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Pscicologia Socio Interacionista (4º Semestre) - Conetúdo Online UNIP

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Prévia do material em texto

PSICOLOGIA SÓCIO-INTERACIONISTA
 
APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA (Módulo 0)
 
Organização do material:
 
Nesta disciplina, você terá oportunidade de estudar a teoria do desenvolvimento psicológico de Lev 
S. Vygotsky (1896-1934) e sua abordagem Sócio-Interacionista do desenvolvimento e da 
aprendizagem. Estudará também a teoria do desenvolvimento psicológico de Henri Wallon 
(1879-1962) e sua concepção dialética do desenvolvimento infantil. 
 
O material poderá ser utilizado como orientação para seu estudo e como complemento das 
atividades realizadas nas aulas presenciais.
 
O programa da disciplina está distribuído em 8 módulos, que devem ser estudados ao longo do 
semestre letivo. Alguns tópicos serão objeto de avaliação na NP1 (Módulos 1 a 4) e outros serão 
avaliados na NP2 (Módulos 5 a 8).
 
Sugerimos que você siga a ordem abaixo apresentada, ao planejar seu estudo, uma vez que os temas 
mantém entre si uma relação lógica.
 
Módulo 1:
Vygotsky: vida e obra.
Bases da teoria vygotskiana.
Mediação simbólica: instrumentos e signos.
 
Módulo 2:
Pensamento e linguagem.
O significado das palavras.
O discurso interior e a fala egocêntrica.
 
Módulo 3:
Desenvolvimento e aprendizado.
O conceito de zona de desenvolvimento proximal.
O papel da intervenção pedagógica no desenvolvimento.
 
Módulo 4:
Brinquedo e desenvolvimento.
A evolução da escrita na criança.
A mediação da percepção, atenção e memória.
 
Módulo 5:
Henri Wallon: vida e obra.
Método de pesquisa: análise genética comparativa multidimensional.
Principais conceitos da teoria de Wallon.
 
 
Módulo 6:
Psicogênese da Pessoa Completa
Impulsivo Emocional
Sensório Motor e Projetivo
 
Módulo 7:
Personalismo
Categorial
Puberdade e Adolescência
 
Módulo 8:
A questão da afetividade na teoria de Wallon.
Wallon e a Educação.
Wallon e a Psicologia.
 
 
Em cada um dos módulos, haverá uma breve apresentação do assunto, indicação de material para 
leitura, atividades de estudo e exercícios de verificação da aprendizagem. Lembre-se que a mera 
realização dos exercícios não permitirá a aprendizagem dos temas. É imprescindível que você 
realize todas as atividades descritas em cada módulo.
 
O presente conteúdo, por se tratar da apresentação do curso, não inclui exercícios. 
 
Bibliografia:
 
A Bibliografia apresentada a seguir relaciona as obras consideradas importantes para o estudo dos 
temas. Em cada módulo, serão indicados os trechos específicos que devem ser lidos.
 
 
Bibliografia Básica:
 
MAHONEY, A. A.; ALMEIDA, L. (org.) Henri Wallon. Psicologia e Educação. São Paulo: 
Loyola, 2000.
 
OLIVEIRA, M. K. Vygotsky. Aprendizado e Desenvolvimento um processo sócio-histórico. 4ª 
ed. São Paulo: Scipione, 1997.
 
VEER, R. V. D; VALSNER, J. Vygotsky uma síntese. São Paulo: Loyola, 1991.
 
 
Bibliografia Complementar:
 
BOCK, A. M. B.; GONÇALVES, M. G. M.; FURTADO, O. (orgs). Psicologia Sócio-histórica. 3ª 
ed. São Paulo: Cortez, 2007.
 
VYGOTSKY, L. S. A Formação Social da Mente. (Trad. José Cipolla Neto; Luís Silveira Menna 
Barreto; Solange Castro Afeche). São Paulo: Martins Fontes, 2007.
 
VYGOTSKY, L. S. A construção do pensamento e da linguagem.(Trad. Paul Bezerra). São 
Paulo: Martins Fontes, 2001.
 
WALLON, H. (1941) A evolução psicológica da criança. (Trad. Claudia Berliner) São Paulo: 
Martins Fontes, 2007.
 
MALUF, M. R; MOZZER, G. N. S. Operações com signos em crianças de 5 a 7 anos. In: 
Psicologia: Teoria e Pesquisa. Brasília, vol. 16, nº 1, jan./abr. 2000. www.scielo.br/pdf/ptp/
v16n1/4389.pdf
 
MAHONEY, A. A.; ALMEIDA, L. (org.) Constituição da pessoa na proposta de Henri Wallon. 
São Paulo: Loyola, 2004.
 
 
Além destas referências, é desejável que você recorra a outras fontes, caso queira se aprofundar em 
algum tópico específico do programa. É importante que, em sua pesquisa, você recorra a fontes 
confiáveis. Indicamos a seguir alguns endereços eletrônicos cuja consulta é recomendada:
 
BIBLIOTECA DIGITAL DE TESES E DISSERTAÇÕES (USP)
http://www.teses.usp.br/
 
PEPSIC – PERIÓDICOS ELETRÔNICOS EM PSICOLOGIA
http://pepsic.bvs-psi.org.br/scielo.php
 
BIBLIOTECA VIRTUAL EM SAÚDE (BVS) - www.bvs-psi.org.br
 
PERIÓDICOS CAPES - www.periodicos.capes.gov.br
 
DVD Coleção Grandes Educadores – Lev Vygotsky com apresentação de Marta Kohl de Oliveira 
(ATTA mídia e educação - Editora Paulus www.paulus.com.br)
 
DVD Coleção Grandes Educadores – Henri Wallon com apresentação de Heloisa Dantas (ATTA 
mídia e educação - Editora Paulus www.paulus.com.br)
Se você necessitar de informações adicionais para ampliar seus conhecimentos, solicite-as do 
professor, nas aulas presenciais.
 
 
Módulo 1
 
 
(A) Vygotsky: vida e obra.
 
Leitura Obrigatória: 
OLIVEIRA, M. K. Vygotsky. Aprendizado e 
Desenvolvimento um processo sócio-histórico. 1ª ed. 
Coleção Pensamento e Ação na sala de aula. São Paulo: 
Scipione, 2010.
Leitura para Aprofundamento:
VEER, R. V. D; VALSNER, J. Vygotsky uma síntese. São 
Paulo: Loyola, 1996.
 
 
Diferentemente de outros teóricos, Vygotsky não pode escrever 
sua autobiografia, pois morreu muito cedo. Os dados 
biográficos são escritos por Vander Veer (1991) a partir dos 
relatos de amigos e parentes. A seguir é apresentada uma 
síntese de sua história e os principais fatos que marcaram a 
construção de sua obra.
 
1896 – nasceu em Orsha, Bielo Rússia, no dia 5 de novembro 
de 1896. O sobrenome Vygodsky significa aquele que vem da 
aldeia vygotovo; não se sabe por que Vygotsky assinava dessa 
forma. Há variações de tradução encontradas: Vygotsky (inglês 
e português), Vygotski (francês), Vigotsky (espanhol), 
Vigotskij (italiano), portanto, todas elas estão corretas.
 
Vygotsky é o segundo de uma família de oito filhos. Os pais 
eram membros bem instruídos da comunidade judaica de 
Gomel e mantinham as tradições judaicas (educação 
tradicional). Sua mãe era professora e seu pai trabalhava como 
chefe de departamento no Banco Unido e como representante 
de uma companhia de seguros. Possuíam boas condições 
financeiras, todos os filhos tiveram tutores. Moravam em um 
amplo apartamento, em um território de assentamento na 
cidade (PALE), que possuía uma ampla biblioteca. Quando 
jovem, seus hobbies eram: coleção de selos, xadrez, 
correspondência em esperanto, discussão de assuntos abstratos 
com amigos, teatro.
 
1905 – (9 anos) – Revolução popular contra o czar. Acentua-se 
a crise social na Rússia.
1911 (15 anos) – Ingressou pela 1ª vez numa instituição 
escolar, após anos de instrução com tutores particulares, além 
de seus próprios pais (Gymnasium, judeu particular, em 
Gomel).
1913 (17 anos) – Forma-se no curso secundário com medalha 
de ouro. Isso lhe permite ingressar na Universidade de 
Moscou, no curso de direito.
1914 (18 anos) – Estuda na Universidade Popular de 
Shanyavskii – história, filosofia, literatura, arte, psicologia, 
psicanálise.
1916 (20 anos) – Escreve A tragédia de Hamlet: príncipe da 
Dinamarca.
1917 (21 anos) – Forma-se em direito na Universidade de 
Moscou. Revolução Russa. É criado o Conselho dos 
Comissários do Povo, presidido por Lênin.
1917-1923 (21-27 anos) – Volta para Gomel, leciona literatura 
e psicologia. As razões que levaram Vygotsky a retornar a sua 
terra natal não são claras, algumas hipóteses dos biógrafos são: 
os pais estavam empobrecidos em função da Revolução e ele 
volta para ajuda-los; porque não conseguiu permissão para 
ficar em Moscou; para se casar com Roza Smekhova.
 
Este é um período vazio na história das publicações de 
Vygotsky que ainda está para ser explicado. Atividades 
profissionais que exerce nesse período são: deu aulas na Escola 
Trabalhista Soviética, no Colégio Pedagógico de Gomel 
(Laboratório Psicológico), na Escola Noturna para 
Trabalhadores Adultos, e em cursos preparatórios para 
pedagogos. Além disso, reunia-se com amigos noque chamava 
de “Segundas-Feiras Literárias”, para discutir assuntos de 
literatura, língua russa, lógica, psicologia, pedagogia.
 
