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PSICOLOGIA SÓCIO-INTERACIONISTA APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA (Módulo 0) Organização do material: Nesta disciplina, você terá oportunidade de estudar a teoria do desenvolvimento psicológico de Lev S. Vygotsky (1896-1934) e sua abordagem Sócio-Interacionista do desenvolvimento e da aprendizagem. Estudará também a teoria do desenvolvimento psicológico de Henri Wallon (1879-1962) e sua concepção dialética do desenvolvimento infantil. O material poderá ser utilizado como orientação para seu estudo e como complemento das atividades realizadas nas aulas presenciais. O programa da disciplina está distribuído em 8 módulos, que devem ser estudados ao longo do semestre letivo. Alguns tópicos serão objeto de avaliação na NP1 (Módulos 1 a 4) e outros serão avaliados na NP2 (Módulos 5 a 8). Sugerimos que você siga a ordem abaixo apresentada, ao planejar seu estudo, uma vez que os temas mantém entre si uma relação lógica. Módulo 1: Vygotsky: vida e obra. Bases da teoria vygotskiana. Mediação simbólica: instrumentos e signos. Módulo 2: Pensamento e linguagem. O significado das palavras. O discurso interior e a fala egocêntrica. Módulo 3: Desenvolvimento e aprendizado. O conceito de zona de desenvolvimento proximal. O papel da intervenção pedagógica no desenvolvimento. Módulo 4: Brinquedo e desenvolvimento. A evolução da escrita na criança. A mediação da percepção, atenção e memória. Módulo 5: Henri Wallon: vida e obra. Método de pesquisa: análise genética comparativa multidimensional. Principais conceitos da teoria de Wallon. Módulo 6: Psicogênese da Pessoa Completa Impulsivo Emocional Sensório Motor e Projetivo Módulo 7: Personalismo Categorial Puberdade e Adolescência Módulo 8: A questão da afetividade na teoria de Wallon. Wallon e a Educação. Wallon e a Psicologia. Em cada um dos módulos, haverá uma breve apresentação do assunto, indicação de material para leitura, atividades de estudo e exercícios de verificação da aprendizagem. Lembre-se que a mera realização dos exercícios não permitirá a aprendizagem dos temas. É imprescindível que você realize todas as atividades descritas em cada módulo. O presente conteúdo, por se tratar da apresentação do curso, não inclui exercícios. Bibliografia: A Bibliografia apresentada a seguir relaciona as obras consideradas importantes para o estudo dos temas. Em cada módulo, serão indicados os trechos específicos que devem ser lidos. Bibliografia Básica: MAHONEY, A. A.; ALMEIDA, L. (org.) Henri Wallon. Psicologia e Educação. São Paulo: Loyola, 2000. OLIVEIRA, M. K. Vygotsky. Aprendizado e Desenvolvimento um processo sócio-histórico. 4ª ed. São Paulo: Scipione, 1997. VEER, R. V. D; VALSNER, J. Vygotsky uma síntese. São Paulo: Loyola, 1991. Bibliografia Complementar: BOCK, A. M. B.; GONÇALVES, M. G. M.; FURTADO, O. (orgs). Psicologia Sócio-histórica. 3ª ed. São Paulo: Cortez, 2007. VYGOTSKY, L. S. A Formação Social da Mente. (Trad. José Cipolla Neto; Luís Silveira Menna Barreto; Solange Castro Afeche). São Paulo: Martins Fontes, 2007. VYGOTSKY, L. S. A construção do pensamento e da linguagem.(Trad. Paul Bezerra). São Paulo: Martins Fontes, 2001. WALLON, H. (1941) A evolução psicológica da criança. (Trad. Claudia Berliner) São Paulo: Martins Fontes, 2007. MALUF, M. R; MOZZER, G. N. S. Operações com signos em crianças de 5 a 7 anos. In: Psicologia: Teoria e Pesquisa. Brasília, vol. 16, nº 1, jan./abr. 2000. www.scielo.br/pdf/ptp/ v16n1/4389.pdf MAHONEY, A. A.; ALMEIDA, L. (org.) Constituição da pessoa na proposta de Henri Wallon. São Paulo: Loyola, 2004. Além destas referências, é desejável que você recorra a outras fontes, caso queira se aprofundar em algum tópico específico do programa. É importante que, em sua pesquisa, você recorra a fontes confiáveis. Indicamos a seguir alguns endereços eletrônicos cuja consulta é recomendada: BIBLIOTECA DIGITAL DE TESES E DISSERTAÇÕES (USP) http://www.teses.usp.br/ PEPSIC – PERIÓDICOS ELETRÔNICOS EM PSICOLOGIA http://pepsic.bvs-psi.org.br/scielo.php BIBLIOTECA VIRTUAL EM SAÚDE (BVS) - www.bvs-psi.org.br PERIÓDICOS CAPES - www.periodicos.capes.gov.br DVD Coleção Grandes Educadores – Lev Vygotsky com apresentação de Marta Kohl de Oliveira (ATTA mídia e educação - Editora Paulus www.paulus.com.br) DVD Coleção Grandes Educadores – Henri Wallon com apresentação de Heloisa Dantas (ATTA mídia e educação - Editora Paulus www.paulus.com.br) Se você necessitar de informações adicionais para ampliar seus conhecimentos, solicite-as do professor, nas aulas presenciais. Módulo 1 (A) Vygotsky: vida e obra. Leitura Obrigatória: OLIVEIRA, M. K. Vygotsky. Aprendizado e Desenvolvimento um processo sócio-histórico. 1ª ed. Coleção Pensamento e Ação na sala de aula. São Paulo: Scipione, 2010. Leitura para Aprofundamento: VEER, R. V. D; VALSNER, J. Vygotsky uma síntese. São Paulo: Loyola, 1996. Diferentemente de outros teóricos, Vygotsky não pode escrever sua autobiografia, pois morreu muito cedo. Os dados biográficos são escritos por Vander Veer (1991) a partir dos relatos de amigos e parentes. A seguir é apresentada uma síntese de sua história e os principais fatos que marcaram a construção de sua obra. 1896 – nasceu em Orsha, Bielo Rússia, no dia 5 de novembro de 1896. O sobrenome Vygodsky significa aquele que vem da aldeia vygotovo; não se sabe por que Vygotsky assinava dessa forma. Há variações de tradução encontradas: Vygotsky (inglês e português), Vygotski (francês), Vigotsky (espanhol), Vigotskij (italiano), portanto, todas elas estão corretas. Vygotsky é o segundo de uma família de oito filhos. Os pais eram membros bem instruídos da comunidade judaica de Gomel e mantinham as tradições judaicas (educação tradicional). Sua mãe era professora e seu pai trabalhava como chefe de departamento no Banco Unido e como representante de uma companhia de seguros. Possuíam boas condições financeiras, todos os filhos tiveram tutores. Moravam em um amplo apartamento, em um território de assentamento na cidade (PALE), que possuía uma ampla biblioteca. Quando jovem, seus hobbies eram: coleção de selos, xadrez, correspondência em esperanto, discussão de assuntos abstratos com amigos, teatro. 1905 – (9 anos) – Revolução popular contra o czar. Acentua-se a crise social na Rússia. 1911 (15 anos) – Ingressou pela 1ª vez numa instituição escolar, após anos de instrução com tutores particulares, além de seus próprios pais (Gymnasium, judeu particular, em Gomel). 1913 (17 anos) – Forma-se no curso secundário com medalha de ouro. Isso lhe permite ingressar na Universidade de Moscou, no curso de direito. 1914 (18 anos) – Estuda na Universidade Popular de Shanyavskii – história, filosofia, literatura, arte, psicologia, psicanálise. 1916 (20 anos) – Escreve A tragédia de Hamlet: príncipe da Dinamarca. 1917 (21 anos) – Forma-se em direito na Universidade de Moscou. Revolução Russa. É criado o Conselho dos Comissários do Povo, presidido por Lênin. 1917-1923 (21-27 anos) – Volta para Gomel, leciona literatura e psicologia. As razões que levaram Vygotsky a retornar a sua terra natal não são claras, algumas hipóteses dos biógrafos são: os pais estavam empobrecidos em função da Revolução e ele volta para ajuda-los; porque não conseguiu permissão para ficar em Moscou; para se casar com Roza Smekhova. Este é um período vazio na história das publicações de Vygotsky que ainda está para ser explicado. Atividades profissionais que exerce nesse período são: deu aulas na Escola Trabalhista Soviética, no Colégio Pedagógico de Gomel (Laboratório Psicológico), na Escola Noturna para Trabalhadores Adultos, e em cursos preparatórios para pedagogos. Além disso, reunia-se com amigos noque chamava de “Segundas-Feiras Literárias”, para discutir assuntos de literatura, língua russa, lógica, psicologia, pedagogia. 1918 (22 anos) – Funda duas editoras com Semyon Dobkin e David Vygodsky. 1920 (24 anos) – Seu irmão contrai tuberculose e Vygotsky vai ajudá-lo, mas contrai também a doença. Na época não havia tratamento muito menos a cura da doença e a morte era rápida, mas Vygotsky vive inexplicavelmente com esta doença por 14 anos, com muito sofrimento físico e psicológico. 1922 (26 anos) – Centralização do poder. Stalin é nomeado secretário-geral do Partido Comunista. Constituição da URSS. 1924 (28 anos) – Participa da conferência no II Congresso de Psiconeurologia de Leningrado e conhece Luria e Leontiev, dois grandes amigos e colaboradores. 1924 – Vygotsky casa-se com Roza Smekhova, com quem tem duas filhas. Muda-se para Moscou e vai lecionar no Instituto de Psicologia a convite de Kornilov. Morre Lênin. Stálin assume o poder. 1925 (29 anos) – Escreve o livro Psicologia da arte que somente foi publicado em 1965, na URSS. É nesse ano que Vygotsky viaja pela primeira vez para a Europa e conhece alguns dos livros de Piaget. Organiza o Instituto e Laboratório de Estudos sobre as Deficiências que chamou de “estudos de defectologia”. 1925-1934 (29 – 37 anos) – Trabalha no departamento de educação para crianças deficientes físicas e mentais, no Instituto Pedagógico de Moscou e no Instituto Pedagógico de Leningrado (Hertzen). Estuda medicina para compreender os problemas neurológicos e suas implicações no desenvolvimento psicológico. Considera a pedologia a ciência mais completa para o estudo da criança, pois integra aspectos da biologia, psicologia, antropologia e pedagogia. Funda o Laboratório de Psicologia na escola de formação de professores (Gomel) e reúne jovens cientistas para estudos sobre psicologia e anormalidades. 