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Crise de 2008 e o Papel determinante dos bancos públicos na recuperação da economia brasileira

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1 
 
Crise de 2008 e o Papel determinante dos bancos públicos na recuperação da 
economia brasileira 
 
Elena Soihet
i
 
César Murilo Nogueira Cabral
ii
 
 
Resumo 
O artigo objetiva analisar ações de política bancária e monetária na crise financeira de 2008. A 
despeito da alta dos preços das commodities, esta não foi capaz de reverter o saldo da balança 
comercial nem tampouco o saldo em transações correntes. O que houve foi um retorno dos fluxos de 
capitais em 2009 principalmente os investimentos em carteira. Quanto à política fiscal ela pode ser 
considerada tímida se comparado aos esforços empreendidos em outros países. A proposta é mostrar 
que a principal alavanca para restauração da economia brasileira esteve relacionada às medidas de 
política econômica interna, sobretudo pela atuação dos principais bancos públicos(Caixa Econômica 
Federal, Banco do Brasil e Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social). Nesse sentido 
as demais políticas econômicas tiveram um papel coadjuvante assim como o cenário externo. 
 
 
 
Abstract 
 
The article aims to analyze the actions of monetary and banking policy in the 2008 financial crisis. 
Despite the high commodity prices, this has not been able to reverse the trade balance nor the current 
account balance. What happened was a return of capital flows in 2009 mainly portfolio investments. 
Regarding fiscal policy it can be considered shy compared to efforts in other countries. The proposal is 
to show that the main lever to restore the Brazilian economy was related to measures of domestic 
economic policy, especially by the action of the main public banks, Caixa Economica Federal, Banco 
do Brasil and Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social. In this sense the other 
economic policies had a supporting role as the external environment. 
 
 
Palavras-Chave: Bancos Públicos versus Privado, Canal de Crédito, Banco Central e suas políticas 
 
Key Words: State-Owned versus private bank, banking credit market, Central Bank and its policies.. 
 
JEL: E58, G1 
ÁREA: Sistema Financeiro e Financiamento da Economia 
 
 
 
 
i
 Professora Adjunta da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ)/- Instituto Multidisciplinar 
Correio Eletrônico: e.soihet @globo.com 
ii
 Bacharel em Ciências Econômicas pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) – Instituto 
Multidisciplinar 
 Correio Eletrônico: cesar.cabral@yahoo.com.br 
2 
 
Introdução 
A primeira década do século XXI foi marcada nas economias mundiais pela crise norte-
americana das hipotecas subprime em 2008. Entretanto esta crise começou a ser desenhada desde 
2001, quando se iniciou a especulação imobiliária nos EUA, associada a uma política de juros baixos 
imposta pelo Federal Reserve devido à baixa inflação naquele período. 
Em virtude disso, os agentes que antes não conseguiam adquirir um imóvel, seja por falta de 
renda, garantias, ou histórico de crédito que comprovassem a concessão do empréstimo passaram a ter 
acesso a novos meios de financiamento que não exigiam detalhadas verificações sobre a saúde 
financeira do tomador e continham juros baixos, tornando a aquisição possível. No entanto o imóvel 
permanecia alienado a instituição que fornecia o serviço de financiamento até que fosse concluído o 
pagamento total do valor da dívida. Este mecanismo já era conhecido antes como hipoteca, contudo o 
subtítulo subprime foi imposto nesse momento por conta desta nova condição do mercado imobiliário 
americano (CARVALHO, 2008, 17-18). 
O aumento da taxa de juros de 1% para 5,25% pelo Federal Reserve entre o segundo trimestre 
de 2004 e o segundo trimestre de 2007 foi determinante para que em pouco tempo, os tomadores das 
hipotecas subprime não conseguissem honrar seus compromissos. A crise financeira continuou seu 
curso no ano de 2008, agravando-se, consideravelmente, a partir de meados de setembro. A decisão 
das autoridades americanas de não prover apoio financeiro ao Lehman Brothers em setembro de 2008 
agravou profundamente a crise, gerando um forte impacto nos mercados globais. Bancos e empresas, 
mesmo possuindo condições saudáveis do ponto de vista financeiro, passaram a ter amplas 
dificuldades na obtenção de novos recursos e linhas de crédito de curto prazo. Na esteira da piora da 
crise financeira, cresceram as preocupações e desconfianças com relação à solvência do sistema 
bancário norte-americano e seus impactos recessivos sobre o lado real da economia. Nesse sentido, a 
quebra do Lehman Brothers é, efetivamente, o ponto nevrálgico de agravamento da crise financeira. 
(BORÇA JUNIOR e TORRES FILHO, 2008, p.132). 
Em reação a este canal de transmissão da crise e aos efeitos negativos decorrentes do contexto 
de pânico e fugas de capital o governo brasileiro adotou as chamadas políticas anticíclicas. Não 
obstante, conforme Araújo e Gentil (2012, p, 38): o cenário externo favorável que muitas vezes é 
minimizado contribuiu para ajudar a recuperação da economia brasileira. De fato a manutenção de 
altas taxas de crescimento da China e da Índia partir do segundo trimestre de 2009, a política 
monetária expansiva dos países centrais que impulsionou uma maior liquidez internacional e a queda 
do risco dos títulos dos emergentes foram fatores que estimularam a recuperação da economia 
brasileira. 
 Contudo, a partir de 2008 o saldo do Balanço de Pagamentos foi de apenas US$3 bilhões ante 
um saldo de US$ 87,4 bilhões em 2007, no que se observa uma queda de 97%. Embora as exportações 
tenham aumentado 23,2% em 2008, e as importações terem sofrido uma queda considerável (cerca de 
40%) tal queda não foi suficiente para reverter o saldo em transações correntes, que pela primeira vez 
desde 2005 tornou-se negativo (US$ -28,2 bilhões). Em 2009, o saldo da balança comercial ficou no 
mesmo patamar que 2008 e, portanto não conseguiu recuperar o nível alcançado em 2007. 
Por coseguinte, a despeito da alta dos preços das commodities, esta não foi capaz de reverter o 
saldo da balança comercial nem tampouco o saldo em transações correntes. O que houve foi um 
retorno dos fluxos de capitais em 2009, sobretudo dos investimentos em carteira. Após uma grande 
queda do fluxo ocorrida em 2008 (cerca de 66%) voltou a ficar no mesmo nível que 2007, ajudado 
também na apreciação do real entre 2007 a 2009
iii
. 
Quanto à recuperação da economia brasileira, os sinais iniciaram-se em 2009. O PIB começou 
uma trajetória de alta a partir de março de 2009, porém mesmo assim o PIB real em 2009 obteve uma 
pequena queda de 0,3%. A recuperação efetiva se deu apenas em 2010, onde apresentou crescimento 
no ano de 7,5%. A formação bruta de capital fixo iniciou embora timidamente sua recuperação no 3º 
trimestre de 2009. Com a recuperação das expectativas positivas dos agentes essa taxa voltou a elevar-
se e ao final de 2009 e permaneceu no mesmo patamar do início de 2008. Em relação ao emprego, 
 