1918 (22 anos) – Funda duas editoras com Semyon Dobkin e 
David Vygodsky.
1920 (24 anos) – Seu irmão contrai tuberculose e Vygotsky vai 
ajudá-lo, mas contrai também a doença. Na época não havia 
tratamento muito menos a cura da doença e a morte era rápida, 
mas Vygotsky vive inexplicavelmente com esta doença por 14 
anos, com muito sofrimento físico e psicológico.
1922 (26 anos) – Centralização do poder. Stalin é nomeado 
secretário-geral do Partido Comunista. Constituição da URSS.
1924 (28 anos) – Participa da conferência no II Congresso de 
Psiconeurologia de Leningrado e conhece Luria e Leontiev, 
dois grandes amigos e colaboradores.
1924 – Vygotsky casa-se com Roza Smekhova, com quem tem 
duas filhas. Muda-se para Moscou e vai lecionar no Instituto de 
Psicologia a convite de Kornilov. Morre Lênin. Stálin assume 
o poder.
1925 (29 anos) – Escreve o livro Psicologia da arte que 
somente foi publicado em 1965, na URSS. É nesse ano que 
Vygotsky viaja pela primeira vez para a Europa e conhece 
alguns dos livros de Piaget. Organiza o Instituto e Laboratório 
de Estudos sobre as Deficiências que chamou de “estudos de 
defectologia”.
1925-1934 (29 – 37 anos) – Trabalha no departamento de 
educação para crianças deficientes físicas e mentais, no 
Instituto Pedagógico de Moscou e no Instituto Pedagógico de 
Leningrado (Hertzen). Estuda medicina para compreender os 
problemas neurológicos e suas implicações no 
desenvolvimento psicológico. Considera a pedologia a ciência 
mais completa para o estudo da criança, pois integra aspectos 
da biologia, psicologia, antropologia e pedagogia. Funda o 
Laboratório de Psicologia na escola de formação de 
professores (Gomel) e reúne jovens cientistas para estudos 
sobre psicologia e anormalidades.
1928 (32 anos) – Processo de modernização da URSS; 
industrialização reforma agrária, alfabetização.
1929 (33 anos) – Início da ditadura stalinista.
1934 – Ano de sua morte. O fim da vida de Vygotsky é 
marcado por muitos problemas: desintegração de seu grupo de 
colaboradores, traições pessoais, más condições físicas 
repetidas hemorragias e estado de espírito deprimido. Dobkin, 
seu amigo de infância, diz: “Vygotsky fez tudo para não viver 
nos últimos anos de sua vida”. Morre em Moscou, Rússia, aos 
37 anos, em 11 de junho de 1934. Ao longo de sua curta, mas 
brilhante carreira, Vygotsky deixou 200 trabalhos científicos 
escritos, ditados, anotados. No ano de sua morte é publicado, 
na URSS, o livro Pensamento e linguagem.
1936–1937 – Período mais violento do regime stalinista.
1936-1956 – Vygotsky é acusado de “idealista” por Stalin, sua 
obra foi proibida por 20 anos. As obras deixam de ser 
publicadas na URSS por motivos políticos, e parte do material 
é destruído.
1953 – Morre Stalin; Kruchev sobe ao poder.
1956 – Kruchev dá início ao processo de “desestalinização” da 
URSS.
1962 – Publicação Pensamento e linguagem nos EUA (28 anos 
depois).
1982-1984 – Publicação Edição das Obras selecionadas, de 
Vygotsky, na URSS.
1984-1988 – Publicação no Brasil dos livros: A formação 
social da mente; Pensamento e linguagem; Linguagem, 
desenvolvimento e aprendizagem.
 
Embora com um percurso de vida tão curto, Vygotsky deixou 
uma produção escrita muito vasta, com aproximadamente 200 
trabalhos científicos, cujos temas vão desde a neuropsicologia 
até a crítica literária, passando por deficiência, linguagem, 
psicologia, educação e questões teóricas e metodológicas 
relacionadas às ciências humanas. (Oliveira, 2010: 21).
 
 
Atividades recomendadas:
 
1) Levante informações por meios tradicionais ou eletrônicos 
sobre a vida de Vygotsky e reflita de que maneira o contexto 
sócio histórico influenciou em sua concepção de inteligência.
 
2) Assista ao DVD “Lev Vygotsky” - Coleção Grandes 
Educadores (2006).
 
3) Acompanhe o seguinte exemplo de exercício:
 
A breve vida de Vygotsky foi marcada por conflitos sociais que 
influenciaram a construção de sua obra. De acordo com isso, 
em relação à vida e obra vygotskiana, podemos afirmar que:
I. Foi à escola formal somente aos quinze anos e isso, de certa 
forma, comprometeu sua produção intelectual e a formalização 
de suas ideias.
II. Trabalhou no departamento de educação para crianças 
deficientes físicas e mentais e estudou medicina para 
compreender os problemas neurológicos e suas implicações no 
desenvolvimento psicológico.
III. Conheceu Luria e Leontiev no II Congresso de 
Psiconeurologia de Leningrado e serão estes dois grandes 
amigos e colaboradores que darão continuidade ao seu trabalho 
após sua morte.
Assinale a alternativa correta:
a) I e II estão corretas.
b) I e III estão corretas.
c) II e III estão corretas.
d) somente II está correta.
e) somente III está correta.
 
A alternativa correta é a (C). As afirmativas II e III estão 
corretas, pois apresentam dois momentos importantes na vida 
de Vygotsky. A afirmativa I está errada. Vygotsky realmente 
vai para a escola somente aos 15 anos, mas a maior parte de 
sua educação formal, antes disso, foi realizada em casa por 
meio de tutores particulares, além de seus pais, uma das 
famílias mais cultas da cidade, oferecendo uma atmosfera 
intelectual aos filhos deste muito cedo. A biblioteca dos pais 
estava sempre à disposição dos filhos e de seus amigos para o 
estudo individual e para reunião de grupos, onde debatiam 
sistematicamente sobre diversos assuntos. Este ambiente, sem 
dúvida, fortaleceu a construção de sua produção intelectual e a 
formalização de suas ideias.
 
 
(2) Bases da teoria vygotskiana.
 
Leitura Obrigatória: 
OLIVEIRA, M. K. Vygotsky. Aprendizado e 
Desenvolvimento um processo sócio-histórico. 4ª ed. São 
Paulo: Scipione, 1997.
Leitura para Aprofundamento:
VEER, R. V. D; VALSNER, J. Vygotsky uma síntese. São 
Paulo: Loyola, 1991.
 
 
Vygotsky, Luria e Leontiev faziam parte de um grupo de 
jovens intelectuais russos, que buscavam muito mais que a 
elaboração de uma teoria científica, mas que a mesma 
possibilitasse a construção de uma nova sociedade com maior 
possibilidade de reflexão e condições sociais. Compreendiam 
que as teorias psicológicas estavam atravessadas pelas 
questões sociais de sua época e pelo regime social recém-
implantado, por isso propunham a construção de uma nova 
psicologia que consistia em uma síntese entre duas fortes 
tendências presentes na psicologia do início do século XX:
• A psicologia como ciência natural (psicologia experimental – 
estudo dos processos psicológicos e elementares – reflexos, 
sensoriais);
• A psicologia como ciência mental (filosofia, ciências 
humanas – estudo dos processos psicológicos superiores – 
mente, consciência, espírito).
 
A nova psicologia, portanto, seria aquela abordagem que busca 
uma síntese para a psicologia integra, numa mesma 
perspectiva, o homem enquanto corpo e mente, enquanto ser 
biológico e ser social, enquanto membro da espécie humana e 
participante de um processo histórico. (Oliveira, 1997:23).
 
Sendo assim, Vygotsky elaborou uma teoria do 
desenvolvimento intelectual, sustentando que todo o 
conhecimento é construído socialmente, no âmbito das 
relações humanas, estando pautada em três ideias principais:
• as funções psicológicas têm suporte biológico, pois são 
produtos da atividade cerebral;
• o funcionamento psicológico fundamenta-se nas relações 
sociais entre o indivíduo e o mundo exterior, as quais se 
desenvolvem num processo histórico;
• a relação homem/trabalho é mediada por sistemas 
simbólicos.
Atividades recomendadas:
 
1) Faça as leituras indicadas, observando as bases que 
fundamentam teoricamente as ideias de Vygotsky e que são 
apresentadas pelos autores.
 
2) Levante informações por meios tradicionais ou eletrônicossobre os casos de crianças que se perderam muito jovens de 
suas famílias e viveram na floresta sem o contato com os 
humanos na companhia de animais. Analise a origem do 
conhecimento dessas crianças a partir das concepções 
psicológicas da teoria de Vygotsky.
 
3) Acompanhe o seguinte exemplo de exercício:
 
Vygotsky foi um teórico que revolucionou a maneira de pensar 
e estudar as questões psicológicas de sua época. Propõe a 
construção de uma nova psicologia que consiste na síntese de 
duas fortes tendências no início do século XX, a psicologia 
como ciência natural e a psicologia como ciência mental. 
Sendo assim, os pilares básicos do pensamento de Vygotsky, 
nesta nova abordagem para a psicologia são:
I. As funções psicológicas têm um suporte biológico, pois são 
produtos da atividade cerebral.
II. O funcionamento psicológico fundamenta-se nas relações 
sociais entre o indivíduo e o mundo exterior e se desenvolve 
em um processo histórico.
III. A relação homem/mundo é uma relação mediada por 
sistemas simbólicos.
Há afirmações falsas, dentre as apresentadas?
a) Não, todas as afirmações são verdadeiras.
b) Sim, a I.
c) Sim, a II.
d) Sim, a III.
e) Sim a I e a II.
 
Se você compreendeu adequadamente as bases teóricas da 
teoria de Vygotsky, assinalou a alternativa (A). As afirmações 
I, II e III apresentam um resumo adequado desta teoria.
 
 
(3) Mediação simbólica: instrumentos e signos.
 
Leitura Obrigatória: 
OLIVEIRA, M. K. Vygotsky. Aprendizado e 
Desenvolvimento um processo sócio-histórico. 4ª ed. São 
Paulo: Scipione, 1997.
Leitura para Aprofundamento:
VYGOTSKY, L. S. A Formação Social da Mente. (Trad. José 
Cipolla Neto; Luís Silveira Menna Barreto; Solange Castro 
Afeche). São Paulo: Martins Fontes, 2007.
 
 
 
Um conceito central para compreender a concepção sócio-
histórica do funcionamento psicológico de Vygotsky é o 
conceito de mediação simbólica, em que qualquer que seja a 
relação do homem com o mundo esta será mediada por 
sistemas simbólicos.
 
Mediação simbólica, portanto, é o processo de intervenção de 
um elemento intermediário numa relação, a relação deixa de 
ser direta e passa a ser mediada por esse elemento que pode ser 
externo ou interno. Nessa perspectiva, a relação do homem 
com o mundo deixa de ser entendida como sendo direta (S-R) 
e passa a ser compreendida como uma relação mediada por um 
elemento intermediário (memória, lembrança, atenção, ajuda 
de alguém).
 
Os mediadores podem ser de dois tipos: instrumentos ou 
instrumentos físicos - elementos externos, ações concretas. De 
acordo com Oliveira (1997), o instrumento é um elemento 
interposto entre o trabalhador e o objeto de seu trabalho, 
ampliando as possibilidades de transformação da natureza. O 
instrumento é feito ou buscado especialmente para certo 
objetivo. Ele carrega consigo, portanto, a função para a qual 
foi criado e o modo de utilização desenvolvido durante a 
história do trabalho coletivo. É, pois, um objeto social e 
mediador da relação entre o indivíduo e o meio. Ex.: mão / 
machado.
 