1928 (32 anos) – Processo de modernização da URSS; industrialização reforma agrária, alfabetização. 1929 (33 anos) – Início da ditadura stalinista. 1934 – Ano de sua morte. O fim da vida de Vygotsky é marcado por muitos problemas: desintegração de seu grupo de colaboradores, traições pessoais, más condições físicas repetidas hemorragias e estado de espírito deprimido. Dobkin, seu amigo de infância, diz: “Vygotsky fez tudo para não viver nos últimos anos de sua vida”. Morre em Moscou, Rússia, aos 37 anos, em 11 de junho de 1934. Ao longo de sua curta, mas brilhante carreira, Vygotsky deixou 200 trabalhos científicos escritos, ditados, anotados. No ano de sua morte é publicado, na URSS, o livro Pensamento e linguagem. 1936–1937 – Período mais violento do regime stalinista. 1936-1956 – Vygotsky é acusado de “idealista” por Stalin, sua obra foi proibida por 20 anos. As obras deixam de ser publicadas na URSS por motivos políticos, e parte do material é destruído. 1953 – Morre Stalin; Kruchev sobe ao poder. 1956 – Kruchev dá início ao processo de “desestalinização” da URSS. 1962 – Publicação Pensamento e linguagem nos EUA (28 anos depois). 1982-1984 – Publicação Edição das Obras selecionadas, de Vygotsky, na URSS. 1984-1988 – Publicação no Brasil dos livros: A formação social da mente; Pensamento e linguagem; Linguagem, desenvolvimento e aprendizagem. Embora com um percurso de vida tão curto, Vygotsky deixou uma produção escrita muito vasta, com aproximadamente 200 trabalhos científicos, cujos temas vão desde a neuropsicologia até a crítica literária, passando por deficiência, linguagem, psicologia, educação e questões teóricas e metodológicas relacionadas às ciências humanas. (Oliveira, 2010: 21). Atividades recomendadas: 1) Levante informações por meios tradicionais ou eletrônicos sobre a vida de Vygotsky e reflita de que maneira o contexto sócio histórico influenciou em sua concepção de inteligência. 2) Assista ao DVD “Lev Vygotsky” - Coleção Grandes Educadores (2006). 3) Acompanhe o seguinte exemplo de exercício: A breve vida de Vygotsky foi marcada por conflitos sociais que influenciaram a construção de sua obra. De acordo com isso, em relação à vida e obra vygotskiana, podemos afirmar que: I. Foi à escola formal somente aos quinze anos e isso, de certa forma, comprometeu sua produção intelectual e a formalização de suas ideias. II. Trabalhou no departamento de educação para crianças deficientes físicas e mentais e estudou medicina para compreender os problemas neurológicos e suas implicações no desenvolvimento psicológico. III. Conheceu Luria e Leontiev no II Congresso de Psiconeurologia de Leningrado e serão estes dois grandes amigos e colaboradores que darão continuidade ao seu trabalho após sua morte. Assinale a alternativa correta: a) I e II estão corretas. b) I e III estão corretas. c) II e III estão corretas. d) somente II está correta. e) somente III está correta. A alternativa correta é a (C). As afirmativas II e III estão corretas, pois apresentam dois momentos importantes na vida de Vygotsky. A afirmativa I está errada. Vygotsky realmente vai para a escola somente aos 15 anos, mas a maior parte de sua educação formal, antes disso, foi realizada em casa por meio de tutores particulares, além de seus pais, uma das famílias mais cultas da cidade, oferecendo uma atmosfera intelectual aos filhos deste muito cedo. A biblioteca dos pais estava sempre à disposição dos filhos e de seus amigos para o estudo individual e para reunião de grupos, onde debatiam sistematicamente sobre diversos assuntos. Este ambiente, sem dúvida, fortaleceu a construção de sua produção intelectual e a formalização de suas ideias. (2) Bases da teoria vygotskiana. Leitura Obrigatória: OLIVEIRA, M. K. Vygotsky. Aprendizado e Desenvolvimento um processo sócio-histórico. 4ª ed. São Paulo: Scipione, 1997. Leitura para Aprofundamento: VEER, R. V. D; VALSNER, J. Vygotsky uma síntese. São Paulo: Loyola, 1991. Vygotsky, Luria e Leontiev faziam parte de um grupo de jovens intelectuais russos, que buscavam muito mais que a elaboração de uma teoria científica, mas que a mesma possibilitasse a construção de uma nova sociedade com maior possibilidade de reflexão e condições sociais. Compreendiam que as teorias psicológicas estavam atravessadas pelas questões sociais de sua época e pelo regime social recém- implantado, por isso propunham a construção de uma nova psicologia que consistia em uma síntese entre duas fortes tendências presentes na psicologia do início do século XX: • A psicologia como ciência natural (psicologia experimental – estudo dos processos psicológicos e elementares – reflexos, sensoriais); • A psicologia como ciência mental (filosofia, ciências humanas – estudo dos processos psicológicos superiores – mente, consciência, espírito). A nova psicologia, portanto, seria aquela abordagem que busca uma síntese para a psicologia integra, numa mesma perspectiva, o homem enquanto corpo e mente, enquanto ser biológico e ser social, enquanto membro da espécie humana e participante de um processo histórico. (Oliveira, 1997:23). Sendo assim, Vygotsky elaborou uma teoria do desenvolvimento intelectual, sustentando que todo o conhecimento é construído socialmente, no âmbito das relações humanas, estando pautada em três ideias principais: • as funções psicológicas têm suporte biológico, pois são produtos da atividade cerebral; • o funcionamento psicológico fundamenta-se nas relações sociais entre o indivíduo e o mundo exterior, as quais se desenvolvem num processo histórico; • a relação homem/trabalho é mediada por sistemas simbólicos. Atividades recomendadas: 1) Faça as leituras indicadas, observando as bases que fundamentam teoricamente as ideias de Vygotsky e que são apresentadas pelos autores. 2) Levante informações por meios tradicionais ou eletrônicossobre os casos de crianças que se perderam muito jovens de suas famílias e viveram na floresta sem o contato com os humanos na companhia de animais. Analise a origem do conhecimento dessas crianças a partir das concepções psicológicas da teoria de Vygotsky. 3) Acompanhe o seguinte exemplo de exercício: Vygotsky foi um teórico que revolucionou a maneira de pensar e estudar as questões psicológicas de sua época. Propõe a construção de uma nova psicologia que consiste na síntese de duas fortes tendências no início do século XX, a psicologia como ciência natural e a psicologia como ciência mental. Sendo assim, os pilares básicos do pensamento de Vygotsky, nesta nova abordagem para a psicologia são: I. As funções psicológicas têm um suporte biológico, pois são produtos da atividade cerebral. II. O funcionamento psicológico fundamenta-se nas relações sociais entre o indivíduo e o mundo exterior e se desenvolve em um processo histórico. III. A relação homem/mundo é uma relação mediada por sistemas simbólicos. Há afirmações falsas, dentre as apresentadas? a) Não, todas as afirmações são verdadeiras. b) Sim, a I. c) Sim, a II. d) Sim, a III. e) Sim a I e a II. Se você compreendeu adequadamente as bases teóricas da teoria de Vygotsky, assinalou a alternativa (A). As afirmações I, II e III apresentam um resumo adequado desta teoria. (3) Mediação simbólica: instrumentos e signos. Leitura Obrigatória: OLIVEIRA, M. K. Vygotsky. Aprendizado e Desenvolvimento um processo sócio-histórico. 4ª ed. São Paulo: Scipione, 1997. Leitura para Aprofundamento: VYGOTSKY, L. S. A Formação Social da Mente. (Trad. José Cipolla Neto; Luís Silveira Menna Barreto; Solange Castro Afeche). São Paulo: Martins Fontes, 2007. Um conceito central para compreender a concepção sócio- histórica do funcionamento psicológico de Vygotsky é o conceito de mediação simbólica, em que qualquer que seja a relação do homem com o mundo esta será mediada por sistemas simbólicos. Mediação simbólica, portanto, é o processo de intervenção de um elemento intermediário numa relação, a relação deixa de ser direta e passa a ser mediada por esse elemento que pode ser externo ou interno. Nessa perspectiva, a relação do homem com o mundo deixa de ser entendida como sendo direta (S-R) e passa a ser compreendida como uma relação mediada por um elemento intermediário (memória, lembrança, atenção, ajuda de alguém). Os mediadores podem ser de dois tipos: instrumentos ou instrumentos físicos - elementos externos, ações concretas. De acordo com Oliveira (1997), o instrumento é um elemento interposto entre o trabalhador e o objeto de seu trabalho, ampliando as possibilidades de transformação da natureza. O instrumento é feito ou buscado especialmente para certo objetivo. Ele carrega consigo, portanto, a função para a qual foi criado e o modo de utilização desenvolvido durante a história do trabalho coletivo. É, pois, um objeto social e mediador da relação entre o indivíduo e o meio. Ex.: mão / machado. Os signos ou instrumentos psicológicos são também mediadores, mas elementos internos, ações mentais. De acordo com Oliveira (1997), os signos são orientados para o próprio sujeito, para dentro do indivíduo; dirigem-se ao controle de ações psicológicas, seja do próprio indivíduo, seja de outras pessoas. São ferramentas que auxiliam nos processos psicológicos e não nas ações concretas, como os instrumentos. Ex.: a palavra “mesa”, o número 3, a cartola na porta do banheiro masculino, contagem de varetas, fazer uma lista compras, dar um nó em um lenço. O signo, portanto, é uma representação de um pensamento e para ser compreendido requer uma interpretação do sujeito. Dessa forma, o processo de mediação por meio de instrumentos e signos é fundamental para o desenvolvimento das funções psicológicas superiores, distinguindo o homem dos outros animais. E a mediação é um processo essencial para tornar possíveis atividades psicológicas voluntárias, intencionais, e controladas pelo próprio individuo. Atividades recomendadas: 1) Faça uma leitura criteriosa dos textos indicados, observando os argumentos utilizados pelos autores ao definirem o conceito de mediação simbólica na teoria de Vygotsky. 