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AULA 3 Carlos Pio Mauro Porto elitistas pluralistas marxistas (291 a 314)

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Capítulo 13 
TEORIA POLÍTICA CONTEMPORÂNEA: 
POLÍTICA E ECONOMIA 
SEGUNDO OS ARGUMENTOS 
ELITISTAS, PLURALISTAS E MARXISTAS 
Carlos Pio 
Mauro Porto 
O PROBLEMA1 
Neste artigo, pretendemos enfocar algumas questões que estão 
intrinsecamente associadas ao campo de estudo definido pelo rótulo 
de teoria política contemporânea — TPC. Delimitaremos com clareza o 
período coberto pela TPC, assim como apresentaremos, sucinta-
mente, as principais divergências que envolvem suas três correntes 
fundamentais: o elitismo, o marxismo e o pluralismo. Escolhemos, 
como questão central, a análise da relação entre os sistemas político e 
econômico, mais especificamente, de como os diferentes autores 
interpretam as afinidades e as incompatibilidades entre a 
democracia-representativa e a economia de mercado. 
Optamos por esse enfoque porque, em contraposição aos teóri-
cos modernos, a relação entre democracia e sociedade — particu-
larmente suas relações econômicas — constituiu um dos aspectos 
centrais dos debates dos autores contemporâneos. A defesa das li-
berdades no manejo dos negócios privados ocorreu concomitante 
com a própria formação do Estado moderno. Não é, pois, produti-
vo dissociar os processos de liberalização política e econômica, vis- 
 
1 Devido aos propósitos meramente expositivos, não ocuparemos o leitor com 
referências bibliográficas e citações, como se requer de um bom trabalho 
acadêmico. No entanto, não será preciso muito requinte para que se perceba 
que tratamos, aqui, simplesmente de reproduzir de maneira organizada as 
idéias de diversos autores bastante conhecidos no campo da ciência política e 
da sociologia. 
 
Carlos Pio & Mauro Porto 
to que ambos derivam do princípio de "no taxation without 
representation", que se encontra na origem da idéia de que o Estado 
deve responder às demandas da sociedade e a ela prestar contas. 
Tais vínculos entre o desenvolvimento do mercado e a formação do 
Estado moderno e da democracia representativa constituíram um 
dos temas fundamentais do debate contemporâneo, como veremos 
a seguir. 
Portanto, o que estará em discussão são os próprios fundamen-
tos do Estado moderno, cuja principal característica é a natureza, 
dita "racional-legal", da dominação que impõe aos habitantes de um 
determinado território. Por dominação racional-legal entenda-se que 
aqueles que obedecem às decisões públicas — do Estado — o fa-
zem por considerar que, estando tais decisões submetidas às nor-
mas aceitas por todos, realizam seus interesses essenciais enquanto 
membros da sociedade. 
Sumariamente, o Estado moderno pode ser assim caracterizado: 
monopoliza o uso legítimo da força em um dado território; a partir 
desse recurso fundamental de poder, toma decisões que requerem 
obediência por parte de todos os habitantes do território; é consti-
tuído por postos de comando e por uma estrutura administrativa, 
que são ocupados por membros da própria sociedade; dispõe de 
meios materiais que asseguram a gestão dos assuntos públicos; esta-
belece um conjunto de regulações da vida social, ao qual os próprios 
ocupantes dos postos de comando e da estrutura administrativa estão 
submetidos; estabelece os instrumentos de acesso dos membros da 
sociedade aos postos de comando e à estrutura administrativa, assim 
como dos interesses de indivíduos e grupos sociais ao processo de 
decisão pública.2 
Portanto, o Estado toma decisões para o conjunto da sociedade 
e dispõe dos meios para torná-las imperativas a todos. Por essa ra-
zão, o Estado, ou melhor, sua estrutura de comando, é foco de in-
tensa disputa entre os diversos interesses que possam ser afetados 
pelas decisões públicas. As regras de acesso a tais postos são, por- 
2 O conceito de Estado moderno e de dominação política é, obviamente, derivado 
de Max Weber. 
Elitistas, pluralistas e marxistas 
tanto, fundamentais para definir os interesses a serem considerados 
e que disporão de capacidade de influência no processo decisório. 
A despeito da centralidade das decisões públicas, alguns aspec-
tos da relação entre Estado e sociedade constrangem a natureza de 
sua dominação. Em primeiro lugar, e como já foi dito, os ocupantes 
dos postos de comando do Estado moderno, assim como os inte-
grantes de sua estrutura administrativa, estão submetidos ao con-
junto de regulações que o próprio Estado estabelece. Isso protege 
os cidadãos — indivíduos e grupos — do uso indevido dos recur-
sos de poder e dos meios materiais controlados pelos decisores. 
Em segundo lugar, como o Estado depende de contribuições 
materiais dos cidadãos para financiar os seus gastos — os meios 
materiais de gestão —, obriga-se a estabelecer mecanismos de estí-
mulo à acumulação privada de riquezas, para, posteriormente, po-
der taxá-las.3 Mesmo alguns autores de orientação marxista reco-
nhecem nos mecanismos de mercado a forma mais eficiente para 
promover tais estímulos, ainda que ressaltem a necessidade de regu-
lamentações públicas para contrabalançar as desigualdades geradas 
pelo mercado. 
Contudo, se a limitação dos poderes do Estado parece ser essen-
cial para sua própria existência — de outro modo, correríamos o ris-
co de perda de legitimidade das decisões —, surge um grave paradoxo 
para a definição das interações entre os processos políticos e econô-
micos que ocorreu no âmbito do Estado capitalista democrático 
contemporâneo. Enquanto a necessidade de obediência às regras 
deixa evidente a importância da democratização dos processos de 
gestão dos assuntos públicos — o estabelecimento de mecanismos 
representativos —, a necessidade de promover estímulos à apropri-
ação privada da riqueza social virá a constituir um entrave ao ideal 
3 Aparentemente, esse não parece ser um constrangimento aos Estados socia-
listas, posto que as próprias regulações impedem taxas de acumulação privada 
muito elevadas. No entanto, em um mundo em que a propriedade privada dos 
meios de produção encontra-se extinta, o Estado mantém-se obrigado a pro-
mover estímulos ao trabalho por parte dos cidadãos, agora impedidos de acu-
mular individualmente. 
 