Os signos ou instrumentos psicológicos são também 
mediadores, mas elementos internos, ações mentais. De acordo 
com Oliveira (1997), os signos são orientados para o próprio 
sujeito, para dentro do indivíduo; dirigem-se ao controle de 
ações psicológicas, seja do próprio indivíduo, seja de outras 
pessoas. São ferramentas que auxiliam nos processos 
psicológicos e não nas ações concretas, como os instrumentos. 
Ex.: a palavra “mesa”, o número 3, a cartola na porta do 
banheiro masculino, contagem de varetas, fazer uma lista 
compras, dar um nó em um lenço. O signo, portanto, é uma 
representação de um pensamento e para ser compreendido 
requer uma interpretação do sujeito.
 
Dessa forma, o processo de mediação por meio de 
instrumentos e signos é fundamental para o desenvolvimento 
das funções psicológicas superiores, distinguindo o homem 
dos outros animais. E a mediação é um processo essencial para 
tornar possíveis atividades psicológicas voluntárias, 
intencionais, e controladas pelo próprio individuo.
 
 
Atividades recomendadas:
 
1) Faça uma leitura criteriosa dos textos indicados, observando 
os argumentos utilizados pelos autores ao definirem o conceito 
de mediação simbólica na teoria de Vygotsky.
 
2) Acompanhe o seguinte exemplo de exercício:
 
Para realizar uma receita, Luís Felipe, mestre em gastronomia 
do Hotel Ceasar Park, utilizou várias panelas (1), frigideiras 
(2) e um grande fogão industrial (3). Para medir os 
ingredientes, utilizou colheres (4) que indicavam quantidades 
diferentes para efetuar os cálculos. Com base no conceito de 
mediação utilizado por Vygotsky, é correto afirmar que:
a) Os elementos 1, 2 e 3 são instrumentos físicos e o elemento 
4 é signo ou instrumento psicológico.
b) Os elementos 1 e 2 são instrumentos e os elementos 3 e 4 
são signos.
c) Apenas o elemento 4 é instrumento e os outros elementos 1, 
2 e 3 são signos.
d) Na verdade, todos os elementos são instrumentos físicos que 
possibilitam ao cozinheiro realizar a culinária.
e) Todos os elementos 1, 2, 3 e 4 são tanto instrumentos físicos 
como instrumentos psicológicos porque possibilitam ao 
cozinheiro interagir com o meio em um nível superior de 
qualidade.
 
Se você compreendeu adequadamente, assinalou a alternativa 
(A). As panelas (1), frigideiras (2) e o grande fogão industrial 
(3) são instrumentos, elementos externos que carregam 
consigo a função para a qual foi criado e o modo de utilização 
desenvolvido durante a história do trabalho coletivo. É, pois, 
um objeto social e mediador da relação entre o indivíduo e o 
meio; é um elemento interposto entre o trabalhador e o objeto 
de seu trabalho, ampliando as possibilidades de transformação 
da natureza. As colheres (4) que indicam quantidades 
diferentes para efetuar os cálculos são ferramentas que 
auxiliam nos processos psicológicos e não nas ações concretas, 
como os instrumentos, é uma representação de um pensamento 
e para ser compreendido requer uma interpretação do sujeito.
 
3) Realize os exercícios deste módulo, anotando as dúvidas 
que surgirem durante a resolução. Estas dúvidas devem ser 
motivo de novas pesquisas bibliográficas, na tentativa de saná-
las. Caso elas persistam, apresente-as ao professor, nas aulas 
presenciais.
 
 
Módulo 2
 
(A)Pensamento e linguagem.
 
Leitura Obrigatória: 
OLIVEIRA, M. K. Vygotsky. Aprendizado e 
Desenvolvimento um processo sócio-histórico. 1ª 
ed. Coleção Pensamento e Ação na sala de aula. São 
Paulo: Scipione, 2010.
Leitura para Aprofundamento:
VYGOTSKY, L. S. A construção do pensamento e da 
linguagem.(Trad. Paul Bezerra). São Paulo: Martins 
Fontes, 2001.
 
 
No início do desenvolvimento, pensamento e linguagem 
caminham separadamente:
Fase pré-verbal do pensamento - utilização de 
instrumentos, inteligência prática (criança pré-verbal faz 
e não sabe explicar).
Fase pré-intelectual da linguagem - utilização da 
linguagem como alívio emocional e como função social 
(criança pré-intelectual).
 
Aos dois anos, com o aparecimento da linguagem, o 
pensamento e a linguagem passam a funcionar de 
maneira integrada, o pensamento se torna verbal e a 
linguagem racional. De acordo com Vygotsky, é nesse 
momento que ocorre a transformação do sujeito 
puramente biológico em um sujeito sócio-histórico: a 
mediação da linguagem irá possibilitar o funcionamento 
das funções psicológicas (pensamento).
 
As funções básicas da linguagem são: intercâmbio social 
e pensamento generalizante. O intercambio social é a 
construção de um sistema de linguagem criado pelo 
homem para comunicar-se com seus semelhantes. Nas 
palavras de Oliveira (2010): “É a necessidade de 
comunicação que impulsiona, inicialmente, o 
desenvolvimento da linguagem”.
 
A segunda função da linguagem é o pensamento 
generalizanteque consiste no agrupamento de todas as 
ocorrências de uma mesma classe de objetos, eventos, 
situações, sob uma mesma categoria conceitual. Por 
exemplo: ao denominar um objeto de cachorro estou 
classificando este objeto nesta categoria e 
diferenciando-o de outras categorias de objetos (gatos, 
pássaros, carros, plantas, etc.). Essa função 
generalizante do pensamento que torna a linguagem um 
instrumento do pensamento, pois será a linguagem que 
organizará o real e possibilitará com isso a mediação de 
melhor qualidade do sujeito com o mundo a ser 
conhecido.
 
Dessa forma, o sistema psicológico passa a ser mediado 
pela linguagem que no início é social, e depois será 
organizado por um sistema interpsíquico que 
gradativamente vai sendo internalizado, tornando-se, 
assim, uma linguagem individual (sistema intrapsíquico). 
Este é o processo de internalização da linguagem 
descrito por Vygotsky:
 
Atividades recomendadas:
 
1) Faça as leituras indicadas, observando as bases que 
fundamentam os conceitos de pensamento e linguagem 
na teoria de Vygotsky.
 
2) Levante informações por meios tradicionais ou 
eletrônicos sobre Chimpanzés em situação de 
comunicação social e estabeleça uma comparação com 
a maneira de comunicação humana e o processo de 
desenvolvimento do pensamento e da linguagem.
 
3) Acompanhe o seguinte exemplo de exercício:
 
A questão do desenvolvimento da linguagem e suas 
relações com o pensamento ocupa lugar central na obra 
de Vygotsky uma vez que a linguagem é o sistema 
simbólico básico de todos os grupos humanos. De 
acordo com isso, podemos afirmar que:
I. A linguagem possui duas funções básicas, o 
intercâmbio social e o pensamento generalizante, 
fundamentais para compreensão do funcionamento 
psicológico.
II. O surgimento da linguagem como sistema de signo, é 
um momento crucial no desenvolvimento ontogenético 
em que o biológico transforma-se em sócio-histórico.
III. Os chimpanzés utilizam instrumentos como 
mediadores para solução de problemas, sendo esse 
modo de funcionamento intelectual dependente da sua 
linguagem e do estabelecimento de signos 
internalizados.
Assinale a alternativa correta:
a) I e II estão corretas.
b) I e III estão corretas.
c) II e III estão corretas.
d) somente II está correta.
e) somente III está correta.
 
A alternativa correta é a (A). As afirmativas I e II estão 
corretas, porque apresentam as funções da linguagem 
no desenvolvimento psicológico humano e a 
transformação do homem de biológico em sócio-histórico 
quando passa a ter a mediação simbólica da linguagem. 
A afirmativa III está errada, porque embora os 
chimpanzés utilizem instrumentos como mediadores 
para solução de problemas o faz como uma espécie de 
inteligência prática que independe da linguagem e do 
estabelecimento de signos internalizados.
 
 
(B)O significado das palavras.
 
Leitura Obrigatória: 
OLIVEIRA, M. K. Vygotsky. Aprendizado e 
Desenvolvimento um processo sócio-histórico. 1ª 
ed. Coleção Pensamento e Ação na sala de aula. São 
Paulo: Scipione, 2010.
Leitura para Aprofundamento:
VYGOTSKY, L. S. A construção do pensamento e da 
linguagem.(Trad. Paul Bezerra). São Paulo: Martins 
Fontes, 2001.
 
 
Quando Vygotsky apresenta suas ideias sobre o 
pensamento e a linguagem, a questão do significado das 
palavras ocupa lugar fundamental para 
compreendermos esse processo. Nas palavras de 
Oliveira (2010), o significado é o componente essencial 
da palavra e é também um ato de pensamento, pois ao 
dar um significado para a palavra o sujeito realiza uma 
generalização. Portanto, é no significado das palavras 
que o pensamento e a fala se unem em pensamento 
verbal.
 
É na atribuição de significado para as palavras que se 
encontram as duas funções básicas da linguagem, o 
intercambio social e o pensamento generalizante. Ao 
dizer ‘boneca’ estou dizendo uma palavra que tem um 
significado que possibilita a comunicação entre as 
pessoas da mesma língua e, ao mesmo tempo, define 
um modo de organização do mundo, por categorias de 
pensamento desses objetos. 
 
Sendo assim, são os significados que irão possibilitar a 
mediação simbólica do sujeito com o mundo e as 
relações que com ele irá estabelecer. Para Vygotsky, a 
palavra sem significado é um som vazio e não 
representa nada ao sujeito, portanto, não funciona como 
mediador.
 
O significado da palavra é construído socialmente e por 
isso sofre modificação ao longo do tempo em função do 
contexto sócio-histórico que pertence. Da mesma forma 
a criança, na aquisição da linguagem, passa pelo 
mesmo processo, no início o significado da palavra tem 
um caráter individual e na interação verbal com adultos e 
crianças mais velhas vai ajustando este significado 
aproximando-os dos conceitos do grupo cultural e 
linguístico a que pertence. Assim sendo, o significado da 
palavra transforma-se ao longo do tempo, tornando-se 
cada vez mais próximo dos conceitos estabelecidos pela 
cultura.
 