iii
 Ver os dados do Anexo I, .balanço de pagamento do Brasil (2005-2009). 
3 
 
observou-se que somente a partir do 3º trimestre de 2009 o volume de admissões voltou a ultrapassar o 
número de demissões. Por fim o nível de consumo das famílias ensaiou uma recuperação a partir do 2º 
trimestre de 2009 e terminou o ano com um consumo de R$ 500 bilhões (o maior volume desde o 1º 
trimestre de 2008)
 iv
. 
 Diante desse quadro, o artigo se propõe a mostrar que a principal alavanca para restauração da 
economia brasileira esteve relacionado às medidas de política econômica interna, sobretudo pela 
atuação dos bancos públicos, especialmenteCaixa Econômica Federal, Banco do Brasil e Banco 
Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (respectivamente BB, CEF e BNDES). 
Tendo como referência a concepção pós-keynesiana, na qual o sistema bancário não é neutro, 
ao contrário, desempenha um papel crucial na determinação da capacidade de uma nação crescer e 
prosperar em uma situação de crise, a hipótese aqui estabelecida é que a política bancária via atuação 
dos bancos públicos (BPs) foi o fator determinante para o enfrentamento e minimização dos efeitos 
danosos da crise mundial de 2008. 
Nesse sentido o Banco Central do Brasil (BCB) exerceu um papel coadjuvante, porém não 
irrelevante. De um lado adotou uma atitude conservadora quando demorou a diminuir a taxa Selic, 
mesmo com o agravamento do cenário internacional. O Comitê de Política Monetária (COPOM) 
iniciou apenas em 2009 a redução da taxa Selic e esta só se tornou um dígito somente em junho de 
2009. Por outro lado, o BCB se valeu outros instrumentos de política monetária tais como o open-
market e compulsório na tentativa de melhorar as condições de liquidez da economia. 
Quanto à política fiscal segundo Araújo e Gentil (2012, p.50 e 51) “os investimentos federais 
permaneceram estagnados entre dezembro de 2008 e março de 2009, na mais difícil travessia da 
turbulência, só iniciando sua expansão após marco, seis meses após a deflagração interna da crise”. 
Segundo Almeida (2010, p.8) “o instrumento fiscal pode ser considerado tímido se comparado 
aos esforços empreendidos em outros países”. De fato, a política fiscal seguiu na direção correta, mas 
com uma intensidade relativa muito baixa. No acumulado do ano de 2009 até o terceiro trimestre 
enquanto o Brasil fazia 1,7% do PIB de superávit primário, a economia americana produzia déficit de 
11,6% e as economias da zona do euro 6,3% em média (ARAUJO e GENTIL, 2012, p.51). 
O presente trabalho tem por objetivo analisar ações de política bancária e monetária, 
especificamente 1) a atuação do BPs e a contribuição deles na redução do spread bancário e na 
expansão do crédito. 2) a atuação do BCB baseado nos seus instrumentos de política monetária e na 
legislação vigente. 
O artigo está estruturado em quatro seções, além da presente introdução e conclusão. A seção 2 
se propõe a discutir teoricamente as diferentes visões acerca do papel dos bancos públicos. A seção 3 é 
dedicada analisar a atuação do sistema bancário brasileiro durante a crise internacional de 2008. Nessa 
seção foi ainda apresentada através de estatísticas bancárias uma análise comparativa entre a 
performance dos bancos privados e públicos. A Seção 4 mostrará a atuação do Banco Central e as 
medidas impostas por ele através dos instrumentos de política monetária. 
 
2. Debate sobre a literatura dos Bancos Públicos 
 
A literatura sobre o papel dos bancos públicos é vasta e com muitas controvérsias de acordo 
com as diversas correntes. Conforme Freitas (2010, p.334) a partir da montagem no Banco Mundial de 
uma ampla base de dados sobre o sistema financeiro, inúmeras pesquisas empíricas foram realizadas, 
objetivando mensurar a eficiência do setor. O interesse dessas pesquisas no mainstream está 
amplamente relacionado ao processo de privatização ocorrido principalmente na América Latina e 
Sudeste da Ásia. Tais estudos focam em mensurar a competitividade dos bancos públicos, e de uma 
forma geral a conclusão é que os bancos públicos são menos competitivos do que os bancos privados. 
 Conforme a literatura convencional, a intermediação financeira, pública ou privada, existe para 
mitigar problemas de assimetria de informação e da “incompletude” dos contratos A propriedade 
pública, na medida em que diminui a pressão por lucratividade, poderia induzir bancos a emprestarem 
 