292 293 
Carlos Pio & Mauro Porto 
de igualdade política, posto que alguns indivíduos e grupos acumu-
larão mais recursos que outros, tornando desiguais suas capacida-
des para influenciar nas decisões públicas. 
Dessa forma, o dilema presente à forma de atuação dos estados 
capitalistas e democráticos, ou seja que visam realizar as liberdades 
econômicas e políticas, aponta para as incompatibilidades presentes 
entre os dos sistemas: enquanto o mercado econômico realiza a de-
sigualdade material, a democracia assenta-se na idéia de que os indi-
víduos dispõem de igual capacidade para fazer valerem os seus inte-
resses. 
ELITISMO 
Para Pareto, toda sociedade humana estará sempre dividida em 
uma elite e uma "não-elite". A elite é composta por todos os indiví-
duos que apresentarem o maior grau de capacidade, qualquer que 
seja o seu ramo de atividade. Os mais capacitados advogados, em-
presários, médicos, ladrões etc. serão, pois, membros natos da elite. 
Os demais compõem a não-elite. Por sua vez, a elite é dividida em 
"elite governante" — composta por todos aqueles que influenciam 
as decisões do governo, direta ou indiretamente — e "elite não-
governante". 
Do ponto de vista da manutenção do equilíbrio social — ou seja, 
da estabilidade da dominação política vigente — , Pareto afirma que 
o essencial é que os membros da elite governante sejam aqueles que, 
além de serem membros natos da elite — qualidades superiores — , 
possuam características de personalidade adequadas para exercer o 
poder — resíduos. 
Existem, no entanto, dois problemas básicos relativo ao equilí-
brio social. O primeiro problema é que a elite governante também é 
composta por todos os indivíduos que são, formal ou informal-
mente,agregados aos membros natos — a despeito de disporem ou 
não das qualidades necessárias ao exercício efetivo do poder políti-
co. Com o passar do tempo, os elementos agregados à elite gover-
nante passam a representar uma ameaça à estabilidade da ordem, à 
medida em que assumem os postos de comando sem disporem das 
qualidades requeridas para exercê-los. Esse tipo de "desvio" — ter- 
294 
Elitistas, pluralistas e marxistas 
mo utilizado por Pareto — deve-se ao fato de que, na elite, alguns 
rótulos ou são hereditários ou podem ser derivados da riqueza, da 
família e dos contatos sociais mantidos por um determinado indiví-
duo. 
O segundo problema que determina as condições de estabilida-
de da dominação da elite governante é derivado da eficiência do 
processo de "circulação de classes". Dadas as tendências naturais à 
redução das qualidades dos membros da elite governante, Pareto 
chama a atenção para o processo por meio do qual membros da 
elite governante são substituídos por indivíduos ou classes recém 
saídos(as) da elite não-governante e da não-elite e que lhe renovam 
as qualidades necessárias ao contínuo exercício da dominação. De 
outro modo, tais indivíduos com qualidades superiores e resíduos 
adequados ao exercício do poder se acumulariam nas classes inferi-
ores — elite não-governante ou não-elite — e poderiam liderar mo-
vimentos revolucionários contra a elite governante. 
Para Mosca, a composição da elite política deriva do fato de que 
seus membros são aqueles que "possuem um atributo altamente 
valorizado e de muita influência na sociedade em que vivem" — 
isto é, possuem "qualidades que conferem certa superioridade ma-
terial, intelectual e mesmo moral; ou são herdeiros de indivíduos 
que possuíam tais qualidades". A elite é, pois, uma minoria com 
interesses homogêneos e, devido a essa homogeneidade, de fácil 
organização. É justamente essa organização que explica sua capaci-
dade de domínio sobre a massa. 
Em cada sociedade e em cada estágio da civilização, a posse de 
determinado atributo é fundamental para determinar aqueles que 
exercerão o poder, ou melhor, que terão capacidade de influência 
política. A força física, que determina a preponderância dos que 
controlam o poderio militar; a renda auferida pela exploração da 
terra, que estabelece o domínio dos proprietários da riqueza; a cren-
ça religiosa, que implica na centralidade da aristocracia clerical; o 
conhecimento especializado e a cultura científica, que fundamen-
tam o domínio dos sábios. Essas determinações são exemplos de 
atributos altamente valorizados e capazes de tornar muito influen-
tes politicamente aqueles que os detêm. Os guerreiros, os sábios, os 
295 
Carlos Pio & Mauro Porto 
proprietários de riquezas materiais, os sacerdotes, entre outros, re-
presentam justamente o grupo que se apropria do atributo de poder 
essencial em cada sociedade, em um dado estágio civilizatório. 
Como todas as sociedades encontram-se em eterno processo de 
transformação, tais atributos também mudam com o tempo e for-
çam as elite políticas a uma constante adaptação. Essa mutação da 
elite pode se dar de maneira abrupta — por meio de sua substitui-
ção completa — ou gradual, via incorporação de elementos repre-
sentativos de novos valores. 
Assim como exposto acima, e a despeito de suas diferenças, tan-
to Pareto como Mosca prevêem a vigência de processos de renova-
ção da elite dirigente. A estabilidade da ordem depende, portanto, 
da efetividade dos mecanismos de cooptação para promover a cons-
tante renovação da elite, de maneira a renovar sua capacidade de 
domínio. Para ambos, na eventualidade de substituição da elite go-
vernante, ou elite política, não é a massa que ascende, mas o grupo 
que foi capaz de mobilizá-la, uma nova elite. 
No início deste século, o sociólogo Robert Michels realizou o 
primeiro estudo sistemático que se propõe a comprovar a "Lei de 
Ferro da Oligarquia". Mediante o estudo dos processos políticos 
internos ao Partido Social Democrata alemão, Michels procura ex-
plicar tanto a dependência política das massas em relação às lideranças 
do partido, como as razões que fazem com que alguns indivíduos 
ascendam às posições de comando na estrutura partidária. Em 
linguagem mais contemporânea, é possível dizer que os líderes re-
solvem os problemas de ação coletiva do partido, ou seja, pagam a 
maior parte dos custos para a obtenção dos bens coletivos que o 
partido prove e, por essa razão, são valorizados e mesmo considerados 
como imprescindíveis pelas massas. Os líderes sacrificam seu tempo 
e seus recursos pessoais para "fazerem o partido funcionar". No 
entanto, os líderes quase sempre distanciam-se das massas em razão 
de suas capacidades mais aguçadas e dos conhecimentos privilegiados 
de que dispõem. O fato de pagarem os custos de ação coletiva que 
fazem o partido existir sem o forte engajamento das massas também 
dá-lhes maior capacidade de influência nas decisões do partido. Ao 
final, essa maior influência dos líderes acaba 
Elitistas, pluralistas e marxistas 
por distanciar o partido das massas, o que, em si, representa a falên-
cia da idéia de democracia interna. A conclusão de Michels é que, se 
nem os partidos políticos que advogam a plena democratização da 
sociedade conseguem organizar-se internamente de maneira demo-
crática, seu objetivo de transformação radical da sociedade é irreali-
zável. A democracia é, pois, uma utopia irrealizável. 
O resumo acima foi propositadamente superficial. Nosso obje-
tivo, nesta exposição apressada do argumento elitista, é apenas abrir 
espaço para a afirmação que se segue. Os autores elitistas procura-
ram demonstrar que a democracia é inviável, baseados na idéia de 
que qualquer sociedade será governada por poucos. A comprova-
ção desse fato, lógica e empiricamente, torna irrealizável a crença no 
"autogoverno das massas". 
Para os elitistas, portanto, assim como para todo o pensamento 
derivado da construção rousseauniana — até mesmo o marxista —, 
democracia é sinônimo de "governo de todos". Não se aceita a idéia 
de "representação da vontade", ao mesmo tempo em que se acredita 
que não há uma vontade a ser realizada, pois há conflito de inte-
resses nas sociedades. 
Por outro lado, está presente em Mosca a noção de que, sendo a 
sociedade capitalista caracterizada pela proteção legal da riqueza acu-
mulada por intermédio das interações econômicas, o recurso de po-
der essencial dessas sociedades é derivado da posição econômica 
dos indivíduos. Quanto mais ricos, mais influentes politicamente. 
Segundo Tom Bottmore, Mosca aproxima-se assim incomodamen-
te do argumento marxista que, como veremos adiante, salienta a 
transposição da desigualdade econômica que resulta das interações 
de mercado para a arena política. [SIC: Bottomore] 
O mesmo tipo de associação entre desigualdade econômica e 
desigualdade política está presente em C. Wright Mills. Após minu-
ciosa análise da sociedade norte-americana, Mills chega à conclusão 
que a elite do poder é composta pelos ocupantes dos principais car-
gos nas hierarquias militar, administrativa do Estado e empresarial. 
Para esse autor, nas sociedades capitalistas democráticas, essas se-
riam as principais estruturas de poder, cujas decisões afetam as vi-
das da maioria da população. Ademais, os ocupantes dos postos de 
 