2) Acompanhe o seguinte exemplo de exercício: Para realizar uma receita, Luís Felipe, mestre em gastronomia do Hotel Ceasar Park, utilizou várias panelas (1), frigideiras (2) e um grande fogão industrial (3). Para medir os ingredientes, utilizou colheres (4) que indicavam quantidades diferentes para efetuar os cálculos. Com base no conceito de mediação utilizado por Vygotsky, é correto afirmar que: a) Os elementos 1, 2 e 3 são instrumentos físicos e o elemento 4 é signo ou instrumento psicológico. b) Os elementos 1 e 2 são instrumentos e os elementos 3 e 4 são signos. c) Apenas o elemento 4 é instrumento e os outros elementos 1, 2 e 3 são signos. d) Na verdade, todos os elementos são instrumentos físicos que possibilitam ao cozinheiro realizar a culinária. e) Todos os elementos 1, 2, 3 e 4 são tanto instrumentos físicos como instrumentos psicológicos porque possibilitam ao cozinheiro interagir com o meio em um nível superior de qualidade. Se você compreendeu adequadamente, assinalou a alternativa (A). As panelas (1), frigideiras (2) e o grande fogão industrial (3) são instrumentos, elementos externos que carregam consigo a função para a qual foi criado e o modo de utilização desenvolvido durante a história do trabalho coletivo. É, pois, um objeto social e mediador da relação entre o indivíduo e o meio; é um elemento interposto entre o trabalhador e o objeto de seu trabalho, ampliando as possibilidades de transformação da natureza. As colheres (4) que indicam quantidades diferentes para efetuar os cálculos são ferramentas que auxiliam nos processos psicológicos e não nas ações concretas, como os instrumentos, é uma representação de um pensamento e para ser compreendido requer uma interpretação do sujeito. 3) Realize os exercícios deste módulo, anotando as dúvidas que surgirem durante a resolução. Estas dúvidas devem ser motivo de novas pesquisas bibliográficas, na tentativa de saná- las. Caso elas persistam, apresente-as ao professor, nas aulas presenciais. Módulo 2 (A)Pensamento e linguagem. Leitura Obrigatória: OLIVEIRA, M. K. Vygotsky. Aprendizado e Desenvolvimento um processo sócio-histórico. 1ª ed. Coleção Pensamento e Ação na sala de aula. São Paulo: Scipione, 2010. Leitura para Aprofundamento: VYGOTSKY, L. S. A construção do pensamento e da linguagem.(Trad. Paul Bezerra). São Paulo: Martins Fontes, 2001. No início do desenvolvimento, pensamento e linguagem caminham separadamente: Fase pré-verbal do pensamento - utilização de instrumentos, inteligência prática (criança pré-verbal faz e não sabe explicar). Fase pré-intelectual da linguagem - utilização da linguagem como alívio emocional e como função social (criança pré-intelectual). Aos dois anos, com o aparecimento da linguagem, o pensamento e a linguagem passam a funcionar de maneira integrada, o pensamento se torna verbal e a linguagem racional. De acordo com Vygotsky, é nesse momento que ocorre a transformação do sujeito puramente biológico em um sujeito sócio-histórico: a mediação da linguagem irá possibilitar o funcionamento das funções psicológicas (pensamento). As funções básicas da linguagem são: intercâmbio social e pensamento generalizante. O intercambio social é a construção de um sistema de linguagem criado pelo homem para comunicar-se com seus semelhantes. Nas palavras de Oliveira (2010): “É a necessidade de comunicação que impulsiona, inicialmente, o desenvolvimento da linguagem”. A segunda função da linguagem é o pensamento generalizanteque consiste no agrupamento de todas as ocorrências de uma mesma classe de objetos, eventos, situações, sob uma mesma categoria conceitual. Por exemplo: ao denominar um objeto de cachorro estou classificando este objeto nesta categoria e diferenciando-o de outras categorias de objetos (gatos, pássaros, carros, plantas, etc.). Essa função generalizante do pensamento que torna a linguagem um instrumento do pensamento, pois será a linguagem que organizará o real e possibilitará com isso a mediação de melhor qualidade do sujeito com o mundo a ser conhecido. Dessa forma, o sistema psicológico passa a ser mediado pela linguagem que no início é social, e depois será organizado por um sistema interpsíquico que gradativamente vai sendo internalizado, tornando-se, assim, uma linguagem individual (sistema intrapsíquico). Este é o processo de internalização da linguagem descrito por Vygotsky: Atividades recomendadas: 1) Faça as leituras indicadas, observando as bases que fundamentam os conceitos de pensamento e linguagem na teoria de Vygotsky. 2) Levante informações por meios tradicionais ou eletrônicos sobre Chimpanzés em situação de comunicação social e estabeleça uma comparação com a maneira de comunicação humana e o processo de desenvolvimento do pensamento e da linguagem. 3) Acompanhe o seguinte exemplo de exercício: A questão do desenvolvimento da linguagem e suas relações com o pensamento ocupa lugar central na obra de Vygotsky uma vez que a linguagem é o sistema simbólico básico de todos os grupos humanos. De acordo com isso, podemos afirmar que: I. A linguagem possui duas funções básicas, o intercâmbio social e o pensamento generalizante, fundamentais para compreensão do funcionamento psicológico. II. O surgimento da linguagem como sistema de signo, é um momento crucial no desenvolvimento ontogenético em que o biológico transforma-se em sócio-histórico. III. Os chimpanzés utilizam instrumentos como mediadores para solução de problemas, sendo esse modo de funcionamento intelectual dependente da sua linguagem e do estabelecimento de signos internalizados. Assinale a alternativa correta: a) I e II estão corretas. b) I e III estão corretas. c) II e III estão corretas. d) somente II está correta. e) somente III está correta. A alternativa correta é a (A). As afirmativas I e II estão corretas, porque apresentam as funções da linguagem no desenvolvimento psicológico humano e a transformação do homem de biológico em sócio-histórico quando passa a ter a mediação simbólica da linguagem. A afirmativa III está errada, porque embora os chimpanzés utilizem instrumentos como mediadores para solução de problemas o faz como uma espécie de inteligência prática que independe da linguagem e do estabelecimento de signos internalizados. (B)O significado das palavras. Leitura Obrigatória: OLIVEIRA, M. K. Vygotsky. Aprendizado e Desenvolvimento um processo sócio-histórico. 1ª ed. Coleção Pensamento e Ação na sala de aula. São Paulo: Scipione, 2010. Leitura para Aprofundamento: VYGOTSKY, L. S. A construção do pensamento e da linguagem.(Trad. Paul Bezerra). São Paulo: Martins Fontes, 2001. Quando Vygotsky apresenta suas ideias sobre o pensamento e a linguagem, a questão do significado das palavras ocupa lugar fundamental para compreendermos esse processo. Nas palavras de Oliveira (2010), o significado é o componente essencial da palavra e é também um ato de pensamento, pois ao dar um significado para a palavra o sujeito realiza uma generalização. Portanto, é no significado das palavras que o pensamento e a fala se unem em pensamento verbal. É na atribuição de significado para as palavras que se encontram as duas funções básicas da linguagem, o intercambio social e o pensamento generalizante. Ao dizer ‘boneca’ estou dizendo uma palavra que tem um significado que possibilita a comunicação entre as pessoas da mesma língua e, ao mesmo tempo, define um modo de organização do mundo, por categorias de pensamento desses objetos. Sendo assim, são os significados que irão possibilitar a mediação simbólica do sujeito com o mundo e as relações que com ele irá estabelecer. Para Vygotsky, a palavra sem significado é um som vazio e não representa nada ao sujeito, portanto, não funciona como mediador. O significado da palavra é construído socialmente e por isso sofre modificação ao longo do tempo em função do contexto sócio-histórico que pertence. Da mesma forma a criança, na aquisição da linguagem, passa pelo mesmo processo, no início o significado da palavra tem um caráter individual e na interação verbal com adultos e crianças mais velhas vai ajustando este significado aproximando-os dos conceitos do grupo cultural e linguístico a que pertence. Assim sendo, o significado da palavra transforma-se ao longo do tempo, tornando-se cada vez mais próximo dos conceitos estabelecidos pela cultura. Vygotsky distingue dois aspectos do significado da palavra: o significado propriamente dito e o sentido. O significado propriamente dito refere-se ao sistema de relações objetivas que se formou no processo de desenvolvimento da palavra, consistindo num núcleo relativamente estável de compreensão da palavra, compartilhado por todas as pessoas que a utilizam. O sentido, por sua vez, refere-se ao significado da palavra para cada indivíduo, composto por relações que dizem respeito ao contexto de uso da palavra e às vivencias afetivas do individuo. (Oliveira, 2010:50) Atividades recomendadas: 1) Faça as leituras indicadas, observando as bases que fundamentam teoricamente as ideias de Vygotsky e que são apresentadas pelos autores. 