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PEÇA PROCESSUAL LIBERDADE PROVISORIA

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ DE DIREITO DA ______ VARA DE CUSTODIA DA COMARCA DE BELO HORIZONTE.
ALEXANDRE FERREIRA DA CUNHA MOREIRA, estampador, solteiro, nacionalidade brasileira, natural de Belo Horizonte, RG nº 14043906/SPP, residente na Rua Coronel Jose Soares, n° 344, bairro Primavera, Belo Horizonte – MG, por seu advogado que esta subscreve (instrumento de mandato anexo), vem, respeitosamente, requerer a concessão de LIBERDADE PROVISÓRIA com fulcro no artigo 5º, inciso LXVI, da Constituição Federal, bem como no artigo 321 do Código de Processo Penal, pelas razões de fato e de direito a seguir expostas:
I - DOS FATOS
Conforme os autos, o requerente fora preso em flagrante delito no dia 20 de janeiro de 2015, por volta das 03h e 09min e conduzido por Ricardene José Tavares Bittencourt para a CEFLAN 2 / 1º Departamento, sob a alegação de suposta prática do delito previsto art. 155 C.P. combinado com art. 14, II C.P. o que resultou na sua autuação nas sanções dos referidos artigos do Código Penal. 
Dia de 20 de janeiro de 2015, quando o fiscal da loja Marcio Gonçalves de Souza, onde o requerente trabalhava foi verificar sua mochila o que é uma prática rotineira no Supermercado Abadia, o mesmo pode constatar que o requerente portava no interior de sua mochila quatro garrafas de whisky e três potes de cappuccino, quando o foi questionado sobre os produtos o mesmo afirmou que não pagaram o seu salário e ele precisava pagar contas de água e luz, e portanto iria vender as garrafas de whisky, já os cappuccino ele iria consumir. 
O fiscal da loja chamou o gerente do Supermercado Abadia o Sr. Ailton Roberto da Silva que por sua vez acionou a policia que estava em patrulhamento no local. O requerente foi conduzido para CEFLAN 2 / 1º Departamento, onde a autoridade policial fez os devidos procedimentos.
Aparentemente, o auto de prisão em flagrante observou as formalidades legais previstas no CPP para sua lavratura. 
Na presente data em virtude da sua prisão em flagrante delito o requerente encontra-se recolhido no Centro de Remanejamento do Sistema Prisional - Gameleira/MG. 
Todavia, não merece prosperar a custódia cautelar, fazendo jus o requerente a concessão da liberdade provisória, como será fartamente demonstrado nas razões abaixo invocadas.
II - DO DIREITO
O requerente foi preso em flagrante delito pela suposta prática de furto simples, nos termos do artigo 155 caput, do Código Penal, como anteriormente narrado, os policiais constataram fato caracterizado como furto simples, ao que o autuaram e conduziram até a Delegacia. Em sede policial, procedeu-se a prisão atendendo aos requisitos legais da hipótese.
Após as formalidades do auto de prisão em flagrante, conforme preceitua o artigo 306 do Código de Processo Penal, cientificando ao juízo competente, onde o flagrante encontra-se para a apreciação até o presente momento, concluso para decisão.
No entanto cumpre ressaltar Excelência, que o requerente não tem o intuito de furtar-se à apuração da verdade e à aplicação da lei penal, nos termos do que for decidido ao final, após o devido processo legal, sendo certo que o delito pelo qual encontra-se incurso, mesmo na remota hipótese de condenação, permite a concessão de inúmeros benefícios, dentre os quais a liberdade provisória, o que torna a manutenção de sua prisão, neste caso, data venia, desnecessária. 
O requerente é pessoa íntegra e possuem bons antecedentes, trabalhador, mantenedor de família, nunca respondeu a processo criminal anteriormente e possui residência fixa, comprovante de residência anexo.