296 297 
Carlos Pio à-Mauro Porto Elitistas, pluralistas e marxistas 
 
comando nessas três hierarquias fariam parte de uma mesma classe 
social, compartilhando valores e lealdades que tornam integrada a 
administração da sociedade. Portanto, essas hierarquias estariam in-
terligadas tanto em razão da natureza interdependente das decisões 
tomadas em cada uma delas, que obrigaria consultas mútuas e favo-
receria a obtenção de compromissos, como pelas conexões pessoais 
que se constituíam entre os ocupantesdas posições de comando. 
Em suma, o argumento elitista aplicado às sociedades democrá-
ticas em economias de mercado aponta para uma concentração do 
poder político no topo das estruturas política, social e econômica. 
O ideal democrático — Rousseauniano — de autogoverno das mas-
sas é, pois, descartado como utópico. Isso não significa dizer que, 
de maneira geral, o modelo elitista supõe dominações políticas está-
veis. Ao contrário, a elite no poder será tanto menos estável quanto 
menos disposta a — e/ou capaz de — adaptar-se às transforma-
ções em curso na sociedade. Portanto, é um modelo dinâmico e que 
prevê a possibilidade de profundos reordenamentos no aparato de-
cisório estatal. 
PLURALISMO 
Vejamos agora o argumento pluralista e algumas críticas que lhe 
são contrapostas. Robert Dahl, o principal expoente do argumento 
pluralista — anti-elitista —, aponta para algumas dimensões da es-
trutura de poder da sociedade norte-americana para questionar a 
noção, presente no elitismo, de que todo o poder está concentrado 
nas mãos de poucos atores políticos, dado por seu lugar na estrutura 
sócio-econômica. Há dois pontos-chaves na crítica Dahlsiana. 
Em primeiro lugar, há um problema metodológico com o argu-
mento elitista: para que se possa aceitar como verdadeira a existên-
cia de uma "elite dirigente" em um dado país, é necessário que se 
demonstre como esse grupo efetivamente exerce a sua dominação 
política. É, no entanto, indispensável que esse seja um grupo coeso 
e identificável, que atue em uníssono e que seja vitorioso em todas as 
questões nas quais se envolver. Ainda sobre esse grupo, Dahl aponta 
para a necessidade de que sua composição derive de interesses 
reais compartilhados, ou seja, que não seja mero resultado do fun- 
QUADRO 1 
Filiação de indivíduos (†) de uma mesma sociedade (S), a 
diferentes grupos (A), (B), (C) 
QUADRO 2 
Distribuição de indivíduos (†), membros de uma mesma 
sociedade (S), de acordo com as questões que são objeto de 
decisão pública (A), (B), (C), (D) 
 