iv
 Ver os dados do Anexo II- principais variáveis do Setor Real . 
4 
 
para tomadores cujo retorno é socialmente (mas não privadamente) positivo. (COELHO 2007, p.21). 
Panizza e Micco (2005, p.22) argumentam que os bancos públicos devem ter uma função objetivo 
diferente de instituições financeiras privadas. Em particular, os bancos públicos deveriam ser mais 
ativos nos setores onde as imperfeições do mercado tendem a ser mais prevalente. Nessa visão os 
candidatos naturais são setores associados a assimetrias de informação e externalidades. 
A partir literatura convencional têm-se basicamente duas grandes linhas: a visão do 
desenvolvimento (development view) e a visão política (political view). A primeira é associada a 
Alexander Gerschenkron (1962) que foca na necessidade de ter instituições financeiras públicas 
voltadas ao desenvolvimento e crescimento econômico. Ele exemplifica o caso da Rússia no século 
XIX que ao contrário da Alemanha não tinha bancos privados para alavancar crescimento. Os bancos 
públicos preenchiam a função de bancos industriais. Em oposição a esta linha tem-se a “visão política” 
que sustenta que o bancos públicos, através dos seus financiamentos, politiza a alocação de recursos, 
para fins de obtenção de votos, não persegue as restrições orçamentárias, e portanto tem uma baixa 
eficiência. (LA PORTA, LOPEZ –DE-SILANES E SHLEIFER, 2002, p.3) 
Na “visão do desenvolvimento” há autores mais focados na defesa das instituições públicas 
como Myrdal (1968) favorável a existência dos bancos públicos exemplificando o caso de sucesso da 
Índia e outros países da Ásia. (LA PORTA, LOPEZ –DE-SILANES E SHLEIFER, 2002, p.4) 
 Para eles a existência delas é importante para suprir setores essenciais através do crédito concedido o 
que impactaria positivamente sobre o crescimento econômico. Conforme Thorne (2011,p.5) os bancos 
de desenvolvimento são uma forma de intervenção governamental no sistema financeiro, com o 
objetivo de suprir as falhas do mercado na oferta de financiamento, fornecendo crédito para os 
segmentos de mercado que não são bem servidos pelo setor privado. Esses segmentos incluem projetos 
cujos benefícios sociais excedem os seus fins comerciais; projetos de longo prazo, projetos de risco 
tais como aqueles cujos empreendimentos exigem novas tecnologias, projetos em regiões pobres ou 
distantes, e por fim os pequenos e novos que não têm garantia colateral. A autora estabelece seis 
princípios sob os quais os bancos de desenvolvimento sejam eficazes: um ambiente favorável, 
regulação do mandato, supervisão, governança e gestão financeira e avaliação de desempenho. No 
entanto, sublinha que os bancos desenvolvimento continuam a ser uma iniciativa incerta para o 
governo, mas que mediante circunstâncias corretas e supervisão adequada podem ser um instrumento 
útil para alcançar seus objetivos, ou seja, ser um canal para o desenvolvimento da sociedade. 
Essa visão é compartilhada por Rocha (2003) citada por Deos e Mendonça (2010, p.59) em 
defesa das instituições públicas. O argumento central seria que a ausência do Estado no papel de 
provimento de serviços bancários, além de implicar em menor compromisso com a universalização 
desses serviços, determinaria investimentos menores em segmentos como infraestrutura pesquisa e 
desenvolvimento (P&D). 
Na linha de mercado é enfatizada a ideia de corrupção e incompetência da burocracia estatal 
além da defesa da privatização. Para eles a instituição pública existe por razões políticas e não 
econômicas. 
Caprio et al. (2005, p.3) se valem de vários argumentos para justificar a ineficiência dos bancos 
públicos. Primeiramente, ao se analisar os bancos públicos pelos indicadores financeiros 
convencionais, tais como retorno sobre o patrimônio líquido, grau de inadimplência e níveis de 
despesa, em geral eles apresentam desempenho pior que os bancos privados; alguns bancos públicos 
costumamoferecer empréstimos subsidiados e crédito direcionado às indústrias especiais ou empresas 
identificadas pelo governo; tais bancos também sobrecarregam seus governos com grandes passivos 
resultantes de garantias explícitas ou a assunção implícita de que alguns destes bancos são "grandes 
demais para falir". 
 Em outras palavras, os bancos públicos tem piores indicadores financeiros que os dos bancos 
privados, apresentam uma menor rentabilidade uma vez que fornecem créditos subsidiados ou 
direcionados e por fim ao desempenhar o papel de emprestador de última instância oneram seus 
passivos. Do ponto de vista econômico, a política ótima é a privatização para os governos que possuem 
um histórico de mau desempenho dos bancos públicos. Esta solução não só pode economizar o 
dinheiro público, através da eliminação dos subsídios, como também pode melhorar o desempenho de 
5 
 
suas economias, garantindo que o crédito será canalizado via mercado e não através de funcionários do 
governo (CAPRIO et al., 2005, p. 5). 
Guinle (1999, p.41) ao analisar os instrumentos para controle da crise bancária cita vários 
instrumentos entre eles o fomento, a fusão, fechamento de bancos inviáveis e redução da participação 
estatal no sistema bancário. Nas palavras da autora: 
 
Bancos públicos sempre foram fonte de má administração de crédito, ineficiência 
administrativa, baixa lucratividade e mais recentemente nos países emergentes, sinônimo de 
insolvência devido a interferências políticas diretas. A privatização dos bancos estatais é 
instrumento de reconfiguração do sistema trazendo estabilidade e uniformidade de tratamento 
na indústria. (GUINLE, 1999, p.41) 
 
De acordo com suas avaliações empíricas baseado em dados do Brasil, Coelho (2007, p. 82,83) 
o efeito competitivo dos bancos públicos é menor dos que nos privados. Em outro procedimento em 
que a presença dos bancos públicos é exógena, o resultado sugeriu que, enquanto a presença de bancos 
privados estimula a competição, a presença de bancos públicos é, no melhor dos casos, neutra em 
relação à competição. 
Ou seja, sob a visão de mercado os bancos públicos são fontes de má administração de crédito. 
Na visão do desenvolvimento os bancos públicos devem existir com o objetivo de suprir as falhas do 
mercado na oferta de financiamento e fornecendo crédito para os segmentos de mercado que não são 
bem supridos pelo setor privado. Sob essa visão há um enfoque mais favorável a existência dos bancos 
públicos no sentido que tais instituições devem permanecer uma vez são voltadas ao desenvolvimento 
e crescimento econômico do país. 
Em contraponto a visão convencional tem-se a linha pós–keynesiana ligada aos fundamentos da 
teoria keynesiana e a Hyman Minsky. 
 Na síntese neoclássica, o sistema bancário, especialmente o banco comercial, é mecânico, 
estático e passivo, ou seja, são neutros na medida em que não tem impacto significativo sobre o 
comportamento da economia. Com relação à atuação bancária, Minsky assim como Keynes, também 
admitiu que os bancos são agentes ativos, pois não apenas recebem de forma passiva os recursos de 
acordo com as escolha do público, mas procuram interferir nessas escolhas das mais diferenciadas 
formas para que consigam lucrar ainda mais (Paula,1999,p.179) 
Minsky em seu trabalho “Stabilizing an Unstable Economy” (1986) dividiu a estrutura 
financeira em unidades hedge, posição especulativa e posição Ponzi. 
As unidades hedge esperam que o fluxo de caixa oriundo de operações com os ativos de capital 
(ou a partir dos contratos financeiros possuídos) seja mais que suficiente para a quitação dos 
compromissos contratuais correntes e futuros. Consequentemente, não podem ter um grande volume 
de dívida à vista. As unidades hedge são consideradas as mais conservadoras. 
 As unidades que adotam posturas financeiras especulativas esperam que o fluxo de caixa 
oriundo da operação com ativos (ou da posse de contratos financeiros) seja menor do que os 
compromissos de pagamento em alguns períodos, tipicamente no curto prazo. A finança especulativa 
envolve o rolamento de dívidas que estão vencendo. As unidades especulativas tem uma postura 
menos conservadora que a hedge. 
Por fim as nas unidades Ponzi os custos financeiros são maiores do que a renda de modo que a 
quantidade nominal de dívida pendente aumenta. A postura Ponzi é um caso extremo da postura 
especulativa. A solidez ou a fragilidade de um sistema financeiro depende do tamanho e da força das 
margens de segurança e da probabilidade de que distúrbios iniciais sejam ampliados (Minsky 2008, 
p.209 . 
Associando essas posturas ao sistema bancário, Paula (1999, 184,185), observou que os bancos 
procediam de acordo com o hedge quando aumentavam a participação em ativos mais líquidos e 
utilizavam os fluxos de caixa como critério para a concessão de fundos. E agiam de maneira 
especulativa quando relaxavam os critérios para a concessão de fundos e aumentavam a participação 
em ativos mais lucrativos, os quais em sua maioria ofereciam fortes riscos. 
6 
 