2) Como foi estudado, o significado das palavras é construído socialmente e por isso sofre modificação ao longo do tempo em função do contexto sócio-histórico que pertence. Pesquise uma palavra em português que sofreu essa transformação no significado e leve para discutir em aula com seu professor. 3) Acompanhe o seguinte exemplo de exercício: Para Vygotsky, o significado é um componente essencial das palavras. Leia atentamente a seguinte situação e responda a questão: Uma criança pequena aprende a palavra au-au para significar cachorro, mas ela aplica tal palavra para qualquer animal doméstico, porém não aplica essa palavra para um cachorro da raça "fila", por que: I. O sistema de generalização contido em uma palavra não se modifica ao longo do desenvolvimento, assim, provavelmente ela acredita que sua palavra au-au contemple o significado social desejado. II. Através da intervenção social das crianças mais velhas e dos adultos, a criança da situação acima tem a possibilidade de reajustar o significado da palavra au-au além de aprender outros novos significados. III. Ao tomar posse dos significados expressos pela linguagem a criança os aplica a seu universo particular de conhecimentos sobre o mundo. Assinale a alternativa correta: a) I e II estão corretas. b) I e III estão corretas. c) II e III estão corretas. d) somente II está correta. e) somente III está correta. A alternativa correta é a (C). II e III estão corretos, porque ao tomar posse dos significados expressos pela linguagem, a criança os aplica a seu universo particular de conhecimentos sobre o mundo (por exemplo, o Nescau é o leite quente que toma toda manhã e não o reconhece como leite gelado com chocolate). Portanto, o sistema de generalização contido em uma palavra se modifica ao longo do desenvolvimento, assim, embora ela acredite que sua palavra au-au contemple o significado social desejado, será por meio da intervenção social das crianças mais velhas e dos adultos, que ela irá reajustar o significado da palavra au- au além de aprender outros novos significados para estapalavra. (C)O discurso interior e a fala egocêntrica. Leitura Obrigatória: OLIVEIRA, M. K. Vygotsky. Aprendizado e Desenvolvimento um processo sócio-histórico. 1ª ed. Coleção Pensamento e Ação na sala de aula. São Paulo: Scipione, 2010. Leitura para Aprofundamento: VYGOTSKY, L. S. A construção do pensamento e da linguagem.(Trad. Paul Bezerra). São Paulo: Martins Fontes, 2001. O uso da linguagem como instrumento do pensamento pressupõe um processo de internalização da linguagem que vai da atividade social (intrapsíquica) para a atividade individual (intrapsíquica). Sendo assim, a criança inicialmente utiliza a linguagem como comunicação social e com o passar do tempo passa a utilizá-la como ferramenta do pensamento. Portanto, o processo de internalização do discurso ocorre em etapas e é gradual, completando somente nas fases mais avançadas da aquisição da linguagem. De acordo com Vygotsky, nesse processo de internalização a linguagem no início apresenta-se como um mediador em forma de discurso socializado (função de comunicação e contato social) e gradativamente vai sendo internalizada tornando-se também um discurso interior (diálogo consigo mesmo por meio de um dialeto pessoal). Entre essas duas formas de expressão da linguagem têm a fala egocêntrica (por volta dos 3 a 4 anos) ou discurso egocêntrico, no qual o sujeito fala consigo mesmo em voz alta; não tem o objetivo de comunicação com o outro, mas funciona como auxiliar do pensamento para o sujeito. À medida que a linguagem vai sendo internalizado, o discurso egocêntrico vai desaparecendo e o sujeito passa a utilizar o discurso interior como mediador do pensamento. Concluindo, a trajetória da criança vai em direção dos processos socializados para os processos internos, sendo a fala egocêntrica um procedimento de transição no qual o discurso já tem a função que terá como discurso interior, mas ainda tem a forma da fala socializada, externa. (Oliveira, 2010:52) Atividades recomendadas: 1) Faça uma leitura criteriosa dos textos indicados, observando os argumentos utilizados pelos autores ao definirem o processo de internalização da linguagem na teoria de Vygotsky. 2) Acompanhe o seguinte exemplo de exercício: Ana, Miguel, João e Cecília brincam e tagarelam dentro de um tanque de areia. Ana diz: ‘Ganhei uma bola de aniversário’. Miguel comenta: ‘Hoje eu vou ao Zoológico com meu pai. Mas depois tenho que dormir’. João espera que Miguel termine de falar e então reclama em voz alta: ‘Eu comi macarrão no almoço! Detesto macarrão! ’. Cecília, empurrando para um canto do tanque uma grande quantidade de areia com os pés, afirma satisfeita: ‘Ficou igualzinha à montanha do urso’. Para Vygotsky, que tipo de linguagem as crianças estão realizando e como isso pode afetar seu desenvolvimento? a) As crianças apresentam uma dificuldade de comunicação própria dessa idade, uma vez que são muito egocêntricas e dependentes dos adultos. b) As crianças apresentam um discurso interior, uma vez que nessa idade já houve internalização dos signos e seus significados. c) As crianças apresentam um discurso socializado, uma vez que já aprenderam a linguagem materna e a utilizam como forma de comunicação. d) As crianças utilizam uma fala egocêntrica como apoio ao planejamento de sequências a serem seguidas, como auxiliar na solução de problemas. e) As crianças apresentam fala egocêntrica, indicando a sua trajetória de processos internos para processos socializados. A alternativa correta é a (D). As crianças utilizam uma fala egocêntrica como apoio ao planejamento de sequências a serem seguidas, como auxiliar na solução de problemas, sendo esperado isso por volta dos 3 e 4 anos e utilizado como ferramenta de transição à internalização da linguagem em um discurso interior. 3) Realize os exercícios deste módulo, anotando as dúvidas que surgirem durante a resolução. Estas dúvidas devem ser motivo de novas pesquisas bibliográficas, na tentativa de saná-las. Caso elas persistam, apresente-as ao professor, nas aulas presenciais. Módulo 3 (A) Desenvolvimento e aprendizado. Leitura Obrigatória: OLIVEIRA, M. K. Vygotsky. Aprendizado e Desenvolvimento um processo sócio-histórico. 1ª ed. Coleção Pensamento e Ação na sala de aula. São Paulo: Scipione, 2010. Leitura para Aprofundamento: VYGOTSKY, L. S. A Formação Social da Mente. (Trad. José Cipolla Neto; Luís Silveira Menna Barreto; Solange Castro Afeche). São Paulo: Martins Fontes, 2007. A preocupação de Vygotsky foi estudar a origem e o desenvolvimento dos processos psicológicos ao longo da história da espécie humana e da história individual, adotando para isso a abordagem psicogenética comum a outras teorias psicológicas. No entanto, diferentemente desses outros autores (Piaget e Wallon) que apresentam teorias genéticas do desenvolvimento psicológico, completas e articuladas, Vygotsky não chegou a formular uma concepção estruturada do desenvolvimento humano, com a descrição das características e do percurso do ser humano do nascimento até a vida adulta. Sua obra apresenta reflexões e dados de pesquisa sobre vários aspectos do desenvolvimento, que permitem compreender como esse processo ocorre e de que maneira epistemológica compreende o conhecimento no homem. Nesse sentido, afirma que o desenvolvimento é determinado pelos processos de aprendizado pelos quais o sujeito passa ao longo da vida. Embora não negue a importância do processo de maturação do organismo individual, afirma que é o aprendizado que possibilita o despertar destes processos internos de desenvolvimento, que se não fosse o contato do indivíduo com o ambiente, não ocorreriam. Nesse sentido, para Vygotsky a aprendizagem é um processo de conhecimento individual e o aprendizado é resultado da mediação, portanto, das relações do sujeito em seu ambiente sociocultural, fundamental no processo de internalização do conhecimento pelo sujeito. Esta é a importância que Vygotsky atribui ao papel do outro no desenvolvimento psicológico, fundamentada pelo conceito de zona de desenvolvimento proximal. Com isso Vygotsky afirma que há dois níveis de desenvolvimento que ocorrem de maneira simultânea durante toda a vida psicológica do sujeito. Onível de desenvolvimento realsem ajuda do outro. Por exemplo: uma criança de 5 anos sabe andar, alimentar-se sozinha, tomar banho. consiste nos conhecimentos já construídos pelo sujeito, o que ele consegue fazer sozinho, O nível de desenvolvimento potencial é o nível onde estão os conhecimentos que o sujeito ainda não construiu e que, portanto, ele precisa da ajuda do outro para realizá-los. Por exemplo: uma criança de cinco anos precisa de alguém para ler e escrever para ela, nadar em uma piscina, andar de patins. Nesse sentido, precisa de alguém para ensiná-la a fazer essas coisas, pois são conhecimentos ainda não internalizados. Entre o nível de desenvolvimento real e o nível de desenvolvimento potencial, há a zona de desenvolvimento proximal, que consiste no espaço entre os dois níveis, onde atuam os mediadores como desencadeadores de processos de aprendizado. Atividades recomendadas: 1) Faça as leituras indicadas, observando as bases que fundamentam os conceitos de desenvolvimento e aprendizado na teoria de Vygotsky. 2) Segundo Vygotsky o desenvolvimento fica impedido de ocorrer na falta de situações propicias ao aprendizado. Nesse sentido, o ser humano cresce num ambiente social e a interação com outras pessoas é essencial ao seu desenvolvimento. Levante informações por meios tradicionais ou eletrônicos sobre as diferenças dessas concepções na teoria de Piaget. 