Vygotsky distingue dois aspectos do significado da 
palavra: o significado propriamente dito e o sentido. O 
significado propriamente dito refere-se ao sistema de 
relações objetivas que se formou no processo de 
desenvolvimento da palavra, consistindo num núcleo 
relativamente estável de compreensão da palavra, 
compartilhado por todas as pessoas que a utilizam. O 
sentido, por sua vez, refere-se ao significado da palavra 
para cada indivíduo, composto por relações que dizem 
respeito ao contexto de uso da palavra e às vivencias 
afetivas do individuo. (Oliveira, 2010:50)
 
 
Atividades recomendadas:
 
1) Faça as leituras indicadas, observando as bases que 
fundamentam teoricamente as ideias de Vygotsky e que 
são apresentadas pelos autores. 
 
2) Como foi estudado, o significado das palavras é 
construído socialmente e por isso sofre modificação ao 
longo do tempo em função do contexto sócio-histórico 
que pertence. Pesquise uma palavra em português que 
sofreu essa transformação no significado e leve para 
discutir em aula com seu professor.
 
3) Acompanhe o seguinte exemplo de exercício:
 
Para Vygotsky, o significado é um componente essencial 
das palavras. Leia atentamente a seguinte situação e 
responda a questão: Uma criança pequena aprende a 
palavra au-au para significar cachorro, mas ela aplica tal 
palavra para qualquer animal doméstico, porém não 
aplica essa palavra para um cachorro da raça "fila", por 
que:
I. O sistema de generalização contido em uma palavra 
não se modifica ao longo do desenvolvimento, assim, 
provavelmente ela acredita que sua palavra au-au 
contemple o significado social desejado.
II. Através da intervenção social das crianças mais 
velhas e dos adultos, a criança da situação acima tem a 
possibilidade de reajustar o significado da palavra au-au 
além de aprender outros novos significados.
III. Ao tomar posse dos significados expressos pela 
linguagem a criança os aplica a seu universo particular 
de conhecimentos sobre o mundo.
Assinale a alternativa correta:
a) I e II estão corretas.
b) I e III estão corretas.
c) II e III estão corretas.
d) somente II está correta.
e) somente III está correta.
 
A alternativa correta é a (C). II e III estão corretos, 
porque ao tomar posse dos significados expressos pela 
linguagem, a criança os aplica a seu universo particular 
de conhecimentos sobre o mundo (por exemplo, o 
Nescau é o leite quente que toma toda manhã e não o 
reconhece como leite gelado com chocolate). Portanto, o 
sistema de generalização contido em uma palavra se 
modifica ao longo do desenvolvimento, assim, embora 
ela acredite que sua palavra au-au contemple o 
significado social desejado, será por meio da 
intervenção social das crianças mais velhas e dos 
adultos, que ela irá reajustar o significado da palavra au-
au além de aprender outros novos significados para estapalavra. 
 
 
(C)O discurso interior e a fala egocêntrica.
 
Leitura Obrigatória: 
OLIVEIRA, M. K. Vygotsky. Aprendizado e 
Desenvolvimento um processo sócio-histórico. 1ª 
ed. Coleção Pensamento e Ação na sala de aula. São 
Paulo: Scipione, 2010.
Leitura para Aprofundamento:
VYGOTSKY, L. S. A construção do pensamento e da 
linguagem.(Trad. Paul Bezerra). São Paulo: Martins 
Fontes, 2001.
 
O uso da linguagem como instrumento do pensamento 
pressupõe um processo de internalização da linguagem 
que vai da atividade social (intrapsíquica) para a 
atividade individual (intrapsíquica). Sendo assim, a 
criança inicialmente utiliza a linguagem como 
comunicação social e com o passar do tempo passa a 
utilizá-la como ferramenta do pensamento. Portanto, o 
processo de internalização do discurso ocorre em etapas 
e é gradual, completando somente nas fases mais 
avançadas da aquisição da linguagem.
 
De acordo com Vygotsky, nesse processo de 
internalização a linguagem no início apresenta-se como 
um mediador em forma de discurso socializado (função 
de comunicação e contato social) e gradativamente vai 
sendo internalizada tornando-se também um discurso 
interior (diálogo consigo mesmo por meio de um dialeto 
pessoal). Entre essas duas formas de expressão da 
linguagem têm a fala egocêntrica (por volta dos 3 a 4 
anos) ou discurso egocêntrico, no qual o sujeito fala 
consigo mesmo em voz alta; não tem o objetivo de 
comunicação com o outro, mas funciona como auxiliar 
do pensamento para o sujeito. À medida que a 
linguagem vai sendo internalizado, o discurso 
egocêntrico vai desaparecendo e o sujeito passa a 
utilizar o discurso interior como mediador do 
pensamento.
 
Concluindo, a trajetória da criança vai em direção dos 
processos socializados para os processos internos, 
sendo a fala egocêntrica um procedimento de transição 
no qual o discurso já tem a função que terá como 
discurso interior, mas ainda tem a forma da fala 
socializada, externa. (Oliveira, 2010:52)
 
 
Atividades recomendadas:
 
1) Faça uma leitura criteriosa dos textos indicados, 
observando os argumentos utilizados pelos autores ao 
definirem o processo de internalização da linguagem na 
teoria de Vygotsky.
 
2) Acompanhe o seguinte exemplo de exercício:
 
Ana, Miguel, João e Cecília brincam e tagarelam dentro 
de um tanque de areia. Ana diz: ‘Ganhei uma bola de 
aniversário’. Miguel comenta: ‘Hoje eu vou ao Zoológico 
com meu pai. Mas depois tenho que dormir’. João 
espera que Miguel termine de falar e então reclama em 
voz alta: ‘Eu comi macarrão no almoço! Detesto 
macarrão! ’. Cecília, empurrando para um canto do 
tanque uma grande quantidade de areia com os pés, 
afirma satisfeita: ‘Ficou igualzinha à montanha do urso’. 
Para Vygotsky, que tipo de linguagem as crianças estão 
realizando e como isso pode afetar seu 
desenvolvimento?
a) As crianças apresentam uma dificuldade de 
comunicação própria dessa idade, uma vez que são 
muito egocêntricas e dependentes dos adultos.
b) As crianças apresentam um discurso interior, uma vez 
que nessa idade já houve internalização dos signos e 
seus significados.
c) As crianças apresentam um discurso socializado, uma 
vez que já aprenderam a linguagem materna e a utilizam 
como forma de comunicação.
d) As crianças utilizam uma fala egocêntrica como apoio 
ao planejamento de sequências a serem seguidas, como 
auxiliar na solução de problemas.
e) As crianças apresentam fala egocêntrica, indicando a 
sua trajetória de processos internos para processos 
socializados.
 
A alternativa correta é a (D). As crianças utilizam uma 
fala egocêntrica como apoio ao planejamento de 
sequências a serem seguidas, como auxiliar na solução 
de problemas, sendo esperado isso por volta dos 3 e 4 
anos e utilizado como ferramenta de transição à 
internalização da linguagem em um discurso interior.
 
 
3) Realize os exercícios deste módulo, anotando as 
dúvidas que surgirem durante a resolução. Estas 
dúvidas devem ser motivo de novas pesquisas 
bibliográficas, na tentativa de saná-las. Caso elas 
persistam, apresente-as ao professor, nas aulas 
presenciais.
 
 
Módulo 3
 
(A) Desenvolvimento e aprendizado.
 
Leitura Obrigatória: 
OLIVEIRA, M. K. Vygotsky. Aprendizado e 
Desenvolvimento um processo sócio-histórico. 1ª ed. 
Coleção Pensamento e Ação na sala de aula. São Paulo: 
Scipione, 2010.
Leitura para Aprofundamento:
VYGOTSKY, L. S. A Formação Social da Mente. (Trad. José 
Cipolla Neto; Luís Silveira Menna Barreto; Solange Castro 
Afeche). São Paulo: Martins Fontes, 2007.
 
 
A preocupação de Vygotsky foi estudar a origem e o 
desenvolvimento dos processos psicológicos ao longo da 
história da espécie humana e da história individual, adotando 
para isso a abordagem psicogenética comum a outras teorias 
psicológicas.
 
No entanto, diferentemente desses outros autores (Piaget e 
Wallon) que apresentam teorias genéticas do desenvolvimento 
psicológico, completas e articuladas, Vygotsky não chegou a 
formular uma concepção estruturada do desenvolvimento 
humano, com a descrição das características e do percurso do 
ser humano do nascimento até a vida adulta. Sua obra 
apresenta reflexões e dados de pesquisa sobre vários aspectos 
do desenvolvimento, que permitem compreender como esse 
processo ocorre e de que maneira epistemológica compreende 
o conhecimento no homem.
 
Nesse sentido, afirma que o desenvolvimento é determinado 
pelos processos de aprendizado pelos quais o sujeito passa ao 
longo da vida. Embora não negue a importância do processo de 
maturação do organismo individual, afirma que é o 
aprendizado que possibilita o despertar destes processos 
internos de desenvolvimento, que se não fosse o contato do 
indivíduo com o ambiente, não ocorreriam.
 
Nesse sentido, para Vygotsky a aprendizagem é um processo 
de conhecimento individual e o aprendizado é resultado da 
mediação, portanto, das relações do sujeito em seu ambiente 
sociocultural, fundamental no processo de internalização do 
conhecimento pelo sujeito. Esta é a importância que Vygotsky 
atribui ao papel do outro no desenvolvimento psicológico, 
fundamentada pelo conceito de zona de desenvolvimento 
proximal.
 
Com isso Vygotsky afirma que há dois níveis de 
desenvolvimento que ocorrem de maneira simultânea durante 
toda a vida psicológica do sujeito.
 
Onível de desenvolvimento realsem ajuda do outro. Por 
exemplo: uma criança de 5 anos sabe andar, alimentar-se 
sozinha, tomar banho. consiste nos conhecimentos já 
construídos pelo sujeito, o que ele consegue fazer sozinho,
 
O nível de desenvolvimento potencial é o nível onde estão os 
conhecimentos que o sujeito ainda não construiu e que, 
portanto, ele precisa da ajuda do outro para realizá-los. Por 
exemplo: uma criança de cinco anos precisa de alguém para ler 
e escrever para ela, nadar em uma piscina, andar de patins. 
Nesse sentido, precisa de alguém para ensiná-la a fazer essas 
coisas, pois são conhecimentos ainda não internalizados.
 
Entre o nível de desenvolvimento real e o nível de 
desenvolvimento potencial, há a zona de desenvolvimento 
proximal, que consiste no espaço entre os dois níveis, onde 
atuam os mediadores como desencadeadores de processos de 
aprendizado.
 