O restabelecimento do status libertatis do requerente, para que aguarde o julgamento em liberdade, caracteriza-se na compreensão do espírito da lei, que na hipótese da prisão preventiva ou cautelar visa à garantia da ordem pública; da ordem econômica; por conveniência da instrução criminal; ou ainda, para assegurar a aplicação da lei penal, que no presente caso, pelas razões anteriormente transcritas, estão plenamente garantidas. 
Conforme preceitua o artigo mencionado abaixo:
Art. 312. A prisão preventiva poderá ser decretada como garantia da ordem pública, da ordem econômica, por conveniência da instrução criminal, ou para assegurar a aplicação da lei penal, quando houver prova da existência do crime e indício suficiente de autoria. 
Parágrafo único. A prisão preventiva também poderá ser decretada em caso de descumprimento de qualquer das obrigações impostas por força de outras medidas cautelares (art. 282, § 4º).
E mais como diz o eminente doutrinador:
Mirabete: “(...) A liberdade provisória é permitida em todas as hipóteses em que não couber a prisão preventiva, inclusive ao acusado primário e de bons antecedentes pronunciado (art. 408, § 2º CPP) ou condenado por sentença recorrível (art. 594, CPP), desde que preenchidos os requisitos legais, com ou sem fiança (...)”.
No tocante ao caso em tela, os Tribunais pátrios tem se posicionado pela liberdade, ou seja, o acusado responderá ao processo, em liberdade, é o que se verifica nos julgados recentes relacionados abaixo:
EMENTA: EMENTA: HABEAS CORPUS. FURTO. LIBERDADE PROVISÓRIA. POSSIBILIDADE. BAIXA POTENCIALIDADE LESIVA. ENCARCERAMENTO CAUTELAR, CUJA DURAÇÃO PODE ULTRAPASSAR A PRISÃO DEFINITIVA. OFENSA AOS PRINCÍPIOS DA RAZOABILIDADE E DA NECESSIDADE DA SANÇÃO PENAL. CONSTRANGIMENTO ILEGAL CONSTATADO. ORDEM CONCEDIDA. MEDIDA CAUTELAR FIXADA. 
- Tratando-se de delito em que a potencialidade lesiva não é alta, o que sugere, em princípio, aplicação de pena privativa de liberdade pequena, seria desproporcional impor ao paciente encarceramento cautelar cuja duração possa ultrapassar a prisão definitiva, oriunda da sentença condenatória. 
- Ordem concedida, com determinação de aplicação de medida cautelar prevista no art. 319 do CPP. (TJMG - Habeas Corpus Criminal 1.0000.18.003558-6/000, Relator(a): Des.(a) Doorgal Andrada , 4ª CÂMARA CRIMINAL, julgamento em 07/02/2018, publicação da súmula em 21/02/2018) 
Outro posicionamento do nobre Doutrinador, o Professor Fernando Tourinho Filho, que entende a prisão como exceção, ou seja, em casos em que a Liberdade possa vir a produzir prejuízos. O que não é o caso, pois está claro que o requerente não é um perigo para a sociedade e menos ainda para o bom andamento do processo. 
Para tanto o Ilustre Prof. aduz o seguinte:
“... O cidadão que for preso em flagrante, pouco importando a natureza da infração, se o encarceramento não for necessário para a garantia da ordem pública, da ordem econômica, para a preservação da instrução criminal ou para garantir a execução da pena, o detido fará jus à liberdade provisória...”.
Desse modo, o requerente faz jus à concessão da liberdade provisória, não havendo motivos para manter-se em custódia.
III – DO PEDIDO
Ante o exposto, requer que nos termos do artigo 321 do Código de Processo Penal, a concessão de liberdade provisória sem fiança, em virtude da ausência dos requisitos autorizadores da prisão preventiva. 
Requer ainda, a aplicação das medidas cautelares previstas no artigo 319 do Código de Processo Penal, caso seja conveniente. 
A expedição de ALVARÁ DE SOLTURA colocando-se o requerente em liberdade, que antecipadamente se compromete a comparecer a todos os atos do processo, quando intimado.
Nestes termos, pede deferimento.
Belo Horizonte, Minas Gerais
18 de abril de 2018

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