3) Acompanhe o seguinte exemplo de exercício: Vygotsky analisa a relaçãoentre aprendizagem e desenvolvimento. O autor considera que a melhor definição para esta relação é: a) Aprendizagem e desenvolvimento são processos independentes, que ocorrem em paralelo, ou seja, a aprendizagem não participa ativamente do processo de desenvolvimento da criança. b) Aprendizagem e desenvolvimento são processos absolutamente dependentes, isto é, aprendizagem é desenvolvimento. c) Aprendizagem e desenvolvimento são processos ora dependentes, ora independentes, o que implica uma teoria dualista de desenvolvimento infantil. d) O processo de desenvolvimento é posterior ao processo de aprendizagem, não havendo qualquer relação desses processos com a zona de desenvolvimento proximal da criança. e) O processo de desenvolvimento não coincide com o processo de aprendizagem; o processo de desenvolvimento segue o processo de aprendizagem criando a zona de desenvolvimento proximal. Se você compreendeu adequadamente as bases teóricas da teoria de Vygotsky, assinalou a alternativa (E). O processo de desenvolvimento não coincide com o processo de aprendizagem, porque para este autor o aprendizado antecipa- se ao desenvolvimento; o processo de desenvolvimento segue o processo de aprendizagem criando a zona de desenvolvimento proximal, onde atuam os mediadores possibilitando que o conhecimento em nível potencial seja internalizado em nível real. (B) O conceito de zona de desenvolvimento proximal. Leitura Obrigatória: OLIVEIRA, M. K. Vygotsky. Aprendizado e Desenvolvimento um processo sócio-histórico. 1ª ed. Coleção Pensamento e Ação na sala de aula. São Paulo: Scipione, 2010. Leitura para Aprofundamento: VYGOTSKY, L. S. A Formação Social da Mente. (Trad. José Cipolla Neto; Luís Silveira Menna Barreto; Solange Castro Afeche). São Paulo: Martins Fontes, 2007. De acordo com Oliveira (2010:59), a possibilidade de alteração no desempenho de uma pessoa pela interferência de outra é fundamental na teoria de Vygotsky, levando-se em consideração as condições do sujeito em se beneficiar (ou não) dessa mediação. Sendo assim, Vygotsky salienta a importância da interação social no processo de construção das funções psicológicas superiores. Em outras palavras, o desenvolvimento individual ocorre na relação com o outro em um ambiente social determinado, sendo o mesmo fundamental para a construção deste ser psicológico individual. Nesse sentido, o conceito de zona de desenvolvimento proximal assume um papel de relevância em sua teoria. Vygotsky define ZDP como sendo a distancia entre o nível de desenvolvimento real (solução independente de problemas) e o nível de desenvolvimento potencial (solução de problemas com auxilio); é o caminho que o sujeito irá percorrer no processo de internalização do conhecimento com auxílio dos mediadores que irão atuar neste espaço. A ZDP é um domínio psicológico em constante transformação, pois o que em um momento o sujeito precisa de ajuda de mediadores para realizar, amanhã já conseguirá fazer sozinho, pois já foi internalizado e está em nível real. Nas palavras de Oliveira (2010:60): Interferindo constantemente na ZDP das crianças, os adultos e as crianças mais experientes contribuem para movimentar os processos de desenvolvimento dos membros imaturos da cultura. Atividades recomendadas: 1) Faça as leituras indicadas, observando as bases que fundamentam teoricamente a ideia de Vygotsky sobre o conceito de zona de desenvolvimento proximal. 2) A partir da leitura, procure definir zona de desenvolvimento proximal. Confronte se sua definição se afina com a proposta de Vygotsky, de que a medição do outro é fundamental na construção psicológica do sujeito. 3) Acompanhe o seguinte exemplo de exercício: Zona de desenvolvimento proximal é um conceito fundamental na teoria de Vygotsky e foi definida por esse teórico como sendo a distância entre o que uma criança pode realizar... a) No momento atual e o que poderá realizar quando atingir a maturidade. b) Sem estímulos e o que poderá realizar se for adequadamente motivada por seus pais e/ou professores. c) Naturalmente e o que poderá realizar se for submetida a um programa específico de recuperação. d) Sozinha e o que poderá realizar com o auxílio de um adulto ou de um companheiro mais capaz. d) Antes de ingressar na escola e o que poderá realizar após sofrer as influências do processo de escolarização. Se você compreendeu adequadamente o processo de desenvolvimento e aprendizado propostos por Vygotsky, assinalou a alternativa (D). Zona de desenvolvimento proximal é um conceito fundamental na teoria de Vygotsky e foi definida por esse teórico como sendo a distância entre o que uma criança pode realizar sozinha (nível de desenvolvimento real) e o que poderá realizar com o auxílio de um adulto ou de um companheiro mais capaz (nível de desenvolvimento potencial). (C) O papel da intervenção pedagógica no desenvolvimento. Leitura Obrigatória: OLIVEIRA, M. K. Vygotsky. Aprendizado e Desenvolvimento um processo sócio-histórico. 1ª ed. Coleção Pensamento e Ação na sala de aula. São Paulo: Scipione, 2010. Leitura para Aprofundamento: VYGOTSKY, L. S. A Formação Social da Mente. (Trad. José Cipolla Neto; Luís Silveira Menna Barreto; Solange Castro Afeche). São Paulo: Martins Fontes, 2007. Se para Vygotsky o conceito de zona de desenvolvimento proximal é fundamental no processo de desenvolvimento das funções psicológicas superiores, podemos depreender o significado da escola nessa teoria. Ao afirmar que é na ZDP que a interferência de outros indivíduos é a mais transformadora, chama a atenção para o papel da mediação da escola nesse processo, indicando inclusive o momento ideal para ocorrer esta atuação. Se o sujeito já tem um conhecimento em nível real e, portanto, internalizado, não há necessidade de uma medição na ZDP desse sujeito, pois ensinar o que já se sabe não tem significado para o processo de desenvolvimento psicológico. Ao mesmo tempo, conhecimentos ainda não possíveis de serem reconhecidos pelo sujeito podem também não serem reconhecidos como mediadores nesse processo (ensinar uma criança de um ano a amarrar o sapato, mesmo com ajuda). Sendo assim, somente se beneficia do auxilio na tarefa (mediação) o sujeito que ainda não aprendeu, mas que possui um processo de desenvolvimento para essa habilidade ou aprendizagem. Nesse sentido, é fundamental a compreensão do professor em relação a isso e a implicação de sua atuação, em escolher os mediadores que irão beneficiar o processo de desenvolvimento e aprendizado do sujeito. A escola, portanto, tem um papel muito importante como mediadora, atuando na zona de desenvolvimento proximal do aluno, pois por meio da interação com o professor, com os colegas e o contato com diferentes signos, conhecimentos em nível potencial são internalizados e tornam-se conhecimentos em nível real. Concluindo, o professor tem o papel explícito de intervir na ZDP dos alunos, provocando avanços que não ocorreriam espontaneamente, pois segundo Vygotsky o único bom ensino é aquele que se adianta ao desenvolvimento. Atividades recomendadas: 1) Faça uma leitura criteriosa dos textos indicados, observando os argumentos utilizados pelos autores ao definirem o papel da escola como mediadora do processo de desenvolvimento das funções psicológicas superiores. 2) Acompanhe o seguinte exemplo de exercício: Ao entrar na escola duas crianças apresentam idade cronológica de sete anos e idade mental de oito anos, verificada através de um teste de inteligência. Após a testagem, as crianças foram trabalhadas, em grupos de alunos mais experientes e pela professora, em tarefas que a princípio não conseguiam fazer sozinhas. Este trabalho foi realizadodurante algumas semanas com várias atividades diferentes, por meio de demonstração geral, de soluções iniciadas pela professora e concluídas pelos alunos ou por meio do fornecimento de pistas. Uma nova testagem foi realizada, sendo que a primeira criança demonstrou idade mental de oito anos e três meses, enquanto a segunda, nove anos. Por meio de qual conceito da teoria de Vygotsky a atuação da professora e dos colegas pode ser explicada? a) Desenvolvimento real b) Zona de desenvolvimento proximal c) Linguagem egocêntrica d) Hereditariedade e) Discurso Socializado A alternativa correta é a (B). A profa e os colegas mais experientes atuaram na zona de desenvolvimento proximal dos alunos que, por isso, puderam internalizar as informações e tornar os conhecimentos de nível potencial em conhecimentos em nível real. 3) Realize os exercícios deste módulo, anotando as dúvidas que surgirem durante a resolução. Estas dúvidas devem ser motivo de novas pesquisas bibliográficas, na tentativa de saná- las. Caso elas persistam, apresente-as ao professor, nas aulas presenciais. Módulo 4: (A) Brinquedo e desenvolvimento. Leitura Obrigatória: OLIVEIRA, M. K. Vygotsky. Aprendizado e Desenvolvimento um processo sócio-histórico. 