 Por meio dessas análises, Minsky, reforçou a importância dos bancos na estrutura econômica 
mundial, uma vez que estes possuem o poder de fragilizar ou tornar robusta a situação econômica 
global através da natureza de seus empréstimos, ou seja, se os empréstimos tiverem como origem 
posturas hedge, o sistema econômico-financeiro estará sadio, caso contrário, se forem frutos de 
posturas especulativas ele estará fragilizado e propenso a crise. Associando a teoria do ciclo 
minskyano a existência dos bancos públicos, podem-se sugerir tais bancos são fundamentais para 
estabilizar uma economia em crise, criar um ambiente propício para negócios e melhorar as 
expectativas de negócios. 
Nesse sentido como apontado por Deos e Mendonça (2010), os bancos públicos devem ocupar 
papel importante mesmo em economias com sistemas financeiros maduros. 
 
Isto no tocante ao atendimento de segmentos não interessantes do ponto de vista do 
setor privado, mas que podem ter desdobramentos relevantes sobre a economia local, setorial 
ou nacional, bem como no que diz respeito á contribuição para implementação de uma política 
financeira. Assim, além dessa atuação mais pontual, que não entendemos ser desempenhada 
apenas no sentido de minimizar as falhas e lacunas do mercado, mas também no sentido de 
criar mercados inexistentes, as instituições públicas podem, e muitas vezes devem atuar em 
outras dimensões. (DEOS e MENDONÇA, 2010, p.50) 
 
Assim, ao exercer seu papel de bancos públicos a preocupação com a rentabilidade do banco 
não deve estar em primeiro plano. Na verdade enquanto agente de fomento e indutor de novos rumos 
para o mercado pode estar, em oposição ao desempenho financeiro do próprio banco. Na próxima 
seção será analisado o desempenho do sistema público no Brasil no período da crise financeira 
internacional de 2008. 
 
3. Análise do Sistema Bancário durante a crise internacional de 2008 e o papel dos 
bancos públicos 
 
3.1- Indicadores de Mercado 
Entre 2003 e 2008 (antes da crise internacional) os bancos, basicamente os privados, passavam 
por um ciclo de alta do crédito bancário. 
 
Para se ter uma ideia do boom de crédito que se desenvolvia na economia no momento 
anterior à crise internacional, basta observar que em setembro de 2008 o crédito crescia 45,0% 
e 17,9% , para pessoas jurídicas e pessoas físicas na comparação com o mesmo mês do ano 
anterior. (ALMEIDA, 2010, p.58) 
 
A partir de setembro de 2008 até meados 2009 os bancos privados apresentaram 
comportamento defensivo com relação à concessão do crédito. Este comportamento foi previsto na 
teoria keynesiana quando no capitulo 17 da Teoria Geral,Keynes argumentou que “em momentos de 
elevada incerteza, mesmo que o governo amplie a oferta de moeda, os aplicadores podem preferir 
manter sua riqueza sob a forma de moeda do que aplicá-la em ativos de capital”. A crise de 2008 
apresentou essas características, ou seja, os agentes demandaram segurança em virtude da crise de 
confiança instaurada no sistema bancário. 
Nesse sentido podem-se destacar os seguintes fatores que corroboraram para o pessimismo do 
sistema bancário privado nacional (i) os prejuízos de empresas e bancos com derivativos de câmbio, 
(ii) as perdas no mercado de capitais e (iii) os aumentos dos indicadores de inadimplência 
Os derivativos de câmbio provocaram perdas principalmente em empresas exportadoras ante a 
apreciação do dólar. (ver tabela 1) 
 
7 
 
A incerteza se agravaria à medida que iam se tornando públicos os elevados 
montantes de empréstimos a empresas concedidos em operações casadas com aplicações em 
mercados futuros de câmbio nas quais as empresas assumiram riscos cambiais. Com a 
desvalorização do real foram gerados vultosos prejuízos em muitas empresas brasileiras, o que 
em setores como celulose, alimentos processados e açúcar e álcool levou a quebras de 
empresas nacionais de porte. (ALMEIDA, 2010, p.58) 
 
 Tabela 1- Prejuízos de empresas selecionadas no mercado de derivativos cambial 
 
Empresa Setor Perda em milhões de dólares 
ARACRUZ CELULOSE 2.130 
GRUPO VOTORANTIM DIVERSIFICADO 1.040 
SADIA ALIMENTOS 360 
Fonte: Elaboração dos autores adaptado de Farhi e Borghi (2009, p.176). 
 
Em relação ao mercado de capitais, em tempos de crise, há grande queda na eficiência 
marginal. As mercadorias são vendidas, independentemente dos preços. O declínio da eficiência 
marginal do capital afeta a propensão a consumir e reduz drasticamente o investimento e redução 
empresas. A queda grave na eficiência marginal do capital também envolve um acentuado declínio do 
valor de mercado das Bolsas de Valores. (KEYNES 1964, p.318). 
O gráfico a seguir, apresenta o desempenho do Índice Bovespa (Ibovespa). Pode-se perceber 
que as expectativas haviam se deteriorado drasticamente, pois, o período entre julho a dezembro de 
2008 foi marcado por uma grande queda agregada desse índice, equivalente a 40,7%. O “fundo do 
poço” ocorreu no mês de outubro de 2008 no qual o Ibovespa sofreu uma queda mensal de 24,4 , e de 
14,7% em apenas um único dia (13/10/2008). 
 
 
Gráfico 1-Bolsa de valores – IBOVESPA (Diário) 
Período de Jul/2008 a Abr/2010 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Fonte: Elaboração dos autores baseada em Série temporal do BCB. 
 