298 
299 
 
D 
B 
Carlos Pio & Mauro Porto Elitistas, pluralistas e marxistas 
 
cionamento das regras democráticas. Quanto às decisões tomadas, 
elas precisam ser objeto de conflito com os demais grupos da socie-
dade, para que se comprove o real exercício de poder por parte da 
elite. 
Em segundo lugar, o pluralismo inova, em relação ao elitismo, 
ao apresentar a idéia de que os grupos sociais são levados a buscar 
influenciar os decisores na medida em que os interesses fundamen-
tais de seus membros estiverem sendo potencialmente ameaçados 
por decisões públicas. Os grupos agiriam, assim, em nome dos inte-
resses compartilhados por seus membros. Mas, como os grupos 
são compostos por indivíduos autônomos, seria preciso entender 
os condicionantes da ação política individual para uma melhor com-
preensão das interações políticas. 
Diversos autores pluralistas exploraram os condicionantes da ação 
individual. O modelo básico que se pode derivar de suas análises 
aponta para um indivíduo: 
1. com potencial de filiação simultânea a múltiplos grupos — ver 
Quadro l —, em razão da vasta gama de interesses que possui — 
ver Quadro 2; e, 
2. desinteressado politicamente, exceto quando seu interesse ime 
diato está em questão.4 
No Quadro l, os indivíduos situados nas interseções dos grupos, 
(espaços AB, AC, BC e ABC) são "multifiliados", ou seja, per- 11 
tencem a mais de um grupo ao mesmo tempo. Os membros de um *! 
único grupo são membros em potencial de outros grupos, assim como 
aqueles que estão fora dos três grupos acima representados. Não há, 
pois, no modelo pluralista, clivagens profundas na estrutura da sociedade 
que inviabilize as multifiliações. No entanto, para que um sistema 
baseado na idéia de multifiliações fosse plenamente possível, essas 
sociedades precisariam caracterizar-se por uma profunda homogeneidade 
cultural. 
Por outro lado, o Quadro 2 demonstra como a doutrina pluralista 
percebe a volatilidade na composição dos grupos. De acordo com 
4 Os dois quadros expostos foram apresentados por Hellen Milner. 
as questões colocadas na agenda pública, os indivíduos agrupam-se 
em diferentes coalizões, contra e a favor. É possível adicionar a esse 
segundo modelo, um corte eminentemente de grupos, por intermé-
dio do qual se poderiam prever alianças entre diferentes grupos, de 
acordo com a questão. Assim sendo, teoricamente, poder-se-ia ima-
ginar que os grupos 
1. se mantivessem coesos em todas as questões, caso do "grupo M" 
— o que poderia indicar, de certo modo, a existência de uma cliva- 
gem profunda na sociedade, distanciando esse tipo de grupo do 
suposto no modelo pluralista; 
2. que se mantivessem relativamente coesos, como o "grupo N"; ou 
3. que tivessem níveis baixos de coesão, como o "grupo O", que se 
divide em praticamente todas as questões. 
Desse modelo de indivíduo, é possível sustentar que uma das 
características básicas dos sistemas políticos pluralistas é a intensi-
dade moderada das interações políticas que nele se processam, devido 
à inexistência de desigualdades cumulativas, ou seja, de ganhadores e 
perdedores universais. Não se acumulariam desigualdades porque os 
indivíduos seriam membros de mais de um grupo de interesse ao 
mesmo tempo, o que implica em que a perda em uma determinada 
questão "A" pode ser compensada, não apenas com uma vitória na 
questão "B", mas também pela reversão da derrota na questão "A" 
em uma interação futura. Todo cidadão é um potencial aliado e um 
potencial adversário de qualquer outro, de acordo com a natureza 
da questão política em disputa. Os grupos de interesse são, portanto, 
mutáveis em sua constituição e poder político e é essa volatilidade 
na sua constituição que torna os resultados a um só tempo incertos 
e reversíveis. A ordem é contingente e as interações assemelham-se 
a um jogo. 
Deriva-se do argumento pluralista que é preciso assegurar regras 
justas de interação política, para que se mantenha a disposição dos 
eventuais perdedores a continuar jogando. Para tanto, tais regras 
precisam maximizar os ideais de igualdade política e soberania po-
pular, ou seja, 
1. estabelecer capacidades semelhantes de influência política para 
todos; e, 
 
300 301 
Carlos Pio ó1 Mauro Porto 
2. vincular as decisões públicas à vontade da maioria. 
Segundo os principais defensores dessa corrente — aqui incluí-
dos Schumpeter, Dahl e Lindblom —, tais regras precisariam esta-
belecer interações competitivas — eleições — entre os cidadãos para 
a constituição dos governos, isto é, para a ocupação dos postos de 
comando do Estado. 
Os ganhadores das eleições constituem os governos e tomam 
decisões públicas, respeitadas as regras que asseguram os direitos de 
oposição. A noção de governo representativo é, pois, parte essencial 
do modelo. No entanto, os problemas comumente associados à re-
presentação política seriam minimizados pelo caráter competitivo 
do sistema, visto que quanto mais acentuado o grau de competição 
pelos postos de comando, maiores os constrangimentos que for-
çam os representantes atendam às demandas dos representados. 
Ao conjunto de regras que realizem tais princípios, os pluralistas 
dão o nome de poliarquia e elas incluem: liberdade de expressão de 
interesses, de organização política, de voto, de informação, liberdade 
para concorrer e ser eleito para cargos públicos, direito a eleições livres 
e competitivas, e existência de instituições que tornem as políticas 
governamentais dependentes do interesse da maioria do eleitorado.5 
Em sua essência, as regras da poliarquia objetivam assegurar direitos de 
contestação pública, isto é, de oposição a todos aqueles que são 
afetados pelas decisões do governo, ou seja, todos os cidadãos. 
Como já foi observado, esse modelo baseia-seno fato de que o 
poder político dos cidadãos não deriva apenas de sua posição nas 
estruturas social e econômica. Pelo contrário, em sua formulação 
inicial, o pluralismo supõe que é a capacidade de convencimento 
dos candidatos aos cargos públicos o recurso essencial ao exercício 
de poder. Terão maior capacidade de realizar seus interesses aqueles 
que forem capazes de convencer a maioria da população da validade 
de suas propostas em relação às de seus concorrentes. Disso deriva 
Elitistas, pluralistas e marxistas 
o papel angular da liderança política, dos políticos profissionais, que 
se especializam na articulação das preferências individuais em uma 
vontade coletiva e na mobilização de contingentes eleitorais disper-
sos e pouco interessados. 
Porém, da crença inicial de que o poder econômico não se tradu-
ziria automaticamente em poder político, e de que a poliarquia não 
estaria submetida às determinações dos grupos já privilegiados nas 
interações econômicas, alguns autores pluralistas evoluíram para uma 
autocrítica do modelo. Diante disso, seriam necessárias reformas 
estruturais para evitar a sobredeterminação das decisões políticas 
pelo sistema econômico. Os governos democráticos, segundo as 
próprias análises de Dahl e Lindblom,6 precisariam controlar a ca-
pacidade de influência dos interesses do empresariado, que desfru-
taria, segundo o termo cunhado por Lindblom, de uma posição pri-
vilegiada nas sociedades capitalistas democráticas. Ou seja, algum 
poder econômico estaria traduzido em poder político, e isso precisa 
ser evitado por meio da intervenção deliberada do Estado. 
Diversas críticas foram feitas ao argumento pluralista. Para fins ana-
líticos, separamos as críticas à metodologia das críticas ao paradigma. 
São duas as principais críticas metodológicas ao pluralismo. A 
primeira, formulada por Theodore Lowi, em 1964, aponta para a 
não-refutabilidade empírica do pluralismo como deficiência que 
deriva de seus pressupostos normativos. De acordo com Lowi, como 
os teóricos pluralistas supõem que são os grupos os atores funda-
mentais dos processos políticos, suas análises empíricas são dirigi-
das para as questões que provocam a mobilização política de gru-
pos, o que, por sua vez, confirma as previsões iniciais de que os 
grupos são os atores fundamentais. 
A segunda crítica metodológica ao pluralismo foi formulada por 
Bacharach e Baratz. Esses autores salientam que, antes de questio-
nar como se exerce o poder político nas sociedades democráticas, é 
 
5 Cf. R. Dahl, Poliarchy — participation and opposition, New Haven/Londres, Yale 
University Press, 1970, p. 3, 
6 Cf. Dahl. Dilemmas of pluralist democracy, autonomy and control, New Haven e 
Londres, Yale University Press, 1982; e Charles Lindblom, Politics and 
markets, Nova York, Basic Books, 1977. 
 
