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Fim da personalidade

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Art. 6º - A existência da pessoa natural termina com a morte; presume-se esta quanto aos ausentes, nos casos em que a lei autoriza a abertura da sucessão definitiva.
Fim da personalidade jurídica da pessoa natural
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I – Se for extremamente provável a morte de quem estava em perigo de vida;
II – Se alguém, desaparecido em campanha ou feito prisioneiro, não for encontrado até dois anos após o término da guerra.
Parágrafo único: A declaração de morte presumida, nesses casos, somente poderá ser requerida depois de esgotadas as buscas e averiguações, devendo a sentença fixar a data provável do falecimento.
Art. 7º - Pode ser declarada a morte presumida, sem decretação da ausência:
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Art. 8º - Se dois ou mais indivíduos falecerem na mesma ocasião, não se podendo averiguar se algum dos comorientes precedeu aos outros, presumir-se-ão simultaneamente mortos.
Comoriência
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a) Real: paralisação das atividades cerebrais em caráter definitivo;
Morte encefálica;
Prova: atestado de óbito emitido por médico; art. 77 da LRP.
b) Presumida:
Não há cadáver, mas juízo de probabilidade da ocorrência da morte;
A sentença não faz coisa julgada;
Retorno do ausente: proteção ao mesmo e aos terceiros de boa-fé;
I) Com ausência: faz prova a sentença definitiva de ausência, após 10 anos do trânsito em julgado da sentença de abertura da sucessão provisória; art. 6º in fine c/c art. 37 e ss.;
II) Sem ausência: perigo de vida; medida cabível: ação de justificação de óbito (arts. 861 a 866 do CPC); art. 88 da LRP c/c art. 7º do CC; faz prova a sentença.
c) Civil:
Perda da personalidade civil em vida;
Não prevista no nosso ordenamento;
Origem romana (cidadão escravizados, religiosos na idade média);
Para alguns doutrinadores, resquício no art. 1.816 e art. 7º do Dec. Lei 3.038/41 “Uma vez declarado indigno do oficialato, ou com ele incompativel, perderá o militar seu posto e respectiva patente, ressalvada à sua família o direito à percepção das suas pensões, como se houvesse falecido. “
Morte – Espécies:
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LRP:
Art. 77. Nenhum sepultamento será feito sem certidão de oficial de registro do lugar do falecimento, extraída após a lavratura do assento de óbito, em vista do atestado de médico, se houver no lugar, ou, em caso contrário, de duas pessoas qualificadas, que tiverem presenciado ou verificado a morte. 
(...)
Art. 88. Poderão os Juízes togados admitir justificação para o assento de óbito de pessoas desaparecidas em naufrágio, inundação, incêndio, terremoto ou qualquer outra catástrofe, quando estiver provada a sua presença no local do desastre e não for possível encontrar-se o cadáver para exame. Parágrafo único. Será também admitida a justificação no caso de desaparecimento em campanha, provados a impossibilidade de ter sido feito o registro nos termos do artigo 85 e os fatos que convençam da ocorrência do óbito.
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Não foi definida pelo CC; deduzida pela doação de órgãos: morte encefálica (estado de coma irreversível; art. 3º da Lei 9.434/97) – exigências: exame específico e causa conhecida;
Recurso à medicina legal (critérios de esfriamento, enrijecimento, manchas, putrefação...);
Comoriência:
Presunção relativa;
Possibilidade de causa e local diferentes;
Aplicável às pessoas com vínculo sucessório entre si (art. 1.829);
Outros países: premoriência;
≠ Morte cerebral: estado vegetativo persistente; Morte clínica: parada cardíaca e respiratória.
Momento da morte:
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Dissolução do casamento (art. 1.571, §1º);
Extinção de contrato personalíssimo, do poder familiar (art. 1.635, I)...
Financeiros: concessão de pensão (provisória ou vitalícia; morte presumida ou real), incidência de imposto de transmissão de bens, pagamento de seguro de vida...