Quanto a inadimplência tem-se um aumento dos indicadores a partir de outubro de 2010 tanto 
para pessoa jurídica como para pessoa física. A menor oferta de crédito no quarto trimestre de 2008, 
com a concessão mais conservadora, em prazos mais curtos, atingiram os consumidores dependentes 
de crédito para rolar suas dívidas, ou seja, aqueles que pagam dívidas com novas dívidas. Quanto às 
empresas de acordo com o indicador Experian Serasa de Inadimplência das Empresas cresceu 18,8% 
em 2009 quando comparada com 2008. 
 
 
30.000 
35.000 
40.000 
45.000 
50.000 
55.000 
60.000 
65.000 
70.000 
8 
 
Tabela 2- Crescimento da Inadimplência das empresas 
 
Ano % Cresc. da Inad. 
2002 2,1 
2003 10,2 
2004 -19,4 
2005 14,2 
2006 5,4 
2007 1,5 
2008 4,8 
2009 18,8 
Fonte: Elaboração dos autores a partir Experian Serasa de Inadimplência das Empresas 
do Indicador Serasa Ex 
A seguir será feito uma análise comparativa do comportamento dos bancos públicos e privados. 
Nesse particular confrontam-se a evolução de indicadores bancários usualmente utilizados na literatura 
bancária: spread bancário e seu componente e concessão de crédito bancário. 
 
3.2 -Spread bancário 
 
O spread bancário é definido pelo BCB como a diferença entre a taxa de captação paga pelos 
bancos aos depositantes e a taxa de empréstimo cobrada pelos bancos aos tomadores de crédito
v
. 
Tendo em vista este conceito, a seguir será feita uma análise sobre os spreads bancários dividida em 
duas partes: a primeira abordará o spread total dos bancos e a segunda será uma comparação entre os 
spreads dos bancos privados e públicos. 
O spread possui sua composição dividida em sete itens são eles: (i) Custo Administrativo (ii) 
Inadimplência (iii) Compulsório + subsídio Cruzado (iv) Encargos Fiscais e Fundo Garantidor de 
Crédito (FGC) (v) Margem Bruta, Erros e Omissões (vi) Impostos Diretos (vii) Margem Líquida, Erros 
e Omissões
vi
. 
A análise da metodologia de decomposição mais recente revela os componentes mais 
importantes continuam sendo a inadimplência (cerca de 20%), os custos administrativos (cerca de 
10%) e a margem líquida (15%). (SOIHET e COUTINHO, 2011,p.11). Assim o foco da análise será 
baseado nesses itens. Os dados são do Relatório de Economia Bancária de 2009. 
 
Gráfico 2 - Evolução do Spread Bancário bancos públicos e privados (%) 
 Período -2004 a 2009 
 
 Fonte: Elaboração dos autores baseada em Série temporal do BCB. 
 
v
 Conforme BCB (1999, 2001, 2003, 2004, 2006) 
vi
 Segundo BCB (2008), os encargos fiscais e FGC compreendem contribuições e impostos que incidem na atividade de 
concessão de crédito. Os Impostos Diretos correspondem ao Imposto de Renda e a Contribuição Social sobre o Lucro 
Líquido (CSLL) 
25 
30 
35 
40 
45 
2004 2005 2006 2007 2008 2009 
bancos 
públicos 
bancos 
privados 
9 
 
Conforme se pode observar, os spreads dos bancos públicos e privados tiveram alta correlação 
e ambos apresentaram um elevado nível em 2008 (bancos públicos 37 % e privados 41 %) devido as 
incertezas na economia. Até 2006 o spread dos bancos públicos era bem mais elevado do que o dos 
bancos privados, (na média entre 2004 a 2006 o spread dos bancos públicos era 39,2% e dos bancos 
privados 34,3%). Após a crise mundial essa tendência se inverteu. Em 2009 o spread dos bancos 
públicos foi de 26,1 % e dos privados 31,2 %. A partir de então vem havendo uma tendência de queda 
dos spreads nas operações de crédito ( Graf.2 e Graf.3). 
 
Gráfico 3- Spread das operações de crédito (%) 
Com recursos livres referenciais para taxa de juros pré-fixado 
 
 
 
Fonte: Elaboração dos autores baseada em Série temporal do BCB. 
 
 A declaração do ex- presidente Luiz Inácio Lula da Silva, então presidente do Brasil, tornou 
ainda mais nítida a posição que o governo assumiria diante da situação econômica vigente. 
 
A redução do spread bancário neste momento é uma obsessão minha. Nós precisamos fazer o 
spread bancário voltar à normalidade no país... O (ministro da Fazenda) Guido (Mantega) sabe 
disso, o Banco do Brasil sabe disso, a Caixa Econômica sabe disso, o Banco Central sabe disso. 
Não há nenhuma necessidade de o spread bancário ter subido tanto no Brasil de julho para cá.
vii
 
 
Gráfico. 4- Evolução da Inadimplência dos bancos público e privados (%) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Fonte: Fonte: Elaboração dos autores baseada em Série temporal do BCB. 
 
 
 
vii
 Disponível em AGÊNCIA ESTADO. Lula: BB e Caixa sabem de 'minha obsessão' por spread menor.8 abr.2009. 
 
 
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16 
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2004 2005 2006 2007 2008 2009 
bancos 
publicos 
bancos 
privados 
10 
 
A inadimplência dos bancos públicos e privados apresentou um caráter irregular durante o 
período de 2002 a 2007, entretanto sua maior elevação foi observada no período de 2007 para 2008. A 
média de inadimplência dos bancos públicos no período 2004 a 2007 foi de 14,4% contra 10,1% dos 
bancos públicos. 
 