302 303 
Carlos Pio & Mauro Porto 
preciso identificar os grupos beneficiados pelas estruturas vigentes — 
social, política e econômica —, isto é, pelo status quo. Isso porque os 
beneficiários da estrutura de poder vigente dispõem de instrumentos 
para evitar que algumas questões prejudiciais aos seus interesses 
tornem-se objeto de deliberação pública. Os pluralistas, ao passarem ao 
largo dessa face "oculta" do poder, identificariam apenas as formas 
superficiais de seu exercício, mas não aquelas subliminares e que im-
plicam o verdadeiro domínio da agenda pública — as "não-decisões". 
Entre as críticas ao paradigma pluralista, gostaríamos de 
ressaltar aquelas formuladas por Lowi, por Schmitter e por Lijpart. 
Lowi aponta para interações — no âmbito do sistema político norte-
americano — que não obedecem aos postulados da teoria 
pluralista. Segundo seu principal argumento, as interações políticas 
são determinadas pelo comportamento dos atores envolvidos e 
esse comportamento deriva da natureza das políticas públicas em 
questão. Portanto, a cada tipo de política — distributivas, 
redistributivas e regulatórias, segundo sua tipologia —, 
corresponderia um padrão distinto de comportamento político. O 
padrão de comportamento previsto pelos pluralistas seria, de acordo 
com Lowi, característico apenas das interações que se produzem em 
torno de políticas regulatórias. Nas demais, os atores políticos agiriam 
de maneira atomizada — distributivas — ou seguindo os 
determinantes de classe — redistributivas. 
Phillippe Schmitter chama a atenção para a interdependência entre o 
tipo de estrutura política de um dado país e seu estágio de desen-
volvimento econômico capitalista. Segundo seu argumento, o plu-
ralismo não é uma forma de estruturação das interações políticas 
capaz de durar para sempre: o próprio funcionamento das economias 
avançadas gera necessidades e imperativos políticos que implicam em 
uma maior proximidade entre os interesses públicos e privados, 
mesmo em sistemas políticos originalmente pluralistas. O modelo 
corporativo é, nessa perspectiva, resultante da própria evolução do 
capitalismo democrático. 
Por fim — no último exemplo de crítica ao pluralismo antes da 
análise do argumento marxista —, Arendt Lijphart identifica siste-
mas políticos democráticos estáveis em sociedades caracterizadas 
304 
Elitistas, pluralistas e marxistas 
pela existência de clivagens sociais importantes. Países notavelmente 
democráticos como Áustria, Suíça e Holanda, entre outros, seriam 
caracterizados por divisões sociais profundas, que tornam os 
cidadãos primordialmente vinculados a grupos e não à nação. A 
existência de democracias estáveis em nações socialmente divididas, 
por si só, contraria os pressupostos pluralistas, segundo os quais a 
estabilidade de regimes democráticos dependeria: 
1. de uma base cultural homogênea, para assegurar, a um só tempo, 
tanto a manutenção das lealdades primárias dos cidadãos para com 
o Estado — e não a um grupo social qualquer — como um padrão 
associativo baseado em multifiliações individuais; e 
2. de uma estrutura autônoma de papéis sociais — para promover a 
dispersão das identidades coletivas e reforçar comportamentos po- 
líticos moderados.7 Como explicação para essa "anomalia", Lijphart 
apresenta um modelo de interação política fundado não na compe- 
tição, mas antes na cooperação entre as elites que representam cada 
uma das clivagens. Desse modo, o sistema político consociacional é 
capaz de atender aos interesses de grupos políticos e sociais com 
interesses distintos e mesmo contraditórios, e garantir tanto o res- 
peito a valores e direitos democráticos, como a paz social. 
7
 Um bom exemplo dessa estrutura de papéis sociais é o sistema 
educacional. Se os membros de diferentes grupos forem "educados" a partir 
dos valores presentes em um sistema educacional homogêneo, maiores as 
chances de que se desenvolvam interações políticas moderadas, No caso 
contrário, isto é, se cada grupo social tiver o direito de estabelecer os valores 
que orientaram o sistema educacional ao qual serão orientadas as novas 
gerações, maiores as chances de que se reforcem as diferenças e que as 
interações políticas se desenvolvam sob hostilidade e desconfiança entre os 
membros de diferentes grupos. O mesmo tipo de raciocínio pode aplicar-se 
a outras estruturas de papéis sociais como a imprensa, os partidos políticos, 
e os grupos de interesse. 
305 
Carlos Pio & Mauro Porto 
A CRÍTICA MARXISTA 
Assim, os próprios autores pluralistas passaram a reconhecer que 
as desigualdades produzidas pelas interações de mercado afetam a 
distribuição de recursos políticos entre os cidadãos e, por conse-
guinte, minam as bases sobre as quais se assentam os valores de 
igualdade política e soberania popular. Cria-se então a possibilidade 
de que as regras e instituições da poliarquia não sejam capazes de 
exercer convenientemente a função de regular a vida social de acor-
do com a vontade expressa pelamaioria da população. Isso sendo 
verdade, decisões públicas seriam tomadas sem o devido controle 
por parte daqueles que a obedecerão, em uma possível violação dos 
pilares racionais-legais da dominação política. 
Segundo a abordagem marxista clássica — tal como formulada 
por Karl Marx e Friedrich Engels no século XIX —, o poder político 
está concentrado nas mãos daqueles que detêm posições dominantes 
na economia capitalista. Como afirma o Manifesto comunista, a 
centralização da produção pela burguesia correspondeu a uma cen-
tralização da política, na qual o poder político do Estado nada mais é 
do que o poder organizado de uma classe — a burguesia — para a 
opressão de outra— o proletariado. Marx e Engels ressaltam assim o 
caráter coercitivo e parcial da dominação do Estado, questionando a 
possibilidade de realização legítima da vontade popular com a 
permanência da economia de mercado. A teoria comunista clássica 
pressupõe, portanto, a abolição da propriedade privada como con-
dição necessária à realização de qualquer princípio democrático. Os 
escritos de Marx e Engels também sugerem que a base material da 
sociedade — as relações de produção e as forças produtivas — de-
termina, "em última instância", a superestrutura — as relações po-
líticas, jurídicas, ideológicas etc.8 
8
 Posteriormente, Marx e Engels apresentaram diversas qualificações a essa for-
mulação de que a base econômica determina toda a superestrutura política e 
cultural de uma sociedade. Por exemplo, em carta a Joseph Bloch, em 1890, 
Engels afirma que a interpretação de suas idéias e as de Marx — segundo a 
qual o elemento econômico é o único fator determinante — é uma interpre-
tação abstrata e sem sentido. Engels afirma ainda que vários elementos da 
306 
Elitistas, pluralistas e marxistas 
Já neste século, autores marxistas desenvolveram interpretações 