1ª ed. Coleção Pensamento e Ação na sala de aula. São Paulo: Scipione, 2010. Leitura para Aprofundamento: VYGOTSKY, L. S. A Formação Social da Mente. (Trad. José Cipolla Neto; Luís Silveira Menna Barreto; Solange Castro Afeche). São Paulo: Martins Fontes, 2007. Além da escola, Vygotsky afirma que o brinquedo e o jogo simbólico também são importantes no desenvolvimento psicológico do sujeito, pois atuam como mediadores e favorecem o desenvolvimento das funções psicológicas superiores. O brinquedo e a situação de brincadeira, aparentemente sem um papel importante no desenvolvimento, possibilita a criação de uma zona de desenvolvimento proximal na criança, uma vez que é levada a imaginar e vivenciar uma situação muitas vezes impossível de ser experimentada concretamente. Por isso Vygotsky refere-se especialmente ao jogo de faz de conta (simbólico) como brincar de casinha, escolinha, etc., em que a criança utiliza a representação simbólica, liberando o funcionamento psicológico das experiências concretas. Sendo assim, numa situação imaginária como a brincadeira de faz de conta, a criança é levada a agir em um mundo de fantasia, portanto, imaginário, onde a situação é definida pelo significado estabelecido pela brincadeira - ônibus, motorista, passageiros - e não pelos elementos reais concretamente presentes – cadeiras da sala onde está brincando de ônibus. (Oliveira, 2010:66) Ao brincar com a boneca a criança se relaciona com o significado e não com o objeto concreto. O brinquedo provê, assim, uma situação de transição entre a ação da criança com objetos concretos e suas ações com significados. (Oliveira, 2010:66) Além disso, a brincadeira e o brinquedo são organizados em um sistema de regras e são justamente essas regras que permitem a criança se comportar de forma mais avançada do que aquela correspondente à sua idade: ao brincar de escolinha assume o papel de professora e para isso tem que utilizar o modelo de professora que conhece e extrair dele um significado geral e abstrato de professora. E também precisa brincar conforme as regras e desempenhar o papel desta profissional, o que a impulsiona para além de seu comportamento como criança. Concluindo, no brinquedo a criança comporta-se de forma mais avançada do que nas atividades da vida real e também aprende a separar o objeto do significado. (...) Sendo assim, a promoção de atividades que favoreçam o envolvimento da criança em brincadeiras, principalmente aquelas que promovem a criação de situações imaginárias, tem nítida função pedagógica. (Oliveira, 2010:67) Atividades recomendadas: 1) Faça as leituras indicadas observando os argumentos utilizados pelos autores sobre o papel do brinquedo no funcionamento psicológico na teoria de Vygotsky. 2) Por meio de filmes, aniversários ou situações livres em shoppings e parques, observe crianças em atividades de jogo simbólico e procure identificar os conceitos vygotskianos estudados neste tópico. 3) Acompanhe o seguinte exemplo de exercício: Uma menina está brincando de casinha. Uma caixa de sapatos emborcada faz às vezes de fogão. Cozinha em cima da caixa, usando suas panelas: um cinzeiro, uma pequena vasilha e uma tampa de garrafa. Num dado momento, muda a posição da caixa, põe dentro dela sua boneca e canta para que a boneca durma. De acordo com a teoria do desenvolvimento de Lev Vygotsky, como podemos analisar o comportamento dessa menina? a) Numa situação imaginária, a criança utiliza diferentes símbolos que possibilitam a criação de situações irreais, nunca vivenciadas por ela antes. b) Ao brincar com a caixa de sapato como se fosse fogão, a criança se relaciona com o significado em questão e não com o objeto concreto que tem em suas mãos. c) As regras das brincadeiras não permitem que a criança se comporte de maneira mais avançada do que a habitual para sua idade. d) Para brincar conforme as regras, a criança não tem que se esforçar para exibir um comportamento semelhante ao da mãe, permitindo que continue criança cumprindo as etapas do desenvolvimento. e) De forma nenhuma, no jogo simbólico, a criança comporta- se de forma mais avançada do que nas atividades da vida real e também não aprende a separar o objeto de seu significado. A alternativa correta é a (B). Na brincadeira a criança comporta-se de forma mais avançada do que nas atividades da vida real e também aprende a separar o objeto do significado, possibilitando o desenvolvimento das funções psicológicas superiores. (B) A evolução da escrita na criança. Leitura Obrigatória: OLIVEIRA, M. K. Vygotsky. Aprendizado e Desenvolvimento um processo sócio-histórico. 1ª ed. Coleção Pensamento e Ação na sala de aula. São Paulo: Scipione, 2010. Leitura para Aprofundamento: VYGOTSKY, L. S. A Formação Social da Mente. (Trad. José Cipolla Neto; Luís Silveira Menna Barreto; Solange Castro Afeche). São Paulo: Martins Fontes, 2007. Os estudos de Vygotsky sobre a evolução da escrita são muito contemporâneos e partem da concepção de que é um sistema simbólico de representação da realidade, assumindo junto com outros conceitos (linguagem, mediação simbólica) papel central em sua teoria. Para Vygotsky a escrita apenas pode ser investigada por meio de uma abordagem genética que inicia muito antes da criança entrar na escola e se estende por muitos anos depois, por isso, afirma a importância de se estudar a pré-história da linguagem escrita. (Oliveira, 2010:68) A fim de conhecer esse processo, Vygotsky e Luria, solicitaram a crianças que não sabiam ler e escrever que memorizassem uma série de sentenças ditadas por eles. Como não conseguiam se lembrar das sentenças faladas, foi sugerido que ‘escrevessem’ as sentenças como auxílio da memória. As estratégias utilizadas pelas crianças permitiu que identificassem um percurso para a pré-história da escrita. Rabiscos Mecânicos é a imitação do formato da escrita do adulto e para isso a criança utiliza como forma de representação cobrinhas. Marcas Topográficas é a distribuição dos registros no espaço do papel, possibilitando a lembrança pelo local marcado. Representações Pictográficas são desenhos estilizados usados como forma de escrita. Escritas Simbólicas é o momento em que a criança passa a inventar formas para representar informações difíceis de serem desenhadas, surgindo assim os signos que não necessariamente tem uma relação lógica com os objetos e situações representadas. Será a partir daqui que irá aprender a língua escritapropriamente dita. Atividades recomendadas: 1) Faça as leituras indicadas, observando o conceito vygotskiano sobre o processo de pré-história da linguagem escrita. 2) Levante informações por meios tradicionais ou eletrônicos sobre as relações entre os estudos sobre o desenvolvimento da escrita em Vygotsky e Emília Ferreiro. 3) Acompanhe o seguinte exemplo de exercício: A questão da evolução da escrita na criança é bastante importante no conjunto das colocações de Vygotsky sobre desenvolvimento e aprendizado, por duas razões: suas ideias sobre esse tema são contemporâneas e porque sua concepção sobre a escrita está estreitamente associada a questões centrais de sua teoria. Dessa forma, constitui-se a ‘pré-história da linguagem escrita’ as seguintes fases: a) Representações pictográficas, rabiscos mecânicos, palavras e escrita simbólica. b) Rabiscos, garatujas, letras, sílabas e palavras. c) Rabiscos mecânicos, marcas topográficas, representações pictográficas e escrita simbólica. d) Escrita simbólica, garatujas, rabiscos mecânicos, primeiras letras, frases simples. e) Rabiscos mecânicos, representações pictográficas, marcas topográficas e escrita simbólica. Se você compreendeu adequadamente a ‘pré-história da linguagem escrita’ assinalou a alternativa (C), que apresenta os momentos desta psicogênese. (C) A mediação da percepção, atenção e memória. Leitura Obrigatória: OLIVEIRA, M. K. Vygotsky. Aprendizado e Desenvolvimento um processo sócio-histórico. 1ª ed. Coleção Pensamento e Ação na sala de aula. São Paulo: Scipione, 2010. Leitura para Aprofundamento: VYGOTSKY, L. S. A Formação Social da Mente. (Trad. José Cipolla Neto; Luís Silveira Menna Barreto; Solange Castro Afeche). São Paulo: Martins Fontes, 2007. Os estudos de Vygotsky sobre a gênese, função e estrutura dos processos psicológicos superiores em uma perspectiva interdependente do desenvolvimento e aprendizagem, levou-o a compreender os mecanismos mais simples (funções psicológicas elementares) e os mais sofisticados (funções psicológicas superiores) no funcionamento psicológico. Em função disso, estudou temas clássicos da psicologia, como a percepção, atenção e memória e as implicações no funcionamento psicológico. A mediação simbólica e a origem sociocultural dos processos psicológicos superiores são fundamentais para explicar o funcionamento da percepção. O bebe nasce com características do sistema sensorial humano, mas pela internalização da linguagem, pelos conceitos e significados culturalmente desenvolvidos, transforma a percepção de uma relação direta entre o individuo e o meio, para uma relação mediada por conteúdos culturais. (Oliveira, 2010:73) Sendo assim, nossa relação perceptual com o mundo não se dá em termos de atributos físicos isolados, mas em termos de objetos, eventos e situações rotulados pela linguagem e categorizados pela cultura. (Oliveira, 2010:74) Dessa forma, há uma interpretação dos dados perceptuais a partir do conhecimento de mundo, uma percepção do objeto como um todo, uma realidade completa, articulada e não simplesmente um conjunto de informações sensoriais. A atenção segue também o mesmo principio. O homem nasce com uma bagagem inata que gradativamente vai sendo submetida a processos conscientes em grande parte pela mediação simbólica. Ao longo do desenvolvimento, o sujeito passa a ser capaz de dirigir voluntariamente sua atenção para elementos do ambiente que ele tenha definido como relevante. Em relação à memoria Vygotsky apresenta uma distinção: memoria natural, aquela não mediada e a memoria mediada por signos. A memoria não mediada assim como a percepção sensorial e a atenção involuntária é mais elementar, presente nas determinações inatas da espécie humana. A memoria mediada é a ação voluntária do sujeito em utilizá-la como mediadora para lembrar-se de conteúdos específicos. Portanto, as funções psicológicas superiores, típicas do ser humano, são, por um lado, apoiadas nas características biológicas da espécie humana (funções psicológicas elementares) e, por outro lado, construídas ao longo de sua historia social. (Oliveira, 2010:78) Atividades recomendadas: 1) Faça uma leitura criteriosa dos textos indicados, observando os argumentos utilizados pelos autores ao definirem a percepção, atenção e memoria como mediadores do processo de desenvolvimento das funções psicológicas superiores. 