 
 Gráfico 5- Evolução do Custo administrativo (%) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Fonte: Elaboração dos autores baseada em Série temporal do BCB. 
Conforme BCB (2008), os custos administrativos compreendem em despesas como água, energia, 
transporte, salários, propaganda e outros. Esses vêm tendencialmente sofrendo uma queda. (Graf.5) 
 
Gráfico 6- Evolução da Margem Líquida bancos públicos e privados (%) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Fonte: Elaboração dos autores baseada em Série temporal do BCB 
 
A margem líquida, é um item obtido por resíduo, logo é composta pelo lucro do banco e 
eventuais erros e omissões do exercício de decomposição. Quando eclodiu a crise em 2008, ao 
contrário do esperado tanto os bancos públicos quanto os privados alcançaram a maior margem líquida 
desde 2004, os bancos públicos passaram para 8,2 p.p e privados 14,3 p.p, o maior valor da série) Tal 
aumento poderia estar associado ao aumento da inadimplência. 
Contudo, após esse período a inadimplência sofreu uma queda considerável (gráfico 4) e 
mesmo com o seu decréscimo os bancos privados continuaram a ter um alto nível de margem liquida. 
No período 2002-2009 a média de margem líquida dos bancos privados foi o dobro dos bancos 
públicos( 10 p.p nos bancos privados e 5 p.p. nos públicos). 
 Em síntese, os bancos públicos reduziram seu spread total durante a crise de 2008, assim como 
os custos administrativos e essa atuação continuou em 2009. Quanto à inadimplência pode ser 
observado que nos bancos privados essa taxa foi bem menor que nos públicos, mas isso não significou 
queda da margem líquida dos bancos privados, que continua em patamar muito elevado. 
3 
5 
7 
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2004 2005 2006 2007 2008 2009 
bancos publicos bancos privados 
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2004 2005 2006 2007 2008 2009 
bancos publicos bancos privados 
11 
 
 
4.3- Crédito bancário 
Gráfico 7- Participação das Instituições Públicas,Privadas e estrangeiras nos 
Empréstimos (2006-2009) 
 
 
Fonte: Boletim Anual do BCB, 2009 (cap.2) 
 
O gráfico 7 apresenta a participação percentual nos empréstimos totais do sistema bancário 
dividido por instituições. Em 2006 e 2007 as instituições públicas detinham menor participação do que 
as privadas. Já no ano seguinte o setor público aumentou sua participação devido às novas linhas de 
crédito abertas para o combate à crise, mas ainda assim continuou atrás da participação das instituições 
privadas. No entanto, em 2009, com a consolidação da redução dos spreads nos bancos públicos e 
adicionalmente com novas liberações de créditos promovidas pelo governo federal, à participação nos 
empréstimos totais das instituições públicas superou as privadas e isto se configurou como o 
complemento decisivo para que o Brasil se recuperasse dos efeitos da crise americana, uma vez que os 
bancos públicos atuaram eficazmente no momento em que era necessário, incentivando a redução dos 
spreads bancários e aumentando o volume de crédito na economia. 
 
Gráfico 8 – Concessão de Empréstimo das principais instituições públicas 
(R$ bilhões)- dados deflacionados pelo IPCA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Fonte: Relatório de Economia Bancária 2009, BCB. Elaboração dos autores. 
 
 
 
 
 
 
 
 
0 
100000 
200000 
300000 
banco do brasil caixa economica bndes 
dezembro de 2008 dezembro de 2009 
12 
 
Gráfico 9 - Concessão de Empréstimos das instituições públicas e privadas 
(R$ bilhões)- dados deflacionados pelo IPCA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: Relatório de Economia Bancária 2009, BCB. Elaboração dos autores. 
 
O gráfico 8 mostra as principais instituições públicas que atuaram durante a crise.O BB que 
registrou um aumento real de 2008 para 2009 de 31,5% na concessão de empréstimos seguido da CEF 
com 51,4%. O BNDES teve um surpreendente crescimento equivalente a 140%. Na média as 
instituições públicas ampliaram em 66,7% seus empréstimos. 
A participação dos empréstimos públicos no total de empréstimos cresceu de 38,2% em 2008 
para 49,5% em 2009 enquanto a dos empréstimos de bancos privados caiu de 63,5 para 49,2%.(Graf.9) 
Os dados verificados nessa seção corroboram com a seguinte conclusão: o setor bancário 
público nacional atuou, durante a crise, mais do que simplesmente um banco comercial visando lucros, 
mas, sobretudo como um órgão auxiliar da execução da política de crédito do Governo Federal 
prevista na lei 4595 de 31/12/1964. Seu compromisso foi garantir a liquidez da economia via expansão 
do crédito assim como a redução do spread bancário. 
 
4- Política Monetária: atuação do Banco Central 
 
 4.1-Taxa Selic 
 
 Nos primeiros meses do ano de 2008 a economia brasileira passava por um período de 
aceleração do crescimento e a maior valorização de seus ativos por conta do recebimento de grau de 
investimento em abril de 2008, que acarretou altas na bolsa de valores e o aumento do crédito. 
Segundo o Relatório Anual do BCB (2009) “toda essa euforia desencadeou crescentes pressões 
inflacionárias com a inflação em junho de 2008 ultrapassando a meta de 4,5% estipulada pelo Comitê 
de Política Monetária”. 
 A questão é que o BCB teve não reduziu a Selic mesmo com agravamento do cenário 
internacional a partir de agosto de 2008. Houve repetidos aumentos da meta da taxa de juros ao longo 
do ano 2008. Entre 24/07/2008 a 10/09/2008 a Selic situava-se em 13,00%a.a e no auge da crise, 
durante o período de 11/09/2008 até 21/01/2009, o Comitê de Política Monetária (COPOM) aumentou 
a Selic para 13,75%. Ao longo de 2009, a postura do BCB foi no sentido de reduzir a Selic, tendo em 
vista que “já havia sinais de arrefecimento do ritmo de atividade econômica e recuo das expectativas 
de inflação”viii. O Comitê reduziu a meta para 8,75% em julho, taxa que se manteve também até os 
primeiros meses de 2010. 
 Contudo a redução da taxa de juros que é um fator decisivo a fim de melhorar as expectativas 
futuras e influenciar na reativação da demanda agregada entrou em cena muito tarde. 
 
 
viii
 Boletim do BC – Relatório Anual, (2009) 
 
0 
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400000 
600000 
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publicas privadas 2008 2009 
13 
 
Como há um intervalo de tempo entre a queda da taxa básica de juros e seus efeitos na 
atividade real, provavelmente a política de juros acelerou a recuperação da economia quando 
esta já estava em curso, vale dizer, em meados de 2009, sem ter sido em si um antídoto à crise 
ou um mecanismo primário promotor da reativação. (ALMEIDA, 2008, p.57) 
 
4.2-Compulsório e Redesconto 
 
 O BCB durante o ponto crítico da crise de 2008 valeu-sede importantes alterações na regra 
dos depósitos compulsórios e redesconto objetivando assegurar as condições de liquidez necessárias à 
economia, As principais alterações dessas regras ,assim com o caráter delas- se expansionista ou 
restritiva- podem ser vistas na Tabela 3. 
 
