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Urbanização da maior favela da Ásia

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UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ
MBA EM ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Fichamento de Estudo de Caso
Ana Carolina Sbardelotti
Trabalho da disciplina Poder Local e Sociedade,
 Tutor: Prof. Carla Rabelo Barrigio
Rio de Janeiro/RJ
2018
Estudo de Caso de Harvard: Dhãrãvi: urbanização da maior favela da Ásia (B)
Referência: IYNER, Laksmi; MACOMBER, John; Harvard Business School, 711-P04, 29 de maio de 2011.
Mumbai é a maior cidade da Índia e uma das maiores do mundo, centro da economia indiana e a cidade mais rica do país. O seu crescimento a tornou uma das cidades mais densas do mundo. A cidade tem favelas muito grandes com milhares de habitantes, mas geralmente não são perigosas, são apenas “bairros” informais pobres, muito povoados, com moradias básicas e suas condições de saneamento e infraestrutura são extremamente precárias.
O Governo do estado de Maharashtra, desde 2008 tem a intenção de realizar projeto de urbanização da Maior Favela de Mumbai, Dharavi, visando proporcionar moradia adequada e condições básicas de vida à comunidade que ali reside.
No primeiro semestre de 2009, foi nomeado o pelo governo de Maharashtra, o Comitê de Avaliação do (DRP) Projeto de Urbanização de Dharavi, o projeto tinha como objetivo urbanizar a maior favela de Mumbai por meio de parceria público privada. 
O Comitê formado por vários especialistas, dentre eles, arquitetos, planejadores etc, criticou duramente o consultor que havia desenvolvido o projeto, Mukesh Mehta. A argumentação era que os consultores não possuíam experiência e qualificação para um projeto de tal magnitude. Mesmo assim, a licitação foi agendada e vários consórcios enviaram suas propostas do projeto de U$$ 3 bilhões. Em março 14 propostas foram avaliadas tecnicamente.
Após dois adiamentos durante o primeiro semestre de 2009, a licitação foi suspensa indefinidamente, o governo não queria dar seguimento ao processo sem a regulamentação de questões como o FSI (Índice de construção) e a divisão por metro quadrado para cada residência. Foram levantadas questões que as condições da licitação favoreciam alguns incorporadores.
Em julho do mesmo ano, após várias cartas serem enviadas ao governo e sem resposta, o Comitê se manifestou por meio de uma carta aberta descrevendo o DRP como “um sofisticado esquema de apropriação de terras”, oferecendo moradias aos habitantes, em uma área 50% menor do que a habitada até então. O restante da área seria explorado comercialmente, ou seja, o projeto estava sendo conduzido de acordo com interesses pessoais e não sociais.
Em fevereiro de 2010, um comitê responsável por dirimir questões que atravancassem o projeto, sugeriu inicialmente que o valor mínimo das propostas fosse aumentado de 4.500 rupias para 21.400 rupias por metro quadrado, e que o processo para os cinco setores fosse realizado em etapas diferentes, e não todas de uma única vez. Tal atitude, desestimulou os incorporadores.
Mesmo após a intervenção do comitê, o projeto não seguiu em frente, decisões vindas de cima para baixo sem participação dos interessados, no caso, a população de Dharavi, não seria de todo satisfatória e não contemplaria o maior número possível, e seria mais uma política pública sem o seu verdadeiro sentido prático e objetivo. As políticas públicas têm o papel de contribuir com a melhoria das condições de vida dos cidadãos, independente da classe social.
Até março de 2011, o Governo não obteve êxito em realizar a licitação para efetivação do projeto, pois pode-se observar que havia práticas duvidosas para materialização do certame, desrespeitando o interesse público causando, prejuízos ao erário, bem como a comunidade local da maior favela de Mumbai. Assim, a própria comunidade não permitiu que fosse dado prosseguimento ao processo, pois sua realização não atenderia suas necessidades.
Após tanto tempo para realização da licitação, entre 2009 e 2011, e várias suspensões do certame, os consórcios já não tinham mais interesse em uma obra de tal magnitude, pois a crise econômica global e os problemas financeiros dos parceiros internacionais, tornava aquele projeto inviável financeiramente, mesmo para os grandes incorporadores, não era um momento propicio.
Em Mumbai, outros projetos de urbanização foram iniciados, um dos maiores foi o Projeto Golibar em Santa Cruz, o projeto foi iniciado lentamente por causa das restrições financeiras.
Podemos citar ainda, o primeiro projeto de urbanização de favela de Délhi, contemplando a colônia de Kathputli, que foi concedido à Raheja Developers em 2009, e até março de 2011 as obras ainda não tinham sido iniciadas.
Observa-se que no caso estudado houve falhas do Estado em suas políticas públicas, pois não foi possível garantir de forma eficiente para aqueles cidadãos residentes de Dharavi, o direito à moradia, segurança, saúde, educação, sobrepondo o interesse individual ao interesse público.
Assim, temos mais um caso de descaso social, onde, o Estado falha em suprir o povo de condições básicas de sobrevivência em prol de seus próprios interesses. 
Por fim, para refletir mais sobre a situação global, continuam surgindo mais e mais favelas por todo o mundo, refletindo a incapacidade de muitos governantes em atender de forma eficaz seus povos.
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