distintas, muitas vezes antagônicas, sobre as formulações da teoria 
marxista clássica. De um lado, desenvolveu-se o marxismo-leninismo, 
principalmente a partir da Revolução Russa de 1917, mantendo a 
ênfase de Marx no caráter coercitivo da dominação do Estado e a 
incompatibilidade entre democracia e economia de mercado. Essa 
interpretação mais "ortodoxa" do marxismo clássico será a base do 
movimento comunista, tal como institucionalizado na III Interna-
cional, sob forte influência dos soviéticos. De outro lado, diferentes 
vertentes constituíram o que se convencionou chamar de "marxis-
mo ocidental", desenvolvido por autores que, a partir das experiên-
cias dos países capitalistas mais desenvolvidos, ultrapassaram a ên-
fase inicial nos fatores econômicos para ressaltar a autonomia e o 
papel de elementos superestruturais, como a política e o Estado. 
Na constituição do marxismo ocidental, o teórico marxista itali-
ano Antônio Gramsci é uma das referências mais importantes. Ao 
questionar as razões que levaram ao fracasso a revolução socialista 
na Europa ocidental, Gramsci conclui que a derrota dos trabalha-
dores deveu-se à adoção de uma estratégia política equivocada, pois 
sociedades "orientais", como a Rússia do início do século, seriam 
distintas das sociedades "ocidentais", como a Itália e demais países 
capitalistas avançados da Europa. Tal distinção não é uma mera di-
visão geográfica, mas indica diferentes tipos de formação econômica 
e social, em função, sobretudo, do peso da sociedade civil, entendida 
como o conjunto dos "aparelhos privados de hegemonia" — isto é, 
os partidos, os sindicatos, as escolas, a mídia, enfim, as organizações 
ditas privadas que não fazem parte do aparelho estatal. Segundo 
Gramsci, em sociedades menos complexas, a luta pelo poder desen-
volve-se em torno do aparelho do Estado — o Estado restrito —, 
enquanto que em sociedades ocidentais o fundamental passa a ser a 
disputa pela hegemonia na sociedade civil. Portanto, em lugar da 
estratégia de "guerra de movimento", típica de sociedades orientais, 
superestrutura exercem uma influência muitas vezes determinante para o re-
sultado das lutas históricas. 
307 
Carlos Pio & Mauro Porto 
onde os movimentos políticos concentram todas suas forças para 
conquistar um objetivo — a administração do Estado — , a estraté-
gia política correta no ocidente deveria ser a "guerra de posições", a 
disputa de posições na "robusta cadeia de fortalezas e casamatas" 
da sociedade civil. 
Gramsci amplia o conceito de Estado para além da esfera da 
coerção da sociedade política — burocracia administrativa, exército, 
polícia, tribunais — , incorporando também a esfera da direção na 
sociedade civil — a hegemonia cultural e política. Em contraposi-
ção a algumas formulações do marxismo clássico e do marxismo-
leninismo, Gramsci ressalta não só a autonomia da política e do 
Estado com relação à base material, mas também sua capacidade de 
superar o elemento econômico. Ao combater posições "economi-
cistas", o autor italiano afirma que a pretensão de apresentar qual-
quer flutuação da política como uma expressão imediata da base 
econômica deve ser combatida teoricamente como um "infantilis-
mo primitivo". 
Adam Przeworski define o marxismo como uma análise das con-
seqüências das formas de propriedade para os processos históricos. 
Portanto, os marxistas ressaltam como a base material afeta o resul-
tado das lutas políticas, enfatizando, em particular, como as desi-
gualdades geradas pelo mercado determinam a distribuição de po-
der. Todavia, a relação entre os sistemas político e econômico é de-
finida de várias maneiras por diferentes autores marxistas. Como 
vimos, o que caracteriza o marxismo ocidental é a ênfase na autono-
mia e no papel de elementos superestruturais, como a política e o 
Estado. Apesar dessa ênfase, os autores marxistas mantêm a noção 
de que as formas de propriedade — economia — têm um impacto 
direto na constituição da democracia representativa e do Estado — 
política. 
Um dos debates principais da teoria marxista contemporânea 
refere-se a este problema básico: como reconhecer a autonomia do 
Estado e da política e ao mesmo tempo manter o pressuposto de 
que a base econômica e material "determina" a distribuição de po-
der na sociedade? Mais especificamente: como compatibilizar a au-
tonomia das regras e instituições da democracia representativa e a 
Elitistas, pluralistas e marxistas 
ênfase no poder da classe economicamente dominante? Como "domina 
a classe dominante" em regimes pluralistas e democráticos? 
Nicos Poulantzas procurou construir uma teoria marxista do 
Estado capitalista que, a partir das relações de produção, explicasse 
como ele assume suas diferentes formas nos países capitalistas avan-
çados — por exemplo, as diferenças entre Estados autoritários e 
Estados democráticos parlamentares. Segundo Poulantzas, o Estado 
tem um papel de "organização": representa e organiza as classes 
dominantes, principalmente o interesse político, a longo prazo no 
âmbito do "bloco no poder". Esse papel só é possível porque o 
Estado detém uma "autonomia relativa" em relação a tal ou qual 
fração deste bloco. Poulantzas argumenta que a política do Estado é 
resultado das contradições de classe inseridas em sua própria estrutura. 
Assim, apesar de reconhecer a autonomia relativa do Estado — sua 
independência em relação a frações específicas da classe eco-
nomicamente dominante —, Poulantzas argumenta que o Estado 
organiza e defende os interesses dessa classe como um todo. 
Ralph Miliband também buscou compreender as diferentes relações 
entre política e economia, nos marcos do Estado capitalista. 
Recorreu a um referencial teórico considerado oposto ao marxis-
mo, a teoria das elites, definindo a elite estatal como o conjunto [de] 
pessoas que ocupam as posições dirigentes em cada uma das insti-
tuições que compõem o sistema estatal. Para explicar a relação entre 
Estado e classe economicamente dominante,o autor afirma que os 
membros da elite estatal são os "agentes" do poder econômico pri-
vado, ou seja, da classe dominante. Apesar de a participação dos 
empresários nas instituições do sistema estatal ser minoritária, eles 
conseguem fazer com que a política do Estado os favoreça porque a 
elite estatal age de acordo com seus interesses, de acordo com sua 
composição social — seus membros pertencem geralmente às clas-
ses médias e altas — e com as relações de parentesco e amizade. A 
classe dominante governaria por meio da elite estatal. 
Poulantzas e Miliband desencadearam um dos debates mais im-
portantes na teoria marxista contemporânea. Ao polemizar nas pá-
ginas da New Left Review, os autores discutiram algumas de suas de-
savenças: Poulantzas ataca a ênfase de Miliband nas "relações inter- 
 