Atividades recomendadas:
 
1) Faça as leituras indicadas, observando as bases que 
fundamentam os conceitos de desenvolvimento e aprendizado 
na teoria de Vygotsky.
 
2) Segundo Vygotsky o desenvolvimento fica impedido de 
ocorrer na falta de situações propicias ao aprendizado. Nesse 
sentido, o ser humano cresce num ambiente social e a interação 
com outras pessoas é essencial ao seu desenvolvimento. 
Levante informações por meios tradicionais ou eletrônicos 
sobre as diferenças dessas concepções na teoria de Piaget.
 
3) Acompanhe o seguinte exemplo de exercício:
 
Vygotsky analisa a relaçãoentre aprendizagem e 
desenvolvimento. O autor considera que a melhor definição 
para esta relação é:      
a) Aprendizagem e desenvolvimento são processos 
independentes, que ocorrem em paralelo, ou seja, a 
aprendizagem não participa ativamente do processo de 
desenvolvimento da criança.
b) Aprendizagem e desenvolvimento são processos 
absolutamente dependentes, isto é, aprendizagem é 
desenvolvimento.
c) Aprendizagem e desenvolvimento são processos ora 
dependentes, ora independentes, o que implica uma teoria 
dualista de desenvolvimento infantil.
d) O processo de desenvolvimento é posterior ao processo de 
aprendizagem, não havendo qualquer relação desses processos 
com a zona de desenvolvimento proximal da criança.
e) O processo de desenvolvimento não coincide com o 
processo de aprendizagem; o processo de desenvolvimento 
segue o processo de aprendizagem criando a zona de 
desenvolvimento proximal.
 
 
Se você compreendeu adequadamente as bases teóricas da 
teoria de Vygotsky, assinalou a alternativa (E). O processo de 
desenvolvimento não coincide com o processo de 
aprendizagem, porque para este autor o aprendizado antecipa-
se ao desenvolvimento; o processo de desenvolvimento segue 
o processo de aprendizagem criando a zona de 
desenvolvimento proximal, onde atuam os mediadores 
possibilitando que o conhecimento em nível potencial seja 
internalizado em nível real.
 
(B) O conceito de zona de desenvolvimento proximal.
 
Leitura Obrigatória: 
OLIVEIRA, M. K. Vygotsky. Aprendizado e 
Desenvolvimento um processo sócio-histórico. 1ª ed. 
Coleção Pensamento e Ação na sala de aula. São Paulo: 
Scipione, 2010.
Leitura para Aprofundamento:
VYGOTSKY, L. S. A Formação Social da Mente. (Trad. José 
Cipolla Neto; Luís Silveira Menna Barreto; Solange Castro 
Afeche). São Paulo: Martins Fontes, 2007.
 
 
De acordo com Oliveira (2010:59), a possibilidade de alteração 
no desempenho de uma pessoa pela interferência de outra é 
fundamental na teoria de Vygotsky, levando-se em 
consideração as condições do sujeito em se beneficiar (ou não) 
dessa mediação.
 
Sendo assim, Vygotsky salienta a importância da interação 
social no processo de construção das funções psicológicas 
superiores. Em outras palavras, o desenvolvimento individual 
ocorre na relação com o outro em um ambiente social 
determinado, sendo o mesmo fundamental para a construção 
deste ser psicológico individual.
 
Nesse sentido, o conceito de zona de desenvolvimento 
proximal assume um papel de relevância em sua teoria. 
Vygotsky define ZDP como sendo a distancia entre o nível de 
desenvolvimento real (solução independente de problemas) e o 
nível de desenvolvimento potencial (solução de problemas 
com auxilio); é o caminho que o sujeito irá percorrer no 
processo de internalização do conhecimento com auxílio dos 
mediadores que irão atuar neste espaço.
 
A ZDP é um domínio psicológico em constante transformação, 
pois o que em um momento o sujeito precisa de ajuda de 
mediadores para realizar, amanhã já conseguirá fazer sozinho, 
pois já foi internalizado e está em nível real.
 
Nas palavras de Oliveira (2010:60): Interferindo 
constantemente na ZDP das crianças, os adultos e as crianças 
mais experientes contribuem para movimentar os processos de 
desenvolvimento dos membros imaturos da cultura.
 
 
Atividades recomendadas:
 
1) Faça as leituras indicadas, observando as bases que 
fundamentam teoricamente a ideia de Vygotsky sobre o 
conceito de zona de desenvolvimento proximal.
 
2) A partir da leitura, procure definir zona de desenvolvimento 
proximal. Confronte se sua definição se afina com a proposta 
de Vygotsky, de que a medição do outro é fundamental na 
construção psicológica do sujeito.
 
3) Acompanhe o seguinte exemplo de exercício:
 
Zona de desenvolvimento proximal é um conceito fundamental 
na teoria de Vygotsky e foi definida por esse teórico como 
sendo a distância entre o que uma criança pode realizar...
a) No momento atual e o que poderá realizar quando atingir a 
maturidade.
b) Sem estímulos e o que poderá realizar se for adequadamente 
motivada por seus pais e/ou professores.
c) Naturalmente e o que poderá realizar se for submetida a um 
programa específico de recuperação.
d) Sozinha e o que poderá realizar com o auxílio de um adulto 
ou de um companheiro mais capaz.
d) Antes de ingressar na escola e o que poderá realizar após 
sofrer as influências do processo de escolarização.
 
Se você compreendeu adequadamente o processo de 
desenvolvimento e aprendizado propostos por Vygotsky, 
assinalou a alternativa (D). Zona de desenvolvimento proximal 
é um conceito fundamental na teoria de Vygotsky e foi definida 
por esse teórico como sendo a distância entre o que uma 
criança pode realizar sozinha (nível de desenvolvimento real) e 
o que poderá realizar com o auxílio de um adulto ou de um 
companheiro mais capaz (nível de desenvolvimento potencial).
 
 
(C) O papel da intervenção pedagógica no 
desenvolvimento.
 
Leitura Obrigatória:
OLIVEIRA, M. K. Vygotsky. Aprendizado e 
Desenvolvimento um processo sócio-histórico. 1ª ed. 
Coleção Pensamento e Ação na sala de aula. São Paulo: 
Scipione, 2010.
Leitura para Aprofundamento:
VYGOTSKY, L. S. A Formação Social da Mente. (Trad. José 
Cipolla Neto; Luís Silveira Menna Barreto; Solange Castro 
Afeche). São Paulo: Martins Fontes, 2007.
 
 
Se para Vygotsky o conceito de zona de desenvolvimento 
proximal é fundamental no processo de desenvolvimento das 
funções psicológicas superiores, podemos depreender o 
significado da escola nessa teoria. Ao afirmar que é na ZDP 
que a interferência de outros indivíduos é a mais 
transformadora, chama a atenção para o papel da mediação da 
escola nesse processo, indicando inclusive o momento ideal 
para ocorrer esta atuação.
 
Se o sujeito já tem um conhecimento em nível real e, portanto, 
internalizado, não há necessidade de uma medição na ZDP 
desse sujeito, pois ensinar o que já se sabe não tem significado 
para o processo de desenvolvimento psicológico. Ao mesmo 
tempo, conhecimentos ainda não possíveis de serem 
reconhecidos pelo sujeito podem também não serem 
reconhecidos como mediadores nesse processo (ensinar uma 
criança de um ano a amarrar o sapato, mesmo com ajuda).
 
Sendo assim, somente se beneficia do auxilio na tarefa 
(mediação) o sujeito que ainda não aprendeu, mas que possui 
um processo de desenvolvimento para essa habilidade ou 
aprendizagem. Nesse sentido, é fundamental a compreensão do 
professor em relação a isso e a implicação de sua atuação, em 
escolher os mediadores que irão beneficiar o processo de 
desenvolvimento e aprendizado do sujeito.
 
A escola, portanto, tem um papel muito importante como 
mediadora, atuando na zona de desenvolvimento proximal do 
aluno, pois por meio da interação com o professor, com os 
colegas e o contato com diferentes signos, conhecimentos em 
nível potencial são internalizados e tornam-se conhecimentos 
em nível real.
 
Concluindo, o professor tem o papel explícito de intervir na 
ZDP dos alunos, provocando avanços que não ocorreriam 
espontaneamente, pois segundo Vygotsky o único bom ensino 
é aquele que se adianta ao desenvolvimento.
 
 
Atividades recomendadas:
 
1) Faça uma leitura criteriosa dos textos indicados, observando 
os argumentos utilizados pelos autores ao definirem o papel da 
escola como mediadora do processo de desenvolvimento das 
funções psicológicas superiores.
 
2) Acompanhe o seguinte exemplo de exercício:
 
Ao entrar na escola duas crianças apresentam idade 
cronológica de sete anos e idade mental de oito anos, 
verificada através de um teste de inteligência. Após a testagem, 
as crianças foram trabalhadas, em grupos de alunos mais 
experientes e pela professora, em tarefas que a princípio não 
conseguiam fazer sozinhas. Este trabalho foi realizadodurante 
algumas semanas com várias atividades diferentes, por meio de 
demonstração geral, de soluções iniciadas pela professora e 
concluídas pelos alunos ou por meio do fornecimento de 
pistas. Uma nova testagem foi realizada, sendo que a primeira 
criança demonstrou idade mental de oito anos e três meses, 
enquanto a segunda, nove anos.
Por meio de qual conceito da teoria de Vygotsky a atuação da 
professora e dos colegas pode ser explicada?
a) Desenvolvimento real
b) Zona de desenvolvimento proximal
c) Linguagem egocêntrica
d) Hereditariedade
e) Discurso Socializado
 
A alternativa correta é a (B). A profa e os colegas mais 
experientes atuaram na zona de desenvolvimento proximal dos 
alunos que, por isso, puderam internalizar as informações e 
tornar os conhecimentos de nível potencial em conhecimentos 
em nível real.
 
 
3) Realize os exercícios deste módulo, anotando as dúvidas 
que surgirem durante a resolução. Estas dúvidas devem ser 
motivo de novas pesquisas bibliográficas, na tentativa de saná-
las. Caso elas persistam, apresente-as ao professor, nas aulas 
presenciais.
 
 
Módulo 4:
 
(A) Brinquedo e desenvolvimento.
 
Leitura Obrigatória: 
OLIVEIRA, M. K. Vygotsky. Aprendizado e 
Desenvolvimento um processo sócio-histórico. 1ª ed. 
Coleção Pensamento e Ação na sala de aula. São Paulo: 
Scipione, 2010.
Leitura para Aprofundamento:
VYGOTSKY, L. S. A Formação Social da Mente. (Trad. José 
Cipolla Neto; Luís Silveira Menna Barreto; Solange Castro 
Afeche). São Paulo: Martins Fontes, 2007.
 