Tabela 3- Principais alterações nos Compulsórios e Redesconto 
 
 
Principais Medidas 
 
Caráter 
 
Principais Alterações 
 
Medida Provisória n° 442 
6.10.2008 
Restritivo 
Confere ao Conselho Monetário Nacional assegurar 
níveis adequados de liquidez cabendo ao BCB na 
ocorrência de inadimplemento alienar os ativos 
recebidos em operações de redesconto ou em 
garantia de empréstimo. 
Resolução n° 3622 9.10.2008 Restritivo 
Autorizou o BCB a impor à instituição financeira 
adoção de limites operacionais mais restritivos além 
de vedar à exploração de nova linha de negócios. 
Circular n° 3.408 
8.10.2008 
Expansionista 
1) Reduziu a alíquota adicional dos depósitos 
compulsórios sobre recursos a vista e a prazo de 8% 
para 5%. 
2) elevou o limite de dedução do compulsório de 
R$ 300 milhões, fruto da Circular n° 3.262 de 
19/11/2004, para R$ 700 milhões. 
Circular n° 3.409 10.10.2008 
 
Expansionista 
O Banco Central do Brasil dispensará, em caráter 
excepcional, o cumprimento de exigibilidades de 
recolhimentos compulsórios e encaixes obrigatórios 
de instituição financeira que formalizar pedido de 
redesconto, até o valor da operação e pelo prazo 
necessário à sua análise. 
Circular n° 3.410 13.10.2008 
 
Expansionista 
Elevou o limite de dedução do compulsório de R$ 
700 milhões para R$ 2 bilhões. 
Circular n° 3.413 14.10.2008 Expansionista 
Reduziu a alíquota relativa aos recolhimentos de 
compulsórios sobre recursos a vista de 45% para 
42%. 
Circular n° 3.417 30.10.2008 
Expansionista 
 
Possibilitou o abatimento até o limite de 70% dos 
recolhimentos sobre aquisições e depósitos 
interfinanceiros. 
Circular n° 3.426 19.12.2008 
Expansionista 
 
Reduziu mais uma vez a alíquota da exigibilidade 
adicional sobre recursos a prazo de 5% para 4% 
produzindo efeitos a partir de 19 de janeiro de 2009. 
Circular n° 3.427 19.12.2008 
 
Expansionista 
 
1) Reduziu a parcela em espécie dos recolhimentos 
compulsórios sobre depósitos a prazo de 70% para 
60% 
2) Incluiu os depósitos interfinanceiros captados de 
sociedades de arrendamento mercantil na base de 
14 
 
cálculo dos valores sujeitos a recolhimento de 
recursos a prazo 
3) Prorrogou o prazo para aquisições de ativos e 
aplicações em depósitos interfinanceiros entre 
instituições financeiras de 31 de dezembro de 2008 
para 31 de março de 2009. 
 
Fonte: Elaboração dos autores baseado no Boletim anual do Banco Central do Brasil, 2008. 
 
Ao todo, de 24 de setembro de 2008 a 19 de janeiro de 2009 as alterações nas regras dos 
compulsórios, conforme dados do BCB proporcionaram a liberação efetiva de R$ 99,8 bilhões do 
saldo dessa conta.
ix
. De acordo com Almeida (2008, p.57) os R$100 bilhões que antes os bancos 
recolhiam compulsoriamente ao Banco Central juntamente com uma ação deliberada de política 
bancária para evitar uma crise nos bancos de menor porte, na qual 57 instituições públicas adquiriram 
participações e compraram carteiras de crédito de bancos em dificuldades, a medida de aumento de 
liquidez foi relevante, pois abortou a possibilidade de corrida bancária ou de dúvidas sobre a situação 
de liquidez dos bancos brasileiros. Por outro lado, não há unanimidade quanto à eficácia dos 
compulsórios. 
 
A estratégia de redução das alíquotas dos recolhimentos compulsórios adotada pelo 
BCB se revelou inócua, pois, dada a preferência pela liquidez dos bancos e a possibilidade de 
aplicação, líquida, rentável e de baixíssimo risco, em títulos públicos, os bancos privados 
simplesmente não ampliaram o crédito. A liquidez só voltou a fluir quando, em março de 2009, 
o governo decidiu garantir, mediante o Fundo Garantidor de Crédito, os recibos de depósito 
bancário (RDB) até 20 milhões de reais por aplicador, sem liquidez diária, emitidos com prazo 
de no mínimo seis meses e no máximo cinco anos, com teto para as p as captações por 
instituição financeira no valor máximo de 5 bilhões de reais.(FREITAS,2009 p.139) 
 
O fato é que o compulsório em termos reais no ultimo trimestre de 2008 apresentou importante 
declínio (Graf. 10). O saldo total dos recolhimentos compulsórios em termos reais (deflacionado pelo 
IPCA), em setembro de 2008, equivalia a R$ 111 bilhões e em dezembro passou para R$ 54 bilhões 
(queda equivalente a 51,7%). Basicamente o compulsório manteve-se no nível de R$ 54 bilhões até 
dezembro de 2009. 
 
Gráfico 10- Depósitos Compulsórios- valores deflacionados pelo IPCA 
Saldo em bilhões de reais. 
 
Fonte: Elaboração dos autores baseada em Série temporal do BCB 
 
Com relação a redesconto as taxas de juros cobradas nessa operação possuem um caráter 
punitivo, sendo maiores do que as taxas do mercado interbancário. Ao diminuir a taxa do redesconto o 
BCB entendeu que os bancos teriam incentivos a diminuir suas reservas por conta das facilidades 
proporcionadas pelo emprestador de última instância. Para era evitar assunção exagerada de riscos pelo 
setor bancário, aumentando o risco moral no sistema, o BCB argumentou que apesar de ter como 
 
ix
 Dados obtidos no relatório anual de 2009 – seção moeda e crédito. 
0 
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9 
15 
 
objetivo final o aumento da liquidez na economia, foi novamente “obrigado” a adotar uma postura 
mais restritiva, em nome da prudência, conforme destacado na Medida Provisória 442 (6.10.2008), na 
Resolução 3.622 (9.10.2008). Contudo em meio a essas medidas de restrição pode-se observar uma 
medida de caráter tipicamente expansionista que combina o redesconto com as reservas compulsórias. 
Seu texto está no artigo 3° da Circular n° 3.409 de 10 de outubro de 2008, “O Banco Central do Brasil 
dispensará, em caráter excepcional o cumprimento de exigibilidade de recolhimentos compulsórios e 
encaixes obrigatórios de instituição financeira que formalizar pedido de redesconto, até o valor da 
operação e pelo prazo necessário a sua análise”. Isso quer dizer que se um banco está em dificuldade 
de liquidez e precisa utilizar o redesconto, o BCB desconsiderará os recolhimentos compulsórios e 
encaixes obrigatórios desse banco se ele estiver dentro do valor da operação e do prazo de análise. 
O gráfico 11, mostra que no período de outubro a março exatamente no auge da crise, ocorreu 
uma forte queda no redesconto justificado pelo BCB sua atuação “cautelosa” ao evitar que os bancos 
se arriscassem diante do ponto crítico da crise. 
 