Registro público (art. 77 e ss. da Lei 6.015/73);
Abertura de sucessão definitiva;
Não admitida cremação em caso de morte violenta e identificação desconhecida do cadáver;
Doação do corpo para estudo (lei 8.501/92);
Doação de órgãos (art. 6º da Lei 9. 434/97)
Efeitos:
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Lei 8.501/92
Art. 2° O cadáver não reclamado junto às autoridades públicas, no prazo de trinta dias, poderá ser destinado às escolas de medicina, para fins de ensino e de pesquisa de caráter científico.
Art. 3° Será destinado para estudo, na forma do artigo anterior, o cadáver:
 -- sem qualquer documentação;
II -- identificado, sobre o qual inexistem informações relativas a endereços de parentes ou responsáveis legais.
§ 1° Na hipótese do inciso II deste artigo, a autoridade competente fará publicar, nos principais jornais da cidade, a título de utilidade pública, pelo menos dez dias, a notícia do falecimento.
§ 2° Se a morte resultar de causa não natural, o corpo será, obrigatoriamente, submetido à necropsia no órgão competente.
§ 3° É defeso encaminhar o cadáver para fins de estudo, quando houver indício de que a morte tenha resultado de ação criminosa.
§ 4° Para fins de reconhecimento, a autoridade ou instituição responsável manterá, sobre o falecido:
a) os dados relativos às características gerais;
b) a identificação;
c) as fotos do corpo;
d) a ficha datiloscópica;
e) o resultado da necropsia, se efetuada; e
f) outros dados e documentos julgados pertinentes.
Art. 4° Cumpridas as exigências estabelecidas nos artigos anteriores, o cadáver poderá ser liberado para fins de estudo.
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"Ao curvar-te com a lâmina rija de teu bisturi sobre o cadáver desconhecido, lembra-te que este corpo nasceu do amor de duas almas; cresceu embalado pela fé e esperança daquela que em seu seio o agasalhou, sorriu e sonhou os mesmos sonhos das crianças e dos jovens; por certo amou e foi amado e sentiu saudades dos outros que partiram, acalentou um amanhã feliz e agora jaz na fria lousa, sem que por ele tivesse derramado uma lágrima sequer, sem que tivesse uma só prece. Seu nome só Deus o sabe; mas o destino inexorável deu-lhe o poder e a grandeza de servir a humanidade que por ele passou indiferente."
Karl Rokitansky
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Respeito à manifestação de última vontade;
Respeito ao cadáver (CP – arts. 209 e ss. e art. 8º da Lei 9.434/97);
Respeito à memória do morto (art. 12, parágrafo único);
Promoções e condecorações.
Exceções ao princípio Mors omni solvit
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Fases (arts. 22 ao 39 do CC e 1159 a 1169 do CPC):
1ª) Curadoria do ausente:
Convencimento do magistrado da ausência (tempo e circunstâncias indefinidos – art. 22);
b) Se o ausente não tiver deixado representante legal ou procurador ou se este não quiser ou puder exercer ou continuar a exercer o mandato, declarar-se-á a ausência e nomear-se-á curador – art. 23
c) Se o ausente tiver deixado representante legal ou procurador não se declara a ausência, nem se nomeia;
d) Fixação dos poderes e deveres do curador – art. 24 e 1.144 – CPC (protutor, prestação de contas, depositário e administrador judiciais etc);
e) Escolha do curador - art. 25 (arts. 1.735/36, 1775, 1830);
f) Arrecadação dos bens do ausente (art. 1.160 do CPC);
g) Publicação de editais de dois em dois meses (art. 1.161 do CPC).
Instituto da ausência:
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Após um ano da publicação do primeiro edital (ou três anos se deixou representante legal):
I ) Retorno do ausente: assume seus bens e extinção do procedimento;
II) Certeza da morte do ausente: provado o óbito, converte-se em inventário;
III) Persistência da ausência: dá-se início à segunda fase (sucessão provisória).