2) Acompanhe o seguinte exemplo de exercício: Um indivíduo está caminhando por uma longa rua, procurando uma farmácia onde já esteve uma vez. Vai olhando todos os edifícios, dos dois lados da rua, mas sua atenção está deliberadamente focalizada na busca de uma determinada farmácia. Isto é, não é qualquer edifício na rua que chama sua atenção: as casas, lojas e prédios é uma espécie de ‘pano de fundo’, no qual vai se destacar a farmácia que está sendo intencionalmente procurada. (In: Vygotsky; Aprendizado e Desenvolvimento, um processo sócio histórico, p.77). Neste fragmento, como podemos identificar a integração entre percepção, memória e atenção? a) Somente com a mediação de outro sujeito é que esse indivíduo irá encontrar a farmácia, pois será com sua mediação que terá condições de utilizar a memória, atenção e percepção, todas em nível de desenvolvimento potencial no sujeito. b) Mesmo utilizando a memória, o sujeito terá dificuldade para encontrar a farmácia, pois sua percepção e atenção estão em nível de desenvolvimento potencial. c) Para encontrar a farmácia, o sujeito somente pode contar com a mediação da memória que atua em sua zona desenvolvimento proximal. A percepção e a atenção dependem dessa mediação. d) O conhecimento anterior, muitas vezes, não permite que a atenção e a memória sejam dirigidas pela percepção e auxiliem o sujeito a encontrar o que está procurando. Isso porque depende de níveis de desenvolvimento. e) O conhecimento anterior, já construído, dirige a atenção e a memória do sujeito, orientando sua percepção e facilitando a realização da tarefa. A alternativa correta é a (E). O conhecimento anterior, já construído, dirige a atenção e a memória do sujeito, orientando sua percepção e facilitando a realização da tarefa. 3) Realize os exercícios deste módulo, anotando as dúvidas que surgirem durante a resolução. Estas dúvidas devem ser motivo de novas pesquisas bibliográficas, na tentativa de saná- las. Caso elas persistam, apresente-as ao professor, nas aulas presenciais. Módulo 5: Henri Wallon: vida e obra. Leitura Obrigatória: MAHONEY, A. A.; ALMEIDA, L. (org.) Henri Wallon. Psicologia e Educação. São Paulo: Loyola, 2000. Leitura para Aprofundamento: WALLON, H. (1941) A evolução psicológica da criança. (Trad. Claudia Berliner) São Paulo: Martins Fontes, 2007. Henri Wallon estudou o desenvolvimento da criança e a seguir é apresentada uma síntese de sua história e os principais fatos que marcaram a construção de sua obra. 1879 – Nasceu em Paris, França, em 1879. Estudou medicina (psiquiatria), filosofia e psicologia. Membro de uma família de tradição universitária humanista, seu avô foi um grande historiador, discípulo de Michelet, introduziu a palavra “república” na Constituição de 1875. Jules Michelet (1798-1874) nasceu pouco após a Revolução Francesa, fato que marcou a transição da Idade Média para a Modernidade. Michelet tornou-se conhecido como o primeiro historiador a afirmar que não eram as grandes personalidades, e sim as massas, o único agente de transformação histórica. 1902 – Com 23 anos, formou-se em filosofia pela Escola Normal Superior. 1908 – Formou-se em medicina. Viveu num período marcado por instabilidade social e turbulência política. As duas guerras mundiais (1914-18 e 1939-45),o avanço do fascismo no período entre guerras, as revoluções socialistas e as guerras para libertação das colônias na África atingiam a Europa, em especial, a França. Crises sociais e instabilidades políticas foram fundamentais para Wallon construir sua teoria pedagógica, pois serviram de estímulo para que ele organizasse suas ideias. Isso explica, em parte, a visão marxista que deu à sua obra e por que aderiu, no período anterior à Primeira Guerra, aos movimentos de esquerda e ao Partido Socialista. 1914 – Durante a Primeira Guerra Mundial (1914-1918), atuou como médico no exército francês, ajudando a cuidar de pessoas com distúrbios psiquiátricos. Ao lidar constantemente com ex-combatentes portadores de lesões cerebrais, reviu posições neurológicas que havia desenvolvido no trabalho com crianças deficientes. 1925 - Funda o Laboratório de Psicobiologia da Criança, destinado à pesquisa e ao atendimento de deficientes. Localizado perto de uma escola da periferia, dava acesso ao contexto social da criança. Publica sua tese de doutorado: A criança turbulenta. Inicia um período de intensa produção com livros voltados para a psicologia da criança. 1929 – É encarregado de conferências sobre a psicologia da criança como professor na Universidade de Sorbonne e em outras instituições de ensino superior. 1931 – Atuou como médico em instituições psiquiátricas e, nesse período, consolida-se seu interesse pela psicologia da criança. Viaja para Moscou e é convidado para integrar o Círculo da Rússia Nova, grupo formado por intelectuais que se reuniam com o objetivo de aprofundarem o estudo do materialismo dialético e de examinarem as possibilidades oferecidas por este referencial aos vários campos da ciência. Neste grupo, o marxismo que se discutia não era o sistema de governo, mas a corrente filosófica. 1935 – Viaja para o Brasil. 1937 a 1949 – Lecionou psicologia e educação no Colégio de França (berço da psicologia francesa). Integrou a Sociedade Francesa de Pedagogia (1937 a 1962). 1939 a 1945 – França é ocupada pelos alemães (2ª Guerra Mundial). Atuou na resistência francesa, foi perseguido pela Gestapo (polícia nazista), viveu clandestinamente. Escreveu o livro Origens do pensamento na criança. 1944 / 1946 – Integra a Comissão do Ministério da Educação Nacional para reformulação do sistema de ensino francês. Torna-se vice-presidente do Grupo Francês de Educação Nova (1946 a 1962) — instituição que ajudou a revolucionar o sistema de ensino daquele país e da qual foi presidente de 1946 até sua morte. Considerava uma relação recíproca entre psicologia e educação. Criticou o ensino tradicional, participando do Movimento da Escola Nova. “Reprovar é sinônimo de expulsar, negar, excluir. É a própria negação do ensino”. (Wallon, 2007) Juntamente com o físico Langevin, coordenou a reforma do ensino francês, chamada Projeto Langevin-Wallon (série de propostas similares à nossa Lei de Diretrizes e Bases), tendo em vista toda uma mudança no sistema educacional francês. Uma das propostas do projeto, por exemplo, é a de que nenhum aluno deve ser reprovado numa avaliação escolar. “É a cultura e a linguagem que fornecem ao pensamento os instrumentos para sua evolução.” (Wallon, 2007). 1948 – Cria e lança a revista ENFANCE. Este é um periódico que ainda hoje é utilizado como fonte de pesquisa por pesquisadores em psicologia do desenvolvimento. Ao longo de toda a vida, dedicou-se a conhecer a infância e os caminhos da inteligência nas crianças e, de acordo com seus pressupostos, o meio exerce influência fundamental sobre o desenvolvimento da pessoa humana, considerando o alimento cultural. 1962 – Morre em Paris, França, em 1962, aos 83 anos. Atividades recomendadas: 1) Faça as leituras indicadas sobre a vida e a obra de Wallon e analise como o contexto sócio-histórico em que viveu influenciou a sua compreensão sobre o desenvolvimento da criança. 2) Assista ao DVD “Henri Wallon” - Coleção Grandes Educadores (2006). 3) Acompanhe o seguinte exemplo de exercício: Leia o fragmento seguir e responda a questão: Falar que a escola deve proporcionar formação integral (intelectual, afetiva e social) às crianças é comum hoje em dia. No início do século passado, porém, essa ideia foi uma verdadeira revolução no ensino. Uma revolução comandada por um médico, psicólogo e filósofo francês chamado Henri Wallon (1879-1962). Sua teoria pedagógica, que diz que o desenvolvimento intelectual envolve muito mais do que um simples cérebro, abalou as convicções numa época em que memória e erudição eram o máximo em termos de construção do conhecimento. http://revistaescola.abril.com.br/historia/pratica-pedagogica/ educador-integral-423298.shtml A marca essencial, o princípio organizador da teoria walloniana é a integração – a pessoa inteira (afetivo, cognitivo e motor) e em transformação. Foram condições que podem ser consideradas como necessárias para a construção da referida teoria: I. Wallon participou ativamente nas duas guerras mundiais, na primeira, como médico e, na segunda, dentro do movimento de Resistência, e ambas as atuações permitiram-lhe a observação de lesões orgânicas e seus desdobramentos psicológicos. II. Wallon identificou os princípios reguladores do processo de desenvolvimento por meio de testes de inteligência com crianças normais, e como Vygotsky, não identificou estágios desenvolvimentais. III. O materialismo dialético sugeriu a Wallon, considerar as condições orgânicas e sociais, numa dada cultura e época, para definir as possibilidades e limites do processo de desenvolvimento. Assinale a alternativa correta: a) I, apenas. b) II, apenas. c) II e III, apenas. d) I e III, apenas. e) I, II e III. A alternativa correta é a (D).Apenas I e III estão corretas. A afirmativa II está errada porque Wallon não aplicou testes de inteligência e