308 
309 
Carlos Pio & Mauro Porto 
pessoais" entre os indivíduos que integram o aparelho do Estado; 
Miliband responde criticando o "superdeterminismo estrutural" de 
Poulantzas, ou seja, a idéia de que relações objetivas do sistema esta-
tal definem sua atuação, ignorando-se o papel dos indivíduos que 
ocupam posições administrativas. 
Do debate, é possível distinguir, para fins analíticos, as correntes 
de pensamento marxista contemporâneas que ressaltam as estrutu-
ras econômicas, políticas e sociais — as abordagens "macro" — e 
as que ressaltam as relações e comportamentos dos indivíduos — 
os "micro-fundamentos". Mais recentemente, o autor alemão Claus 
Offe desenvolveu uma nova abordagem macro, de cunho estrutura-
lista, concebendo o Estado como mediador das crises capitalistas 
geradas pela contradição básica entre a crescente socialização da 
produção e a continuidade da apropriação privada. Segundo Offe, 
as funções do Estado surgem a partir do problema de como recon-
ciliar acumulação econômica e legitimação política. Para o autor ale-
mão, os administradores do Estado reproduzem as relações capita-
listas não porque são agentes da burguesia — como em Miliband —, 
mas porque dependem da atividade econômica. Os administradores 
dependem do mercado porque ele produz rendimentos ao Estado 
via tributação e porque o apoio público entra em declínio se a acu-
mulação não acontecer. 
Também em períodos mais recentes, alguns autores do campo 
marxista desenvolveram teorias que enfatizam os micro-fundamen-
tos. O chamado "marxismo analítico" buscou vincular as perspecti-
vas e as preocupações do marxismo com metodologias e aborda-
gens de outras tradições teóricas. Autores como Adam Przeworski e 
Jon Elster têm insistido na importância da teoria da escolha racional 
e do individualismo metodológico para a superação das abordagens 
funcionalistas no pensamento marxista. Só assim o marxismo seria 
capaz de superar a falta de uma teoria sobre as ações das pessoas 
que fazem a história devido à ênfase nos aspectos macrossociais e 
estruturais. 
Elitistas, pluralistas e marxistas 
CONCLUSÕES 
Este ensaio teve como objetivo principal discutir o campo tradi-
cionalmente identificado como teoria política contemporânea. Esse campo 
engloba três escolas principais de pensamento, o elitismo, o pluralismo 
e o marxismo que foram aqui apresentadas como tipos ideais. Dentro 
dessa perspectiva, suas principais formulações foram contrapostas a 
argumentos críticos "por dentro", isto é, de autores identificados a 
elas, e "por fora", de escolas que a ela se opõem. Duas foram as 
questões centrais que permearam a discussão: como cada uma des-
sas correntes refere-se ao "problema da representação política" — 
à natureza própria dos regimes democráticos contemporâneos — e 
como apresentam a relação entre economia de mercado e democra-
cia. 
Seria o Estado contemporâneo apenas a expressão dos interes-
ses existentes na sociedade, não representando suas ações mais que 
a resultante das interações entre diferentes grupos sociais e econô-
micos na arena política? Ou seria o Estado, de certa forma, autôno-
mo em relação à sociedade, e, à despeito do rótulo de democrático, 
suas ações expressariam tão-só os interesses próprios daqueles que 
ocupam os postos de direção? O poder material reproduz-se sem 
constrangimentos no sistema político-democrático, tornando-o fa-
chada para encobrir a dominação de cunho econômico, ou o jogo 
do poder estabelece as condições de acumulação de riquezas? 
Que não hajam respostas definitivas a essas questões é algo que 
nos obriga a considerar como complementares as três correntes de 
pensamento aqui discutidas. Enquanto categorias analíticas estan-
ques, elitismo, pluralismo e marxismo têm pouco a acrescentar à com-
preensão das sociedades capitalistas democráticas. Seguem-se dessa 
afirmação duas certezas que precisamos reconhecer como válidas. 
Em primeiro lugar, é certo que a distribuição do poder material 
afeta o sistema político, mas o poder material não provém apenas da 
posse de propriedades, no sentido tradicional. Sindicatos de traba-
lhadores, por exemplo, dispõem de capacidade para mobilizar re-
cursos materiais que não podem ser desprezados. Por outro lado, 
estabelecer a simples transposição de recursos materiais para a are- 
 