 
Além da escola, Vygotsky afirma que o brinquedo e o jogo 
simbólico também são importantes no desenvolvimento 
psicológico do sujeito, pois atuam como mediadores e 
favorecem o desenvolvimento das funções psicológicas 
superiores.
 
O brinquedo e a situação de brincadeira, aparentemente sem 
um papel importante no desenvolvimento, possibilita a criação 
de uma zona de desenvolvimento proximal na criança, uma 
vez que é levada a imaginar e vivenciar uma situação muitas 
vezes impossível de ser experimentada concretamente.
 
Por isso Vygotsky refere-se especialmente ao jogo de faz de 
conta (simbólico) como brincar de casinha, escolinha, etc., em 
que a criança utiliza a representação simbólica, liberando o 
funcionamento psicológico das experiências concretas. Sendo 
assim, numa situação imaginária como a brincadeira de faz de 
conta, a criança é levada a agir em um mundo de fantasia, 
portanto, imaginário, onde a situação é definida pelo 
significado estabelecido pela brincadeira - ônibus, motorista, 
passageiros - e não pelos elementos reais concretamente 
presentes – cadeiras da sala onde está brincando de ônibus. 
(Oliveira, 2010:66)
 
Ao brincar com a boneca a criança se relaciona com o 
significado e não com o objeto concreto. O brinquedo provê, 
assim, uma situação de transição entre a ação da criança com 
objetos concretos e suas ações com significados. (Oliveira, 
2010:66)
 
Além disso, a brincadeira e o brinquedo são organizados em 
um sistema de regras e são justamente essas regras que 
permitem a criança se comportar de forma mais avançada do 
que aquela correspondente à sua idade: ao brincar de escolinha 
assume o papel de professora e para isso tem que utilizar o 
modelo de professora que conhece e extrair dele um 
significado geral e abstrato de professora. E também precisa 
brincar conforme as regras e desempenhar o papel desta 
profissional, o que a impulsiona para além de seu 
comportamento como criança.
 
Concluindo, no brinquedo a criança comporta-se de forma 
mais avançada do que nas atividades da vida real e também 
aprende a separar o objeto do significado. (...) Sendo assim, a 
promoção de atividades que favoreçam o envolvimento da 
criança em brincadeiras, principalmente aquelas que 
promovem a criação de situações imaginárias, tem nítida 
função pedagógica. (Oliveira, 2010:67)
 
 
Atividades recomendadas:
 
1) Faça as leituras indicadas observando os argumentos 
utilizados pelos autores sobre o papel do brinquedo no 
funcionamento psicológico na teoria de Vygotsky.
 
2) Por meio de filmes, aniversários ou situações livres em 
shoppings e parques, observe crianças em atividades de jogo 
simbólico e procure identificar os conceitos vygotskianos 
estudados neste tópico.
 
3) Acompanhe o seguinte exemplo de exercício:
 
Uma menina está brincando de casinha. Uma caixa de sapatos 
emborcada faz às vezes de fogão. Cozinha em cima da caixa, 
usando suas panelas: um cinzeiro, uma pequena vasilha e uma 
tampa de garrafa. Num dado momento, muda a posição da 
caixa, põe dentro dela sua boneca e canta para que a boneca 
durma.
De acordo com a teoria do desenvolvimento de Lev Vygotsky, 
como podemos analisar o comportamento dessa menina?
a) Numa situação imaginária, a criança utiliza diferentes 
símbolos que possibilitam a criação de situações irreais, nunca 
vivenciadas por ela antes.
b) Ao brincar com a caixa de sapato como se fosse fogão, a 
criança se relaciona com o significado em questão e não com o 
objeto concreto que tem em suas mãos.
c) As regras das brincadeiras não permitem que a criança se 
comporte de maneira mais avançada do que a habitual para sua 
idade.
d) Para brincar conforme as regras, a criança não tem que se 
esforçar para exibir um comportamento semelhante ao da mãe, 
permitindo que continue criança cumprindo as etapas do 
desenvolvimento.
e) De forma nenhuma, no jogo simbólico, a criança comporta-
se de forma mais avançada do que nas atividades da vida real e 
também não aprende a separar o objeto de seu significado.
 
A alternativa correta é a (B). Na brincadeira a criança 
comporta-se de forma mais avançada do que nas atividades da 
vida real e também aprende a separar o objeto do significado, 
possibilitando o desenvolvimento das funções psicológicas 
superiores.
 
 
(B) A evolução da escrita na criança.
 
Leitura Obrigatória: 
OLIVEIRA, M. K. Vygotsky. Aprendizado e 
Desenvolvimento um processo sócio-histórico. 1ª ed. 
Coleção Pensamento e Ação na sala de aula. São Paulo: 
Scipione, 2010.
Leitura para Aprofundamento:
VYGOTSKY, L. S. A Formação Social da Mente. (Trad. José 
Cipolla Neto; Luís Silveira Menna Barreto; Solange Castro 
Afeche). São Paulo: Martins Fontes, 2007.
 
 
Os estudos de Vygotsky sobre a evolução da escrita são muito 
contemporâneos e partem da concepção de que é um sistema 
simbólico de representação da realidade, assumindo junto com 
outros conceitos (linguagem, mediação simbólica) papel 
central em sua teoria.
 
Para Vygotsky a escrita apenas pode ser investigada por meio 
de uma abordagem genética que inicia muito antes da criança 
entrar na escola e se estende por muitos anos depois, por isso, 
afirma a importância de se estudar a pré-história da linguagem 
escrita. (Oliveira, 2010:68)
 
A fim de conhecer esse processo, Vygotsky e Luria, solicitaram 
a crianças que não sabiam ler e escrever que memorizassem 
uma série de sentenças ditadas por eles. Como não conseguiam 
se lembrar das sentenças faladas, foi sugerido que 
‘escrevessem’ as sentenças como auxílio da memória. As 
estratégias utilizadas pelas crianças permitiu que 
identificassem um percurso para a pré-história da escrita.
 
Rabiscos Mecânicos é a imitação do formato da escrita do 
adulto e para isso a criança utiliza como forma de 
representação cobrinhas.
Marcas Topográficas é a distribuição dos registros no espaço 
do papel, possibilitando a lembrança pelo local marcado.
Representações Pictográficas são desenhos estilizados usados 
como forma de escrita.
Escritas Simbólicas é o momento em que a criança passa a 
inventar formas para representar informações difíceis de serem 
desenhadas, surgindo assim os signos que não necessariamente 
tem uma relação lógica com os objetos e situações 
representadas. Será a partir daqui que irá aprender a língua 
escritapropriamente dita.
 
 
Atividades recomendadas:
 
1) Faça as leituras indicadas, observando o conceito 
vygotskiano sobre o processo de pré-história da linguagem 
escrita.
 
2) Levante informações por meios tradicionais ou eletrônicos 
sobre as relações entre os estudos sobre o desenvolvimento da 
escrita em Vygotsky e Emília Ferreiro.
 
3) Acompanhe o seguinte exemplo de exercício:
 
A questão da evolução da escrita na criança é bastante 
importante no conjunto das colocações de Vygotsky sobre 
desenvolvimento e aprendizado, por duas razões: suas ideias 
sobre esse tema são contemporâneas e porque sua concepção 
sobre a escrita está estreitamente associada a questões centrais 
de sua teoria. Dessa forma, constitui-se a ‘pré-história da 
linguagem escrita’ as seguintes fases:
a) Representações pictográficas, rabiscos mecânicos, palavras 
e escrita simbólica.
b) Rabiscos, garatujas, letras, sílabas e palavras.
c) Rabiscos mecânicos, marcas topográficas, representações 
pictográficas e escrita simbólica.
d) Escrita simbólica, garatujas, rabiscos mecânicos, primeiras 
letras, frases simples.
e) Rabiscos mecânicos, representações pictográficas, marcas 
topográficas e escrita simbólica.
 
Se você compreendeu adequadamente a ‘pré-história da 
linguagem escrita’ assinalou a alternativa (C), que apresenta os 
momentos desta psicogênese.
 
 
(C) A mediação da percepção, atenção e memória.
 
Leitura Obrigatória: 
OLIVEIRA, M. K. Vygotsky. Aprendizado e 
Desenvolvimento um processo sócio-histórico. 1ª ed. 
Coleção Pensamento e Ação na sala de aula. São Paulo: 
Scipione, 2010.
Leitura para Aprofundamento:
VYGOTSKY, L. S. A Formação Social da Mente. (Trad. José 
Cipolla Neto; Luís Silveira Menna Barreto; Solange Castro 
Afeche). São Paulo: Martins Fontes, 2007.
 
 
Os estudos de Vygotsky sobre a gênese, função e estrutura dos 
processos psicológicos superiores em uma perspectiva 
interdependente do desenvolvimento e aprendizagem, levou-o 
a compreender os mecanismos mais simples (funções 
psicológicas elementares) e os mais sofisticados (funções 
psicológicas superiores) no funcionamento psicológico.
 
Em função disso, estudou temas clássicos da psicologia, como 
a percepção, atenção e memória e as implicações no 
funcionamento psicológico.
 
A mediação simbólica e a origem sociocultural dos processos 
psicológicos superiores são fundamentais para explicar o 
funcionamento da percepção. O bebe nasce com características 
do sistema sensorial humano, mas pela internalização da 
linguagem, pelos conceitos e significados culturalmente 
desenvolvidos, transforma a percepção de uma relação direta 
entre o individuo e o meio, para uma relação mediada por 
conteúdos culturais. (Oliveira, 2010:73)
 
Sendo assim, nossa relação perceptual com o mundo não se dá 
em termos de atributos físicos isolados, mas em termos de 
objetos, eventos e situações rotulados pela linguagem e 
categorizados pela cultura. (Oliveira, 2010:74)
 
Dessa forma, há uma interpretação dos dados perceptuais a 
partir do conhecimento de mundo, uma percepção do objeto 
como um todo, uma realidade completa, articulada e não 
simplesmente um conjunto de informações sensoriais.
 
A atenção segue também o mesmo principio. O homem nasce 
com uma bagagem inata que gradativamente vai sendo 
submetida a processos conscientes em grande parte pela 
mediação simbólica. Ao longo do desenvolvimento, o sujeito 
passa a ser capaz de dirigir voluntariamente sua atenção para 
elementos do ambiente que ele tenha definido como relevante.
 
Em relação à memoria Vygotsky apresenta uma distinção: 
memoria natural, aquela não mediada e a memoria mediada 
por signos. A memoria não mediada assim como a percepção 
sensorial e a atenção involuntária é mais elementar, presente 
nas determinações inatas da espécie humana. A memoria 
mediada é a ação voluntária do sujeito em utilizá-la como 
mediadora para lembrar-se de conteúdos específicos.
 
