as normas e instruções baixadas pelo 
Conselho Monetário Nacional (CMN), conforme as seguintes regras: 
a) Transferência para o banco central do brasil: a Cédula de crédito 
bancário e os direitos creditórios considerar-se-ão transferidos, para 
fins de redesconto, à propriedade do Banco Central do Brasil, 
desde que inscritos em termo de tradição eletrônico constante do 
Sistema de Informações do Banco Central (SISBACEN), ou, ainda, por 
termo de tradição (nesse caso, devem ser observados os requisitos, os 
critérios e as formas estabelecidas pelo Conselho Monetário Nacional); 
b) Inscrição: a inscrição produzirá os mesmos efeitos jurídicos do 
endosso, somente se aperfeiçoando com o recebimento, pela 
instituição financeira proponente do redesconto, de: 
 
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i. mensagem de aceitação do Banco Central do Brasil; ou 
ii. termo de tradição, após a assinatura das partes (não 
sendo eletrônico o redesconto); 
c) Posse direta da instituição financeira beneficiária do redesconto: 
os títulos de crédito e documentos representativos de direitos 
creditórios, inscritos nos termos de tradição, poderão, a critério do 
Banco Central do Brasil, permanecer na posse direta da instituição 
financeira beneficiária do redesconto, que os guardará e 
conservará em depósito, devendo proceder, como comissária del 
credere, à sua cobrança judicial ou extrajudicial. 
 
 
 
 
 
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b. Mapas mentais 
 
 
 
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c. Revisão 1 
 
QUESTÃO 1 - FGV - AUDITOR-FISCAL TRIBUTÁRIO - SEFAZ-MT - 2014 
Rosário emitiu um cheque no valor de R$ 3.000,00 (três mil reais) em favor de 
Aquino no dia 11 de setembro de 2012, pagável no mesmo lugar de emissão, em 
Sinop/MT. No dia 13 de outubro de 2013, o beneficiário endossou o cheque para 
Carlinda, sem menção na cártula à data do endosso. De conformidade com as 
disposições da Lei n. 7.357/85, que dispõe sobre o cheque, assinale a afirmativa 
correta. 
 a) O endosso em favor de Carlinda tem efeito de cessão de crédito, haja vista ter 
sido realizado após o prazo de apresentação a pagamento. 
 b) O endosso em favor de Carlinda tem efeito de endosso, haja vista ter sido 
realizado antes do decurso do prazo de seis meses após o término do prazo de 
apresentação. 
 c) O endosso em favor de Carlinda tem efeito de endosso, haja vista ter sido 
realizado dentro do prazo de apresentação a pagamento. 
 d) O endosso em favor de Carlinda tem efeito de cessão de crédito, haja vista ter

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