310 311 
Carlos Pio & Mauro Porto Elitistas, pluralistas e marxistas 
 
na política significa pouco quando observamos os que possuem tais 
recursos não compartilharem, necessariamente, dos mesmos inte-
resses políticos. 
Uma segunda certeza que precisa ser reconhecida é que, em al-
guma medida, qualquer Estado é autônomo. A necessidade de se 
criar uma entidade distanciada para resolver controvérsias envol-
vendo os cidadãos, entre si ou nas suas relações com o próprio Es-
tado, tem levado a reformas mais e mais abrangentes do sistema 
político, ao menos desde os primeiros levantes de proprietários de 
terra contra o direito — arbitrário — de taxação da Coroa britânica, 
ainda no século XII. 
A variedade de temas, escolas de pensamento, e possíveis certe-
zas que caracterizam o debate contemporâneo é certamente mais 
abrangente e rica do que o exposto nos limites deste ensaio. Acredi-
tamos, no entanto, que o enfoque adotado, particularmente a ênfase 
na relação entre economia de mercado e democracia, permite desta-
car as grande[s] questões da teoria política em períodos mais 
recentes. 
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1 
314 
 
 
 
 
NOTAS BIOGRÁFICAS 
Alberto Carlos Almeida — Doutor (IUPERJ), coordenador da 
Empresa Júnior Analítica dos alunos do Curso de Graduação 
de Ciências Sociais e professor do Departamento de Ciência 
Política da Universidade Federal Fluminense. 
Alexandre Barros— PhD (Chicago), é presidente da Earlj Warning: 
Oportunidade e Risco Político / Relações Governamentais. 
Carlos Pio — Doutorando (IUPERJ), coordenador de graduação 
do curso de Relações Internacionais e professor do Departa-
mento de Relações Internacionais da Universidade de Brasí-
lia. 
Eduardo Viola — Professor titular do Departamento de Relações 
Internacionais da Universidade de Brasília, pesquisador nível 
IA do CNPq e membro da Comissão Nacional de População 
e Desenvolvimento. 
Eli Diniz— Professora titular do Instituto de Economia da 
UFRJ e pesquisadora associada do IUPERJ. Publicou, 
recentemente, Crise, reforma do Estado e governabilidade, Brasil 
1985-1995. 
Estevão de Rezende Martins — Doutor (Munique), professor 
do Departamento de História da Universidade de Brasília, é 
consultor geral legislativo no Senado Federal. 
Fabiano Santos—Doutor (IUPERJ), professor e pesquisador do 
Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro. 
Franco César Bernardes — Doutorando em ciência política 
(IUPERJ), foi professor da PUC/Rio de Janeiro e é consul-
tor da Escola Nacional de Administração Pública. 
Gláucio Soares—Doutor (Washington), professor titular da Uni-
versidade de Brasília, responsável pelo projeto integrado de , 
pesquisa sobre <rViolência no Distrito Federal e no Entorno", 
foi diretor da Escola Latino-americana de Sociologia e 
professor nas universidades da Califórnia — UCLA e UCB —, 
MIT, Cornell, entre outras. 
369 
Notas biográficas 
Jessé Souza— Doutor em sociologia (Heidelberg), pós-doutora-
do (New School for Social Research), professor adjunto do 
Departamento de Sociologia da Universidade de Brasília. É 
autor do livro Patologias da modernidade: Um diálogo entre Marx e 
Weber\ é organizador dos livros Multiculturalismo e racismo: Uma 
comparação entre Brasil e Estados Unidos; e Simmele a Modernidade 
(no prelo). 
José Augusto Drummond—Doutorando (Wisconsi), coordena-
dor da Empresa Júnior Analítica dos alunos do Curso de 
Graduação de Ciências Sociais e professor do Departamento 
de Ciência Política da Universidade Federal Fluminense. 
Mateus Faro de Castro — Doutor (Harvarei), coordenador do 
Curso de Mestrado em Relações Internacionais e professor 
adjunto do Departamento de Relações Internacionais da Uni-
versidade de Brasília, publicou, recentemente, com Antônio 
Augusto Cançado Trindade, A sociedade democrática no final do 
século. 
Maria Izabel Valladão de Carvalho— Doutora (USP), professora 
adjunto do Departamento de Relações Internacionais da 
Universidade de Brasília 
Maria das Graças Rua—Doutora em ciência política (IUPERJ), pro-
fessora adjunto do Departamento de Relações Internacionais da 
Universidade de Brasília. 
Mauro Porto — Doutorando (Califórnia, San Diego), professor 
assistente do Departamento de Relações Internacionais da 
Universidade de Brasília. 
Octaciano Nogueira — Professor adjunto do Departamento de 
Ciência Política da Universidade de Brasília, autor dos livros 
O poder legislativo no Brasi/e. Partidos pó//ticos no Brasil. 
VenícioA. de Lima — Doutor (Illinois-Urbana), coordenador do 
Núcleo de Estudos sobre Mídia e Política do Centro de Estu-
dos Avançados Multidisciplinares da Universidade de Brasí-
lia. 
370 
SUMÁRIO 
Apresentação 
Capítulo l 
A política como ciência ou 
em busca do contingente perdido 
Fabiano Santos 
Capítulo 2 
A atividade profissional do cientista político. Carreiras acadêmicas 
e não acadêmicas e as novas oportunidades oferecidas pelo 
mercado de trabalho 
José Augusto Drummond & Alberto Carlos Almeida 
Capítulo 3 
Executivo e burocracia 
Jessé Souza 
Capítulo 4 
Relações entre os poderes Legislativo e Executivo 
Estevão de Recende Martins 
Capítulo 5 
O estudo do Judiciário 
Marcus Faro de Castro 
Capítulo 6 
Crise ou falência: 
Partidos políticos ontem e hoje 
Maria Isabel Valladão de Carvalho 
Capítulo 7 
Sistemas eleitorais e seus efeitos políticos 
Octaciano Nogueira 
Sumário 
Capítulo 8 
Comportamento político e cultura política 
Gláucio Soares 
Capítulo 9 
Não existem pessoas loucas, existem apenas pessoas com 197 
gostos diferentes ou cuidado com os defensores do interesse 
público, lobbies e pressões na democracia liberal 
Alexandre Barros 
Capitulo 10 
Os mídia e a política 
Venício A. de Uma 
Capítulo 11 
Análise de políticas públicas: Conceitos básicos 
Maria das Graças Rua 
Capítulo 12 
Governabilidade e democracia 
Eli Diniz 
Capítulo 13 
Teoria política contemporânea: Política e economia 
segundo os argumentos elitistas, pluralistas e marxistas 
Carlos Pio & Mauro Porto 
 Capítulo 14 
Escolha racional e novo institucionalismo: 
Notas introdutórias 
Maria das Graças Rua & Franco César Eernardes 
Capítulo 15 
Os novos desafios da governabilidade na sociedade de 
informação globalizada 
Eduardo Viola
173 
209 
231 
261 
291 
315 
349

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