Portanto, as funções psicológicas superiores, típicas do ser 
humano, são, por um lado, apoiadas nas características 
biológicas da espécie humana (funções psicológicas 
elementares) e, por outro lado, construídas ao longo de sua 
historia social. (Oliveira, 2010:78)
 
 
Atividades recomendadas:
 
1) Faça uma leitura criteriosa dos textos indicados, observando 
os argumentos utilizados pelos autores ao definirem a 
percepção, atenção e memoria como mediadores do processo 
de desenvolvimento das funções psicológicas superiores.
 
2) Acompanhe o seguinte exemplo de exercício:
 
Um indivíduo está caminhando por uma longa rua, procurando 
uma farmácia onde já esteve uma vez. Vai olhando todos os 
edifícios, dos dois lados da rua, mas sua atenção está 
deliberadamente focalizada na busca de uma determinada 
farmácia. Isto é, não é qualquer edifício na rua que chama sua 
atenção: as casas, lojas e prédios é uma espécie de ‘pano de 
fundo’, no qual vai se destacar a farmácia que está sendo 
intencionalmente procurada.  (In: Vygotsky; Aprendizado e 
Desenvolvimento, um processo sócio histórico, p.77).
 
Neste fragmento, como podemos identificar a integração entre 
percepção, memória e atenção?
 
a) Somente com a mediação de outro sujeito é que esse 
indivíduo irá encontrar a farmácia, pois será com sua mediação 
que terá condições de utilizar a memória, atenção e percepção, 
todas em nível de desenvolvimento potencial no sujeito.
b) Mesmo utilizando a memória, o sujeito terá dificuldade para 
encontrar a farmácia, pois sua percepção e atenção estão em 
nível de desenvolvimento potencial.
c) Para encontrar a farmácia, o sujeito somente pode contar 
com a mediação da memória que atua em sua zona 
desenvolvimento proximal. A percepção e a atenção dependem 
dessa mediação.
d) O conhecimento anterior, muitas vezes, não permite que a 
atenção e a memória sejam dirigidas pela percepção e auxiliem 
o sujeito a encontrar o que está procurando. Isso porque 
depende de níveis de desenvolvimento.
e) O conhecimento anterior, já construído, dirige a atenção e a 
memória do sujeito, orientando sua percepção e facilitando a 
realização da tarefa.
 
A alternativa correta é a (E). O conhecimento anterior, já 
construído, dirige a atenção e a memória do sujeito, orientando 
sua percepção e facilitando a realização da tarefa.
 
 
3) Realize os exercícios deste módulo, anotando as dúvidas 
que surgirem durante a resolução. Estas dúvidas devem ser 
motivo de novas pesquisas bibliográficas, na tentativa de saná-
las. Caso elas persistam, apresente-as ao professor, nas aulas 
presenciais.
 
 
Módulo 5:
 
Henri Wallon: vida e obra.
 
Leitura Obrigatória: 
MAHONEY, A. A.; ALMEIDA, L. (org.) Henri Wallon. 
Psicologia e Educação. São Paulo: Loyola, 2000.
Leitura para Aprofundamento:
WALLON, H. (1941) A evolução psicológica da criança. 
(Trad. Claudia Berliner) São Paulo: Martins Fontes, 2007.
 
 
Henri Wallon estudou o desenvolvimento da criança e a seguir 
é apresentada uma síntese de sua história e os principais fatos 
que marcaram a construção de sua obra.
 
1879 – Nasceu em Paris, França, em 1879. Estudou medicina 
(psiquiatria), filosofia e psicologia. Membro de uma família de 
tradição universitária humanista, seu avô foi um grande 
historiador, discípulo de Michelet, introduziu a palavra 
“república” na Constituição de 1875. Jules Michelet 
(1798-1874) nasceu pouco após a Revolução Francesa, fato 
que marcou a transição da Idade Média para a Modernidade. 
Michelet tornou-se conhecido como o primeiro historiador a 
afirmar que não eram as grandes personalidades, e sim as 
massas, o único agente de transformação histórica.
1902 – Com 23 anos, formou-se em filosofia pela Escola 
Normal Superior.
1908 – Formou-se em medicina. Viveu num período marcado 
por instabilidade social e turbulência política. As duas guerras 
mundiais (1914-18 e 1939-45),o avanço do fascismo no 
período entre guerras, as revoluções socialistas e as guerras 
para libertação das colônias na África atingiam a Europa, em 
especial, a França. Crises sociais e instabilidades políticas 
foram fundamentais para Wallon construir sua teoria 
pedagógica, pois serviram de estímulo para que ele organizasse 
suas ideias. Isso explica, em parte, a visão marxista que deu à 
sua obra e por que aderiu, no período anterior à Primeira 
Guerra, aos movimentos de esquerda e ao Partido Socialista.
1914 – Durante a Primeira Guerra Mundial (1914-1918), atuou 
como médico no exército francês, ajudando a cuidar de 
pessoas com distúrbios psiquiátricos. Ao lidar constantemente 
com ex-combatentes portadores de lesões cerebrais, reviu 
posições neurológicas que havia desenvolvido no trabalho com 
crianças deficientes.
1925 - Funda o Laboratório de Psicobiologia da Criança, 
destinado à pesquisa e ao atendimento de deficientes. 
Localizado perto de uma escola da periferia, dava acesso ao 
contexto social da criança. Publica sua tese de doutorado: A 
criança turbulenta. Inicia um período de intensa produção com 
livros voltados para a psicologia da criança.
1929 – É encarregado de conferências sobre a psicologia da 
criança como professor na Universidade de Sorbonne e em 
outras instituições de ensino superior.
1931 – Atuou como médico em instituições psiquiátricas e, 
nesse período, consolida-se seu interesse pela psicologia da 
criança. Viaja para Moscou e é convidado para integrar o 
Círculo da Rússia Nova, grupo formado por intelectuais que se 
reuniam com o objetivo de aprofundarem o estudo do 
materialismo dialético e de examinarem as possibilidades 
oferecidas por este referencial aos vários campos da ciência. 
Neste grupo, o marxismo que se discutia não era o sistema de 
governo, mas a corrente filosófica.
1935 – Viaja para o Brasil.
1937 a 1949 – Lecionou psicologia e educação no Colégio de 
França (berço da psicologia francesa). Integrou a Sociedade 
Francesa de Pedagogia (1937 a 1962).
1939 a 1945 – França é ocupada pelos alemães (2ª Guerra 
Mundial). Atuou na resistência francesa, foi perseguido pela 
Gestapo (polícia nazista), viveu clandestinamente. Escreveu o 
livro Origens do pensamento na criança.
1944 / 1946 – Integra a Comissão do Ministério da Educação 
Nacional para reformulação do sistema de ensino francês. 
Torna-se vice-presidente do Grupo Francês de Educação Nova 
(1946 a 1962) — instituição que ajudou a revolucionar o 
sistema de ensino daquele país e da qual foi presidente de 1946 
até sua morte. Considerava uma relação recíproca entre 
psicologia e educação. Criticou o ensino tradicional, 
participando do Movimento da Escola Nova. “Reprovar é 
sinônimo de expulsar, negar, excluir. É a própria negação do 
ensino”. (Wallon, 2007)
 
Juntamente com o físico Langevin, coordenou a reforma do 
ensino francês, chamada Projeto Langevin-Wallon (série de 
propostas similares à nossa Lei de Diretrizes e Bases), tendo 
em vista toda uma mudança no sistema educacional francês. 
Uma das propostas do projeto, por exemplo, é a de que 
nenhum aluno deve ser reprovado numa avaliação escolar. “É a 
cultura e a linguagem que fornecem ao pensamento os 
instrumentos para sua evolução.” (Wallon, 2007).
 
1948 – Cria e lança a revista ENFANCE. Este é um periódico 
que ainda hoje é utilizado como fonte de pesquisa por 
pesquisadores em psicologia do desenvolvimento. Ao longo de 
toda a vida, dedicou-se a conhecer a infância e os caminhos da 
inteligência nas crianças e, de acordo com seus pressupostos, o 
meio exerce influência fundamental sobre o desenvolvimento 
da pessoa humana, considerando o alimento cultural.
1962 – Morre em Paris, França, em 1962, aos 83 anos.
 
Atividades recomendadas:
 
1) Faça as leituras indicadas sobre a vida e a obra de Wallon e 
analise como o contexto sócio-histórico em que viveu 
influenciou a sua compreensão sobre o desenvolvimento da 
criança.
 
2) Assista ao DVD “Henri Wallon” - Coleção Grandes 
Educadores (2006).
 
3) Acompanhe o seguinte exemplo de exercício:
 
Leia o fragmento seguir e responda a questão:
Falar que a escola deve proporcionar formação integral 
(intelectual, afetiva e social) às crianças é comum hoje em dia. 
No início do século passado, porém, essa ideia foi uma 
verdadeira revolução no ensino. Uma revolução comandada 
por um médico, psicólogo e filósofo francês chamado Henri 
Wallon (1879-1962). Sua teoria pedagógica, que diz que o 
desenvolvimento intelectual envolve muito mais do que um 
simples cérebro, abalou as convicções numa época em que 
memória e erudição eram o máximo em termos de construção 
do conhecimento.
http://revistaescola.abril.com.br/historia/pratica-pedagogica/
educador-integral-423298.shtml
 
A marca essencial, o princípio organizador da teoria 
walloniana é a integração – a pessoa inteira (afetivo, cognitivo 
e motor) e em transformação. Foram condições que podem ser 
consideradas como necessárias para a construção da referida 
teoria:
I. Wallon participou ativamente nas duas guerras mundiais, na 
primeira, como médico e, na segunda, dentro do movimento de 
Resistência, e ambas as atuações permitiram-lhe a observação 
de lesões orgânicas e seus desdobramentos psicológicos.
II. Wallon identificou os princípios reguladores do processo de 
desenvolvimento por meio de testes de inteligência com 
crianças normais, e como Vygotsky, não identificou estágios 
desenvolvimentais.
III. O materialismo dialético sugeriu a Wallon, considerar as 
condições orgânicas e sociais, numa dada cultura e época, para 
definir as possibilidades e limites do processo de 
desenvolvimento.
Assinale a alternativa correta:
a) I, apenas.
b) II, apenas.
c) II e III, apenas.
d) I e III, apenas.
e) I, II e III.
 