Gráfico 11- Redesconto acumulado em R$ bilhões- valores deflacionado pelo IPCA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Fonte: Elaboração dos autores baseada em série temporal do BCB. 
 
 Durante o último trimestre de 2008, a autoridade monetária com o propósito de aumentar a 
liquidez na economia, através do open market obteve um resgate líquido de R$21,2 dereais em títulos 
públicos no mercado primário. No ano de 2009 tal política permaneceu, embora tendencialmente em 
queda havendo um resgate líquido total em 2009 de R$95,8 bilhões de reais em títulos no mercado 
primário. (Graf. 12). 
 
Gráfico12- Colocações líquidas de títulos públicos –R$ bilhões 
 valores deflacionados pelo IPCA 
 
 
 
 Fonte: Elaboração dos autores a partir dos dados e série temporal do BCB 
 
0,00 
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20,00 
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out-dez/08 jan-mar/09 abr-jun/09 jul-set/09 out-dez/09 
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out/08 nov/08 dez/08 jan/09 fev/09 mar/09 
16 
 
Em síntese: o BCB durante o auge da crise buscou estimular a liquidez através das medidas 
observadas pelos instrumentos dos compulsórios e através das operações de mercado aberto. 
Entretanto, as demais políticas monetárias não tiveram um caráter anticíclico. A política do redesconto 
foi restritiva e quanto à redução da taxa básica de juros foi feita tardiamente e, portanto foi inócua para 
explicar a recuperação da economia. Isto significa que a política monetária nesse período foi 
incoerente quanto a objetivos, pois dois instrumentos foram direcionados a expansão e dois a restrição. 
 
Conclusão 
 A partir dos argumentos expostos neste trabalho pode-se concluir que os bancos são 
uma peça fundamental para o desenvolvimento econômico, pois como posto pelos pós-keynesianos 
eles não são apenas intermediadores nas transações financeiras das partes superavitárias para as 
deficitárias, mas são agentes ativos que atuam dinamicamente nos dois lados do seu balanço, 
impactando as condições de financiamento da economia e o nível geral de gasto dos agentes, dessa 
maneira, influenciam as variáveis econômicas reais. 
Conforme visto na seção 2, com relação aos bancos públicos sua função vai além de um 
simples banco comercial. Na verdade ele é um agente que desempenha sobretudo, um papel de 
reverter expectativas negativas do mercado diante de uma crise financeira. 
A seção 3 teve como objetivo avaliar o papel dos bancos públicos diante da crise financeira de 
2008. Tendo como base as análises estatístico-descritivas de variáveis do setor bancário foi 
comprovada a teoria vista na seção 2. Estes tiveram a incumbência de reverter o quadro de 
deterioração das expectativas e “empossamento de liquidez”, e o fizeram através da redução dos 
spreads bancários e do aumento da participação na concessão de crédito comparativamente aos bancos 
privados no ano de 2009. 
 Para finalizar a seção 4 demonstrou que o BCB agiu de uma forma incoerente diante da crise. 
Se de um lado tomou medidas restritivas como o redesconto e a taxa Selic, de outro afrouxou a 
liquidez via redução do compulsório e resgate de títulos no mercado aberto. Assim, a política 
monetária teve um papel secundário na reativação da economia. 
Dessa forma é validada a hipótese proposta na introdução, de que a atuação dos bancos 
públicos foi o fator determinante para o enfrentamento e minimização dos efeitos danosos da crise 
mundial de 2008. 
 
 
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19 
 
Anexo I 
 
BALANÇO DE PAGAMENTOS (US$ milhões) 
 
Discriminação 2005 2006 2007 2008 2009Transações 
correntes 
13.984,66 13642,60 1.550,73 -28.192,26 -24.302.26 
Balança 
Comercial 
44.702,88 46.456,63 40.031,63 24.835,75 25.289,81 
Exportações 118.308,39 137.807,47 160.649,07 197.942,44 152.994,74 
Importações 73.605,51 91.350,84 120.617,45 173.106,69 127704,94 
Serviços e 
Renda 
-34.275,99 -37.120,36 -42.509,89 -57.929,58 -52.929,58 
Transferências 
unilaterais 
3.557,77 4.306,33 4.028,99 4.223,87 3.337,51 
Conta capital 
e financeira 
-9.464,05 16.298,82 89.085,60 29.351,65 71.300,60 
Erros e 
Omissões 
-201,15 627,69 -3.152,08 1.809,44 -347,35 
Resultado do 
Balanço 
4.319,46 30.569,12 87.484,25 2.969,07 46.650,99 
Fonte: Banco Central do Brasil .Elaboração dos autores 
 
 
 
 
 
Anexo II 
 
 
 
Gráfico 13-PIB Anual- Saldo em trilhões de reais (2008-2009) 
 (valores deflacionados pelo IPCA) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: Banco Central do Brasil. Elaboração dos autores 
 
 
 
 
20 
520 
1020 
1520 
2020 
2520 
3020 
20 
 
Gráfico 14-Formação Bruta de Capital Fixo- saldo em bilhões de reais 
 (valores deflacionados pelo IPCA) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Fonte: Banco Central do Brasil. Elaboração dos autores. 
 Fonte: Banco Central do Brasil. Elaboração dos autores 
 
Gráfico 15-Admissão e Demissões de pessoal 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Fonte:CAGED.Elaboração dos autores 
 
 Gráfico 16-Consumo das famílias (R$ bilhões) dados deflacionados 
pelo IPCA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: Ipeadata. 
 
 
 
 
 
100 
110 
120 
130 
140 
150 
160 
170 
1T/08 2T/08 3T/08 4T/08 1T/09 2T/09 3T/09 4T/09 
-400000 
-200000 
0 
200000 
400000 
600000 
800000 
1000000 
1200000 
1400000 
1600000 
1800000 
1T/08 2T/08 3T/08 4T/08 1T/09 2T/09 3T/09 4T/09 
admissão demissão saldo 
R$ 360,00 R$ 390,00 R$ 420,00 R$ 450,00 R$ 480,00 R$ 510,00 
1T/08 
2T/08 
3T/08 
4T/08 
1T/09 
2T/09 
3T/09 
4T/09 
21

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