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Procedimento:
Pedido de Interessados ou do MP (arts. 26 e 27 do CC; art. 1.163 do CPC):
Decretação de ausência e nomeação de curador (se havia deixado representante ou procurador)
Citação do curador e dos herdeiros para que se habilitem.
Julgamento das habilitações;
Sentença determinando a abertura da sucessão – validade 180 dias após publicada (art. 28 do CC e 1.165 do CPC e art. 104 da LRP);
Trânsito em julgado da sentença (art. 28):
Abertura de testamento ou inventário e partilha dos bens (art. 28);
Ausência de interessados (arts. 28, §2º e 1.819 a 1.823 do CC e 1.142 e ss. do CPC);
2ª) Sucessão
Provisória:
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i) Conversão de bens sujeitos à deterioração (art. 29);
j) Imissão na posse dos bens: garantia de restituição pelos colaterais;
l) Dispensados/impossibilitados de dar garantia (art.30 e 34);
m) Proibição de alienação dos bens (art. 31);
n) Herdeiros presumidos: representantes legais do ausente; direito aos frutos e rendimentos dos bens (os colaterais, à metade, devendo prestar contas anualmente (arts. 32 e 33));
Hipóteses:
Certeza da morte – conversão da sucessão provisória em definitiva e levantamento de cauções (art. 35);
Retorno do ausente cessa a sucessão provisória (ausência justificada ou não – perda dos frutos e rendimentos no 2º caso; devolução dos bens, cessação das vantagens dos sucessores e medidas assecuratórias dos bens (art. 36);
Persistência da ausência – dá-se início à terceira fase (arts. 36 e ss. do CC e 1.167 do CPC).
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a) Certeza da morte do ausente, comprovada mediante certidão de óbito (art. 1.167, I do CPC);
b) 10 anos após o trânsito em julgado da sentença que concedeu a abertura da sucessão provisória (arts. 37 do CC e 1.167,II do CPC);
5 anos a contar das últimas notícias, se o ausente contava 80 anos de vida (arts. 38 do CC e 1.167,III do CPC);
Ausência de interessados: herança vacante (arts. 39, § único e 1.822).
Efeitos:
I) Presunção da morte do ausente (art. 6º, 2ª parte);
II) Averbação da sentença no Cartório de Registro Civil (ex. art. 6º, § 4º da lei 6.683/79 – lei da anistia);
III) Dissolução do casamento (art. 1.571, §1º) e extinção do poder familiar (art. 1.635, I);
IV) Levantamento das cauções prestadas pelos herdeiros (art. 37);
V) Imissão na posse dos herdeiros que não haviam podido prestar caução;
VI) Aquisição da propriedade resolúvel (art. 37).
Retorno do ausente ou de algum herdeiro mais próximo até 10 anos após a sucessão definitiva: entrega dos bens existentes no estado em que se encontrem ou o preço que os herdeiros e demais interessados tiverem recebido pelos bens alienados ou os sub-rogados (art. 39); 
Não retorno do ausente: herança vacante ou propriedade definitiva aos herdeiros.
3ª) Sucessão Definitiva
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Sucessão sem bens. Processo: AC 15556 MG 2002.01.99.015556-6
1 - A Autora apelou de sentença que julgou extinto o processo por falta de objeto, já que seu marido não possuía bens.
2 - Em emenda à inicial, a Requerente esclareceu que seu intento era a percepção de pensão previdenciária, eis que seu esposo trabalhou por vários anos em uma companhia energética.
3 - A justificativa para conceder a declaração de ausência do marido da Autora está disposta no artigo 78 da Lei 8.213/91. Precedente: (TRF, 1ª Região, 2ª Turma, AC 92.01.12859-2/MG) 4 - Inequívoco, pois, o interesse processual a justificar a existência da presente ação, razão pela qual impõe-se a reforma da sentença.
5 - Apelação provida para anular a sentença e determinar o processo regular da ação junto ao juízo de origem.

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