A alternativa correta é a (D).Apenas I e III estão corretas. A 
afirmativa II está errada porque Wallon não aplicou testes de 
inteligência e identificou cinco estágios de desenvolvimento.
 
 
Método de pesquisa: análise genética comparativa 
multidimensional.
 
Leitura Obrigatória: 
MAHONEY, A. A.; ALMEIDA, L. (org.) Henri Wallon. 
Psicologia e Educação. São Paulo: Loyola, 2000.
Leitura para Aprofundamento:
WALLON, H. (1941) A evolução psicológica da criança. 
(Trad. Claudia Berliner) São Paulo: Martins Fontes, 2007.
 
Para realizar os estudos sobre o desenvolvimento infantil, 
Wallon utilizou um método de análise, tendo como base a 
psicologia genética, pois considerava que esta referencia era a 
mais adequada para estudar os processos pelos quais a criança 
passa da infância à idade adulta.
 
Assim sendo, com base na psicologia genética e no 
materialismo histórico, elaborou um método próprio para 
realizar as investigações psicológicas: a análise genética 
comparativa multidimensional, que consiste em realizar 
diferentes comparações para compreender adequadamente o 
desenvolvimento humano. Sendo assim, compara a criança 
com patologias com a criança normal, a criança normal com o 
adulto normal adulto de hoje com civilizações primitivas; as 
crianças normais da mesma idade e idades diferentes; a criança 
com o animal. Ao fazer essas comparações Wallon analisa o 
desenvolvimento em suas várias determinações, orgânicas, 
neurofisiológicas, sociais e as relações entre esses fatores.
 
Assim sendo, destaca dois grandes pressupostos:
- A pessoa está continuamente em desenvolvimento.
- Em cada instante desse processo a pessoa é uma totalidade, 
um conjunto resultante da integração dos conjuntos motor, 
afetivo e cognitivo.
 
Assim sendo, o desenvolvimento humano é resultado das 
relações entre as dimensões motor, afetivo, cognitivo e os 
fatores determinantes – orgânicos e sociais.
 
 
Atividades recomendadas:
 
1) Faça as leituras indicadas, observando as bases que 
fundamentam teoricamente as ideias de Wallon e que são 
apresentadas pelosautores.
 
2) Levante informações por meios tradicionais ou eletrônicos 
sobre os casos de crianças que se perderam muito jovens de 
suas famílias e viveram na floresta sem o contato com os 
humanos na companhia de animais. Você já fez uma analise da 
origem do conhecimento dessas crianças a partir das 
concepções psicológicas da teoria de Vygotsky, agora faça o 
mesmo a partir de Wallon.
 
3) Acompanhe o seguinte exemplo de exercício:
 
Sobre o método de análise de Wallon podemos afirmar:
I. O método elaborado por Wallon foi o método clínico crítico.
II. O método de Wallon é multidimensional porque analisa o 
fenômeno em suas várias determinações: orgânicas, 
neurofisiológicas, sociais e a relação entre esses fatores.
III. O único conhecimento possível é o do fenômeno 
fragmentado em cada uma das suas unidades e estudado 
exaustivamente em suas particularidades.
Assinale a alternativa correta:
a) I, apenas.
b) II, apenas.
c) II e III, apenas.
d) I e III, apenas.
e) I, II e III.
 
A alternativa correta é a (B).O método de Wallon é 
multidimensional porque analisa o fenômeno em suas várias 
determinações: orgânicas, neurofisiológicas, sociais e a relação 
entre esses fatores.
 
 
Principais conceitos da teoria de Wallon.
 
Leitura Obrigatória: 
MAHONEY, A. A.; ALMEIDA, L. (org.) Henri Wallon. 
Psicologia e Educação. São Paulo: Loyola, 2000.
Leitura para Aprofundamento:
WALLON, H. (1941) A evolução psicológica da criança. 
(Trad. Claudia Berliner) São Paulo: Martins Fontes, 2007.
 
O desenvolvimento psicológico é dividido em estágios (não 
rígidos, mas contínuos, marcado por rupturas, retrocessos e 
reviravoltas) inicialmente biológicos, depois sociais. Não é 
possível definir um limite terminal para o desenvolvimento da 
inteligência, pois isso depende das condições oferecidas pelo 
meio. Os estágios do desenvolvimento segundo Wallon são: 
impulsivo-emocional (0 a 1 ano); sensório-motor e projetivo (1 
a 3 anos); personalismo (3 a 6 anos);    categorial (6 a 11 anos); 
puberdade e adolescência (11 anos em diante). 
 
De acordo com Wallon, o desenvolvimento infantil é dinâmico 
– não há linearidade. Os fatores orgânicos (biológicos) 
determinam a sequência fixa dos estágios do desenvolvimento, 
que se tornam flexíveis pela influência dos fatores sociais 
(alimento cultural = linguagem e conhecimento). Em outras 
palavras, a gênese da inteligência para Wallon é genética e 
organicamente social. Nesse sentido, a teoria do 
desenvolvimento cognitivo é centrada na psicogênese da 
pessoa completa, ou seja, em cada estágio temos uma pessoa 
inteira, completa e em transformação constante, a partir das 
dimensões afetiva, cognitiva e motora. (Mahoney, 2000)
 
O desenvolvimento é emocional (afetividade), cognitivo 
(inteligência) e motor (movimento), determinado por fatores 
orgânicos e sociais. Assim, há sempre a predominância 
funcional de uma dimensão do desenvolvimento em relação 
aos outros e em cada período, sendo que no final há uma 
integração funcional. Portanto, o desenvolvimento é pontuado 
por crises ou conflitos chamados de fatores dinamogênicos, 
que podem ser de natureza endógena / interna (maturação 
nervosa) e de natureza exógena / externa (cultural). A isso, 
Wallon chamou de lei de alternância funcional: ora o conflito 
é interno ora é externo, constituindo-se num motor propulsor 
ao desenvolvimento.
 
Períodos do desenvolvimento: Impulsivo emocional (0-1a); 
Personalismo (3-6a); Puberdade e adolescência (11 anos).
- Fatores dinamogênicos è endógeno.
- Predominância funcional è afetivo (centrípeta).
 
Períodos do desenvolvimento: Sensório-motor e projetivo (1-3 
a); Categorial (6-11a).
- Fatores dinamogênicos è exógeno.
- Predominância funcional è cognitivo (centrífuga).
 
No último estágio do desenvolvimento há a integração 
funcional em que não há mais a predominância de uma 
dimensão do desenvolvimento em relação à outra. Caso isso 
não aconteça, Wallon identifica uma série de problema, 
chamando de criança turbulenta.
 
Atividades recomendadas:
 
1) Faça uma leitura criteriosa dos textos indicados e monte um 
glossário dos principais assuntos e conceitos tratados.
 
2) Acompanhe o seguinte exemplo de exercício:
 
Quanto ao princípio da alternância funcional, podemos afirmar 
que:
a) Predominância cognitiva ocorre no estágio do personalismo, 
categorial e da adolescência.
b) Predominância afetiva ocorre no estágio sensório-motor e 
projetivo e no categorial.
c) Predominância cognitiva ocorre no estágio impulsivo-
emocional e da adolescência.
d) Predominância afetiva e cognitiva não se alterna nos 
estágios de desenvolvimento.
e) Predominância afetiva ocorre nos estágio impulsivo-
emocional, do personalismo e da adolescência.
 
A alternativa correta é a (E). Predominância afetiva ocorre nos 
estágio impulsivo-emocional, do personalismo e da puberdade 
e adolescência. Predominância cognitiva ocorre nos estágios 
sensório-motor e projetivo e no categorial.
 
 
3) Realize os exercícios deste módulo, anotando as dúvidas 
que surgirem durante a resolução. Estas dúvidas devem ser 
motivo de novas pesquisas bibliográficas, na tentativa de saná-
las. Caso elas persistam, apresente-as ao professor, nas aulas 
presenciais. 
 
Módulo 6:
 
Psicogênese da Pessoa Completa
 
Leitura Obrigatória: 
MAHONEY, A. A.; ALMEIDA, L. (org.) Henri Wallon. 
Psicologia e Educação. São Paulo: Loyola, 2000.
Leitura para Aprofundamento:
GALVÃO, Izabel. Henri Wallon: uma concepção dialética 
do desenvolvimento infantil. 15ª. Edição. Petrópolis/RJ: 
Vozes, 202.
 
 
Assim como Piaget e Vygotsky, Henri Wallon buscou 
explicitar os fundamentos epistemológicos, objetivos e 
métodos que embasaram sua compreensão sobre o 
desenvolvimento humano, dialogando, para isso, com as 
principais correntes filosóficas do pensamento ocidental e 
questionando as contradições da psicologia de sua época.
 
Nesse sentido, opõem-se as concepções reducionistas (a 
concepção idealista e a concepção materialista mecanicista ou 
organicista) que limitam a compreensão do psiquismo humano 
a um ou outro termo da dualidade (inato-adquirido).
 
Propõe, então, o materialismo dialético como a única 
abordagem que permite a superação dos antagonismos que 
entravam a objetiva compreensão da realidade, na medida em 
que permite a coordenação de pontos de vista diversos, 
compreendendo a contradição como constitutiva do sujeito e 
do objeto.
 
Sendo assim, para Wallon, o estudo da realidade movediça e 
contraditória que é o homem e seu psiquismo beneficia-se 
enormemente do recurso ao materialismo dialético, 
perspectiva filosófica especialmente capaz de captar a 
realidade em suas permanentes mudanças e transformações, 
adotando-o como método de análise e fundamento 
epistemológico de sua teoria psicológica, uma psicologia 
dialética. (Galvão, 2002)
 
Atividades recomendadas:
 
1) Levante informações por meios tradicionais ou eletrônicos 
sobre a vida de Vygotsky e reflita de que maneira o contexto 
sócio histórico influenciou em sua concepção de inteligência.
 
2) Assista ao DVD “Henri Wallon” - Coleção Grandes 
Educadores (2006).
 
3) Acompanhe o seguinte exemplo de exercício:
 
Buscando compreender o psiquismo humano, Wallon volta sua 
atenção para a criança, pois através dela é possível ter acesso à 
gênese dos processos psíquicos. Em relação à obra deste 
teórico é incorreto afirmar que:
a) Opõe-se às concepções reducionistas que limitam a 
compreensão do psiquismo humano a um ou outro termo da 
dualidade espírito-matéria.
b) Para o autor, o homem é um ser indissociavelmente 
biológico e social. Assim, para a psicologia constituir-se como 
ciência precisa unir o espírito e a matéria, o orgânico e o 
psíquico.
c) Adota o materialismo dialético como método de análise e 
fundamento epistemológico de sua teoria, uma psicologia

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