identificou cinco estágios de desenvolvimento. Método de pesquisa: análise genética comparativa multidimensional. Leitura Obrigatória: MAHONEY, A. A.; ALMEIDA, L. (org.) Henri Wallon. Psicologia e Educação. São Paulo: Loyola, 2000. Leitura para Aprofundamento: WALLON, H. (1941) A evolução psicológica da criança. (Trad. Claudia Berliner) São Paulo: Martins Fontes, 2007. Para realizar os estudos sobre o desenvolvimento infantil, Wallon utilizou um método de análise, tendo como base a psicologia genética, pois considerava que esta referencia era a mais adequada para estudar os processos pelos quais a criança passa da infância à idade adulta. Assim sendo, com base na psicologia genética e no materialismo histórico, elaborou um método próprio para realizar as investigações psicológicas: a análise genética comparativa multidimensional, que consiste em realizar diferentes comparações para compreender adequadamente o desenvolvimento humano. Sendo assim, compara a criança com patologias com a criança normal, a criança normal com o adulto normal adulto de hoje com civilizações primitivas; as crianças normais da mesma idade e idades diferentes; a criança com o animal. Ao fazer essas comparações Wallon analisa o desenvolvimento em suas várias determinações, orgânicas, neurofisiológicas, sociais e as relações entre esses fatores. Assim sendo, destaca dois grandes pressupostos: - A pessoa está continuamente em desenvolvimento. - Em cada instante desse processo a pessoa é uma totalidade, um conjunto resultante da integração dos conjuntos motor, afetivo e cognitivo. Assim sendo, o desenvolvimento humano é resultado das relações entre as dimensões motor, afetivo, cognitivo e os fatores determinantes – orgânicos e sociais. Atividades recomendadas: 1) Faça as leituras indicadas, observando as bases que fundamentam teoricamente as ideias de Wallon e que são apresentadas pelosautores. 2) Levante informações por meios tradicionais ou eletrônicos sobre os casos de crianças que se perderam muito jovens de suas famílias e viveram na floresta sem o contato com os humanos na companhia de animais. Você já fez uma analise da origem do conhecimento dessas crianças a partir das concepções psicológicas da teoria de Vygotsky, agora faça o mesmo a partir de Wallon. 3) Acompanhe o seguinte exemplo de exercício: Sobre o método de análise de Wallon podemos afirmar: I. O método elaborado por Wallon foi o método clínico crítico. II. O método de Wallon é multidimensional porque analisa o fenômeno em suas várias determinações: orgânicas, neurofisiológicas, sociais e a relação entre esses fatores. III. O único conhecimento possível é o do fenômeno fragmentado em cada uma das suas unidades e estudado exaustivamente em suas particularidades. Assinale a alternativa correta: a) I, apenas. b) II, apenas. c) II e III, apenas. d) I e III, apenas. e) I, II e III. A alternativa correta é a (B).O método de Wallon é multidimensional porque analisa o fenômeno em suas várias determinações: orgânicas, neurofisiológicas, sociais e a relação entre esses fatores. Principais conceitos da teoria de Wallon. Leitura Obrigatória: MAHONEY, A. A.; ALMEIDA, L. (org.) Henri Wallon. Psicologia e Educação. São Paulo: Loyola, 2000. Leitura para Aprofundamento: WALLON, H. (1941) A evolução psicológica da criança. (Trad. Claudia Berliner) São Paulo: Martins Fontes, 2007. O desenvolvimento psicológico é dividido em estágios (não rígidos, mas contínuos, marcado por rupturas, retrocessos e reviravoltas) inicialmente biológicos, depois sociais. Não é possível definir um limite terminal para o desenvolvimento da inteligência, pois isso depende das condições oferecidas pelo meio. Os estágios do desenvolvimento segundo Wallon são: impulsivo-emocional (0 a 1 ano); sensório-motor e projetivo (1 a 3 anos); personalismo (3 a 6 anos); categorial (6 a 11 anos); puberdade e adolescência (11 anos em diante). De acordo com Wallon, o desenvolvimento infantil é dinâmico – não há linearidade. Os fatores orgânicos (biológicos) determinam a sequência fixa dos estágios do desenvolvimento, que se tornam flexíveis pela influência dos fatores sociais (alimento cultural = linguagem e conhecimento). Em outras palavras, a gênese da inteligência para Wallon é genética e organicamente social. Nesse sentido, a teoria do desenvolvimento cognitivo é centrada na psicogênese da pessoa completa, ou seja, em cada estágio temos uma pessoa inteira, completa e em transformação constante, a partir das dimensões afetiva, cognitiva e motora. (Mahoney, 2000) O desenvolvimento é emocional (afetividade), cognitivo (inteligência) e motor (movimento), determinado por fatores orgânicos e sociais. Assim, há sempre a predominância funcional de uma dimensão do desenvolvimento em relação aos outros e em cada período, sendo que no final há uma integração funcional. Portanto, o desenvolvimento é pontuado por crises ou conflitos chamados de fatores dinamogênicos, que podem ser de natureza endógena / interna (maturação nervosa) e de natureza exógena / externa (cultural). A isso, Wallon chamou de lei de alternância funcional: ora o conflito é interno ora é externo, constituindo-se num motor propulsor ao desenvolvimento. Períodos do desenvolvimento: Impulsivo emocional (0-1a); Personalismo (3-6a); Puberdade e adolescência (11 anos). - Fatores dinamogênicos è endógeno. - Predominância funcional è afetivo (centrípeta). Períodos do desenvolvimento: Sensório-motor e projetivo (1-3 a); Categorial (6-11a). - Fatores dinamogênicos è exógeno. - Predominância funcional è cognitivo (centrífuga). No último estágio do desenvolvimento há a integração funcional em que não há mais a predominância de uma dimensão do desenvolvimento em relação à outra. Caso isso não aconteça, Wallon identifica uma série de problema, chamando de criança turbulenta. Atividades recomendadas: 1) Faça uma leitura criteriosa dos textos indicados e monte um glossário dos principais assuntos e conceitos tratados. 2) Acompanhe o seguinte exemplo de exercício: Quanto ao princípio da alternância funcional, podemos afirmar que: a) Predominância cognitiva ocorre no estágio do personalismo, categorial e da adolescência. b) Predominância afetiva ocorre no estágio sensório-motor e projetivo e no categorial. c) Predominância cognitiva ocorre no estágio impulsivo- emocional e da adolescência. d) Predominância afetiva e cognitiva não se alterna nos estágios de desenvolvimento. e) Predominância afetiva ocorre nos estágio impulsivo- emocional, do personalismo e da adolescência. A alternativa correta é a (E). Predominância afetiva ocorre nos estágio impulsivo-emocional, do personalismo e da puberdade e adolescência. Predominância cognitiva ocorre nos estágios sensório-motor e projetivo e no categorial. 3) Realize os exercícios deste módulo, anotando as dúvidas que surgirem durante a resolução. Estas dúvidas devem ser motivo de novas pesquisas bibliográficas, na tentativa de saná- las. Caso elas persistam, apresente-as ao professor, nas aulas presenciais. Módulo 6: Psicogênese da Pessoa Completa Leitura Obrigatória: MAHONEY, A. A.; ALMEIDA, L. (org.) Henri Wallon. Psicologia e Educação. São Paulo: Loyola, 2000. Leitura para Aprofundamento: GALVÃO, Izabel. Henri Wallon: uma concepção dialética do desenvolvimento infantil. 15ª. Edição. Petrópolis/RJ: Vozes, 202. Assim como Piaget e Vygotsky, Henri Wallon buscou explicitar os fundamentos epistemológicos, objetivos e métodos que embasaram sua compreensão sobre o desenvolvimento humano, dialogando, para isso, com as principais correntes filosóficas do pensamento ocidental e questionando as contradições da psicologia de sua época. Nesse sentido, opõem-se as concepções reducionistas (a concepção idealista e a concepção materialista mecanicista ou organicista) que limitam a compreensão do psiquismo humano a um ou outro termo da dualidade (inato-adquirido). Propõe, então, o materialismo dialético como a única abordagem que permite a superação dos antagonismos que entravam a objetiva compreensão da realidade, na medida em que permite a coordenação de pontos de vista diversos, compreendendo a contradição como constitutiva do sujeito e do objeto. Sendo assim, para Wallon, o estudo da realidade movediça e contraditória que é o homem e seu psiquismo beneficia-se enormemente do recurso ao materialismo dialético, perspectiva filosófica especialmente capaz de captar a realidade em suas permanentes mudanças e transformações, adotando-o como método de análise e fundamento epistemológico de sua teoria psicológica, uma psicologia dialética. (Galvão, 2002) Atividades recomendadas: 1) Levante informações por meios tradicionais ou eletrônicos sobre a vida de Vygotsky e reflita de que maneira o contexto sócio histórico influenciou em sua concepção de inteligência. 2) Assista ao DVD “Henri Wallon” - Coleção Grandes Educadores (2006). 3) Acompanhe o seguinte exemplo de exercício: Buscando compreender o psiquismo humano, Wallon volta sua atenção para a criança, pois através dela é possível ter acesso à gênese dos processos psíquicos. Em relação à obra deste teórico é incorreto afirmar que: a) Opõe-se às concepções reducionistas que limitam a compreensão do psiquismo humano a um ou outro termo da dualidade espírito-matéria. b) Para o autor, o homem é um ser indissociavelmente biológico e social. Assim, para a psicologia constituir-se como ciência precisa unir o espírito e a matéria, o orgânico e o psíquico. c) Adota o materialismo dialético como método de análise e fundamento epistemológico de sua teoria, uma psicologia
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